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REGULAMENTAÇÃO E CÓDIGO DE ÉTICA EM SERVIÇO SOCIAL

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REGULAMENTAÇÃO E CÓDIGO DE ÉTICA DO SERVIÇO SOCIAL
VIVIANE BASSI
Código Logístico
59622
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6697-1
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 9 7 1
Regulamentação e 
Código de Ética do 
Serviço Social 
Viviane Bassi
IESDE BRASIL
2021
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2021 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Freedom my wing/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
M321r
Bassi, Viviane
Regulamentação e código de ética do serviço social / Viviane Bassi. - 
1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2021.
120 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6697-1
1. Assistentes sociais - Ética profissional - Brasil. I. Título.
20-68295 CDD: 361.30981
CDU: 174:364.3(81)
Viviane Bassi Mestre em Ciências Sociais pela Universidade 
Estadual Paulista (Unesp). Especialista em Gestão de 
Pessoas e Projetos Sociais pela Universidade Federal 
de Itajubá (Unifei). Graduada em Ciências Sociais 
pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). 
Licenciada em História pelas Faculdades Integradas de 
Ariquemes (Fiar). Docente no ensino médio e superior. 
Orientadora acadêmica e parecerista em bancas de 
defesa. Desenvolvedora de material didático autoral e 
referenciado para cursos de nível superior.
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SUMÁRIO
1 A ética como fundamento do assistente social 9
1.1 A ontologia do ser social 9
1.2 A construção do ethos profissional 19
1.3 O projeto profissional do Serviço Social 27
2 Fundamentos filosóficos da ética profissional 35
2.1 Fundamentos filosóficos dos códigos de ética 35
2.2 Pressupostos teóricos que orientam a ética profissional 43
2.3 Sociabilidade burguesa: valores e princípios 48
3 Dimensão ético-política do profissional da assistência social 54
3.1 A gênese do projeto ético-político da profissão 54
3.2 Os avanços do projeto ético-político 60
3.3 O projeto ético-político e o exercício profissional cotidiano 66
4 A Lei de Regulamentação da Profissão 75
4.1 Institucionalização da prática profissional dos assistentes sociais 75
4.2 A Lei n. 8.662/93 81
4.3 Órgãos de representação da categoria 86
4.4 Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa 91
4.5 Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social 93
5 O Código de Ética do Serviço Social 97
5.1 Valores e princípios do Código de Ética 97
5.2 Questões éticas no cotidiano profissional 106
5.3 As perspectivas para a área de Serviço Social 111
Gabarito 117
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A normalização da atuação profissional é dada pelos princípios 
normativos constantes no Código de Ética do Serviço Social e na 
Lei de Regulamentação da Profissão, documentos que orientam 
o exercício e a formação da categoria. Conhecê-los, bem como 
a trajetória histórica de sua construção, é fundamental para a 
compreensão da ética no Serviço Social e de suas implicações 
para a prática cotidiana. 
Esta obra revisita esses instrumentos regulatórios, abordando 
os fundamentos teóricos da constituição da ética e da moral na 
vida social, compreendendo os aspectos ontológicos e sociais que 
embasam a ética profissional do Serviço Social. Por meio de uma 
perspectiva histórica, veremos a construção do ethos profissional 
do assistente social, compreendendo a formação da identidade 
da profissão de maneira crítica, assim como as inovações 
profissionais ocorridas nesse percurso até os dias atuais. O 
ethos irá influenciar os direcionamentos teórico-metodológicos, 
políticos e jurídicos da construção do projeto profissional da 
categoria, importante documento que fornece subsídios à 
constituição da Lei e do Código de Ética atuais. 
Estudaremos os fundamentos que alicerçaram os Códigos 
de Ética anteriores ao de 1986, pois contribuem para uma 
maior compreensão dos princípios e valores fundamentais que 
constituem o Código de Ética de 1993. Analisaremos a influência 
do processo de reconceituação da categoria na construção do 
projeto ético-político, em consonância com a classe trabalhadora e 
com o projeto societário de transformação social.
Esse percurso trará sustentação teórica suficiente para 
compreendermos os instrumentos que regulamentam a 
profissão. A respeito da Lei, veremos seu encadeamento histórico 
de construção, as transformações conceituais que levaram à sua 
revisão e consolidação e alguns de seus principais artigos que 
tratam das atribuições e competências profissionais. 
APRESENTAÇÃOVídeo
Trataremos do Código de Ética atual do Serviço Social de modo a 
compreender as deficiências do Código anterior, as quais trouxeram 
contribuições para a atualidade. Conheceremos também seus princípios 
fundamentais e algumas das questões éticas previstas para o exercício 
profissional. Por fim, abordaremos certas perspectivas profissionais para o 
assistente social, as mudanças do mercado na contemporaneidade e as novas 
possibilidades para a categoria.
Boa leitura!
A ética como fundamento do assistente social 9
1
A ética como fundamento 
do assistente social
O conhecimento dos fundamentos éticos do Serviço Social 
nos leva à compreensão do processo de constituição do ethos 
profissional e da construção do projeto profissional da catego-
ria. A teoria a respeito da ontologia do ser social, apresentada 
neste capítulo, aprofunda alguns dos elementos que embasam 
a ética profissional do assistente social, uma vez que trata dos 
pressupostos ontológicos da constituição da ética e da moral na 
vida social. O entendimento sobre esses pressupostos teóricos 
contribui para a reflexão crítica relativa à constituição histórica 
da identidade profissional, o ethos profissional. Com base nes-
ses conhecimentos, podemos refletir sobre o projeto profissio-
nal do Serviço Social, compreendendo a sua construção e os 
elementos indispensáveis à prática cotidiana dos assistentes 
sociais, objetivada nas dimensões teórico-metodológica, política 
e jurídico-política da profissão.
1.1 A ontologia do ser social 
Vídeo A ontologia do ser relaciona-se às formas de existência, assim como 
a ontologia da sociedade relaciona-se ao trabalho. Resumidamente, a 
ontologia do ser social está relacionada à formação do ser humano por 
meio das suas condições materiais de existência no momento da obje-
tivação de seu trabalho.
Após essa breve introdução ao tema, veremos, no decorrer deste 
capítulo, os fundamentos necessários para compreendermos o que 
significa a ontologia do ser social, bem como a sua relação com a ética 
e com a moral.
10 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
A fim de uma melhor compreensão sobre o tema do capítulo, pre-
cisamos partir de uma explicação inicial sobre a ética nesse contexto. 
A ética relaciona-se com as formas de existência do ser, sua gênese 
se dá com base no desenvolvimento do ser humano, na medida em 
que rompe com padrões naturais – como o instinto e sua relação mais 
direta com a natureza –, diferenciando-sede outros animais. Esse de-
senvolvimento do ser é um processo histórico e também social, em que 
a humanidade vai se (re)construindo conforme ocorre a ampliação de 
seu domínio sobre a natureza e sobre si mesma, moldando, então, no-
vos modos de ser. Após esses primeiros passos rumo a inéditas possi-
bilidades de ser e de se relacionar, são tecidas as possibilidades de o 
ser humano se comportar como um ser ético (BARROCO, 2009).
Portanto, é por meio do seu processo de desenvolvimento que o ser 
se humaniza, ampliando suas capacidades por meio de seu trabalho e 
das mediações que ocorrem nesse processo. Esse ser social é determi-
nado por categorias que são ontológico-sociais. Trata-se de categorias 
como o trabalho e a própria linguagem, que são modos de ser somente 
aprendidos por meio de relações sociais que estabelecemos cotidiana-
mente em função das nossas necessidades. Essas categorias surgem à 
medida que as interações ocorrem durante o percurso histórico e social 
dos indivíduos, em sua totalidade ( LUKÁCS,1979 apud BARROCO, 2009).
Compreende-se, portanto, que a história da humanidade não é uma 
abstração que independe das ações dos seres humanos, mas é feita 
partindo da realidade, das relações que os seres estabelecem entre si 
e com a natureza, construindo, assim, sua objetividade. Barroco (2009) 
explica que o ser social surge de construções que são ontológico-so-
ciais, ou seja, o desenvolvimento de modos de ser dos indivíduos se dá 
com base nas suas construções, que são materiais e sócio-históricas.
Dessa forma, é possível pensar na ética como um modo de ser cons-
truído socialmente por meio dos processos material, histórico e social 
do desenvolvimento humano.
Apesar de o ser humano ser biologicamente constituído de modo 
muito parecido com os animais, há um momento em que se estabelece 
uma diferenciação entre eles, que Lukács (1990 apud BARROCO, 2009) 
chama de salto ontológico. O que o pensador explica é que todos os 
seres buscam atender às suas necessidades de sobrevivência por meio 
das suas atividades e interações com o meio, a diferença está na forma 
gênese: no texto, a palavra 
gênese está usada no sentido 
de origem, ou seja, a ética é 
originada com base no desen-
volvimento do ser humano.
Glossário
O que é ontologia?
A palavra ontologia correlacio-
na-se filosófica e historicamente 
à chamada filosofia primeira ou 
metafísica, que trata do estudo 
dos princípios e das causas 
primeiras de todos os seres, a 
essência, que deve vir antes por-
que é condição para o outro. A 
palavra ontologia é composta de 
duas outras: onto e logia. “Onto 
vem de tò on, que significa ‘o 
Ser’. O Ser é o que é realmente 
e se opõe ao que parece ser, à 
aparência. Assim, ontologia sig-
nifica estudo ou conhecimento 
do Ser, dos entes ou das coisas 
tais como são em si mesmas, 
real e verdadeiramente” (CHAUÍ, 
2013, p. 175).
A teoria marxista define a 
ontologia do ser social ao 
estudar o ser humano que vive 
em sociedade, distinguindo-o de 
outros animais. O pensador acre-
dita em um ser social concreto 
e histórico, que se constrói e se 
reconstrói com base nas relações 
com o meio.
Saiba mais
A ética como fundamento do assistente social 11
como essas interações se dão. Os animais agem de maneira instintiva e 
imediata, produzindo para si e para sua cria, suprindo as necessidades 
da sua condição física; já os homens conseguem produzir livremente, 
com criatividade, não se limitando à sua condição física. Pela complexa 
teia de mediações que envolve o trabalho e a linguagem, a humanidade 
responde às suas carências de modo racional, consciente e projetivo, 
autodesenvolvendo-se nesse processo, transformando e criando algo. 
Marx (1993, p. 165) apresenta a analogia entre as atividades do ser hu-
mano e dos animais, demonstrando o caráter consciente, universal e 
livre do sujeito ao afirmar:
Decerto, o animal também produz. Constrói para si um ninho, 
habitações, como as abelhas, os castores, formigas etc. Contudo, 
produz o que necessita imediatamente para si ou para sua cria, 
produz unilateralmente, enquanto que o homem produz univer-
salmente; produz apenas sob a dominação da necessidade física 
imediata, enquanto que o homem produz mesmo livre da necessi-
dade física e só produz verdadeiramente na liberdade da mesma; 
produz-se apenas a si próprio, enquanto o homem reproduz a Na-
tureza toda; o seu produto pertence imediatamente ao seu corpo 
físico, enquanto o homem enfrenta livremente o seu produto. O 
animal dá forma apenas segundo a medida e a necessidade da 
espécie a que pertence, enquanto que o homem sabe produzir 
segundo a medida de cada espécie e sabe aplicar em toda parte a 
medida inerente ao objeto; por isso, o homem dá forma também 
segundo as leis da beleza. 
O trabalho, ainda segundo Marx e reafirmado por Lukács (1979 apud 
BARROCO, 2009), é o que mantém a vida humana por meio do inter-
câmbio material da humanidade com a natureza e, assim, são refina-
das as faculdades humanas, o domínio do ser humano sobre si mesmo.
A atividade humana é permeada, em todos os seus aspectos, pelas 
relações estabelecidas com outros seres humanos. O ser social, por-
tanto, tem sua gênese na sociabilidade. A humanidade somente se 
constitui por intermédio das relações de reciprocidade social, do reco-
nhecimento mútuo de que são dependentes uns dos outros para que 
existam como espécie. Ao constituir-se socialmente, a humanidade vai 
se recriando, apurando seus sentidos e dando novas respostas sociais 
para atender às necessidades humanas.
Barroco (2009) explica de maneira simples, porém esclarecedora, 
a constituição do ser social ao dar um exemplo utilizando uma neces-
12 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
sidade básica dos seres humanos: a fome. Buscando atender a essa 
necessidade, a humanidade passou a conhecer formas de cozinhar 
ou mesmo de produzir objetos que podem ser utilizados para facili-
tar o momento de se alimentar. Desse modo, criou novos elementos 
objetivos, como formas de preparar o alimento ao cozinhá-lo, além de 
utensílios de cozinha. Com isso, surgiu uma cultura, criando-se novos 
hábitos e costumes, novos modos de ser, resultados de uma atividade 
humana consciente e projetiva.
Contudo, conforme explicado por Barroco (2009), é necessário 
deixar claro que o produto das ações humanas gerado por uma cons-
ciência ativa, ou seja, pela práxis (nome dado por Marx), não se dá de 
maneira idealizada. Apesar de as elaborações e projeções da consciên-
cia dirigirem a ação humana visando à concretização de um objetivo, 
a práxis ocorre sob determinadas circunstâncias sociais e históricas, 
dentro do campo da realidade, que é dinâmica, em constante trans-
formação, portanto estando à frente da subjetividade dos indivíduos.
A teoria de Marx (materialismo histórico) parte do princípio de que 
as transformações sociais acontecem devido a condições externas, que 
causam mudanças nas condições materiais de existência, transforman-
do também a consciência dos homens (BARROCO, 2005). Logo, muda-se 
a situação material para que depois se mude de modo correspondente 
a consciência. As condições materiais de existência determinam, no en-
tendimento de Marx (1993), a maneira de existir dos homens, o modo 
de pensar, seus usos, costumes, cultura, determinando também a vida 
jurídica e a política.
Vamos, agora, refletir a respeito das transformações ocorridas na sociedade e sobre como elas se dão ao longo do 
tempo. A figura a seguir traz uma projeção, mesmo que simplificada, das transformações sociais e históricas das 
atividades humanas, as quais levam a mudanças de comportamentos, costumes, hábitos, interações sociais etc.
Para refletir
Sa
sh
aZ
er
g/
Sh
ut
te
rs
to
ck
Apesar de Marx colocar a materialidade à frente da subjetividade, 
não podemos afirmar que o pensador não deu a devida importância a 
Para compreender 
melhor os principais 
conceitos sociológicos da 
teoria marxista, assista ao 
vídeo Na Íntegra - Antônio 
Carlos Mazzeo- Karl Marx, 
publicado pelo canal 
Univesp, com o professor 
Antônio Carlos Mazzeo, 
que é especialista em Karl 
Marx, doutor em História 
Econômica pela USP e 
professor de Ciências 
Sociais da UNESP de 
Marília. 
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=lIvN9fLDtsY. 
Acesso em: 16 dez. 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=lIvN9fLDtsY
https://www.youtube.com/watch?v=lIvN9fLDtsY
A ética como fundamento do assistente social 13
esta. O pensador faz uma separação ontológica, em que o material vem 
antes da subjetividade, ou seja, pela lógica, algo deve existir anterior-
mente a outrem e somente isso, conforme explica Barroco (2009). Ao 
afirmar que não há trabalho sem uma projeção do que será realizado, e 
de que é isso que nos diferencia dos animais, Marx (1993) alia a subjeti-
vidade e a materialidade, uma vez que, ao fim do processo de trabalho, 
tem-se como resultado o que foi projetado anteriormente, mesmo que 
com contornos diferenciados.
Assim, só há práxis quando existe uma intervenção prática conscien-
te, afastando a ideia de que na materialidade da ação humana não há 
subjetividade. Barroco (2009, p. 24), ao tratar desse tema, afirma:
como Marx advertiu, o trabalho não se realiza sem a capacidade 
teleológica do homem, ou seja, sem a projeção ideal de finali-
dades e dos meios para a sua efetivação, sem um determinado 
grau de cooperação, de certas formas sociais de comunicação, 
tal como a linguagem articulada, sem um nível de conhecimento 
e de domínio sobre a natureza, entre outros aspectos.
A autora ainda explica que a práxis se efetiva no processo de ativida-
de teleológica (projeção e ação consciente) humana, criando uma nova 
realidade objetiva, e que o produto dessa ação é maior que o sujeito 
individual que realiza a atividade, pois é resultado do acúmulo de conhe-
cimento e da prática social dos homens em sua totalidade histórica.
Podemos entender a ética com base na totalidade do ser social. 
 Ao explicar o pensamento de Marx, Barroco (200) afirma que, durante 
o processo de trabalho, o ser humano está diante de alternativas e, 
portanto, de possibilidades de escolha, e que estas têm seu valor com 
base em comparações entre o que é bom ou ruim de acordo com as 
necessidades do ser. Nesse sentido, entendemos que a ética surgiu do 
trabalho social, pela realização de escolhas, sendo elas – boas ou ruins 
– capazes de interferir em todas as esferas da vida social.
A ética, para Marx (1993), está intimamente relacionada com o que 
o autor define como liberdade. A liberdade é vista não como algo abs-
trato, como um dom ou algo que vem do alto, conforme afirma Lukács 
(1978 apud BARROCO, 2009), mas sim de maneira concreta, relaciona-
da ao trabalho e às necessidades humanas e, portanto, às possibilida-
des de se fazerem escolhas. A gênese da liberdade se dá no próprio 
processo de trabalho humano em que se encontram as alternativas.
14 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Barroco (2009) explica que as alternativas são valoradas em função 
das necessidades dos seres humanos – por exemplo, procura-se por 
uma madeira melhor ou uma pedra mais redonda. Mesmo os elemen-
tos que não são transformados pelos homens são valorados se cumpri-
rem com uma função e atenderem às necessidades do trabalho, como 
o vento para um navegante. Podemos pensar que alternativas e va-
lor são elementos subjetivos, pois são determinados por uma decisão 
consciente, no entanto são categorias objetivas, objetivações do ser 
social. Barroco (2009, p. 27-28) ajuda a compreender essa questão ao 
afirmar que “a liberdade é – simultaneamente – capacidade de escolha 
consciente dirigida a uma finalidade e capacidade de criar condições 
para a realização objetiva das escolhas e para que novas escolhas se-
jam criadas”.
Vemos, assim, que a liberdade e o valor estão intimamente rela-
cionados, uma vez que, ao fazer escolhas no processo de trabalho, o 
ser humano não as faz entre duas possibilidades, mas sim entre o que 
possui e o que não possui valor; a escolha se dá, em termos práticos, 
voltada à realização de uma determinada objetivação. Ao fazer esco-
lhas, o ser modifica não somente a sua atividade, mas também toda a 
vida humana, gerando novas possibilidades.
Vázquez (2014) aborda essa questão ao afirmar que a liberdade se 
dá no interior das relações sociais estabelecidas pelo ser humano e 
que, portanto, só faz sentido se for coletiva. Apesar de o ser humano, 
como ser social, ser livre, a liberdade de fato só acontece quando to-
dos os homens e as mulheres igualmente alcançarem a condição de 
libertos.
Paiva (2011) também acredita que a liberdade, como valor ético, é 
construída de maneira coletiva e que sua plena realização só ocorre 
quando atinge a todos. É pela liberdade que o ser humano amplia suas 
capacidades, conquista sua emancipação e autonomia, valores cons-
truídos na coletividade.
Se fizermos uma comparação entre os valores éticos relacionados 
à liberdade propostos por Marx e aqueles veiculados no sistema capi-
talista, notamos que nesse último o valor está na individualidade em 
detrimento do caráter de universalidade dado pelo pensador à ideia de 
liberdade. A liberdade no capitalismo passa a ser individual, centrada na 
competitividade e nos interesses ligados à esfera privada (PAIVA, 2011).
A ética como fundamento do assistente social 15
Barroco (2009) acredita em dois tipos de liberdade: a negativa e a 
positiva. A primeira trata de superar impedimentos à livre manifesta-
ção, empenhar-se em ações que rompam com os freios à liberdade 
ou com a construção de alternativas de escolha. A segunda refere-se 
a estar livre para manifestar a liberdade, à ação voltada a objetivar 
essa liberdade, ampliá-la, defendê-la e criar estratégias de viabilizá-la. 
Conforme Marx (1970 apud BARROCO, 2009, p. 28), “o exercício da li-
berdade consiste exatamente em superar obstáculos”, em ir além da 
necessidade natural, manifestando a satisfação do sujeito.
O desenvolvimento livre do ser é a própria práxis, e esta só ocorre 
efetivamente quando existem condições para que a liberdade aconteça 
integralmente e para todos. O desenvolver da práxis traz novas neces-
sidades e novas formas de satisfação, ampliando-se as capacidades hu-
mano-genéricas. Surgem novas formas de práxis nas quais o objeto de 
intervenção do ser humano não é mais a matéria/natureza, mas sim o 
próprio sujeito. Ampliam-se as possibilidades de subjetivação humana, 
do desenvolvimento do intelecto, surgindo as probabilidades de cria-
ção de novas formas de práxis, como a filosofia, a educação, a religião, 
a política.
A ética surge à medida que as relações se tornam mais complexas, 
objetivando-se “teórica e praticamente, de formas particulares e so-
cialmente determinadas, como conexão entre o indivíduo singular e 
as exigências sociais humano-genéricas” (BARROCO, 2009, p. 29). Marx 
(1993) afirma que aí encontra-se a riqueza humana, ou seja, na efusão 
de todas as capacidades e sentimentos humanos, na manifestação li-
vre de suas atividades, lugar em que se tem como categoria de valor a 
própria riqueza humana.
Contudo, a possibilidade de apropriação dessa riqueza irá de-
pender das condições históricas, se são mais ou menos favoráveis 
ao desenvolvimento da práxis. Nas sociedades em que se origina 
a divisão social do trabalho ancorada na propriedade privada dos 
meios de produção e na exploração do trabalho, as escolhas e os va-
lores encontram-se distorcidos, acontecendo um processo que Marx 
(1993) denomina como alienação.
O modo de produção capitalista trouxe muitos avanços para o de-
senvolvimento do ser social. As forças produtivas – ou seja, os meios, 
os materiais e a força de trabalho – se expandiram, pois já não havia 
16 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
mais obstáculos a partir do momento em que a humanidade dominou 
a natureza. Assim, aprimoraram-se as ferramentas, as instalações, o 
manejo com a terra, a matéria que se usa para o trabalho, bem como aespecialização do próprio trabalho, a técnica e a tecnologia.
Apesar de todas essas possibilidades de ampliação das capacidades 
humanas, o modo de produção capitalista traz em seu bojo a negação 
da realização da riqueza humana. A apropriação privada dos meios de 
produção faz da atividade do trabalho algo que aprisiona o ser, tor-
nando-o alienado de seu próprio processo produtivo. O que passa a 
ocorrer é uma contradição entre as muitas possibilidades de desen-
volvimento do ser social e o processo de alienação desse mesmo ser.
Como já citado, Marx acreditava que o trabalho é o que diferencia 
o ser humano dos animais e o torna um ser cultural ao transformar a 
natureza, modificando a si próprio e criando novos modos de ser. Pen-
sando desse modo, o trabalho é algo relacionado à própria humanida-
de, isto é, vai além de uma necessidade material e física; trata-se de um 
aspecto de realização pessoal e de criação e recriação de si próprio. No 
sistema capitalista de produção, o trabalho perde essa característica, 
uma vez que a especialização de tarefas faz com que o sujeito não con-
siga mais enxergar o significado e o fruto de seu trabalho, perdendo a 
noção de valor do que produz. O trabalho e o produto dele passam a 
ser estranhos ao trabalhador, parecendo ser algo que está acima dele, 
com o poder de dominá-lo.
Na citação a seguir, Marx (1993, p. 596) traz as ideias apresentadas 
anteriormente, dizendo:
o objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, opõe-se a ele 
como um ser estranho, como um poder independente do produ-
tor [...]. Quanto maior é a sua atividade, mais ele fica diminuído. A 
alienação do operário no seu produto significa não só que o tra-
balho se transforma em objeto, assume uma existência externa, 
mas existe independente dele, fora dele, e a ele estranho, e se 
torna um poder autônomo em oposição a ele: que a vida que deu 
a esse voltasse contra ele como uma força hostil e antagônica.
Alienado da sua condição, do seu trabalho, da sua natureza e hu-
manidade, o ser humano não consegue materializar a liberdade neces-
sária de criação e recriação de si mesmo de modo que consiga atingir 
satisfação, realização e desenvolvimento de suas capacidades.
A ética como fundamento do assistente social 17
O indivíduo não se reconhece mais como sujeito e, em vez de se 
realizar com seu trabalho, perde-se, visto que os meios de trabalho não 
são seus e o processo é fragmentado. Esses fatores não permitem a 
apropriação da totalidade do processo de trabalho e nem do desenvol-
vimento de suas habilidades de maneira ampla.
Barroco (2009) ainda explica que se por meio do trabalho a huma-
nidade manifesta suas capacidades, não poder fazê-lo livremente leva 
à alienação da própria vida. A atividade humana alienada está despoja-
da das características que diferenciam os seres humanos dos animais, 
como a consciência e a sociabilidade; dessa forma, a liberdade e a uni-
versalidade não se configuram plenamente, não há apropriação e am-
pliação de suas capacidades, não há projetos e nem satisfação pessoal. 
Volta-se à ideia de suprir as necessidades de sobrevivência por meio do 
trabalho, mas agora intermediada pelo dinheiro.
O trabalho que desenvolve os sentidos humanos, como a sensibilida-
de e a realização, e é o que humaniza o ser não está presente de modo 
completo em uma sociedade com a divisão social do trabalho capitalista, 
logo o indivíduo desumaniza-se e empobrece seus sentidos. A apropria-
ção da riqueza humana, que leva o ser a suprir suas carências e formas 
de satisfação, é negada em uma sociedade alienada.
Contudo, sabemos que em uma sociedade capitalista os trabalhado-
res e os detentores dos meios de produção não se encontram em iguais 
condições econômicas, sociais, culturais, entre outras, evidenciando 
a contradição existente entre eles, o que determina as diferenças de 
condições de vida em muitos sentidos, mas tendo como cerne a rela-
ção entre quem explora e quem é explorado. O processo de alienação, 
portanto, não ocorre da mesma maneira para os detentores do capital.
E como fica a ética nesse estado de coisas? Se o ser humano é ca-
paz de agir de maneira teleológica – projetando sua ação com base em 
escolhas de valor, de modo que seu produto seja a materialização de 
sua consciência (práxis) –, então trata-se de um ser com caráter deci-
sório que decide obedecendo à sua natureza racional. Nessa lógica, o 
indivíduo é capaz de agir eticamente, já que consegue fazer escolhas 
racionais com base em valores, projetando suas ações, e assim inter-
ferindo na realidade social de acordo com princípios e projetos éticos 
e políticos.
Para conhecer mais so-
bre o conceito de práxis, 
bastante utilizado neste 
livro, e outros conceitos a 
de Marx, leia o Dicionário 
do Pensamento Marxista. 
BOTTOMORE, T. Rio de Janeiro: 
Zahar, 2012. Disponível em: 
https://edisciplinas.usp.br/
pluginfile.php/2543654/
mod_resource/content/2/
Bottomore_dicion%C3%A1rio_
pensamento_marxista.pdf. Acesso 
em: 16 dez. 2020.
Livro
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2543654/mod_resource/content/2/Bottomore_dicion%C3%A1rio_pensamento_marxista.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2543654/mod_resource/content/2/Bottomore_dicion%C3%A1rio_pensamento_marxista.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2543654/mod_resource/content/2/Bottomore_dicion%C3%A1rio_pensamento_marxista.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2543654/mod_resource/content/2/Bottomore_dicion%C3%A1rio_pensamento_marxista.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2543654/mod_resource/content/2/Bottomore_dicion%C3%A1rio_pensamento_marxista.pdf
18 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
A ética, segundo o pensamento marxista, “é um momento da práxis 
humana em seu conjunto” (LUKÁCS, 2007, p. 72). A práxis não se esgota 
no trabalho diretamente ligado à transformação da natureza, mas re-
laciona-se também com a transformação de ideias, valores, comporta-
mentos e ações, podendo ser esta uma ação ético-moral.
Desse modo, a ética relaciona-se com a transformação do próprio 
ser humano, que, ao fazer suas escolhas com base em valores e de 
modo consciente e projetivo, objetiva a própria condição de liberdade 
humana em sua universalidade, emancipando-se (BARROCO, 2009).
Na sociedade capitalista, a objetivação histórica da ética é desigual 
e limitada, o que evidencia o processo de alienação. Nesse contexto, a 
riqueza humana – ou seja, a materialidade e a espiritualidade produ-
zidas pela humanidade – é negada aos indivíduos, restringindo suas 
capacidades éticas e, por isso, desumanizando-os.
Para conhecer mais sobre a ética na teoria marxista, é interessante a leitura 
do artigo A ética marxista: aproximações conceituais, perspectivas políticas e 
educacionais, do professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná 
(UENP) Antonio Carlos Souza, publicado na revista Filosofia e Educação, da 
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2018.
Acesso em: 16 dez. 2020. 
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/view/8651032/17342
Artigo
E quanto à moral? Qual é a sua importância? A moral, diferente-
mente da ética, não tem esse caráter de universalidade, generalidade 
e liberdade humana, mas possui a função de regular normas, valores e 
práticas de um determinado período histórico, podendo sofrer modifi-
cações, progressões ou mesmo regressões ao longo do tempo.
A moral relaciona-se a um conjunto de normas e valores sociais, 
sendo construída com base em costumes cotidianos que viram hábitos 
e que, por isso mesmo, acabam orientando a conduta dos membros de 
uma sociedade. O que queremos dizer é que os valores morais podem 
não ser analisados criticamente pelos indivíduos, que acabam somente 
reproduzindo-os em seu cotidiano, sem de fato parar para uma refle-
xão a respeito do que acreditam ser o correto ou não. Assim, não há 
uma responsabilização consciente por determinadas escolhas ligadas 
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/view/8651032/17342A ética como fundamento do assistente social 19
à moral. Nesse sentido, a moral de uma sociedade tende a se objetivar 
de modo alienado, como uma mera reprodução de juízos de valor pro-
visórios. Conforme Barroco, “na sociedade de classes, a moral participa 
de uma função ideológica precisa: contribui para a veiculação de mo-
dos de ser e de valores que favorecem a legitimação da ordem social 
dominante“ (BARROCO, 2009, p. 161).
Na sociedade em que se prezam os interesses burgueses, a moral 
tem função ideológica, ou seja, repetem-se comportamentos veicula-
dos pela classe dominante, a qual busca, por meio da ideologia, a coe-
são social em torno dos seus interesses. Dessa forma, criam-se valores 
relacionados a estereótipos – muitas vezes reveladores de preconcei-
tos – que são adotados como mais corretos pelos indivíduos, sendo 
reproduzidos. A reprodução desse modo de ser é reforçada devido a 
elementos como o comodismo, o conformismo e interesses imediatos.
A moral, no entanto, é algo em constante transformação, sendo que 
seu progresso ou retrocesso está relacionado às características pró-
prias da sociedade de cada época. Pensar em uma moral em processo 
de evolução pode nos fazer refletir que isso se dará por meio do tra-
balho coletivo e da construção de um projeto societário que preze por 
valores éticos universais, em que a liberdade e, consequentemente, a 
riqueza humana possam ser apropriadas por toda a humanidade.
1.2 A construção do ethos profissional 
Vídeo Na seção anterior, vimos que o indivíduo, diferentemente de ou-
tros animais, age conscientemente, de modo teleológico, projetando 
suas ações com base em escolhas de valor e tendo como resultado a 
 materialização do seu propósito. O ser social projeta ações que po-
dem ser de caráter individual ou coletivo a fim de atender às suas ne-
cessidades. Quando coletivo, tem por finalidade suprir as demandas 
sociais, partindo da ideia de construção de uma sociedade. Um pro-
jeto societário está submetido aos valores que justificam essa cons-
trução e aos meios para sua efetivação, de acordo com o espaço e o 
tempo histórico (NETTO, 2011).
20 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Os projetos profissionais também são de caráter coletivo e se rela-
cionam com os projetos societários, na medida em que se tem como ob-
jetivo atender às necessidades sociais – apresentadas em um contexto 
histórico, ético e político determinado – e a propor novas ideias e dire-
cionamentos sociais.
As profissões, cada qual obedecendo ao seu projeto profissional, 
atendem às necessidades sociais, e os profissionais devem cumprir os 
objetivos e as práticas tendo como base referências técnicas e éticas, 
estabelecidas no momento de suas formações acadêmicas e profissio-
nais. Desse modo, o projeto profissional é o reflexo de uma profissão, 
transmite valores que serão legitimados socialmente e determinam 
práticas e normas que norteiam o comportamento profissional, além 
de balizar as relações dos profissionais com os usuários, com outras 
profissões e instituições e, notadamente, com o Estado (NETTO, 2011). 
O projeto profissional tem desdobramentos sociais, éticos e políticos 
objetivos, ou seja, concretiza-se na sociedade, estando seus agentes 
totalmente conscientes dos elementos que norteiam sua prática ou 
apenas reproduzindo comportamentos morais cotidianos de maneira 
acrítica.
A adesão consciente dos agentes a um projeto profissional implica 
decisões de valor, éticas e morais, que podem estar em conflito com a 
ordem hegemônica ou não, sendo sempre passíveis de serem reavaliadas 
e modificadas. A formação profissional e a atuação prática do assistente 
social estão baseadas em direcionamentos éticos que vão para além da 
vida profissional dele; forma-se um sujeito social, aquele que reflete etica-
mente sobre sua prática cotidiana não somente profissional, mas também 
quanto às suas relações com o outro e com o mundo ao seu redor, bus-
cando se aproximar da genericidade humana 1
“Baseado em Karl Marx e 
Agnes Heller, o conceito de 
humano-genérico se constitui 
como homem por inteiro, 
utilizando todas as suas capaci-
dades e potencialidades. Seria 
o reconhecimento do ‘nós’, de 
se identificar com o outro pela 
igualdade, ser reconhecido e 
reconhecendo o outro enquanto 
ser humano”. (ROSA; GIOMETTI, 
2016, p. 58)
1
 (CARDOSO, 2013).
A construção do ethos profissional do assistente social e o proje-
to profissional dessa atividade estão em relação estreita com a ética. 
Entretanto, é preciso compreender que o ethos profissional também é 
construído com base nas necessidades sociais e econômicas de uma 
determinada sociedade, conforme as ideias culturais de uma época 
histórica, e que as práticas profissionais acabam sendo influenciadas 
por expectativas sociais, de acordo com as quais se esperam dos 
 profissionais determinados comportamentos que estejam em confor-
midade com a moral estabelecida socialmente.
A ética como fundamento do assistente social 21
A construção da ética profissional se dá por meio dos conhecimen-
tos filosóficos e teóricos incorporados pelo Serviço Social. Contudo, es-
sas não são as únicas referências que orientam o comportamento dos 
assistentes sociais; junta-se a isso o que foi apreendido em sua sociali-
zação primária – formas de ser e agir no mundo do núcleo familiar e de 
direcionadores dados por várias outras instâncias sociais de seu con-
vívio, como a religião, a escola, os meios de comunicação, orientações 
políticas e demais formas socializadoras. A partir daí, criam-se hábitos 
e costumes, adquiridos, pela educação formal e pela vida cotidiana.
É possível perceber que nesse encontro entre a moral da época, a 
socialização primária do indivíduo e as dimensões éticas da profissão 
surgem as contradições e os conflitos, elementos que irão compor a 
ética profissional, uma vez que esta não se relaciona apenas com a pro-
fissão, mas também com a vida social em geral. É preciso compreender 
que a ética profissional tem uma autonomia relativa, já que está sujeita 
a transformações que obedecem aos contextos sociais, econômicos e 
culturais de uma época.
Podemos compreender, portanto, o
ethos profissional como um modo de ser construído a partir 
das necessidades sociais, inscritas nas demandas postas 
 historicamente à profissão e nas respostas ético-morais dadas 
por ela, nas várias dimensões que compõe a ética profissional. 
( BARROCO, 2005, p. 69)
As dimensões da ética profissional, apresentadas pela autora, são: 
a filosófica (bases teóricas para a compreensão dos valores, princí-
pios e modos de ser ético-morais); o modo de ser, ou seja, o ethos 
da profissão (a consciência moral, a imagem social e profissional, as 
objetivações individuais e coletivas); e a normatização (Código de Éti-
ca dos Assistentes Sociais). Essas dimensões, articuladas entre si de 
acordo com um projeto de sociedade, implicam uma ação profissional 
com direcionamento ético e político e, consequentemente, com uma 
prática que tem essa intencionalidade.
Compreendemos, até aqui, como se dá a constituição do ethos de 
um profissional, que está sujeito não somente aos direcionamentos da 
profissão, mas também a um contexto histórico e social, e, devido jus-
tamente a esse caráter de temporalidade, passa por constantes reava-
liações ao longo do tempo.
Para uma melhor com-
preensão a respeito da 
construção da identidade 
profissional do assistente 
social, assista aos primei-
ros 21 minutos do vídeo 
Identidade profissional 
da/o assistente social na 
contemporaneidade com 
Maria Lucia Martinelli, 
publicado pelo canal Sesc 
São Paulo.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=ArjDvXIhm64. Acesso em: 
16 dez. 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=ArjDvXIhm64
https://www.youtube.com/watch?v=ArjDvXIhm64
https://www.youtube.com/watch?v=ArjDvXIhm64
22 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Em seguida, estudaremos como se deu propriamente a construção 
do ethosprofissional do Serviço Social, suas especificidades em relação 
a um contexto histórico e suas transformações ao longo do tempo, che-
gando à construção do projeto ético-político da profissão.
Historicamente, há uma tendência ao conservadorismo moral no 
momento da gênese da profissão do Serviço Social, fato que contribuiu 
para a reprodução das relações sociais capitalistas. Barroco (2005) re-
lata que essa profissão surge com a finalidade de atender ao projeto 
societário de determinadas classes sociais, notadamente a burguesia 
e as forças conservadoras, na busca por conciliar as relações entre as 
forças produtivas (capital e trabalho) presentes no sistema capitalista.
A mesma autora comenta ainda que, no período histórico em que 
se inicia a atuação dos agentes sociais, de industrialização e arrefeci-
mento do capitalismo – fatores que trouxeram consequências sociais e 
econômicas contraditórias –, os assistentes sociais estiveram a serviço 
do enfrentamento da chamada questão social.
Do que se trata exatamente a chamada questão social nesse perío-
do? No cenário social, econômico e político da Europa do século XIX, 
algo aconteceu no interior da luta de classes entre operariado e bur-
guesia. Historicamente explorado, acumulando em sua trajetória de 
lutas contra o capital algumas conquistas e derrotas, o trabalhador 
adquiriu consciência de classe e passou a clamar por direitos sociais, 
por melhores salários e por uma legislação de proteção ao trabalho. 
A classe dominante temerosa vê nesse movimento não apenas uma 
luta revolucionária do proletariado por melhores condições de vida, 
mas uma possível ruptura da ordem social estabelecida. Desse modo, 
os projetos societários burguês e conservador, para seus filiados, pare-
cem estar ameaçados, já que ambos conservam as mesmas pretensões 
de garantir a ordem social, econômica e política vigente. Ambas as for-
ças se articulam na defesa de ideais afins: a burguesia, que pretende se 
manter no poder ao garantir o capital e a reprodução deste; e as forças 
conservadoras, vendo a primeira como aliada na luta contra o socialis-
mo que ameaça a propriedade privada.
Diante desse contexto, percebemos que a questão social a ser resol-
vida não está diretamente relacionada às contradições geradas pelas 
desigualdades sociais e pelo empobrecimento da população, mas tem 
muito mais a ver com a luta histórica e política do proletariado e com o 
A ética como fundamento do assistente social 23
temor da mudança de uma ordem social burguesa para outra que be-
neficie as classes menos favorecidas. As forças conservadoras da épo-
ca, Igreja, Estado e burguesia, respondem a esse contexto por meio do 
enfrentamento da questão social, pelo apelo moral, contra o que cha-
maram de desordem social, a favor, pois, da ordem e de elementos que 
a compõem – como o progresso e a preservação da família, sustentada 
pelo papel da mulher no lar e na sociedade (BARROCO, 2005).
O Serviço Social vem ao encontro desses interesses conservadores 
e capitalistas, nascendo no seio da Igreja Católica, em 1936, como um 
curso de especialização vinculado à Igreja e que tinha por finalidade 
capacitar agentes para o enfrentamento da questão social. Cardoso 
(2013, p. 114) faz um resumo desse período ao dizer que
o Serviço Social se institucionaliza como profissão contratada pelo 
Estado, para a implantação de políticas assistencialistas e populis-
tas, tendo sua legitimação como estratégia da nascente burguesia 
industrial para o apaziguamento dos conflitos provenientes da 
questão social até então manifesta principalmente pela ação da 
Igreja Católica. Podemos dizer, portanto, que sua institucionali-
zação é uma consequência da legitimação realizada pelas classes 
dominantes e impulsionada pela Igreja e que sua formação profis-
sional passa a ser responsabilidade desta, o que lhe confere um 
caráter conservador e humanista.
O conservadorismo está presente no fundamento da profissão em 
vários aspectos, como na formação acadêmica profissional, por meio 
de um projeto pedagógico conservador; na cultura positivista 2 (ideais 
vindos da teoria positivista) da sociedade brasileira da época, arraiga-
da nos sujeitos sociais por meio da socialização primária; no próprio 
projeto conservador e liberal da Igreja Católica, que, em contraparti-
da, traz aspectos ditos humanistas, voltados pretensamente a um bem 
comum, sem que sejam levados em consideração as necessidades e 
os interesses de outros grupos, classes e etnias. A formação conser-
vadora e católica do profissional do Serviço Social junta-se aos ideais 
de uma sociedade alicerçada no modelo positivista, e esses fatores, 
conforme afirma Barroco (2005), levam à alienação moral, isto é, à 
assimilação e repetição acrítica de valores. Tais elementos direcionam 
a comportamentos generalizantes, com tendências estereotipadas e 
comportamentos preconceituosos e discriminatórios, com rejeição a 
tudo o que não condiz com os padrões sociais estabelecidos.
A teoria positivista é atribuída 
ao francês Augusto Comte 
(1798-1857) que no século 
XIX, influenciado pelos ideais 
iluministas, procurou explicar 
as transformações sociais 
decorrentes da industrialização. 
O pensador acreditava na 
racionalidade científica como 
solução para os problemas da 
humanidade e em seu progresso 
contínuo, que se daria por meio 
da ordem e da moral social.
2
24 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Barroco (2005) discute também que, nesse contexto, as relações de 
trabalho são vistas por um prisma moral, deixando de lado o cerne 
dessas relações: suas contradições e desigualdades. O enfrentamento 
da questão social passa, portanto, pelos comportamentos e desajus-
tes sociais dos trabalhadores nas fábricas. Esses desajustes estão rela-
cionados a fatores como: a perda do papel da mulher ao deixar o lar; 
a desestruturação de laços familiares e comunitários; a aproximação, 
nas fábricas, entre os seres humanos em seus postos de trabalhadores, 
fato que geraria a proliferação do alcoolismo, entre outros elementos 
que, segundo as forças dominantes, levam à decadência econômica e 
moral da sociedade.
Considerando essa realidade imposta pelas forças conservadoras, o 
papel do profissional do Serviço Social foi o de educador, voltado à mo-
ralização social e ao ensino dos trabalhadores sobre comportamentos 
aceitáveis e formas de vida adequadas socialmente.
A formação profissional do Serviço Social manteve esse caráter de 
cunho conservador por longa data, estando mais voltada a uma es-
pécie de doutrinação do que alicerçada em bases científicas. Assim, a 
profissão tinha um caráter moralizador, com objetivos específicos de 
adequação dos indivíduos a padrões e normas, bem como de resolu-
ção de problemas relacionados aos desajustes e às disfunções sociais, 
com base nos princípios católicos (CARDOSO, 2013).
Essa orientação de cunho religioso influenciou a formação acadêmi-
ca e profissional do Serviço Social por quase cinco décadas, conforme 
afirma Cardoso (2013). A busca por uma certa cientificidade para a pro-
fissão aproximou-se da ideologia desenvolvimentista e do positivismo, 
tendo como alicerce o pensamento social da Igreja, configurando-se, 
dessa forma, um arranjo teórico-doutrinário que serviu de base para a 
conduta prática profissional e, ao mesmo tempo, trouxe à profissão um 
status especial por estar dedicada ao ser humano.
O papel dos agentes sociais, portanto, era o de garantir a manuten-
ção de um certo ordenamento benéfico à sociedade, atuando em prol 
da construção de uma ordem social que fosse naturalmente harmôni-
ca, prezando pela autoridade e pelo progresso. Esse ordenamento so-
cial deveria ser alcançado por meio de valores como a preservação dos 
costumes familiares, a mulher no lar e o combate à desordem causada 
pelas lutas sociais, elementos de reprodução da ordem social burgue-
A ética como fundamento do assistente social 25
sa. Também podemos observar, com base nos valores humanistas pro-
pagadospela Igreja, uma atitude dita altruísta, de preservação por um 
bem maior, já que, para alcançar um estado de coisas harmônico, era 
necessário existir uma certa coesão social, alcançada pela superação 
de conflitos, fazendo-se uso de sacrifícios em prol desse bem maior, 
no qual a estabilidade e progresso social se encontram acima dos in-
teresses particulares, recaindo sobre o sujeito todas as pressões éticas 
e morais.
A respeito da construção do ethos profissional conservador do assis-
tente social, é importante frisarmos também que ele estava diretamen-
te relacionado ao papel da mulher na sociedade. As determinações 
morais católicas e patriarcais das forças burguesas e conservadoras 
aliavam o feminino a certas virtudes, como a pureza, a bondade, a 
abnegação, e atribuía ao papel da mulher determinadas responsabi-
lidades, como a educação dos filhos, os cuidados domésticos, a ma-
nutenção das relações comunitárias, elementos que as qualificariam 
naturalmente a determinadas profissões ditas atividades apropriadas 
para as mulheres. Nesse sentido, a própria formação cultural e moral 
da mulher a qualificaria para o papel de educadora, sendo atribuída a 
ela a função de moralizar os indivíduos, enfrentando, assim, a questão 
social, de maneira a evitar ou minimizar os danos causados pelos de-
sajustes sociais.
Vemos, portanto, que ocorre uma certa confusão entre moral e 
ética no início da formação profissional do assistente social, uma vez 
que tinha como base aspectos morais e doutrinários. Conforme afirma 
Cardoso (2013), o projeto político pedagógico da profissão e a atuação 
profissional no período de 1940 até por volta de 1970 foram marcados 
pelo ethos conservador da profissão, perpetuando o papel do assisten-
te social como educador, em busca de uma harmonia social por meio 
da correção dos desajustes individuais e familiares. Esse ethos, afirma 
a autora, perde sua expressão nos anos de 1980 devido às reformula-
ções e à construção do projeto profissional da categoria. Porém, ainda 
mantém suas raízes na sociedade.
Em décadas posteriores, mais especificamente de 1960 até 1980, o 
Serviço Social passou por um momento de reformulação, que culmi-
nou na ruptura dos ideais conservadores, indo em direção à constru-
ção do chamado projeto profissional ético-político, que se solidificou na 
década de 1990.
patriarcal: um tipo de organi-
zação social que se caracteriza 
pela sucessão patrilinear, pela 
autoridade paterna e pela 
subordinação das mulheres e 
dos filhos.
Glossário
26 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Trata-se de um período histórico de muitas movimentações e lutas 
sociais, de combate à ditadura, em defesa da democracia e dos direitos 
da classe trabalhadora. A esses movimentos juntaram-se estudantes, 
docentes e profissionais do Serviço Social. A categoria viveu um momen-
to denominado movimento de renovação, no qual novos ideais ganharam 
força e se iniciou um movimento de ruptura com o modelo conservador. 
No contexto de término da ditadura militar e da redemocratização no 
país, a intenção de uma ruptura obteve mais fôlego, ganhando sua hege-
monia na década de 1980 (CARDOSO, 2013).
Esse processo de revisão intelectual e política da profissão se 
 expressou na construção de um novo currículo formativo da profissão, 
que em transição constitui-se, de um lado, pelas influências dos estu-
dos norte-americanos, com as teorias de caso, grupo e comunidade e, 
de outro lado, pelos conteúdos que abordam novos direcionamentos 
para a categoria. Trata-se da construção de um novo projeto profissio-
nal, o qual, ao refletir sobre as contradições e conflitos existentes na 
sociedade, enfatiza a importância de uma leitura crítica da realidade 
por parte do assistente social. Desse modo, o projeto profissional visa 
à articulação de novas metodologias de estudo e atuação profissional, 
com base na compreensão e na análise crítica da realidade social e do 
repensar sobre a prática, e propõe novas formas de intervenção social.
Trata-se, desse modo, de um novo olhar para o Serviço Social, indo 
desde as modificações curriculares e formativas articuladas com o pro-
jeto profissional da categoria até a necessidade de se conhecer a histó-
ria da profissão e suas implicações na realidade social, entendendo-a 
como práxis. Para além do chamado saber-fazer, vê-se a importância da 
teoria como orientadora da prática. Nota-se também uma maior cons-
ciência sobre a dimensão política inerente à profissão e, portanto, do 
importante papel do assistente social nas demandas da luta de classes 
dos trabalhadores e da ampliação quanto à sua adesão a todas as for-
mas de lutas sociais em favor das minorias.
Ampliada a visão da real contribuição e do papel do assistente social 
na sociedade, a profissão agora passa a integrar uma ética emancipató-
ria, compreendendo a ética profissional como práxis.
Contudo, conforme discutido por Cardoso (2013), nos cursos de 
formação, a ética ainda estava restrita a uma disciplina, não fazendo 
parte da estrutura do curso como um todo, em sua essência. Até que, 
A ética como fundamento do assistente social 27
em 1996, com o amadurecimento da profissão e após a reavaliação 
do currículo de 1982, foram aprovadas novas diretrizes curriculares. 
Houve um aprofundamento das teorias marxistas, e a formação do as-
sistente social passou a trazer a questão do trabalho como central para 
a profissão, entendendo o ser humano como ser social que se consti-
tui por meio do trabalho, reafirmando a visão ontológica do ser social. 
Entende-se a questão social como um fundamento sócio-histórico da 
profissão, vista em uma perspectiva de ampliação dos direitos sociais, 
que vincula a ação profissional, a defesa de direitos sociais e a garantia 
da cidadania e da democracia. Desse modo, busca-se capacitar o pro-
fissional para a elaboração e a execução de políticas sociais em uma 
perspectiva crítica da relação entre Estado e sociedade.
A autora ainda comenta que, nesse novo currículo, a ética ganhou 
ainda maior importância por sua inclusão ser proposta de maneira es-
trutural, para além de uma disciplina, como parte central no processo 
de formação profissional, perpassando por toda a estrutura curricular. 
No entanto, essa transversalidade parece não ter sido concretizada na 
prática, mas, de qualquer modo, há um aprofundamento da base de fun-
damentação teórica dessa disciplina, chamando a atenção para temas 
como a ontologia do ser social e a construção de um ethos profissional 
crítico, que se apoia em bases reflexivas sobre a realidade social.
A constituição do ethos profissional crítico do assistente social, pas-
sando por rupturas e renovações na formação e na prática profissional, 
determina a construção do projeto ético-político da profissão. Apesar 
de a gênese do Serviço Social estar vinculada ao conservadorismo cató-
lico e à sua atuação prática voltada a dimensões morais, as transforma-
ções ocorridas a partir da década de 1960 trazem uma nova perspectiva 
à profissão, levando-a ao amadurecimento teórico e político e à cons-
trução de um projeto ético-político centrado na reflexão a respeito das 
contradições sociais e na busca por ações que possam contribuir para 
a construção de um novo projeto de sociedade.
Para saber mais sobre o 
processo de formação 
profissional do assistente 
social e da sua prática 
ao longo da história da 
profissão, assista ao vídeo 
Palestra com a Professora 
Marilda Villela Iamamoto, 
publicado pelo canal 
Cortez Editora.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=zDOnXgCH_1Y&t=181s. 
Acesso em: 17 dez. 2020.
Saiba mais
1.3 O projeto profissional do Serviço Social 
Vídeo A formação do ethos profissional, bem como o projeto profissional 
da profissão, como visto anteriormente, relaciona-se a um projeto so-
cietário. Os projetos coletivos e/ou societários se originam das próprias 
atividades desenvolvidas pelos seres humanos. As práticas ou ativida-
https://www.youtube.com/watch?v=zDOnXgCH_1Y&t=181shttps://www.youtube.com/watch?v=zDOnXgCH_1Y&t=181s
https://www.youtube.com/watch?v=zDOnXgCH_1Y&t=181s
28 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
des são motivadas pelos múltiplos interesses sociais. Elas ocorrem de 
acordo com as necessidades reais apresentadas em um lugar e tempo 
histórico determinado, levando a humanidade ao seu desenvolvimento 
por meio do trabalho. Portanto, ao pensar na práxis humana e nos pro-
jetos coletivos e societários, deve-se considerar a existência de deter-
minantes políticos, principalmente se dada no interior de um sistema 
capitalista e de conflitos de classe. Netto (1999, p. 94 apud BARROCO, 
2005, p. 67) refere-se aos projetos societários como projetos de classe: 
“em sociedades como a nossa, os projetos societários são, simultanea-
mente, projetos de classe, ainda que refratando mais fortemente deter-
minações de outra natureza (de gênero, culturais, étnicas, etárias etc.)”.
Ainda retomando alguns conceitos para compreendermos melhor 
essa questão, sabemos que o trabalho apresenta ao ser humano mui-
tas possibilidades de escolhas e que o ser projeta ideais a partir delas, 
 objetivando-as no mundo real. Ao longo do seu caminho histórico, a 
humanidade vai criando novas necessidades e práticas – advindas tan-
to do seu trabalho material quanto das suas ideias –, seu mundo vai se 
tornando mais complexo e algumas de suas objetivações se afastam 
daquelas ligadas diretamente ao trabalho material, junto à natureza. 
Criam-se atividades intelectuais como a própria educação, as artes, a 
política, entre outras, com base na produção e reprodução da prática 
produtiva material e das relações sociais. Trata-se, assim, de uma dinâ-
mica social em que as relações vão se tornando cada vez mais comple-
xas, resultando em formas de vida diferenciadas.
Sabemos que o processo de desenvolvimento histórico do indiví-
duo objetiva dois tipos de práticas conhecidas: as que ocorrem ma-
terialmente, por meio da transformação da natureza pelo trabalho, e 
aquelas que se dão no plano das ideias e que incidem sobre o compor-
tamento dos indivíduos, como os valores ligados à ética. Essas práticas, 
como visto, podem se dar de modo individual ou coletivo, sendo que 
suas projeções e objetivações estão sujeitas a determinados interes-
ses, muitas vezes conflituosos e em disputa.
A construção de um projeto profissional, como prática coletiva, 
também atende às necessidades e aos interesses sociais, mas é preci-
so tomar certo direcionamento – construído por meio da escolha por 
determinados valores e da sua perpetuação. Desse modo, o projeto 
profissional se objetiva ao conquistar grande parcela do segmento pro-
A ética como fundamento do assistente social 29
fissional, representando-o. Barroco (2009, p. 13) ao discutir a ética pro-
fissional, afirma:
o que dá materialidade e organicidade à consciência ética dos 
profissionais é o pertencimento a um projeto profissional, que 
possa responder aos seus ideais, projeções profissionais e socie-
tárias, enquanto profissionais, cidadãos e categoria organizada. 
Os profissionais participam eticamente de um projeto profissio-
nal quando assumem individual e coletivamente a sua constru-
ção, sentindo-se responsáveis pela sua existência, como parte 
integrante do mesmo. 
Dado que o projeto profissional atende a necessidades e interesses 
sociais, compreende-se que ele se relaciona com a sociedade e é pen-
sado no interior de um projeto coletivo maior: o projeto societário. En-
tretanto, não há um único projeto societário, uma vez que a sociedade, 
como visto, é composta por múltiplos interesses individuais e coletivos. 
A figura a seguir pode nos ajudar a memorizar e compreender o que 
são projetos coletivos, societários e profissionais.
Figura 1
Projetos sociais: projeto societário e projeto profissional
É um projeto coletivo que visa à construção 
da sociedade. Possui dimensão política ao 
representar os ideais de uma classe social.
Projeção consciente que visa à realização 
de objetivos que podem ser individuais ou 
coletivos. 
O que é um projeto?
O que é um projeto 
societário?
É um projeto coletivo que representa 
profissionais de uma categoria, os quais 
elegem valores legitimados socialmente. É a 
autoimagem da profissão.
O que é um projeto 
profissional?
Fonte: Elaborada pela autora.
Os projetos societários, portanto, estão em constante disputa, mo-
vimento esse que determina os rumos de uma sociedade ao modificar 
ou contribuir para a reprodução da ordem social. Podemos compreen-
30 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
der, com base nisso, que o projeto profissional do assistente social se 
vincula a um determinado projeto societário, que vai ao encontro das 
diretrizes estabelecidas pela categoria, as quais orientam a prática e o 
comportamento profissional (TEIXEIRA; BRAZ, 2009). Portanto, deve-se 
pensar o projeto profissional em relação à dinâmica social, às disputas 
sociais dentro e fora da categoria e aos rumos de uma sociedade.
É preciso compreender também, conforme mencionado no início 
deste capítulo, que o projeto profissional do Serviço Social traz em seu 
bojo dimensões políticas ao se relacionar diretamente com os conflitos 
existentes em uma sociedade desigual, composta por classes sociais 
que perpetuam ideologias diferentes. Conforme Barroco (2005), na so-
ciedade, de modo geral, existem dois tipos de projetos societários: os 
transformadores e os conservadores, ambos pertencentes a diferentes 
classes sociais e que, por isso, assumem valores diferentes. O projeto 
profissional do assistente social, ao relacionar-se a um projeto societá-
rio, é estabelecido de acordo com as dimensões éticas e políticas de um 
dos projetos citados, embora sem se confundir com ele.
Apesar da vertente ideológica conservadora, no momento da gê-
nese da profissão, a partir da década de 1960, a categoria passou por 
rupturas e transformações que a levaram a um posicionamento ético e 
político aproximando seu projeto profissional dos projetos societários 
de cunho transformador. Trata-se, portanto, de direcionamentos éti-
co-políticos que orientam o comportamento e a prática do assistente 
social no planejamento das suas ações, em suas intervenções políticas 
e nas ações diárias profissionais.
As diretrizes ética-políticas que norteiam a profissão dão o suporte 
teórico necessário para que o assistente social possa estar conscien-
te sobre suas escolhas profissionais em suas intervenções cotidianas, 
uma vez que nem sempre as demandas sociais que chegam a ele reve-
lam de imediato seu caráter determinante e as questões sociais que as 
envolvem. Fato é que as ações desse profissional atendem a interesses 
sociais contraditórios, agindo ele de maneira consciente e em conso-
nância com os norteadores da profissão ou não.
Assim sendo, o projeto ético-político da profissão compromete-se 
com um projeto societário de transformação que defende a necessi-
dade de um novo ordenamento de sociedade, livre da exploração ou 
da dominação de uma classe sobre a outra. Um dos compromissos do 
A ética como fundamento do assistente social 31
projeto é com a liberdade, entendida como um valor ético, prezando 
pela livre escolha, pela emancipação e pela expansão dos indivíduos. 
Ao se referir aos projetos profissionais, Netto (1999, p. 95 apud BARRO-
CO, 2005, p. 67) os define da seguinte maneira:
Os projetos profissionais apresentam a autoimagem da profissão, 
elegem valores que a legitimam socialmente e priorizam os seus 
objetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, institucio-
nais e práticos) para o seu exercício, prescrevem normas para o 
comportamento dos profissionais e estabelecem as balizas da sua 
relação com os usuários de seus serviços, com outras profissões 
e com as organizações e instituições sociais, privadas, públicas, 
entre estas, também e destacadamente com o Estado, ao qual 
coube, historicamente, o reconhecimento jurídico dos estatutos 
profissionais. 
Ainda sobre o projetoético-político e seus compromissos, o mesmo 
autor afirma:
tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como valor 
ético central – a liberdade concebida historicamente, como pos-
sibilidade de escolher entre alternativas concretas; daí um com-
promisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão 
dos indivíduos sociais. Consequentemente, o projeto profissio-
nal vincula-se a um projeto societário que propõe a construção 
de uma nova ordem social, sem dominação e/ou exploração de 
classe, etnia e gênero. (NETTO, 1999, p. 104- 105 apud TEIXEIRA; 
BRAZ, 2009, p. 6)
O projeto profissional do assistente social é composto de princípios 
éticos e políticos que refletem a imagem da profissão, além dos conhe-
cimentos acumulados historicamente, as teorias, os valores, os sabe-
res, as normas, os objetivos e a função social. Alguns dos elementos 
constitutivos do projeto profissional que o materializam e orientam as 
competências dos assistentes sociais estão em suas dimensões teóri-
co-metodológicas, políticas e jurídicas (TEIXEIRA; BRAZ, 2009).
No campo da produção de conhecimento, ou teórico-metodológico, 
pode-se dizer que o projeto ético-político da categoria, após o rompi-
mento com o conservadorismo e a aproximação de teorias marxistas 
– como a ontologia do ser social, vista anteriormente –, apresenta um 
direcionamento reflexivo e crítico, considerando-se as contradições 
existentes na realidade social. Essa tendência ao pensamento social 
crítico se reflete no fazer profissional, na sistematização e na organiza-
32 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
ção das suas práticas. A atuação prática cotidiana deve ser pautada no 
conhecimento econômico e cultural que se apresenta em seu contexto 
profissional, ou seja, o assistente social deve compreender a questão 
social colocada e suas expressões. Iamamoto (2000, p. 72) afirma que a 
competência teórico-metodológica do profissional relaciona-se com a
compreensão da sociedade brasileira resguardando as caracte-
rísticas históricas particulares que presidem a sua formação e 
desenvolvimento urbano e rural, em suas diversidades regionais 
e locais. Abrange as relações Estado/sociedade, os projetos polí-
ticos em debate, políticas sociais, as classes sociais e suas repre-
sentações culturais, os movimentos organizados da sociedade 
civil, entre outros aspectos.
Dessa forma, o projeto ético-político do Serviço Social na contem-
poraneidade relaciona-se ao conhecimento sobre a atuação prática 
profissional como maneiras de intervenção na realidade, levando a re-
flexões investigativas do próprio fazer profissional.
O projeto profissional também materializa-se com base em sua di-
mensão política e organizativa, por meio das entidades representati-
vas da categoria, como os Conselhos Federal e Regionais, e aquelas 
ligadas à formação profissional e aos estudantes, como a Associação 
Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, a Executiva Nacio-
nal de Estudantes de Serviço Social, os centros e diretórios acadêmicos 
das instituições de ensino. Por meio dos fóruns, das discussões e das 
deliberações dessas entidades, são traçadas as diretrizes do projeto 
profissional, suas modificações ou reafirmações. São, portanto, espa-
ços democráticos em que se apresentam a pluralidade de ideias e os 
pensamentos em constante disputa e construção coletiva do projeto 
ético-político da profissão.
Por fim, tem-se a dimensão jurídica, que embasa a prática profis-
sional por meio de um conjunto de normas e leis que legitimam e re-
gulamentam a profissão. O fazer do assistente social está amparado 
especificamente por documentos legitimados pela categoria, como o 
seu Código de Ética Profissional, a Lei n. 8.662, que regulamenta a pro-
fissão, bem como as Diretrizes Curriculares do Serviço Social, aprova-
das pelo MEC. A profissão também conta com o aparato jurídico não 
exclusivo, mas não menos importante, e que se relaciona diretamen-
te à atividade dos assistentes sociais em suas áreas de atuação, nota-
damente na saúde, na assistência social e na infância e adolescência. 
Logo, o profissional pode recorrer à Constituição Federal de 1988, à Lei 
A ética como fundamento do assistente social 33
Orgânica da saúde e da Assistência Social, bem como ao Estatuto da 
Criança e do Adolescente.
A materialização objetiva do projeto profissional, conforme Teixei-
ra e Braz (2009), se baseia nos elementos apresentados, os quais dão 
visibilidade e materialidade ao projeto ético-político, orientando a prá-
tica profissional de toda uma categoria. Não se pode, no entanto, dizer 
que as construções e as projeções coletivas, que constituem o projeto 
profissional, acontecem perfeitamente na realidade objetiva. Sabemos 
que, apesar de não existir a prática sem o pensamento teleológico, a 
realidade se sobrepõe às consciências e, portanto, as ações sociais não 
se comportam de modo ideal, mas estão sujeitas às circunstâncias pre-
determinadas da realidade social.
Além disso, podemos refletir a respeito da aparente contradição en-
tre os valores e os princípios que fazem parte do projeto profissional da 
categoria e da realidade de um sistema capitalista que alimenta desi-
gualdades sociais e econômicas. Podemos pensar, portanto, que há um 
certo romantismo na construção do projeto profissional da categoria, a 
qual não poderia ser viabilizada na prática, já que vai na contramão do 
que efetivamente está posto na realidade social. Devemos lembrar que 
o Serviço Social nasce das contradições postas pelo sistema capitalista, 
tendo a luta de classes como constituinte da profissão, e que é devido 
justamente a esse estado de coisas que seu projeto profissional deve 
contradizer as bases do sistema. É necessário lembrar também que a 
construção do projeto profissional do Serviço Social não está descolada 
da historicidade da profissão, mas se faz com base nela e no entendi-
mento do real papel do assistente social junto à classe trabalhadora e 
aos desfavorecidos socialmente, na luta pela liberdade e contra qual-
quer tipo de discriminação ou preconceito.
Tendo em vista que a dimensão política está presente no cerne da 
profissão, sabemos que a atuação do assistente social parte da análi-
se da realidade e de escolhas, que levam à elaboração de estratégias 
ética-políticas visando à sua intervenção na realidade social. Essas es-
tratégias devem ser orientadas pelos princípios estabelecidos no pro-
jeto profissional, reafirmando-o. Observamos que, longe de ser algo 
distante da realidade, o projeto ético-político fornece os subsídios ne-
cessários para a compreensão e o enfrentamento das dificuldades e 
contradições postas pelo sistema capitalista, servindo de base para 
a ação profissional em qualquer espaço social em que o assistente 
social esteja inserido.
Para refletir a respeito do 
projeto ético-político na 
história do Serviço Social 
e das tendências con-
temporâneas, assista ao 
vídeo José Paulo Netto – 9º 
Seminário Anual de Serviço 
Social, publicado pelo 
canal da Cortez Editora. 
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=JNpmYmBKTFQ. Acesso 
em: 17 dez. 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=JNpmYmBKTFQ
https://www.youtube.com/watch?v=JNpmYmBKTFQ
https://www.youtube.com/watch?v=JNpmYmBKTFQ
34 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo nos trouxe elementos importantes que servirão de em-
basamento teórico para a compreensão da construção e constituição do 
Código de Ética Profissional do Serviço Social, bem como da lei que regu-
lamenta a profissão. Para isso, foi necessário abordar alguns conceitos 
fundamentais que dão suporte teórico-prático à profissão.
A ética norteia os aspectos teórico-metodológicos, políticos e práticos 
do Serviço Social. Trata-se, portanto, de um conceito fundamental para a 
formação e para o exercício profissional, servindo de base teórica e práti-
ca para a construção do projeto profissional e da identidade da categoria.
ATIVIDADES
1. Ao pensarem ética profissional, quais elementos o assistente social 
deve levar em conta na sua prática cotidiana?
2. Qual é a importância da identidade (ethos) profissional?
3. Por que o projeto profissional dá suporte ao exercício das competências 
profissionais do assistente social?
REFERÊNCIAS
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BARROCO, M. L. S. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 
2005.
CARDOSO, P. F. G. Ética e projetos profissionais: os diferentes caminhos do Serviço Social no 
Brasil. Campinas: Papel Social, 2013.
CHAUÍ, M. Iniciação à filosofia. São Paulo: Ática, 2013.
IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 
São Paulo: Cortez, 2000.
LACERDA, G. B. Augusto Comte e o “positivismo” redescobertos. Revista de Sociologia e 
Política, Curitiba , v. 17, n. 34, p. 319-343, Out. 2009 . Disponível em: http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782009000300021&lng=en&nrm=iso>. 
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LUKÁCS, G. O jovem Marx e outros escritos de filosofia. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2007.
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NETTO, J. P. Ética e crise dos projetos de transformação social. In: BONETTI, D. A. et al. 
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TEIXEIRA, J. B.; BRAZ, M. O projeto ético-político do Serviço Social. In: CFESS. Serviço Social: 
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VÁZQUEZ, A. S. Ética. Trad. de João Dell’Anna. 36. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
https://ojs.franca.unesp.br/index.php/caminhos/article/view/1522/1683
https://ojs.franca.unesp.br/index.php/caminhos/article/view/1522/1683
Fundamentos filosóficos da ética profissional 35
2
Fundamentos filosóficos 
da ética profissional
Neste capítulo estudaremos os fundamentos éticos que emba-
saram os códigos de ética do Serviço Social. Faremos um trajeto 
contemplando todos os códigos anteriores ao atual, abordando o 
contexto histórico, os princípios que os regeram e os elementos 
fundamentais para a compreensão da constituição do Código de 
Ética de 1993. Na sequência, trataremos dos princípios e dos va-
lores fundamentais do Código de Ética de 1993, bem como das 
transformações no interior do Serviço Social que levaram à ruptura 
dos preceitos conservadores e ao compromisso com os trabalha-
dores. Por fim, compreenderemos e analisaremos criticamente 
alguns dos valores e princípios da sociedade burguesa e as limita-
ções impostas por uma ética mercantil.
2.1 Fundamentos filosóficos dos códigos 
de ética 
Vídeo O caminho percorrido de construção do ethos profissional e do 
projeto da profissão é marcado em conjunto pelos códigos de ética 
de 1947, 1965, 1975, 1986 e 1993 (o atual). Os códigos de ética não 
apenas dispõem de normas, deveres e competências, mas também 
se relacionam aos valores profissionais e à identificação com o pro-
jeto societário defendido pelos assistentes sociais em determinados 
momentos históricos.
Entendemos, portanto, a construção do Código de Ética do Serviço 
Social atual com base em uma perspectiva de mudança e construção 
coletiva, em direção a determinados princípios e valores sociais que 
vão ao encontro do projeto ético-político.
36 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
O projeto profissional do Serviço Social é marcado historicamen-
te por dois momentos: o período conservador, em que a profissão 
estava ligada aos ideais burgueses e cristãos; e o momento atual, 
de reflexão teórico-crítica diante da realidade de contradições de 
classes e da aproximação da classe trabalhadora em defesa do pro-
jeto societário de transformação.
O período conservador da profissão é assinalado pelas transforma-
ções sociais advindas da industrialização, que trazem à tona a chamada 
questão social, a qual trata de modo simples das contradições de classe 
surgidas das sequelas do sistema capitalista de produção. Nesse perío-
do, as desigualdades sociais foram fortemente sentidas por meio da 
exploração do trabalho, da pobreza, da violência e de problemas polí-
ticos e econômicos em geral. Nesse contexto, o Estado, representado 
pela burguesia, procurando amenizar essas questões, aliou-se à Igreja 
Católica em um projeto humanizador (CARDOSO, 2013). Dessa aliança 
surgiu o Serviço Social, com o objetivo de atuar na linha de frente das 
questões sociais, pela moralização da classe trabalhadora.
Na década de 1930, em que temos a gênese da profissão no país, 
e ainda em décadas posteriores, até o início do movimento de recon-
ceituação, o projeto profissional do Serviço Social apoiava-se em sóli-
das bases conservadoras cristãs, atendendo aos ideais burgueses de 
permanência do status quo. Assim, os primeiros códigos de ética da 
profissão, de 1945, 1965 e 1975, em ressonância, refletem valores e 
princípios de cunho moral, em defesa do projeto societário conserva-
dor. A reformulação veio com o Código de Ética de 1986, em que se dá 
a ruptura dos códigos de ética anteriores.
A quebra de pensamento que levou à construção do Código de 
Ética de 1986 pode ser compreendida pelo conhecimento das bases 
éticas e filosóficas dos códigos anteriores, alicerçadas nos princípios 
do neotomismo e do personalismo, que serão vistos adiante. Em linhas 
gerais, os códigos traziam princípios e valores conservadores, como 
a defesa da ordem, da propriedade privada, da hierarquia, da pre-
servação da família e do papel da mulher na sociedade. Desse modo, 
visualizavam-se os problemas sociais como decadência moral dos indi-
víduos, cabendo-lhes correção, uma vez que se acreditava em um ser 
humano ideal, fora de seu contexto histórico. Além disso, ao Estado e 
às autoridades, vistos como garantidores da ordem social e do bem 
comum, não se cabiam questionamentos.
status quo: termo que, no in-
terior do pensamento marxista, 
se refere à manutenção da 
ordem social estabelecida pela 
burguesia, de dominação de 
uma classe (a burguesa) sobre a 
outra (o proletariado). 
Glossário
Fundamentos filosóficos da ética profissional 37
A forte influência da Igreja Católica, que embasou a profissão desde os 
primórdios, introduziu os preceitos filosóficos neotomistas na formação do 
assistente social, nas disciplinas, nos documentos e na fundamentação filo-
sófica dos códigos de ética. Ao tratar do tema, Barroco e Terra (2012, p. 43) 
criticam as diretrizes da profissão, que advinham de uma filosofia de base 
religiosa, esclarecendo que “o neotomismo é a retomada, nos séculos XIX 
e XX, da Filosofia de Tomás de Aquino 1
A doutrina filosófica e teológica 
desenvolvida por Tomás de 
Aquino ou por seus discípulos é 
denominada tomismo. A proposta 
do teólogo é a conciliação entre 
razão e fé, colocando a primeira 
a serviço da segunda. Conforme 
sua filosofia, “se Deus é a única 
fonte da verdade, não é possível 
que os princípios que a razão 
naturalmente conhece sejam 
contraditórios aos da verdade 
de fé, uma vez que a graça que 
Deus dá ao homem é justa, pois 
não suprime da natureza o que 
há de mais nobre nela, a razão, 
senão que a supõe e a aperfeiçoa”. 
(FAITANIN, 2011, p. 20-21)
1, teólogo do século XII, que cons-
truiu sua filosofia baseada nos princípios da teologia e nos fundamentos 
da filosofia de Aristóteles”.
Para conhecer mais profundamente o teólogo Tomás de Aquino e a filosofia 
tomista, você