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Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas

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COLETÂNEA V
“PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL”
TOMO 1
“GESTÃO INTEGRADA DE BACIAS HIDROGRÁFICAS”
Tacyele Ferrer Vieira
Francisco Otávio Landim Neto
Antônio César Leal
Edson Vicente da Silva
(Organizadores)
“PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL”
“GESTÃO INTEGRADA DE BACIAS
HIDROGRÁFICAS”
COLETÂNEA V
TOMO 1
Edson VicEntE da silVa
RodRigo guimaRãEs dE caRValho
(cooRdEnadoREs)
Tacyele Ferrer Vieira
Francisco oTáVio landim neTo
anTônio césar leal
edson VicenTe da silVa
(organizadores)
uFc
Campus Universitário Central
BR 110, KM 48, Rua Prof. Antônio Campos,
Costa e Silva – 59610-090 - Mossoró-RN
Fone (84)3315-2181 – E-mail: edicoesuern@uern.br
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Reitor
Pedro Fernandes Ribeiro Neto
Vice-Reitor
Fátima Raquel Rosado Morais
Diretor de Sistema Integrado de Bibliotecas
Jocelânia Marinho Maia de Oliveira
Chefe da Editora Universitária – EDUERN
Anairam de Medeiros e Silva
Conselho Editorial das Edições UERN
Emanoel Márcio Nunes
Isabela Pinheiro Cavalcante Lima
Diego Nathan do Nascimento Souza
Jean Henrique Costa
José Cezinaldo Rocha Bessa
José Elesbão de Almeida
Ellany Gurgel Cosme do Nascimento
Ivanaldo Oliveira dos Santos Filho
Wellignton Vieira Mendes
Projeto Gráfico:
Amanda Mendes de Amorim
Coordenação Editorial
Anderson da Silva Marinho
Andressa Mourão Miranda
Tacyele Ferrer Vieira
Projeto Gráfico
David Ribeiro Mourão
Diagramação
Tacyele Ferrer Vieira
Capa e Ilustração
Ana Larissa Ribeiro de Freitas
Revisão
Edson Vicente da Silva
Rodrigo Guimarães de Carvalho
Catalogação
UERN
uFc
Catalogação da Publicação na Fonte.
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. 
Bibliotecária: Aline Karoline da Silva Araújo CRB 15 / 783
 Gestão integrada de bacias hidrográficas/ 
Tacyele Ferrer Vieira... et al (Orgs.) – Mossoró – RN: EDUERN, 2017. 
 132p.
 
ISBN: 978-85-7621-193-8
 
 1. Bacias hidrográficas. 2. Gestão integrada – Recursos hídricos. 3. Educação 
ambiental. I. Vieira, Tacyele Ferrer. II. Landim Neto, Francisco Otávio. III. Leal, Antônio 
César. IV. Silva, Edson Vicente da. V. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. 
V. Título.
 
 UERN/BC CDD 551.48
Prefácio
As universidades, institutos de educação e pesquisa e as escolas públicas devem, cada vez 
mais, permeabilizar seus muros, como uma rocha calcária, para permitir uma maior porosidade e 
infiltração social. Abrir nossas portas e janelas, para saída e entrada de pessoas cidadãs, estudiosos 
e pesquisadores, afinal a população brasileira é quem nos constrói e alimenta.
Nosso retorno socioambiental é construir um tecido junto com os atores sociais, líderes co-
munitários, jovens entusiastas, crianças curiosas e velhos sábios. A integração entre os conhe-
cimentos científicos e os saberes tradicionais é a base para um desenvolvimento sustentável e 
democrático.
Encontros como o V Congresso Brasileiro de Educação Ambiental Aplicada e Gestão Territo-
rial têm sido realizados de forma integrada e aberta para a sociedade em geral. Como uma grande 
e imensa árvore que vai se desenvolvendo a partir de seus eventos, dispondo para todos os seus 
frutos de diletos e diversos sabores, como essas coletâneas e tomos, cultivados por diferentes 
pessoas desse nosso imenso terreiro chamado Brasil. 
Coube a Universidade Federal do Ceará, através de seu Departamento de Geografia, a realiza-
ção do evento e a organização final dos artigos que compõem os livros, e às Edições UERN, perten-
cente à Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, a catalogação e publicação dos 31 livros 
pertencentes às 07 coletâneas. Essa parceria interinstitucional, que na verdade coaduna muitas 
outras instituições, demonstra as redes já estabelecidas de cooperação científica e ideológica que, 
em um cenário político-econômico de grande dificuldade para as instituições de ensino e para a 
ciência brasileira, se auto-organizam para o enfrentamento dos desafios de maneira generosa e 
solidária.
Rodrigo Guimarães de Carvalho (UERN)
 Edson Vicente da Silva (UFC)
V congREsso BRasilEiRo dE Educação amBiEntal aaplicada E gEstão tERRitoRial
1 considERaçõEs soBRE gEstão intEgRada dE Bacias hidRogRáFicas........................ 6
2 a Bacia hidRogRáFica como unidadE dE planEjamEnto: uma pRoposta dE zonEamEnto 
gEoamBiEntal paRa Bacia costEiRa cauEiRa/aBaís-sE............................................ 12
3 a consERVação da água como um ValoR paRa Educação amBiEntal no Ensino dE gE-
ogRaFia........................................................................................................ 27
4 análisE gEoamBiEntal da suB-Bacia do Rio jacuRutu-cE..................................... 34
5 comitê miRim - são gonçalo: dEsaFios à gEstão das águas. ................................ 43
6 dEsaFios paRa a gEstão tERRitoRial nas nascEntEs dE poço das tRinchEiRas – al. 53
7
Educação amBiEntal, idEntidadE social E pRotagonismo juVEnil: o dEspERtaR dE 
uma comunidadE paRa a gEstão intEgRada dos REcuRsos hídRicos no ValE do jato-
Bá, BElo hoRizontE. ...................................................................................... 67
8 gEstão intEgRada dos REcuRsos hídRicos no município dE cRatEús – cE. .................. 80
9 o papEl da sociEdadE na gEstão social da água Em Bacias hidRogRáFicas. ................. 92
10 pERspEctiVas da lEgislação amBiEntal no alto cuRso da Bacia hidRogRáFica do Rio mundaú, pE – al. ........................................................................................ 102
11
planEjamEnto E gEstão dos REcuRsos hídRicos paRa otimização do uso da água na 
iRRigação Em cultiVo dE VidEiRa no sEmiáRido pERnamBucano: Estudo dE caso na 
Bacia do pontal. ............................................................................................ 116
sumário
“GESTÃO INTEGRADA DE BACIAS HIDROGRÁFICAS ”
(TOMO 1)
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 7
considERaçõEs soBRE planEjamEnto 
uRBano dE Bacias hidRogRáFicas
Francisco oTáVio landim neTo 
césar leal
edson VicenTe da silVa
Jose manuel maTeo rodriguez 
Introdução
A bacia hidrográfica é compreendida enquanto unidade geográfica fundamental para o ge-
renciamento dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos sendo também utilizada para ações 
inerentes ao planejamento ambiental (GORAYEB; PEREIRA, 2014).
A utilização da bacia hidrográfica como uma unidade de análise de sistemas ambientais, apre-
senta concepção mais adequada para se trabalhar com a proposta sistêmica, partindo da perspec-
tiva do tripé formado pela dimensão ambiental, social e econômico (ALBUQUERQUE, 2015). 
Acredita-se que as bacias hidrográficas devem ser compreendidas sob a perspectiva sistêmi-
ca, propiciando a análise de suas múltiplas paisagens, com a identificação dos impactos ambien-
tais ocasionados pelas ações antropogênicas. A esse respeito Botelho; Silva (2004, p. 153) expõem 
que, 
[...] o estado dos elementos que compõem o sistema hidrológico (solo, água, ar, vegeta-
ção, etc.) e os processos a eles relacionados (infiltração, escoamento, erosão, assoreamen-
to, inundação, contaminação, etc.), viabilizam a possibilidade de avaliar o equilíbrio do 
sistema ou ainda a qualidade ambiental nele existente.
A bacia hidrográfica é considerada unidade preferencial para o planejamento e a gestão am-
biental, pois abrange parte de um conjunto de feições ambientais homogêneas (paisagens, ecos-
sistemas) ou diversas unidades territoriais (RODRIGUEZ; SILVA; LEAL, 2011).
O emprego do recorte espacial (bacia hidrográfica) dá-se pela crescente necessidade de pre-
servar, discutir e atuar em defesa do equilíbrio do meio ambiente, devendo ser compreendida 
como unidade de planejamento.
As discussões reunidas por Albuquerque (2015) e Tundisi (2006) relacionam-se ao gerencia-
mento dos recursos hídricos comoforma de amenizar futuros impactos ambientais e indicam 
uma importante tarefa no intuito de seguir os propósitos da igualdade social, do crescimento 
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 8
econômico e da sustentabilidade ambiental. 
O planejamento ambiental deve ser efetivado visando a prevenir, conter e solucionar os pro-
blemas já instalados numa bacia hidrográfica. Ross (2010) alerta para a noção que os projetos de 
planejamento de uma área devem levar em consideração os fatores fisiográficos e socioeconômi-
cos para avaliar as possibilidades de uso do território e seus recursos. Rodriguez, Silva e Leal (2011, 
p. 30 e 31) enfatizam que, 
“[...] do ponto de vista de planejamento e gestão, a bacia se caracteriza por: abarcar par-
te de um conjunto de unidades ambientais homogêneas (paisagens, ecossistemas etc.) 
ou de unidades territoriais (municípios, estados, países); ser considerada como a unidade 
mais apropriada para o estudo qualitativo e quantitativo do recurso água e dos fluxos de 
sedimentos e nutrientes; e ser definida como a unidade preferencial na análise e gestão 
ambiental”.
Destaca-se o fato de que não existe um modelo de planejamento exato, pois há que se levar 
em conta as particularidades de cada área para o desenvolvimento de trabalhos dessa natureza, 
bem como a escala de análise. Souza (2003, p. 106 e 107) informa que as escalas de planejamento 
usadas habitualmente são local, regional, nacional e internacional, sendo que a,
√ Escala (ou nível local) refere-se a recortes espaciais que expressam a possibilidade de uma 
vivência pessoal intensa do espaço e a formação de identidades sócio espaciais sobre a base da vi-
vência. Exprime três variantes: micro-local (quarteirão, sub-bairro, bairro, setor geográfico); meso-
-local (município); e macro-local (áreas metropolitana).
√ Escala ou nível regional – refere-se à região, sua importância para o planejamento está no 
fato de que muitas vezes coincide com o território político-administrativo formal e com um nível 
de governo, o que ajuda na implantação de políticas públicas.
√ Escala ou nível regional – refere-se à região e sua importância para o planejamento está no 
fato de que muitas vezes coincide com o território político-administrativo formal e com um nível 
de governo, o que ajuda na implantação de políticas públicas.
√ Escala (ou nível) internacional – merece o desdobramento; grupo de países (dois ou mais 
países) e global.
O processo de planejamento jamais pode ser considerado definitivo, pois a ideia de definitivo 
é oposta à própria metodologia de planejamento, que é efetivamente dinâmica, na qual os fato-
res envolvidos no processo estão em constante interação, influenciando e sendo influenciados 
por uma determinada ação. Franco (2001), alerta para o fato de que o planejamento ambiental 
pressupõe três princípios de ação humana sobre os ecossistemas: os princípios de preservação, 
da recuperação e da conservação do meio ambiente. A esse respeito Gondim; Martín-Vide (2012, 
p. 53) explicita que, 
[... ] o princípio da preservação, também chamado de princípio da não ação, defende que 
os ecossistemas deverão permanecer intocados pela ação humana e representam as áreas 
de reserva e bancos genéticos de interesse para vidas futuras, aplicando-se a territórios 
que mantêm seus ciclos ecológicos em funcionamento sem grandes quebras nas cadeias 
alimentares [...] A recuperação ambiental aplica-se a áreas alteradas pela ação humana e 
consiste na aplicação de técnicas de manejo visando tornar um ambiente degradado apto 
para um novo uso produtivo, desde que sustentável, adotando-se, nesse caso e a partir de 
certo momento o princípio da preservação [...] Já a conservação pressupõe o usufruto dos 
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 9
recursos naturais pelo homem na linha de mínimo risco, isto é sem degradação do meio, 
e do mínimo gasto de energia.
O planejamento ambiental deve, acima de tudo, considerar a participação popular como um 
dos aspectos mais importantes para que a implementação deste se traduza realmente em resulta-
dos a serem compartilhados pela população, tanto em relação a sua qualidade de vida como para 
a efetivação de seu papel na qualidade de cidadão (SANTOS; LEAL, 2014). No entender de Silva; 
Rodriguez (2014, p.11),
Uma das grandes limitações no planejamento de bacia hidrográficas deve-se a questões 
relacionadas com a definição de competências político, legais e administrativas, uma vez 
que envolve diferentes atores sociais, econômicos, bem como gestores e usuários. A com-
plexidade socioambiental de uma bacia hidrográfica inclui processos de caráter histórico, 
cultural, econômico e social.
Nesse contexto, Cunha; Coelho (2012, p. 71) expressam que, “o modelo de gestão das bacias 
hidrográficas, adotado na legislação brasileira, é baseado nos pressupostos do co-manejo e da 
descentralização das tomadas de decisão”. As ações voltadas ao planejamento dos recursos hí-
dricos devem serem fundamentadas a partir de uma análise integrada sempre numa concepção 
de sustentabilidade, devendo considerar os usos da água, a cadeia produtiva instalada e a ser 
implantada na bacia, as vulnerabilidades dos ecossistemas.
Convém destacar que durante as atividades cientificas vinculadas ao V Congresso Brasileiro 
de Educação Ambiental Aplicada e Gestão Territorial, foram apresentados dez estudos voltados 
a gestão integrada em bacias hidrográficas. A seguir são feitas considerações sobre os estudos 
supracitados 
Estudos integrados inerentes a bacias hidrográficas 
Os estudos relacionados as bacias hidrográficas (compreendidas como unidades de planeja-
mento e gestão) são importantes para a sociedade tendo em vista que necessitam-se dos recursos 
hídricos para a manutenção de um conjunto de atividades econômicas e suporte da vida humana. 
Nesse contexto os 10 trabalhos apresentam contribuições diferenciadas voltadas ao planejamen-
to e gestão das bacias hidrográficas sendo feitas análises de impactos ambientais e proposições 
de ações voltadas a conservação dos recursos hídricos.
O segundo capítulo intitulado “A bacia hidrográfica como unidade de planejamento: uma pro-
posta de zoneamento geoambiental para bacia costeiraCaueira/Abaís -SE” apresentou uma pro-
posta de zoneamento geoambiental para a Bacia Costeira Caueira/Abais, para subsidiar o orde-
namento territorial-ambiental por meio de mecanismos de uso sustentável do solo, respeitando 
os limites dos elementos naturais que constituem a presente paisagem. Constatou que as ações 
antropogênicas ocorrem nas diversas formas, desde as tradicionais atividades agropastoris ao for-
te desenvolvimento da prática do turismo. Todas interferem diretamente em cada um dos seus 
geossistemas, em intensidade e graus variados.
O terceiro capítulo denominado “A conservação da água como um valor para educação am-
biental no ensino de Geografia” analisou a importância da temática ‘água’ no contexto da gestão e 
conservação, tendo como foco de discussão a educação ambiental e a sustentabilidade compre-
endidas como eixos transversais que compõe os Parâmetros Curriculares Nacionais e as Diretrizes 
Estaduais para o Ensino de Geografia, no Estado do Pará. Constatou-se que a transversalidade 
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 10
do tema colabora como alternativa prática às ações pedagógica e busca trazer discussões mais 
abrangentes ao ensino de Geografia, entre elas, discussões sobre meio ambiente e gestão das 
águas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais e as diretrizes apresentadas são as bases para inser-
ção das práticas pedagógicas no ensino. 
O quarto capítulo intitula-se “Análise geoambiental da sub-bacia do rio Jacurutu-CE” apresen-
tou uma análise geoambiental da sub-bacia do Rio Jacurutu, localizada na porção central da Bacia 
Hidrográfica do Rio Acaraú, no estado do Ceará. O estudo concluiu que a sub-bacia do rio Jacu-
rutu apresenta nascentes bem preservadas, porém ao longo do curso do rio, principalmente,na 
área urbana em Santa Quitéria, observa-se a presença de esgoto próximo às suas margens e aos 
riachos que abastecem o Jacurutu. Neste trecho urbano, destacam-se também margens parcial-
mente preservadas, com a presença da vegetação de oiticica, bem como mais afastada, na área de 
planície de acumulação, vegetação de carnaúba, típica desta unidade geoambiental.
No quinto capítulo denominado “Comitê mirim-São Gonçalo: desafios à gestão das águas” ana-
lisou o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica da Lagoa Mirim e do Canal São Gonçalo 
criado pelo Decreto Estadual/RS n. 44.327, de 6 de março de 2006, integrante do Sistema Estadual 
de Recursos Hídricos. O estudo concluiu que se faz necessário destacar a importância dos Comitês 
de Bacias Hidrográficas para a implementação da Política Nacional dos Recursos Hídricos (PNRH) e 
para a gestão ambiental. Nesse sentido, o Comitê Mirim-São Gonçalo no exercício de suas atribui-
ções, contribuirá para uma compreensão mais ampla e profunda do processo de descentralização 
político-administrativa da gestão dos recursos hídricos, estabelecida na Lei 9.433/97.
O sexto capítulo intitulado “Desafios para a gestão territorial nas nascentes de Poço das Trin-
cheiras – AL” identificou os desafios da gestão territorial nas nascentes presentes no munícipio de 
Poço das Trincheiras – Alagoas. Concluiu-se que muitas alternativas já foram postas em práticas 
por parte do poder público, na questão do ordenamento territorial das águas, para minimizar os 
problemas dos recursos hídricos em regiões semiáridas, mas a falta d’água é uma realidade na 
vida dos sertanejos principalmente em longos períodos de estiagem, associada por muitas vezes 
com a cultura do desperdício, as variações climáticas e a má gestão que corroboram, para a explo-
ração efetiva dos corpos d’águas, a exemplo as nascentes.
O sétimo capítulo denominado “Educação Ambiental, identidade social e protagonismo juvenil: 
o despertar de uma comunidade para a gestão integrada dos recursos hídricos no Vale do Jatobá, 
Belo Horizonte” apresentou um conjunto de reflexões efetivadas junto a um projeto denominado 
Manuelzão, vinculado a Universidade Federal de Minas Gerais, sendo analisado os fatores socio-
ambientais, políticos e econômicos, fazendo da sociedade protagonista da gestão socioespacial 
dos recursos hídricos. As atividades promoveram a troca de experiência entre alunos, professores, 
lideranças e integrantes da comunidade, garantindo a participação e interação entre os muitos 
atores sociais que fazem parte da gestão de recursos hídricos do vale do Jatobá.
O oitavo capítulo intitulado “Gestão integrada dos recursos hídricos no município de Crateús – 
CE” analisou as características geoambientais da bacia hidrográfica dos Sertões de Crateús e as 
formas de uso e ocupação do solo, identificando os impactos ambientais sobre a bacia hidrográfi-
ca, com enfoque nas estratégias de convivência com a seca. Constatou-se que a gestão dos recur-
sos hídricos deve considerar as peculiaridades locais, já que os sistemas socioambientais diferem 
de uma região para outra. Cada região necessita avaliar as implicações concretas de suas políticas, 
enfocando, no entanto, objetivos comuns como a qualidade de vida e ambiental.
O nono capítulo denominado “O papel da sociedade na gestão social da água em Bacias Hi-
drográficas” analisou a gestão social da água no município de Ilha Grande – PI e sua contribuição 
para a sustentabilidade dos corpos hídricos põe em foco problemas ambientais decorridos dos 
impactos causados aos corpos hídricos. Constatou-se que a realidade atual do município não fa-
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 11
vorece a implantação de grandes projetos incluindo o turismo por apresentar limitações tanto da 
qualidade quanto da quantidade de água para os múltiplos usos.
O décimo capítulo intitula-se “Perspectivas da legislação ambiental no alto curso da Bacia Hi-
drográfica do rio Mundaú, PE – AL” identificou as áreas de proteção permanentes no alto curso da 
bacia do Rio Mundaú em Pernambuco e Alagoas, fazendo uma contextualização através da legis-
lação ambiental vigente e verificando os indícios de incompatibilidades com a realidade. Consta-
tou-se que a situação local apontou a inexistência de vegetação ou mata ciliar, na qual vem sendo 
utilizada por atividades não compatível para uma área de preservação como: agricultura, pecuária 
extensiva, extração de areia e retirada de água por canalizações e bombas a motor. 
O décimo primeiro capítulo denominado “Planejamento e gestão dos recursos hídricos para 
otimização do uso da água na irrigação em cultivo de videira no semiárido pernambucano: estudo de 
caso na bacia do Pontal” objetivou calcular a quantidade de água a ser disponibilizada, sem des-
perdício, para a cultura da videira levando-se em consideração o cálculo da evapotranspiração da 
cultura (ETPc) e do coeficiente da cultura para calcular a quantidade de perda de água da cultura, 
em diferentes fases do desenvolvimento fenológico. Concluiu-se que dependendo do método de 
irrigação utilizado, há uma diferença de até 7.682.931m³ no consumo de água entre os métodos 
com 70% e 90% de eficiência do sistema, e que mais de 615,72ha de terras poderiam ser agrega-
das para utilização agrícola sem que isso significasse aumento de custos na utilização dos recursos 
hídricos. 
Considerações finais
As bacias hidrográficas que foram objetos das análises necessitam de uma gestão integrada 
e a execução de políticas públicas devem estar preocupadas com o bem-estar das populações 
locais levando-se em consideração os múltiplos usos da água existentes numa bacia. Torna-se 
importante destacar a necessidade da realização de estudos multi e interdisciplinar numa pers-
pectiva de integração, para ter o conhecimento das principais necessidades sociais e ambientais. 
De posse destes estudos espera-se a efetivação do comprometimento dos agentes políticos (nível 
Federal, Estadual e Municipal) em efetuar as um conjunto de políticas públicas voltadas a conser-
vação e preservação dos recursos hídricos propiciando a garantia de uma melhor qualidade de 
vida para a população 
Referências 
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ras: contribuição ao ordenamento territorial do setor leste da Região Metropolitana de Fortale-
za, Ceará. Tese (doutorado) - Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências e Tecnologia, 
Programa de Pós-Graduação em Geografia, Fortaleza, 2015 258P.
BOTELHO, R. G. M.; SILVA, A. S. da. Bacia hidrográfica e qualidade ambiental. In: VITTE, Antonio 
Carlos; GUERRA, Antonio José Teixeira (org). Reflexões sobre a Geografia Física no Brasil. Rio 
de Janeiro, Bertrand Brasil. 2004. 280 p.
CUNHA, L. H; COELHO, M. C. N. Política e Gestão Ambiental. In: A questão ambiental: diferentes 
abordagens. CUNHA, S. B; GUERRA, A. J. T (Orgs). 7ª ed. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 2012, 250p. 
FRANCO, M.A.R. Planejamento ambiental para a cidade sustentável. São Paulo: Annablume: 
FAPESP, 2001. 258p.
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 12
GONDIM, P. S. C; MARTÍN-VIDE, J. Planejamento e política ambiental: diretrizes, estratégias, ações 
e políticas públicas para preservação e conservação do meio ambiente da cidade de Vitória da 
Conquista - BA, Brasil. Revista Brasileira de Gestão Ambiental. (Pombal – PB – Brasil) 2012. v.6, 
n.1, p. 50 – 66.
GORAYEB, A; PEREIRA, L. C. C. Análise integrada das paisagens de Bacias Hidrográficas na 
Amazônia Oriental. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2014. 108p. 
RODRIGUEZ, J. M. M; SILVA, E.V. da. LEAL. A.C. Planejamento Ambiental em Bacias Hidrográficas. 
In: SILVA, E.V. da; RODRÍGUEZ, J.M.M; MEIRELES, A.J.A. Planejamento Ambiental em Bacias Hi-
drográficas (org. - tomo 1). Fortaleza: Edições UFC, 2011. 149p.
ROSS, J. L. S. Geomorfologia: ambiente e planejamento. São Paulo: Contexto, 2010. 96p
SANTOS, F. M; LEAL, A. C. Planejamento ambiental da baciahidrográfica do Córrego Embirí - 
UGRHI Pontal do Paranapanema São Paulo. Geografia em Atos (Online), v. 1, p. 53-75, 2014.
SILVA, E. V; RODRIGUEZ, J. M. M. PLANEJAMENTO E ZONEAMENTO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS: 
A GEOECOLOGIA DAS PAISAGENS COMO SUBSÍDIO PARA UMA GESTÃO INTEGRADA. Caderno 
Prudentino de Geografia, v. Especial, p. 4-17, 2014.
SOUZA, M. L. de. ABC do desenvolvimento urbano. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. 
194p.
TUNDISI, J. G. Novas perspectivas para a gestão de recursos hídricos. Revista USP, v. 70, 2006 p. 
24-35.
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 13
a Bacia hidRogRáFica como unidadE 
dE planEjamEnto: uma pRoposta dE 
zonEamEnto gEoamBiEntal paRa Ba-
cia costEiRa cauEiRa/aBaís - sE
H. s. dos macedo
H. m. araúJo
l.P. lima
Abstract
The Government of the State of Sergipe, throu-
gh the Secretary of State and the Environment 
and Water Resources - SEMARH - together with 
the scientific community of the state of Sergipe, 
comes searching strategies for the rational use 
and maintenance of water resources in the State. 
Through the State plan to water resources held in 
2009, we established a new division basin to Ser-
gipe, in order to facilitate the planning of these 
water resources, in addition, to be used as units 
of planning. The territory Sergipe who will now 
contain eight river basins: Water catchment area 
of the River San Francisco, Japaratuba River Basin, 
the river basin of Sergipe River, Vaza-Barris River 
Basin, the river basin of the River Piauí, Real River 
Basin and coastal basins 01 and 02, denominated 
in 2012 by SEMARH respectively of: Coastal Basin 
Sapucaia and Coastal Basin Caueira/Abais. Befo-
re that, and whereas the analysis outlined here 
in integrated perspective of the landscape, the 
present study brings a proposal of Environmental 
Zoning for Coastal Basin Caueira/Abais, as an ins-
trument to subsidize the spatial-environmental 
this new state of Sergipe River basin, searching 
through this proposal, mechanisms for sustaina-
ble use of the soil, respecting the limits of natural 
elements that constitute this landscape.
Keywords: Spatial planning; Geosystems; The use 
and occupation of the soil.
Resumo
O Governo do Estado de Sergipe, por meio da 
Secretaria de Estado e Meio Ambiente e dos Re-
cursos Hídricos – SEMARH – juntamente com a 
comunidade científica sergipana, vem buscando 
estratégias para o uso racional e manutenção dos 
recursos hídricos no Estado. Através do Plano Es-
tadual de Recursos Hídricos realizado em 2009, 
estabeleceu-se uma nova de divisão hidrográfi-
ca para Sergipe, no intuito de facilitar o planeja-
mento desses recursos hídricos, além, de serem 
utilizadas como unidades de planejamento. O 
território sergipano passou a conter oito bacias 
hidrográficas: Bacia Hidrográfica do Rio São Fran-
cisco, Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, Bacia 
Hidrográfica do Rio Sergipe, Bacia Hidrográfica 
do Rio Vaza-Barris, Bacia hidrográfica do Rio Piauí, 
Bacia Hidrográfica do Rio Real e as bacias costei-
ras 01 e 02, denominadas em 2012 pela SEMARH, 
respectivamente de: Bacia Costeira Sapucaia e, 
Bacia Costeira Caueira/Abais. Diante disso, e con-
siderando a análise aqui esboçada na perspectiva 
integrada da paisagem, o presente trabalho traz 
uma proposta de zoneamento geoambiental para 
a Bacia Costeira Caueira/Abais, como instrumento 
para subsidiar o ordenamento territorial-ambien-
tal dessa nova bacia hidrográfica sergipana, bus-
cando através dessa proposta, mecanismos de 
uso sustentável do solo, respeitando os limites 
dos elementos naturais que constituem a presen-
te paisagem. 
 
Palavras-chave: Ordenamento Territorial; Geos-
sistemas; Uso e Ocupação do Solo.
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 14
1. Introdução
A preocupação com o uso e ocupação do solo ganha ênfase por estar relacionada com os pro-
cessos produtivos e o desenvolvimento econômico das populações. Neste sentido, a humanidade 
está recebendo como herança, o desafio de resolver esses problemas decorrentes de condições 
naturais e/ou de uma crise sistemática, fruto de dificuldades sociais e econômicas que desencade-
aram um crescimento acelerado e desordenado da população humana, acompanhado de modos 
de vida urbano-industriais que incentivaram o caráter exploratório e alcançaram proporções tidas 
como irreversíveis. 
As alterações ambientais, decorrentes dessa relação histórica “sociedade – natureza” tem ge-
rado intensas discussões em todos os segmentos da sociedade. É importante lembrar, de acordo 
com De Nardin (2009), que o ritmo de acumulação do capital é distinto do ritmo de funciona-
mento da natureza, ficando assim aparente, que o modelo de desenvolvimento mostra-se tanto 
irregular para os homens quanto danoso para os sistemas ambientais. 
Já se pode prever segundo Ab’Saber (2003), que entre os padrões para o reconhecimento do 
nível de desenvolvimento de um país, devam figurar a capacidade do seu povo em termos de pre-
servação de recursos, o nível de exigência e o respeito ao zoneamento de atividades, assim como, 
a própria busca de modelos para uma valorização e renovação corretas dos recursos naturais. 
Diante dessa preocupação com o uso sustentável dos recursos naturais de um país, inúmeras 
medidas estão sendo implementadas na tentativa de mitigar ou mesmo coibir a utilização desor-
denada de tais recursos, entre o qual podemos destacar os recursos hídricos. 
 Em meio a essas medidas que estão sendo tomadas nas últimas décadas, visando à otimi-
zação e gestão de ambientes naturais, uma de maior destaque, vem sendo à adoção da bacia 
hidrográfica como instrumento para o planejamento ambiental. Segundo Araújo (2010) a bacia 
hidrográfica se estabelece como unidade física bem caracterizada, facilitando a integração de inú-
meros indicadores geoambientais. 
O Governo do Estado de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado e Meio Ambiente e dos 
Recursos Hídricos – SEMARH – juntamente com a comunidade científica sergipana, vem buscando 
estratégias para o uso racional e manutenção dos recursos hídricos no Estado. 
Através do Plano Estadual de Recursos Hídricos realizado em 2009, estabeleceu-se uma nova 
de divisão hidrográfica para Sergipe, no intuito de facilitar o planejamento desses recursos hídri-
cos, além, de serem utilizadas como unidades de planejamento. 
O território sergipano passou a conter oito bacias hidrográficas: Bacia Hidrográfica do Rio 
São Francisco, Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, Bacia Hi-
drográfica do Rio Vaza-Barris, Bacia hidrográfica do Rio Piauí, Bacia Hidrográfica do Rio Real e as 
bacias costeiras 01 e 02, denominadas em 2012 pela SEMARH, respectivamente de: Bacia Costeira 
Sapucaia e, Bacia Costeira Caueira/Abais. 
Diante disso, e considerando a análise aqui esboçada na perspectiva integrada da paisagem, 
o presente trabalho traz uma proposta de zoneamento geoambiental para a Bacia Costeira Cauei-
ra/Abais, como instrumento para subsidiar o ordenamento territorial-ambiental dessa nova bacia 
hidrográfica sergipana, buscando através dessa proposta, mecanismos de uso sustentável do solo, 
respeitando os limites dos elementos naturais que constituem a presente paisagem. 
2. Universo da Pesquisa
A Bacia Costeira Caueira/Abais abrange parte dos municípios de Itaporanga d’Ajuda e Estân-
cia, especificamente na Mesorregião do Leste Sergipano e na Microrregião de Estância. Possui 
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 15
dimensões em torno de 163 km² e está localizada entre as coordenadas geográficas de 11°07’52’’ 
e 11°25’51’ S e 37°10’59’’ e 37°21’09’’ W (Figura 01). 
A referida bacia foi estabelecida em 2009 como unidade de planejamento através do Plano 
Estadual de Recursos Hídricos (PERH) de caráter estratégico, para estabelecer diretrizes gerais so-
bre os recursos hídricos nos Estados (SEMARH, 2009). Este, implementado devido a Política Na-
cional de Recursos Hídricos (PNRH), por intermédio da Lei n°9.433/1997, que estabelecia a bacia 
hidrográfica como unidade territorial para a gestão dos recursos hídricos. 
Nos Planos Estaduais, a base territorial de gestão é a Unidade de Planejamento (UP), (SEMA-
RH, 2009). A SEMARH (2009) para construir uma proposta de criação de unidades de planejamen-
to adotou a seguinte metodologia: Utilização das características físicas para delimitação das uni-
dades de planejamento; cruzamento com informações de disponibilidade hídrica; e o cruzamento 
com informações socioeconômicas. 
Figura 01 – Bacia Costeira Caueira/Abais – SE. Limites físicos, político-administrativo, 2014.
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 16
3. Procedimentos metodológicos
Na organização das etapas dos procedimentos metodológicos, utilizou-se como recurso, os 
quatro níveis de pesquisa geográfica propostos por Libault (1971), a saber: Nível Compilatório, 
Nível correlativo, Nível Semântico e Nível Normativo . A primeira etapa da pesquisa representa o 
nível compilatório de Libault (1971), que se caracterizou pelo levantamento dos dados, levanta-
mento bibliográfico, e informações sobre o material cartográfico disponível para área de estudo. 
A segunda etapa representa o nível correlativo de Libault (1971), caracterizada pelas referidas 
correlações entre todos os elementos do meio físico e uso e ocupação do solo identificado no 
decorrer da pesquisa. 
A terceira etapa representou o nível semântico de Libault (1971), ou seja, nível interpretativo. 
Nesta etapa, iniciou-se a interpretação das informações que caracterizam a paisagem, permitindo 
homogeneizar cada unidade geossistêmica e suas geofácies. A quarta etapa da pesquisa, que re-
presenta o nível normativo de Libault (1971), baseou-se na elaboração da proposta de zoneamen-
to geoambiental, utilizando os recursos metodológicos citados nos níveis anteriores, e a partir da 
síntese de todas as informações coletadas, analisadas, interpretadas e correlacionadas no decorrer 
da investigação, foram apresentadas na forma de quadros e mapa, para melhor visualização dos 
resultados
Para subsidiar a proposta de compartimentação da paisagem utilizando o metodologia ge-
ossistêmica, tornou-se necessário, ao fazer o levantamento de dados secundários e durante os 
trabalhos de campo, considerar os seguintes aspectos: caracterização geológica e compartimen-
tação litoestrutural; classificação dos solos, segundo as características físicas, químicas, morfoló-
gicas; caracterização das condições hídricas e térmicas, baseada na análise dos parâmetros climá-
ticos e identificação do potencial hídrico de superfície; identificação e classificação da vegetação 
no nível da escala selecionada de acordo com o sistema proposto em 2012 pelo Manual técnico 
da vegetação brasileira e análise de uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica Caueira/Abais. 
Na elaboração da Carta de Zoneamento Geoambiental, inicialmente, tornou-se necessário a 
elaboração da carta de compartimentação da paisagem, uma vez que ela apresenta a integração 
dos elementos da natureza com a sociedade, demonstrando especificamente o arranjo das ativi-
dades humanas sobre o território da bacia. Nesse sentido, observaram-se as proporções litológi-
cas, da cobertura vegetal, tipos de solo e uso e ocupação da terra nos domínios ambientais, para 
posterior cruzamento de informações. Esse procedimento auxiliou no delineamento das Zonas 
estabelecidas na proposta de ordenamento territorial/ambiental da bacia. 
4. Bacia Hidrográfica como Unidade para o Planejamento Ambiental 
A crescente demanda pelo uso dos recursos naturais foi acompanhada nas últimas décadas 
pela preocupação com a quantidade e qualidade desses recursos. Ao longo do tempo o homem 
vem se utilizando dos recursos hídricos sem a preocupação de ver nestes um bem finito. Segundo 
Guerra e Cunha (2011) parte da riqueza natural de um país são seus recursos hídricos, e as águas 
superficiais constituem uma porção dessa riqueza. 
Devido à importância obtida pelo recurso água em nossa sociedade industrial moderna, tor-
nou-se notável, sobretudo nas últimas décadas, o substancial acréscimo de estudos relativos aos 
recursos hídricos, bem como a eleição da bacia hidrográfica como unidade territorial preferencial 
desses estudos, o que a tem tornado referência espacial destacada, como enfatiza Araújo (2010), 
subsidiando tanto o planejamento ambiental e territorial quanto fundamentado boa parte da 
legislação ambiental no Brasil e em muitos países. 
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 17
O conceito bacia hidrográfica refere-se a uma compartimentação geográfica natural delimi-
tada por divisores de água. Assim, para Rodrigues e Adami 2005, a bacia hidrográfica pode ser 
conceituada como,
um sistema que compreende um volume de materiais, predominantemente sólidos e lí-
quidos, próximos à superfície terrestre, delimitado interno e externamente por todos os 
processos que, a partir do fornecimento de água pela atmosfera, interferem no fluxo de 
matéria e de energia de um rio ou de uma rede de canais fluviais. Inclui, portanto, todos 
os espaços de circulação, armazenamento, e de saídas de água e do material por ela trans-
portado, que mantêm relações com esses canais. (RODRIGUES E ADAMI, 2005, p. 147-148). 
Na concepção de Grannel – Pérez (2004) bacia hidrográfica pode ser definida como uma área 
constituída pelo conjunto de superfícies que através de canais e tributários drenam a água da 
chuva, sedimentos e substâncias dissolvidas para um canal principal cuja vazão ou deflúvio con-
verge numa foz do canal principal num outro rio, lago ou mar. 
Coelho et al., (2005) entendem bacia hidrográfica como sendo uma área definida topografi-
camente, drenada por um curso d’água ou um sistema conectado de cursos d’água tal que toda a 
vazão efluente seja descarregada através de um exutório. 
Em sua obra Planejamento Ambiental: teoria e Prática, Rozely Ferreira Santos diz que (2004, 
p.39) a bacia hidrográfica, 
constitui um sistema natural bem delimitado no espaço composto por um conjunto de 
terras topograficamente drenadas por um curso d’água e seus afluentes, onde as intera-
ções, pelo menos físicas, são integradas e, assim, mais facilmente interpretadas. 
A bacia hidrográfica vem sendo adotada em muitos países, como Espanha, França, Países 
Baixos e Reino Unido, como unidade físico-territorial para uma série e intervenções. No Brasil, o 
estudo destes limites é assegurado pela política Nacional dos Recursos Hídricos, que através da 
Lei N° 9.433 de 1997, estabelece em seus conceitos básicos a utilização da bacia hidrográfica como 
unidade de planejamento e gestão (MACHADO e TORRES, 2012).
Novas concepções foram desenvolvidas quando a bacia hidrográfica passou a ser utilizada 
como objeto para a análise ambiental. Nesta perspectiva, Araújo (2010) observa que inúmeros 
autores chamam a atenção para o fato de que, 
planejar uma bacia hidrográfica significa estruturar um conjunto de procedimentos ca-
pazes de assegurar a utilização ambiental correta dos seus recursos naturais, visando 
promover o seu desenvolvimento sustentado e garantindo a conservação e preservação 
ambiental (ARAUJO, 2010, p. 32).
Para Botelho e Silva (2004) a bacia hidrográfica, entendida como célula básica de análise am-
biental, permite conhecer e avaliar seus diversos componentes e os processos e interações que 
nela ocorrem. A visão sistêmica e integrada do ambiente está implícita na adoção dessa unidade 
fundamental. 
Com uma concepção semelhante, autores como Christofoletti (1980), Beltrame (1994) e Guer-
ra e Cunha (1996, 2003) afirmam, que as bacias de drenagem, integram uma visão conjunta do 
comportamento das condições naturais e das atividades humanas, pois mudanças significativas 
em qualquer uma dessas unidades podem gerar alterações ou até mesmo impactos a jusante e 
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 18
nos fluxos de energia. 
Deste modo, as bacias hidrográficas compõem sistemas ambientaiscomplexos em sua estru-
tura, funcionamento e evolução. As bacias de drenagem são unidades fundamentais para mensu-
ração dos indicadores geomorfológicos, para análise da sustentabilidade ambiental baseada nas 
características do geossistema e do elemento socioeconômico (CHRISTOFOLETTI, 2002).
5. Proposta de Zoneamento Geoambiental para a Bacia costeira Caueira/Abaís 
Nesta proposta de zoneamento geoambiental, recorre-se aos instrumentos legais de âmbito 
federal e estadual (leis, decretos, normas técnicas e resoluções) para compreender os pressupos-
tos que regem determinados elementos e/ou características de ambientes naturais.
Assim, foram definidas as seguintes zonas: Zonas de Áreas de Proteção Ecológica (ZAPE); Zo-
nas Restritas ao Uso Agrário (ZRUA); Zonas de Áreas de Preservação Severa (ZAPS); Zonas de Inte-
resse Turismo/Residência (ZITR) e as Zonas de Áreas de Exploração Mineral (ZAEM) – Figura 2. 
Figura 02 – Zoneamento Geoambiental da Bacia Costeira Caueira/Abaís.
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 19
5.1 Zonas de Áreas de Proteção Ecológica (ZAPE) 
Representa a maior zona da bacia costeira. Isso, devido às características físicoambientais de 
tal unidade da paisagem. Essa zona está inserida nos geossistemas Planície Costeira e Tabuleiros 
Costeiros, e nas geofácies Planície Fluviomarinha, Planície Fluviolagunar, nos Terraços Marinhos, 
Dunas Continentais e Superfícies Dissecadas em Colina. 
São áreas que atendem as especificações do Código Florestal; localizam-se em áreas de nas-
centes que estão dispostas linearmente às margens do rio Água Doce, bem como outros riachos 
que compõem a rede de drenagem da bacia; complexo lagunar, campos de dunas continentais, 
campos de várzea, e áreas de mangue (Figura 3- A, B, C e D). 
Figura 3 (A, B, C e D) – Ambientes presentes na ZAPE. Itaporanga D’ Ajuda e Estância, 2013.
Esses ambientes apresentam, ainda, certo grau de preservação em relação a suas condições 
primitivas, porém, a expansão da infraestrutura para práticas de atividades econômicas, coloca em 
risco tais sistemas ambientais.
O uso do solo de maneira desordenada sobre a ZAPE pode afetar, entre outras coisas: 
• Mananciais, que abastecem o rio Água Doce, e seus riachos; 
• Complexos lagunares, para o uso da piscicultura; 
• Retirada de vegetação dos topos dos tabuleiros; 
• Desmonte de dunas e aterros para a construção de residências, ou outros empreendimen-
tos; 
• Manguezais, para a prática da carcinicultura, entre outros. 
Para tal Zona, são sugeridas, algumas diretrizes gerais para o seu uso e ocupação, visando sua 
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 20
proteção (Quadro 01). 
DIRETRIZES GERAIS 
AÇÕES ADEQUADAS PARA O USO 
Admitidas Proibidas 
Pesquisas científicas Uso agrícola e pecuário Fiscalização mais rigorosa, para cum-
primento das legislações existentes. 
Coleta de espécies vegetais para uso 
medicinal 
Ocupação urbana (loteamen-
to e novas construções) 
Incentivos a pesquisas científicas das 
espécies da área 
Replantio de espécies da flora e a 
reintrodução de espécies da fauna
Atividade de Extração Mine-
ral
Apoio a projetos de reflorestamento 
das áreas desmatadas
Preservação das nascentes --------------------------------- Reflorestamento das matas ciliares 
ao longo dos percursos dos corpos 
d’água 
Preservação da vegetação de restin-
ga, mangue, e mata secundária 
Introdução ou criação de es-
pécies exóticas 
Implementação de projetos de con-
servação e preservação 
Coleta diária de resíduos sólidos Despejo de resíduos sólidos Incentivo a coleta seletiva, e campa-
nhas de conscientização sobre o des-
carte de resíduos sólidos. 
 ---------------------------------- Atividades turísticas Ordenamento e verificação da capa-
cidade dos geossistemas de tal Zona 
Quadro 01 - Diretrizes de uso para ZAPE.
Elaboração: Heleno dos Santos Macedo, 2014.
5.2 Zonas Restritas ao Uso Agrário (ZRUA) 
São áreas que possuem algum tipo de restrição ao uso agrícola ou pecuário, devido por exem-
plo, as características pedológicas e susceptibilidade a erosão, e, por isto, devem possuir formas 
de utilização que não agridam diretamente as suas características físicas, como a mecanização de 
cultivos, a não rotação de culturas e o excesso hídrico, sendo então preciso um manejo adequa-
do. Essa Zona na bacia corresponde, as porções onde atualmente algumas práticas agrícolas são 
desenvolvidas, principalmente, a cultura do coco-da-baía, e de áreas destinadas a prática da pas-
tagem, que vem se proliferando nos geossistemas da bacia costeira (Figura 4 e 5). 
Figura 4 – A criação de gado Figura 5 – Prática da cocoicultura
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 21
Para essa Zona, são sugeridas, algumas diretrizes gerais para o seu uso e ocupação, visando à 
sustentabilidade dessas práticas, com os demais sistemas ambientais presentes nessa área (Qua-
dro 02). 
DIRETRIZES GERAIS AÇÕES ADEQUADAS PARA O USO/
MITIGAÇÃO Admitidas Proibidas 
Plantio de espécies nativas da flora Uso agrícola em áreas sujeitas a ero-
são
Estudos detalhados sobre o estado 
de conservação do solo e dos de re-
cursos hídricos e sua recuperação, se 
necessário.
Uso agrícola de baixa intensidade de 
mecanização
Supressão de vegetação nativa pree-
xistente
Reflorestamento vegetal nativo
Queimada controlada pelos órgãos 
ambientais competentes
Exposição do solo mesmo que tem-
porariamente
Adoção de práticas agrícolas menos 
impactantes e de baixa mecanização 
e intensidade
---------------------------
Criação ou introdução de espécies 
exóticas a área
Programas de apoio ao manejo ade-
quado do solo e de práticas conser-
vacionistas.
-------------------------------
Retirada de espécies nativas da fauna 
e da flora
Estudo de espécies voltadas ao uso 
econômico e exploração comercial e 
popular.
Quadro 02 – Diretrizes de uso para ZRUA.
Elaboração: Heleno dos Santos Macedo, 2014. 
Essas medidas em longo prazo permitirão o uso racional do solo na bacia costeira Caueira/
Abaís, não afetando os demais sistemas próximos de tais práticas. 
5.3 Zonas de Áreas de Preservação Severa (ZAPS) 
Essa Zona ocupa áreas do Geossistema Planície costeira, sobre a Geofáceis Terraços Marinhos 
e trecho da geofácies Planície Fluviomarinha. São zonas que possuem restrição quanto à explora-
ção de recursos naturais e uso para implementação de infraestrutura, ou qualquer tipo de ocupa-
ção antrópica, e que por isso, devem ser conservadas em sua integridade. Abrigam ecossistemas 
com remanescentes da flora e fauna, campos de dunas, áreas próximas a linha de costa, enfim, 
ambientes que apresentam elevada fragilidade ambiental, devido suas características.
Na bacia costeira Caueira/Abais, é comum encontrar na prática várias atividades de lazer na 
ZAPR, principalmente nos finais de semana, quando a população busca lazer nas praias da bacia, 
e também, nas imediações próximas a foz do rio Água Doce (Figura 6).
Constatou-se através dos trabalhos de campo, que essas práticas, acabam comprometendo 
ecossistemas diretamente relacionados com tais ambientes, pois são descartados resíduos sólidos 
ao longo das margens do rio, como também, sobre o ambiente praial.
 
 
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 22
 
Figura 6 – Banhistas na foz do rio Água Doce na praia do Abaís, Estância, 2014.
Para essa Zona, são propostas as seguintes diretrizes de uso (Quadro 03)
DIRETRIZES GERAIS AÇÕES ADEQUADAS PARA O USO/
MITIGAÇÃO Admitidas Proibidas 
Pesquisas científicas Uso agrícola e pecuário 
Maior fiscalização e cumprimento da 
legislação de resguarda dos órgãos 
das esferas federais e estaduais e 
também em âmbito municipal. 
Extrativismo animal (pesca) com a 
fiscalização ADEMA 
Introdução ou criação de espécies da 
fauna e flora exóticas. 
Reintrodução de espécies nativas aos 
ecossistemas da área. 
-------------- Qualquer atividade de mineração Ação de recomposição de vegetação nativa 
-------------- Atividadeturística altamente impac-tante como o turismo de massa. 
Planejamento e estudo adequado da 
área para o uso turístico 
-------------- Construção de residências Planejamento e estudo adequado da área para novas construções 
------------- Descarte de resíduos sólidos Campanhas de conscientização jun-to aos frequentadores das praias 
Quadro 03 - Diretrizes de uso para ZAPS.
Elaboração: Heleno dos Santos Macedo, 2014. 
 
5.4 Zonas de Áreas de Exploração Mineral (ZAEM) 
 
Zona criada devido à presença de jazidas de exploração de argila sobre o Geossistema Ta-
buleiros Costeiros. Essa atividade, causadora de impactos ambientais diretos nas áreas onde se 
estabelecem, representa uma atividade econômica tradicional nas terras vinculadas à bacia hidro-
gráfica. As ações dessas mineradoras acabam acarretando consequências para os sistemas am-
bientais presentes nesse geossistema (Figura 07). 
 
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 23
Figura 07 – As atividades de exploração da argila na ZAEM. Itaporanga D’Ajuda, 2013.
No intuito de manter essas explorações, mesmo sabendo dos impactos que podem causar, 
algumas diretrizes são sugeridas no quadro a seguir (Quadro 04). 
diREtRizEs gERais açõEs adEQuadas paRa o uso/
mitigação admitidas pRoiBidas 
Plantio de esPécies nativas da flora ocuPação de aPP’s rePlantio de esPécies nativas da flora em 
jazidas desativadas 
Pesquisas científicas uso de técnicas de extração que aceleram 
os Processos erosivos 
incentivar a Pesquisa visando estabelecer 
medidas que reduzam os imPactos ambien-
tais. 
extração fiscalizada Por equiPes qualifica-
das 
exPloração não adequada qualificar a mão de obra que atua nas 
minas 
manutenção das áreas em torno da mina. -------------------------- recuPeração/criação de novas aPP’s no 
entorno das minas 
fiscalização da exPloração mineral de jazi-
das clandestinas ---------------------------
fiscalização Pelos órgãos ambientais a 
nível municiPal e estadual, Para coibir a ex-
Ploração clandestina 
Quadro 04 - Diretrizes de uso para ZAEM.
Elaboração: Heleno dos Santos Macedo, 2014. 
 
5.5 Zonas de Interesse Turismo/Residência (ZITR) 
 
São áreas destinas a ocupação para primeira e segunda residência. Essas áreas foram criadas 
devido a sua existência sobre o espaço da bacia costeira e ao seu crescimento ao longo das últi-
mas décadas. 
O processo de ocupação da linha de costa da bacia ocorreu de forma desordenada e irregular, 
pois não houve a preocupação por parte da esfera pública municipal de elaborar um projeto de 
urbanização que ordenasse a ocupação da planície costeira de forma que garantisse a proteção 
das estruturas morfológicas do sistema praial, e que durante os períodos de mar mais agitado 
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 24
impedisse a possível erosão das construções e da infraestrutura instalada sobre os ambientes cos-
teiros. 
Trata de uma Zona que ocupa o Geossistema Planície Costeira, sobre a Geofáceis Terraços 
Marinhos e na porção centro sul da bacia, a Geofáceis planície fluviomarinha. Nessas áreas encon-
tram-se as praias de maior uso para a prática de veraneio. A constituição urbana é formada por 
empreendimentos comerciais, diários e sazonais, que atendem preferencialmente os turistas, que 
buscam nessas praias, práticas de lazer. 
Parte da estrutura urbana é constituída por casas de veraneio, pousadas e pequenos hotéis 
(Figura 08). No trecho urbano, não há uma presença significante da população local, ocupando tal 
infraestrutura. 
Figura 08 – Casas de veraneio, comércio, e o descarte de resíduos sólidos, marcando a paisagem nessa Zona. 
Estância, 2013.
Para essa Zona, são propostas as seguintes diretrizes de uso (Quadro 01). 
DIRETRIZES GERAIS AÇÕES ADEQUADAS PARA O USO/
MITIGAÇÂO Admitidas Proibidas 
Reestruturação das vias de acesso Construção de novas vias de acesso Recapear ou calçar as vias já existen-
tes, e realizar uma manutenção cons-
tante, garantindo acessibilidade dos 
moradores e dos veranistas 
Implementação de redes de esgotos Despejo de efluentes diretamente no 
solo, ou nas imediações das praias 
Construção de galerias pra efluentes 
atendendo as casas de primeira e se-
gunda moradia, bem como, as ativi-
dades comerciais 
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 25
Instalação de equipamentos turísti-
cos sustentáveis 
Implementação de novos empreen-
dimentos sobre áreas de Dunas, ou 
avançando em direção a linha de 
costa 
A instalação de atividades turísticas, 
ou a construção de empreendimen-
tos que não degradem os sistemas 
ambientais presentes no entorno de 
tais atividades 
Coleta de resíduos sólidos Descarte de resíduos sólidos nos ter-
renos baldios. 
Criar um sistema de coleta diário, 
acompanhado de campanhas de 
conscientização sobre a coleta sele-
tiva, ou, outras técnicas adequadas 
para o destino final do lixo. 
Quadro 10 - Diretrizes de uso para ZITR.
Elaboração: Heleno dos Santos Macedo, 2014. 
6. Considerações Finais
A escolha da bacia hidrográfica como o lócus da manifestação de um complexo geográfico 
sob um modelado de relevo é viável para os estudos ambientais, pois esse elemento da paisagem 
agrupa um conjunto de formas e rudimentos que são mediados pela presença da água e pela 
ação antrópica, sem mencionar, que a crescente preocupação acerca da oferta de recursos hídri-
cos, coloca os ambientes aquáticos no centro das discussões que envolvem o planejamento nas 
esferas territoriais e ambientais.
Nesse sentido, os resultados alcançados por este trabalho corroboram para afirmar que, as 
diferentes formas de atuação antrópica na bacia costeira vêm alterando o equilíbrio dinâmico dos 
geossistemas identificados naquela área, com consequências que já se revertem sobre a popula-
ção que ocupa aquele espaço. 
Essa ação antrópica ocorre nas diversas formas, desde as tradicionais atividades agropastoris 
ao forte desenvolvimento da prática do turismo. Todas interferem diretamente em cada um dos 
seus geossistemas, em intensidade e graus variados e em alguns casos, de modo concomitante. 
A ausência de ordenamento territorial-ambiental no uso e ocupação do solo na área da bacia 
está acelerando os processos degradacionais das coberturas vegetais remanescentes, que servem 
de berçários para diversos ecossistemas, além de servirem de proteção natural contra os impactos 
erosivos sobre os solos. 
A ocupação de praias e dunas que vem ocorrendo nos principais trechos das praias do Saco, 
Abaís e Caueira ocupando a linha de costa da bacia em ritmo acelerado, em virtude das melhorias 
de acessibilidade, obtidas, a partir, de projetos governamentais que incentivam a prática do turis-
mo nessa área.
Pouco mais de 20% da área da bacia possui alguma restrição no tocante a atividade agrária e 
que estas acabam sendo o abrigo de culturas não rotativas e permanentes e sem grande alcance 
ou orientação comercial. São cultivos familiares que usam a base dos tabuleiros costeiros e alguns 
trechos das planícies fluviolagunares e fluviomarinha 
As zonas destinadas a preservação permanente responderiam a 60% de toda a bacia, mas 
na prática estão bem comprometidas pelo intenso uso agrário, e a expansão do turismo, com a 
implementação de grandes obras de infraestruturas, o que ocasiona a supressão da vegetação 
original e comprometimento das estruturas ambientais dessa zona. As unidades de conservação, 
RPPN, reservas ecológicas e demais componentes da zona de conservação e uso indireto, mere-
cem ser ampliadas pois garantem a plena conservação de remanescentes vegetais em todos os 
geossistemas e o resguardo dos recursos hídricos da bacia. 
As áreas destinadas ao turismo e a construção de residências na bacia respondem em torno 
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Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 26
de 5%, bem como, a zona de uso de mineração, que só é encontrada no geossistema Tabuleiros 
Costeiros, e representa também, 5% da área total da bacia. 
Logo com o intuito de evitar e/ou minimizar estas consequênciasnegativas que afetam/afe-
tarão diretamente a bacia costeira Caueira/Abais, algumas medidas foram então sugeridas na pro-
posta de zoneamento geoambiental. 
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V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 28
a consERVação da água como um ValoR 
paRa Educação amBiEntal no Ensino 
dE gEogRaFia
andreza BarBosa Trindade
carlos alexandre leão Bordalo
marcia aParecida da silVa PimenTel
micHel PacHeco guedes
Abstract
The article proposes a reflection on the importan-
ce of this topic in the context of water manage-
ment and conservation. Environmental education 
and sustainability are cross-cutting issues and are 
the basis of the National Curriculum Standards 
and Guidelines for the State Geography Teaching 
in the state of Pará.
Keywords: Geography Education, Water Mana-
gement, Environmental Education, Sustainability, 
Amazon.
Resumo
O artigo propõe a reflexão sobre a importância da 
temática água no contexto da sua gestão e con-
servação. A educação ambiental e a sustentabili-
dade são eixos transversais e estão nas bases dos 
Parâmetros Curriculares Nacionais e das Diretrizes 
Estaduais para o Ensino de Geografia, no Estado 
do Pará. 
Palavras-chave: Ensino de Geografia, Gestão das 
Águas, Educação Ambiental, Sustentabilidade, 
Amazônia.
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Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 29
1. Introdução
O Ministério do Meio Ambiente - MMA, órgão responsável pela Política Nacional de Educação 
Ambiental (Lei nº 9.795/1999 e Decreto nº 4.284/2002), trabalha em parceria ao Ministério da Edu-
cação – MEC, estabelecendo diretrizes para o desenvolvimento da Educação Ambiental no âmbito 
dos currículos das instituições públicas e privadas, em todos os níveis e modalidades de ensino. 
Por meio de sua Coordenação Geral de Educação Ambiental e desenvolve políticas que trabalham 
sob uma visão sistêmica de educação. 
Nesse aspecto, tiveram valiosas contribuições ao ensino, as Conferências sobre o Meio Am-
biente nos anos de 2003, 2006 e 2009, que levaram para o contexto pedagógico a dimensão po-
lítica do meio ambiente. Trazendo para o campo do Ensino de Geografia, notadamente dos Pa-
râmetros Curriculares Nacionais - PCN’S. Observa-se que a proposição de bloco temático Estudo 
da Paisagem Local, tema: Conservando o Ambiente, é uma orientação para a construção de um 
debate interdisciplinar sobre as questões.
2. Procedimentos Metodológicos 
Para o desenvolvimento desse trabalho foi realizado levantamento bibliográfico e em docu-
mentos técnicos como os PCN’S, além de leituras mais atuais acerca da temática água, sua gestão 
e importância ambiental. Também foram consultadas obras de autores que corroboram com dis-
cussões sobre ensino e meio ambiente. 
3. A importância da educação ambiental enquanto eixo transversal e fomento para 
gestão das águas.
Geografia e Educação Ambiental podem ampliar reflexões e trazer observações aos alunos a 
cerca das problemáticas de suas realidades sociais. Autores como VESENTINI (2001, p. 5) discutem 
o valor e o papel do Ensino de Geografia, sob uma perspectiva critica, e contribui para as discus-
sões como a produção do espaço geográfico. Dessa forma os conhecimentos teórico-metodológi-
cos, podem ser empregados para favorecer as práticas de ensino e servir de ferramentas ativas no 
trabalho em sala de aula. Por meio das diretrizes propostas nos PCN’S a Educação Ambiental vem 
sendo utilizada como fomento à Gestão das Águas integrando a participação social na gestão do 
ambiente.
Os PCN’S (SEF, 1998) preconizam para o ensino fundamental questões sociais para a apren-
dizagem e formação dos alunos, nestas questões estão inclusas a temática água. De acordo com 
NICOLETTI (2013, p. 5) em vários momentos os PCN’S sugerem que o tema seja abordado. 
Desde conteúdos que abordam temas sobre a biodiversidade do planeta até assuntos 
relacionados especificamente com a saúde e bem estar humano, a lista de assuntos rela-
cionados com a água é grande e diversificada, permitindo que os professores selecionem 
as informações de acordo com as necessidades e interesses da sua comunidade escolar. 
Apesar de estar proposto como diretriz ao ensino e haver experiências pedagógicas positivas 
e que contemplam um olhar mais sensibilizado quanto às questões ambientais, as temáticas re-
feridas são tratadas habitualmente de modo tradicional principalmente nas escolas públicas, nos 
trazendo a questionar o válido desempenho e iniciativa individual de alguns professores frente a 
real nos oferta do sistema de ensino enquanto política pública. Tradicionalmente utiliza-se de me-
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 30
morização dos nomes de fenômenos naturais, nome de rios e de localidades como exemplos des-
vinculados da realidade em que os alunos se encontram, esquecendo sua importância elementar 
para a percepção da conservaçãoda água como valor socioambiental relevante. 
Desenvolvimento e sustentabilidade são apresentados como temas pertinentes, uma vez 
que há problemas socioambientais sérios que são típicos de sociedades modernas e consumistas, 
sendo assim por depender de seu ambiente, as sociedades humanas necessitam de ações que 
proponham experiências menos danosas e que repensem suas práticas. CECHIN, (2010, p.171) 
nos mostra que por trás do debate sobre o desenvolvimento sustentável está o debate sobre os 
recursos, que o processo econômico utiliza e faz o despejo inevitável de resíduos no ecossistema. 
O autor aponta que desenvolvimento requer energia, portanto é conveniente tratar o tema 
relacionando com as questões sustentabilidade e gestão hídrica, pois este bem natural é utilizado 
como recurso em todas as fases de consumo e processos produtivos de forma intensiva. Conforme 
apontado em Política de Águas e Educação Ambiental: processos dialógicos e formativos em pla-
nejamento e gestão de recursos hídricos, MMA (2011, p. 80) apesar da relevância do tema, ainda 
encontra-se dificuldade na compreensão e importância do conceito sustentabilidade nas discus-
sões em Educação Ambiental:
Por dificuldade em sua aplicabilidade prática, o conceito de sustentabilidade muitas vezes 
é deixado de lado até mesmo por não ser percebido pela própria sociedade e por educa-
dores e educadoras como algo que deve fazer parte do cotidiano da sala de aula. A ideia 
de que meio ambiente se reduz a preocupações com a ecologia e a natureza restringe a 
compreensão sobre suas possibilidades e alcances. 
 Embora esta abordagem reflita a realidade de uma maneira mais generalizada de como se 
trabalham os conteúdos no Ensino de Geografia, vê-se e a importância da sensibilização e difusão 
de ações em educação ambiental e sustentabilidade nas escolas a fim de atingir o objetivo pro-
posto nos PCN’S. Os conteúdos dos temas sustentabilidade, educação, água, ambiente e socie-
dade tem relação entre si, porém suas formas de abordagem tem-se dado banalmente ou até de 
forma estanque e descontextualizada, o que incentiva o desinteresse dos alunos. 
Por outro lado, quando o Ensino de Geografia proporciona a construção de uma visão crítica 
da realidade, de forma que esta interaja com seus sujeitos, são observadas melhoras na participa-
ção e aumento de interesse, pois lhes são dadas condições de perceber relações entre problemas 
socioambientais em diferentes escalas geográficas e as dinâmicas de interação do espaço geográ-
fico do bairro onde moram, despertando seu interesse social critico.
MENDONÇA (2001, p. 22-23) reflete sobre a construção das teorias e conceitos ambientais evi-
denciados nas discussões escolares, e considera como estes acompanham o processo de transfor-
mação do mundo. As propostas de teorias e conceitos sobre ambiente se dão a partir de discussão 
de que a história da natureza é a história humana e, portanto de seu desenvolvimento tecnológico 
em função de suas necessidades, sendo o homem ente integrante sobre essa perspectiva. A partir 
desta premissa há uma proposta de rediscutir a abordagem do ensino tradicional que é qualifica-
do pelo método da repetição e descrição.
Dada a relevância e preocupações com os problemas ambientais o termo meio-ambiente é 
utilizado aleatoriamente sendo banalizado seu sentido. São veiculados na televisão, internet e jor-
nais as catástrofes e os crimes ambientais, principalmente quando este tem grandes proporções, 
assim como as questões que dizem respeito a sua legislação. As questões ambientais vão muito 
além das questões ecológicas, desta forma é importante esclarecer que podem ser feitas observa-
ções desses assuntos também nas propostas de conteúdos no ensino de geografia de forma que 
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Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 31
haja participação no processo de construção das abordagens e discussões.
A percepção do ambiente pode ser uma questão relevante quando empregada para dar en-
tendimento e importância à bacia hidrográfica e a ocupação do seu entorno. Segundo REIGOTA 
(2007, p. 28-29).
O desafio da educação ambiental é sair do conservadorismo (biológico e político) a que 
se viu confinado e propor alternativas sociais, considerando a complexidade das relações 
humanas e ambientais [...] A educação ambiental tem contribuído para uma profunda dis-
cussão sobre educação contemporânea em geral. Já que as concepções vigentes não dão 
conta da complexidade do cotidiano em que vivemos nesse final do século.
Ainda de acordo com o referido autor a educação ambiental pode ser realizada nas escolas, 
nos parques urbanos, nas associações de bairros, nas universidades e nos meios de comunicação 
e cada um desses contextos tem suas características e especificidades que contribuem para a di-
versidade e incrementam os conteúdos trabalhados.
Neste sentido os apontamentos feitos objetivam colaborar com o conhecimento dos alunos, 
ampliando seus olhares no que diz respeito aos conteúdos de Geografia trazendo a problematiza-
ção a partir das consequências e interações socioambientais. Conforme proposto pode-se traba-
lhar a temática meio ambiente como eixo transversal, dando ênfase à questão das águas, ao seu 
consumo e conservação que são um bem público para todos e recurso para alguns.
A educação ambiental tem importância para abordar às problemáticas relacionadas as gestão 
e conservação das águas encontradas na Região Norte do País (Amazônia brasileira) que apesar 
de ser considerado um abundante elemento na Região Norte do país, parte da população, princi-
palmente aquela localizada nos espaços de expansão não tem acesso à rede pública de abasteci-
mento de água. 
Saneamento, abastecimento de água, e poluição dos rios, são algumas propostas para traba-
lhar esses temas pode-se também enfatizar a gestão dos recursos hídricos e o reconhecimento da 
bacia hidrográfica enquanto unidade territorial importante à gestão do território a exemplo. Ao 
pesquisarmos livros e materiais didáticos, de geografia onde se aborda conteúdos com a questão 
da distribuição hídrica no Brasil (figura 1.), verificamos a informação que descreve e afere: m³/habi-
tante/ano veremos um dado que não foge à realidade ao descrever a abundância hídrica nos rios, 
bacias e redes hidrográficas dos estados que compõem a Amazônia.
BATISTA (2013, p.28) discute em sua dissertação a produção dos livros didáticos e diz que:
[...] são elaborados para serem utilizados em escala nacional, por conseguinte apresentam 
limitações, por não enfocarem as especificidades regionais e/ ou locais. Dessa maneira a 
educação sobre a temática água não é eficaz, no sentido de formar nos alunos uma cons-
ciência da necessidade de conservação dos recursos hídricos.
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Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 32
Figura 1 - Disponibilidade hídrica dos estados em metros cúbicos por habitante em um ano 
 
Apesar de a autora trazer uma reflexão a partir de sua realidade local, observa-se uma preocu-
pação quanto à abordagem limitada aos temas utilizados nos materiais didáticos, visto que seus 
conteúdos em sua maioria são pensados em escala nacional. O que mostra uma discussão pouco 
abrangente referente à gestão dos recursos hídricos, e para as problemáticas que acompanham 
esta gestão como: acesso à água potável para consumo humano e saneamento básico que apre-
sentam índices precários para esta região do Brasil. 
Para um professor que e tenha um olhar crítico ou sensibilizado sobre o tema será mais con-
veniente identificar e abordar estas problemáticas, porém aos que estiverem distantes desta reali-
dade do paradoxo da abundancia versus inacessibilidade social BECKER (2003), estará abordando 
o assunto de maneira improvável a se pensar uma dificuldade de acesso à água potável.
4. Considerações Finais 
Visto que é oferecida uma visão superficial e “ecologista” ás questões ambientais no ensino 
de geografia e também em outrosespaços de convívio; sugerimos práticas educacionais para sen-
sibilizar a percepção da conservação das águas como valor socioambiental, a fim de promover 
maior participação quanto às abordagens propostas. Estas ações estão direcionadas para alunos 
do ensino fundamental e também para a comunidade em geral, uma vez que a proteção das águas 
é para uso benefício de todos.
São importantes alguns questionamentos para levantar o debate sobre a posição geopolítica 
e geoestratégica das águas na Amazônia Brasileira, assunto complexo em sua abordagem, mas 
que serve como desafio a o empoderamento social, termo este que remete ao fortalecimento 
dos sujeitos nos espaços de participação social e democratização política. Isto serve a todos que 
começarem a ter acesso a essas discussões.
A transversalidade do tema colabora como alternativa prática às ações pedagógica e busca 
trazer discussões mais abrangentes ao ensino de Geografia, entre elas, discussões sobre meio am-
biente e gestão das águas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais e as diretrizes apresentadas são 
as bases para inserção das práticas pedagógicas no ensino. 
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V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 35
análisE gEoamBiEntal da suB-Bacia do 
Rio jacuRutu-cE
l. s. guimaRãEs
E. m. FERREiRa
l. p. soaREs
F. s. s. da cunha
Abstract
The studies in hydrographic basins are gaining big 
importance related the transformations that were 
motivated by long and historic process of use and 
occupation of the earth. In this context, this arti-
cle has objective of present a geoenvironmental 
analysis of the sub-basin of River Acaraú located 
in the Ceará. The methodological support is ma-
rked with lines in the geosystemic analysis with 
grounds in Bertrand (1972), who make a study of 
landscapes of analysis of environmental compo-
nents on and in the suggest of geoenvironmental 
analysis from Souza (2000). The activities develo-
ping involved a bibliographic and cartographic 
survey in the area of study and obtaining of data 
in area with utilization of global positioning sys-
tem and photographic camera. To according with 
the classification from Souza (2000), were identi-
fied three geoenvironmental unities: a) inselberg, 
b) backwoods’s depression and plain fluvial. The 
geoenvironmental analysis of the sub-basin allo-
wed identify aspects that will allow subsidize fu-
tures studies with relation to potential of the use, 
limitations and vulnerability related antropic ac-
tion of their. 
Key-Words: geosystemic analysis, geoenviron-
mental unities, antropic action.
Resumo
Os estudos em bacias hidrográficas vêm ganhan-
do grande importância, no que diz respeito às 
transformações que foram motivadas pelo longo 
processo histórico de uso e ocupação da terra. 
Neste contexto, o presente trabalho tem por ob-
jetivo apresentar uma análise geoambiental da 
sub-bacia do Rio Jacurutu, localizada na porção 
central da Bacia Hidrográfica do Rio Acaraú, no 
estado do Ceará. O suporte metodológico é pau-
tado na análise geossistêmica, fundamentada em 
Bertrand (1972), que faz um estudo das paisagens 
a partir da análise dos componentes ambientais, 
e na proposta de análise geoambiental de Souza 
(2000). As atividades desenvolvidas envolveram 
um levantamento bibliográfico e cartográfico da 
área de estudo, e a obtenção de dados em campo 
com a utilização de receptor GPS e câmera foto-
gráfica. De acordo com a classificação de Souza 
(2000), foram identificadas três unidades geoam-
bientais: a) inselbergs, b) depressão sertaneja e c) 
planície fluvial. A análise geoambiental da sub-
-bacia, permitiu identificar aspectos que poderão 
subsidiar estudos futuros relacionados ao seu 
potencial de uso, suas limitações e sua vulnerabi-
lidade relacionada à ação antrópica.
Palavras-chave: Análise Geossistêmica, Unida-
des Geoambientais, Ação antrópica. 
V CBEAAGT
Gestão inteGrada de bacias hidroGráficas 36
1. Introdução
A análise geoambiental de bacias hidrográficas é fundamental para o reconhecimento das 
transformações decorrentes do processo histórico de uso e ocupação da terra (SOUZA, 2005). Os 
sistemas ambientais são integrados por variados elementos, mantendo relações mútuas entre si, 
dotadas de potencialidades e limitações específicas (FUNCEME, 2009). Em muitos locais, apresen-
tam-se fortemente degradados devido ao uso desordenado dos recursos naturais, principalmente 
a partir de práticas agrícolas e de extrativismo vegetal. 
Bertrand (1972) considera o geossistema como fundamento para os estudos ambientais, este 
resulta da combinação do potencial ecológico (clima - hidrologia - geomorfologia), da exploração 
biológica (vegetação - solo - fauna) e da ação antrópica. Além disso, considera a paisagem como 
“resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antró-
picos que reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único

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