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UVA Construção do Pensamento Unidade 2

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A propedêutica filosófica 
 
 
A palavra “propedêutica” significa “um estudo preliminar, mas indispensável, à 
compreensão de determinado assunto”. Para que expressemos corretamente nossos 
raciocínios, precisamos, antes de mais nada, de clareza e coerência. Nesta unidade, 
vamos nos dedicar à Lógica, estudo da correta formulação dos argumentos e da 
consequente validade das construções discursivas. 
 
 
Objetivo 
 
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: 
• Distinguir os elementos da constituição lógica do raciocínio. 
 
 
Conteúdo Programático 
 
Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas: 
• Tema 1 - Organização formal do pensamento 
• Tema 2 - O raciocínio lógico 
• Tema 3 - Condições de conhecimento 
 
 
 
(DES)INFORMAÇÃO 
 
 
 
O que você deduz deste diálogo? 
 
 
 
Tema 1 
Organização formal do pensamento 
 
 
Qual a importância da Lógica para um bom 
entendimento dos discursos? 
 
 
 
O desenvolvimento das ciências e do 
conhecimento visa à organização correta do 
pensamento, possibilitando a construção de 
raciocínios claros e rigorosos em sua 
fundamentação. Isso significa que toda 
disciplina requer um princípio, uma introdução 
que explicite o rumo a ser seguido na 
elaboração de seus conceitos. 
 
Esse processo é considerado 
uma propedêutica: um estudo introdutório 
que possibilita a compreensão inicial de uma 
ciência; um estudo preliminar que antecede o 
ensino mais amplo de um conhecimento. 
 
É nesse sentido que Aristóteles sustenta que as investigações da Lógica sejam a 
propedêutica da Filosofia, já que devem ser a base dos discursos filosóficos, os quais 
não podem prescindir de uma ordenação rigorosa, especialmente por não possuírem a 
garantia comprobatória das ciências exatas e naturais. E, embora seja apenas um dos 
ramos da filosofia, a Lógica tem um papel muito amplo, sendo aplicada às mais 
diversas áreas do conhecimento, quando se torna necessário o uso de argumentos ou 
provas demonstrativas. 
 
Por conseguinte, o objetivo da Lógica é promover 
a organização correta do pensamento, distribuindo 
convenientemente as proposições, a fim de bem 
ordenar o raciocínio. A Lógica, portanto, é um 
instrumento de auxílio na construção formal do 
raciocínio, que independe de conteúdos 
específicos e examina os princípios gerais que 
fundamentam as regras do pensamento válido. 
Podemos dizer, ainda, que a Lógica é a reflexão 
sobre o ato formal de pensar, estando ligada à 
razão, ao discurso. 
 
 
 
A principal função da Lógica é, assim, auxiliar a ordenação dos pensamentos, 
proporcionando correção e clareza na elaboração do raciocínio, pois o pensamento é 
uma atividade intelectual, um processo de cognição da realidade, no qual se formam 
os conceitos e juízos que possibilitam o raciocínio e a comunicação entre os homens. 
 
 
Observação 
 
[...] dada a argúcia inata do intelecto, uma pessoa com conhecimento de 
lógica tem mais probabilidade de raciocinar corretamente do que aquela 
que não se aprofundou nos princípios gerais implicados nessa atividade. 
[...] o estudo da lógica proporcionará ao estudante certas técnicas e certos 
métodos de fácil aplicação para determinar a correção ou incorreção de 
todos os raciocínios, incluindo os próprios. (COPI, 1981, p. 20) 
 
 
Historicamente, não se pode precisar a origem dos estudos lógicos; no entanto, muito 
embora não tenha sido o iniciador dessas investigações, Aristóteles (384-322 a.C.) foi 
quem primeiro sistematizou a Lógica, elevando-a ao grau de disciplina científica; por 
isso ele é considerado o fundador da Lógica, o “pai” da Lógica Clássica. 
"Aristóteles, a lógica não era uma ciência teorética, nem prática ou produtiva, mas um 
instrumento para as ciências. O conjunto das obras lógicas aristotélicas recebeu, 
assim, o nome de Órganon, palavra grega que significa instrumento.” Chauí, Marilena. 
Convite à Filosofia. São Paulo: Ática ed.1996. 
 
A lógica aristotélica é definida como a ciência demonstrativa das formas de 
pensamento correto. Isso significa que a Lógica se ocupa da demonstração 
normativa e das leis formais do pensamento, considerado em si mesmo, 
independentemente de conteúdos específicos. 
 
Aristóteles percebeu a necessidade da observação de certos parâmetros para a 
ratificação de umconhecimento rigoroso, chamado de princípios da 
demonstração (também conhecidos como princípios lógicos, verdades lógicas, 
princípios básicos da razão). Clique em cada um dos princípios para conhecer mais 
detalhes. 
 
 
Princípio da Identidade Princípio da não contradição 
Princípio de terço-
excluso 
Pitágoras assegura que 
o número é a arché que 
possibilita 
a harmonia de todas as 
coisas. 
Uma coisa não pode 
ser e não ser ao 
mesmo tempo e sob o 
mesmo aspecto. Não é 
correto afirmar que 
“Sócrates é filósofo e 
não filósofo.” As duas 
afirmações não podem 
ser ambas verdadeiras, 
já que os dois atributos 
são conflitantes. 
Ou do terceiro 
excluído: uma coisa 
ou um objeto é ou não 
é, não havendo uma 
terceira possibilidade: 
dada uma determinada 
proposição, dela se 
pode dizer que é ou 
que não é, pois ela não 
pode ser 
simultaneamente 
verdadeira e falsa. 
 
 
Para Aristóteles, o princípio fundamental da 
demonstração é o princípio da não contradição, 
que contém os demais; por sua natureza, ele é o 
princípio de todos os axiomas. Um axioma é 
uma verdade que não precisa ser demonstrada, é 
uma proposição evidente por si mesma. Ex.: “Todo 
homem é mortal.” 
 
 
 
Outro ponto de interesse das investigações aristotélicas vem a ser o estudo estrutural 
do pensamento, o modo pelo qual o pensamento é formado, estabelecendo regras e 
condições que tornam possível a clareza do discurso. Na formulação do pensamento 
são utilizadas palavras, que formam frases, expressando o que se pretende 
demonstrar. Com efeito, Aristóteles procede a uma espécie de “dissecação” do ato de 
pensar, explicitando as operações intelectuais da mente: o conceito, o juízo e 
o raciocínio (também chamados respectivamente: termo, proposição e argumento). 
 
 
 
Conceito Juízo Raciocínio 
É a ideia mental que nos 
faz reconhecer o objeto; 
é a representação 
intelectual de algo. O 
pensamento é 
inseparável da 
linguagem e será sempre 
constituído por palavras, 
por signos linguísticos. 
Dessa forma, o conceito 
não deve se remeter 
à imagem, a qual capta 
apenas os aspectos 
particulares e concretos 
de um determinado 
objeto. Por exemplo: o 
conceito de cadeira é 
abrangente e se refere a 
qualquer cadeira, de um 
modo amplo e geral, não 
importando seu modelo. 
É o ato pelo qual se faz 
um julgamento a 
respeito de alguma 
coisa, tendo por 
característica básica a 
afirmação ou negação 
acerca de algo. 
Exemplos: “Sócrates é 
mortal.” / “Pedro é alto.” 
/ “João não é 
estudante.” / “O 
mercúrio é um metal.”. 
Também chamado de 
inferência, é o 
encadeamento lógico 
de juízos a partir dos 
quais se chega a uma 
conclusão – 
constituindo a síntese 
das operações 
anteriores (conceito e 
juízo), conforme 
examinaremos, em 
detalhes, na próxima 
aula. 
 
 
Vamos conhecer um pouco mais sobre os juízos. Os juízos podem ser afirmativos ou 
negativos, apresentando-se também sob a forma de necessidade (quando algo é, 
necessariamente) ou de contingência (quando um dado pode ser ou não ser). 
A teoria do raciocínio elaborada por Aristóteles supõe a inferência, isto é, o processo 
pelo qual chegamos a uma conclusão por meio de proposições antecedentes e que 
apresentam implicação lógica. 
O juízo é a forma completa mais simples do pensamento, pois se apresenta a partir de 
uma determinada conexão, que lhe empresta unidade; e é uma reunião de conceitos, 
os quais constituem suas partes elementares. 
Ainda sobre os juízos: eles podem também ser simples (atômicos) 
ou compostos (moleculares). São simples, ou atômicos, quando o juízo (ou 
proposição) é formado com um só atributo para o sujeito. Exemplo: “Sócrates é grego.” 
A proposição será composta,ou molecular, se o sujeito tiver mais de um atributo, 
isto é, mais de um predicado a ser incorporado a ele. 
Exemplos: “Sócrates é grego e filósofo.” / “João é um aluno inteligente.” 
Devemos ressaltar que embora para a construção do juízo geralmente sejam 
necessários dois termos – o sujeito e o predicado – unidos por um verbo, existem 
casos especiais. Por exemplo: “Chove.” / “Anoitece.” / “Faz frio.” 
De modo bem sucinto, pode-se dizer que de acordo com a quantidade os juízos 
podem ser universais ou singulares. Dessa maneira, um juízo universal refere-se a 
sua amplitude, quando são usados os ‘quantificadores’ todo, nenhum... Exemplos: 
 
“Todo homem é mortal.” / “Nenhum metal dilata sem calor.” Já o juízo singular está 
relacionado com algo específico, próprio de um só objeto. Exemplos: “Esta aluna é 
inteligente.” / “Joaquim é advogado.” 
 
 Vídeo 
Para saber mais sobre o processo de organização do raciocínio lógico, 
assista agora ao vídeo: O pensamento lógico. 
 
 
 
Clique na imagem para visualizar o vídeo. 
 
 
 
https://player.vimeo.com/video/344182423?badge=0&autopause=0&player_id=0&app_id=58479
 
Tema 2 
O raciocínio lógico 
 
 
Qual a diferença entre raciocínio dedutivo e raciocínio 
indutivo? 
 
De um ou mais juízos ligados entre si pode-se 
derivar outro, que é consequência dos 
anteriores; passa-se de algo que se conhece 
(os juízos precedentes) para algo que ainda 
não é conhecido (o juízo consequente, a 
conclusão). Exemplo: “Se A = B e se B = C, 
conclui-se que A = C.” 
 
Os raciocínios lógicos podem 
ser dedutivos ou indutivos. 
 
 
São dedutivos quando se parte de um juízo universal e se conclui por um juízo 
individual; de uma situação geral, chega-se a uma conclusão singular. Parte-se de um 
princípio geral, já conhecido, para inferir uma consequência individual ou singular. 
Trata-se do que, em Lógica, é chamado de silogismo. 
 
Saiba Mais 
 
Raciocinar é passar de uma coisa intelectualmente apreendida a uma 
outra coisa intelectualmente apreendida graças à primeira, e progredir 
deste modo de proposição em proposição a fim de conhecer a verdade 
inteligível. [...]. Pelo raciocínio, o espírito vai do conhecido ao 
desconhecido, adquire algo de novo, quer descobrindo uma verdade de 
que até então não suspeitava [...], quer estabelecendo ou estabilizando 
como certa uma verdade já descoberta, mas que ele só possuía 
imperfeitamente [...].(MARITAIN, 1994, p. 109) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Todo estudante sabe ler." 
"José é estudante." 
(Logo) "José sabe ler" 
 
 
Segundo Aristóteles, o silogismo é a mais perfeita forma de raciocínio dedutivo: “é um 
argumento em que, dadas certas proposições, algo distinto delas resulta 
necessariamente.” O silogismo é formado por três proposições – premissa maior, 
premissa menor e conclusão –, nas quais existem três termos correspondentes. 
 
 Observemos, também, o célebre exemplo aristotélico: 
 
 
"Todo homem é mortal." 
"Sócrates é homem." 
(Logo) "Sócrates é mortal." 
 
 
Nesse caso, homem é o termo médio; Sócrates é o termo menor, individual; e mortal é 
o termo maior, pois abarca os anteriores. Note-se que, seguindo a regra básica do 
silogismo clássico, este tipo de raciocínio só pode ter três termos, agrupados 
convenientemente. Cabe destacar que o silogismo é o ponto central da lógica para 
Aristóteles e supõe a presença das três proposições mencionadas. 
O raciocínio lógico é indutivo quando construído a partir da enumeração de juízos 
particulares para chegar a um juízo universal. Ou seja: após a observação de 
situações empíricas, pode ser possível formular uma lei geral. 
 
 
 
 
"O ouro, a prata, o bronze, o 
ferro, o cobre... são metais." 
"O ouro, a prata, o bronze, o 
ferro, o cobre... dilatam com 
o calor." 
(Logo) "Todo metal dilata 
com o calor." 
 
 
O raciocínio indutivo, embora quase sempre legítimo, comporta um grau de 
probabilidade, pois, caso não se verifique o exame completo dos dados, esse 
raciocínio pode ser invalidado. Por isso, Aristóteles afirmava que o processo indutivo 
deve constituir uma enumeração perfeita, abrangendo todas as propriedades dos 
fatos. 
 
Para refletir 
 
Mostrar como uma conclusão deriva de verdades universais já conhecidas 
[...] é proceder por via dedutiva ou silogística. Mostrar como uma 
conclusão é tirada da experiência sensível [...] é proceder por via indutiva. 
Pelo silogismo, nós nos mantemos no plano do inteligível; movemo-nos de 
um ponto para outro deste plano, como um submarino que navega 
horizontalmente à tona; pela indução, chegamos ao plano inteligível, 
movemo-nos do plano sensível ao plano inteligível, como um submarino 
que navega verticalmente de baixo para cima. (MARITAIN, 1994, p. 283-
284). 
 
 
 
É importante, agora, considerar algumas construções errôneas que podem ser 
confundidas com raciocínios válidos, pois, muitas vezes, a formulação incorreta dos 
silogismos e de seus termos pode resultar em falácias, raciocínios que contêm erros 
ou falhas na formulação argumentativa; a intenção do uso desses argumentos 
falaciosos é confundir e enganar um determinado público por meio de raciocínios 
ilusórios. A formulação destes argumentos, aparentemente verdadeiros, produz 
apenas simulacros. 
Devemos ressaltar, no entanto, que, tecnicamente, um raciocínio só é considerado 
falacioso quando construído com a intenção de enganar, caso contrário será chamado 
de paralogismo. 
Ao explicar a constituição do raciocínio vicioso, Aristóteles problematiza a utilização 
dos argumentos capciosos, criticando com veemência estas construções: “[...] para 
certa gente é mais proveitoso parecer que são sábios do que sê-lo realmente sem o 
parecer [...].” (ARISTÓTELES, 1978, p. 155). Daí sua preocupação em ocupar-se com 
o esclarecimento das falácias, enumerando-as e apontando os equívocos de cada 
uma. 
Talvez possam nos parecer distantes e 
abstratas estas explicações, mas a cada 
momento somos bombardeados com 
discursos dúbios e enganadores transmitidos 
pela mídia, vindos da publicidade, dos 
governos, dos políticos, de todos, enfim, que 
pretendam enquadrar nossas ideias e 
pensamentos a partir de simulacros da 
realidade. 
 
Falácia Lógica 
Além de suas pesquisas no campo da Lógica, Aristóteles investigou também a retórica 
– a arte da formulação de discursos persuasivos, que busca a adesão do outro (do 
ouvinte, de um auditório). Note-se que, na Grécia Clássica, o estudo 
da retórica constituía um importante instrumento de participação política. O uso das 
técnicas retóricas ultrapassa o modelo formal da Lógica, pois valoriza o apelo à 
emoção, aos sentimentos. Ou seja, o discurso retórico se apoia em três elementos 
fundamentais: o ethos, o pathos e o logos, que se referem respectivamente 
ao comportamento, à paixão e à razão. 
 
Observação 
 
A Retórica é útil, porque o verdadeiro e o justo são, por natureza, melhores 
que seus contrários. [...] Vê-se, pois, que a Retórica não se enquadra num 
gênero particular e definido, mas que se assemelha à Dialética. Igualmente 
manifesta é sua utilidade. Sua tarefa não consiste em persuadir, mas em 
discernir os meios de persuadir a propósito de cada questão, como sucede 
com todas as demais artes. Além disso, é manifesto que o papel da 
Retórica se cifra em distinguir o que é verdadeiramente suscetível de 
persuadir do que só o é na aparência [...]. (ARISTÓTELES, s/d, p. 31) 
 
 
Do ponto de vista histórico, a herança aristotélica permaneceu inalterada até o período 
medieval. No entanto, com o intenso desenvolvimento das ciências modernas, a 
Lógica passa a assumir um novo papel, com uma função mais instrumental e ligada a 
cálculos matemáticos 
Se, em Aristóteles, o que importava era a estrutura formal, sem colocar em relevo o 
conteúdo propriamente linguístico, a Lógica Moderna (ou Simbólica, ou Logística) vai 
abolir totalmente os termos da linguagem natural, a fim de formular raciocínios 
artificiais e libertos de qualquer recurso às ambiguidadesda linguagem corrente. 
A Lógica Simbólica procura, então, chegar a um grau inquestionável de abstração, a 
noções de verdade ou falsidade, com a intenção de logicizar matematicamente o 
pensamento, a fim de possibilitar o pleno desenvolvimento da razão. 
Resumindo, na formulação do pensamento existe toda uma estrutura organizadora 
dando forma e coerência ao ato de pensar, num processo que envolve a construção 
do conhecimento e, consequentemente, dos mais variados saberes. 
 
Saiba Mais 
 
Sobre o desenvolvimento da Lógica pós-aristotélica, do período medieval 
aos dias atuais, é interessante verificar as páginas 192-201 do livro de 
Marilena Chauí, mencionado na bibliografia deste roteiro. 
 
 
Tema 3 
Condições de conhecimento 
 
 
De que modo podemos estabelecer a relação entre o 
conhecimento concreto e o conhecimento abstrato? 
 
A busca pelo conhecimento é intrínseca ao 
ser humano. Já em sua Metafísica (Livro I), 
Aristóteles afirmava que “todos os homens, 
por natureza, desejam conhecer”, e o 
conhecimento se desenvolve, gradativamente, 
em vários níveis. Os sentidos, que podem ser 
análogos aos dos animais irracionais, seriam 
o grau de conhecimento mais básico; em 
seguida, na escala ascendente, viria 
a memória, depois a experiência, 
a arte (entendida como techné), 
a ciência (investigação dos princípios e 
causas) e, por último, “a sabedoria das causas 
primeiras”, que é a filosofia. 
 
 
Aristóteles 
O conhecimento consiste na apreensão intelectual de um objeto e pode ser 
considerado a partir de três etapas fundamentais, cada uma delas com suas 
variações, mostradas no gráfico abaixo. Clique em cada uma das etapas e nas 
variações para conhecer mais detalhes sobre cada uma delas. 
 
 
 
 Para que exista conhecimento, sempre será necessária a relação entre dois 
elementos básicos: um sujeito conhecedor (nossa consciência, nossa mente) 
e um objeto conhecido (a realidade, o mundo, os inúmeros fenômenos). Só 
haverá conhecimento se o sujeito conseguir apreender o objeto, isto é, 
conseguir representá-lo mentalmente. (COTRIM, 1999, p. 70) 
 
Por conseguinte, o ato de conhecer pressupõe a existência destas duas partes 
inseparáveis, pois sem o vínculo entre sujeito e objeto não há possibilidade de 
conhecimento. 
 
Observação 
 
No conhecimento encontram-se frente a frente a consciência e o objeto, o 
sujeito e o objeto. O conhecimento apresenta-se como uma relação entre 
estes dois elementos, que nela permanecem eternamente separados um 
do outro. O dualismo sujeito e objeto pertence à essência do 
conhecimento. A relação entre os dois elementos é ao mesmo tempo uma 
correlação. O sujeito só é sujeito para um objeto e o objeto só é objeto 
para um sujeito. Ambos só são o que são enquanto o são para o outro. 
(HESSEN, 1987, p. 26) 
 
 A extensão dá a ideia de espaço, de externalidade, e a compreensão dá a 
ideia de intensidade, de internalidade. Segundo a extensão, a ideia 
específica está dentro da ideia geral; segundo a compreensão, a ideia geral 
é que está dentro da específica. (ALVES, 2002, p. 84) 
 
Devemos ainda destacar que o conhecimento pode realizar-se de diferentes modos, 
que variam conforme a atitude do sujeito em sua relação com o mundo. Assim, a 
capacidade de conhecer do ser humano pode dar-se desde a maneira mais simples e 
irrefletida até um modo mais racional e complexo. 
 
 
 
 
O pensamento de Nietzsche revoluciona os 
modelos clássicos da filosofia, desde sua 
exacerbada crítica à metafísica e a Sócrates até 
a tentativa de “implosão” aos valores vigentes de 
sua época. Para ele, existiriam dois elementos 
distintos: o espírito apolíneo (da forma, da ordem 
da razão) e o espírito dionisíaco (do deus 
Dioniso, representando a paixão, o delírio, a 
emoção), os quais deveriam se manifestar 
igualitariamente, mas que a sociedade procurava 
sufocar no que tange aos apelos dionisíacos. 
 
Também o mito é uma forma de conhecimento, ainda passivo e inquestionável como 
o senso comum, estando vinculado às crenças religiosas que nos são repassadas 
como verdades únicas e absolutas, já que não se pode questionar o sagrado. 
 
 
Saiba Mais 
 
Nas civilizações primitivas, o mito desempenha uma função indispensável: 
ele exprime, enaltece e codifica a crença; salvaguarda e impõe os 
princípios morais; garante a eficácia do ritual e oferece regras práticas para 
a orientação do homem. O mito, portanto, é um ingrediente vital da 
civilização humana [...]. MALINOWSKI, B., apud ELIADE, 1963, p. 23) 
 
Já no conhecimento teológico, busca-se um 
conjunto de verdades reveladas pela fé, 
estabelecido a partir da aceitação de dogmas 
ligados às divindades. 
 
Estes modelos que tomamos de exemplo situam-
se na esfera das relações cotidianas e 
costumeiras que fazem parte da cultura de cada 
sociedade, em que a aceitação das normas 
tradicionais não costuma ser questionada, por 
estar diretamente vinculada aos modelos ancestrais, que determinam o 
comportamento ideal de cada indivíduo, bem como seus valores e suas crenças 
religiosas ou supersticiosas. 
 
Ao contrário, quando buscamos o conhecimento de forma mais rigorosa, como no 
caso do conhecimento pela ciência e pela filosofia, as condições de conhecer 
assumem características elaboradas, pois procuram o conhecimento das causas que 
originaram os fatos ou fenômenos. 
O conhecimento da ciência visa a conhecer o objeto de maneira objetiva e lógica, com 
a intenção de comprovar as causas, as reações e os efeitos possíveis do ato de 
conhecer, analisando rigorosamente seu objeto de pesquisa. 
Já o ato de conhecer pela filosofia procura um entendimento mais amplo e 
consistente da realidade como um todo; não há, portanto, um recorte do problema – 
investigado em toda sua abrangência, numa relação que envolve os aspectos que 
possibilitaram sua existência. A filosofia, diferentemente das ciências, não tem um 
objeto único de estudo, pois qualquer problema pode ser examinado à luz da reflexão 
filosófica. 
 
 
 
Encerramento 
 
 
Qual a importância da Lógica para um bom 
entendimento dos discursos? 
 
A Lógica possibilita a elaboração de argumentos estruturados de modo correto, 
permitindo que se possa perceber a veracidade, ou não, dos raciocínios apresentados 
e, consequentemente, dos discursos válidos. 
 
Qual a diferença entre raciocínio dedutivo e raciocínio 
indutivo? 
 
No raciocínio dedutivo, partimos de uma proposição geral (um conhecimento amplo) 
para chegarmos a uma proposição específica. Exemplo: Todo peixe nada. / O badejo 
é um peixe. / (Logo) O badejo nada. 
 
O raciocínio indutivo nos leva por um caminho inverso: depois de enumerarmos várias 
situações particulares, construímos uma proposição geral. Exemplo: O pardal, o beija-
flor, a andorinha... são pássaros. / O pardal, o beija-flor, a andorinha... voam. / (Logo) 
Todo pássaro voa. 
 
De que modo podemos estabelecer a relação entre o 
conhecimento concreto e o conhecimento abstrato? 
 
O conhecimento concreto deriva da observação de um objeto específico (prático), 
enquanto o conhecimento abstrato procura atingir a essência fundamental do objeto 
(teórico); por isso, a relação entre eles resulta do vínculo indissociável que deve existir 
entre prática e teoria para a apreensão do conhecimento verdadeiro. 
 
Resumo da Unidade 
 
 
Vimos que, para Aristóteles, a Lógica é um instrumento que permite separar os 
discursos válidos dos discursos falaciosos. Em seguida, vimos também que os 
estudos lógicos procuram identificar a coerência das formulações discursivas, 
sendo, portanto, primordiais para dar sentido às investigações filosóficas, na busca 
do conhecimento.

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