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INTRODUÇÃO À LÓGICA, FILOSOFIA ANALÍTICA E FILOSOFIA DA LINGUAGEM PROF. ME. RAFAEL FERREIRA DE MELO BRITO DA SILVA Opiniões e pós-verdade ● É por meio de informações, valores, regras de vida, leituras e observações de mundo que adquirimos elementos para construir ou desfazer crenças e opiniões. ● Na formação da opinião pública, a mídia (impressa, televisiva, radiofônica…) ocupa um papel determinante, atuando como o “quarto poder”. ● O advento da mídia digital, sobretudo das redes sociais, assumiu o papel de um “quinto poder” em que o próprio cidadão dispensaria intermediários na circulação de opiniões. ● Em especial no ano de 2016, fomos bombardeados em todo o mundo por notícias falsas que chamaram a atenção para o fenômeno da pós-verdade. ● Pós-verdade é um conceito criado para identificar circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos impacto nas ideias e no imaginário da opinião pública do que crenças pessoais. Falácias ● A falácia é um tipo de raciocínio incorreto, apesar de ter aparência de correção. As falácias podem ser: ○ formais: quando contrariam as regras da inferência válida. ○ não formais: quando decorrem de premissas que não estabelecem a conclusão: ■ argumento de autoridade, ■ argumento contra o homem, ■ falácia de generalização apressada, ■ falácia de acidente, ■ falácia de conclusão irrelevante ou ignorância da questão, ■ falácia de petição de princípio ou círculo vicioso ou raciocínio circular, ■ falácia de ambiguidade ou semântica ou de equívoco, ■ falácia de falsa causa ou post hoc. A disputa dos filósofos (c. 1640), pintura de José de Ribera. Argumentar não é apenas persuadir psicologicamente o outro a respeito de nossas posições, mas respeitar o rigor e a correção do raciocínio. Lógica aristotélica ● O primeiro filósofo a organizar a lógica de forma sistemática foi Aristóteles. Com esse filósofo grego, iniciou-se a chamada lógica clássica, que permaneceu incontestada até o século XIX, quandro Frege deu início à lógica simbólica. ● Argumento (raciocínio): encadeamento de proposições que conduzem a uma conclusão (inferência). ● Premissas: proposições que conduzem logicamente à conclusão. ● Termo (conceito): uma palavra ou expressão. ● Proposição (juízo): frase em que o sujeito e o predicado se negam ou se afirmam um ao outro. ● Tipos tradicionais de argumentação: ○ dedução: parte de (pelo menos) uma proposição geral para chegar a uma conclusão que pode ser geral ou particular; ○ indução: parte de diversos dados singulares constatados para chegar a proposições gerais; ○ analogia (ou raciocínios por semelhança): indução parcial em que se passa de alguns fatos singulares para uma conclusão singular ou particular. Princípios, quadrado de oposições e silogismo ● Os princípios da lógica são anteriores a qualquer raciocínio e podem ser de três tipos: ○ princípio de identidade: se um enunciado é verdadeiro, então ele é verdadeiro; ○ princípio de não contradição (ou princípio de contradição): duas proposições contraditórias não podem ser ambas verdadeiras; ○ princípio do terceiro excluído (ou princípio do meio excluído): todo enunciado é verdadeiro ou é falso, não há um terceiro valor. ● Com base na classificação das proposições conforme a quantidade e a qualidade, são possíveis diversas combinações, que podem ser visualizadas pelo chamado quadro de oposições, diagrama que explicita as relações entre proposições contrárias, subcontrárias, contraditórias e subalternas. ● Em relação à qualidade, as proposições podem ser afirmativas ou negativas. ● Em relação à quantidade, as proposições podem ser gerais ou particulares. ● O silogismo é um tipo de dedução composto por três proposições em que a última, a conclusão, deriva logicamente das duas anteriores (premissas). Lógica simbólica ● A lógica simbólica surge no século XIX e tem Gottlob Frege como principal representante. ● A lógica simbólica ou matemática desenvolve uma linguagem técnica artificial bem mais ampla e precisa que a utilizada pela lógica tradicional (aristotélica ou clássica). Divide-se em cálculo proposicional e cálculo de predicados. ● Na lógica proposicional, símbolos representam as proposições e as conexões que se estabelecem entre elas: negação, conjunção, disjunção (inclusiva ou exclusiva), implicação e equivalência. Tabelas de verdade são usadas para identificar os valores de verdade e falsidade das proposições e assim saber se o argumento é válido ou não. ● A lógica de predicados envolve quantificadores (universais e existenciais), que se expressam pelas palavras “qualquer”, “todo”, “cada”, “algum”, “nenhum” e “existe”. A vantagem é poder expressar uma rica variedade de estruturas lógicas inexistentes na lógica clássica. Pragmatismo e neopragmatismo ● O pragmatismo surgiu nos Estados Unidos (final do século XIX) como herdeiro do empirismo britânico e crítico do racionalismo, por este ser fundacionista (justificação de uma crença com base em outra até chegar a um ponto de partida). ● Para os pragmatistas (Charles Peirce, William James, John Dewey, entre outros), é a experiência que guia as nossas ações futuras: assim, os conceitos não são ideias abstratas, mas instrumentos de ação. ● O neopragmatismo tem como principal expoente o estadunidense Richard Rorty, que também sofreu influência da filosofia analítica. ● Como os demais, recusa o fundacionismo e também nega que a mente humana seja um espelho da natureza. ● Para ele, a racionalidade aperfeiçoa-se na comunidade, pela troca de crenças, mas não dispensa o diálogo permanente em um mundo em mutação. Filosofia analítica ● A filosofia analítica é representada por diversas tendências. A semelhança entre elas é a “virada linguística” que consiste em se limitar à investigação da linguagem, já que nossa relação com o mundo se dá pela análise do significado: a análise lógica das sentenças, que visa superar os enganos da metafísica tradicional. ● Wittgenstein desenvolveu notável reflexão sobre a relação entre linguagem e pensamento. Sua filosofia desdobra-se em duas partes: num primeiro momento, investiga os limites da linguagem e vê como tarefa da filosofia a clarificação lógica dos pensamentos. Num segundo momento, não mais se atém ao que as expressões linguísticas se referem, e sim ao modo como são usadas, o que levou à discussão sobre os “jogos de linguagem” (cada palavra tem o seu significado pelo uso que assume, o que varia conforme o contexto).
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