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CONVULSÃO FEBRIL (CF) AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - É um diagnóstico de exclusão, caracteriza pela presença de uma crise epiléptica que ocorre entre 6 meses e 6 anos de idade, associada à doença febril, não causada por uma infecção do SNC. · Excluiu-se também crianças com crise neonatais ou crises não provocadas ou, que encaixam nos critérios de outra crise sintomática aguda. - Entre 6 meses e 6 anos está associada a condições virais como IVAS, infecções pulmonares, intestinais e do trato urinário, ou febre por vacinação. - Cérebro imaturo por apresentar maior suscetibilidade a convulsões · Combinação de excitação aumentada e inibição diminuída, além de diferenças maturacionais nos circuitos subcorticais - 2-5% das crianças menores 5 anos apresentarão pelo menos 1 episódio de CF · O 1º episódio ocorre em 90% dos casos entre 6 meses e 3 anos. - O risco de recorrência é baixo, apenas 30% das crianças até 6 anos terão uma 2ª crise e metade dessas terá uma 3ª crise. - O risco de desenvolver epilepsia é de 2-7% (maior que a população em geral) · O risco de epilepsia é de 1% se não houver fator de risco, 2% se tiver um fator de risco, e 10% se houver dois ou mais fatores de risco CLÍNICA - Caráter genética da CF – vários cromossômicos parecem alterar o funcionamento de canais de sódio neuronais - Crise Febril simples · Apresentação generalizada · Duração inferior a 15 minutos · Não recorre em menos de 24 horas · Exame neurológico pós-ictal normal - Crise Febril complexa · Apresentação focal · Duração superior a 15 minutos · 1 ou mais recorrências nas primeiras 24 horas · Exame neurológico pós-ictal alterado DIAGNÓSTICO - O diagnóstico é predominantemente clínico - Quando fazer exame do LCR? · <6 meses de vida · Sintomatologia de infecção do SNC · Recuperação lenta ou alteração neurológica pós-ictal · Uso de antibióticos - EEG, TC, RNM e mapeamento cerebral – não são feitos rotineiramente - O principal diagnóstico diferencial é com a meningite TRATAMENTO - O tratamento é baseado em três aspectos fundamentais · Tratamento da fase aguda · Profilaxia da recorrência das crises · Orientação familiar - Tratamento da fase aguda · Aspiração de via aérea superior (proteção) e oferta de O2, mantendo monitorização e oximetria de pulso · Acesso venoso · Medir temperatura, HGT e PA – investigar encefalopatia, hipoglicemia e outros · Manter em leito com proteção lateral · Observação por 6-12h · BZD (Clonazepam, Midazolam) servem para abortar a crise. · Antitérmicos para reduzir desconforto - A maioria das crianças chega ao PS no período pós-ictal, no momento da admissão a temperatura deve ser imediatamente aferida · Para controle da febre – compressas frias e antitérmicos · Não previne novas crises, apenas reduz o desconforto. · Se é uma situação recorrente – benzodiazepínicos no período febril (Diazepam, clonazepam e nitrazepam) - CF complexa e com alta recorrência – benzodiazepínicos no período febril · Essa é a profilaxia intermitente, a profilaxia prolongada por outro lado não é recomendada. - Orientação à família · É uma doença de caráter benigno · É raro um novo episódio convulsivo durante o mesmo quadro febril · É importante é o controle rigoroso da febre, com o uso de antitérmicos e/ou banhos atípicos · A crise pode ser o 1º sinal de processo infeccioso, não havendo tempo para administração de antitérmicos · Proteger a criança, sem restringir seus movimentos · Manter pais calmos, com a criança numa superfície confortável, em decúbito lateral direito para evitar acúmulo de saliva na cavidade oral e prevenir broncoaspiração no caso de vômitos. · Evitar hipertermia por agasalhamento demais · Não introduzir nada na boca · Após as crises não se deve administrar qualquer medicação ou líquidos via oral até que a criança esteja desperta · Não deve fazer respiração “boca-boca” ou massagem cardíaca · Prestar atenção à duração da convulsão, se tempo >5 min deve dirigir à emergência. · Após a crise, se benigna, deve-se orientar quanto ao retorno na UBS - Como os pais estão nervosos, normalmente pode-se optar por uma profilaxia intermitente, onde você vai fazer anticonvulsivantes nos períodos febris da criança até os 6 anos · Diazepam VO 1mg/kg/dia OU Clobazam VO 1mg/kg/dia PROGNÓSTICO - Não há atraso do desenvolvimento cognitivo, não é descrito mortes, estado de mal convulsivo ou déficits neurológicos permanentes após as crises febris.
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