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ó –
 
 
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sagrado é que se opõe ao profano‖ (ELIADE, 1992, p.17). Cabe lembrar que outros 
autores trataram a análise religiosa em dicotomia entre sagrado e profano, entre eles está 
um dos fundadores da sociologia da religião Émile Durkheim (1996). 
 A obra de Eliade, contudo, apresenta contribuições mais diretas a esse trabalho, 
no que diz respeito aos diferentes espaços que os indivíduos atribuem ao mundo, o autor 
escreve: ―para o homem religioso, o espaço não é homogêneo: o espaço apresenta 
roturas, quebras; há porções de espaço qualitativamente diferentes das outras‖ 
(ELIADE, 1992, p.25). Iniciamos nossa distinção, ainda que de forma ampla, a 
distinção entre o espaço da igreja e da rua, a primeira como um espaço sagrado para o 
homem religioso, e em contrapartida, a rua como seu oposto, um espaço profano. 
Contudo, é importante entendermos o que diferencia um espaço sagrado de um 
espaço profano, nas palavras de Eliade: ―a revelação de um espaço sagrado permite que 
se obtenha um ―ponto fixo‖, possibilitando, portanto, a orientação na homogeneidade 
caótica, a fundação do mundo, o viver real‖ (ELIADE, 1992, p.27). O espaço sagrado 
seria definido por determinar um centro, um ponto fixo, em oposição ao mundo que em 
sua essência é profano e caótico. A igreja, para o homem religioso, quebraria a 
homogeneidade do mundo, determinando entre suas paredes um ponto fixo, a moral 
cristã, a salvação. Em oposição a rua seria uma multiplicidade de espaços, com funções 
e morais diversas, dando a sensação de uma homogeneidade e da falta de um ponto 
guia, características de um espaço típico profano. Não é por um acaso que se faz 
importante rememorar constantemente esse centro do mundo para os indivíduos 
religiosos. 
 O filósofo romeno preocupa-se em analisar os espaços limiares entre o profano e 
o sagrado, para essa percepção ele utiliza o exemplo da igreja, que tem em suas portas a 
função de separar duas formas de viver o mundo: 
 
[...] igreja faz parte de um espaço diferente da rua onde ela se encontra. A porta 
que se abre para o interior da igreja significa, de fato, uma solução de 
continuidade. O limiar que separa os dois espaços indica ao mesmo tempo a 
distância entre os dois modos de ser, profano e religioso. O limiar é ao mesmo 
tempo o limite, a baliza, a fronteira que distingue e opõem dois mundos [...] 
(ELIADE, 1992, p.29). 
 
A afirmação de Eliade ilustra bem a hipótese desse estudo, a distinção entre o 
espaço da rua e da igreja é observável nas atitudes dos indivíduos religiosos ao entrar na 
igreja. As portas das igrejas representam a transição de mundos, e mais bem observável 
que isso, a passagem pelas portas da igreja representa a transformações nas atitudes e no

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