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AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO Situação Problema 08 – SP08 TD: AIDs X HIV SURGIMENTO DO HIV O início da década de 1980 trouxe consigo o aparecimento de uma nova condição mórbida, rapidamente caracterizada como sendo causada por um retrovírus – o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Este vírus era transmitido por relações sexuais, por sangue e derivados, e de mãe para filho, durante a gestação, parto e amamentação. Inicialmente ocorrendo principalmente entre homossexuais masculinos, usuários de drogas endovenosas e imigrantes de países das Antilhas para os Estados Unidos, ela veio acompanhada de poderosa carga de preconceitos e rejeições que, 20 anos após, ainda não a abandonaram de completo. AIDS Incurável e uniformemente letal, a Aids (da sigla em inglês AIDS – Acquired Immune Deficiency Syndrome) tornou-se rapidamente um dos maiores problemas mundiais de saúde pública17, em que pesem os inegáveis avanços obtidos em sua compreensão e em seu tratamento. A Aids é o resultado final da infecção pelo HIV. Caracteriza-se pela depleção progressiva do reservatório de linfócitos auxiliares CD3+CD4+, culminando em um profundo estado de imunodeficiência, em geral acompanhado da presença de uma constelação de manifestações clínicas (xerodermia, dermatite seborréica, diarréia inespecífica, emagrecimento, suores noturnos, anemia, leucopenia – entre outros), e pelo aparecimento de infecções e neoplasias oportunistas. Referências Bibliográficas: livro Medicina Tropical ORIGEM DA AIDS O HIV em seres humanos originou-se de infecções de espécies cruzadas por vírus de símios nas áreas rurais da África, provavelmente devido ao contato humano direto com sangue de primata infectado. A evidência atual é de que os correspondentes dos HIV-1 e HIV-2 de primatas foram transmitidos a seres humanos em várias (pelo menos sete) ocasiões diferentes. As análises de evolução de sequências situam a introdução do SIV cpz em seres humanos, dando origem ao grupo M do HIV-1, em torno de 1930, embora algumas estimativas retrocedam esta data para 1908. Presumivelmente, tais transmissões ocorreram repetidamente, porém determinadas mudanças sociais, econômicas e comportamentais observadas em meados do século XX propiciaram circunstâncias que permitiram a expansão dessas infecções virais e seu estabelecimento nos seres humanos, atingindo proporções epidêmicas. Referências Bibliográficas: livro Microbiologia Médica TD: tomografia e regiões cerebrais TOMOGRAFIA A tomografia é o exame de escolha para avaliar trauma cranioencefálico (TCE), pela sua habilidade em demonstrar alterações ósseas, no parênquima e hemorragias. Ela tem grande importância, uma vez que é mais acessível pela sua ampla disponibilidade, menor custo e rapidez na aquisição do exame. A ressonância magnética apresenta limitações em pacientes que têm material implantado, como clipes ou marca-passo, claustrofobia e obesidade, o que não ocorre na tomografia. As hipodensidades podem indicar tumor, abscesso, hematoma em resolução, infarto em evolução, hematoma crônico, infarto crônico, encefalomalácia, microangiopatia (dano isquêmico microvascular), entre outros. Em nosso estudo, a hipodensidade mais prevalente foi a inespecífica, com 14,5%, representando o quarto achado mais prevalente do estudo. A segunda hipodensidade mais encontrada foi a área hipodensa retrátil/gliose/encefalomalácia, com 8%. Microangiopatia veio em terceiro lugar, com 6%. Ressaltamos que incluímos como hipodensidades AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO inespecíficas achados que não foram descritos como lesões isquêmicas típicas, microangiopatia ou encefalomalácia. As hiperdensidades podem indicar hemorragias, hematomas, coleções, entre outros achados. LOBOS CEREBRAIS Por questões práticas, o córtex é subdivido em quatro partes denominadas lobos, que são unidades distintas com funções específicas nomeados segundo os ossos que os separam (Sternberg, 2010). São eles os lobos: frontal, parietal, temporal e occipital. LOBO FRONTAL O lobo frontal situado à frente do cérebro está associado com o processamento motor e com o processamento superior do pensamento, como o raciocínio, a resolução de problemas o planejamento e o julgamento e parece ser ativado sempre que sequencias de ações ou pensamentos são solicitadas. LOBO PARIETAL O lobo parietal situado na porção superior e posterior do cérebro está associado com o processamento somatossensorial recebendo dos neurônios informações relativas a toque, dor, sensação de temperatura e à posição dos membros na percepção do espaço em relação ao próprio corpo. Relaciona-se ainda com a consciência e a atenção. LOBO TEMPORAL O lobo temporal situado acima das têmporas está associado ao processamento auditivo e à compreensão da linguagem, e a retenção das mensagens visuais. Além disso relaciona informações visuais novas com aquelas que já estão retidas na memória visual. LOBO OCCIPITAL O lobo occipital situado na parte posterior do cérebro está associado ao processamento visual e contém diversas áreas visuais, cada uma especializada em analisar aspectos distintos de uma cena tais como cor, movimento, localização e forma. ÁREAS CEREBRAIS Sob o ponto de vista funcional, divide-se o córtex em áreas primárias, secundárias e terciárias. Pode-se fazer referência a essa mesma divisão denominando as diferentes áreas como áreas de projeção – aquelas que estão diretamente ligadas à sensibilidade ou à motricidade, e que correspondem às áreas primárias – ou de associação. Estas últimas podem ser de associação unimodal, que correspondem às áreas secundárias, ou heteromodal, estas correspondendo às áreas terciárias. As áreas de associação unimodais (secundárias) são assim denominadas por estarem envolvidas no processamento do mesmo tipo de informação que as áreas primárias, embora em nível hierárquico diferente. Estão envolvidas no processamento da informação e em seu armazenamento. Recebem fibras das áreas primárias sensitivas e enviam fibras para a área motora primária. Levam informações específicas para o sistema límbico, o córtex pré-frontal, as regiões envolvidas com a linguagem, o córtex temporal, o córtex parietal e o córtex occipital (Corso, 2009). As áreas heteromodais (terciárias) por outro lado, não estão diretamente relacionadas nem com a motricidade nem com a sensibilidade, mas encarregam-se de prover endereços ou mapas que inter-relacionam os fragmentos de conhecimento que são específicos das diferentes modalidades, que assim podem tornar-se coerentes em termos de experiências, memórias e pensamentos. Essas áreas, portanto, não armazenam informações, mas permitem o acesso a elas, que estão distribuídas em outras regiões (Cosenza, 2004). A referida denominação das áreas corticais em primárias, secundárias e terciárias parece ser apropriada também no sentido de descrever a ordem com que as informações chegam a elas. Cosenza (2004) explica que, no córtex primário somatossensorial, as informações fluem das áreas primárias para as secundárias e finalmente para a área terciária AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO (pré-frontal), localizada na confluência temporoparietal. No córtex motor primário, o fluxo é invertido, indo da área terciária (pré-frontal) para as áreas secundárias e finalmente para a área primária (motora). Referências Bibliográficas: artigo da UFJF OBJ 1: Conhecer o agente etiológico da doença (estrutura e características). RETROVÍRUS Os retrovírus são provavelmente o grupo de vírus mais estudado na biologia molecular. São vírus envelopados, de ácido ribonucleico (RNA) fita simples de polaridade positiva, com morfologia e meios de replicação únicos. Em 1970, Baltimore e Temin demonstraram que os retrovírus codificam uma polimerase de ácido desoxirribonucleico (DNA)RNA-dependente (a transcriptase reversa [RT]) e se replicam por meio de um intermediário de DNA. A cópia de DNA do genoma viral é então integrada ao cromossomo do hospedeiro, se tornando um gene celular. Essa descoberta, que rendeu a Baltimore, Temin e Dulbecco o Prêmio Nobel em 1975, contradizia o que era o dogma central da biologia – que a informação genética passava do DNA para o RNA e, em seguida, para as proteínas. (PRIMEIRO RETROVÍRUS ISOLADO) O primeiro retrovírus isolado foi o vírus do sarcoma de Rous, que, como demonstrado por Peyton Rous, produzia tumores sólidos (sarcomas) em galinhas. Como a maioria dos retrovírus, o vírus do sarcoma de Rous provou ter uma gama muito limitada de espécies e hospedeiros. Os retrovírus causadores de câncer têm sido, desde então, isolados de outras espécies animais e são classificados como vírus tumorais de RNA ou oncornavírus. Muitos desses vírus alteram o crescimento celular pela expressão de análogos de genes controladores do crescimento celular (denominados oncogenes). Entretanto, somente em 1981, quando Robert Gallo e colaboradores isolaram o vírus linfotrópico de células T humanas do tipo I (HTLV-1, human Tlymphotropic virus 1) de um paciente com leucemia ou linfoma de células T do adulto, que um retrovírus foi associado com doença humana. APARECEIMTENTO DA AIDS E ISOLAMENTO DO HIV No final da década de 1970 e início da década de 1980, um número incomum de homens jovens homossexuais, haitianos, viciados em heroína e hemofílicos nos Estados Unidos (o grupo de risco inicial do “clube dos 4H”) estava morrendo em consequência de infecções oportunistas normalmente benignas. Os seus sintomas definiam uma doença nova, a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS, acquired immunodeficiency syndrome). Entretanto, como se sabe atualmente, a AIDS não é limitada apenas a esses grupos, mas pode ocorrer em qualquer pessoa exposta ao vírus. Hoje, cerca de 34 milhões de homens, mulheres e crianças, em todo o mundo, convivem com o vírus que causa AIDS. Montagnier e colaboradores em Paris, e Gallo e colaboradores nos Estados Unidos, anunciaram o isolamento do vírus da imunodeficiência humana (HIV-1, human immunodeficiency virus) em pacientes com linfadenopatia e AIDS. Um subtipo do HIV-1, denominado HIV-2, foi isolado mais tarde e é prevalente no Oeste da África. (TRANSMISSÃO POR CHIMPANZÉS) O HIV aparentemente foi transmitido dos chimpanzés para os humanos e depois se difundiu rapidamente pela África e pelo mundo com aumento crescente na população. Embora seja uma doença devastadora que não pode ser completamente curada, o desenvolvimento de coquetéis anti-HIV, contendo drogas antirretrovirais (higly active antiretroviral therapy ou terapia antirretroviral altamente ativa), permitiu que muitos pacientes com HIV voltassem a ter uma vida normal. O nosso conhecimento sobre os retrovírus tem crescido paralelamente com o progresso da biologia molecular e imunologia. Por outro lado, os retrovírus forneceram importante ferramenta para a biologia molecular, a enzima transcriptase reversa e, por meio do estudo dos oncogenes virais, forneceram também um meio para ampliar o nosso entendimento sobre multiplicação, diferenciação e oncogênese celular. AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO SUBFAMÍLIAS DE RETROVÍRUS As três subfamílias de retrovírus humanos são: 1. Oncovirinae: que incluem o HTLV-1, HTLV-2, HTLV-5; 2. Lentivirinae: que incluem o HIV-1 e o HIV-2; 3. Spumavirinae. Os retrovírus são classificados de acordo com as doenças que causam, o tropismo tecidual, a gama de hospedeiros, a morfologia do virion e a complexidade genética. Os oncovírus incluem os únicos retrovírus que podem imortalizar ou transformar células-alvo. Esses vírus também são categorizados pela morfologia de seu nucleocapsídeo (ou core) nos tipos A, B, C ou D quando visualizados pela microscopia eletrônica. Os lentivírus são vírus lentos associados a doenças neurológicas e imunossupressoras. Os spumavírus, representados por um vírus que leva o tecido a ter aparência esponjosa, causam efeito citopatológico característico; mas não parecem provocar doenças clínicas. ESTRUTURA DOS RETROVÍRUS O HIV é um retrovírus com genoma RNA, da Família Retroviridae e gênero Lentivirinae. Pertence ao grupo dos retrovírus citopáticos e não-oncogênicos que necessitam, para multiplicar-se, de uma enzima denominada transcriptase reversa, responsável pela transcrição do RNA viral para uma cópia DNA, este que pode, então, integrar- se ao genoma do hospedeiro. MORFOLOGIA DO HIV Morfologicamente é um vírus envelopado, com cerca de 100 nm de diâmetro, que contém duas fitas simples de RNA como material genético, cada uma ligada por uma molécula de transcriptase reversa, localizadas dentro de um capsídeo (envelope interno) composto pelo antígeno p24 em sua camada interna e p17 (proteína de matriz) na externa. Dentro do genoma, também há a p10 (protease) e a p31 (integrase). A parte externa do vírus consiste em um envelope lipídico derivado da membrana do hospedeiro, contendo duas proteínas virais, gp120 e gp41 (a gp41 está sempre associada com a gp120), que são proteínas do envelope viral. Além das glicoproteínas virais encontram-se moléculas oriundas do hospedeiro, como o complexo principal de histocompatibilidade (MHC). → Proteínas GP120 e GP41: são as proteínas presentes no envelope viral que possuem a função de permitir a entrada do vírus na célula, isto é, são as espículas do vírus. A GP120 é a proteína mais externa que interage com o receptor CD4 (e com uma proteína secundária, um receptor de quimiocina) na superfície celular. A GP41, que é uma proteína que atravessa o envelope; medeia a fusão do envelope viral com a membrana celular durante a infecção. OBS: o gene que codifica a gp120 sofre mutações rapidamente, resultando em muitas variantes antigênicas. Anticorpos anti-gp120 neutralizam a infectividade do HIV, mas o rápido aparecimento de variantes de gp120 tem dificultado a produção de uma vacina efetiva. O HIV, então, possui todo equipamento enzimático necessário para sua replicação intracelular: transcriptase reversa, integrase e protease. GENOMA DO HIV O GENOMA do HIV inclui três principais genes que codificam proteínas estruturais e enzimas virais: gag (grupo antígeno), env (envelope) e pol (polimerase). a) O POL codifica as principais enzimas virais, como integrase (p31); transcriptase reversa (p66/p51) necessária para replicação do HIV; e protease (p10). AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO b) O gene GAG codifica a p55, a partir da qual 4 proteínas estruturais do capsídeo são formadas: p6 (faz parte do capsídeo); p7 (proteína do capsídeo nuclear); p17 (matriz proteica que cerca o núcleo viral); p24 (proteína principal do capsídeo, é o antígeno viral detectado com mais facilidade, sendo alvo de anticorpos). c) O gene ENV codifica glicoproteínas encontradas no envelope viral, como gp160, gp120 e gp41. A gp160 é uma proteína precursora, que é clivada para formar a gp120 e gp41. Estas, são decisivas para que o HIV infecte as células. Além desses três genes-padrão, o HIV-1 contém outros genes acessórios (tat, rev, vif, nef, vpr e vpu), que regulam a síntese e montagem das partículas virais. • Os produtos de gene tat (transativador) são importantes para replicação viral, aumentando a transcrição dos genes virais; • A proteína nef (fator negativo) promove modificação da célula hospedeira para aumentar a replicação viral e torna-la menos suscetível a destruição pelo sistema imune; • O gene vpu é importante no processo de saída do vírus da célula hospedeira; HIV-2 não possui o gene vpu. • O vif aumenta a infecciosidade viral, estabilizando o DNA recém-sintetizado do HIV e facilitando seu transportepara o núcleo; • O rev é regulador da expressão de proteínas do vírion, transporte de RNA viral para o citoplasma; O vpr auxilia na integração do DNA do HIV no núcleo da célula hospedeira. VARIAÇÕES O HIV apresenta-se em dois tipos biológicos: HIV-1 e HIV-2, que se diferem no peso molecular de suas proteínas e nos seus respectivos genes acessórios. Ambos replicam nas células T CD4. Cada tipo é dividido em grupos: M, N, P e O para o HIV-1; de A a G para o HIV-2. Cada grupo, por sua vez, é subdividido em “clades”, em função de pequenas diferenças genéticas (as clades podem se recombinar entre si se o paciente for infectado por dois ou mais vírus diferentes, originando as Formas Recombinantes Circulantes ou CRF’s). O grande responsável pela maioria dos casos de Aids no mundo é o HIV-1 do grupo M (“M” de Major), sendo o HIV-2 encontrado quase que exclusivamente no oeste da África (os casos de HIV-2 diagnosticados em outros países, incluindo o Brasil, em geral puderam ser diretamente relacionados a fontes do oeste africano). • O HIV-1 é subdividido em 4 grupos: grupos M, N, O e P, sendo que a maioria das infecções ocorre no grupo M, a qual se diferencia em subtipos (A, B, C, D, F, G, H, J, K). Dentro desses, o A e F são subdivididos em A1, A2, A3, A4 e A5; F1 e F2. Quando um indivíduo é portador de uma infecção mista, ou seja, composta por dois ou mais vírus de subtipos diferentes, pode ocorrer a transferência de material genético entre eles, dando origem às formas recombinantes. No Brasil e na América o principal subtipo é o B. • O HIV-2 é mais benigno e causa menor imunodeficiência que o HIV-1, pois produz menos partículas virais, tendo então, menor transmissão. Além disso, tem uma taxa de replicação menor, por isso, pode ser considerado uma versão mais lenta do HIV-1. INFECÇÃO PELO HIV E CICLO REPRODUTIVO VIRAL Os dois principais alvos da infecção pelo HIV são sistema imunológico e SNC. O HIV penetra no organismo do hospedeiro através de mucosas e do sangue, infectando células que expressam receptores CD4 (linfócitos TCD4, monócitos/macrófagos e células dendríticas), principalmente no epitélio cervicovaginal, adenoide e amigdalas. Embora células T CD4 expressem mais CD4, monócitos e células dendríticas também expressam baixos níveis de CD4 e são, portanto, suscetíveis à infecção pelo HIV. PENETRAÇÃO NA CÉLULA A interação da gp120 com o CD4 promove uma mudança conformacional na gp120 que expõe o sítio de ligação de um correceptor. Dois correceptores podem estar presentes nas células hospedeiras: AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO • CCR5 (que estão na superfície de células TCD4, monócitos e células dendríticas, sendo então, M-tropicas, pois infectam todos esses tipos de células) • CXCR4 (que estão presentes apenas nas células TCD4, ou seja, só podem infectar células T, sendo chamadas T-tropicas). A ligação do correceptor, por sua vez, produz mais uma mudança conformacional que leva à exposição da gp41 (que estava “escondida” embaixo da gp120). É a gp41 que realiza a FUSÃO entre o envelope externo do vírus e a membrana da célula, ao expor uma região hidrofóbica chamada de peptídeo de fusão, que se insere na membrana celular, permitindo que a membrana viral se una à membrana da célula-alvo. O passo subsequente é a inoculação do capsídeo (envelope interno contendo genoma e enzimas virais) no citoplasma. OBS1: Os CCR5 surgem nas fases iniciais da infecção e os CXCR4 surgem nas fases mais avançadas da doença OBS2: Algumas pessoas de cor branca (1%) tem a variante genética homozigota delta-32 e não expressam o CCR5, sendo resistentes à infecção e os heterozigotos apresentam evolução muito lenta da infecção. Indivíduos com receptores CCR5 defeituosos também são relativamente resistentes ao desenvolvimento da AIDS. NO INTERIOR DA CÉLULA No interior do citoplasma, tem início o processo de transcrição reversa (pela transcriptase reversa) do genoma viral. Quando a transcrição do RNA genômico em DNA complementar dupla- fita (cDNA) termina, o capsídeo se abre liberando o DNA proviral, que contém informações para a replicação viral. Contudo, para que o DNA proviral penetre o núcleo da célula é preciso que a mesma esteja ATIVADA. Algum estimulo imunogênico precisa ocorrer, ativando a transcrição dos genes de defesa e abrindo os poros da membrana nuclear (é por esses poros que o DNA viral consegue penetrar). Quando isso acontece, o DNA proviral é “costurado” ao DNA humano por ação da enzima viral integrase, formando o provírus. Os provírus podem permanecer transcricionalmente inativos durante meses ou anos, com pouca ou nenhuma produção de novas proteínas virais ou vírions, e deste modo a infecção pelo HIV de uma célula individual pode permanecer latente. Assim, se as células CD4+ infectadas e latentes são ativadas por antígenos ambientais, citocinas (IL-2, TNF e linfotoxina) ou ativadores policlonais (como fito-hemaglutinina), ocorre o aumento da transcrição do DNA proviraI do HIV. O DNA proviral começa a ser “lido” e, tanto RNA mensageiro quanto RNA genômico começam a ser sintetizados. O RNAm é traduzido em proteínas, que por sua vez, se organizam próximo à membrana plasmática, onde são clivadas pela enzima viral protease tornando-se funcionalmente ativas. O capsídeo é então montado (com incorporação do RNA genômico e enzimas), e brota da superfície celular “roubando” parte de sua membrana (que constitui o envelope externo do vírus). A progênie viral recém-liberada é madura e está pronta para infectar novas células. Essas infecções produtivas, associadas a extenso brotamento viral, levam à morte celular. A interferência em qualquer um destes passos do ciclo vital do vírus impediria a multiplicação e/ou a liberação de novos vírus. Atualmente estão disponíveis comercialmente drogas que interferem em duas fases deste ciclo: a fase 4 (inibidores da transcriptase reversa) e a fase 7 (inibidores de protease). DINÂMICA VIRAL Um fato marcante na biologia do HIV é sua incrível capacidade de evoluir e se diversificar, explicando porque o hospedeiro não consegue erradicar a infecção. Há uma baixa fidelidade da enzima transcriptase reversa, que comete um excesso de erros ao transcrever o RNA em DNA. Além disso, a enorme velocidade com que o vírus se replica, aliada ao grande número de mutações que surgem a cada ciclo, permite a rápida aquisição de características vantajosas que garantem ao vírus escapar da imunidade adaptativa formada. Para que o HIV infecte com sucesso a célula é preciso que a mesma esteja “ativada”. Como se tratam de células imunes, é necessário que ocorra algum estímulo imunogênico ― o que ativa a transcrição dos genes de defesa abrindo os AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO poros da membrana nuclear (é pelos poros abertos que o DNA proviral consegue acessar o núcleo). Caso contrário, a infecção não será bem- sucedida, pois o DNA proviral não integrado ao genoma acaba sendo degradado no citoplasma PATOGENIA DA IMUNODEFICIÊNCIA NA INFECÇÃO POR HIV A doença causada pelo HIV tem início com a infecção aguda, que só é controlada parcialmente pelo sistema imunológico do hospedeiro, e avança para a infecção crônica progressiva dos tecidos linfoides periféricos. Os primeiros tipos celulares a serem infectados são as células T CD4+ de memória (que expressam CCR5) nos tecidos linfoides das mucosas. Como os tecidos das mucosas representam o maior reservatório de células T de memória, a destruição dessas células resulta em uma depleção considerável dos linfócitos. A transição da fase aguda da infecção para a crônica é caracterizada pela disseminação do vírus, a viremia, e pelo desenvolvimento da resposta imunológica do hospedeiro. FASE AGUDA As células dendríticas no epitélio do local de entrada do vírus capturam HIV e, a seguir,migram para os linfonodos. Uma vez nos tecidos linfoides, as células dendríticas passam o HIV para as células T CD4+ pelo contato celular direto, onde ocorrerá replicação viral. Dias após a exposição, a replicação viral pode ser detectada nos linfonodos. Essa replicação leva à viremia, durante a qual grande número de partículas virais está presente no sangue do paciente, acompanhada de uma síndrome aguda do HIV que inclui uma variedade de sinais e sintomas não específicos, típicos de diversas viroses. O vírus se dissemina através do corpo e infecciona as células T auxiliares, macrófagos e células dendríticas nos tecidos linfoides periféricos. Com a disseminação da infecção, o sistema imunológico desenvolve respostas imunológicas humoral e celular direcionadas contra os antígenos virais. Essa resposta imunológica controla parcialmente a infecção e a produção de vírus, refletida por uma redução na viremia a níveis baixos, mas detectáveis, cerca de 12 semanas após a exposição primária. FASE CRÔNICA No próximo passo, a fase crônica da doença, os linfonodos e o baço são os locais em que ocorre replicação continuada do HIV e destruição celular. Durante esse período da doença, o sistema imunológico permanece apto a lidar com a maioria dos patógenos infecciosos oportunistas, e pouca ou nenhuma manifestação da infecção pelo HIV está presente. Portanto, essa fase da doença pelo HIV é chamada de período de latência clínica. Apesar de a maioria das células T no sangue periférico não estar contaminada pelo vírus, a destruição das células T CD4+ nos tecidos linfoides progride de forma inexorável durante o período de latência, reduzindo seu número no sangue periférico. Mais de 90% das 1012 células T do corpo encontram-se nos tecidos linfoides, e estima-se que o HIV destrua até 1-2 × 109 células T CD4+ por dia. No início da doença, o corpo continua a produzir novas células T CD4+ e, portanto, elas podem ser substituídas quase tão rapidamente quanto são destruídas. Nesse estágio, até 10% das células T CD4+ nos tecidos linfoides podem estar infectadas, mas o número de células T CD4+ infectadas na circulação em qualquer período pode ser menor que 0,1% do total de células T CD4+. Eventualmente, após um período de vários anos, o ciclo contínuo de infecção viral e destruição das células T leva a uma redução constante das células T CD4+ nos tecidos linfoides e na circulação. INFECÇÃO E DESTRUIÇÃO DOS LINFÓCITOS T CD4+ Os linfócitos TCD4+ desempenham um papel fundamental na regulação das respostas imunes celulares e humorais. Portanto, a perda deste “regulador-mestre” tem efeitos desestabilizastes sobre outros componentes do sistema imune. O principal mecanismo de perda de células T CD4+ é a infecção lítica dessas células e a destruição celular durante a replicação viraI e a produção de vírions (lise celular direta). Da mesma forma que outros vírus citopáticos, o HIV interfere nas funções celulares o suficiente para causar a morte das células infectadas. AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO Aproximadamente 100 bilhões de novas partículas virais são produzidas todos os dias, e um a dois bilhões de linfócitos TCD4+ morrem a cada dia. Como a frequência de células infectadas na circulação é muito baixa, a imunodeficiência é desproporcional ao nível de infecção e não pode ser atribuída ao número de células infectadas. De fato, muitas células infectadas podem estar em órgãos linfoides das mucosas e em outros órgãos linfoides periféricos, e a morte destas células é uma causa importante da inexorável e profunda perda celular. Até certo ponto, o sistema imune pode substituir os linfócitos T que morrem e, por isso, a taxa de perda de linfócitos T pode parecer enganosamente baixa, mas, à medida que a doença evolui, a renovação de linfócitos CD4+ não consegue se equipar à perda dessas células. Possíveis mecanismos pelos quais o vírus mata diretamente as células infectadas incluem aumento da permeabilidade da membrana plasmática associada ao brotamento de partículas virais a partir das células infectadas e replicação do vírus, interferindo com a síntese de proteínas. Além da morte direta das células pelo vírus, outros mecanismos podem contribuir para a perda de linfócitos T: a) Infecção do HIV em células em tecidos linfoides (baço, linfonodos, tonsilas) o que pode causar destruição progressiva da arquitetura e da composição celular dos tecidos linfoides. b) Ativação crônica de células não infectadas por antígenos do HIV ou por outros microrganismos infecciosos concomitantes pode levar à apoptose das células T. Por causa dessa “morte induzida pela ativação” das células não infectadas, o número de células T que são destruídas pode ser muito maior do que o número de células T infectadas. c) Pode ocorrer a perda de precursores imaturos dos linfócitos TCD4+, seja por infecção direta das células progenitoras tímicas ou por infecção de células acessórias que secretam citocinas essenciais para a maturação de linfócitos TCD4+. O resultado é a redução da produção de células T CD4+ maduras. d) Pode ocorrer fusão das células infectadas e não infectadas, com formação de sincícios (células gigantes). A gp120 em células produtivamente infectadas liga-se a moléculas de CD4 em linfócitos T não infectados, vindo a seguir a fusão celular. As células em fusão se desenvolvem inchando e geralmente morrem em algumas horas. Esta propriedade de formação de sincícios, em geral, é confinada ao tipo X4-trópico do HIV-1. Por esta razão, este tipo costuma ser denominado vírus indutor de sincícios, diferentemente do vírus R5. e) A apoptose de linfócitos CD4+ não infectados por ligação da gp120 solúvel à molécula CD4 é seguida por ativação através do receptor de linfócitos T pelos antígenos. Tem sido sugerido que tal ligação cruzada de moléculas CD4 e ativação de linfócitos T leve à sinalização aberrante e à ativação de vias de morte. Os LCTs CD8+ podem matar linfócitos TCD4+ não infectados, revestidos por gp120 liberada das células infectadas. Embora a acentuada redução de linfócitos TCD4+, uma característica distintiva da AIDS, possa ser responsável pela maior parte da imunodeficiência tardia na evolução da infecção pelo HIV, há evidências de defeitos qualitativos nos linfócitos T. Estes incluem uma redução na proliferação de linfócitos T induzida por antígenos, uma diminuição das respostas tipo TH1 relativamente ao tipo TH2, defeitos de sinalização intracelular e muitos outros. A perda de respostas TH1 resulta em profunda deficiência a imunidade celular, levando a aumento da suscetibilidade a infecções por vírus e outros micróbios intracelulares. Também há uma perda seletiva do subgrupo de memória dos linfócitos T auxiliares CD4+ cedo na evolução da doença, o que explica poucas respostas de recordação a antígenos previamente encontrados. → A infecção latente dos linfócitos T (e macrófagos) é importante característica da infecção por HIV. Acredita-se que o provírus integrado, sem expressão do vírus (infecção latente), possa permanecer nas células por meses a anos. Mesmo com potente terapia antirretroviral, que praticamente esterilize o sangue periférico, o vírus latente esquiva- se dentro das células CD4+ (linfócitos T e macrófagos) nos linfonodos. Como estes linfócitos são de memória e têm vida longa, que vai de meses a anos, proporcionam um reservatório resistente para o vírus. Pacientes com AIDS desenvolvem um CICLO VICIOSO de destruição das células T: as infecções a que esses pacientes são mais suscetíveis devido à redução da função de auxílio da célula T causam aumento na produção de citocinas inflamatórias que, por sua vez, estimulam a produção de mais HIV, seguido da infecção e perda de mais células T CD4+. AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO ESTRUTURA DOS RETROVÍRUS Os retrovírus são vírus RNAde formato esférico, envelopados, com diâmetro de 80 a 120 nm. O envelope contém glicoproteínas virais e é adquirido pelo brotamento a partir da membrana plasmática. O envelope reveste o capsídeo que contém, no seu interior, duas cópias idênticas do genoma de RNA fita simples de polaridade positiva dentro de um núcleo eletrondenso. O virion também contém entre 10 e 50 cópias das enzimas transcriptase reversa e integrase e dois RNAs de transferência celular (RNAt). Esses RNAt estão associados com cada cópia do genoma e podem ser utilizados como iniciadores (primers) para a transcriptase reversa. A morfologia do nucleocapsídeo difere entre os vírus e pode ser utilizada como forma de classificação dos retrovírus. O núcleo do virion do HIV se assemelha a um cone seccionado. GENOMA DOS RETROVÍRUS O genoma dos retrovírus apresenta na extremidade 5’ uma proteção denominada CAP e na extremidade 3’ uma cauda de poliadenilato ou poli A. Embora o genoma se assemelhe a um RNA mensageiro (RNAm), não é infeccioso, porque não codifica uma polimerase que possa gerar diretamente mais RNAm. O genoma dos retrovírus simples consiste em três genes principais que codificam poliproteínas para as seguintes proteínas enzimáticas e estruturais do vírus: 1. GAG: antígeno específico do grupo, capsídeo, matriz e proteínas de ligação ao ácido nucléico; 2. POL: polimerase, protease e integrasse; 3. ENV: envelope e glicoproteínas. Em cada extremidade do genoma existem sequências terminais repetidas longas (LTR). As sequências LTR contêm promotores, amplificadores e outras sequências gênicas utilizadas para a ligação de diferentes fatores de transcrição celular. Vírus oncogênicos também podem conter genes reguladores do crescimento. Os retrovírus complexos, incluindo o HTLV, o HIV e outros lentivírus expressam proteínas precoces e tardias que codificam diversos fatores de virulência que requerem um processamento transcricional (splicing) mais complexo que o dos retrovírus simples. GLICOPROTEÍNAS As glicoproteínas virais são produzidas pela clivagem proteolítica da poliproteína codificada pelo gene env. O tamanho das glicoproteínas difere entre cada grupo de vírus. Essas glicoproteínas formam espículas trímeras com a ponta arredondada (em formato de pirulito) que são visíveis sobre a superfície do virion. A maior glicoproteína do HIV, a gp120, se liga aos receptores da superfície celular, determina o tropismo tecidual primário do vírus e é reconhecida por anticorpos neutralizantes. A subunidade menor (gp41 do HIV) forma o cabo do pirulito e promove a fusão célula a célula. A gp120 do HIV é extremamente glicosilada, por conseguinte, sua antigenicidade pode ser alterada. Além disso, a especificidade ao receptor pode sofrer alterações por mutações ocorridas durante infecção crônica por HIV. Esses fatores impedem a eliminação do vírus pela resposta imune PROPRIEDADES CARACTERÍSTICAS DOS RETROVÍRUS • São vírus envelopados; apresentam virion de formato esférico possuindo de 80 a 120 nm de diâmetro e o capsídeo contém duas cópias do genoma de RNA de fita simples de polaridade positiva (aproximadamente 9 quilobases para HIV e HTLV); • As enzimas DNA polimerase RNA-dependente (transcriptase reversa), protease e integrase são carreadas no virion; • O receptor do vírus é o determinante inicial do tropismo tecidual; • A replicação ocorre por meio de um intermediário de DNA chamado de pró-vírus; • O pró-vírus se integra aleatoriamente no cromossomo do hospedeiro e se torna um gene celular; • A transcrição do genoma é regulada pela interação de fatores de transcrição do hospedeiro com elementos promotores e iniciadores presentes nas sequências terminais repetidas longas (LTR) do genoma; AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO • Os retrovírus simples codificam os genes gag, pol e env. Os retrovírus complexos também codificam genes assessórios (p. ex., tat, rev, nef, vif e vpu para HIV); • O vírus é montado e brota a partir da membrana plasmática; • A morfogênese final do HIV requer a clivagem por protease dos polipeptídeos Gag e Gag-pol após a aquisição do envelope. Referência Bibliográfica: livro de Microbiologia – Murray SISTEMAS DE LENTIVÍRUS DE ANIMAIS Foram adquiridos conhecimentos sobre as características biológicas das infecções por lentivírus a partir de infecções experimentais, inclusive carneiros pelo vírus visna. Os padrões da doença natural variam entre as espécies, porém são reconhecidas certas características comuns. 1. Os vírus são transmitidos pela troca de líquidos orgânicos; 2. O vírus persiste indefinidamente no hospedeiro, embora possa estar presente em níveis muito baixos; 3. Os vírus apresentam elevada taxa de mutação, e ocorre seleção de diferentes mutantes em diferentes condições (fatores do hospedeiro, respostas imunológicas, tipos teciduais). Os hospedeiros infectados contêm grande quantidade de genomas virais estreitamente relacionados, conhecidos como quasiespécies; 4. A infecção viral evolui lentamente através de estágios específicos. As células na linhagem dos macrófagos desempenham papel central na infecção. Os lentivírus diferem dos outros retrovírus pela sua capacidade de infectar células totalmente diferenciadas que não sofrem mais divisão. Entretanto, essas células precisam ser ativadas para que ocorra replicação viral, com a produção da progênie de vírus. O vírus está associado a célula nos monócitos e macrófagos, mas apenas cerca de uma célula por milhão é infectada. Os monócitos transportam o vírus pelo corpo em uma forma impossível de ser reconhecida pelo sistema imunológico, disseminando-o para outros tecidos. As cepas linfocitotrópicas do vírus tendem a causar infecções altamente produtivas, enquanto a replicação do vírus macrofagotrópico é restrita; 5. Podem ser necessários vários anos para haver o desenvolvimento de doença. Em geral, os hospedeiros infectados produzem anticorpos que, todavia, não eliminam a infecção, de modo que o vírus persiste durante toda a vida do hospedeiro. Periodicamente, surgem novas variantes antigênicas nos hospedeiros infectados, ocorrendo a maioria das mutações nas glicoproteínas do envelope. Podem surgir sintomas clínicos a qualquer momento, desde 3 meses até muitos anos após a infecção. As exceções, ao longo do período de incubação para a doença causada por lentivírus, são a Aids em crianças, a anemia infecciosa em cavalos e a encefalite em cabras novas. Referências Bibliográficas: livro Microbiologia Médica OBJ 2: Explicar a patogenia da infecção (vias de infecção e imunologia). RECEPTORES DOS VÍRUS Todos os lentivírus de primatas utilizam como receptor a molécula CD4, expressa nos macrófagos e linfócitos T. Além da molécula CD4, é necessário um segundo correceptor para a penetração do HIV-1 nas células. O segundo receptor é necessário à fusão do vírus com a membrana celular. O vírus liga-se inicialmente à molécula CD4 e, em seguida, ao correceptor. Essas interações produzem alterações estruturais no envelope viral, ativando o peptídeo de fusão gp41 e deflagrando a fusão da membrana. Os receptores de quimiocina atuam como segundos receptores para o HIV-1. (As quimiocinas são fatores solúveis com propriedades quimioatraentes e das citocinas.) O CCR5, o receptor das quimiocinas RANTES, MIP-la e MIP-1B, é o correceptor predominante das cepas macrofagotrópicas do HIV-1, enquanto o CXCR4, o receptor da quimiocina SDF- 1, é o correceptor das cepas linfocitotrópicas do HIV-1. Os receptores de quimiocinas utilizados pelo HIV para penetração na célula são encontrados em linfócitos, macrófagos e timócitos, bem como em neurônios e células no colo e no colo do útero. AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO Os indivíduos que apresentam deleções homozigotas em CCR5 e produzem formas mutantes da proteína podem ser protegidos contra ainfecção pelo HIV-1; as mutações no promotor do gene CCR5 parecem retardar a evolução da doença. A necessidade de um correceptor para a fusão do HIV com as células proporciona novos alvos para as estratégias terapêuticas antivirais, tendo sido o primeiro inibidor de entrada do HIV licenciado nos EUA, em 2003. Outra molécula, a integrina a-4B-7, parece funcionar como um receptor para o HIV nos intestinos. Uma lectina específica da célula dendrítica, DC-SIGN, parece ligar-se ao HIV-1, porém não medeia a entrada do vírus na célula. Na verdade, ela pode facilitar o transporte do HIV pelas células dendríticas até os órgãos linfoides, aumentando a infecção das células T. Referências Bibliográficas: livro Microbiologia Médica PATOGÊNESE E IMUNIDADE O principal determinante na patogênese e doença causadas pelo HIV é o tropismo do vírus por células T que expressam CD4 e células mieloides. A imunossupressão induzida pelo HIV (AIDS) resulta da redução no número de células T CD4, o que dizima as funções auxiliares e de hipersensibilidade tardia (DTH) da resposta imune. Durante a transmissão sexual, o HIV infecta uma superfície de mucosa, entra e rapidamente infecta células do tecido linfoide associado com a mucosa (MALT). Os estágios iniciais de infecção são mediados pelos vírus com tropismo às células mieloides (denominado M-trópico), que se ligam ao CD4 e ao receptor de quimocinas CCR5 nas células dendríticas e em outras células da linhagem de monócitos-macrófagos, assim como em células T de memória, TH1 e contendo CD4. Indivíduos com mutações no receptor CCR5 também são resistentes à infecção por HIV, e a ligação ao receptor CCR5 é importante alvo para drogas antivirais. O HIV pode se ligar e permanecer na superfície de células dendríticas (DC), incluindo células dendríticas foliculares por intermédio de uma molécula de lectina, a DC-SIGN. As células T CD4 são infectadas pela adsorção viral ou pela transmissão célula a célula após a ligação às DC. Macrófagos, DC, células T de memória e células-tronco hematopoéticas são persistentemente infectadas pelo HIV, e são os principais reservatórios e meios de distribuição do HIV (agem como “cavalo de troia”). A mutação do gene env para a gp120 altera o tropismo do vírus de M-trópico (R5) para T-trópico (vírus X4). A gp120 do vírus T-trópico se liga ao CD4 e ao receptor de quimiocinas CXCR4. Alguns vírus podem usar ambos os receptores (são denominados de vírus R5X4). A preferência de ligação ao receptor CXCR4 ocorre em estágios avançados da infecção e está correlacionada com a progressão da doença. Reduções no número de células T CD4 podem resultar da citólise direta induzida pelo HIV, citólise imune induzida por células T citotóxicas ou ativação crônica em resposta ao desafio do principal antígeno do HIV, acarretando rápida diferenciação terminal e morte de células T. O alvo para células T expressando CCR5 diminui as células T CD4 do GALT. O desenvolvimento dos sintomas da AIDS está relacionado com o aumento da liberação de vírus no sangue, com o aumento de vírus T-trópico, com a diminuição das células T CD4 e com o subsequente decréscimo no número total de células T (incluindo células expressando CD3), em razão da ausência da função das células T CD4 (o chamado T helper ou T auxiliar). DESTRUIÇÃO DA CÉLULA INFECTADA O HIV induz vários efeitos citopatológicos que podem destruir a célula T infectada. Estes incluem a elevação na permeabilidade da membrana plasmática, a formação de sincícios e a indução de apoptose (morte celular programada) resultante da acumulação de cópias circulares de DNA não integrados do genoma em células T CD4 não permissivas. As proteínas acessórias do HIV são importantes para a replicação e a virulência. A proteína Nef é necessária para promover a progressão da infecção do HIV para AIDS. Indivíduos infectados com mutantes naturais de HIV para o gene nef e primatas infectados com mutantes do vírus da imunodeficiência símia, os quais não possuem nef, não desenvolvem a AIDS (são os chamados não progressores). IMUNIDADE A resposta imune contra o HIV tenta restringir a infecção viral, mas contribui para a patogênese. Anticorpos neutralizantes são gerados contra gp120. O vírus recoberto por anticorpos, entretanto, é infeccioso, e é capturado por macrófagos. AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO CÉLULAS T CD8 As células T CD8 são fundamentais para o controle da progressão da doença pelo HIV. Essas células podem destruir células infectadas por ação citotóxica direta e podem produzir fatores supressores que restringem a replicação viral, incluindo quimiocinas que também bloqueiam a ligação do vírus ao seu co-receptor. Indivíduos com certos tipos de MHC (antígeno leucocitário humano – HLA, alelos B27 ou B57) podem preferencialmente ligar mais peptídeos do HIV no lugar de peptídeos celulares, tornando as células infectadas alvos melhores para as células T CD8, consequentemente, esses indivíduos são mais resistentes à infecção pelo HIV. No entanto, as células T CD8 requerem ativação por células T CD4, logo o número de células T CD8 diminui juntamente com o número de células T CD4 e essa redução se correlaciona com a progressão da doença, sendo um indicador para o desenvolvimento da AIDS. CAPACIDADE DE MUTAÇÃO O HIV possui diversas maneiras de escapar ao controle imune. A mais significativa é a capacidade do vírus sofrer mutações e, portanto, alterar sua antigenicidade e escapar à eliminação por anticorpos. O HIV compromete todo o sistema imune por atacar as células T CD4. A infecção persistente de macrófagos e células T CD4 em repouso mantém o vírus em células e tecidos imunologicamente privilegiados (p. ex., sistema nervoso central e órgãos genitais). EVOLUÇÃO DA DOENÇA A evolução da doença por HIV é paralela à redução no número de células T CD4 e ao aumento da carga viral no sangue. Logo após a transmissão sexual, o HIV infecta e elimina as células T CD4 expressando CCR5 do GALT. (FASE AGUDA) Durante a fase aguda da infecção ocorre grande aumento na produção de vírus (10 7 partículas/mL de plasma). A proliferação de células T e a resposta contra as células infectadas promovem uma síndrome semelhante à mononucleose. (LATENTE) Os níveis de vírus no sangue diminuem durante período clinicamente latente, mas a replicação viral continua nos linfonodos. O vírus também permanece latente em macrófagos, DC, células T de memória e em células- tronco hematopoéticas. (PROGRESSÃO) Com a progressão da doença, a viremia aumenta, os níveis de CD4 são reduzidos significativamente, assim como os níveis de CD8, o vírus T-trópico aumenta, a estrutura dos linfonodos é destruída e o paciente se torna imunossuprimido. O papel central das células T CD4 auxiliares no início de uma resposta imune e na DTH é destacado pela depleção da resposta imune causada pela infecção do HIV. IMUNIDEFICIENCIA Células T CD4 ativadas iniciam a resposta imune por intermédio da liberação de citocinas necessárias para a ativação de macrófagos, outras células T, células B e células natural killer. Quando as células T CD4 não estão disponíveis ou funcionais (número de CD4 menor que 200/µL), a resposta imune contra antígenos específicos (especialmente a resposta imune celular) se torna nula e a resposta imune humoral fica descontrolada. A perda das células T CD4 TH1 e TH17 que são responsáveis pela ativação de macrófagos e neutrófilos permite a instalação de muitas infecções intracelulares oportunistas que são características da AIDS (p. ex., fungos e bactérias intracelulares). A diminuição do número de células T CD8 e a incapacidade de ativação dessas células aumenta o potencial de reativação dos vírus latentes, incluindo o poliomavírus JC, que pode causar leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP),vírus do herpes simples (HSV), vírus da varicela-zóster (VZV) e infecções por citomegalovírus (CMV) e ainda por vírus Epstein-Barr (EBV) – associado com linfomas e o herpesvírus humano tipo 8 (HHV 8) – associado com sarcoma de Kaposi. Além da imunodepressão, o HIV também pode ocasionar anormalidades neurológicas. As células de microglia e macrófagos são os tipos celulares predominantemente infectados por HIV no cérebro. Monócitos e células da microglia infectados podem liberar substâncias neurotóxicas ou fatores quimiotáxicos que promovem respostas AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO inflamatórias e a morte de neurônios no cérebro. A imunossupressão também coloca o indivíduo sob risco de infecções oportunistas no cérebro. Referência Bibliográfica: livro de Microbiologia – Murray FISIOPATOGENIA Depois que a pessoa se infecta pelo HIV existe um período variável (normalmente uma a duas semanas) de replicação viral na mucosa e tecido linfóide regional. Durante esta fase de replicação precoce nos tecidos, o sangue periférico é negativo para o vírus. A isto se segue uma disseminação hematogênica maciça de vírus, evidenciada por um aumento subsequente de vírus no plasma inicialmente detectado pela análise de RNA do HIV, e cinco dias após o aparecimento do RNA se detecta também o antígeno p24. Os níveis de RNA e antígeno p24 atingem um pico em média 20 a 30 dias após a exposição. A infecção de células mononucleares periféricas no sangue é detectável por reação em cadeia de polimerase (PCR) para DNA aproximadamente cinco dias após a detecção do vírus livre, e mantém-se presente em níveis estáveis durante toda infecção. O anti-HIV aparece entre 20 e 30 dias depois da instalação da viremia. Estudos têm demonstrado que durante o assim chamado período de latência clínica depois da infecção primária pelo HIV-1, o qual normalmente dura de oito a 12 anos, o corpo humano está produzindo e eliminando aproximadamente 10 bilhões de vírions por dia. Ao mesmo tempo, cerca de 100 milhões de células CD4 estão sendo destruídas diariamente. A vida média (t 1/2) do vírus é de aproximadamente seis horas. Estima-se que a t 1/2 de células CD4 infectadas seja de aproximadamente 1,6 dia. Também existem células mononucleares infectadas de sobrevida longa (t 1/2 de uma a quatro semanas) e linfócitos infectados latentemente, que são fontes menores de produção de vírus livres mas são importantes reservatórios virais. O índice de replicação, refletido pela carga viral basal, está correlacionado com a progressão da doença, bem como com a probabilidade de transmissão secundária do vírus. INFECÇÃO A ligação entre o HIV-1 e as células é mediada pelo envelope do vírus e os receptores CD4. Apesar de ser o receptor principal, o CD4 não é suficiente para entrada do vírus no interior das células. A descoberta de coreceptores como o CCR5, CCR2, CCR3, e CXCR4 veio a elucidar este fenômeno. Na realidade, cepas de HIV-1 diferentes têm tropismo celular distinto: vírus com tropismo para células T usam o CXCR4, enquanto cepas com tropismo para macrófagos e monócitos usam o CCR5 e o CCR2. As cepas com tropismo para células T indutoras de sinsício (SI) são mais citopáticas; ao aparecer durante o decorrer da infecção, precipitam o rápido decaimento de CD4 e a progressão para Aids. Estas células utilizam o CXCR4 como co-receptor para a sua entrada. Outro ponto interessante veio da observação de que muitas pessoas não se infectam pelo HIV, a despeito de múltiplas exposições sexuais aos vírus através de parceiros infectados. Logo após esta observação, uma deleção de 32 pares de base foi detectada no gene que codifica o receptor CCR5 (CCR5/32) nestes indivíduos “resistentes” à infecção. Referências Bibliográficas: livro Medicina Tropical REPLICAÇÃO A replicação dos retrovírus humanos (p. ex., HIV) se inicia com a ligação das espículas das glicoproteínas virais (trímero formado pelas moléculas gp120 e gp41) ao receptor primário, a proteína CD4, e a um segundo receptor, o receptor de quimiocina ligado à proteína G com 7 domínios transmembrana. A ligação ao receptor é o determinante principal do tropismo ao tecido e a gama de hospedeiro para um retrovírus. O co-receptor utilizado na infecção inicial de um indivíduo é o CCR5, o qual é expresso nas células mieloides, células T periféricas e subgrupos de células T helper (macrófagos, [M]-trópico). Depois, durante a infecção crônica de um hospedeiro, o gene env sofre mutações que fazem com que a gp120 se ligue a um receptor de quimiocinas diferente (CXCR4), que é primariamente expresso nas células T (T-trópico). A ligação ao receptor de quimiocinas aproxima o envelope viral e a membrana plasmática celular e permite que a gp41 interaja com as duas membranas, promovendo sua fusão. Esse mecanismo de fusão mediado pela ligação de CCR5 e gp41 é o AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO alvo para drogas antivirais que interferem com a ação da gp41. O HIV pode também se ligar a uma molécula de adesão celular, a integrina α-4 β-7, presente no tecido linfoide associado com o intestino (GALT, gut-associated lymphoid tissue) e em uma molécula não integrina, captadora da molécula de adesão intercelular específica das células dendríticas 3 (DC-SIGN, dendritic cell-specific intercellular adhesion molecule-3-grabbing non-integrin) e outras células. TRANSCRIÇÃO Uma vez o genoma seja liberado no citoplasma, inicia-se a fase precoce de replicação. A transcriptase reversa, codificada pelo gene pol, utiliza o tRNA presente no virion como um primer e sintetiza um DNA complementar (DNAc), de polaridade negativa. A transcriptase reversa também atua como uma ribonuclease H, degradando o genoma de RNA e sintetizando a fita positiva do DNA. A transcriptase reversa é o principal alvo de drogas antivirais. Durante a síntese do DNAc do virion (provírus), sequências de cada extremidade do genoma (U3 e U5) são duplicadas, dessa forma ligando as LTRs a ambas terminações. Esse processo cria sequências necessárias para a integração e sequências promotoras e amplificadoras dentro da LTR para a regulação da transcrição. A cópia de DNA do genoma é maior que o RNA original. A transcriptase reversa é muito suscetível a erros. Por exemplo, a taxa de erros da transcriptase reversa do HIV é de um erro a cada 2.000 bases, ou aproximadamente cinco erros por genoma (o genoma do HIV possui cerca de 9.000 pares de bases), o equivalente a pelo menos um erro de digitação a cada página deste texto, porém diferente em cada livro. Essa instabilidade genética do HIV é responsável por promover a geração de novas cepas do vírus durante a infecção de um indivíduo, uma propriedade que pode alterar a patogenicidade do vírus e promover escape à resposta imune. O DNAc de fita dupla é então transportado para o núcleo e inserido no cromossomo do hospedeiro com a ajuda de uma enzima que é codificada e transportada pelo vírus, a integrase. A integração requer a multiplicação celular, mas o DNAc do HIV e de outros lentivírus pode permanecer no núcleo e no citoplasma na forma de um DNA circular não integrado até que a célula seja ativada. A integrase é outro importante alvo para drogas antirretrovirais. Uma vez integrado, inicia-se a fase tardia e o DNA viral ou provírus é transcrito como um gene celular pela RNA polimerase II do hospedeiro. A transcrição do genoma produz uma molécula única de RNA que, nos retrovírus simples, é processada para produzir vários RNAm, que contêm as sequências dos genes gag, gag-pol ou env. Os transcritos completos do genoma também podem ser agrupados dentro de novos virions. Pelo fato do provírus atuar como um gene celular, sua replicação depende da extensão da metilação do DNA viral e da taxa de multiplicação celular, mas principalmente da capacidade da célula de reconheceras sequências promotoras e amplificadoras codificadas na região LTR. A estimulação celular em resposta a outras infecções (por meio da ação das citocinas ou mitógenos) produz fatores de transcrição que se ligam às LTR e podem ativar a transcrição do vírus. Se o vírus codifica oncogenes virais, eles podem promover o crescimento celular e estimular a transcrição e, assim, a replicação viral. A capacidade de uma célula para transcrever o genoma retroviral é também um determinante importante para o tropismo tecidual e a gama de hospedeiros de um retrovírus. PROTEÍNAS ACESSÓRIAS A replicação do HIV é regulada por até seis produtos gênicos denominados “acessórios” (Tabela 62-2). A proteína Tat, assim como a Tax, é uma transativadora da transcrição de genes virais e celulares. A proteína Rev age como a proteína Rex para regular e promover o transporte do RNAm viral dentro do citoplasma. A proteína Nef reduz a expressão de CD4 na superfície celular e de moléculas do complexo principal de histocompatibilidade classe I (MHC I), altera as vias de sinalização de células T, regula a citotoxicidade do vírus e é necessária para manter altas cargas virais. A proteína Nef parece ser essencial para promover o progresso da infecção da AIDS. A proteína Vif promove a montagem, a maturação viral e se liga a uma proteína celular antiviral denominada APOBEC-3G para impedi-la de hipermutar o DNAc viral, ajudando o vírus a se replicar nas células mieloides e em outras células. A proteína Vpu reduz a expressão de CD4 na superfície celular e amplifica a liberação do virion. A proteína Vpr (Vpx no HIV-2) é importante para o transporte do cDNA para o núcleo e para a replicação viral em células que não se multiplicam, como os macrófagos. A AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO proteína Vpr também paralisa a célula na fase G2 do ciclo de multiplicação celular, o que é provavelmente ideal para a replicação do HIV. FORMAÇÃO DE PROTEÍNAS E ESTRUTURAS VIRAIS As proteínas traduzidas a partir dos RNAm gag, gag-pol e env são sintetizadas como poliproteínas e, em seguida, clivadas para se tornarem proteínas funcionais. As glicoproteínas virais são sintetizadas, glicosiladas e processadas por retículo endoplasmático e complexo de Golgi. Essas glicoproteínas são então clivadas em subunidades que atravessam a membrana e subunidades extracelulares da proteína de ligação viral, que se associam para formar trímeros e migrar para a membrana plasmática. As poliproteínas Gag e Gag-Pol são aciladas e se ligam à membrana plasmática contendo as glicoproteínas do envelope viral. A associação de duas cópias do genoma e moléculas do RNA de transferência celular promove o brotamento do virion. Após a aquisição do envelope e a saída da célula, as proteases virais clivam as poliproteínas Gag e Gag-Pol para liberar a transcriptase reversa e formar o núcleo do virion, garantindo, assim, a inclusão desses componentes dentro do virion. A clivagem promovida pelas proteases virais é fundamental para a produção de virions infecciosos e, portanto, essas enzimas são importantes alvos de drogas antivirais. (ENVELOPE) A aquisição do envelope (envelopamento) e a liberação dos retrovírus ocorrem na superfície celular. Durante o brotamento e a formação do envelope viral, o HIV capta proteínas celulares, incluindo moléculas do MHC. A replicação e o brotamento dos retrovírus não necessariamente destroem a célula. O HIV também pode se disseminar de célula a célula por meio da produção de células gigantes multinucleadas, ou sincícios. Os sincícios são frágeis e sua formação aumenta a atividade citolítica do vírus. Referência Bibliográfica: livro de Microbiologia – Murray LINFÓCITOS T CD4+, CÉLULAS DE MEMÓRIA E LATÊNCIA A característica essencial da infecção pelo HIV consiste na depleção dos linfócitos T auxiliares-indutores - resultado da replicação do HIV por essa população de linfócitos bem como da morte de células T não infectadas por mecanismos indiretos. As células T expressam o marcador fenotípico CD4 em sua superfície. A molécula CD4 é o principal receptor do HIV, tendo alta afinidade com o envelope do vírus. O correceptor do HIV nos linfócitos é o receptor de quimiocina CXCR4. Na fase inicial da infecção, os HIV primários isolados são M trópicos. Entretanto, todas as cepas de HIV infectam os linfócitos T CD4 primários (mas não as linhagens de células T imortalizadas in vitro). Com a evolução da infecção, os vírus M trópicos dominantes são substituídos por vírus T trópicos. A adaptação laboratorial desses vírus primários isolados em linhagens de células T imortalizadas resulta em perda da capacidade de infectar os monócitos e macrófagos. As consequências da disfunção das células T CD4+, causada pela infecção pelo HIV, são devastadoras, uma vez que o linfócito T CD4+ desempenha papel fundamental na resposta imunológica humana. Esta célula é responsável, direta ou indiretamente, pela indução de ampla variedade de funções celulares linfoides e não linfoides. Tais efeitos consistem em ativação dos macrófagos, indução de funções das células T citotóxicas, células destruidoras naturais e células B, bem como secreção de uma variedade de fatores solúveis que induzem o crescimento e a diferenciação das células linfoides, e que afetam as células hematopoiéticas. Em determinado momento, somente uma pequena fração de células CD4 se mostra produtivamente infectada. Muitas células T infectadas são mortas, mas uma fração sobrevive e reverte para um estado de memória quiescente. Ocorre pouca ou nenhuma expressão dos genes virais nas células de memória, onde servem como reservatório latente, estável e de longa duração para o vírus. Menos de uma célula por milhão de células CD4 quiescentes abrigam o pro- vírus HIV-1 latente em pacientes sob terapia antirretroviral. Mesmo após 10 anos de tratamento, os pacientes mostram poucas mudanças no tamanho do reservatório, pois o reservatório latente das células de memória infectadas diminui muito lentamente. Quando expostas ao antígeno ou quando a terapia com fármacos é interrompida, as células de memória tornam-se ativadas e liberam o vírus infeccioso. É possível que outros reservatórios insensíveis aos AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO fármacos também possam existir entre macrófagos, células hematopoiéticas germinativas ou neurônios. É improvável que uma infecção pelo HIV possa ser eliminada. Se existissem um milhão de células de memória infectadas no corpo, seriam necessários cerca de 70 anos para a sua redução. Houve, recentemente, relatos de curas aparentes. Por exemplo, um homem infectado pelo vírus HIV, na Alemanha, desenvolveu leucemia mieloide aguda e foi submetido a transplante de medula, em 2007. Após procedimento de aplasia medular por radioterapia, ele foi submetido a um transplante com células provenientes de um doador homozigoto para a mutação no receptor CCR5, que protegeu suas células da infecção pelo vírus HIV. O tratamento com antirretrovirais foi interrompido e a carga viral tem sido indetectável nos últimos 5 anos. Esse fenômeno tem sido, desde então, profundamente analisado, na tentativa de desenvolver alternativas para eliminar reservatórios de infecções latentes em indivíduos infectados pelo vírus HIV. MONÓCITOS E MACRÓFAGOS Os monócitos e os macrófagos desempenham importante papel na disseminação e na patogênese da infecção pelo HIV. Determinados subgrupos de monócitos expressam o antígeno de superfície CD4 e, por conseguinte, ligam-se ao envelope do HIV. O correceptor do HIV nos monócitos e macrófagos é o receptor de quimiocina CCR5. No cérebro, os principais tipos celulares infectados pelo HIV parecem ser os monócitos e macrófagos, o que pode ter importantes consequências para o desenvolvimento das manifestações neuropsiquiátricas associadas à infecção pelo HIV.As cepas de HIV macrofagotrópicas predominam logo após a infecção, sendo responsáveis por infecções iniciais mesmo quando a fonte de transmissão contém vírus tanto M trópicos quanto T trópicos. Acredita-se que os monócitos e macrófagos atuem como importantes reservatórios do HIV no organismo. Diferente do linfócito T CD4+, o monócito é relativamente refratário aos efeitos citopáticos do HIV, de modo que o vírus pode não apenas sobreviver nessa célula como também ser transportado para vários órgãos do organismo (como os pulmões e o cérebro). Os macrófagos infectados podem continuar a produzir vírus por um longo tempo. ÓRGÃOS LINFOIDES Os órgãos linfoides desempenham papel central na infecção pelo HIV. Os linfócitos no sangue periférico representam apenas cerca de 2% do reservatório total de linfócitos, estando o restante localizado principalmente nos órgãos linfoides. É nos órgãos linfoides que são produzidas as respostas imunológicas específicas. A rede de células dendríticas foliculares nos centros germinativos dos linfonodos captura antígenos e estimula a resposta imunológica. Durante toda a evolução da infecção sem tratamento - mesmo no estágio de latência clínica -, ocorre a replicação ativa do HIV nos tecidos linfoides. O microambiente do linfonodo é ideal para o estabelecimento e a disseminação da infecção pelo HIV. Ocorre a liberação de citocinas com a ativação de um grande reservatório de células T CD4+ altamente suscetíveis à infecção pelo HIV. Com a evolução dos estágios avançados da doença pelo HIV, verifica-se desorganização da arquitetura dos linfonodos. COINFECÇÕES VIRAIS São necessários sinais de ativação para o estabelecimento de infecção produtiva pelo HIV. No indivíduo infectado pelo HIV, uma ampla variedade de estímulos antigênicos in vivo parece atuar como ativadores celulares. Por exemplo, a infecção ativa por Mycobacterium tuberculosis aumenta significativamente a viremia plasmática. Os efeitos danosos do HIV ao sistema imunológico deixam os pacientes vulneráveis a muitos tipos de infecção. A Organização Mundial de Saúde relata que a infecção pelo HIV aumenta o risco de se contrair tuberculose em mais de 20 vezes. Dos 9 milhões de novos casos de tuberculose ocorridos no mundo em 2007, estima-se que 15% ocorreram em pessoas infectadas com HIV. Outras infecções virais concomitantes -pelo Epstein-Barr vírus, citomegalovírus, herpes-vírus simples ou vírus da hepatite B - podem atuar como cofatores da Aids. A coinfecção com o vírus da hepatite C, que ocorre em cerca de 15 a 30% dos casos de HIV nos EU A, resultando com frequência em doença hepática, é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em pessoas infectadas pelo HIV. Verifica-se, também, alta prevalência de infecção por citomegalovírus em indivíduos HIV-positivos. AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO Pode ocorrer coinfecção com duas linhagens diferentes de HIV. Existem casos documentados de superinfecção com uma segunda linhagem em um indivíduo infectado pelo HIV, mesmo na presença de uma forte resposta por células CDS contra a primeira linhagem. A superinfecção pelo HIV é considerada um evento raro. VIAS DE INFECÇÃO/TRANSMISSÃO São encontrados altos títulos de HIV em dois fluidos corporais - sangue e sêmen. O HIV é transmitido durante o contato sexual (inclusive sexo orogenital), por exposição parenteral a sangue ou hemoderivados contaminados, e da mãe para o filho durante o período perinatal. A presença de outras doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis, gonorreia ou herpes simples tipo 2, aumenta até 100 vezes o risco de transmissão sexual do HIV, uma vez que a inflamação e as úlceras facilitam a transferência do HIV através das barreiras mucosas. Os indivíduos assintomáticos, mas positivos para o HIV podem transmitir o vírus. Desde a primeira descrição da Aids, a atividade homossexual promíscua foi reconhecida como importante fator de risco para a doença. O risco aumenta de acordo com o número de contatos sexuais com diferentes parceiros. TRANSFUSÃO DE SANGUE A transfusão de sangue ou hemoderivados infectados constitui uma via efetiva de transmissão do vírus. Assim, por exemplo, mais de 90% dos hemofílicos que receberam concentrados de fatores da coagulação contaminados nos EUA (antes da detecção do HIV) desenvolveram anticorpos anti-HIV. Os usuários de drogas ilícitas são comumente infectados pelo uso de agulhas contaminadas. O uso de drogas injetáveis responde por uma proporção substancial de novos casos de Aids. São necessários testes cuidadosos para se assegurar um suprimento de sangue seguro. A Organização Mundial de Saúde relatou que a doação de sangue por voluntários não remunerados é muito mais segura que a de doadores pagos. Em 1996, foi relatado que o risco de infecção pelo HIV transmitido por meio de transfusões nos EU A foi muito pequeno (cerca de 1:500.000). TRANSMISSÃO NO NASCIMENTO As taxas de transmissão da mãe para o lactente variam de 13 a 40% em mulheres não tratadas. Os lactentes podem tornar-se infectados in utero, durante o parto ou, mais comumente, pela amamentação. Na ausência de amamentação, cerca de 30% das infecções ocorrem in utero, e 70% durante o parto. Os dados indicam que 33 a 50% das infecções perinatais pelo HIV na África são decorrentes da amamentação. Em geral, a transmissão durante a amamentação ocorre precocemente (em torno dos 6 meses de vida). As elevadas cargas virais na mãe constituem fator de risco para a transmissão. PROFISSIONAIS DA SAÚDE Os profissionais de saúde têm sido infectados pelo HIV após picada de agulhas com sangue contaminado. O número de infecções é relativamente pequeno em comparação com o número de picadas de agulha envolvendo sangue contaminado (o risco estimado de transmissão é de cerca de 0,3%). O risco de transmissão é mais baixo após a exposição da mucosa ao sangue infectado (cerca de 0,09%). Isto contrasta com o risco de infecção pelo vírus da hepatite c por picada de agulha, que é de cerca de 1,8%, e de infecção pelo vírus da hepatite B, de 6 a 30%. As vias de transmissão (sangue, sexo e nascimento) já descritas são responsáveis por quase todas as infecções pelo HIV. Entretanto, existe considerável preocupação quanto à possibilidade de haver outros tipos de transmissão em circunstâncias raras, como, por exemplo, contato "casual" com indivíduos infectados pelo HIV ou insetos vetores; todavia, não há evidências de transmissão do vírus nessas condições casuais. Referências Bibliográficas: livro Microbiologia Médica AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO OBJ 3: Apresentar o quadro clínico do HIV (sinais e sintomas). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os sintomas da infecção aguda pelo HIV são inespecíficos, consistindo em fadiga, erupção cutânea, cefaleia, náuseas e pesadelos. A Aids caracteriza-se por supressão pronunciada do sistema imunológico e pelo desenvolvimento de ampla variedade de infecções oportunistas graves ou neoplasias incomuns (particularmente o sarcoma de Kaposi). Em adultos, os sintomas mais graves são com frequência precedidos de um pródromo ("diarreia e emagrecimento"), que pode incluir fadiga, mal-estar, perda de peso, febre, dificuldade respiratória, diarreia crônica, placas brancas na língua (leucoplaquia pilosa, candidíase oral) e linfadenopatia. Os sintomas da doença no trato gastrintestinal, desde o esôfago até o colo, constituem uma importante causa de debilidade. Na ausência de tratamento, o intervalo entre a infecção primária pelo HIV e o aparecimento da doença clínica em geral é longo em adultos, sendo em média de cerca de 8 a 10 anos. Ocorre morte aproximadamente 2 anos mais tarde. Referências Bibliográficas: livro Microbiologia MédicaQUADRO CLÍNICO HIV Embora o curso da infecção pelo HIV possa variar entre os indivíduos, um padrão comum de evolução foi estabelecido. Uma vez infectado, o indivíduo pode permanecer assintomático por um período médio de oito a dez anos. Como visto, apesar da ausência de manifestações clínicas existe intensa replicação viral. (SINTOMAS DE INFECÇÃO AGUDA) Em cerca de 20% a 30% dos casos logo após a infecção poderão ocorrer sintomas de infecção aguda, com faringite, febre, erupção cutânea, aumento de linfonodos, discreta hepatoesplenomegalia e alterações hematológicas, assemelhando-se o quadro à mononucleose infecciosa. Sinais de imunodeficiência transitória podem ocorrer, como candidose oral e mesmo pneumonia por Pneumocystis carinii. Na evolução da infecção viral, alguns indivíduos desenvolvem quadro de linfadenomegalia generalizada persistente, caracterizada pela presença de gânglios maiores que 1cm de diâmetro em duas ou mais cadeias não inguinais. A biopsia desses linfonodos revela acentuada hiperplasia folicular reacional, e as recentes técnicas de detecção antigênica demonstram a presença de intensa replicação viral. QUADRO CLÍNICO AIDS A ocorrência de febre prolongada, perda de mais de 10% do peso corporal, candidose oral, dermatite seborréica, diarréia persistente e outras manifestações clínicas caracterizam o quadro de complexo relacionado à Aids (ARC), ou doença constitucional. (MANIFESTAÇÕES LABORATORIAIS) A isto se associam manifestações laboratoriais, como leucopenia, neutropenia e linfopenia, além de anemia normocrômica e normocítica, traduzindo a fase de estado da doença. Alguns indivíduos, já nesta fase de estado, desenvolvem quadros neurológicos de encefalopatia, mielopatia ou neuropatias periféricas, refletindo o neurotropismo viral. Eventualmente a doença se instala sob a forma de uma síndrome de Guillain-Barré. Referências Bibliográficas: livro Medicina Tropical EVOLUÇÃO DA INFECÇÃO PELO HIV A evolução típica da infecção pelo HIV não tratada estende-se por cerca de uma década. Os estágios consistem em infecção primária, disseminação do vírus para os órgãos linfoides, latência clínica, expressão elevada do HIV, doença clínica e morte. A duração entre a infecção primária e a evolução para doença clínica é, em média, de cerca de 10 anos. Nos casos não tratados, a morte em geral ocorre 2 anos após o aparecimento dos sintomas clínicos. AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO Após a infecção primária, observa-se um período de 4 a 11 dias entre a infecção das mucosas e a viremia inicial. A viremia pode ser detectada durante cerca de 8 a 12 semanas. O vírus encontra-se amplamente disseminado por todo o corpo nessa fase, e os órgãos linfoides são invadidos. Em muitos pacientes (50 a 75%), verifica-se o desenvolvimento de uma síndrome semelhante à mononucleose aguda 3 a 6 semanas após a infecção primária. Nesse estágio inicial, observa-se uma queda significativa no número de células T CD4 circulantes. Ocorre uma resposta imunológica ao HIV 1 semana a 3 meses após a infecção, a viremia plasmática cai, e verifica-se um rebote nos níveis de células CD4. Entretanto, a resposta imunológica é incapaz de eliminar a infecção por completo, e as células infectadas pelo vírus persistem nos linfonodos. Tal período de latência clínica pode estender-se por até 10 anos. Durante esse período, verifica-se alto nível de replicação viral. Estima-se que 10 bilhões de partículas de HIV sejam produzidas e destruídas diariamente. A meia-vida do vírus no plasma é de cerca de 6 horas, e o ciclo de vida do vírus (desde o momento da infecção de uma célula até a produção de uma nova progênie de vírus que infectam outras células) é, em média, de 2,6 dias. Os linfócitos T CD4+, os principais alvos responsáveis pela produção do vírus, parecem ter alta taxa de renovação similar. Uma vez infectado produtivamente, o linfócito CD4+ apresenta meia-vida de cerca de 1,6 dia. Estudos sobre diversidade viral têm demonstrado que, na maioria dos casos de transmissão sexual, um único variante viral estabelece uma nova infecção. No início da infecção, as sequências virais são homogêneas. Porém, devido arápida proliferação viral e a taxa de erro inerente da transcriptase reversa do HIV, estima- se que todo o genoma do HIV provavelmente sofra mutações diárias. Por fim, o paciente desenvolve sintomas constitucionais e doença clinicamente aparente, como infecções oportunistas ou neoplasias. Níveis mais elevados do vírus são facilmente detectados no plasma, durante os estágios avançados da infecção. Em geral, o HIV encontrado em pacientes com doença de estágio avançado é muito mais virulento e citopático do que as cepas do vírus detectadas no início da infecção. Com frequência, a progressão para Aids é acompanhada de um desvio das cepas de HIV-1 monocitotrópicas ou macrofagotrópicas (M trópicas) para variantes linfocitotrópicas (T-trópicas). Referências Bibliográficas: livro Microbiologia Médica OBJ 5: Conhecer as doenças oportunistas associadas ao HIV (sinais e sintomas). OK INFECÇÕES OPORTUNISTAS As infecções oportunistas (IO) e as manifestações neoplásicas, como o sarcoma de Kaposi e linfomas não-Hodgkin (entre outras neoplasias), representam o estágio final da doença, ocorrendo em geral em pacientes já com profundo defeito imune. Diversas são as infecções oportunistas prevalentes nesses pacientes. Na maior parte das vezes, trata- se de infecções latentes, que reativam diante da imunossupressão presente nos portadores de HIV. Assim, o quadro das doenças ditas definidoras de Aids depende da composição nosográfica de uma determinada região ou país. Pneumonia causada pelo Pneumocystis carinii, retinite por citomegalovírus e encefalite por Toxoplasma gondii encontram-se entre as infecções de maior prevalência em todos os continentes. A tuberculose, pulmonar, ganglionar ou disseminada, é uma das infecções oportunistas de maior ocorrência, principalmente em países do Terceiro Mundo, como o Brasil, refletindo, como dito, a prevalência da infecção latente do Mycobacterium tuberculosis nestas e em outras populações. É importante ressaltar que algumas infecções não descritas em países da Europa e América do Norte vêm sendo observadas em nosso meio, como o Trypanosoma cruzi, que se manifesta em geral por uma meningoencefalite, e a leishmaniose visceral, com quadros consumptivos sistêmicos. Referências Bibliográficas: livro Medicina Tropical INFECÇÕES OPORTUNISTAS AMANDA FARIA 21/10/2021 – 4º PERÍODO Infecções normalmente benignas por agentes, tais como Candida albicans e outros fungos, vírus de DNA capazes de causar doença recorrente, parasitas e bactérias de crescimento intracelular provocam doenças significativas após a depleção das células T CD4 pelo HIV e subsequente redução de células T CD8 (Tabela 62- 5). A pneumonia pneumocística (PCP) induzida por Pneumocystis jirovecii é um sinal característico da AIDS. Candidíase oral, toxoplasmose cerebral e meningite criptocócica também ocorrem com frequência, assim como infecções virais prolongadas e graves, incluindo varíola do molusco contagioso; poliomavírus (vírus JC causando leucoencefalopatia multifocal progressiva); reativações por herpesvírus (p. ex., HSV, vírus varicelazóster, EBV [tricoleucoplasia oral e linfomas associados com EBV]) e CMV (especialmente retinite, pneumonia e doença colônica)]. Tuberculose e outras doenças micobacterianas e diarreia provocada por patógenos comuns (espécies de Salmonella, Shigella e Campylobacter) e agentes incomuns (criptosporídios, micobactérias e espécies de Amoeba) também são problemas comuns. LINFADENOPATIA E FEBRE Linfadenopatia e febre se desenvolvem de maneira insidiosa e podem ser acompanhadas por perda
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