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Microbiologia Malu Lima – T24 Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) HISTÓRICO Deriva do vírus da Imunodeficiência Símia (encontrado em chimpanzés, na África). Aumentou a incidência devido ao tratamento endovenoso de doenças tropicas. Urbanização aliada a melhoria da malha ferroviária e diminuição de espaços amplificação da contaminação através da rota parenteral e heterossexual. Em 1980, os primeiros casos de uma doença que causava imunodeficiência em jovens foram descritos nos EUA. Aumento das taxas de doenças raras. EPIDEMIOLOGIA 40 milhões de pessoas convivem com HIV/AIDS no mundo. 20 milhões: mulheres. 3 milhões: crianças < 15 anos A maior concentração da epidemia é no continente africano. Brasil: 730.000 pessoas infectadas. FORMA DE TRANSMISSÃO Sanguínea; Sexual (intercurso vaginal, anal e oral); Vertical; Amamentação; Tatuagens, piercings, cuticulador de unha; Exposição ocupacional a fluidos biológicos de risco. CLASSIFICAÇÃO DO HIV 2 tipos: 1) Tipo 1: AMPLAMENTE DISTRIBUIDO NO GLOBO 2) Tipo 2: MAIS RESTRITO AO CONTINENTE AFRICANO (causa da doença mais branda, menos virulento) ESTRUTURA DO HIV Possui ENVELOPE LIPOPROTEICO ligeiramente esférico, CAPSÍDEO cilíndrico e genoma formado por DUAS FITAS SIMPLES DE RNA linear. Parasita intracelular obrigatório. Microbiologia Malu Lima – T24 Pertence ao gênero Lentivirinae, família Retroviridae. Possui 3 genes estruturais: gag, env e pol comuns aos retrovírus, e ainda, os genes regulatórios e genes acessórios. GENES ESTRUTURAIS CODIFICAM PROTEÍNAS Gag, Env e Pol, que são subsequentemente clivadas pelas proteases virais em proteínas individuais. REPLICAÇÃO VIRAL A CARACTERÍSTICA MAIS MARCANTE DA INFECÇÃO POR HIV É A DEPLEÇÃO SELETIVA DE LINFÓCITOS T CD4+ (ou seja, o HIV infecta o linfócito T, que possui como marcador o CD4 na superfície). Esse vírus também infecta monócitos, macrófagos, células de Langerhans e etc. A infecção começa com a ETAPA DE ADSORÇÃO ligação do vírion (partícula viral infecciosa – capaz de infectar células) à superfície da célula alvo. Mediada por uma interação de alta afinidade entre o domínio extracelular da glicoproteína viral gp120 e os receptores celulares específicos, sendo o CD4 (presente em determinados linfócitos) o principal receptor tanto para HIV-1 e HIV-2. A interação gp120-CD4 não é suficiente para a entrada do HIV na célula. Então, um grupo de receptores de quimiocinas (CCR5 e CXCR4) têm sido identificados como os principais correceptores in vivo para o HIV. Assim, após gp120-CD4, ocorrem alterações conformacionais que facilitam a ligação ao correceptor e subsequente entrada viral. Este evento é decorrente da fusão do envelope viral com a membrana celular um processo facilitado pela glicoproteína gp41 (denominada proteína de fusão, por permitir que a membrana humana se funda com a superfície viral). A fusão das membranas viral e celular resulta na criação de um poro que conecta o interior do vírion com o citoplasma da célula alvo, facilitando a entrada do capsídeo viral no citoplasma da célula do hospedeiro. Segue-se então a ETAPA DE DESNUDAMENTO, que envolve fatores celulares e proteínas virais e consiste na liberação do conteúdo do capsídeo (RNA genômico e as proteínas) para o citoplasma Uma vez no citoplasma, o genoma viral RNA é retrotranscrito para uma fita dupla de DNA pró-viral, pela enzima viral denominada transcriptase reversa. Após a transcrição reversa, o DNA pró-viral é associado com proteínas virais e celulares em um grande complexo nucleoproteico que é transportado para o núcleo celular humano através do poro nuclear. A dupla fita de DNA linear do vírus é então inserida no cromossomo do hospedeiro pela enzima viral integrase. Depois da integração, ocorrem as primeiras transcrições do DNA pró-viral pela RNA polimerase celular, produzindo RNAs virais (genômico e mensageiro), que são transportados através da membrana do núcleo. No citoplasma, as fitas de RNAm viral Microbiologia Malu Lima – T24 são traduzidas produzindo as poliproteínas que darão origem às proteínas virais. As proteínas Env migram e se inserem na membrana plasmática. As poliproteínas Gag e Gag-Pol também se movem para a membrana celular e começam a montagem do vírion direcionada pela poliproteína Gag. Além disso, enzimas virais, RNA genômico e compostos celulares se associam no nucleocapsídio imaturo. Mais tarde, este complexo brota através da membrana plasmática produzindo um vírion imaturo (não é capaz de infectar, sendo um ‘’protótipo’’). O brotamento dispara a ativação da enzima viral protease, que autocataliticamente cliva as poliproteínas Gag e Gag-Pol, liberando as proteínas estruturais e as enzimas. As proteínas individuais sofrerão futuras interações, de maneira que formem o nucleocapsídeo e envelope viral. O processamento das proteínas virais pela protease leva à formação das partículas virais maduras e infecciosas (vírons), que infectarão novas células (ao migrar de um linfócito para outro, destrói o linfócito que saiu e infecta o próximo). o Alguns HIV possuem um tipo de correceptor, outros o outro (cada HIV possui um tropismo por um tipo). o Exemplo: vírus se liga no CXCR4, porém, as células do paciente possuem CCR5 este NÃO terá HIV, uma vez que não há a afinidade. o Conforme o número de vírus (carga viral) é o número de linfócitos TCD4 que vai ser destruído. o Linfócitos < 200 SIDA. As enzimas virais transcriptase reversa, integrase e protease são os principais alvo farmacológicos das drogas antirretrovirais em uso atual. Assim, esses medicamentos pertencem às classes dos inibidores da transcriptase reversa, inibidores da integrase e inibidores da protease. HISTÓRIA NATURAL DA INFECÇÃO PELO HIV SÍNDROME RETROVIRAL AGUDA (queda de CD4 e carga viral muito elevada): 50 a 70% dos pacientes apresentam este quadro clínico, após 1 a 6 semanas de infecção. Nos demais pacientes, esta fase da doença pode ser assintomática. Os principais sintomas que podem ocorrer são febre, sudorese, mialgia, cefaleia, diarreia, faringite, exantema maculopapular, linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, sintomas neurológicos. Há resolução em 10 a 15 dias e soroconversão em 2 a 6 semanas (produção de anticorpos). Portanto, exames sorológicos podem estar negativos, situação denominada janela sorológica. LATÊNCIA CLÍNICA: Fase assintomática seguida por sintomas inespecíficos. Pode estar presente linfadenopatia generalizada persistente, febre, fadiga, anorexia, perda de peso, diarreia. Microbiologia Malu Lima – T24 A fase de latência pode durar em média 10 anos. AIDS – SIDA: Fase de imunodeficiência avançada, marcada por infecções oportunistas ou neoplasias oportunistas. Dentre as infecções oportunistas, também chamadas de definidoras de SIDA, mais frequentes, cita-se: pneumocistose, meningite criptocócica, histoplasmose disseminada progressiva aguda, candidíase esofágica, retinite por citomegalovírus, tuberculose disseminada, neurotoxoplasmose. Em relação às neoplasias oportunistas, cita- se como principais Sarcoma de kaposi e Linfoma não Hodgkin. DIAGNÓSTICO: 1 ELISA + 1 TESTE MOLECULAR Para a solicitação de exames laboratoriais para HIV, sempre deve-se solicitar consentimento do paciente ou do responsável legal para que a coleta seja feita. Há diversos fluxogramas aceitos para a investigação, porém, para todos, deve-se solicitar um exame de triagem (alta sensibilidade), seguido de um exame confirmatório (alta especificidade). Em todos os casos negativos, se persistir a suspeita de infecção, uma nova amostra deverá ser coletada30 dias após a data da coleta da primeira amostra. PREVENÇÃO Atualmente, as medidas preventivas para HIV envolvem múltiplas abordagens (prevenção combinada), e não apenas o uso de preservativos. Mandala de prevenção combinada: o As vacinas que possuem vírus atenuados (exemplo febre amarela) são um problema, uma vez que o indivíduo pode desenvolver a doença por ter os linfócitos abaixo de 200. o PEP (profilaxia pós-infecção): medida de prevenção de urgência (preferencialmente nas Microbiologia Malu Lima – T24 duas primeiras horas após a exposição e no máximo em até 72 horas) à infecção tanto pelo HIV, quanto as outras IST’s, cujo objetivo é o uso de antirretrovirais, a fim de reduzir o risco de adquirir a doença e, de ampliar as formas de intervenção (evitar novas infeções pelo HIV, hepatites virais e outras IST’s). A duração da PEP é de 28 dias e a pessoa deve ser acompanhada pela equipe de saúde. o A PrEP (profilaxia pré-exposição) consiste na tomada diária de um comprimido que impede que o vírus causador da AIDS infecte o organismo, antes de a pessoa ter contato. Essa medida é a combinação de dois medicamentos (tenofovir + entricitabina). Contudo, a PrEP só possui efeito se os comprimidos forem tomados todos os dias, fazendo efeito após 7 dias, para relação anal, e 20 dias para relação vaginal. A PrEP não protege de outras IST’s, como sífilis, desse modo, deve ser combinada com outras formas de prevenção. É fundamental ressaltar que a profilaxia pré-exposição é indicada para pessoas que possuam maior chance de entrar em contato com o HIV, como pessoas trans, trabalhadores(as) do sexo, entre outros. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES DA AULA o Em qualquer fase da infecção pode-se iniciar o tratamento, com a finalidade de melhorar a qualidade de vida (evitando que a pessoa fique susceptível a doenças oportunistas), diminuir o riso da pessoa chegar na fase terminal, e principalmente para EVITAR A TRANSMISSÃO. o I = I (INDETECTÁVEL = INTRANSMISSÍVEL, ou seja, um tratamento de alta potência torna a carga viral baixa, a ponto de ser indetectável)
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