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Tema: A origem do nosso entendimento – Responsável: Estela Maria Rodrigues Alves Ribeiro - Bolsista MEC/SESu - PET Com base no artigo A origem do nosso entendimento do autor Gerhard Neuweiler, a aluna desenvolveu o seminário a partir da revista Scientific American Brasil, Junho 2005, ano 4, nº37. A habilidade manual do ser humano ultrapassa em muito os outros primatas e é uma qualidade da espécie que, muitas vezes, não é levada em conta pelos pesquisadores como a posse da linguagem. No entanto ambas as habilidades estão estritamente ligadas neurobiologicamente. Uma característica da fala é o perfeito controle da musculatura do aparelho fonador. A nossa habilidade manual também se apóia numa motricidade refinada, apesar de que o controle motor já começa a se manifestar nos primatas. Ainda assim, só o homem tem o dom da fala e só ele é capaz de realizar atividades manuais complexas. É essa extraordinária inteligência motora, segundo o pesquisador Gerhard Neuweiler, que forneceu a base de nossa evolução cultural. Ela provém de um complexo aparato neuronal que emite instruções de movimento e ajusta seus comandos à circunstância, presente também em outros animais. O controle de movimentos dos mamíferos percorre três instâncias neuronais articuladas hierarquicamente, mas neles começa a aparecer algo completamente novo: uma “via expressa” (via piramidal) que liga a parte anterior do cérebro (intenções de realizar ações voluntárias) à medula espinhal, provocando um curto circuito nos centros motores do mielencéfalo, desse modo o córtex cerebral pode controlar com mais facilidade as ações. Nos primatas ocorre um outro curto circuito, o córtex cerebral se liga diretamente aos neurônios musculares que controlam as mãos e os dedos, por isso nós, humanos, e os símios temos a capacidade de mover os dedos individualmente, de acordo com nossa vontade. Esse fenômeno dos filamentos da via piramidal se acentua mais nos humanos, acomodando também mais nervos para musculatura da face, lábios, língua, e palato, bem como para a laringe, fornecendo um controle fino da musculatura facial, o que nos permite produzir sons da fala. Para falar e fazer habilidades manuais que exigem bastante, como tocar piano, não depende só do cérebro, só após um longo exercício e treinamento é que chegamos a dominar movimentos como estes. Para isso o aprendiz recorre em grande medida à imitação. Nos símios há uma região denominada F5 que participa de certas ações particulares das mãos e boca (porém não participa da emissão de sons). Ela coincide, em boa parte, com a área da Broca, nos humanos, e apresenta uma classe de células responsáveis pela imitação – os neurônios-espelho, ativados não somente quando se executa uma ação, mas também quando se observa alguém a fazendo. A região do cérebro responsável pela emissão de sons inatos (choro, riso...) é o giro cingulado, presente e todos os primatas, mas não se relaciona em nada com a fala, relacionada mais com as regiões pré-motoras nos humanos. A verdadeira área envolvida com a fala, chama-se AMS e junta com a área da Broca desempenham no homem um duplo papel – controle dos - movimentos manuais e do aparelho fonador, o que faz alguns pesquisadores acreditarem que a linguagem se desenvolveu a partir da crescente habilidade manual dos primatas. Para resumir, do ponto de vista de sua história evolutiva, a fala parece estar estritamente ligada às nossas habilidades manuais. Ainda não sabemos, porém, qual é a origem das estruturas gramaticais que ordenam as palavras em sentenças sintaticamente bem construídas. Essas competências devem ter se desenvolvido em conjunto com as capacidades motoras, mas ainda não é possível, hoje, responder como isso se deu.
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