Buscar

Modernidade Líquida e Capitalismo - Sociologia Ambiental

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Fundamentos da Sociologia Ambiental – Trabalho final 
Professor André Altoé 
Aluno (a): Iasmin Rodrigues Rosa 
Engenharia Ambiental – 1º Periodo 2020 
 
A Modernidade Líquida como Consequência Evolutiva do Capitalismo 
 
O conceito de modernidade líquida, apresentado pelo sociólogo Zygmunt Bauman, se fundamenta 
no fato de que nossa sociedade atual é baseada no consumismo e que nela tudo acontece e muda muito 
rápido. Na mesma facilidade e rapidez que se adquiri, se descarta, desde os bens materiais até as relações 
interpessoais. Na, chamada por Bauman, sociedade de consumidores tudo está pautado no consumir para 
satisfazer vontades momentâneas, as coisas e as relações não são pensadas em longo prazo. A vida se dá 
de forma "agorista", o ter é mais importante do que o ser. 
O sistema capitalista vem constantemente nos provando sua altíssima capacidade de se reinventar 
e de se adaptar, de sempre catalisar as circunstâncias ao seu favor. De certa forma, o capitalismo usa da 
dialética para se reinventar: ele se apropria dos elementos contrários a si mesmo e os transforma em mais 
capitalismo. Essa questão é bem perceptível atualmente nos movimentos sociais libertários: em sua 
origem, esses movimentos se opõem ao capitalismo, mas muitas vezes, ao se apresentarem em nossa 
sociedade capitalista, o capitalismo os penetra e, na falácia de acolher, os transforma em mercadoria. As 
ideologias, bandeiras e símbolos viram camisas, bonés, canecas, publicidade e no fim: consumo. E como 
sempre, os bolsos de alguns poucos se enchem e as ideias e pautas se esvaziam. 
O capitalismo surgiu como síntese das forças contrárias presentes no feudalismo e é o primeiro 
modo de produção a dar, falsamente, a ideia de liberdade de escolha de trabalho. Vemos então, que desde 
seu surgimento, o capitalismo utiliza de “falsas promessas” para se promover. O que rege o capitalismo é 
a alta concentração de capital em poucas mãos, isso não muda. 
Karl Marx afirma que "a desvalorização do mundo humano cresce na razão direta da valorização 
do mundo das coisas", é possível interpretar o “mundo humano” como o conjunto de características e 
necessidades que nos faz ser e o “mundo das coisas” como o conjunto de adereços e supérfluos que 
queremos ter. 
Quanto mais consumimos além do necessário, mais nos aproximamos do mundo das coisas e nos 
distanciamos do mundo humano. Isso impacta não somente a nossa relação com o planeta, devido às 
questões ambientais e de sustentabilidade ligadas ao consumo exacerbado dos bens “descartáveis” que 
produzimos, mas também as nossas relações uns com os outros. Como apontado por Bauman, nossa 
sociedade do consumo também transforma as pessoas em mercadorias, culminando em relações mais 
fracas, superficiais e descartáveis. Esse ponto também se faz presente na ideologia de Marx, que diz que o 
trabalhador transforma não somente a sua mão de obra, mas também a si mesmo em mercadoria. 
Quanto mais o trabalhador se vende, mais se produz. Quanto mais se produz, mais se consome. 
Quanto mais se consome, mais se faz necessário produzir. 
A cada dia mais caminhamos na direção do individualismo e da apropriação de bens a fim de 
alcançar felicidade. Mas tal felicidade tem prazo de validade curto e logo precisamos substituir a coisa 
anterior por uma nova para alcançar a satisfação novamente. No sistema capitalista, o que faz a economia 
girar é o consumo e a circulação de dinheiro. Quanto mais e mais rápido precisarmos possuir e descartar 
coisas, mais o capitalismo cresce. 
Dada essa perspectiva, seria possível considerar a modernidade líquida, e sua sociedade de 
consumidores, como um efeito do capitalismo: o capitalismo depende do consumo. E o consumismo é a 
principal evidência da fase líquida da modernidade. Quanto mais o capitalismo cresce mais consumistas 
nos tornamos e vice-versa. Portanto, atualmente essas duas concepções estabelecem uma relação de 
interdependência, o capitalismo de hoje precisa desse modelo societário para se manter e tal modelo 
precisa do capitalismo para suprir suas “necessidades”. 
Entretanto, o sistema capitalista já funcionava a todo vapor muito antes da era líquido-moderna, 
sendo assim, ela teria nascido do próprio capitalismo, como uma versão mais aprimorada dele. 
Na física, chama-se de „energia‟ a capacidade de realizar trabalho. E chama-se de „trabalho‟ a 
transformação ou transferência de energia. As melhores fontes de energia são as que realizam mais 
trabalho em menos tempo e de forma mais eficiente. Durante a fase que Bauman denomina de 
modernidade sólida, a sociedade de produtores que antecede a fase líquida e sua sociedade de 
consumidores, o capitalismo funcionava por fontes de energias diferentes, talvez mais fracas, que 
produziam determinada quantidade de trabalho. Acontece então, que surgem novas fontes de energia, 
mais eficientes, e o capitalismo começa a utilizar delas para aumentar sua capacidade de realizar trabalho. 
A obsolescência embutida e a constante frustração dos desejos presentes na era líquido-moderna, 
são combustíveis perfeitos para o capitalismo, que visa vender sempre mais em cada vez menos tempo. 
Em suma, o capitalismo teria criado, de forma não proposital, a modernidade líquida e 
posteriormente, teria utilizado da própria para crescer.

Outros materiais