Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INTRODUÇÃO A disciplina Contabilidade Geral visa capacitar os alunos a compreenderem as informações geradas pela Contabilidade Financeira e pela Contabilidade Gerencial. O Módulo 1 é dedicado à Contabilidade Financeira. Estudaremos a estrutura, o propósito e as características das demonstrações contábeis de uso geral, além de elaborarmos essas demonstrações como consequência da contabilização de várias operações. Nos módulos 2 e 3, estudaremos a contabilização de algumas transações típicas para a maior parte das empresas brasileiras: contas a receber de clientes, estoque e imobilizado. Nos módulos 4 e 5, estudaremos a análise das demonstrações contábeis. Nos módulos 6, 7 e 8, estudaremos a Contabilidade Gerencial, cujo foco será tanto na elaboração da informação de custos pelo custeio variável e pelo custeio por absorção quanto no uso da informação gerada pelo custeio variável para tomada de decisão gerencial, considerando a análise da margem de contribuição e do ponto de equilíbrio. SUMÁRIO MÓDULO I – INTRODUÇÃO, ESTRUTURA CONCEITUAL DA CONTABILIDADE E DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DE PROPÓSITO GERAL .................................................................................................... 11 POR QUE ESTUDAR CONTABILIDADE? .......................................................................................... 12 CONTABILIDADE: DEFINIÇÃO ......................................................................................................... 13 OBJETIVO DA CONTABILIDADE ....................................................................................................... 14 USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL....................................................................................... 14 CONTABILIDADE: AMBIENTE E CAMPO DE ATUAÇÃO ................................................................ 15 Ambiente ................................................................................................................................... 15 Campo de atuação ................................................................................................................... 15 LIMITAÇÕES DA CONTABILIDADE .................................................................................................. 17 PRINCIPAIS DEMONSTRAÇÕES ELABORADAS PELA CONTABILIDADE FINANCEIRA ............... 18 Balanço Patrimonial ................................................................................................................ 19 Demonstração do Resultado do Exercício ........................................................................... 26 Demonstração dos Fluxos de Caixa ...................................................................................... 31 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ......................................................................................................... 35 Patrimônio ................................................................................................................................ 35 Ativo ........................................................................................................................................... 35 Passivo ....................................................................................................................................... 35 Patrimônio Líquido .................................................................................................................. 36 Resultado .................................................................................................................................. 36 Receita ....................................................................................................................................... 36 Despesa ..................................................................................................................................... 37 Como Receita e Despesa afetam o Patrimônio Líquido (Ativo Líquido) ........................... 37 EQUAÇÃO CONTÁBIL E NATUREZA DAS CONTAS ........................................................................ 37 ANÁLISE E REGISTRO DAS TRANSAÇÕES FINANCEIRAS .............................................................. 39 ESTRUTURA CONCEITUAL PARA ELABORAÇÃO E DIVULGAÇÃO DO RELATÓRIO CONTÁBIL- FINANCEIRO ...................................................................................................................................... 41 CPC 00, Capítulo 1: objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito geral .......... 42 CPC 00, Capítulo 3: estrutura conceitual para elaboração e divulgação do relatório contábil-financeiro ................................................................................................................... 43 Características qualitativas fundamentais da informação contábil útil ...................... 43 Características qualitativas de melhoria da informação ............................................... 46 Aplicação conjunta das características qualitativas de melhoria ........................... 49 Restrição de custo na elaboração e na divulgação de relatório contábil-financeiro 49 CPC 00, Capítulo 4: premissa subjacente – continuidade .................................................. 49 MECÂNICA CONTÁBIL E ELABORAÇÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL ...................................... 50 REGIME DE COMPETÊNCIA X REGIME DE CAIXA .......................................................................... 60 MÓDULO II – CONTABILIZAÇÃO DE TRANSAÇÕES TÍPICAS (1ª PARTE) .......................................... 65 RECEITA DE CONTRATO COM CLIENTES ....................................................................................... 65 Conceituação ............................................................................................................................ 65 Cinco etapas para o reconhecimento da receita ................................................................. 65 Etapa 1: identificação do contrato com cliente .............................................................. 66 Etapa 2: identificação das obrigações de desempenho ................................................ 66 Etapa 3: determinar o preço da transação ..................................................................... 67 Etapa 4: alocar o preço da transação às obrigações de desempenho ....................... 68 Etapa 5: reconhecer a receita ........................................................................................... 69 Mecânica contábil e elaboração das demonstrações contábeis: receita ......................... 71 MENSURAÇÃO E RECONHECIMENTO DAS PERDAS EM CONTAS A RECEBER .......................... 78 Mecânica contábil e elaboração das demonstrações contábeis: PECLD ......................... 82 Caso da Droga Raia: clientes .................................................................................................. 84 MÓDULO III – CONTABILIZAÇÃO DE TRANSAÇÕES TÍPICAS (2ª PARTE) ......................................... 87 OPERAÇÃO COM MERCADORIAS ................................................................................................... 87 Conceituação ............................................................................................................................ 87 Principais itens que compõem o Estoque ............................................................................ 88 Critérios de avaliação do estoque ......................................................................................... 89 Critérios de controle do estoque ........................................................................................... 93 Conceito e mensuração do CMV ............................................................................................93 Peps ou Fifo ......................................................................................................................... 94 Custo médio ponderado.................................................................................................... 96 CMPM: controle permanente ...................................................................................... 96 Identificação específica ...................................................................................................... 97 Mecânica contábil e elaboração das demonstrações contábeis: estoques ..................... 97 Caso da Droga Raia: estoques ............................................................................................ 103 IMOBILIZADO ................................................................................................................................. 104 Conceito ................................................................................................................................. 104 Caso da Droga Raia: imobilizado ........................................................................................ 104 Critérios de avaliação do imobilizado ................................................................................ 108 Significado de depreciação .................................................................................................. 111 Critérios de mensuração da depreciação .......................................................................... 112 Métodos das quotas constantes ................................................................................... 113 Método do benefício consumido .................................................................................. 116 Mecânica contábil e elaboração das demonstrações contábeis: depreciação ............ 120 Perda por redução ao valor recuperável (impairment) .................................................... 128 MÓDULO IV – ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (INTRODUÇÃO) ............................. 141 PROPÓSITO DA ANÁLISE .............................................................................................................. 142 OBTENÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ...................................................................... 143 INVESTIGAR A CONFIABILIDADE DA INFORMAÇÃO OBTIDA ................................................... 145 DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS ...................................................................................................... 148 CÁLCULOS ...................................................................................................................................... 149 Análise vertical ...................................................................................................................... 149 Análise horizontal ................................................................................................................. 151 Análise por indicadores ....................................................................................................... 154 Indicadores de liquidez ................................................................................................... 155 Liquidez corrente ....................................................................................................... 156 Liquidez geral .............................................................................................................. 156 Indicadores de endividamento ...................................................................................... 157 Endividamento geral .................................................................................................. 158 Endividamento oneroso ............................................................................................ 159 Indicadores de rentabilidade ......................................................................................... 161 Retorno sobre o patrimônio líquido ........................................................................ 161 A polêmica do PL médio ............................................................................................ 162 Retorno sobre o ativo ................................................................................................ 162 MÓDULO V – CONTABILIDADE DE CUSTOS .................................................................................... 165 CONCEITOS FUNDAMENTAIS E CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS .................................................. 165 Estrutura fundamental para o estudo de Contabilidade Gerencial............................... 165 Quanto ao produto: custos diretos e indiretos ................................................................ 167 Custos diretos .................................................................................................................. 167 Custos indiretos ............................................................................................................... 167 Quanto ao volume: custos fixos e variáveis ...................................................................... 170 Custos variáveis ............................................................................................................... 170 Custos fixos ...................................................................................................................... 171 Comentário sobre intervalo relevante ............................................................................... 172 Comentário sobre custos híbridos ..................................................................................... 173 Comentário sobre a mão de obra ...................................................................................... 174 SISTEMAS E MÉTODOS DE CUSTEIO ........................................................................................... 176 Fluxos de produção nos sistemas de custeio ................................................................... 178 Método de custeio por absorção ........................................................................................ 179 Método de custeio variável ................................................................................................. 180 Comentário sobre a conciliação entre os métodos de custeio ...................................... 182 Comentário sobre a capacidade instalada e a legislação societária ............................. 183 MÓDULO VI – RELAÇÃO CUSTO-VOLUME-LUCRO (1ª PARTE) ....................................................... 189 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 189 PONTO DE EQUILÍBRIO ................................................................................................................ 192 Ponto de equilíbrio contábil ................................................................................................ 192 Ponto de equilíbrio econômico ........................................................................................... 193 MARGEM DE SEGURANÇA ............................................................................................................ 194 MÓDULO VII – RELAÇÃO CUSTO-VOLUME-LUCRO (2ª PARTE) ...................................................... 197 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO DE MÚLTIPLOS PRODUTOS: MIX DE PRODUTOS .................. 197 CONTRIBUIÇÃO MARGINAL E LIMITAÇÃO DA CAPACIDADE DA PRODUÇÃO: FATOR RESTRITIVO ..................................................................................................................................... 200 Solução gráfica ......................................................................................................................203 Solução com auxílio do Solver ............................................................................................ 205 CONTRIBUIÇÃO MARGINAL E PEDIDOS ESPECIAIS .................................................................. 207 APÊNDICE ........................................................................................................................................... 209 MÓDULO I ...................................................................................................................................... 209 I) Funções desempenhadas ................................................................................................. 209 II) Demais demonstrações ................................................................................................... 210 MÓDULO III .................................................................................................................................... 212 I) Custo médio ponderado fixo: controle periódico ......................................................... 212 II) Método do varejo ............................................................................................................. 213 MÓDULO IV .................................................................................................................................... 213 I) Elaboração do parecer ...................................................................................................... 213 Contextualização da empresa, dos produtos e das atividades ................................ 213 Propósito da análise ........................................................................................................ 214 Fonte dos dados, ajustes e reclassificações necessários, índice de preço .............. 215 Parâmetro de comparação ............................................................................................ 215 Estrutura de investimentos, financiamentos e de resultados: análise vertical ............ 215 Comportamento do resultado e da situação patrimonial da empresa: análise horizontal .......................................................................................................................... 216 Situação econômico-financeira: liquidez, endividamento e rentabilidade – análise por indicadores ....................................................................................................................... 216 Conclusão ......................................................................................................................... 218 MÓDULO VI .................................................................................................................................... 218 I) Quanto à ocorrência ......................................................................................................... 218 Custos básicos ................................................................................................................. 218 Custos de transformação ............................................................................................... 219 Custo fabril ....................................................................................................................... 220 Custo dos produtos fabricados ..................................................................................... 220 Custo dos produtos vendidos ........................................................................................ 221 II) Outras classificações de custos ...................................................................................... 222 Custo irrecuperável ......................................................................................................... 222 Custo de oportunidade ................................................................................................... 224 Custo controlável ............................................................................................................. 226 III) Comentário complementar sobre objeto de custeio ................................................. 226 IV) Método de custeio baseado em atividades ................................................................. 230 MÓDULO VII ................................................................................................................................... 233 I) Ponto de equilíbrio financeiro ......................................................................................... 233 II) Alavancagem operacional ............................................................................................... 234 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................... 236 PROFESSOR-AUTOR ........................................................................................................................... 237 No fim deste módulo, o aluno deverá saber o que é a Contabilidade, o seu objeto de estudo e o seu objetivo.1 Deve, ainda, saber as formas como a Contabilidade é classificada – Financeira ou Societária, Gerencial, de Custos, Tributária ou Fiscal, Pública, etc.; as limitações da informação contábil; e a estrutura conceitual estabelecida pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), conhecida como Pronunciamento CPC 00, aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – Deliberação CVM nº 539/08 – e pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) – Resolução CFC nº 1.121/08. Além disso, neste módulo, você vai estudar as principais demonstrações contábeis: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração dos Fluxos de Caixa. Buscando tornar o processo de aprendizagem mais dinâmico, ilustramos os conceitos mediante a apresentação das demonstrações contábeis da empresa Raia Drogasil S.A., referentes ao período encerrado em 31 de dezembro de 2016. Raia Drogasil S.A. é a razão social da firma conhecida pelas marcas Droga Raia e Farmasil, uma companhia aberta com ações negociadas na B32 que comercializa medicamentos, cosméticos 1 De acordo com os objetivos desta disciplina, a Contabilidade é ensinada como a “linguagem dos negócios”. 2 A BM&FBovespa fundiu-se com a Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados (Cetip), dando origem à B3 (Brasil, Bolsa e Balcão), seu novo nome. Fonte: <https://veja.abril.com.br/economia/bovespa-anuncia-novo-nome-apos- fusao-com-cetip>. Acesso em: 5 maio 2019. MÓDULO I – INTRODUÇÃO, ESTRUTURA CONCEITUAL DA CONTABILIDADE E DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DE PROPÓSITO GERAL 12 e outros itens de higiene pessoal.3 Para facilitar a sua identificação, vamos referir-nos à empresa pelo nome fantasia – Droga Raia. A adequada compreensão deste módulo é fundamental ao estudo dos Módulos II e V, que tratam do reconhecimento contábil de transações típicas que afetam a maior parte das empresas e da análise das demonstrações contábeis, respectivamente. Por que estudar Contabilidade? “A Contabilidade é a linguagem dos negócios”. Se você não sabe ler o placar, não sabe como anda o jogo nem distingue os vencedores dos perdedores. Segundo o grande investidor norte-americano Warren Buffett (BUFFETT; CLARK, 2007),4 existem muitas maneiras de descrever o que está acontecendo com uma empresa. No entanto, seja lá o que se diga, sempre se retorna à língua da Contabilidade. Quando a filha do seu amigo perguntou que disciplinas cursar na faculdade, ele respondeu: “Contabilidade, a língua dos negócios”. Para interpretar as demonstrações financeiras de uma empresa, você tem de saber interpretar os números. Para isso, precisa aprenderContabilidade. Desse modo, podemos concluir que, por meio da Contabilidade, traçam-se objetivos, mensuram-se resultados e avaliam-se desempenhos. É por meio dos relatórios elaborados com base no sistema de informações contábeis que administradores decidem o preço a ser praticado, o mix de produtos a ser vendido e a tecnologia a ser utilizada. Como toda e qualquer linguagem, a Contabilidade utiliza sinais e símbolos cognitivos próprios, possui um vocabulário específico e uma “gramática” própria. Não falar a linguagem própria, bem como não compreender os seus conceitos fundamentais e os seus princípios norteadores torna difícil a interpretação de relatórios e a participação no mundo dos negócios. Sem um conhecimento formal de Contabilidade, como seria a análise de uma empresa? Como se calcularia a sua capacidade de pagar as dívidas, a sua lucratividade ou mesmo o retorno do capital? 3 Detalhes sobre a empresa podem ser encontrados no seu website: <http://www.raiadrogasil.com.br>. 4 BUFFETT, Mary; CLARK, David. O Tao de Warren Buffett: como aplicar a sabedoria e os princípios de investimento do gênio das finanças em sua vida. Rio de Janeiro: Sextante, 2007. 13 A Demonstração da Controladora – muitas vezes, denominada pelo termo em inglês holding – representa a entidade constituída de forma legal que possui participações societárias em outras empresas. É essa empresa que possui ações negociadas na Bolsa de Valores, e que paga impostos e dividendos. Visando a gerar melhor informação, a Contabilidade desenvolveu uma técnica para evidenciar informações de uma entidade econômica abstrata, admitindo que a empresa controladora e as suas controladas sejam uma única entidade objeto de contabilização. Essa aglutinação gera as “Demonstrações Consolidadas”, que propiciam a visão integrada do conjunto formado legalmente pelas diversas empresas existentes. Em termos de análise, a Demonstração Consolidada tem uma qualidade superior e propicia a comparação com os outros conglomerados. Nesta edição, reproduzimos apenas as Demonstrações Consolidadas. Contabilidade: definição A Contabilidade é a ciência social que tem por objetivo medir, para poder INFORMAR, os aspectos quantitativos e qualitativos do patrimônio de quaisquer entidades. Constitui um instrumento para a gestão e o controle das entidades, além de representar um sustentáculo da democracia econômica, já que, pelo seu intermédio, a sociedade é informada sobre o resultado da aplicação dos recursos conferidos às entidades. A contabilidade é o processo cujas metas são registrar, resumir, classificar e comunicar as informações financeiras. O input desse processo são as transações que a empresa efetua. O output são as demonstrações contábeis. Constitui-se no grande banco de dados de todas as empresas. Genericamente, pode-se dizer que a contabilidade é uma indústria, tendo como matéria-prima os dados econômico-financeiros captados pelos registros contábeis e processados de forma ordenada, gerando as Demonstrações Contábeis ou Demonstrações Financeiras – como são denominadas pela legislação brasileira – como produto final. É possível visualizar essa afirmação por meio da seguinte ilustração: Figura 1 – Contabilidade: matéria-prima e produto final 14 A Contabilidade possui a estrutura lógica conceitual fundamentada nos seus princípios norteadores. A capacidade informativa da Contabilidade e a estruturação do sistema contábil são viabilizadas por meio da elaboração de um “bom” Plano de Contas, que ordena todas as contas utilizadas pela empresa por natureza e viabiliza a definição das áreas da empresa em que são incorridos os gastos. Além disso, um “bom” Plano de Contas deve, ainda, permitir o seu aprimoramento, bem como a criação de novas contas e detalhamentos (subcontas), sem prejuízo de toda a sua estrutura. Objetivo da Contabilidade A Contabilidade é uma ciência fundamentalmente utilitária. O seu grande produto é o provimento de informações para planejamento e controle, evidenciando informações referentes à situação patrimonial, econômica e financeira de uma empresa. O propósito básico da Contabilidade é prover aos “tomadores de decisões” – diretores, gerentes, administradores da empresa e todos os interessados – informações úteis para a sua melhor atuação. De modo objetivo, a Contabilidade é um sistema de informação e avaliação destinado a prover os seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade no que tange à entidade objeto da contabilização. A Contabilidade Financeira – ou Societária –, a linguagem dos negócios, objetiva mostrar a saúde financeira da empresa. Usuários da informação contábil A coleta – obtenção –, o registro e a sumarização da informação econômica visam a fundamentar o processo decisório de todas as pessoas relacionadas com as entidades, tais como os administradores, os investidores, o governo, os empregados, os financiadores e toda a sociedade, ou seja, aqueles que constituem os agentes econômicos internos e externos. De acordo com o objetivo de cada usuário – decisão quanto a investimentos ou financiamentos, distribuição de resultados, entre outros –, existe uma demanda diferenciada de informações contábeis. Por esse motivo, podemos dividir os usuários da informação do seguinte modo: � acionista controlador – retorno do capital comparado com o risco, a valorização da empresa, o lucro e os dividendos; � administradores – retorno do capital e do ativo, otimização dos gastos realizados, otimização das decisões futuras, lucratividade do mix de produtos e participação nos lucros; � financiadores – capacidade de pagamento, grau de endividamento; 15 � governo – tributação e arrecadação de impostos, taxas e contribuições, além da formulação de diretrizes da política econômica, bem como das atividades do Judiciário e das agências reguladoras; � acionista minoritário – fluxo regular de dividendos e valorização da empresa e � empregados – capacidade de pagamento dos salários, perspectivas de crescimento da empresa e participação nos lucros. De forma geral, pode-se dizer que o conjunto completo de demonstrações contábeis normatizadas pelo International Accounting Standards Board (Iasb) e pelo CPC visa a gerar informação relevante a um amplo grupo de usuários que não têm condições de exigir informação detalhada para atender às suas necessidades específicas. Contabilidade: ambiente e campo de atuação De modo resumido, vejamos o ambiente no qual a contabilidade gera informações e o seu campo de atuação, bem como as diversas funções que o contador pode desempenhar. Ambiente A Contabilidade é um produto do seu meio. Ela resulta das condições socioeconômicas e político-legais, bem como das suas limitações e influências, que variam no tempo. O campo de atuação da Contabilidade é muito amplo, podendo abranger as pessoas físicas, as entidades de finalidades não lucrativas e as entidades de Direito Público – como estado, município, União, autarquia –, havendo uma regulamentação própria para Contabilidade Pública bem como peculiaridades nas organizações sem fins lucrativos. Apesar dessa abrangência, o presente texto vai pautar os seus exemplos e as suas aplicações em entidades que objetivam lucro. Campo de atuação Assim como existem diferentes tipos de decisões econômicas, a Contabilidade também se estrutura para fornecer diferentes tipos de informações. A atuação segmentada da Contabilidade Gerencial, da Contabilidade Financeira e da Contabilidade Fiscal retrata esse processo,que fornece, no conjunto, as informações mais utilizadas no mundo dos negócios. As principais diferenças são: � A Contabilidade Gerencial ou INTERNA abrange as informações a serem fornecidas aos gestores da entidade, isto é, às pessoas internas à organização responsáveis por dirigir e controlar as suas operações. Tais informações são utilizadas para traçar metas, avaliar o desempenho dos setores da empresa, bem como dos seus funcionários, decidindo sobre a 16 produção de novos produtos ou não, além de todos os tipos de decisões gerenciais. Apesar de a base das suas informações ser financeira, devem ser inclusas avaliações de fatores “não financeiros”, como considerações políticas e ambientais, qualidade do produto, satisfação do cliente e produtividade. � A Contabilidade Financeira ou EXTERNA se refere a recursos financeiros, obrigações e atividades da entidade legal. A priori, a sua informação é destinada ao público externo à entidade, e busca orientar investidores e credores ao decidirem onde alocar os seus recursos. Tais decisões são importantes para a sociedade, uma vez que serão determinadas quais empresas vão ou não receber recursos para o seu crescimento. Muitas outras pessoas utilizam essas informações, tais como os executivos e os empregados da empresa, os acionistas, os fornecedores e outros externos à empresa. � A Contabilidade Fiscal representa um setor de especialização da Contabilidade. Objetiva fornecer informação ao órgão tributante – governo –, principalmente à Secretaria da Receita Federal (SRF). O planejamento tributário significa a antecipação dos “efeitos dos impostos” nas transações e na estruturação das operações, de modo que se minimize a carga tributária, licitamente. Vale ressaltar que a declaração do Imposto de Renda é baseada na informação proveniente da Contabilidade Financeira. A Contabilidade Fiscal – ou Tributária – não será detalhada neste material. O breve comentário tem por objetivo, simplesmente, demonstrar que não se deve confundi-la com a Contabilidade Financeira. A Contabilidade Financeira – ou Societária – está limitada pelos princípios contábeis generalizadamente aceitos, que restringem as regras de reconhecimento da receita e mensuração de custo, assim como os tipos de itens que são classificados como Ativos, Passivos e Patrimônio Líquido no Balanço Patrimonial. Por sua vez, a Contabilidade Gerencial não está restrita àqueles princípios contábeis. A Contabilidade de Custos se localiza em uma área intermediária entre a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial, pois serve às duas. A Contabilidade Financeira utiliza as informações geradas pela Contabilidade de Custos para avaliar os estoques – necessário para apurar o Balanço Patrimonial – e para mensurar o custo dos produtos vendidos – necessário para apurar o resultado do período. Já a Contabilidade Gerencial utiliza as informações providas pela Contabilidade de Custos para identificar que preço deve ser cobrado para cobrir o custo do produto, as despesas operacionais e, ainda, remunerar o capital investido adequadamente. Resumindo, pode-se afirmar que a contabilidade está inserida em três amplos campos de atuação, orientados pelas necessidades dos seus usuários. 17 Quadro 1 – Campos de atuação da Contabilidade características Contabilidade Gerencial Contabilidade Financeira Contabilidade Fiscal adoção e elaboração facultativa obrigatória obrigatória utilizada para relações internas relações externas relações tributárias vínculo à legislação não condicionada às disposições legais condicionada às disposições legais condicionada às disposições legais e tributárias vínculo aos princípios contábeis (estrutura conceitual) Não precisa acompanhar. Deve acompanhar todos os princípios contábeis. Não precisa, mas, normalmente, acompanha – embora o Fisco tenha o poder de determinar tratamento diferente ou criar exceções. produto principal relatórios para planejamento e controle conjunto completo de demonstrações contábeis relatórios específicos exigidos por lei visão da empresa interesse nas partes empresa como um todo empresa como um todo a informação é rápida (aproximações) relevante e confiável precisa (objetiva) a informação busca utilidade essência econômica das transações objetividade e legalidade Limitações da contabilidade Infelizmente, deve-se reconhecer que as informações contábeis não podem reproduzir o patrimônio da empresa com total fidelidade e certeza de forma a atender com plenitude às necessidades informacionais de todos os usuários. A contabilidade utiliza avaliações e, como todo sistema de mensuração, tem limitações – inclusive de custo-benefício –, pois deve conciliar a utilidade da informação com os requisitos da praticabilidade e da objetividade. 18 O fato de a contabilidade se concentrar na avaliação monetária apresenta um grande aspecto positivo, mas também enseja limitações, visto que é impossível a quantificação monetária de todos os eventos econômicos. O processo de avaliação é agravado pelo problema da flutuação de preços, que impacta de forma definitiva a avaliação do patrimônio líquido e do resultado ao longo do tempo. Desse modo, a informação do lucro líquido não deveria ser a única medida de avaliação do sucesso de uma empresa durante um período. O resultado exato de uma empresa – ou seja, a variação do patrimônio investido pelos proprietários – somente poderá ser apurado no fim da sua vida, quando os ativos da empresa forem liquidados. No entanto, para proporcionar informações úteis, a Contabilidade tem a missão de calcular o resultado a intervalos regulares de tempo. Esse é o motivo pelo qual a Contabilidade é estruturada sobre o conceito de lucro – regime de competência –, e não sobre o conceito de caixa – regime de caixa. Para aprimorar essa informação, é preciso introduzir, na quantificação do lucro, variáveis não monetárias de mensuração subjetiva, como custo de oportunidade, inovação tecnológica, qualidade de produtos, satisfação da clientela, investimentos sociais, ambientais e treinamento de empregados. No entanto, um aspecto fundamental deve ser esclarecido. O controle por meio das informações contábeis é imprescindível para todas as empresas. Em longo prazo, na avaliação da gestão da empresa, o conceito de Lucro é superior ao de Caixa, apesar de este ser uma informação contábil de grande utilidade. O conceito de lucro é obtido por meio do Regime de Competência, que representa a alocação lógica e racional do fluxo de caixa ao longo da vida da empresa. Dessa forma, a diferença entre o conceito de lucro e de caixa é apenas temporal, visto que esses conceitos são idênticos no fim da vida da empresa. Principais demonstrações elaboradas pela Contabilidade Financeira As principais demonstrações elaboradas pela Contabilidade Financeira são as demonstrações contábeis de propósito geral. Isto é: relatórios contábil-financeiros elaborados com o objetivo de gerar informação útil a uma ampla gama de usuários – investidores e credores, potenciais e efetivos – que não têm condições de exigir relatórios específicos para as suas necessidades informacionais. De acordo com os International Financial Reporting Standards (IFRSs), o conjunto completo de demonstrações contábeis de propósito geral é composto de: balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstração dos fluxos de caixa, demonstração das mutações do patrimônio líquido e notas explicativas.A legislação brasileira (Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 – LSA) adicionou a demonstração do valor adicionado a esse rol. A seguir, apresentamos tais relatórios. 19 Balanço Patrimonial O Balanço Patrimonial tem como objetivo mostrar a posição patrimonial e financeira de determinada empresa em um momento específico e informar a capacidade de geração dos fluxos futuros de caixa. Toda empresa prepara o seu Balanço Patrimonial no fim de cada ano. As companhias abertas têm a obrigação de divulgá-lo ao público assim como as demais peças contábeis, a cada trimestre. Para efeito interno (gerencial), o ideal é a elaboração na periodicidade mensal. O Balanço Patrimonial relaciona e quantifica cada conta do Ativo, do Passivo e do Patrimônio Líquido no último dia do período. Por meio dessa relação, o proprietário sabe o que possui (ex.: caixa, estoque, equipamentos), o que deve (contas a pagar, empréstimos) e quanto possui de patrimônio, líquido de dívidas, no fim do período. Este consiste no capital empreendido no negócio mais os lucros, menos os prejuízos. O Balanço Patrimonial consiste na relação, de modo ordenado, dos ativos (bens e direitos), dos passivos (obrigações) e do patrimônio líquido (diferença entre os ativos e os passivos) de uma empresa. A estrutura do Balanço Patrimonial é a seguinte: ativo passivo patrimônio líquido O Ativo evidencia onde está o dinheiro aplicado na empresa. O Passivo e o Patrimônio Líquido mostram qual é a fonte do dinheiro aplicado na entidade. ativo passivo aplicação de recursos Onde está o dinheiro? origem de recursos De onde o dinheiro veio? patrimônio líquido 20 A seguir, o Balanço Patrimonial representa a posição financeira da Droga Raia, em 31 de dezembro de 2017. Tabela 1 – Posição financeira da Droga Raia (31/12/2017) Descrição 31/12/2017 31/12/2016 Ativo Total 6.464.249 5.659.303 Ativo Circulante 3.928.204 3.427.783 Caixa e Equivalentes de Caixa 264.873 276.632 Contas a Receber 1.049.074 877.353 Estoques 2.517.594 2.149.468 Tributos a Recuperar 78.778 111.772 Despesas Antecipadas 17.885 12.558 Ativo Não Circulante 2.536.045 2.231.520 Ativo Realizável em Longo Prazo 68.753 50.858 Contas a Receber 1.622 334 Despesas Antecipadas 4.941 4.553 Depósitos Judiciais 29.215 23.007 Tributos a Recuperar 32.975 22.964 Investimentos 0 0 Imobilizado 1.276.276 1.006.606 Intangível 1.191.016 1.174.056 Descrição 31/12/2017 31/12/2016 Passivo Total 6.464.249 5.659.303 Passivo Circulante 2.493.779 2.184.684 Obrigações Sociais e Trabalhistas 202.799 199.378 Fornecedores 1.815.687 1.615.587 Obrigações Fiscais 130.432 96.731 Empréstimos e Financiamentos 196.248 132.581 21 Dividendos a Pagar 37.474 25.934 Aluguéis 65.768 56.297 Demais Contas a Pagar 33.579 36.673 Provisões 11.792 21.503 Passivo Não Circulante 720.098 538.664 Empréstimos e Financiamentos 414.711 281.387 Passivos com Partes Relacionadas 47.515 45.228 Programa de Recuperação Fiscal 20.988 16.271 Tributos Diferidos 228.715 193.187 Provisões 8.169 2.591 Patrimônio Líquido Consolidado 3.250.372 2.935.955 Capital Social Realizado 1.808.639 1.808.639 Reservas de Capital 151.156 138.553 Reservas de Lucros 1.280.751 980.442 Ajustes de Avaliação Patrimonial -18.033 -17.847 Participação dos Acionistas Não Controladores 27.859 26.168 Fonte: CVM. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br>. Acesso em: 8 mar. 2018. As contas do Ativo representam onde os recursos da empresa foram aplicados, e são apresentadas em ordem decrescente de liquidez, ou seja, inicia-se com os itens de maior liquidez5 – caixa, bancos e clientes –, que logo serão convertidos em caixa. No fim, são colocados os itens que deverão permanecer mais tempo na empresa, como edifícios, equipamentos, veículos e móveis. As contas do Passivo representam a origem dos recursos de terceiros e devem ser, inicialmente, separadas considerando a data de vencimento, ou seja, se ela é inferior ou superior a um ano. Os Passivos são agregados pela sua natureza, como fornecedores, empréstimos, impostos a pagar e salários a pagar. A seguir, é apresentado o Patrimônio Líquido, indicando o capital integralizado, as reservas de capital e as reservas de lucros ou prejuízos acumulados. O Passivo Total é formado pela soma do Passivo, que representa dívidas ou obrigações, e do Patrimônio Líquido, que representa o valor pertencente aos acionistas. De forma ideal, deve-se 5 Entende-se por liquidez a capacidade e a velocidade de transformar bens e direitos em dinheiro. 22 procurar utilizar o termo Passivo apenas para as dívidas da empresa, não utilizando esse termo em referência ao Patrimônio Líquido. O total do Ativo e o total do Passivo + Patrimônio Líquido são sempre iguais, por isso, sendo chamados Balanço. Daí, a equação fundamental da contabilidade: ativo = passivo + patrimônio líquido Estrutura do Balanço Patrimonial Consolidado ativo passivo patrimônio líquido: participação acionistas não controladores participação acionistas controladores Observe o Balanço Patrimonial da Droga Raia de 2017: � Ativo Total = R$ 6.464.249 mil. � Passivo = R$ 3.213.877 mil = (Passivo Circulante R$ 2.493.779 mil + Passivo Não Circulante R$ 720.098 mil). � Patrimônio Líquido = R$ 3.250.372 mil. � Passivo + Patrimônio Líquido = R$ 6.464.249 mil = Ativo Total. Os elementos componentes da estrutura do balanço patrimonial são definidos assim: a) Ativo – recursos econômicos (bens e direitos) que a empresa controla e espera que lhe gerem benefícios futuros. Os Ativos podem ter corpo, matéria definida – tais como prédios, máquinas ou mercadorias –, sendo denominados de Ativos Tangíveis. Além disso, podem ter valor legal ou representar direitos – como a marca e o ponto comercial –, sendo denominados Ativos Intangíveis. Um dos problemas mais controversos em Contabilidade é mensurar o real valor dos Ativos. Os itens do Ativo são agrupados do seguinte modo: � Ativo Circulante – recursos que serão realizados no exercício seguinte, ou seja, no período de 12 meses após o encerramento do Balanço. Isso significa que todos serão utilizados na atividade da empresa no curto prazo (máximo de 12 meses). Exemplo: caixa, bancos, investimentos temporários, contas a receber, mercadorias e despesas antecipadas. � Ativo Não Circulante – Ativos não classificados no Ativo Circulante. Compreende os Ativos Realizáveis em Longo Prazo, os Investimentos, os Imobilizados e os Intangíveis. � Ativo Realizável em Longo Prazo – realização após o término do exercício social seguinte, ou seja, em um período superior a 12 meses após o encerramento do Balanço Patrimonial. 23 Exemplo: contas a receber em longo prazo, despesas antecipadas em longo prazo, empréstimos concedidos a receber em longo prazo. No Ativo Realizável em Longo Prazo, é importante verificar que a lei societária apresenta um posicionamento que representa uma exceção à classificação de acordo com o período de recebimento do Ativo. No art. 179, a lei afirma que é obrigatório que sejam reconhecidos, no Realizável em Longo Prazo, os direitos derivados de vendas, os adiantamentos ou os empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia, mesmo que a data de vencimento prevista seja no curto prazo: � Investimentos – investimentos permanentes,inclusive as propriedades para investimento. Exemplo: investimentos em ações ou quotas, obras de arte, imóveis para aluguel ou destinados à valorização de capital, ou ambos. � Imobilizado – direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou exercidos com essa finalidade, e os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, os riscos e o controle desses bens. Exemplo: terrenos, edifícios, máquinas e equipamentos, móveis e utensílios, instalações, obras em andamento, desde que destinados ao uso nas operações. � Intangível – direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. No Balanço Patrimonial, os Ativos Intangíveis não podem ser avaliados a valor de mercado. Exemplos: fundo de comércio, direitos autorais, marcas e patentes. Verifique o Balanço Patrimonial da Droga Raia de 2017: � R$ 264.873 mil estão aplicados em dinheiro e depósitos bancários à disposição da entidade (Caixa e Equivalentes de Caixa). � R$ 2.517.594 mil estão aplicados em mercadorias disponíveis para serem vendidas (Estoques). � R$ 1.276.276 mil estão aplicados em bens destinados ao uso pela entidade, nas suas operações normais (Imobilizado). Todos esses itens representam aplicações de recursos realizadas no passado pela entidade, das quais se tem expectativa de geração de benefícios, presentes e futuros, a serem percebidos e controlados pela entidade. Tais benefícios podem ser representados pela geração de caixa – como as mercadorias que serão vendidas aos clientes – ou podem evitar a saída de caixa – como os prédios e os equipamentos que não precisarão ser alugados, uma vez que a entidade já é proprietária ou os arrenda de terceiros (Ativo Imobilizado). 24 b) Passivo – são obrigações da empresa, contraídas junto a outras pessoas físicas ou jurídicas. Os itens do Passivo são agrupados desta forma: � Passivo Circulante – espera-se a sua liquidação dentro dos 12 meses seguintes à data final do Balanço – fornecedores, empréstimos, impostos a pagar e encargos sociais a recolher. � Passivo Não Circulante – compreende as obrigações não classificadas no Passivo Circulante, isto é, cujo vencimento ocorrerá após o término do exercício social seguinte, ou seja, no prazo superior a 12 meses seguintes à data do Balanço. São exemplos: fornecedores em longo prazo, empréstimos em longo prazo e algumas provisões. Desse modo, as obrigações da companhia – inclusive financiamentos para aquisição de direitos do Ativo não Circulante – serão classificadas no Passivo Circulante, quando vencerem no exercício seguinte, e no Passivo não Circulante, se tiverem vencimento em prazo maior. Observe o Balanço Patrimonial da Droga Raia de 2017 (Passivo + PL): � R$ 1.815.687 mil são financiados pelos fornecedores das mercadorias – Fornecedores. � R$ 151.420 mil são financiados pelo governo – Obrigações Fiscais (R$ 130.432 mil) mais Programa de Recuperação Fiscal (R$ 20.988 mil). � R$ 610.959 mil são financiados por bancos – Empréstimos e Financiamentos, sendo R$ 196.248 mil de curto prazo + R$ 414.711 mil de longo prazo. Todos esses itens têm uma característica em comum: representam obrigações da entidade assumidas, no passado, que ainda não foram pagas, e exigirão desembolsos de recursos no futuro. c) Patrimônio Líquido – origens de recursos dos acionistas. Em outras palavras, corresponde à parcela do Ativo que excede o total dos Passivos. São exemplos: capital social, reserva de capital e reserva de lucros. Conjunto de bens e direitos de uma entidade, deduzida das suas obrigações para com terceiros. Diferença entre o Ativo e o Passivo, ou seja, o valor contábil líquido da empresa. � Capital Social � Subscrito – compromisso de integralizar; � A realizar – subscrito, mas não integralizado; � Integralizado – valor já capitalizado; � Reserva de Capital � Ágio na colocação de ações; � Alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; 25 � Reservas de Lucros – apropriação de Lucros que, no caso das três primeiras (legal, para contingências e de lucros a realizar), podem ser dedutíveis do Dividendo Mínimo Obrigatório: � Reserva Legal – 5% do Lucro Líquido, limitado a 20% do Capital Social; � Reservas para Contingências, como perdas futuras previstas em função da seca esperada; � Reserva de Lucros a Realizar: � Lucro na Venda de Imobilizado em longo prazo; � Receita de Equivalência Patrimonial; � Reservas Estatutárias – retenção de lucros prevista nos estatutos da empresa; � Reserva de Reavaliação – é uma conta em desuso, pois a legislação brasileira proíbe novas reavaliações a partir de 2008. Com isso, o seu saldo representa o efeito da reavaliação (substituição do valor de custo histórico pelo valor de reposição) de itens do ativo imobilizado. � Ajustes de Avaliação Patrimonial – utilizada para registrar a contrapartida do aumento ou redução de itens do ativo ou do passivo mensurados a valor justo sem transitar pelo resultado do período. A sua aplicabilidade é bastante restrita. Exemplo de ativos e passivos mensurados a valor justo sem transitar pelo resultado do período são os instrumentos financeiros mentidos para fins de proteção (hedge). � Lucros ou Prejuízos Acumulados – por força de lei, essa conta não deverá apresentar saldo no fim do exercício. Essa conta terá caráter transitório, reconhecendo o lucro líquido do período, as apropriações e reversões de reservas e a distribuição dos lucros. � Ações em Tesouraria (conta devedora, redutora do PL) – representa as ações de própria emissão da entidade que ela recompra no mercado. Veja o Balanço Patrimonial da Droga Raia de 2017: � R$ 1.808.639 mil são contribuições efetivas dos sócios – Capital Social. � R$ 1.280.751 mil são lucros obtidos pela entidade e ainda não distribuídos aos sócios na forma de dividendos – Reserva de Lucros. Em uma situação normal de descontinuidade da entidade – encerramento das suas atividades – e liquidação dos seus Ativos – venda e transformação dos bens e direitos em dinheiro –, todo o Passivo deve ser pago, e o PL sobra para os sócios. Em caso de falência, pode não haver capacidade de pagamento dos passivos. 26 Demonstração do Resultado do Exercício Uma das várias medidas de desempenho é representada pelo lucro líquido referente a determinado período. Tal lucro é apurado pela Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). O lucro ou prejuízo é obtido pela subtração de todas as despesas das receitas auferidas. Desse modo, poderá ser avaliado se determinada despesa está sendo incorrida de modo desproporcional, podendo-se avaliar os motivos de tal fato, para que as possíveis soluções sejam mais prontamente identificadas. A DRE é uma forma estruturada de evidenciar a composição do resultado da entidade, ou seja, é um critério de organização das receitas auferidas e das despesas incorridas no período. Ao apresentar o resultado (lucro ou prejuízo), a DRE evidencia a riqueza gerada pela entidade em determinado período (exercício), sabendo-se que essa riqueza pertence, no fim das contas, aos acionistas da entidade. A forma de evidenciação básica das Despesas na estrutura da DRE, até o resultado operacional, é constituída para gerar informações por meio de quatro funções organizacionais da empresa: 1. produção; 2. comercial; 3. administrativa e 4. financeira. A composição do primeiro item decorre da forma de atuação da empresa. Em uma indústria, é apresentadoo Custo dos Produtos Vendidos (CPV), que abrange gastos com a transformação da matéria-prima em produto acabado. Em uma empresa comercial, o CPV é substituído pelo Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), que representa o custo dos estoques entregues aos clientes. Em uma empresa de serviços, objetivando gerar informações úteis, procura-se destacar os gastos relacionados à produção dos serviços. No item denominado Custo dos Serviços Prestados (CSP), por exemplo, em uma empresa do setor de transporte rodoviário, os gastos com combustível, salários dos motoristas, manutenção e depreciação dos veículos devem ser apresentados nessa conta. Observação: Na prática, certos itens específicos são difíceis de ser enquadrados. Nesses casos, a legislação prevê o item Outras Receitas e Despesas Operacionais. No estudo da contabilidade, você verificará contas iniciadas com o título “Outras”, embora essa classificação receba críticas recorrentes. Em diversas situações, representam a solução mais prática para a classificação. O importante é que não ocorra o abuso. 27 A Demonstração de Resultado do Exercício (DRE ou Derex) é um resumo ordenado de receitas e despesas da empresa em determinado período, chegando-se ao lucro ou ao prejuízo. As receitas são representadas pelas vendas de produtos – bens e serviços – realizadas no período de referência (exercício), ainda que não tenham sido recebidas. Por sua vez, as despesas representam o esforço da entidade para conseguir a sua receita do período sob exame, mesmo que não haja desembolso de recursos nesse mesmo período. Para compreender a DRE, é necessário conhecer a definição de alguns conceitos fundamentais: � Receitas – são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos, isto é, do aumento de ativos ou da diminuição de passivos, que resultam em aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aportes de capital pelos proprietários. � Despesas – são reduções de benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de consumo de recursos, isto é, da redução de ativos ou do aumento de passivos, que resultam em redução do patrimônio líquido e que não sejam decorrentes de distribuição de lucros aos proprietários. � Resultado – diferença algébrica entre receitas e despesas. O resultado é também chamado de lucro (se positivo) ou prejuízo (se negativo). Na prática, a DRE é a apresentação, em forma resumida, das operações realizadas pela empresa durante o exercício social, destacando-se o resultado líquido do período. Na verdade, a análise do resultado do exercício significa a avaliação do desempenho da empresa. 28 Observe, a DRE da Droga Raia de 2017: Tabela 2 – DRE da Droga Raia de 2017 Descrição 2017 2016 Receita de Venda de Bens e/ou Serviços 13.212.505 11.256.565 Custo dos Bens Vendidos -9.224.505 -7.752.422 Resultado Bruto 3.988.000 3.504.143 Despesas Operacionais -3.195.416 -2.798.605 Despesas com Vendas -2.529.050 -2.218.765 Administrativas -328.664 -297.729 Depreciações e Amortizações -337.914 -274.434 Despesas Extraordinárias 212 -7.677 Resultado Antes do Resultado Financeiro e dos Tributos 792.584 705.538 Resultado Financeiro -106.040 -110.322 Receitas Financeiras 106.883 109.433 Despesas Financeiras -212.923 -219.755 Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro 686.544 595.216 Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro -173.891 -143.964 Lucro/Prejuízo Líquido Consolidado do Período 512.653 451.252 Atribuído a Sócios da Empresa Controladora 511.163 447.685 Atribuído a Sócios Não Controladores 1.490 3.567 Lucro Básico por Ação 1,55047 1,35764 Lucro Diluído por Ação 1,54855 1,35764 Fonte: CVM. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br>. Acesso em: 8 mar. 2018. 29 Em 2017, a Droga Raia apurou: � A Receita de vendas foi de R$ 13.212.505 mil. � Os Custos das Mercadorias Vendidas totalizaram R$ 9.224.505 mil. � O Lucro Bruto (isto é, Receita menos os Custos das Mercadorias Vendidas) foi de R$ 3.988.000 mil. � O Lucro Líquido foi de R$ 512.653 mil. Além da DRE, as entidades são obrigadas a apresentar a Demonstração de Outros Resultados Abrangentes, quando houver “outros resultados abrangentes” – o que não foi o caso da Droga Raia em 2017. Os “outros resultados abrangentes” são todos os eventos que atendem perfeitamente à definição de receita ou despesa, mas não são reconhecidos na DRE como receita nem como despesa por força dos pronunciamentos contábeis em vigor. São exemplos de “outros resultados abrangentes” (nenhum deles discutido neste material): � ajuste ao valor justo de instrumentos financeiros de cobertura (hedge); � ajustes na provisão para benefícios a empregados de planos de benefício definido decorrentes da alteração de premissas atuariais e � ajustes de variação cambial decorrentes de conversão de demonstrações contábeis para uma moeda de apresentação diferente da moeda funcional. O art. 187 da Lei das Sociedades por Ações (LSA) disciplina a apresentação da DRE por função. A Demonstração é iniciada com o valor total da receita apurada nas suas operações de vendas e prestação de serviços, da qual são subtraídas as deduções da receita e os custos das mercadorias vendidas (CMV, CSP, CPV), apurando-se o lucro bruto. Desse modo, o lucro bruto corresponde ao valor que a empresa consegue obter após recuperar o CMV. A partir disso, são subtraídas as despesas operacionais segregadas por subtotais, conforme a sua natureza, ou seja: � Despesas com vendas – despesas comerciais, realizadas para vender o produto, como despesa de marketing e distribuição. � Despesas gerais e administrativas – gastos para direção geral da empresa, que representam atividades que geram benefícios para todas as fases do negócio da empresa. � Despesas financeiras e receitas financeiras – as receitas e as despesas financeiras correspondem aos rendimentos financeiros auferidos sobre as suas aplicações financeiras (Ativo); e os juros incidentes, sobre empréstimos ou financiamentos (Passivo), respectivamente. Assim sendo, deduzindo-se as despesas operacionais totais do lucro bruto, apresenta-se o lucro operacional, denominado na DRE como Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro – outro dado 30 importante na análise das operações da empresa. Nesse sentido, o Lucro Operacional corresponde ao valor que a empresa consegue obter após recuperar o CMV e todas as despesas necessárias para obter as receitas, ou seja, é o quanto a atividade operacional gera de riquezas para a entidade. Uma empresa também pode efetuar a venda dos seus ativos não circulantes após um período de uso. O valor desse resultado – que pode ser positivo ou negativo – é classificado dentro do Resultado Operacional, na linha de Outras Receitas ou Despesas Operacionais. A seguir, deduz-se a despesa com o imposto de renda e a Contribuição Social. Finalmente, deduzem-se as participações (previstas no estatuto) de terceiros calculáveis sobre o lucro – tais como empregados administradores, partes beneficiárias, debêntures e contribuições para fundos de benefícios a empregados –, dessa forma, chegando-se, ao lucro ou ao prejuízo líquido do exercício. Ao ser dividido pelo número de ações, chega-se ao lucro ou ao prejuízo por ação, valor final da DRE. Como se nota no texto da alínea b do § 1º do art. 187 da LSA, nos mesmos períodos em que forem lançados os rendimentos e as receitas, deverão estar registrados todos os custos, as despesas, os encargos e os riscos correspondentes àquelas receitas. Por esse conceito – também denominadocontraposição de receitas e despesas (Princípio da Confrontação de Despesas com Receitas e com o Período Contábil) –, ao se contabilizar, por exemplo, a receita da venda de determinado produto, devem-se registrar, no mesmo período, todas as despesas em que se incorre no que tange àquela receita, tais como: � o custo do produto vendido, que englobaria material, mão de obra e demais custos da sua fabricação; � as despesas operacionais incorridas, seja de comercialização, seja de administração, e � o imposto sobre a renda (lucro) auferida. Nesse sentido, se a empresa conceder, por exemplo, um período de garantia e de revisões gratuitas ao cliente pelo produto vendido, o custo de tal garantia deverá estar apropriado, por estimativa, nesse mesmo período, e não no período futuro, quando será realizada a substituição de peças ou a revisão gratuita. Por esse motivo é que, havendo a cláusula de garantia sobre as vendas, deve-se constituir uma provisão para custos de garantia. A partir dessa filosofia, a comissão dos vendedores deve estar provisionada como despesa, no mesmo período do reconhecimento da venda – mesmo sendo paga, total ou parcialmente, somente quando do recebimento das duplicatas correspondentes. Um aspecto muito relevante ocorre quando a empresa efetua vendas e compras a prazo. Nesse caso, há um efeito decorrente do “custo do dinheiro” entre a data original da transação e o efeito financeiro. Nesse caso, quando os valores são materiais, o ideal é a aplicação do conceito de Ajuste a Valor Presente. 31 Demonstração dos Fluxos de Caixa A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) evidencia a variação do caixa, indispensável para o pagamento das obrigações no prazo previsto assim como para o bom funcionamento da empresa. A Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, tornou obrigatória a evidenciação da DFC. O CPC emitiu o Pronunciamento Técnico nº 3, apresentando as normas para a sua elaboração. A DFC mostra as origens e aplicações de caixa, que são a base para a avaliação da situação financeira da empresa e a sua capacidade de pagamento das obrigações. Essa demonstração auxilia a responder a perguntas vitais, como “Onde foi obtido o dinheiro?” e “Onde o dinheiro foi aplicado e com que objetivo?”, e a perguntas específicas, como: � Onde a empresa consegue recursos? � Quanto dos recursos financeiros foi gerado internamente pela empresa? � Como foi financiada a expansão com a compra de ativos imobilizados? � A empresa está-se expandindo em ritmo mais acelerado do que a sua geração de recursos? � A política de distribuição de dividendos está em equilíbrio com a geração operacional? � Quais são os movimentos financeiros com os acionistas e os financiadores? O caixa é vital para o bom funcionamento de qualquer empresa. O modo como os fluxos de caixa é administrado pode determinar o sucesso ou fracasso de uma empresa. As contas devem ser pagas no seu vencimento, e o dinheiro excedente pode ser aplicado na compra de estoque, de equipamentos ou na geração de rendimentos financeiros. Entende-se por “Equivalente à Caixa” os recursos aplicados em Bancos conta-movimento e Aplicações Financeiras de imediata realização, ou seja, aqueles com valores resgatáveis no curto prazo e insignificante risco de mudança de valor. Dessa forma, ∆Cx = (Cx1 + Bancos1 + Aplic. Fin. resgatável em CP1) – (Cx0 + Bancos0 + Aplic. Fin. resgatável em CP0). 32 Vejamos a DFC da Droga Raia de 2017: Tabela 3 – DFC da Droga Raia de 2017 Descrição 2017 2016 Caixa Líquido Atividades Operacionais 628.840 555.529 Caixa Gerado nas Operações 1.123.361 938.195 Lucro Líquido Antes do I.R. e C.S.L.L. 686.544 595.216 Depreciações e Amortizações 337.914 274.434 Plano de Remuneração com Ações Restritas, Líquido 12.638 7.984 Juros sobre Opção de Compra de Ações Adicionais 2.287 13.596 Resultado na Venda ou Baixa do Ativo Imobilizado e Intangível 6.609 12.189 (Provisão) Reversão para Demandas Judiciais 7.788 6.667 (Provisão) Reversão para Perdas no Estoque 3.656 -14.147 (Provisão) Reversão de Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa 2.314 -504 (Reversão) Provisão para Encerramento de Lojas -811 737 Despesa de Juros 64.234 42.023 Amortizações de Custos de Transação de Debêntures 188 0 Variações nos Ativos e Passivos -344.483 -257.109 Clientes e Outras Contas a Receber -173.728 -176.255 Estoques -371.782 -484.868 Outros Ativos Circulantes 27.852 -55.081 Ativos no Realizável em Longo Prazo -17.895 -6.360 Fornecedores 208.482 403.633 Salários e Encargos Sociais 3.421 33.971 Impostos, Taxas e Contribuições -19.937 753 Outras Obrigações -10.368 15.171 Aluguéis a Pagar 9.472 11.927 33 Descrição 2017 2016 Outros -150.038 -125.557 Juros Pagos -36.863 -21.896 I.R. e Contribuição Social Pagos -113.175 -103.661 Caixa Líquido Atividades de Investimento -639.180 -489.057 Aquisições de Imobilizado e Intangível -640.330 -490.169 Recebimentos por Vendas de Imobilizados 1.150 1.112 Caixa Líquido Atividades de Financiamento -1.419 -55.891 Empréstimos e Financiamentos Tomados 393.951 222.468 Pagamentos de Empréstimos e Financiamentos -224.523 -125.017 Juros sobre Capital e Dividendos Pagos -170.847 -153.342 Aumento (Redução) de Caixa e Equivalentes -11.759 10.581 Saldo Inicial de Caixa e Equivalentes 276.632 266.051 Saldo Final de Caixa e Equivalentes 264.873 276.632 Fonte: CVM. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br>. Acesso em: 8 mar. 2018. Analisando a DFC da Droga Raia de 2017, é possível perceber que: � O saldo final de Caixa e Equivalentes reduziu de R$ 276.632 mil em 2016 para R$ 264.873 mil em 2017. � A atividade operacional gerou caixa líquido no montante de R$ 628.840 mil, demonstrando que a compra e a venda de medicamentos e demais mercadorias é uma atividade geradora de caixa. � A atividade de investimento consumiu caixa líquido no montante de R$ 639.180 mil, demonstrando que a Droga Raia está investindo na sua expansão com a abertura de novas lojas. � A atividade de financiamento consumiu caixa líquido no montante de R$ 1.419 mil, demonstrando que a entidade distribuiu mais dinheiro aos sócios (dividendos) e aos credores (juros e amortização do principal) do que captou com eles – os sócios não aumentaram o capital social, e a entidade obteve empréstimo e financiamentos com credores em montante menor do que o da amortização do principal. 34 A DFC classifica os recebimentos e os pagamentos de caixa em três atividades: operacional, de investimento e de financiamento. a) Atividades operacionais Consistem no reconhecimento dos ingressos e dos desembolsos atrelados, exclusivamente, às atividades principais do empreendimento, ou seja, da sua operação – como recebimentos de vendas à vista ou a prazo, decorrentes do recebimento de duplicatas, contrapondo-se aos desembolsos com a compra de mercadorias para revenda, de matérias-primas, mão de obra, despesas com vendas, administrativas e outras. O Fluxo de Caixa Operacional é apresentado de forma diferenciada pelo Método Direto e pelo Método Indireto. A Raia Drogasil S.A. apresentou o fluxo de caixa da atividade operacional de 2016 pelo método indireto. b) Atividades de investimento Incluem entradas de caixa pela venda de imóveis, veículos, equipamentos, recebimento do principal em um empréstimo feito a outras empresas, operações financeiras em função de aplicações ou resgates. Nessa categoria, saídas de caixa podem resultar da compra de um imóvel ou equipamento, ou outroativo para a produção, participações acionárias, concedendo empréstimo para terceiros ou efetuando aplicações financeiras de longo prazo, não incluídas no equivalente à caixa. c) Atividades de financiamento Reúnem todos os ingressos e desembolsos oriundos da captação de recursos de terceiros de curto e longo prazo (financiamentos, empréstimos bancários), bem como dos recursos dos proprietários (acionistas ou quotistas), abrangendo os aportes ou as reduções de capital e dividendos, objeto desses recursos. Dessa forma, são considerados gerações de caixa pela atividade de financiamento os ingressos de dinheiro decorrentes de aumento do Capital Social, obtenção de Empréstimos e Financiamentos. Por outro lado, são consideradas consumo de Caixa, pela atividade de financiamento, as saídas de dinheiro para pagar Dividendos, amortizar os Empréstimos e os Financiamentos. Note que o nome da demonstração é DFC, uma vez que apresenta a variação do saldo de caixa, que pode ser causada por três razões diferentes: pelas atividades operacionais, pelas atividades de investimento e pelas atividades de financiamento, abrangendo recursos de terceiros e recursos dos acionistas. As transações que não envolvem caixa – como a aquisição de um terreno em troca de ações ou o pagamento de um financiamento com um ativo imobilizado – apesar de não serem apresentadas no corpo da demonstração, devem ter a sua evidenciação efetuada em nota explicativa ou como informações complementares. 35 Conceitos fundamentais Patrimônio Uma informação fundamental apresentada pela Contabilidade é a avaliação do patrimônio da empresa e a quantificação da sua variação ao longo dos anos. De forma sintética, podemos dizer que o Balanço Patrimonial é formado por três componentes: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. A sua posição financeira é refletida pela relação entre tais componentes. O termo Balanço indica o equilíbrio entre eles, como pode ser demonstrado pela equação: ativo = passivo + patrimônio líquido A sua evidenciação: aplicações origens ativo passivo patrimônio líquido Essa equação pode ser entendida por meio do conceito de Origens e Aplicações. O Passivo e o Patrimônio Líquido representam as fontes de recursos – origens – obtidas pela empresa, e o Ativo indica a destinação – aplicações – desses recursos. Afinal, pelo método das partidas dobradas: aplicações = origens Ativo Entende-se por Ativo os recursos controlados por uma entidade em consequência de eventos passados dos quais se espera que resultem fluxos de benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços para a entidade. O Ativo aumenta de valor pelo reconhecimento contábil de uma receita, pela obtenção de recursos com terceiros ou com sócios da entidade, ou pela venda de outro ativo com lucro. Passivo Entende-se por Passivo as obrigações presentes da entidade, derivadas de eventos já ocorridos, cujo pagamento se espera que resulte em saída de recursos da entidade, recursos capazes de gerar benefícios econômicos ou potencial de serviços. Também se pode dizer que o Passivo representa a origem de recursos financiados por terceiros, além das obrigações assumidas pela entidade que 36 exigirão desembolso de recursos no futuro, ou seja, contas a pagar, salários a pagar, impostos a pagar, entre outros. O Passivo aumenta de valor pela captação de um empréstimo ou financiamento, pela compra de um ativo a prazo ou pelo reconhecimento contábil de uma despesa ainda não paga. Por outro lado, o Passivo diminui de valor pelo efetivo pagamento ou pelo reconhecimento contábil de uma receita que havia sido recebida antecipadamente, como o adiantamento de clientes. Patrimônio Líquido Assim como o Passivo, o Patrimônio Líquido (PL) também representa origem de recursos, sendo que o PL corresponde aos recursos financiados pelos sócios da entidade, na forma de capital social, e também pelos lucros retidos. O PL também é chamado de Ativo Líquido, afinal, corresponde ao resíduo dos (diferença entre) ativos reconhecidos e passivos reconhecidos. Desse modo, o termo Ativo Líquido designa a parcela dos ativos que sobra depois de descontar todos os passivos da entidade. Resultado O resultado deriva do confronto das receitas com as despesas e, consequentemente, pode ser positivo – lucro –, se as receitas forem maiores do que as despesas; ou negativo – prejuízo –, se as receitas forem menores do que as despesas. No caso de lucro, representa a riqueza gerada pela empresa durante determinado período de tempo, que pertence aos acionistas da entidade. Quando a empresa incorre em prejuízo, ocorre uma destruição da riqueza dos acionistas. Receita Corresponde à geração de recursos provenientes da venda de mercadorias (como no setor varejista), da prestação de serviços (como em consultas médicas), entre outros. Resulta em um aumento em caixa ou em contas a receber. Entende-se por Receita os “aumentos de benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entradas ou aumentos de ativos ou diminuições de passivos que resultam em aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aportes dos proprietários da entidade” (IFRS for SMEs e CPC-PME § 2.23(a)). 37 Despesa Corresponde ao consumo de recursos decorrentes das mesmas atividades que deram origem às receitas, tais como a venda de Estoque – Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) ou Custo dos Produtos Vendidos (CPV) –, a prestação de serviços – Custo dos Serviços Prestados (CSP) –, Salário de vendedores (Despesa com Vendas), Salário dos diretores (Despesa Administrativa), Juros sobre Dívidas (Despesa Financeira), Venda do Imobilizado com Prejuízo (Outra Despesa Operacional). Entende-se por Despesa os “decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou incrementos em passivos que resultam em decréscimos no patrimônio líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade” (IFRS for SMEs e CPC-PME § 2.23(b)). Como Receita e Despesa afetam o Patrimônio Líquido (Ativo Líquido) Os ativos da empresa contribuem para a sua continuidade e o seu futuro crescimento. As receitas e as despesas vão afetar o Patrimônio Líquido (Ativo Líquido), sendo apuradas para determinar se a empresa apurou um lucro (receitas superiores a despesas) ou um prejuízo (despesas superiores a receitas). Desse modo, o reconhecimento de receitas aumenta o lucro do período e, consequentemente, o PL. O contrário ocorre com o reconhecimento de despesas. Equação contábil e natureza das contas A equação contábil é baseada na dupla entrada, ou seja, cada transação possui efeito duplo. Uma transação pode afetar ambos os lados da equação, no mesmo valor, ou apenas um lado da equação, aumentando e diminuindo na mesma quantia, anulando a mudança nesse lado da equação. A equação fundamental contábil é: ativo = passivo + patrimônio líquido Exemplo 1: Se um negócio possui ativos de $ 500.000,00, obrigações (Passivo) de $ 300.000,00 e Patrimônio Líquido de $ 200.000, a equação contábil é a seguinte: ativo = passivo + patrimônio líquido $ 500.000 = $ 300.000 + $ 200.000 38 ativo = passivo + patrimônio líquido ativo = passivo + capital social + reserva de lucros (receitas – despesas) Se há somente uma receita, esta vai aumentar o resultado do período. Em contrapartida, se há somente uma despesa, está vai diminuir o resultado do período. Logo, se há receitas ou despesas no período, essas alterarão o resultado
Compartilhar