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Ruy Lopes Cardoso CONTABILIDADE GERAL C O N TA B ILID A D E G E R A L R u y Lopes C ardoso Código Logístico 59012 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6553-0 9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 5 3 0 Contabilidade Geral Ruy Lopes Cardoso IESDE BRASIL 2020 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Yipianesia/ENVATO ELEMENTS CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ C266c Cardoso, Ruy Lopes Contabilidade geral / Ruy Lopes Cardoso. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 138 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6553-0 1. Contabilidade. I. Título. 19-61980 CDD: 657 CDU: 657 Ruy Lopes Cardoso Mestre e bacharel em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas, com ênfase em Administração Contábil e Finanças. Trabalhou em indústrias têxtil e de cabos para telecomunicação, e em instituições financeiras, nas áreas de crédito, gestão de contas jurídicas, empréstimos externos, comércio internacional e coordenação da renegociação da dívida brasileira na década de 1980. Foi também representante de banco estrangeiro no Brasil. Atua como professor de Contabilidade Financeira, Contabilidade de Custos e Finanças há 25 anos. É consultor de empresas e autor de um livro sobre orçamento empresarial. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 9 1.1 Significado de contabilidade 9 1.2 O mundo econômico e as empresas 11 1.3 Tipos de empresas 13 1.4 Demonstrações Contábeis 14 1.5 Usuários das demonstrações financeiras 24 1.6 Contabilidade e finanças 25 2 Balanço Patrimonial 30 2.1 Estrutura do patrimônio da empresa – investimentos e financiamentos 30 2.2 Princípios e Convenções 33 2.3 Estrutura e contas dos ativos 38 2.4 Estrutura e contas dos passivos 41 3 Demonstração de Resultados 49 3.1 Princípios básicos para a Demonstração de Resultados 49 3.2 Estrutura e composição das contas da DRE 57 3.3 Depreciação 61 3.4 Modelo para análise 64 4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL 74 4.1 Alterações da Lei n. 11.638/2007 74 4.2 Exemplos da DLPA e da DMPL 76 5 Demonstração dos Fluxos de Caixa 94 5.1 Demonstração dos Fluxos de Caixa 94 5.2 Estrutura e metodologias 104 6 Demonstração do Valor Adicionado 119 6.1 Demonstração do Valor Adicionado (DVA) 120 6.2 Interpretando a DVA 123 A contabilidade das empresas procura revelar os valores dos recursos utilizados para a realização de suas atividades. Investimentos e financiamentos sempre serão necessários para o desenvolvimento de empreendimentos industriais, comerciais ou prestação de serviços. As funções básicas da contabilidade são a obtenção, o registro e a organização dos valores envolvidos nos negócios, transformando esses dados em informações fundamentais para a tomada de decisão dos gestores, assim como a todos os usuários envolvidos, interna ou externamente, com a empresa. As ciências contábeis têm promovido grandes transformações desde o final do século XX e deverá continuar assim por um longo tempo. Entre as mudanças mais importantes, destaca-se, nesta obra, em primeiro lugar, a uniformização das informações contábeis das empresas em todos os países. Em segundo, e não menos importante, a flexibilização e transformação de um sistema contábil extremamente dominado por regras para um sistema com base em princípios, permitindo e exigindo um maior domínio dessa ciência. Em terceiro lugar, a introdução de novas demonstrações com o intuito de fornecer mais informações das atividades da empresa e contribuir para melhorar a capacidade de análise de seus gestores e usuários. E, finalmente, a disponibilização de importantíssimas informações para toda a sociedade, com a introdução do balanço social. Bons estudos! APRESENTAÇÃOVídeo A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 9 A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 1 Você pode não saber, mas a contabilidade reúne informações úteis, tanto para pessoas físicas, como para empresas. A obtenção de dados relacionados com os negócios pode ajudar a compreender as atividades de uma empresa e auxiliar na sua administração. A contabilidade foi criada e desenvolvida para ajudar na gestão dos negócios. Há mais de 3.000 anos, a contabilidade teve origem na região da Mesopotâmia. Entre os séculos XIV e XV, com a expansão do comércio, principalmente em cidades portuárias no norte da Itália e com o surgimento da imprensa, permitindo cópias com maior rapidez, segundo Hendriksen (1999), a Contabilidade como técnica pode ser mais difundida. Ao final do século XV, Luca Pacioli, um frade franciscano, publicou a obra Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalita, que proporcionou o surgimento da técnica contábil das partidas dobradas, o método veneziano (CRIPPS, 1994). Saiba mais++ 1.1 Significado de contabilidade Vídeo Usualmente, os livros sobre contabilidade apre- sentam a origem, a história e a evolução dessa ciên- cia, a qual é um sistema útil para medir os fatos e valores econômicos de um negócio. Tendo a intenção de registrar as atividades e os valores de um segmento, faz todo sentido avaliar os efeitos e alterações provocados pelos negócios da empresa e, sobretudo, possibilitar aos usuários dessas informações o desenvolvimento e aprimora- mento da capacidade de tomar decisões. A contabilidade é um sistema de medidas, uti- lizado para registrar os valores envolvidos nos negócios de maneira geral. É normal tratarmos da contabilidade empresarial, no entanto a conta- bilidade de um indivíduo também pode ser feita. Pessoalmente, produzimos riqueza com nosso tra- balho, gerando renda com uso de esforços ou des- pendendo valores monetários. 10 Contabilidade Geral Vejamos, como exemplo, o caso fictício de Manuel, funcionário da empresa A, com salário mensal líquido de R$ 3.500,00 e gastos mensais que somam R$ 2.750,00. Se observarmos a Tabela 1, em que se mos- tram presentes os ganhos e gastos do período de um mês, podemos perceber uma sobra de R$ 750,00 no mês. Tabela 1 Contabilidade individual (Manuel). Ganhos e Gastos no período Mês 1 (R$) Salário 3.500,00 Aluguel 1.000,00 Condomínio 300,00 IPTU 58,00 Energia 87,00 Telefone 105,00 Gasolina 300,00 Cartão de Crédito 900,00 Saldo final 750,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Embora não seja usual fazer a contabilidade de uma pessoa, é possível ter uma vida financeira organizada, com o objetivo de mos- trar opções para a utilização dos recursos individuais. Nesse sentido, a contabilidade individual permite uma análise sobre os bens, direitos e obrigações do sujeito, assim como possibilita que o indivíduo planeje e cuide de seu futuro e patrimônio. As finanças pessoais não devem se restringir aos rendimentos de trabalho, ou à previdência social. As pes- soas podem e devem aprender a utilizar os conhecimentos contábeis e financeiros para cuidar do próprio patrimônio. Manuel pode continuar comparando seus ganhos, gastos e saldos com o objetivo de controlar suas despesas, aumentar seus ganhos e até aplicar seus resultados. Isso é o que chamamos de educação financeira individual, o que já se faz presente no Brasil há alguns anos.Para conhecer mais sobre esse assunto, você pode acessar o Caderno de Educação Financeira, publicado pelo Banco Central do Brasil com o intuito de auxiliar todos os cidadãos a gerir seus próprios rendimentos. Este é apenas um entre inúmeros sites com esse objetivo e a disponibilização desse conhecimento é de extrema importância para o planejamento financeiro das pessoas, ajudando a melhorar o relacionamento entre dependentes, familiares, amigos e cuidando para um maior controle dos gastos. BANCO Central do Brasil. Caderno de Educação Financeira – Gestão de Finanças Pessoais. Brasília: BCB, 2013. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/pre/pef/port/caderno_cidadania_financeira.pdf. Acesso em: 23 dez. 2019. Faça uma tabela, ou uma planilha, contendo seus ganhos e gastos mensais. Se não for o seu caso, ajude algum parente ou amigo nessa tarefa. Desafio É graças à falta de educação financeira individual que observamos, constantemente, promoções para negociação de dívidas das instituições de análise e informações de crédito, como o Feirão Serasa Limpa Nome, por exemplo. Curiosidade A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 11 Nesse sentido, é importante ter em mente que o foco desta obra é que você compreenda a disciplina, independentemente de ser para uso pessoal ou profissional. Com a evolução da tecnologia, a contabilida- de passou a fazer uso de computadores para tratamento e organização de dados. Além disso, mais recentemente, as negociações entre os paí- ses passaram a ser tratadas de uma maneira global, numa tentativa de diminuir as barreiras entre eles. Desse modo, a contabilidade se transformou para que as informações sejam igualmente compreendidas por pessoas e empresas de diferentes países, e, assim, não re- presenta mais apenas um sistema de controle empresarial, mas sim uma ferramenta essencial para a tomada de decisão, em todo e qual- quer lugar em que seja aplicada. No início do século XXI, a contabilidade no Brasil passou por fortes transformações por meio de uma convergência das normas internacio- nais, com a Lei n. 11.638/2007, e com um sistema público de escritura- ção digital – SPED – a partir de 2003. Para compreender melhor o papel da tecnologia na área da contabilidade, acesse o artigo “Utilizando a tecnologia da informação na contabilidade”, pu- blicado pelo Portal Educação. Acesso em: 20 dez. 2019. portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/contabilidade/utilizando-a-tecnologia-da-informacao-na-contabilidade/50966 Artigo 1.2 O mundo econômico e as empresas Vídeo Todos temos necessidades, seja com produtos de consumo diário, como alimentos e vestuário ou na prestação de serviços privados, como saúde, educação, transporte etc. Somos todos agentes provedores e usuá- rios de diversos produtos e serviços para satisfazer nossas necessidades. Por isso, criamos empresas, produtoras e distribuidoras de bens e servi- ços, e a contabilidade atende a todos esses setores de atividades. As ciências econômicas estudam como esses agentes lidam com os recursos necessários para atender aos nossos desejos e necessidades. Vejamos, como exemplo, o caso fictício de Manuel, funcionário da empresa A, com salário mensal líquido de R$ 3.500,00 e gastos mensais que somam R$ 2.750,00. Se observarmos a Tabela 1, em que se mos- tram presentes os ganhos e gastos do período de um mês, podemos perceber uma sobra de R$ 750,00 no mês. Tabela 1 Contabilidade individual (Manuel). Ganhos e Gastos no período Mês 1 (R$) Salário 3.500,00 Aluguel 1.000,00 Condomínio 300,00 IPTU 58,00 Energia 87,00 Telefone 105,00 Gasolina 300,00 Cartão de Crédito 900,00 Saldo final 750,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Embora não seja usual fazer a contabilidade de uma pessoa, é possível ter uma vida financeira organizada, com o objetivo de mos- trar opções para a utilização dos recursos individuais. Nesse sentido, a contabilidade individual permite uma análise sobre os bens, direitos e obrigações do sujeito, assim como possibilita que o indivíduo planeje e cuide de seu futuro e patrimônio. As finanças pessoais não devem se restringir aos rendimentos de trabalho, ou à previdência social. As pes- soas podem e devem aprender a utilizar os conhecimentos contábeis e financeiros para cuidar do próprio patrimônio. Manuel pode continuar comparando seus ganhos, gastos e saldos com o objetivo de controlar suas despesas, aumentar seus ganhos e até aplicar seus resultados. Isso é o que chamamos de educação financeira individual, o que já se faz presente no Brasil há alguns anos. Para conhecer mais sobre esse assunto, você pode acessar o Caderno de Educação Financeira, publicado pelo Banco Central do Brasil com o intuito de auxiliar todos os cidadãos a gerir seus próprios rendimentos. Este é apenas um entre inúmeros sites com esse objetivo e a disponibilização desse conhecimento é de extrema importância para o planejamento financeiro das pessoas, ajudando a melhorar o relacionamento entre dependentes, familiares, amigos e cuidando para um maior controle dos gastos. BANCO Central do Brasil. Caderno de Educação Financeira – Gestão de Finanças Pessoais. Brasília: BCB, 2013. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/pre/pef/port/caderno_cidadania_financeira.pdf. Acesso em: 23 dez. 2019. Faça uma tabela, ou uma planilha, contendo seus ganhos e gastos mensais. Se não for o seu caso, ajude algum parente ou amigo nessa tarefa. Desafio É graças à falta de educação financeira individual que observamos, constantemente, promoções para negociação de dívidas das instituições de análise e informações de crédito, como o Feirão Serasa Limpa Nome, por exemplo. Curiosidade https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/contabilidade/utilizando-a-tecnologia-da-informacao-na-contabilidade/50966 12 Contabilidade Geral Considerando finitos os recursos disponíveis à população, os proble- mas econômicos surgem com a demanda crescente de bens e serviços, oriundos do crescimento demográfico, dos padrões de vida, da evolu- ção tecnológica, entre outros fatores (ASSAF NETO, 2015). A economia mundial apresenta flutuações no seu crescimento, mos- trando volatilidade em suas taxas. O Gráfico 1 demonstra as variações de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, entre 2000 e 2018. Podemos observar que, nesse período, tanto houve crescimento – 7,5% em 2010 – quanto o contrário – atingindo uma redução de -3,5% em 2015. 7 5,5 4 2,5 1 - 0,5 - 2 - 3,5 Ano 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 07 20 11 20 1520 05 20 08 20 12 20 1620 06 20 10 20 14 20 09 20 13 20 17 20 18 PI B % 4,3 1,3 2,7 1,1 5,7 3,2 4 6,1 5,1 - 0,1 7,5 4 1,9 3 0,5 1,1 1,1 - 3,5 - 3,3 Gráfico 1 Crescimento do PIB – Brasil (2000 a 2018) Fonte: Adaptado de ADVN, 2019. Consequentemente, os negócios das empresas sofrem com essas flutuações. Razão pela qual nos dedicamos aos estudos de mercado, de recursos humanos e, ainda, de operações produtivas. Podemos ob- servar, por exemplo, em épocas de crescimento econômico de um país (medido por meio dos indicadores do PIB), as consequências positivas de atividade em vários setores. Logo, é possível afirmar que as pessoas que exercem funções nas áreas de vendas, marketing, recursos huma- nos ou qualquer outra, deverão ter alguma preocupação com a boa gestão dos negócios em que estão envolvidas. A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 13 1.3 Tipos de empresas Vídeo A palavra empresa tem o significado de tarefa, realização, empreen- dimento ou, ainda, projeto. E, em economia, uma organização com ob- jetivo de lucros com a produção de bens ou serviços. Classificamos essas empresas como empresa individual, quando pertencente a uma só pessoa, e empresa societária, quando são dois, ou mais, os proprietá- rios. Seja individual ou societária, toda empresa precisa considerar sua função econômica na sociedade, respeitar todos os aspectos jurídicos, ser bem administrada e garantir seu sucesso.Ainda que as funções de produção, tecnologia e marketing sejam fun- damentais para assegurar a eficiência do processo empresarial, cabem aqui algumas observações iniciais sobre o aspecto econômico e a admi- nistração financeira na gestão de empresas. A administração financeira engloba, entre outras funções, a captação de recursos financeiros, de- cisões de investimentos, apuração e destinação de resultados. Assim, essa área ou departamento da empresa tem a função de prestadora de serviços, com uma necessidade constante de seu envolvimento com as outras áreas, para dar sustentabilidade econômica e financeira, e atingir as metas estabelecidas pela empresa. Em nosso regime econômico, é fundamental conhecer e dominar os recursos financeiros dis- poníveis, tanto para as operações pessoais como empresariais. O dinheiro, como conhecemos hoje, surgiu por volta de 700 anos a.C., após o sistema de escambo – troca entre produtos e serviços. Atual- mente, numa época de forte globalização, assisti- mos a uma tendência de abertura da economia dos países, e uma tentativa mais forte de entrosamento das políticas entre todos. Esses registros geram relatórios denominados Demonstrações Contábeis ou Demonstrações Financei- ras. Eles têm o objetivo de espelhar os fatos ocorri- dos na atividade empresarial, segundo princípios e metodologias próprias. É interessante observarmos o significado de contabilidade ou contabilização. A palavra em inglês, accountability significa: an obligation or willingness to accept responsibility or to account for one’s actions. Em tradução livre: uma obri- gação ou desejo em aceitar responsabilidade, ou registrar a realização de uma ação. Observe o significado de respon- sabilidade, além do simples registro de uma ação. Podemos considerar a contabilidade como um sistema responsável pelo registro dos fatos ocorridos e valorizados monetariamente numa empresa, ou também, uma ciência que estuda o patrimônio da entidade. Curiosidade 14 Contabilidade Geral 1.4 Demonstrações Contábeis Vídeo Seguir os fatos é o melhor caminho para entendermos as demons- trações contábeis. Para isso, devemos identificar a origem e o desti- no da ocorrência do fato. Para esclarecer mais esses termos, vejamos como exemplo a abertura de uma empresa comercial. Exemplo 1 Dificilmente fornecedores concedem crédito para pagamento a pra- zo aos novos empreendedores. Portanto, para iniciar em um segmento e comprar produtos a fim de poder vendê-los aos clientes, a empresa precisa ter recursos financeiros disponíveis, ou seja, algum capital. Tal- vez, no futuro, quando os fornecedores tiverem acesso ao histórico de cumprimento das obrigações financeiras da organização, seja mais fácil para ela realizar compras com pagamentos a prazo. Desta forma, no dia 01/01/20X0 o proprietário (ou os proprietários, caso seja uma societária) deve transferir um valor para a empresa. Va- mos supor que esse valor seja R$ 5.000,00. Seguindo os fatos, e registrando esse valor em nome da empresa, a origem é a transferência do capital do empreendedor para empresa. E o destino é a posse desse valor para o início das atividades da organi- zação. Uma observação importante é que, nesse momento, a preocu- pação da contabilidade deve ser registrar as ocorrências na empresa. 1.4.1 Balanço Patrimonial Assim aparece o primeiro tipo de demonstração contábil: o Balanço Patrimonial (BP). A palavra balanço é usada no sentido de equilíbrio, ou seja, mostrar valores iguais de origem e destino; o termo patrimonial é usado para demonstrar que é da empresa esse patrimônio. A Tabela 2 traz um exemplo de como seria o BP do exemplo 1. Tabela 2 Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial da empresa X em 01/01/20X0 – (R$ 0,00) (destino) 5.000,00 (origem) 5.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. O registro de origem e des- tino de recursos, isto é, dois registros, é baseado na técnica de partidas dobradas, enuncia- da pelo Frade Luca Pacioli. Atenção A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 15 O destino denominamos como Ativo, pelo fato de ser um valor que possibilitará gerar atividade para a empresa. E a origem denomina- mos como Passivo, representando a oposição ao Ativo e Passível de liquidação, por ser uma obrigação da empresa a quem lhe originou os recursos. Cabe agora outra observação, o proprietário disponibiliza e transfere seus recursos na expectativa de a empresa ter uma atividade que ele acredita ser viável, da qual ele é o responsável, caso contrário poderá perder seu capital. No futuro os fornecedores, se acreditarem na empresa, poderão conceder prazo para pagamento de novas compras. No entanto, esses fornecedores necessitarão do retorno desses valores para a continui- dade de seus negócios. Daí surge a necessidade de distinguir os cré- ditos recebidos do proprietário da empresa, registrados como Capital Social, dos créditos recebidos temporariamente de fornecedores dos produtos para a atividade. Observe, portanto, a nova forma de apre- sentação do Balanço Patrimonial na Tabela 3. Tabela 3 Balanço Patrimonial em 01/01/20X0 Balanço Patrimonial da empresa X em 01/01/20X0 – (R$ 0,00) ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Disponível 5.000,00 Capital Social 5.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Observe agora os nomes dados aos valores, para diferenciar os fu- turos e novos fatos. O destino passou a ser um valor disponível para as atividades futuras da empresa, e a origem, o capital dos proprietários ou sócios. A pergunta que poderíamos fazer é: por que Passivo e Patrimônio Líquido? Seguindo o raciocínio que distingue as funções de proprietá- rio e fornecedor, caso o valor tenha a origem no proprietário será do patrimônio, e caso o valor tenha a origem como crédito do fornecedor, será considerado uma dívida. Para contrapor um Ativo, surge a palavra Passivo, em que se registram todas as dívidas da empresa para com terceiros. Em outras palavras, Passivo (capitais de terceiros) e Patrimô- nio Líquido (capital próprio da empresa). 16 Contabilidade Geral Exemplo 2 No início dos negócios, a empresa, agora com dinheiro disponível, adquire 100 produtos para revenda pelo preço de R$ 20,00 cada, com pagamento à vista. Vamos denominá-los estoque, palavra usual para determinar produtos, comprados ou fabricados para revenda, nesse segundo caso, o estoque seria também de matérias-primas. O balanço da empresa X, após a compra de R$ 2.000,00 em produtos (R$ 20,00 x 100) está representado na Tabela 4. Tabela 4 Balanço Patrimonial em 02/01/20X0 Balanço Patrimonial da empresa X em 02/01/20X0 – (R$ 0,00) ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Disponível 3.000,00 Estoque 2.000,00 ____________________________________________ TOTAL 5.000,00 Capital Social 5.000,00 ____________________________________________ TOTAL 5.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Observamos algumas alterações dos balanços apresentados, como os nomes, os valores e as datas dos fatos. O padrão utilizado nessa de- monstração é a denominação das contas – disponível, estoques, capital social etc. –, as datas dos fatos e o total dos destinos (Ativos) e origens (Passivos e Patrimônio Líquido). Entretanto, no dia 2, os produtos para revenda, o estoque ou destino, tiveram origem na conta de disponíveis. Assim sendo, é bom nos familiarizarmos com os nomes e sempre lem- brarmos da necessidade de correspondência entre destino e origem, seja do grupo dos Ativos ou do grupo dos Passivos e do Patrimônio Líquido. Exemplo 3 No dia 3, a empresa realizou a venda de parte dos produtos em estoque. Para uma venda à vista de 10 produtos ao preço de R$ 30,00 cada, a primeira observação a serfeita é o reconhecimento da diferen- ça entre o valor da compra (o estoque registrado pelo custo de aqui- sição de R$ 20,00 cada) e o valor da venda. Confrontando os preços de custo com os de venda, obteremos um resultado, no caso, do lucro positivo pela diferença. Simplificando, supondo a necessidade de atualização da situação patrimonial, no momento dessa única negociação, podemos fechar o A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 17 balanço. Posteriormente, será possível criar uma condição melhor, ao conhecer a dinâmica das atividades comerciais, em que a cada momen- to diário, semanal, mensal, o volume poderá crescer. A demonstração patrimonial, nesse caso, ficaria como o exposto na Tabela 5. Tabela 5 Balanço Patrimonial em 03/01/20X0 Balanço Patrimonial da empresa X em 03/01/20X0 – (R$ 0,00) ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Disponível = 3.000,00 + 10 x 30,00 = 3.300,00 Estoque = 2.000,00 – 10 x 20,00 = 1.800,00 Capital Social 5.000,00 ____________________________________________ Lucro 100,00 TOTAL 5.100,00 TOTAL 5.100,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Pode ser um pouco confuso interpretar a Tabela 5, uma vez que o lucro não representa uma dívida, tampouco é considerado parte do capital social, no entanto, esse resultado é da empresa e, como tal, po- derá financiar outros bens ou mesmo quitar dívidas. Sendo assim, o lu- cro também pertence aos proprietários da empresa, fazendo do capital social um grupo denominado de Patrimônio Líquido. Surge, então, a necessidade de criar uma demonstração com o ob- jetivo de apurar os resultados dos negócios realizados em determinado período, podendo ser diário, semanal, mensal, trimestral, semestral ou anual. Nesse exemplo, consideraremos apenas um período diário, uma venda no dia 3, sem mais nenhum fato novo. Recapitulando Ativos representam bens e direitos controlados pela empresa com expectativa de benefício econômico, logo, podemos pensar em Ativos como investimentos. Passivos representam exigências e obrigações da empresa com terceiros, portanto, podemos usar o termo financia- mentos. E Patrimônio Líquido, assim como os Passivos, consideramos como financiamentos. Se consideramos Passivos e Patrimônio Líquido como financiamen- tos, a equação básica do BP é a diferença entre os Ativos e os Passivos: Ativos – Passivos = Patrimônio Líquido 18 Contabilidade Geral 1.4.2 Demonstração de Resultados do Exercício A Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) deverá revelar os resultados após um período de atividades, que, no caso do exemplo 3, é do dia 03/01/20X0. Nesse caso, estamos considerando o exercício de apenas um dia. Mas o usual é que a DRE seja feita considerando o mês todo. Veja a Tabela 6. Tabela 6 Demonstração de Resultados de 03/01/20X0 Demonstração de Resultados de 03/01/20X0 R$ Receita de vendas (10 x 30,00) 300,00 Custo dos produtos vendidos (10 x 20,00) 200,00 Resultado ou Lucro 100,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Ao final do dia 03/01/20X0, o Balanço Patrimonial será como na Tabela 7. Tabela 7 Balanço Patrimonial em 03/01/20X0 Balanço Patrimonial da empresa X em 03/01/20X0 – (R$ 0,00) ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Disponível 3.300,00 Estoque 1.800,00 Passivo 0,00 Capital Social 5.000,00 Lucro Acumulado 100,00 ____________________________________________ Patrimônio Líquido 5.100,00 TOTAL 5.100,00 TOTAL 5.100,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Exemplo 4: Como último exemplo, vamos considerar que a empresa X, do dia 04 ao dia 07/01/20X0, vendeu, a prazo, mais 40 produtos ao preço uni- tário de R$ 30,00, e alugou uma loja com o valor do contrato de aluguel de R$ 200,00 por semana, a pagar no primeiro dia do mês seguinte. As- sim, a DRE da semana ficaria conforme podemos observar na Tabela 8. A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 19 Tabela 8 Demonstração de Resultados do período de 01 a 07/01/20X0 Demonstração de Resultados (01 a 07/01/20X0) R$ Receita de vendas* (10 + 40) x 30,00 1.500,00 Custo dos produtos vendidos (10 + 40) x 20,00 1.000,00 Despesas com aluguel* 200,00 Resultado ou Lucro 300,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Agora fica a questão. Qual a razão de termos registrado tanto a re- ceita de vendas e as despesas com aluguel, nesse período, se parte das receitas ainda não foram recebidas, tampouco, o aluguel foi pago? A explicação é a seguinte: ao encerrar as atividades de um período, desejando conhecer a real situação patrimonial, o aluguel, mesmo que parcial, representa uma obrigação da empresa, uma dívida para com um terceiro, assim como os valores vendidos a prazo aos clientes re- presentam um direito de cobrar os valores a receber. O Balanço Patrimonial da empresa X, encerrado em 07/01/20X0, será como o exposto na Tabela 9. Tabela 9 Balanço Patrimonial em 07/01/20X0 ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Disponível 3.300,00 Contas a receber 1.200,00 Estoque 1.000,00 Aluguel a pagar 200,00 _________________________________________ Passivo 200,00 Capital Social 5.000,00 Lucro Acumulado 300,00 _________________________________________ Patrimônio Líquido 5.300,00 TOTAL 5.500,00 TOTAL 5.500,00 Fonte: Elaborado pelo autor. Essas duas demonstrações básicas da contabilidade das empresas são fundamentais a outros usuários e para a gestão da empresa. No momento, podemos compreender as duas demonstrações, como ilus- trado a seguir nas Tabelas 10 e 11. 20 Contabilidade Geral Tabela 10 Modelo de DRE Demonstração de Resultados do Exercício (em R$ 0,00) Período Receita de vendas XXXX Custo dos produtos vendidos YYY Outras despesas ZZ Resultado ou Lucro WW Fonte: Elaborada pelo autor. Tabela 11 Modelo do Balanço Patrimonial encerrado na data DD/MM/AAAA Balanço Patrimonial da empresa X (em R$ 0,00) ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Bens e Direitos Passivo (obrigações) Patrimônio Líquido (capital e resultados) Os Ativos representam todas aplicações de recursos (dinheiro disponível, produtos em estoque etc.) e direitos (contas a receber de clientes, por exemplo). Os Passivos representam todas obrigações de terceiros à empresa (empréstimos, contas a pagar etc.) O Patrimônio Líquido representa o total dos recursos dos proprietários da empresa (capital dos sócios, resultados acumulados etc.) Fonte: Elaborada pelo autor. Observe o resultado de R$ 300,00 referente ao primeiro período de 7 dias, na Tabela 8, e integrado como Lucro Acumulado na Tabela 9. A ra- zão de fazermos duas declarações separadas é porque enquanto a DRE apresenta dados de um período, o BP mostra apenas saldos na data final do encerramento daquele período. Os resultados de um período perten- cem à empresa, e por esse motivo se integram ao patrimônio dela. Observe os fatos ocorridos na Livraria ABC e, seguindo os exemplos dados anteriormente, prepare a DRE de 01/02/20X1 a 07/02/20X1 dessa empresa. 1. Dia 01/02/20X1, o Sr. Antonio transferiu um total de R$ 10.000,00 em dinheiro para a formação da empresa que tinha como objetivo comprar e vender livros. 2. No dia 02/02/20X1, alugou uma casa para a primeira loja da Livraria ABC, por um valor semanal de R$ 400,00, a pagar todo primeiro dia da semana seguinte.3. No mesmo dia adquiriu e recebeu o primeiro lote de livros, a pagar no dia 07 do referido mês, no valor total de R$ 2.000,00. 4. No dia 04/02/20X1, vendeu parte de seu estoque de livros, pelo preço de venda total de R$ 500,00 e recebeu a vista. O custo desses livros foi de R$ 300,00. (Continua) Atividade 1 A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 21 5. No dia 06/02/20X1, comprou e pagou móveis para o escritório, no valor de R$ 5.000,00. 6. No dia 07/02/20X1, vendeu, a prazo, mais livros por R$ 1.200,00, e pagou os livros comprados no dia 02. O saldo de livros em estoque é de R$ 700,00. Atividade 2 Em seguida, feche o Balanço Patrimonial encerrado em 07/01/20X1. 1.4.3 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Antes da exigência dessa demonstração, as empresas realizavam a Demonstração de Lucros Acumulados (DLA), em que os resultados de determinado exercício, positivos ou negativos, eram adicionados aos dos exercícios anteriores, e poderiam ser, parcial ou integralmente, dis- tribuídos aos proprietários e acionistas. Se após essa distribuição res- tasse saldo, era adicionado ao Patrimônio Líquido em conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados. Entretanto, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) incorpora a DLA, pela possível existência de outros eventos, tais como: aumento de capital por parte dos sócios, distribuição de parte dos resultados, incorporação dos resultados ao capital, reavaliações nos Ativos, ajustes de exercícios anteriores, criação de reservas para decisão futura, entre outros. Vejamos na Tabela 12, sem muitos deta- lhes, a DMPL. Tabela 12 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido DMPL* (R$ 0,00) Capital Social Reservas de Capital Reservas de Lucros Lucros ou Prejuízos Acumulados Total Saldo no início do Exercício 5.000,00 5.000,00 Dividendos Aumento de Capital Reversões de reservas Lucros ou Prejuízos do Exercício 300,00 300,00 Destinação do Lucro Saldo no final do Exercício 5.000,00 300,00 5.300,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Com os dados e resultados apurados na Atividade 1 e o Balanço Patrimonial fechado na Atividade 2, prepare a DMPL da Livraria ABC, de acordo com a Tabela 12. Atividade 3 22 Contabilidade Geral 1.4.4 Demonstração dos Fluxos de Caixa Antes do ano de 2008, a legislação exigia, também, a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), entretanto, em dezem- bro de 2007, a Lei n. 11.638/2007 alterou e revogou muitos dispositivos da Lei n. 6.385/76 e da Lei n. 6.404/76. E, assim, a DOAR foi substituída pela publicação da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). Enquanto a DOAR contemplava uma riqueza maior de informações, e destacava as principais variações nos recursos obtidos e aplicados no dia a dia das atividades da empresa – comumente denominado de ca- pital circulante líquido – a DFC destaca as variações no saldo de valores disponíveis para um determinado período. Para compreender melhor a DFC, seus métodos de apuração e sua apresentação, destacamos suas três partes, ou fluxos: • Fluxo das operações ou das atividades operacionais. • Fluxo dos investimentos. • Fluxo dos financiamentos. Vejamos, na Tabela 13, um modelo para compreensão da DFC: Tabela 13 Demonstração dos Fluxos de Caixa Demonstração dos Fluxos de Caixa Exercício 20X0 1. Fluxo das atividades operacionais Total dos valores recebidos (+) e pagos (-), relativos ao lucro operacional da empresa. 2. Fluxo de investimentos Total dos valores recebidos (+) e pagos (-), relativos a investimentos de longo prazo, imobilizado, intangível entre outros. 3. Fluxo de financiamentos Total dos valores recebidos (+) e pagos (-), relativos a Passivos e Patrimônio Líquido. Variação de Caixa no período Soma dos 3 fluxos Fonte: Elaborada pelo autor. Se esse demonstrativo ao exemplo 4, a DFC da empresa X ficaria conforme a Tabela 14. A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 23 Tabela 14 Demonstração dos Fluxos de Caixa. Demonstração dos Fluxos de Caixa De 01 a 07/01/20X0 R$ 0,00 Atividades operacionais Recebido de clientes Aumento de estoques Aumento com clientes Aluguel a pagar 300,00 (1.000,00) (1.200,00) 200,00 1. Atividades operacionais TOTAL (1.700,00) 2. Atividades de investimentos Sem registro no exemplo 0,00 3. Atividades de financiamentos Sem registro no exemplo 0,00 Variação de Caixa (1 + 2 + 3) TOTAL (1.700,00) Fonte: Elaborada pelo autor. 1.4.5 Demonstração do Valor Adicionado De acordo com a já citada Lei n. 11.638/2007, as empresas com capi- tal aberto, isto é, com negociação de suas ações em Bolsas de Valores, devem apresentar uma Demonstração do Valor Adicionado (DVA). O objetivo da DVA é mostrar a criação de riqueza produzida e sua dis- tribuição entre funcionários, acionistas, financiadores de capital e go- verno, revelando a somatória de valor adicionado à sua riqueza. Caso sejam apresentadas por todas as empresas de um país, essa soma for- ma o PIB do país. A seguir, um exemplo da DVA na tabela 15. Tabela 15 Demonstração do Valor Adicionado Contas R$ 1 Receitas com produtos e serviços 100,00 2 Adquiridos de terceiros 40,00 3 Retidos 10,00 4 Líquido produzido pela empresa (1 – 2 – 3) 50,00 5 Recebido em transferência 5,00 (Continua) Por fim, ainda com base na atividade 1, prepare a DFC da Livraria ABC, referente ao período dos primeiros 7 dias de atividades. Atividade 4 24 Contabilidade Geral Contas R$ 6 Total a distribuir (4 – 5) ou (7 + 8 + 9 + 10) 45,00 7 Funcionários 15,00 8 Acionistas 10,00 9 Financiadores de capital 5,00 10 Governo 15,00 Fonte: Elaborada pelo autor. 1.5 Usuários das demonstrações financeiras Vídeo Sejamos nós proprietários, administradores, empregados, fornece- dores, clientes, concorrentes, emprestadores de capital ou, até mesmo, parte do governo, de alguma maneira somos usuários das demonstra- ções contábeis ou financeiras de uma empresa. Entre alguns aspectos de relacionamento desses diversos usuários e a empresa, podemos exemplificar, sem a finalidade de esgotar nossas observações: • Os proprietários ou acionistas desejam o retorno para seus investimentos, assim como a expectativa de manutenção das operações, capacidade de liquidez, crescimento da empresa e de seus resultados. • Os administradores devem acompanhar e avaliar constante- mente as suas decisões na empresa, mensurando as suas conse- quências para com todos os usuários, internos ou externos. • Empregados têm sempre a expectativa de manutenção das ope- rações da empresa, para garantia de crescimento dos rendimen- tos e desenvolvimento profissional. O conhecimento das funções, o desempenho pessoal, a experiência profissional, a proximidade com a administração e as informações financeiras deverão servir para a estabilidade na empresa. • Os fornecedores desejam reconhecer na empresa, como clien- tes, a capacidade de pagamento, continuidade e crescimento do relacionamento, observando a rentabilidade e continuidade das operações. A preocupação dos fornecedores com os seus concor- rentes diretos, para a qualidade, preços e possibilidade de subs- A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 25 tituição de seus produtos é um fator de sucesso e contribui para sua continuidade do relacionamento. • Clientes devem avaliar a garantia de fornecimento e prazo de entrega de seus pedidos. Certamente têm preocupação com a capacidade instalada, projetos de expansão e alterações futuras da empresa. Clientes com conhecimento da rede de fornecedo- res podem tentar diminuir a dependência de cada um deles, as- sim como estabelecer critérios de escolha, permitindo opções de compras. • Os concorrentes podem ampliar seus conhecimentos por meio da comparação de receitas, custos e despesas, participação nos mercados em que atuam e traçar estratégias para manter ou me- lhorar seus posicionamentos. • As instituições financeiras, como outros financiadores de ca- pital mostram suas preocupações comanálise de risco, para se resguardar de surpresas, permitir a concessão, manutenção e re- novação de empréstimos, seja a curto ou longo prazos. • O governo, seja federal, estadual ou municipal, tem como função, acompanhar e analisar a empresa, seu desempenho, capacitação, e situação econômico-financeira, observando os processos de concorrência pública, para a formulação de políticas econômicas. Enfim, podemos perceber a importância do conhecimento, não ape- nas do produto ou serviço que a empresa faz, mas, como daqueles que colaboram para a manutenção e continuidade dos negócios. 1.6 Contabilidade e finanças Vídeo Os relatórios financeiros que estudaremos agora devem demonstrar os resultados de atividades da empresa com seus clientes, e a situação dos seus investimentos e financiamentos. Já vimos as demonstrações contábeis que devem ser realizadas e disponibilizadas aos diversos usuários. No exemplo dado, com atividades de compras e vendas, o resultado de R$ 300,00 no período de 01/01 a 07/01/20X0 provocou um acréscimo no patrimônio da empresa. Enquanto todo o trabalho de registro das informações é contabi- lizado pela empresa, o gestor ou administrador se preocupa em ob- servá-lo e desempenhar suas funções com o objetivo de produzir os resultados esperados pelos proprietários e outros usuários. 26 Contabilidade Geral 1.6.1 Investimentos ou Ativos Os relatórios de investimentos ou Ativos representam todos os bens adquiridos para realização da sua atividade. A palavra Ativo significa in- vestimentos em atividade, no grupo do Balanço Patrimonial. Pensando nos Ativos como investimentos, poderemos distinguir entre aqueles com objetivos de curto prazo e outros com finalidades de longo prazo. Em termos econômicos, o investimento feito em uma máquina, por exemplo, não tem capacidade de produzir resultados por si rapidamen- te. Já o investimento em matéria-prima traz resultados assim que ela é transformada em produto acabado para venda. Por isso, consideramos que a matéria-prima tem a finalidade de dar retorno em um curto es- paço de tempo, enquanto a máquina oferece retorno a longo prazo. 1.6.2 Financiamentos ou Passivos Os relatórios de financiamentos ou Passivos representam o total de recursos para financiar os investimentos. Esses financiamentos podem ter como origem terceiros à empresa (como instituições financeiras, fornecedores de produtos, impostos devidos ao governo, contratos de prestação de serviços etc.) formando o grupo de Passivos do Balanço Patrimonial. Mas o capital dos sócios, que faz parte do Patrimônio Lí- quido, também representa um financiamento para a empresa. Quando a empresa começa a produzir resultados positivos, esses, caso não se- jam distribuídos, incorporam o Patrimônio Líquido e podem ser usados para financiar novos investimentos. 1.6.3 Resultados Os relatórios de resultados representam o total de ganhos e gastos incorridos na atividade da empresa, durante um certo período, e são registrados na DRE. No exemplo, os resultados de ganhos, ou receitas de vendas, são confrontados com os gastos, ou custos dos produtos adquiridos que foram vendidos, e qualquer outra despesa incorrida no período referente à atividade da empresa. A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS Fazer a contabilidade de uma empresa exige disciplina e metodologia, para a obtenção e apresentação dos dados. Os usuários devem ter à disposição as informações necessárias para a tomada de decisões; os gestores para acompanhamento e eventual revisão de suas decisões; os fornecedores de produtos e serviços para garantir o crédito à em- presa; os clientes para o atendimento contínuo de suas necessidades; os financiadores de capital para garantir o retorno dos recursos em- prestados; os empregados para manutenção de seus rendimentos e desenvolvimento profissional; e o governo para a formulação de polí- ticas públicas. O esquema abaixo ilustra o significado das duas principais demons- trações financeiras estudadas até o momento: o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados. Ativos e Passivos início do momento 1 Resultados do período 1 Ativos e Passivos final do momento 1 Renomeando os termos usados no esquema anterior, para compreen- der o significado dessas demonstrações financeiras, temos o seguinte esquema. Investimentos e Financiamentos início do momento 1 Investimentos e Financiamentos final do momento 1 Resultados do período 1 Ativos e Passivos, ou ainda, Investimentos e Financiamentos, devem provocar resultados. Podemos pensar nos Ativos como expectativa de resultados, mesmo que gerem custos ou gastos, e nos financiamentos como disponibilização de recursos. Se confrontados, ganhos (receitas) e gastos (custos ou despesas), os resultados da atividade podem alterar a composição dos financiamentos e investimentos, aumentando ou redu- zindo seus valores. 28 Contabilidade Geral REFERÊNCIAS ADVFN. ADVFN Brasil, 2019. PlB Brasil. Disponível em: https://br.advfn.com/indicadores/ pib/brasil. Acesso em:23 dez. 2019. ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 11. ed, São Paulo: Atlas, 2015. BRASIL. Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 7 dez. 1976a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6385. htm. Acesso em: 23 dez. 2019. BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 15 dez. 1976b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l6404compilada.htm. Acesso em: 23 dez. 2019. BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 28 dez. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 23 dez. 2019. CRIPPS, J. Particularis de computis et scripturis: a contemporary interpretations. Seattle: Pacioli Society, 1994. HENDRIKSEN, E.; VAN BREDA, M. Teoria da Contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. GABARITO 1. O registro dos Resultados do Exercício de 01/02/20X1 a 07/02/20X1 da Livraria ABC é: Demonstração de Resultados (01 a 07/02/20X1) R$ Receita de vendas (itens 4 e 6) 1.700,00 Custo dos produtos vendidos (itens 4 e 6) 1.300,00 Despesas com aluguel (item 2) 400,00 Resultado ou Lucro 0,00 2. O Balanço Patrimonial da Livraria ABC, fechado em 07/02/20X1 é: ATIVO – 07/02/20X1 PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO – 07/02/20X1 *Disponível 3.500,00 Contas a receber 1.200,00 Estoque 700,00 Móveis 5.000,00 Aluguel a pagar 400,00 Passivo 400,00 Capital Social 10.000,00 Lucro Acumulado 0,00 Patrimônio Líquido 10.000,00 TOTAL 10.400,00 TOTAL 10.400,00 *Disponível = (10.000,00 – 2.000,00 (estoque) – 5.000,00 (móveis) + 500,00 (venda dos livros) https://br.advfn.com/indicadores/pib/brasil https://br.advfn.com/indicadores/pib/brasil http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6385.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6385.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 29 3. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido em 07/01/20X1. DMPL* (R$ 0,00) Capital Social Reservas de Capital Reservas de LucrosLucros ou Prejuízos Acumulados Total Saldo no início do Exercício 10.000,00 10.000,00 Dividendos Aumento de Capital Reversões de reservas Lucros ou Prejuízos do Exercício 0,00 0,00 Destinação do Lucro Saldo no final do Exercício 10.000,00 0,00 10.000,00 4. Preparando a Demonstração dos Fluxos de Caixa de 01 a 07/02/20X1 Demonstração dos Fluxos de Caixa De 01 a 07/02/20X1 R$ 0,00 Atividades operacionais Aumento de estoques Aumento com clientes Aluguel a pagar (700,00) (1.200,00) 400,00 4. Fluxo Atividades operacionais TOTAL (1.500,00) 5. Fluxo de investimentos Móveis (5.000,00) 6. Fluxo de financiamentos Sem registro 0,00 Variação de Caixa (1 + 2 + 3) TOTAL (6.500,00) . Observe a variação de caixa reduzida de R$ 10.000,00 (recursos do sócio Sr. Antonio) para R$ 3.500,00, com R$ 6.500,00 de redução no caixa. . Durante o período, os Ativos operacionais passaram de zero para R$ 700,00 em estoques e R$ 1.200,00 a receber de clientes, o que representa investimento na atividade da empresa. Por outro lado, há o aumento de Passivo Circulante em razão do financiamento pelo uso da casa (aluguel), permitindo à empresa manter suas atividades no período. Isso tudo causa uma redução de R$ 1.500,00 (R$ 700,00 + R$ 1.200,00 – R$ 400,00) na disponibilidade de recursos. . Com o pagamento pelos móveis, no valor de R$ 5.000,00, considerado no fluxo dos investimentos, o total de saída de recursos chega a R$ 6.500,00. 30 Contabilidade Geral Os registros de ocorrências e transações de um negócio geram Demonstrações Contábeis ou Financeiras que objetivam espelhar os fatos ocorridos na atividade empresarial. Neste capítulo, vamos conhecer a estrutura do patrimônio da empresa, a composição dos ativos (investimentos) e a dos passivos (financiamentos); abordaremos os princípios e convenções que regem a contabilidade, com os exemplos vistos no capítulo anterior para a melhor compreensão do sistema contábil; desvendaremos com detalhes a estrutura e contas dos Ativos, dos Passivos e Patrimônio Líquido; e, por último, faremos uma elaboração completa do Balanço Patrimonial com uma breve análise dessa demonstração. Balanço Patrimonial 2 2.1 Estrutura do patrimônio da empresa – investimentos e financiamentos Vídeo Seguir o fluxo dos recursos das transações é imprescindível para en- tendermos as demonstrações contábeis. Entretanto, devemos identifi- car sempre a origem e o destino dos recursos em valores monetários, para que os registros espelhem onde foram feitas as aplicações e quais as fontes que originaram. Para exemplificar a Demonstração do Balanço Patrimonial da empresa, voltaremos ao caso da empresa X (Capítulo 1), criada para comercializar produtos, que no dia 01/01/20X0 recebeu uma trans- ferência de recursos no valor de R$ 5.000,00 para sua formação ini- cial. Seguindo o Exemplo 1, presente no capítulo anterior, o destino é a posse desse valor, em caixa e disponível para o início das ativi- dades, e a origem é o capital dos sócios na empresa. No Exemplo 2, a empresa adquiriu produtos para revenda (destino), pagando à vista (origem). No Exemplo 3, vendeu produtos de seus estoques (origem) e recebeu à vista (destino). No Exemplo 4, vendeu mais O livro Curso de contabili- dade para não contadores pode ser muito elucida- tivo para que você com- preenda os conceitos dos termos contábeis. IUDÍCIBUS, S.; MARION, J.C. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009. Livro Balanço Patrimonial 31 produtos (origem) a prazo (destino) e reconheceu o aluguel semanal (destino) a pagar no futuro (origem). Na linguagem contábil, o registro para o destino dos recursos é denominado débito, com o sentido de dever, ou da expressão “o que se deve a”. Por outro lado, para denominar os recursos de origem, usamos a palavra crédito, com a mesma raiz da palavra credo, que significa representar confiança, ou ainda, quem acredita ou empresta. No Exemplo 1, quem concedeu o crédito à empresa foi o proprie- tário, e, portanto, o dinheiro disponível é devido ao fato de a empre- sa possuir o capital do sócio. Dessa forma, podemos afirmar que faz sentido os investimentos ou Ativos crescerem a débito, pois os finan- ciamentos concederam créditos. O Balanço Patrimonial possui a se- guinte estrutura: à direita contém os Passivos e o Patrimônio Líquido, e à esquerda, os Ativos, parecendo a letra T, como podemos ver na Tabela 1 Tabela 1 Contas iniciais com o crédito do capital e o débito no caixa Caixa ou Disponível Capital Social Débito Crédito Débito Crédito 5.000,00 5.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Dessa forma, podemos afirmar que os Ativos crescem a débito en- quanto os passivos crescem a crédito. Tabela 2 Balanço inicial da empresa ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Disponível 5.000,00 Capital Social 5.000,00 TOTAL 5.000,00 TOTAL 5.500,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Assim como afirmamos que Ativos crescem a débito, podemos tam- bém dizer que Ativos decrescem a crédito, uma vez que podem con- ceder crédito ao liberar recursos para liquidação dos financiamentos, ou mesmo para aquisição de novos Ativos. É o caso, entre outros, dos recursos disponíveis, ou em caixa, para aquisição de outros Ativos ou mesmo para liquidação de algum passivo. Atenção Todos esses fatos estarão espe- lhados no próximo tópico. 32 Contabilidade Geral O que se pretende, com a demonstração patrimonial, é estarmos sempre atentos aos investimentos feitos e como estão sendo financia- dos. A notação contábil de Ativos e passivos pode, por vezes, ser es- quecida, mas deve auxiliar o administrador na avaliação dos recursos financeiros aplicados nos investimentos e a identificação das origens dos financiamentos. Ativos (investimentos) podem ter várias funções em uma organiza- ção. O dinheiro disponível da empresa pode, em um curto espaço de tempo, pagar dívidas, distribuir resultados aos sócios, comprar produ- tos para revenda, adquirir e pagar insumos, realizar construções etc. Estoques de produtos para revenda devem estar, se possível a curto prazo, disponíveis aos consumidores. Em outras palavras, devem ser realizáveis em curto espaço de tempo. Diferentemente de equipamen- tos para produção, ou computadores de escritório utilizados para a organização dos trabalhos, que não estão disponíveis para venda, ou seja, não serão realizáveis no mesmo tempo em que os estoques. Abordaremos isso com mais detalhes na seção 2.3, mas, à primeira vista, podemos compreender que tais Ativos têm características de per- manências diferentes na empresa – alguns são de curto prazo e outros de longo prazo. Desse modo, denominamos como Ativos Circulantes os Ativos de valores com a realização em curto prazo (normalmente de até um ano), diferentemente daqueles com realização em longo prazo, os Ativos Não Circulantes. No exemplo do Capítulo 1, a empresa X possuía apenas Ativos Circulantes: o dinheiro disponível e saldo dos estoques. Esses Ativos teriam uma circulação relativamente rápida, podendo também ser denominados como Ativos Realizáveis de Curto Prazo. Tal como os Ativos, classificamos os Passivos de acordo com o prazo de realização, curto ou longo, bem como se circulantes ou não circulan- tes. Trataremos desse tópico com mais detalhes na seção 2.4, mas, por hora, é importante percebermos que os passivos também têm nature- zas distintas de tempo para a sua liquidação, ou para cumprimento das obrigações, isto é, dívidas com vencimento em curto ou longo prazo. Suponha, por exemplo, uma compra de equipamentos financiada com pagamentos anuais por cinco anos, diferentemente de impostos, salários de funcionários, encargos sociais, com vencimentos muito pró- ximos das suas ocorrências, ou em mês seguinte. São essas as diferen- ças que usamos para classificar os passivos com vencimentos em curto Ativos crescem a débito e reduzema crédito. Passivos crescem a crédito e reduzem a débito. Importante Balanço Patrimonial 33 prazo como Passivos Circulantes e os outros, com vencimentos acima de um ano, como Passivos Não Circulantes. No caso do Patrimônio Líquido, que também serve como finan- ciamento para os Ativos, a grande diferença fica por conta da sua ori- gem. Enquanto os Passivos representam financiamentos de terceiros à empresa, o Patrimônio Líquido corresponde aos recursos dos pro- prietários. Por essa razão, o Passivo representa o capital de terceiros, enquanto o Patrimônio Líquido, o capital próprio. Na Tabela 3, é possí- vel observar a empresa sem dívidas com terceiros, ou seja, sem passi- vo, e o Capital Social formando o Patrimônio Líquido. Tabela 3 Balanço inicial da empresa X Balanço Patrimonial da empresa X em 01/01/20X0 – (R$ 0,00) ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Disponível 5.000,00 Passivo 0,00 Capital Social 5.000,00 TOTAL 5.000,00 TOTAL 5.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor Enfim, a estrutura das contas patrimoniais deverá observar o tempo de maturação ou liquidação dos Ativos e passivos, tanto no caso dos investimentos em curto prazo (Ativos Circulantes), como nos de longo prazo (Ativos Não Circulantes). Quanto aos passivos, devemos observar o tempo para sua liquidação ou vencimento, de curto prazo (Passivos Circulantes) e de longo prazo (Passivos Não Circulantes). 2.2 Princípios e Convenções Vídeo Com a Lei n.11.638/2007, e seguindo as normas internacionais de contabilidade, passou-se a observar as características qualitativas das informações contábeis. Assim, os pronunciamentos técnicos do Comi- tê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) passaram a vigorar no Brasil, regendo a apresentação das demonstrações contábeis, mas, por ou- tro lado, a denominação princípios geralmente aceitos não foi adotada pelo país. O comitê emitiu o Pronunciamento Conceitual Básico – Estrutura Con- ceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis 34 Contabilidade Geral (SUMÁRIO, 2019). No entanto, podemos seguir, para fins didáticos, a apresentação de alguns princípios, independente de ordem, e sem prejuízo dos conceitos que dirigem a estrutura da elaboração e apre- sentação das demonstrações contábeis. A grande diferença reside na prioridade da essência sobre a forma. O objetivo da contabilidade é cuidar do patrimônio da empresa, e, para isso, é necessário observar as ocorrências da empresa e não as de seus proprietários; isso nos leva ao primeiro princípio, o da entida- de, que significa que a contabilidade deve registrar as ocorrências na nova entidade, seja empresa ou pessoa jurídica. Em outras palavras, a contabilidade não mistura os recursos da empresa com os dos sócios. Retomando o Exemplo 1 (Capítulo 1), podemos observar que o ca- pital é da empresa (nova entidade), mesmo tendo origem nos recursos de seus sócios. Tabela 4 Balanço Patrimonial da Empresa X Balanço Patrimonial da empresa X em 01/01/20X0 – (R$ 0,00) ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Disponível 5.000,00 Capital Social 5.000,00 TOTAL 5.000,00 TOTAL 5.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Retomando, agora, o Exemplo 2, que registrou a compra de 100 pro- dutos para revenda à vista, ao custo de R$ 20,00 cada unidade, temos o segundo princípio, o de custo histórico como base de valor, o que sig- nifica, em outras palavras, que os Ativos devem ser registrados pelo valor do custo na empresa. Observe, na Tabela 5, os Ativos com valores históricos. Tabela 5 Exemplo 2 Balanço Patrimonial da empresa X em 01/01/20X0 – (R$ 0,00) Ativo PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Disponível 3.000,00 Estoque 2.000,00 Capital Social 5.000,00 TOTAL 5.000,00 TOTAL 5.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor Atividade 1 José resolveu investir em um negócio de roupas usadas, um brechó, e utilizou sua antiga casa, desocupada há meses, para montar sua loja. A casa tem o valor de R$ 150.000,00, e José transferiu a propriedade, em 01/03/20X0, para a sua nova empresa Brechó do Zé. Como fica o patrimônio da loja? Elabore uma tabela. Balanço Patrimonial 35 Nesse caso, ocorre a troca de um Ativo por outro. Os recursos dis- poníveis ou em caixa passam a ser recursos em produtos ou estoque. Uma origem na disponibilidade e um destino em estoque pelo custo de aquisição ou histórico. No Exemplo 3, citado no capítulo anterior, temos o dia 03/01/20X0 da empresa X, após a venda à vista de 10 produtos, ao preço de R$ 30,00 cada. Aqui surge, portanto, o terceiro princípio: o de Realização. O registro contábil segue o fato gerador das receitas, não obedecendo obrigatoriamente ao regime de caixa. A receita da venda será confron- tada com os custos (10 produtos a R$ 20,00 cada), ou gastos, para a realização do resultado. E assim surge o princípio de regime de compe- tência, isto é, o registro simultâneo dos gastos envolvidos para a reali- zação da receita, resultando no lucro ou prejuízo do período contábil. Se uma venda produziu resultados favoráveis à empresa, isso resul- tou em uma troca de um bem por algo de maior valor. Nesse caso, a troca de produtos em estoque (R$ 200,00) por um valor maior, no caso em dinheiro (R$ 300,00). Essa diferença é favorável à organização, pois ela passa a ter mais recursos nos Ativos, já que houve um lucro de R$ 100,00. Essa diferença, portanto, passa a fazer parte do Patrimônio Lí- quido da empresa sob a denominação de lucros acumulados. Todos os registros podem e devem ser feitos em declaração separa- da, uma vez que o volume de vendas deverá ser contínuo e com valores variados durante um período razoavelmente grande. Por essa razão, existe a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE), já apresenta- da brevemente no capítulo anterior (Tabela 6). Tabela 6 Resultados apurados no período contábil Demonstração de Resultados de 03/01/20X0 R$ Receita de vendas (10 x 30,00) 300,00 Custo dos produtos vendidos (10 x 20,00) 200,00 Resultado ou Lucro 100,00 Fonte: Elaborada pelo autor Já na Tabela 7, podemos ver o Balanço Patrimonial da empresa X em 03/01/20x0. É importante destacar que houve a redução nos estoques (crédito no Ativo), com a contrapartida do débito em custo dos produ- tos vendidos. 36 Contabilidade Geral Tabela 7 Balanço após um período de atividades Balanço Patrimonial da empresa X em 03/01/20X0 – (R$ 0,00) ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Disponível 3.300,00 Estoque 1.800,00 Passivo 0,00 Capital Social 5.000,00 Lucros Acumulados 100,00 ____________________________________________ Patrimônio Líquido 5.100,00 TOTAL 5.100,00 TOTAL 5.100,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Nesse caso, fechamos o balanço após o período de um dia de ativi- dade, porém, não é recorrente fazer isso em tão curto espaço de tem- po. O ritmo das atividades é maior por parte das empresas – assim, os períodos para registro dos resultados contábeis são normalmente mensais, trimestrais, semestrais e anuais. É daí que vem o termo De- monstração dos Resultados do Exercício, pois entendemos que exercício é referente aoperíodo contábil. No exemplo dado, esperamos o período de uma semana para conhe- cer a situação patrimonial. Logo, a DRE foi semanal (01 a 07/01/20X0). No Exemplo 4, do Capítulo 1, pudemos observar uma nova venda a prazo, de 40 unidades ao preço de R$ 30,00 cada, com baixa pelo custo (40 x R$ 20,00), e o contrato de aluguel com valor de R$ 200,00 por se- mana, embora com pagamento a ser efetuado no primeiro dia do mês seguinte. Tabela 8 Demonstração de Resultados da semana 01 a 07/01/20X0 Demonstração de Resultados de 01 a 07/01/20X0 R$ Receita de vendas (10 x 40) x 30,00 1.500,00 Custo dos produtos vendidos (10 + 40) x 20,00 1.000,00 Despesas com aluguel 200,00 Resultado ou Lucro 300,00 Observe que as receitas, custos e despesas seguem o Regime de Competência e são registradas de acordo com a ocorrência. Fonte: Elaborada pelo autor. Atividade 2 No dia 15/03/20X0 José resolveu comprar roupas usadas por R$ 1.500,00, e, assim, iniciar as atividades de seu brechó. Essa compra deverá ser paga no dia 31/03/20X0. José espera vendê-las até lá. Como fica o balanço da loja na data de 15/03/20X0? Balanço Patrimonial 37 Seguindo com o mesmo princípio, o resultado deve ser apurado ao final do período contábil, para podermos fechar o Balanço Patrimonial e avaliar as atividades que afetaram o patrimônio. Tabela 9 Balanço encerrado após uma semana de atividades Balanço Patrimonial da empresa X em 07/01/20X0 – (R$ 0,00) ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Disponível 3.300,00 Contas a receber 1.200,00 Estoque 1.000,00 Aluguel a pagar 200,00 ____________________________________________ Passivo 200,00 Capital Social 5.000,00 Lucros Acumulados 300,00 Patrimônio Líquido 5.300,00 TOTAL 5.500,00 TOTAL 5.500,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Comparando os valores e itens de Ativos e passivos, notamos duas variações importantes nos Ativos: crescimento de valores a receber e de estoques. Nos passivos, o aparecimento da primeira obrigação ou dívida contraída na semana. No Patrimônio Líquido, um crescimento com o valor dos resultados do período. Na referida semana, a empresa X teve um resultado de R$ 300,00 e um crescimento de 10% em seu Ativo, após sete dias de atividades. Isso, contudo, não é uma análise, pois, para sê-lo, outros indicadores deveriam ser considerados. Trata-se, portanto, de uma observação sem entrar no mérito de desempenho. Voltemos agora aos princípios e convenções, pois outros critérios devem ser observados. São eles: a. Os registros devem seguir um denominador comum monetário. No caso do Brasil, o denominador usado é o Real. b. Assim como visto no Exemplo 2 (Capítulo 1), os investimentos ou aquisições devem ser contabilizados com base no custo histórico. c. As alterações na Lei n. 6.404/76 pela Lei n. 11.638/2007 criaram condições para a convergência às normas internacionais da contabilidade. As principais mudanças se referem à prevalência da No Balanço Patrimonial, todas as contas dos ativos são regis- tradas com os valores dos seus bens ou direitos. Já as contas dos passivos com os valores das obrigações e o Patrimônio Líqui- do têm como valor a diferença entre ativos e passivos, com- posto basicamente pelo capital dos proprietários ou sócios e os resultados acumulados após os períodos de atividades. Importante Atividade 3 No final do primeiro mês de atividades, José vendeu todo seu estoque de roupas por R$ 2.000,00 à vista, mas pagou apenas R$ 1.000,00 ao credor, e combinou de pagar o restante em 10/04/20X0. Como fica o balanço da loja em 31/03/20X0? 38 Contabilidade Geral essência sobre a forma. Por exemplo: a contabilização nos Ativos imobilizados de bens, que mesmo não sendo de propriedade da empresa, estão sob seu controle, gerando benefícios e riscos. É o caso dos arrendamentos de equipamentos. Portanto, novos entendimentos devem ser cumpridos, como a atualização dos valores, ou seja, os Ativos no Balanço Patrimonial devem ser atualizados pelo valor justo aceito pelo mercado. Serve tanto para direitos (valores a receber), como para obrigações (juros e impostos atualizados). No caso de Ativos Imobilizados, como equipamentos ou construções, eles deverão ser analisados sob o ponto de vista de sua recuperação, conhecido como teste de imparidade. d. A materialidade, ou ordem de grandeza dos valores, significa poder registrar valores consumíveis em Ativos ou Despesas, dependendo de sua representatividade na empresa. Suponhamos, por exemplo, que uma grande empresa irá adquirir papéis para impressoras para serem usados no escritório no valor de R$ 1.000,00. Seguindo o regime de competência, tal valor será contabilizado como Ativo – estoques de papéis de escritório. No entanto, podemos considerá-lo como despesa administrativa antes do seu uso, uma vez que será consumido em curto espaço de tempo e terá um valor não significativo (pouca materialidade). e. O princípio de continuidade pressupõe a existência da empresa sem limite para terminar, isto é, por um longo período de existência. f. O princípio do conservadorismo é associado ao já citado custo de aquisição, sem a preocupação de supervalorizar os Ativos ou de subvalorizar os passivos. Em outras palavras, não devemos mostrar bens acima ou dívidas abaixo de seus reais valores. Os princípios vistos podem ter interpretações diversas entre as em- presas; portanto, é sempre prudente observar os pronunciamentos contábeis emitidos pelo CPC. 2.3 Estrutura e contas dos ativos Vídeo Já identificamos os Ativos como investimentos, em razão de terem a função de promover as atividades da empresa – investimentos em ati- vidade. Porém, alguns investimentos produzem retorno a curto prazo, enquanto outros podem gerar resultados a longo prazo. Desse modo, Balanço Patrimonial 39 a classificação básica dos Ativos se dá conforme a natureza de sua rea- lização e obedecem a ordem decrescente de liquidez. A Lei n. 6.404 , Lei das sociedades por ações, estabelece em seu artigo 178 que: “No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: I – ativo circulante; e (Incluído pela Lei n. 11.941 , de 2009). II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009)” (BRASIL, 1976). Saiba mais++ 2.3.1 Ativo Circulante Recursos financeiros disponíveis na empresa, aplicações de recursos no mercado financeiro, matérias-primas para fabricação e transforma- ção em produtos para venda, estoques de produtos acabados, valores a receber de clientes, adiantamentos a fornecedores, entre outros, são considerados Ativos Circulantes, ou, se pensados como investimentos, são Ativos realizáveis a curto prazo. Todos os Ativos, Circulantes ou Não Circulantes, devem ser apresentados em ordem decrescente de liqui- dez. E são classificados da seguinte maneira: a. Disponível: a soma de recursos em caixa na empresa, com o saldo de depósitos à vista nas instituições financeiras. b. Aplicações financeiras de liquidez imediata: valores em excesso na empresa, investidos em títulos com algum rendimento financeiro, com facilidade de conversão em caixa, baixo risco de retorno e finalidade de atender compromissos a curto prazo. c. Estoque de matérias-primas: materiais nas empresas industriais, em condições e possibilidades de transformação, por meio de processos, em produtospara venda ao mercado consumidor ou distribuidor. d. Estoque de produtos não acabados: partes das matérias- -primas e outros insumos poderão não estar prontos e disponíveis para venda ao final de um período contábil, exigindo, assim, sua mensuração dos valores até então agregados. e. Estoque de produtos acabados: estoque de produtos disponíveis para venda ou revenda aos consumidores ou distribuidores. 40 Contabilidade Geral f. Adiantamentos: valores antecipados a fornecedores, muitas vezes com a intenção de garantir o suprimento futuro de materiais para produção. Podem ser especificados como adiantamento a fornecedores, ou outros tipos de antecipação, como despesas de viagens, salários, 13º, férias etc. O título é genérico, pode ser desmembrado em vários subitens. g. Contas a receber ou Duplicatas a receber: valores ou títulos oriundos de vendas a prazo, comumente denominadas de duplicatas, cujo nome é em razão da repetição dos dados de uma nota fiscal para um título de cobrança. h. Outros créditos a receber: por vezes, a empresa pode ter emprestado recursos a terceiros, ou ter dividendos com direito de receber no futuro. i. Impostos e tributos a recuperar: no Brasil, a tributação é complexa e alguns impostos podem ser compensados para pagamento de outros. Os itens citados, entre outros, compõem os Ativos Circulantes, que são aqueles com realização em curto prazo. A convenção geral é con- siderar como Ativo Circulante os itens com prazo de realização de até um ano. Acima disso é denominado Ativo Não Circulante, ou Realizável a Longo Prazo. 2.3.2 Ativo Não Circulante É importante lembrarmos que os Ativos com realização de longo prazo são investimentos que oferecem benefícios com prazos superio- res a um ano. Por exemplo, um equipamento de produção da fábrica é útil por um longo tempo, por isso, é considerado um Ativo Não Circu- lante. Além desse exemplo, existem os seguintes Ativos: a. Créditos diversos: a soma de recursos a receber de terceiros além da data do balanço, sejam oriundos de vendas, adiantamentos, empréstimos, impostos etc. b. Investimentos a longo prazo: as aplicações feitas em títulos disponíveis no mercado financeiro, ações negociadas em bolsas de valores, incentivos fiscais, entre outros, sempre avaliados pelo valor presente. Liquidez é entendida como a facilidade de conversão de um bem em dinheiro. Por exemplo: um imóvel perderá liquidez caso não exista pessoas interessadas em comprá-lo. Saiba mais++ Balanço Patrimonial 41 c. Despesas antecipadas: a soma de todos os pagamentos feitos antecipados e que representam despesas de exercícios futuros, como o caso de prêmios de seguros. d. Outros Investimentos: as empresas controladoras de outras, denominadas coligadas ou não, representam investimentos efetuados em operações de um grupo empresarial. e. Imobilizado: Terrenos, obras, instalações, máquinas, equipamen- tos, veículos, móveis, benfeitorias, construções etc. constituem o grupo de Ativos imobilizados, que também são denominados tangíveis, isto é, bens corpóreos, com forma física e com possibili- dade de troca. Após a Lei n. 11.638/2007, alguns itens podem ser mais detalhados, e até exigidos do teste de imparidade 1 . f. Intangível: são Ativos sem forma física, em oposição aos Ativos imobilizados, tais como marcas, softwares, direitos autorais, patentes, entre outros. Esse teste permite avaliar os ativos frente aos seus valores recuperáveis. Suponha, por exemplo, um veículo adquirido por R$30.000,00. Após um acidente e uma análise, é reconhecida uma perda de R$10.000,00 no seu valor. Nesse caso, o valor deverá ser contabilizado com essa perda, ou seja, o teste permitirá reduzir ao valor recuperável do ativo. 1 2.4 Estrutura e contas dos passivos Vídeo Após a identificação dos Ativos como investimentos, conheceremos os passivos, com a função de financiar as atividades da empresa. Da mesma forma que alguns investimentos produzirão retorno a curto pra- zo, e outros poderão gerar resultados a longo prazo, os financiamentos também seguem os mesmos critérios. Desse modo, a classificação bási- ca dos passivos segue os vencimentos de suas obrigações. Passivo Circu- lante, a curto prazo, e Passivo Não Circulante, a longo prazo. É importante ressaltarmos aqui a observa- ção de que o usual dos passivos, assim como com os Ativos, é que seja considerado curto prazo os vencimentos de até um ano. No en- tanto, caso o ciclo operacional tenha duração maior, tais dívidas ou obrigações serão classi- ficadas no prazo do ciclo operacional 2 . 2.4.1 Passivo Circulante O Passivo Circulante é a soma de todas as obrigações da empresa com vencimento em curto prazo, muitas vezes denominado de Passivo Exigível. Valores resultantes de compras de matérias-primas, insumos 2 Entendemos por ciclo operacio- nal o período determinado entre a aquisição de matérias-primas ou outras mercadorias, até o recebimento das vendas dos produtos. 42 Contabilidade Geral para a fabricação, produtos para revenda, adiantamentos recebidos para futuras entregas, salários, comissões, aluguéis, arrendamentos, despesas ainda não pagas, impostos, contribuições, empréstimos, en- tre outras dívidas, vencidas ou não, com vencimentos até o final do próximo exercício social, ou que a liquidação deverá ocorrer em até doze meses após a data do balanço. 2.4.2 Passivo Não Circulante O Passivo Não Circulante, ou Passivo Exigível a Longo Prazo, é a soma de todas as obrigações da empresa, com liquidação prevista para ocorrer em um prazo superior ao próximo exercício social, ou ao seu ciclo operacional. Empréstimos, financiamentos ou arrendamento de bens, impostos, títulos de dívidas, provisões para previdência, entre ou- tas dívidas, são consideradas de longo prazo. Os passivos financiam os Ativos, mas também os recursos próprios da empresa, compostos pelo capital dos proprietários e os resultados acumulados com as atividades da organização. Logo, a diferença entre os Ativos (investimentos) e os passivos (financiamentos) também sus- tenta os investimentos. O resultado disso, denominado Patrimônio Lí- quido, apresenta os recursos próprios da empresa, enquanto o Passivo representa os recursos de terceiros financiando a empresa. Portanto, a equação básica do Balanço Patrimonial pode ser representada da se- guinte maneira: ATIVOS – PASSIVOS = PATRIMÔNIO LÍQUIDO Além do Capital Social, o Patrimônio Líquido ainda possui as Reser- vas de Lucros, lucros e prejuízos acumulados; as Reservas de Capital; os Ajustes de Avaliação Patrimonial; e as ações em tesouraria. Podemos ver, a seguir, o significado de cada um desses termos: a. Capital Social: é a soma dos valores recebidos dos sócios, incluindo os lucros transferidos ao capital social, quando os sócios resolvem não retirar e aumentar o capital da empresa. b. Reserva de Lucros: é o saldo dos lucros retidos com alguma finalidade determinada. Balanço Patrimonial 43 c. Lucros Acumulados: é o resultado da conta que pode ser usada apenas por empresas não classificadas como sociedades por ações. d. Prejuízos Acumulados: são representações do saldo de resultados negativos acumulados até o fechamento do Balanço Patrimonial. e. Reservas de Capital: são os valores recebidos e não contabili- zados na Demonstração de Resultados, derivados de negócios de capital dos acionistas. Por exemplo, o lucro recebido pela venda de ações da empresa não é contabilizado na Demons- tração de Resultados, mas sim no grupo do Patrimônio Líquido, como reservas de capital. f. Ajustes de Avaliação Patrimonial: é a situação em que a contrapartida do aumento ou redução de alguma conta do Ativo ou do Passivo pode ser feita diretamente no aumento ou redução dos lucros ou prejuízos da empresa. É o caso de alguma reavaliação de um bem do Ativo 3 . g. Ações em Tesouraria: são o saldo de ações adquiridas pela própria empresa, seja do mercado de capitais, seja de acionistas. Por exemplo, se um equipamen-
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