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08/02/2023 16:30 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 1/8 NÃO PODE FALTAR O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL Kheyder Loyola Imprimir PRATICAR PARA APRENDER Prezado aluno, nesta seção, abordaremos temas de absoluta relevância para a disciplina sobre investigações criminais, na qual trataremos a respeito de seu contexto histórico, das funções institucionais penais do Ministério Público e de seu poder investigativo. O crime de roubo é promovido por ação penal pública incondicionada, entretanto, como advogado da vítima, percebeu que, mesmo com a autoria e a materialidade demonstradas, o promotor de justiça, depois de seis meses, ainda não denunciou o investigado. Motivo até que obteve sua liberdade. Indignado com a postura, veri�que se é possível provocar uma persecução penal, diante da inércia do Ministério Público. CONCEITO-CHAVE ORIGEM E EVOLUÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO Antes de adentrar no tema, é importante ressaltar que a Constituição Federal de�ne o Ministério Público, em seu art. 127, como uma instituição permanente e essencial à função jurisdicional do próprio Estado, atribuindo-lhe a responsabilidade pela defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais e individuais indisponíveis. No que concerne à atuação ministerial dentro da esfera criminal, o inciso I do art. 129 da Magna Carta é enfático ao impor que ao Ministério Público compete privativamente promover a ação penal pública, analisando as nuances do processo criminal É de fácil percepção que o Ministério Público, enquanto único titular da ação penal pública, exerce verdadeiro protagonismo na esfera penal. 0 V e r a n o ta çõ e s 08/02/2023 16:30 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 2/8 Ao tratar da participação do Ministério Público no processo criminal, Avena (2020, p. 255) é didático ao expor seu papel tanto nas ações penais públicas quanto nas privadas, diferenciando cada espécie de atuação: Abordando-se o tema relativo ao papel do Ministério Público dentro do processo criminal, indispensável falar acerca da função atribuída a este pelos incisos VII e VIII do art. 129 da Constituição Federal, qual seja, o dever de exercer o controle externo da atividade policial e de requisitar diligências investigatórias. No que tange à origem do Ministério Público, esta remonta à época das colonizações, ao passo que, no período das ordenações do reino, em especial, as Ordenações Manuelinas (1521-1603) e as Ordenações Filipinas (1603-1830), já se previa a existência do Promotor de Justiça, ao qual cabia a incumbência de �scalizar a lei e efetivar as acusações criminais. O Código de Processo Criminal de 1832 previa a �gura do promotor público da forma sistematizada que observamos atualmente, impondo a ele a atribuição de denunciar os crimes e acusar delinquentes, conforme disposição expressa no art. 37. O Decreto nº 848, de 11 de outubro de 1890, dispôs em capítulo próprio acerca da estruturação e das atribuições do Ministério Público, dando ênfase aos critérios de indicação para o cargo de procurador-geral e as funções deste. Tratando-se das menções ao Ministério Público nas diversas constituições, a depender dos regimes adotados, há ou não menções, como no caso da Constituição de 1824, que não faz referência expressa ao Ministério Público. A atual Constituição Federal é expressa ao citar o Ministério Público, inclusive, listando-o no capítulo relativo às funções essenciais da justiça. O papel do órgão ministerial se desenvolveu e se alterou com o passar dos anos, porém suas atribuições sempre estiveram ligadas ao sistema de persecução penal e à �scalização da lei, sendo um órgão com clara proximidade com a população. Na órbita criminal, o Ministério Público representa o Estado-Administração, incumbindo-lhe, primordialmente, nos crimes de ação penal pública, deduzir perante o Estado-juiz as providências necessárias para que se concretize a pretensão punitiva; e, nos delitos de ação penal privada, �scalizar a instauração e o desenvolvimento regulares do processo, bem como o cumprimento e a aplicação da lei ao caso concreto. “ 0 V e r a n o ta çõ e s 08/02/2023 16:30 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 3/8 FUNÇÕES INSTITUCIONAIS PENAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO Nos termos impostos pela própria Constituição Federal em seu art. 127, o Ministério Público é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, ao qual é incumbida a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. O art. 129 da Constituição Federal de�ne as funções institucionais do Ministério Público, listando-as nos incisos I a IX. Tratando-se de matéria penal, os incisos I, VII e VIII são os mais relevantes para o presente estudo: O primeiro inciso do art. 129 prevê que a atribuição de promover a ação penal pública é privativa do Ministério Público, porém tal a�rmação possui exceções, como a possibilidade de promoção pela vítima na ação penal privada, subsidiária da pública. A ação penal privada subsidiária da pública é possibilitada pela inércia do órgão ministerial, o qual, se descumprido o prazo para adotar as medidas que lhe são cabíveis (de 5 a 15 dias, a depender da situação do réu, se preso ou solto), abre margem para que a vítima, seu representante ou seus sucessores ingressem com essa espécie de ação, fulcro no inciso LIX do art. 5 da Constituição Federal; no § 3º do art. 100 do Código Penal; no art. 29 do Código de Processo Penal. A função institucional de exercer o controle externo da atividade policial é regulamentada, na esfera federal, pela Lei Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993, que versa sobre a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União. A referida legislação, em seu art. 3º, impõe ao Ministério Público da União o exercício do controle externo da atividade policial com vistas à manutenção da democracia; à preservação da ordem pública, da incolumidade e Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; [...] VII – exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII – requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; [...] — (BRASIL, 1988, [s. p.]) “ 0 V e r a n o ta çõ e s 08/02/2023 16:30 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 4/8 do patrimônio das pessoas; à prevenção da ilegalidade ou do abuso de poder e à indisponibilidade da persecução penal. O controle externo da atividade policial por parte do Ministério Público é tratado, ainda, na Resolução nº 20, de 28 de maio de 2007, que regulamenta o art. 9º da Lei Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993, e o art. 80 da Lei nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993, disciplinando, no âmbito do Ministério Público, o controle externo da atividade policial, garantindo aos membros do Ministério Público o livre acesso aos estabelecimentos policiais e a qualquer documento relativo à atividade �m das polícias civil e militar, incluindo a polícia técnica desempenhada por outros órgãos, conforme previsão expressa no art. 5º da referida resolução. Por �m, o inciso VIII do art. 129da Constituição Federal versa sobre a requisição de diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial. As diligências investigatórias serão tratadas em tópico próprio nesta disciplina, sendo extensas as discussões a respeito do poder investigativo do Ministério Público. No que tange à função institucional relativa à requisição de instauração de inquérito policial, o Ministério Público, após a realização de procedimentos próprios, visando apurar a ocorrência de um determinado delito, pode encaminhar à autoridade policial requisição visando à instauração de inquérito policial, conforme disposições da Resolução nº 181, de 7 de agosto de 2017, do Conselho Nacional do Ministério Público. O PODER INVESTIGATIVO DO MINISTÉRIO PÚBLICO Conforme abordado, o art. 129 da Constituição Federal de�ne as funções institucionais do Ministério Público, dispondo, em seu inciso VIII, que compete ao órgão requisitar diligências investigatórias e instaurar o inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais. A respeito do tema, é importante ressaltar que o Supremo Tribunal Federal reconheceu, no bojo do RE 593.727, a competência constitucional do Ministério Público para promover, por autoridade própria, a investigação de natureza penal, manifestando-se nos seguintes termos: 0 V e r a n o ta çõ e s 08/02/2023 16:30 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 5/8 Vale destacar que o Ministério Público possui um instrumento de investigação próprio, denominado Procedimento de Investigação Criminal (PIC), regulamentado pela Resolução nº 181/17, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia, Cristiano Chaves de Farias (1999, p. 278), ao tratar do assunto, anos antes da referida resolução, é didático, de�nindo que as atribuições do órgão ministerial já incluiriam poderes implícitos para realizar investigações criminais, a saber: O PIC possui fortes semelhanças com a natureza do próprio inquérito policial, ao passo que objetiva apurar a materialidade e a autoria de um determinado delito. Cabe lembrar que o sistema penal brasileiro é acusatório, ao passo que faz a separação das funções de acusar, defender e julgar. É importante ressaltar que realização de investigações diretas pelo próprio Ministério Público não fere a divisão de funções presentes no sistema acusatório, ao passo que a atribuição é intimamente ligada à acusação. Frisa-se que os elementos colhidos pelo Ministério Público no uso de suas atribuições investigativas possuem o condão de servir de mera informação preliminar, ao passo que, assim como os elementos colhidos pelas polícias, sua rati�cação pelo Judiciário é indispensável, respeitando-se o exercício do contraditório e da ampla defesa. ASSIMILE O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas pro�ssionais de que se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/94, artigo 7º, notadamente os incisos I, II, III, XII, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade - sempre presente no Estado democrático de Direito - do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Súmula Vinculante 14), praticados pelos membros dessa instituição. “ Outrossim, destaca-se ser o Parquet o destinatário imediato das investigações criminais, tendo interesse direto nelas, a �m de formar a sua opinio delitcti. Ora, se pode o mais – que é requisitar tais diligências investigatórias – obviamente, poderá o menos, realizá-las pessoalmente, tendo contato direto com os indícios e provas colhidos, amadurecendo sua convicção “ 0 V e r a n o ta çõ e s 08/02/2023 16:30 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 6/8 O Ministério Público tem como responsabilidade a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, sendo de�nido pela Constituição Federal, em seu art. 127, como uma instituição permanente e essencial à função jurisdicional do próprio Estado. O Ministério Público possui um instrumento de investigação próprio, denominado Procedimento de Investigação Criminal (PIC), sendo este regulamentado pela Resolução nº 181/17, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). REFLITA Conforme explanado, o Ministério Público tem o poder de requisitar diligências investigatórias e de realizá-las pessoalmente. Sabemos que o sistema penal brasileiro é acusatório, ao passo que faz a separação das funções de acusar, defender e julgar. Desta forma, é possível a�rmar que a realização de investigações diretas pelo próprio Ministério Público fere a divisão de poderes? EXEMPLIFICANDO Os conceitos teóricos analisados são de suma importância na futura atuação pro�ssional do aluno, posto que os elementos colhidos pelo Ministério Público, no uso de suas atribuições investigativas, possuem o condão de servir de mera informação preliminar, ao passo que, assim como os elementos colhidos pelas polícias, sua rati�cação pelo Judiciário é indispensável, respeitando-se o exercício do contraditório e da ampla defesa, assim, a não observância dos mencionados “limites e princípios” importa fatalmente em nulidades processuais. Os conceitos abordados nessa disciplina têm por objetivo auxiliar você no desenvolvimento relativo à matéria de investigação criminal, abordando, principalmente, o importante papel que o Ministério Público exerce na 0 V e r a n o ta çõ e s 08/02/2023 16:30 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 7/8 investigação criminal, face às recentes alterações no entendimento relativo ao tema por parte dos Tribunais. REFERÊNCIAS AVENA, N. Processo Penal. 12. ed. Rio de Janeiro, RJ: Forense; São Paulo, SP: Método, 2020. BARROSO, L. R. Investigação pelo Ministério Público. Argumentos contrários e a favor. A síntese possível e necessária. Revista Brasileira de Direito Público, Belo Horizonte, v. 7, n. 7, p. 213-227, 2004. Disponível em: https://bit.ly/3pZrxUs. Acesso em: 15 ago. 2021. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/3E3KKsO. Acesso em: 6 dez. 2021. BRASIL. Conselho Nacional do Ministério Público. Resolução nº 20, de 28 de maio de 2007. Regulamenta o art. 9º da Lei Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993 e o art. 80 da Lei nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993, disciplinando, no âmbito do Ministério Público, o controle externo da atividade policial. Brasília, DF: CNMP, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/3F1OOLF. Acesso em: 6 dez. 2021. BRASIL. Conselho Nacional do Ministério Público. Resolução nº 181, de 7 de agosto de 2017. Dispõe sobre instauração e tramitação do procedimento investigatório criminal a cargo do Ministério Público. Brasília, DF: CNMP, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/3dZdSHa. Acesso em: 6 dez. 2021. BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/3E1FRAw. Acesso em: 6 dez. 2021. BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código deProcesso Civil. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/3IVHIKX. Acesso em: 6 dez. 2021. BRASIL. Decreto nº 848, de 11 de outubro de 1890. Organiza a Justiça Federal. [S. l.]: Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brazil, 0 V e r a n o ta çõ e s http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/7/docs/parecer_barroso_-_investigacao_pelo_mp.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://www.cnmp.mp.br/portal/images/Resolucoes/Resolu%C3%A7%C3%A3o-0201.pdf https://www.cnmp.mp.br/portal/images/Resolucoes/Resoluo-181-1.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm 08/02/2023 16:30 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 8/8 [2021]. Disponível em: https://bit.ly/3GS2Obw. Acesso em: 6 dez. 2021. BRASIL. Lei Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993. Dispõe sobre a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/3DZMzaj. Acesso em: 6 dez. 2021. FARIAS, C. C. de. Revista do Ministério Público do Estado da Bahia, v. 8, n. 10, jan./dez. 1999. 0 V e r a n o ta çõ e s http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/D848impressao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp75.htm
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