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F U R T O ART. 155, CP “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena – reclusão de um a quatro anos, e multa”. Subtrair é furtar, pegar, tomar para si alguma coisa pertencente a alguém. FURTO – Art. 155, CP • Subtrair: apossar-se, apoderar-se de coisa pertencente a outrem. • Ladrão que furta ladrão • Bem deve ser retirado da posse do legítimo possuidor • Coisa = objetos inanimados ou semoventes, desde que possuam algum valor econômico. • Furto implica em retirar o objeto da posse e vigilância do seu legítimo proprietário, o qual deverá permanecer na posse mansa e tranquila do agente, ainda que por breve período de tempo. • Coisa de estimação (res estimatio) – não configura crime (mas pode ser reparado na esfera cível). FURTO – Art. 155, CP • Coisa pode ser: Furtada (res furtiva) – art. 155, CP; Perdida (res amissa) – art. 169, II, CP; Esquecida (res oblitus) – art. 155, CP; Abandonada (res derelicta) – fato atípico; De ninguém (res nullius) – fato atípico. Princípio da Insignificância • Furto Famélico Cadáver: (reliquiae humani ) somente será coisa móvel de furto se pertencer a um museu ou Faculdade Medicina, que o exibe p/ fins didáticos ou científicos. Caso contrário, poderá configurar o crime do art. 211, CP; ou, ainda, o art. 14, Lei nº 9.434/97. Furto Furto em Supermercado: Caso uma pessoa esconder uma mercadoria retirada da prateleira do supermercado sob sua blusa, ou na bolsa, ao sair do estabelecimento será presa por tentativa de furto. Esta é a posição majoritária da doutrina e da jurisprudência. É claro que os funcionários do Supermercado estavam-na vigiando por câmeras, e a esperaram sair sem efetuar o pagamento da mercadoria. • Havendo agressão aos seguranças, o furto se transformaria em roubo impróprio. • Existem alguns posicionamentos jurisprudenciais isolados reconhecendo, na hipótese citada, o chamado crime impossível. Seria mais, na verdade, uma situação igual ao flagrante esperado. FURTO • Furto Famélico: é aquele praticado quando o agente se encontrava em total estado de penúria, e subtrai, p.ex., pequena quantidade de alimento para saciar a fome. Trata-se de excludente de ilicitude, em virtude do estado de necessidade do autor. Pode configurar, também, o furto famélico: o agente que subtrai um cobertor para não morrer de frio, ou um medicamento para não morrer em razão da doença, um pão, para não morrer de fome etc. O furto famélico restará caracterizado quando o agente não dispunha de outros meios para conseguir o alimento, o remédio ou o cobertor. FURTO • Furto de uso, desde que a restituição da coisa seja: rápida, integral e sem dano, e antes que a vítima comunique o fato • Furto em túmulos e sepulturas: arts. 155, 210, 211, CP • Alarme disparado: Neste caso estaremos diante de uma tentativa de furto. • Autorressarcimento de dívida e furto = art. 345, CP • Subtração através de trombada (roubo). • Coisa móvel deve ser alheia, ou seja, deve pertencer a outra pessoa, que tenha a posse ou a propriedade da mesma. • Subtrair folha de cheque, fazendo-se passar pelo correntista = estelionato; se o cheque estiver preenchido e assinado = furto; cheque em branco que não será utilizado = atipicidade (STF e STJ). FURTO • Causa de Aumento de Pena - § 1º Repouso Noturno: vai do pôr do sol ao seu nascer. Incidência apenas no furto simples, não incide no qualificado. • Furto Privilegiado - § 2º Primariedade, ou seja, não ser o agente reincidente. Não se exige bons antecedentes. Pequeno valor, jurisprudencialmente fixado em até um salário mínimo – R$ 1.100,00, vigente à época do crime. • Possível aplicar-se o privilégio ao furto qualificado (§ 4º)? Não. STJ e STF já decidiram ao contrário, que pode, apesar da disposição topográfica do dispositivo. • É possível aplicar-se os §§ 1º e 2º concomitantemente ao mesmo fato? Sim. FURTO • Furto de energia elétrica - § 3º • A energia elétrica é equiparada à coisa móvel. • Trata-se de crime permanente. • Sinais de TV a cabo ou de pulsos telefônicos têm sido reconhecidos pelos Tribunais, como extensão da norma. • Qualificadoras - § 4º Inc. I – Destruição ou Rompimento de Obstáculo: gangue da marcha a ré; quebrar vidro do veículo para furtá-lo; Furto Qualificado – Art. 155, § 4º, • Inc. II – Abuso de Confiança: confiabilidade, credibilidade; empregada doméstica. • Esta confiança decorre da amizade, parentesco, coleguismo no trabalho, namoro, noivado etc. É o caso do tesoureiro da empresa; da empregada doméstica etc. FURTO QUALIFICADO – Art. 155, § 4º, II Fraude: engano, engodo: como no caso de uma pessoa que distrai o único vendedor da loja para que o comparsa furte objetos da mesma; ou aquele que desliga a energia de uma casa, e depois faz-se passar por funcionário para efetuar o conserto. Temos, ainda, o caso daqueles que criam sites falsos de bancos para terem acesso aos dados da vítima. • Diferença entre a fraude do furto qualificado e a fraude do estelionato: No estelionato o despojamento do bem é voluntário e a entrega do bem é desvigiada; no furto, ocorre por erro, e a entrega é vigiada. • Entregar o carro na porta do restaurante para ser estacionado (trata-se de estelionato) Fraude do Furto e Fraude do Estelionato Comerciante que recebe 100 notebooks, e o agente simula ser policial, dizendo que os aparelhos são falsificados; apreende os aparelhos e os leva à suposta Delegacia, na companhia da vítima. No caminho simula defeito na viatura, e pede para a vítima empurrar, quando sai com o carro deixando a vítima sozinha. FURTO MEDIANTE FRAUDE. Realizar test drive em veículo, e desaparecendo com o mesmo, é Furto mediante fraude. Sacar dinheiro de caixa eletrônico com cartão clonado é Furto mediante fraude. Fazer compras com cartão de crédito clonado, enganando o vendedor da loja, é Estelionato. O entendimento firmado pela Terceira Seção desta Corte Superior é no sentido de que a realização de saques indevidos na conta corrente da vítima, sem o seu consentimento, seja por meio de clonagem de cartão e/ou senha, seja por meio de furto do cartão, seja via internet, configuram o delito de furto mediante fraude. Precedentes. (AgRg no AREsp 829.276/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 17/10/2017, DJe 23/10/2017) STJ Fraude do Furto e Fraude do Estelionato Da mesma forma, aquele que no supermercado esconde um relógio da exposição numa caixa com água mineral, o crime será o de furto mediante fraude, se o agente sair do estabelecimento pagando apenas pela água. Fraude do Furto e Fraude do Estelionato Entretanto, se o agente trocar etiqueta de preço, e conseguir sair do estabelecimento pagando pelo produto mais caro o menor valor, é um típico caso de estelionato. No primeiro caso houve subtração, no segundo caso houve a obtenção de vantagem indevida com prejuízo alheio. FURTO QUALIFICADO • Escalada: é subir, pular ou galgar um local mais alto. Remover as telhas de uma casa. • Destreza: é agilidade, habilidade, como no caso do batedor de carteira. • Inc. III – Chave Falsa: aquela que guarda semelhança com a original. Sendo a chave verdadeira, será por abuso de confiança. • Inc. IV – Concurso de duas ou mais pessoas (art. 29, CP). Qualificadora § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) CRIMES HEDIONDOS – LEI Nº 8.072/90 IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A); § 4º-A, Art. 155, CP: A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018 LEI Nº 14.155, DE 27 DE MAIO DE 2021 Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para tornar mais graves os crimes de violação de dispositivo informático, furto e estelionato cometidos de forma eletrônica ou pela internet; e o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), para definir a competência em modalidades de estelionato. § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. § 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso: I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional; II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. FURTO – Art. 155, CP • Qualificadora - § 5º Quando o veículo furtado tiver sido levado para outro Estado da Federação, ou outro País. Se permanecer na mesma unidade federativa o furto será simples. Se houver incidências dos §§ 4º e 5º, ao mesmo tempo, aplica-se apenas a qualificadora do § 5º, servindo o § 4º como critério definidor da pena-base. O legislador esqueceu-se do Distrito Federal. A definição do que vem a ser veículo automotor deve ser buscada no CTB. Art. 155, CP § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) Furto de Coisa Comum Art. 156, CP – Furto de Coisa Comum. • Crime próprio: cometido por condômino, coerdeiro ou sócio. Roubo – art. 157, CP É um furto associado a outras figuras típicas: ameaça ou lesão corporal. • Trata-se de crime complexo, pois atinge diversos bens jurídicos penalmente tutelados: o patrimônio, a incolumidade física ou a liberdade individual. • Princípio da Insignificância: não possui aplicabilidade. • Roubo em estado de necessidade: admitido pela doutrina e jurisprudência. Formas de Violência: • Vis corporalis; • Vis compulsiva; • Vis praesumptionis. “ou qualquer outro meio” = interpretação analógica extensiva. Boa noite cinderela Hipnose Embriaguez etc Roubo – art. 157, CP Roubo Próprio = caput do art. 157, CP A violência ocorre antes da subtração, para conseguir a coisa; Roubo Impróprio = § 1º, art. 157, CP. A violência ocorre após a subtração, para assegurar a detenção da coisa. • Causas de Aumento de Pena = § 2º: A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até 1/2: Seis casos: 1º concurso de duas ou mais pessoas. Pode um dos agentes ser menor de 18 anos ou doente mental. Basta a participação intelectual ou assistencial (olheiro). Se houver associação criminosa (art. 288, CP), afasta-se a qualificadora, restando concurso material de crimes (art. 155 e 288, CP). Causas de Aumento de Pena do Roubo 2º - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. Valores: dinheiro, selos, pedras ou metais preciosos etc). Assalto a carro-forte configura esta qualificadora. Os roubos de cargas não configuram a qualificadora. 3º - Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. O legislador esqueceu-se do Distrito Federal. A definição do que vem a ser veículo automotor deve ser buscada no CTB. 4º - Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. Cerceamento de Liberdade: a) O agente segura a vítima por breve tempo, até tomar-lhe o bem = roubo simples; b) O agente segura a vítima por tempo superior ao necessário = roubo com aumento de pena; c) O agente, além de subtrair o veículo da vítima, tem a nítida intenção de privar sua liberdade para subtrair-lhe outros bens = sequestro relâmpago (art. 158, § 3º). Causas de Aumento de Pena do Roubo 5º - se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Ocorre no caso do agente subtrair dinamites de pedreiras, ou de depósitos de armas das Forças Armadas ou do interior de Fóruns ou Delegacias de Polícias, onde explosivos estejam apreendidos. Causas de Aumento de Pena do Roubo 6º - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca. Essa norma foi introduzida pelo pacote anti- crime da Lei nº 13.964/19. Antes dessa norma o uso de arma branca não configurava o aumento de pena, apenas a figura simples. Incidência de Causas de Aumento de Pena • Critério aritmético jurisprudencial no caso de incidirem mais de uma causa de aumento de pena ao mesmo crime: 1 causa = aumenta 1/3 2 causas = aumenta 3/8 3 causas = aumenta 2/5 4 causas = aumenta .... 5 causas = aumenta .... 6 causas = aumenta 1/2 § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo Arma deve ser própria, pois, se imprópria, não incidirá no aumento da pena. Configura roubo simples: arma imprópria, arma de brinquedo; uso de dedo sob as vestes; arma defeituosa absolutamente ineficaz. Configura roubo agravado: arma desmuniciada ou relativamente eficaz. II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Como ocorre, comumente, nos casos de explosões de caixas eletrônicos, em que resulta perigo comum. Aumento de Pena do Roubo § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. Arma de brinquedo: Não intimidativa: art. 17, CP. Crime Impossível Arma de brinquedo: Se intimidativa: art. 157, caput, CP. Armas brancas Arma branca: Art. 157, § 2º, VII, CP Aumento de pena de 1/3 a 1/2 ARMAS DE FOGO DE USO PERMITIDO Arma de Fogo uso permitido: Art. 157, § 2º-A, CP Aumento de pena de 2/3 ARMAS DE FOGO DE USO RESTRITO Arma de fogo de uso restrito ou proibido: Art. 157, § 2º-B, CP Aumento de pena dobro ARMAS DE FOGO DE USO PROIBIDO Arma de fogo de uso restrito ou proibido: Art. 157, § 2º-B, CP Aumento de pena dobro Crimes Hediondos • II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); Aumento de pena b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º B); Aumento de pena c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); (Latrocínio) Qualificadoras § 3º Se da violência resulta: I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. Roubo Qualificado pela Morte – art. 157, § 3º, II, CP • Latrocínio - § 3º: Quando o agente mata para roubar. Neste caso a morte é um meio para a subtração do bem. Trata-se de crime hediondo e preterdoloso. Moderna doutrina entende que o resultado morte também pode ocorrer a título de dolo ou culpa. O resultado morte deve decorrer do emprego da violência física, pois se oriundo da grave ameaça (onde a vítima sofre um infarto), não se caracterizará o latrocínio. O latrocínio pode decorrer do roubo próprio ou impróprio. Vítima não necessita ser a pessoa roubada. Pode ser terceira pessoa, policial, guarda noturno etc Se um ladrão acaba matando o comparsa que participava do roubo, não estaremos diante do latrocínio, pois o agente que morreu não pode ser considerado vítima de um latrocínio e autor ao mesmo tempo do roubo. O que o matou responderá por homicídio em concurso material com o roubo. Há entendimento diverso no sentido de que caracteriza o latrocínio. Agora, se o autor errou o tiro disparado contra a vítima (dolosamente), acertando o comparsa (culposamente), aí será latrocínio (art. 73, CP). Se houver concomitância dos §§ 2º e 3º, aplica-se apenas o § 3º, funcionando as causas do § 2º como circunstâncias judiciais do art. 59. Roubo Qualificado pela Morte – art. 157, § 3º, II, CP Haverá latrocínio quando o agente apenas amordaçar a vítima para que esta não grite, não querendo sua morte, mas a vítima acaba morrendo por asfixia, o autor responderá por latrocínio a título preterdoloso. Caso a morte da vítima decorrer da grave ameaça, onde a mesma vem a sofrer um infarto, o agente responderá por roubo agravado pelo emprego da arma de fogo em concurso formal com o homicídio culposo, consoante o art. 70, CP. Caso o agente, ao roubar um carro, venha a manter a vítima ao seu lado, e na sequência provocar um acidente de trânsito, com a morte da vítima, responderá por roubo em concurso material com o art. 302, CTB. Excluído estará o latrocínio, uma vez que a morte não decorreu da violência empregada pelo roubador. Agora, se a vítima está sendo assaltada, e ao fugir correndo vier a ser atropelada e morta, ensejará na responsabilização do autor por roubo apenas. Roubo Qualificado pela Morte – art. 157, § 3º, CP Se o ladrão mata a vítima no momento do roubo para assegurar a sua impunidade (dolo direto ou eventual), o crime será o latrocínio; mas se matar dias depois, responderá por roubo em concurso material com homicídio qualificado. Havendo desígnios autônomos entre o roubo e o homicídio é que podemos falar em homicídio doloso. Crime único contra o patrimônio, com multiplicidade de vítimas = crime único de latrocínio. Entretanto, se houver dois crimes contra o patrimônio, com duas pessoas mortas, haverá dois latrocínios. Se o agente ao roubar um Banco, percebe a presença de um inimigo entre os clientes, e aproveitando o ensejo decide matá-lo, não responderá por latrocínio ( homicídio em concurso material com o roubo; uma vez que não matou para viabilizar o roubo , nem para assegurar sua impunidade). Pode ocorrer tentativa de latrocínio? SIM RC + HT = LT RT + HT = LT RC + HC = LC RT + HC = LC Vide Súmula 610, STF. Súmula 610 Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima. ● Consumação do crime de latrocínio e dispensa da subtração patrimonial Quanto à configuração típica, observo, inicialmente, que, superado o questionamento probatório, não há divergência no que se refere ao cerne dos fatos: em um assalto contra dois motoristas de caminhão, um foi alvejado e faleceu e o outro sofreu ferimentos, mas sobreviveu. O Recorrente, diante da tentativa de fuga dos motoristas, efetuou disparos de arma de fogo em sua direção, vindo a atingi-los. Não foi esclarecido na denúncia ou na sentença e acórdão, se o Recorrente logrou obter a subtração patrimonial. Entretanto, a questão perde relevância diante da morte de uma das vítimas, incidindo na espécie a Súmula 610 desta Suprema Corte: "Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima". [RHC 107.210, voto da min. Rosa Weber, 1ª T, j. 10-9-2013, DJE 210 de 23-10-2013.] Art. 158 - EXTORSÃO • O verbo constranger denota forçar, obrigar alguém, através de violência ou grave ameaça, e com a intenção de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. • Muito parecido com roubo. • No roubo a coisa está à mão; na extorsão depende da colaboração do ofendido. É um crime patrimonial semelhante ao roubo. Na extorsão existe a participação ativa do ofendido, enquanto que no roubo a vítima assume papel meramente passivo. No roubo o autor exibe uma arma à vítima e determina que a mesma saia do veículo; na extorsão o agente exibe a arma ao filho da vítima, obrigando-a a buscar o carro na garagem. Art. 158 - EXTORSÃO • O texto legal fala em indevida vantagem econômica, pois se a vantagem a ser auferida for devida, o delito será outro (art. 345, CP – exercício arbitrário das próprias razões). • Vantagem sexual – art. 213; • Vantagem pessoal não econômica – art. 146. • Trata-se de crime comum, formal, instantâneo, de dano. Admite a tentativa. • A extorsão somente será considerada crime hediondo se for qualificada pela morte. • O simples constrangimento, sem qualquer atuação do ofendido (participação) não passa de uma tentativa. A consumação ocorre quando a vítima age, após o constrangimento do autor, sem a necessidade de que este obtenha para si ou para outrem a indevida vantagem econômica (Súmula 96, STJ). • Agente funcionário público = a exigência (sem violência ou grave ameaça) é concussão • Sequestro relâmpago: art. 158, § 3º, CP. CRIMES HEDIONDOS – LEI Nº 8.072/90 O texto legal fala em indevida vantagem econômica, pois se a vantagem a ser auferida for devida, o delito será outro (art. 345, CP – exercício arbitrário das próprias razões). Vantagem sexual – art. 213; Vantagem pessoal não econômica – art. 146. Trata-se de crime comum, formal, instantâneo, de dano. Admite a tentativa. A extorsão somente será considerada crime hediondo se for qualificada pela morte. IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1o, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) Este delito é um crime autônomo em relação ao art. 148. O delito do art. 159 traz a finalidade especial do agente que consiste na obtenção de vantagem patrimonial, através de uma extorsão. Trata-se de crime comum, formal, permanente, hediondo, que admite a tentativa. Art. 159 – Extorsão Mediante Sequestro • Este delito é um crime autônomo em relação ao art. 148. O delito do art. 159 traz a finalidade especial do agente que consiste na obtenção de vantagem patrimonial, através de uma extorsão. Trata-se de crime comum, formal, permanente, hediondo, que admite a tentativa. • Entendemos que a vantagem deva ser econômica, haja vista estarmos no contexto dos crimes contra o patrimônio. • É uma extorsão mediante o sequestro de uma pessoa. Pena: 8 a 15 anos • A vantagem patrimonial deve ser indevida, pois se devida, o crime será o art. 148, em concurso material com o art. 345. Art. 159 – Extorsão Mediante Sequestro • 1ª Qualificadora: quando o sequestro durar mais de 24 horas, ou se o sequestrado for menor de 18 anos ou maior de 60 anos, ou sendo o crime praticado por associação criminosa (não se trata de associação eventual de criminosos, mas permanente). • Pena: reclusão de 12 a 20 anos. • A lesão grave ou a morte do sequestrado não precisa resultar da violência direta dos criminosos, podendo advir das condições do cativeiro. • 2ª Qualificadora: Ocorre em virtude do resultado do crime, caso ocorra lesão corporal de natureza grave ou gravíssima na vítima; 16 a 24 anos • 3ª Qualificadora: Ocorre em virtude do resultado morte da vítima, seja a violência física ou moral. 24 a 30 anos • Delação premiada: § 4º - Redução da pena de 1 a 2/3. • Lei nº 9.807/99 – Proteção de Testemunhas, Vítimas e Acusados colaboradores (arts. 13 e 14). Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. Art. 160 – Extorsão Indireta • O crime de extorsão indireta prevê a exploração do crédito, em que o credor, além das garantias normais, visa uma vantagem ilícita, qual seja, a de poder dar causa a um processo criminal contra o devedor. Ele exige como garantia de seu crédito algum documento que possa dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. • Esta modalidade de extorsão se dá quando o agente determina ou aceita, como garantia de uma dívida, abusando da vítima, um documento que possa redundar em eventual processo crime contra alguém. É o caso de alguém receber um cheque sem fundos, de uma pessoa que necessita de empréstimo, para depois poder processá-la. Extorsão Indireta • Documentos que podem propiciar procedimentos criminais: cheque sem fundos; recibo de depósito inexistente; duplicata fria; termo de confissão de prática de crime etc. • Trata-se de crime de ação múltipla (exigir ou receber), comum, formal (exigir) ou material (receber), instantâneo. Admite a tentativa quando material o crime. • Sujeito passivo é o devedor ou terceira pessoa que poderá ser prejudicada com a apresentação do documento à autoridade. • Este crime pode dar lugar à usura (art. 4º, Lei nº 1.521/51). ALTERAÇÃO DE LIMITES – art. 161, CP Consiste em eliminar ou mudar de lugar tapume (muros e alambrados), marco (pedra, árvore, estaca) ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória (valeta, curso d’água: interpretação analógica extensiva), com o fim de (elemento subjetivo especial do tipo) apropriar-se de coisa alheia imóvel, seja no todo, seja em parte. Trata-se de crime próprio. O crime é formal, de forma vinculada e instantâneo de efeitos permanentes. Admite a tentativa. Ausente o fim especial de agir (apropriar-se de coisa alheia imóvel) o crime será outro: dano ou exercício arbitrário das próprias razões. Na essência este crime está voltado para a apropriação de bem imóvel, com o deslocamento ou eliminação de marcas divisórias. Havendo violência física = art. 161 + 129, CP. USURPAÇÃO DE ÁGUAS • Art. 161, § 1º, I Este crime consiste em mudar de direção ou represar o curso das águas alheias (estagnada ou corrente, pública ou particular, nascentes ou pluviais, perenes ou temporárias – art. 79, CC). Sendo a água própria não há este crime. As águas devem pertencer a pessoa certa e determinada. A propriedade de águas deve ser vista no Código Civil – arts. 1288 a 1296. Trata-se de crime comum, formal, de forma livre, instantâneo de efeitos permanentes. Admite a tentativa. Ligação clandestina de água canalizada (art. 155, CP). O agente deve agir no desvio ou represamento de águas alheias, em proveito próprio ou de outrem. Se for por vingança, para prejudicar a vítima = dano ( art. 163, CP) Satisfazer vantagem legítima = art. 345, CP. Art. 161, II, CP Esbulho possessório II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada. § 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. ESBULHO POSSESSÓRIO • Art. 161, § 1º, II Este crime consiste em invadir um bem imóvel, utilizando-se de ameaça ou violência a pessoa. O MST que invade propriedades rurais com o fim de pressionar as autoridades a acelerar a reforma agrária não constitui este delito, porque ausente o elemento subjetivo especial do tipo. É ilícito civil. Danos e violências serão punidos. Existe posicionamento diverso, no sentido de ser crime. • Mediante o concurso de mais de duas pessoas: Seria o agente e mais três pessoas, ou seja, o invasor acompanhado de mais de duas pessoas (três). Embora o artigo 161 trate de três crimes distintos (alteração de limites, usurpação de águas e esbulho possessório) o tipo penal utilizou o modelo de equiparação: “Nas mesmas penas incorre quem”. Trata-se de crime comum, formal, instantâneo. Supressão ou alteração de marca em animais – art. 162, CP • Este crime consiste em retirar ou modificar do gado ou rebanho alheio, sinal (brincos e argolas) ou marca indicativa (feitas com ferro ardente ou elementos químicos no couro do animal) de propriedade. Trata-se de crime comum, formal, de forma livre, instantâneo e que admite a tentativa. • Se a modificação decorrer de autorização judicial ou mudança de propriedade, o tipo não restará configurado. • Objeto material é coletivo: gado ou rebanho (mais de um animal). Gado refere-se a animais de grande porte (vacas, cavalos etc) enquanto que rebanho os de pequeno porte (ovelhas, cabras etc). UM único animal não configura o delito, se considerado isoladamente. • Marcar animal alheio ainda não marcado = fato atípico penal. DANO – art. 163, caput, CP Consiste em destruir, inutilizar ou estragar coisa alheia. Caso o agente soltar o pássaro raro de uma gaiola, ou jogar uma joia ao mar, somente para prejudicar a vítima, responderá apenas civilmente pelo ilícito, uma vez que inexistiu o ânimo danoso. Ação Penal Privada = somente se procede mediante queixa crime. Coisa é todo objeto inanimado ou semovente que possua valor econômico. Trata-se de crime comum, material, de forma livre, instantâneo e que admite tentativa. Inexiste a modalidade culposa. Portanto, se um pessoa cair na rua, amassando o capô de um veículo, não responderá pelo crime de dano, apenas no âmbito civil. Parágrafo único, art. 163 • Inciso I – Com violência ou grave ameaça à pessoa: é a vis corporalis e a vis compulsiva. APPI • Inciso II – Com emprego de substância inflamável (que se converte em chamas) ou explosivo, se o fato não constitui crime mais grave. Ex.: explodir o carro de uma pessoa em local ermo (dano qualificado); no centro da cidade (explosão com perigo comum – art. 251, CP). APPI • Inciso III – Contra o patrimônio público ou de empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista. Ex.: preso que danifica a Cadeia para fugir responde pelo crime. APPI • Inciso IV – Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima. Ex.: Matar o cavalo do concorrente para ganhar a corrida; estragar o pintor a obra de outro artista. Destruir o interior da casa do inimigo causando-lhe considerável prejuízo. APPRIVADA D a n o s E s p e c i a i s No Código Penal, e nas Leis Penais Especiais, existem alguns danos relacionados com objetos especiais que devem ser enquadrados conforme a norma especial, que revoga a norma de caráter geral. Vejamos alguns deles a seguir: Conflito aparente de normas e Princípio da Especialidade Art. 208, CP – deteriorar objetos destinados ao culto religioso; Art. 210, CP – destruir sepultura ou urna funerária; Art. 305, CP – Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor; Art. 211 – destruir cadáver; Art. 336, CP - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto; Conflito aparente de normas e Princípio da Especialidade Art. 337, CP - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público. Art. 356, CP - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador. Dano em material ou aparelhamento de guerra CPM Art. 262. Praticar dano em material ou aparelhamento de guerra ou de utilidade militar, ainda que em construção ou fabricação, ou em efeitos recolhidos a depósito, pertencentes ou não às fôrças armadas: Pena - reclusão, até seis anos. Dano em navio de guerra ou mercante em serviço militar Art. 263. Causar a perda, destruição, inutilização, encalhe, colisão ou alagamento de navio de guerra ou de navio mercante em serviço militar, ou nêle causar avaria: Pena - reclusão, de três a dez anos. § 1º Se resulta lesão grave, a pena correspondente é aumentada da metade; se resulta a morte, é aplicada em dôbro. § 2º Se, para a prática do dano previsto no artigo, usou o agente de violência contra a pessoa, ser-lhe- á aplicada igualmente a pena a ela correspondente. Dano em aparelhos e instalações de aviação e navais, e em estabelecimentos militares Art. 264. Praticar dano: I - em aeronave, hangar, depósito, pista ou instalações de campo de aviação, engenho de guerra motomecanizado, viatura em comboio militar, arsenal, dique, doca, armazém, quartel, alojamento ou em qualquer outra instalação militar; II - em estabelecimento militar sob regime industrial, ou centro industrial a serviço de construção ou fabricação militar: Pena - reclusão, de dois a dez anos. Parágrafo único. Aplica-se o disposto nos parágrafos do artigo anterior. Desaparecimento, consunção ou extravio Art. 265. Fazer desaparecer, consumir ou extraviar combustível, armamento, munição, peças de equipamento de navio ou de aeronave ou de engenho de guerra motomecanizado: Pena - reclusão, até três anos, se o fato não constitui crime mais grave. Modalidades culposas Art. 266. Se o crime dos arts. 262, 263, 264 e 265 é culposo, a pena é de detenção de seis meses a dois anos; ou, se o agente é oficial, suspensão do exercício do pôsto de um a três anos, ou reforma; se resulta lesão corporal ou morte, aplica-se também a pena cominada ao crime culposo contra a pessoa, podendo ainda, se o agente é oficial, ser imposta a pena de reforma. Danos ambientais: Lei nº 9.605/98 Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Dano em Coisa Comum Segundo o STF já decidiu, a destruição ou o dano da coisa comum num condomínio deve ser resolvido segundo as regras do § 2º, do art. 156, CP (analogia): Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1º - Somente se procede mediante representação. § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. Assim, desde que a coisa não possa ser substituída por outra da mesma espécie, qualidade e quantidade (art. 85, CC), e o valor exceda a quota parte do agente, haverá crime de dano. Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia – art. 164, CP • Este crime consiste em introduzir ou soltar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo (condicionante para a caracterização do delito). • Um único animal deixado em propriedade alheia configura o crime. • Elemento normativo do tipo: “sem o consentimento de quem de direito”: administrador da fazenda, por exemplo. • Trata-se de crime comum, material, de forma livre, instantâneo (introduzir) e permanente (deixar), de dano. Não admite a tentativa nem a modalidade culposa. • Ação Penal Privada (art. 167,CP). Arts. 165 e 166, CP • ART. 165, CP REVOGADO TACITAMENTE PELO ART. 62, DA LEI Nº 9.605/98 Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. • ART. 166, CP REVOGADO TACITAMENTE PELO ART. 63, DA LEI Nº 9.605/98 Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural Art. 62 Destruir, inutilizar ou deteriorar: I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. No Brasil os bens especialmente protegidos são tombados como patrimônio cultural, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da estrutura do Ministério da Cultura, do Governo Federal. Temos como exemplos: o Museu Histórico Nacional, o Museu Imperial e o Museu da República, a Biblioteca Nacional, a Bolsa do Café em Santos, a Casa de Chico Mendes, o Elevador Lacerda, o Centro Histórico de João Pessoa, etc. Ademais, cada Estado e Município da Federação resguardam seus patrimônios históricos e artísticos. No Estado de São Paulo, o órgão responsável pela defesa do patrimônio é o Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, ligado à Secretaria de Estado da Cultura. Na cidade de São Paulo, a Secretaria Municipal de Cultura mantém em sua estrutura o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH). O DPH é órgão técnico de apoio ao Conpresp – Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, que é órgão colegiado. Art. 62 Trata-se de crime comum, material, de forma livre, comissivo, instantâneo, de dano. Trata-se de norma penal em branco em sentido lato: Lei nº 3.924/61 (Lei sobre bens arqueológicos e pré- históricos); Lei nº 7.347/85 (Ação Civil Pública); Arts. 216 e 216-A, CF/88; Lei nº 8.159/91 (Sistema Nacional de Arquivos Públicos e Privados); Lei nº 9.610/98 (Direitos Autorais); Decreto nº 3.551/00 (Registro de bens culturais e imateriais). Este dispositivo preserva os bens culturais e imateriais integrantes do patrimônio cultural brasileiro (folclore, história, musicalidade, tradição culinária etc). Preserva, também, os valores de interesses histórico, turístico, artístico, paisagístico, ecológico, religioso, arqueológico, etnográfico e monumental protegido por: Lei, ato administrativo ou decisão judicial. Art. 63 Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Trata-se de crime comum, material, de forma livre, comissivo, instantâneo, de dano. Consiste na conduta de alterar, ou seja, modificar. Com relação aos valores referendados no caput (paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental), trata-se de norma com rol taxativo, não comportando qualquer interpretação extensiva. Este dispositivo revogou tacitamente o art. 166, CP. APROPRIAÇÃO INDÉBITA Apropriação Indébita – art. 168, CP Neste crime a vítima entrega a coisa ao autor para posterior devolução, ocorrendo a inversão da posse. Coisa fungível: que pode ser trocada por outra da mesma espécie: dinheiro (a maioria entende que o empréstimo de dinheiro configura ilícito civil, e não penal). A posse ou detenção legítima da coisa alheia móvel deve ocorrer antes da efetiva apropriação. Trata-se de crime comum, material, instantâneo, de forma livre, Não admite a tentativa. A entrega do bem ao agente deve ser livre e espontânea para configurar a apropriação indébita, pois se houver fraude na entrega (estelionato); se houver violência ou grave ameaça (roubo). Devolução integral da coisa antes do recebimento da denúncia: arrependimento posterior (art. 16, CP). Apropriação Indébita – art. 168, CP Direito de retenção do locatário, transportador, credor pignoratício etc, não comete crime por exercer regularmente um direito estatuído no Código Civil (arts. 571, 578, 742, 1.433). Direito de compensação, da mesma forma, nos termos dos artigos 368 e seguintes do Código Civil. Apropriação indébita de uso: inexiste por ausência da vontade de se apropriar do bem. • Causas de Aumento de Pena: § 1º (na verdade seria o Parágrafo único) Inc. I – Depósito Necessário: refere-se ao depósito miserável, efetuado por ocasião de calamidade (incêndio, inundação, naufrágio, saque etc), e depósito de bagagens de viajantes e hóspedes, de hotéis e pensões – arts. 647, I, 649, CC. Código Civil Art. 578. Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção, no caso de benfeitorias necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com expresso consentimento do locador. Art. 742. O transportador, uma vez executado o transporte, tem direito de retenção sobre a bagagem de passageiro e outros objetos pessoais deste, para garantir-se do pagamento do valor da passagem que não tiver sido feito no início ou durante o percurso. Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem. Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis. Compenso minha dívida com a dívida do meu credor Apropriação Indébita – art. 168, CP • Inc. II – Na qualidade de: Tutor – aquele que cuida dos bens do menor de 18 anos; Síndico – encarregado de administrar a falência; Hoje se fala em administrador judicial da falência. Liquidatário – encarregado da liquidação de determinada empresa; Esta figura foi extinta pela Lei de Falências. Inventariante – administra o espólio até a partilha dos bens; Testamenteiro – aquele que cumpre as disposições de última vontade do falecido; Depositário Judicial – aquele que é nomeado pelo juiz com a incumbência de guardar os objetos até a decisão judicial. ESTE ROL É TAXATIVO, não exemplificativo. Apropriação Indébita – art. 168, CP • Inc. III – Em razão de Ofício: sapateiro, alfaiate, ourives (Ex.: sapateiro que se apropria dos sapatos da vítima deixados para conserto, ou o ourives que se apropria do ouro das alianças, deixadas para a confecção de nova joia); Emprego: doméstica, operário, vendedor; Profissão: médico, advogado, corretor de imóveis, engenheiro. (Ex.: médico que recebe valor de cirurgia que não realizará, ou advogado que recebe valor de indenização que não repassará à parte interessada). • Caso a vítima for maior de 60 anos, e houver apropriação de bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, aplica-se o art. 102, do Estatuto do Idoso, e não o art. 168, CP. Inexistirá imunidade a parentes quando o delito patrimonial envolver idosos. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA • Art. 168-A Consiste o crime em deixar de transferir à Previdência Social as contribuições recolhidas dos contribuintes. Nos termos da CF, art. 194, a seguridade social é o gênero, enquanto que a previdência é a espécie. Este tipo penal protege a fonte de custeio da seguridade social, principalmente a previdência social. • O legislador optou em substituir o gênero pela espécie. • A Previdência Social faz parte da Seguridade Social, junto com a Saúde e a Assistência Social. Somente a Previdência Social exige contribuição, e as outras duas não. • Sujeito ativo é o substituto tributário, ou seja, aquele que tem o dever de recolher a contribuição legalmente devida pelo contribuinte para repassá-la à Previdência Social. • Inexiste a forma culposa. O delito é praticado apenas com dolo. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA A Previdência Social tem por finalidade cobrir as situações de incapacidade do trabalhador por ocasião de: doença, invalidez, morte ou idade (auxílios, aposentadorias, pensões etc), desemprego involuntário (seguro-desemprego), salário família e auxílio-reclusão para os segurados de baixa renda. Trata-se de crime próprio, ou comum (Masson), formal, de forma livre, omissivo, instantâneo, que não admite a tentativa. Competência: Justiça Federal. Ação Penal: Pública Incondicionada. Pena: Reclusão de 2 a 5 anos e multa (cumulativa) APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA • TIPOS ASSEMELHADOS § 1º, inciso I – Deixar de arrecadar, no prazo legal (norma penal em branco), contribuição do segurado que deveria ser repassada à Previdência Social. Este tipo penal somente restará caracterizado se o empregador descontar a destempo a contribuição do segurado e não a repassar à previdência. Trata-se de crime próprio, formal, omissivo, instantâneo, que não admite a tentativa. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA • § 1º, inciso II – Consiste em deixar de recolher as contribuições previdenciárias que tenham integrado despesa operacional, ou seja, se no preço final do produto ou serviço houve valor embutido a título de contribuição devida e não repassada à previdência social, configurado restará o crime. • § 1º, inciso III – Consiste em deixar de pagar benefício (como o salário família) que era devido ao segurado, uma vez que as cotas ou valores devidos pela Previdência já foram repassadas à empresa onde o mesmo trabalha. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA • § 2º - CAUSA EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE Ocorre quando o substituto tributário espontaneamente (com sinceridade) declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores, e presta as informações devidas à previdência social, antes do início da ação fiscal. Diferença entre espontaneidade e voluntariedade. • É importante que o substituto tributário aja antes do início da ação fiscal pelo órgão competente do Fisco. Se o Estado não ajuizou ação fiscal nem penal: pago o débito integral restará extinta a punibilidade do agente (§ 2º); Se o Estado já ajuizou ação fiscal, mas não a penal: cabe o perdão judicial ou o privilégio (§ 3º, I); APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA • § 3º, inciso I - Perdão Judicial ou Privilégio. Requisitos gerais: primariedade e bons antecedentes. Requisitos específicos: O agente deve efetuar o pagamento de todo o montante devido à previdência social (principal e acessórios) antes do oferecimento da denúncia e depois do início da ação fiscal. • No caso do substituto tributário efetuar o pagamento depois do início da ação fiscal, já não cabe mais a extinção da punibilidade, mas sim este dispositivo, que permite ao juiz: deixar de aplicar-lhe a pena (perdão judicial) ou aplicar somente a multa (privilégio). Extinção da Punibilidade Art. 61, CPP. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício. Art. 9o É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento. § 1o A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva. § 2o Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios. Lei nº 10.684/2003 Art. 9º É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168-A e 337A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento. § 1o A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva. § 2o Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA § 3º, inciso II – Se o montante devido aos cofres previdenciários for igual ou inferior ao valor estabelecido pela própria Previdência para a propositura das ações fiscais (hoje em R$ 20.000,00), terá efeito a aplicação do perdão judicial. Quando o juiz for escolher entre o perdão judicial ou o privilégio, ele deve atentar para os requisitos gerais e específicos, além da análise meticulosa das circunstâncias judiciais elencadas no art. 59, CP. Parcelamento do débito: suspende o prazo prescricional da pretensão punitiva. Enquanto não for paga a última parcela, não restará extinta a punibilidade do agente. Caso o agente deixar de pagar as parcelas, será reiniciada a ação penal. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional aumentou para R$ 20 mil o limite mínimo para se ajuizar execuções fiscais por débitos para com o Fisco. Até então, o valor era de R$ 10 mil. A mudança se deu a partir de estudos dirigidos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) segundo os quais, em ações de execução de dívidas menores do que R$ 21,7 mil, a União dificilmente consegue recuperar valor igual ou superior ao custo do processo judicial. PORTARIA MF Nº 75, DE 22 DE MARÇO DE 2012 Dispõe sobre a inscrição de débitos na Dívida Ativa da União e o ajuizamento de execuções fiscais pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.... Art. 2º O Procurador da Fazenda Nacional requererá o arquivamento, sem baixa na distribuição, das execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), desde que não ocorrida a citação pessoal do executado ou não conste dos autos garantia útil à satisfação do crédito. A determinação constante da Portaria MF nº 75/2012 deixa claro que o cancelamento vale para outros débitos junto à União, além dos tributários. § 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. Isto quer dizer que o perdão judicial ou o privilégio não se aplica ao parcelamento de débito de contribuições superiores a vinte mil reais. Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza – art. 169, CP Erro: falsa representação da realidade. Depositar dinheiro na conta de terceiro, por errar o número da conta, e esta terceira pessoa se apropria do valor. Vítima manda lavar terno na tinturaria esquecendo 1.000,00 no bolso, que é apropriado pelo funcionário do local. • Caso Fortuito: animal de uma fazenda que passa para outra, e o proprietário desta última dele se apropria. Acidente viário, onde o objeto transportado acaba caindo na propriedade do agente. • Força da natureza: vendaval, enchente etc. Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza – art. 169, CP • Na prática inexiste diferença entre caso fortuito e força da natureza. • Inc. I – Apropriação de Tesouro. • Art. 1264, CC – deve haver divisão em partes iguais entre o que encontrou o tesouro e o dono do terreno. • Inc. II – Apropriação de Coisa Achada. • Coisa esquecida = furto • Coisa perdida = este crime • A lei exige a pronta restituição da coisa achada. • Elemento temporal condicionante = 15 dias. Antes caberia a apreensão da coisa, mas não o crime. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PRIVILEGIADA • Aplica-se à apropriação indébita privilegiada as mesmas disposições pertinentes ao furto (art. 155, § 2º), ou seja: “Se o criminoso for primário, e de pequeno valor a coisa apropriada, o juiz pode: • SUBSTITUIR A PENA DE RECLUSÃO PELA DE DETENÇÃO; • DIMINUÍ-LA DE 1/3 A 2/3; • APLICAR SOMENTE A PENA DE MULTA”. ESTELIONATO Estelionato origina-se do vocábulo stellionatu (espécie de lagarto que muda de cor para iludir os insetos dos quais se alimenta). Camuflagem do criminoso para iludir suas vítimas. Estelionato – art. 171, CP • É a obtenção (alcançar, atingir) de vantagem ilícita, deixando alguma pessoa no prejuízo. • A vantagem ilícita deve ser de natureza econômica. • Meios executórios: ERRO, é a falsa representação da realidade. Agente que simula ter uma agência de veículos, vendendo-os a baixo preço, e recebendo sinais das supostas vendas; • ARTIFÍCIO, é astúcia, esperteza. O agente usa uniforme de uma oficina mecânica para que a vítima lhe entregue o veículo; • ARDIL, é a mentira, armadilha, cilada, estratagema. Agente que se apresenta num estacionamento de veículos para retirar carro que não é o seu, usando o nome do proprietário; ou que recebe doação de instituição de caridade fazendo-se passar pelo cobrador da mesma. Estelionato – art. 171, CP • Qualquer Outro Meio Fraudulento: Trata-se de interpretação analógica extensiva. É qualquer meio que possa ludibriar a vítima. É o caso dos golpes praticados por meio da internet; ou quando o agente faz-se passar por fiscal sanitário em um restaurante, objetivando lucratividade. O próprio silêncio malicioso e intencional. Vítima deve ser certa e determinada, pois se indeterminada o crime poderá ser contra a economia popular, ou contra o consumidor, por exemplo: bomba de gasolina adulterada; balança de supermercado com peso adulterado. Crime comum, material, instantâneo, de dano e de ação livre. Sendo a vantagem devida: art. 345, CP. Art. 19, CF/88. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público Art. 5º,VI, CF/88 - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; Estelionato Trabalho espiritual (cartomancia, passes espirituais, magia negra, sem fins lucrativos, não é crime, caso contrário caracteriza) art. 19, I, CF; Esperteza comercial (pode ou não caracterizar, desde que tenha havido dolo inicial de vantagem indevida, com prejuízo alheio; como no caso de alguém vender veículo com massa na funilaria); Torpeza Bilateral (conto do bilhete premiado); Cola eletrônica (art. 311-A, CP); Engano grosseiro (tentar passar uma nota de trinta reais – crime impossível – art. 17, CP); Mendicância (Antes se cogitava se o agente que se fizesse passar por mendigo para pedir esmolas cometia estelionato ou mendicância. Hoje a mendicância está revogada (art. 60, LCP). Estelionato Judiciário pode ser considerado crime? Litigância de má-fé. Não o art. 171, mas, em tese, o art. 304, CP REPARAÇÃO DO DANO Não impede a punição do agente pelo crime de estelionato. Agora, a atitude reparadora do dano pode gerar algumas consequências jurídicas de abrandamento da reprimenda penal: Antes do recebimento da denúncia: diminui a pena (art. 16, CP); Depois do recebimento da denúncia: circunstância atenuante (art. 65, III, b, CP); Posterior à sentença: nenhum efeito benéfico ao réu. Estelionato – art. 171, CP Princípio da insignificância difere do pequeno valor do prejuízo. Insignificância = STF exige: Mínima ofensividade da conduta; Baixo grau de reprovabilidade; Inexpressividade da lesão ao bem jurídico; Ausência de periculosidade social da ação. Na figura do § 3º, não há que se falar em insignificância. O princípio da insignificância enseja na atipicidade material da conduta, enquanto que o pequeno valor enseja a aplicação do privilégio. Estelionato Privilegiado - § 1º Primariedade do agente (analisada à luz dos artigos 63 e 64, CP); Pequeno valor do prejuízo: até R$ 1.120,00, embora existam posições discordantes na doutrina e na jurisprudência. O juiz poderá, ou seja, é poder- dever, e não poder-faculdade, desde que preenchidos os requisitos legais. Estelionatos Especiais Se a fraude do agente dirigir-se contra pessoa inexperiente como o menor, ou alienado ou débil mental, induzindo-os à quaisquer práticas de atos suscetíveis de produzirem efeitos jurídicos, com prejuízo próprio ou de terceiro, o crime será abuso de incapazes – art. 174, CP. Se a fraude for contra idoso, e o agente responderá pela pena do estelionato em dobro, à luz do art. 171, § 4º, CP. Trata- se de causa de aumento de pena. Tentativa de Estelionato 1) Há o emprego do meio fraudulento, mas a vítima não é enganada. Pode ocorrer o crime impossível ou tentativa; 2) Há o emprego do meio fraudulento, com o engano da vítima, mas sem a obtenção da vantagem ilícita por circunstâncias alheias à vontade do agente – Tentativa de Estelionato. 3) Há o emprego do meio fraudulento, com o engano da vítima, e com a obtenção da vantagem ilícita, mas, entretanto, não houve prejuízo patrimonial ao ofendido. Tentativa de estelionato, que é um crime de duplo resultado (vantagem ilícita e prejuízo alheio). Estelionato Equiparado Trata-se de rol taxativo. • Inc. I – Disposição de coisa alheia como própria. A coisa pode ser móvel ou imóvel. Neste delito o agente se faz passar por dono de determinado bem, negociando-o com terceiro de boa-fé, sem autorização do proprietário legítimo, causando- lhe prejuízo. • Trata-se de crime comum, material e de ação vinculada. Se o agente firmar um compromisso de compra e venda, cometerá apenas a figura do caput., pois o crime é de ação vinculada. Caso o ladrão vender um veículo furtado dias antes, cometerá apenas o furto, pelo princípio da consunção. Corrente minoritária entende tratar-se de furto em concurso material com o estelionato. Agora, se o agente indicar ao comprador que o veículo foi furtado, quem o adquirir responderá por receptação dolosa. Pode ocorrer, ainda, que o agente alugue casa que não é sua, e responderá por este delito. Os compradores ou locadores do imóvel, e os verdadeiros proprietários são as vítimas do crime. Estelionato Equiparado • Inc. II – Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria. Aqui a coisa é própria, não alheia, mas está impedida de ser vendida etc. É a coisa gravada de ônus: usufruto, penhor, hipoteca etc. É imprescindível para a caracterização do delito que o agente silencie a respeito da inalienabilidade da coisa, pois nisso reside a fraude. Consumação: ocorre com a obtenção da vantagem indevida com a venda, permuta, pagamento ou garantia da coisa, com prejuízo alheio. Art.171, § 2º, II, CP O crime ocorre quando o agente vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia: • Coisa própria inalienável = que não pode ser vendida por determinação legal ou convencional (doação e disposição testamentária); • Coisa própria gravada de ônus = pois pesa sobre ela um direito real por cláusula contratual ou legal, como a hipoteca e a anticrese; • Coisa própria litigiosa = que está sendo objeto de discussão judicial, como no usucapião contestado; • Imóvel que prometeu vender a terceiro mediante prestações = embora o imóvel ainda pertença ao agente, pende sobre ele um compromisso de venda a prazo. Estelionato – art. 171, CP • Inc. III – Defraudação de penhor. Lesar a garantia de penhor. É o caso do agente que dá determinado bem em garantia de penhor (pignoratícia), mas mantém a posse do bem, e em seguida aliena (vende) esse mesmo bem, sem o consentimento do credor (aquele para o qual o bem estaria penhorado). Sujeito ativo = o devedor; passivo = o credor pignoratício. Digamos que Antônio esteja devendo a Pedro, e por esta razão, dá como garantia de sua dívida um veículo zero quilômetro. Entretanto, o veículo permanece em poder de Antônio, que depois resolve vendê-lo sem a autorização de Pedro, para quem o veículo estaria penhorado. Houve defraudação do veículo penhorado. Antônio responde por este crime. Trata-se de crime próprio, material. Art. 171, § 2º, IV, CP • Inc. IV – Fraude na entrega de coisa. O crime consiste em tomar uma coisa por outra, em relação à: Substância: substituir diamante por pedra de zircônio; ou um candelabro de prata por um de latão; Qualidade: substituir uma pedra preciosa por outra, que contém maior grau de impurezas; ou um notebook de 8 GB, quando as especificações eram de 16 GB; Quantidade: entregar um colar de pérolas, faltando alguns glóbulos; ou 101 sacas de café, ao invés de 103; ou, ainda, 9 quilos, em vez de 10. A consumação ocorre no instante em que a vítima recebe o objeto material fraudado. A tentativa ocorre quando o agente tenta, mas não consegue entregar o bem. Este delito não está ligado à atividade comercial, pois neste caso o crime será o art. 175, CP. Art. 171, § 2º, V, CP • Inc. V – Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro. A autolesão não é punida no direito brasileiro, exceto neste caso. Condição sine qua non para a caracterização do delito é que haja a existência prévia de um contrato de seguro em vigor, sem o qual haveria crime impossível. • Incriminam-se as seguintes condutas: Destruir ou ocultar coisa própria = pode ser coisa móvel ou imóvel. Ex.: atear fogo no próprio veículo ou na casa onde reside, objetivando receber o prêmio do seguro veicular ou residencial (desde que não resulte crime de perigo comum); Lesionar o próprio corpo ou a saúde = o agente pode se lesionar para que ele, ou sua família receba o benefício do seguro. É necessário que o agente sobreviva, pois no caso de Art. 171, § 2º, V, CP suicídio, haverá a extinção da punibilidade do agente, e sua família não receberá o prêmio do seguro se ficar comprovado o suicídio. Agravar as consequências da lesão ou doença = nesta conduta incrimina-se o agente pelo fato do mesmo agravar as consequências de sua lesão ou doença, como no caso do agente que provoca infecção em seu ferimento para que seu membro seja amputado, a fim de receber o valor do seguro. Em todas as condutas o crime é formal e próprio, ou seja, consuma- se no instante em que o agente realiza uma delas (destruir, ocultar, lesionar ou agravar), não sendo necessário o efetivo recebimento do valor do seguro pretendido. O efetivo recebimento do seguro constitui o exaurimento do delito. Com o fim de haver indenização ou valor de seguro = elemento subjetivo especial do tipo. Ausente a finalidade o crime será outro, se previsto em lei. Art. 171, § 2º, VI, CP • Inc. VI – Fraude no pagamento por meio de cheque. Emitir é colocar em circulação. Interpretação restritiva. Condição necessária para a caracterização do delito é que o agente tenha má-fé, haja vista que a conduta somente é punida na modalidade dolosa. Ou seja, deve haver a deliberada intenção do agente em não saldar sua dívida (Súmula 246, STF, "comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos "). Cheque é um título de crédito, uma ordem de pagamento à vista. O cheque pré-datado não configura o crime de estelionato nesta modalidade; Cheque sem data ou pós-datado também não configura este crime, ou o descontado em mais de 30 dias, na praça; ou 60, fora dela (Lei nº 7.357/85); Emissão de cheque de uma conta encerrada não caracteriza esta modalidade delituosa, mas sim, o art. 171, caput (figura fundamental); Art. 171, § 2º, VI, CP • Cheque sem fundos emitido para substituir outro título de crédito vencido e não pago (promissória), ou para pagamento de dívida vencida e não paga: não configura o crime, pois o prejuízo era preexistente à conduta. • Uso do cheque especial: somente haveria o crime se o valor excedesse o limite bancário. Há pensamento contrário, pela inexistência do delito. Cheque sem fundos para pagamento de dívidas de jogos ilícitos e prostituição: não é crime, pois tais fatos não ensejam relações jurídicas, mas obrigações naturais. Cheque endossado por avalista que conhecia da inexistência de fundos: o avalista também comete o crime. Competência: na Comarca onde houver a recusa do pagamento (Súmula 521, STF e Súmula 244, STJ). Art. 171, § 2º, VI, CP • Súmula 244, STJ: “Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos”. • Súmula 521, STF: “O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”. Agora, as outras formas de estelionato fundamental (art. 171, caput, CP), ou seja, aquela em que o agente, portando uma folha de cheque de terceiro, e fazendo- se passar por este, ilude a vítima a recebê-lo; a consumação se dá no local em que houve a obtenção da vantagem ilícita em detrimento de terceiro, (Súmula 48, STJ: “Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.”) Art. 70, CPP § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar- se-á pela prevenção. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) Fraude Eletrônica § 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. § 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional. Art. 171, § 3º, CP • Causa de Aumento de Pena § 3º. Quando o crime for perpetrado em prejuízo de entidade de direito público, instituto de economia popular, assistência social ou beneficência, a pena será aumentada de 1/3. Haja vista as inúmeras fraudes previdenciárias, foi editada a Súmula 24, STJ: “Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da Previdência Social, a qualificadora do § 3º do Art. 171 do Código Penal”. • Entidades de Direito Público = Receita Federal, INAMPS; podem ser também entidades dos Estados e dos Municípios, e do Distrito Federal; • Instituto de Economia Popular = Caixa Econômica Federal. • Instituto Beneficente = são instituições filantrópicas etc., como as instituições espíritas e religiosas. Art. 171, § 4º Estelionato contra idoso ou vulnerável § 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso. § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: I - a Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
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