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INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO AULA 3 ABERTURA Olá! "É verdade que comer muitos derivados de carne pode desencadear câncer por causa dos tais nitratos?” "Vi que essas balas têm muito corante, e não têm açúcar, mas são docinhas... será que posso comer, se tenho diabetes?” Os aditivos químicos estão presentes na quase totalidade dos alimentos industrializados. Nesta aula, você vai estudar sobre essas substâncias, e perceber que muito embora haja um grande apelo a favor uso de alimentos naturais, sem aditivos químicos, há vários dados científicos que mostram que não usá-los, principalmente conservantes, pode acarretar em danos muito maiores à saúde humana. Bons estudos. Aditivos Químicos REFERENCIAL TEÓRICO Você sabe a diferença entre aditivos alimentares intencionais e incidentais? Afinal de contas, por que os aditivos são utilizados? O livro "Nutrição contemporânea" é a base teórica desta aula, e no trecho selecionado a seguir você encontra estas e outras respostas a respeito de aditivos alimentares, incluindo uma tabela com as fontes dos aditivos. Inicie sua leitura no tópico 'Aditivos alimentares', no final da página 539, e leia até o final do box 'Revisão conceitual', na página 545. Ao final deste estudo, você estará apto a: • Definir aditivos alimentares. • Identificar as principais classes de aditivos alimentares. • Reconhecer as legislações vigentes sobre o assunto. Boa Leitura CYAN VS Gráfica VS Gráfica MAG VS Gráfica YEL VS Gráfica BLACK W ard law S m ith www.grupoa.com.br 0800 703 3444 www.grupoa.com.br NUTRIÇÃO R ecorte aq u i seu m arcad or d e p ág in a. Elaborada para reunir os fundamentos necessários para tomada de decisão nutricional na prática diária, bem como para esclarecer as dúvidas mais frequentes, Nutrição contemporânea, 8ª edição, destaca-se pela forma didática como apresenta o tema, sempre complementado por ilustrações que também facilitam o entendimento. As discussões aqui apresentadas partem do importante pressuposto de que os indivíduos não são iguais, motivo pelo qual o leitor aprenderá a personalizar as informações nutricionais e a fazer escolhas corretas em diferentes contextos. A maneira como os capítulos foram elaborados é outro destaque, oferecendo uma visão completa do assunto abordado, podendo ser utilizados em sala de aula conforme as necessi- dades de cada curso. Nutrição contemporânea é um excelente livro-texto de introdução à nutrição... Sua leitura é agradável, e as informações são de alta qualidade.” Karen Schuster, Florida Community College of Jacksonville“ Além de reunir informações diferenciadas, com base em pesquisas, o livro contém fotos interessantes, coloridas, tabelas e quadros úteis, tópicos especiais e bons estudos de caso para discussão.... Fiquei muito bem-impressionada.” Linda D. DeTurk, North Platte Community College“ Gordon M. Wardlaw Anne M. Smith A Artmed Editora é parte do Grupo A, uma empresa que engloba diversos se- los editoriais e várias plataformas de dis- tribuição de conteúdo técnico, científi co e profi ssional, disponibilizando-o como, onde e quando você precisar. O Grupo A publica com exclusividade obras com o selo McGraw-Hill em língua portuguesa. Wardlaw Smith Nutrição Contemporânea 8ª Edição Gordon M. Wardlaw Anne M. Smith Em http://www.mhhe.com/wardlawcont8, estão disponíveis materiais complementares do livro (em inglês), que incluem animações, atualizações, vídeos e outros recursos. NUTRIÇÃO CLARK, N. Guia de Nutrição Desportiva: Alimentação para uma Vida Ativa, 4.ed. CORDÁS, T.A.; KACHANI, A. & COLS. Nutrição em Psiquiatria DELGADO FERNÁNDEZ, M.; GUTIÉRREZ SAÍNZ, A.; CASTILLO GARZÓN, M.J. Treinamento Físico-desportivo e Alimentação: Da Infância à Idade Adulta, 2.ed. SALWAY, J.G. Metabolismo Passo a Passo, 3.ed. WARDLAW, G.M.; SMITH, A.M. Nutrição Contemporânea, 8.ed. Nutrição Contemporânea N utrição C o ntem p o rânea N utrição C o ntem p o rânea 42649 Nutricao Contemporanea.indd 142649 Nutricao Contemporanea.indd 1 28/01/2013 11:30:3528/01/2013 11:30:35 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 W266n Wardlaw, Gordon M. Nutrição contemporânea [recurso eletrônico] / Gordon M. Wardlaw, Anne M. Smith ; tradução: Laís Andrade, Maria Inês Corrêa Nascimento ; revisão técnica: Ana Maria Pandolfo Feoli. – 8. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. ISBN 978-85-8055-189-1 1. Nutrição. I. Smith, Anne M. II. Título. CDU 612.39 Nutrição Contemporânea 539 Parasitas Parasitas são organismos que vivem dentro ou sobre outro organismo, conhecido como hospedeiro, do qual eles absorvem nutrientes. O ser humano pode servir de hospedeiro a vários parasitas. Esses seres diminutos e vorazes prejudicam a saúde e, às vezes, são fatais a milhões de pessoas. As pessoas que mais sofrem com parasito- ses são as que vivem em países tropicais, em más condições de higiene. Há mais de 80 tipos de parasitas que contaminam a alimentação do homem, os quais incluem, principalmente, protozoários (animais unicelulares), como Cryp- tosporidium e Cyclospora, e helmintos, como a tênia e a Trichinella spiralis. A Tabela 13.5 descreve os parasitas comuns e as fontes alimentares típicas, além dos sinto- mas das doenças que eles causam. As parasitoses se transmitem de uma pessoa para outra, bem como por meio de alimentos, água e solo contaminados. 13.4 Aditivos alimentares Quando você compra um alimento no supermercado, em geral, ele contém subs- tâncias que foram adicionadas para torná-lo mais palatável, enriquecê-lo com nu- trientes ou prolongar sua validade. Os fabricantes também adicionam algumas substâncias aos alimentos para facilitar seu processamento. Outras substâncias podem ter entrado acidentalmente na composição desses alimentos. Todas essas substâncias extrínsecas são denominadas aditivos e, embora algumas sejam bené- ficas, outras, como os sulfetos, podem ser prejudiciais a algumas pessoas. Todas as substâncias adicionadas intencionalmente aos alimentos precisam ser avaliadas pela FDA. � Moluscos crus, especialmente os bivalves (p. ex., ostras e mariscos), acarretam um risco particularmente elevado de viroses alimentares. Esses animais filtram seu alimento, processo que concentra vírus, bactérias e toxinas pre- sentes na água. O cozimento adequado desses moluscos mata os vírus e as bactérias, mas pode não destruir as toxinas. É importante comprar crustáceos e moluscos de fontes confiáveis, criados em águas seguras com baixo risco de contaminação. protozoários Animais unicelulares mais com- plexos do que as bactérias. Os protozoários causadores de doenças podem se disseminar por meio de alimentos e da água. helminto Parasita vermiforme que pode contaminar os alimentos, a água, as fezes, os animais e outras substâncias. aditivos Substâncias adicionadas aos alimen- tos, por exemplo, conservantes. conservantes Compostos que prolongam o prazo de validade dos alimentos inibindo o crescimento microbiano ou minimizando os efeitos destrutivos do oxigênio e dos metais. quelantes Compostos que se ligam a íons metálicos livres. Essa ligação diminui a capaci- dade dos íons de tornar rançosa a gordura dos alimentos. Wardlaw_Cap_13.indd 539Wardlaw_Cap_13.indd 539 04/12/12 14:3804/12/12 14:38 540 Gordon M. Wardlaw & Anne M. Smith TABELA 13.5 Causas parasitárias de doenças transmitidas por alimentos Parasita Fontes alimentares típicas Sintomas Informações adicionais Trichinella spiralis Carne de porco e de caça Início: semanas a meses; sinto- mas gastrintestinais seguidos de fraqueza muscular, retenção hídrica na face, febre, sintomas de gripe O número de infecções por triquinela diminuiu muito porque a infestação dos suínos é menos provável atual- mente; o cozimento da carne de por- co em alta temperatura (72ºC) mata a Trichinella, o mesmo ocorrendo com o congelamento por 3 dias a –20ºC.Anisakis Peixe cru ou malcozido Início: 12 h ou menos; dor no es- tômago violenta, náusea, vômitos Causada pela ingestão de larvas do helminto; a infecção é mais comum em locais onde se come peixe cru rotineiramente Tênia Carne bovina, de porco e peixe crus Desconforto abdominal, diarreia Toxoplasma gondii Carne crua ou malcozida, frutos e vegetais não lavados Início: 5–20 dias; maioria dos casos é assintomática; quando há sintomas, são febre, cefaleia, dores musculares, diarreia; pode ser fatal para o feto em desenvol- vimento no útero O parasita passa dos animais para o homem, sendo transmitido sobretudo pelo gato, principal reservatório da doença; o ser humano adoece por in- gestão de carne contaminada ou por manuseio de fezes de gato Cyclospora cayetanensis Água e alimentos contaminados Início: 1 semana; diarreia aquo- sa, vômitos dores musculares, fadiga, anorexia, perda de peso; dura 10–12 semanas Mais comum em áreas tropicais e subtropicais, mas desde 1990 já ocorreram dezenas de surtos, que afetaram 3.600 pessoas nos EUA e no Canadá Cryptosporidium Água e alimentos contaminados Início: 2–10 dias; diarreia aquosa, dor abdominal, febre, náusea, vômitos, perda de peso; pessoas com sistema imune comprome- tido têm doença mais grave; tem duração de 1-2 semanas nas pessoas sadias Os surtos ocorrem em todo o mundo; o maior surto nos EUA ocorreu em 1993, em Milwaukee, e afetou mais de 443 mil pessoas; também pode se disseminar em parques aquáticos e piscinas públicas Wardlaw_Cap_13.indd 540Wardlaw_Cap_13.indd 540 04/12/12 14:3804/12/12 14:38 Nutrição Contemporânea 541 Por que se usam aditivos alimentares? A maioria dos aditivos é usada para limitar a deterioração dos alimentos. Os aditi- vos alimentares comuns geralmente funcionam como conservantes e incluem agen- tes acidificantes ou alcalinizantes, antimicrobianos, substâncias usadas para curtir ou fermentar, além de agentes quelantes. A Tabela 13.6 ajuda a entender exatamen- te por que essas substâncias são usadas e quais são as características de cada uma delas. Aditivos alimentares, como o sorbato de potássio, são usados para manter a segurança e a aceitabilidade dos alimentos, retardando o crescimento microbiano, que pode causar doenças transmitidas por alimentos. Os aditivos também são usados para combater certas enzimas que provocam alterações indesejáveis na coloração e no sabor dos alimentos, mas não causam problemas tão graves quanto uma doença transmitida por alimentos. Esse segundo tipo de deterioração dos alimentos ocorre quando as enzimas presentes no alimen- to reagem com o oxigênio: é o caso, por exemplo, das fatias de maçã ou pera que escurecem quando ficam expostas ao ar. Antioxidantes são conservantes que detêm a ação das enzimas que captam oxigênio na superfície dos alimentos. Esses conser- vantes não são, necessariamente, substâncias químicas inovadoras. Eles podem ser as vitaminas E e C e diversos sulfetos. Sem alguns desses aditivos, seria impossível produzir grandes quantidades de alimentos e distribui-los com segurança por todo um país, ou por todo o mundo como se faz nos dias de hoje. Apesar das preocupações do consumidor com a segu- rança dos aditivos alimentares, muitos deles foram exaustivamente estudados, nos Estados Unidos, e tiveram sua segurança comprovada desde que usados conforme as normas da FDA. Aditivos alimentares intencionais versus incidentais Os aditivos alimentares são classificados em dois tipos: aditivos alimentares inten- cionais (adicionados diretamente aos alimentos) e aditivos alimentares incidentais (adicionados indiretamente, como contaminantes). Ambos os tipos são regula- mentados, nos Estados Unidos, pela FDA. Atualmente, mais de 2.800 substâncias são adicionadas intencionalmente aos alimentos. E até 10 mil outras substâncias entram nos alimentos como contaminantes. Esse número inclui substâncias que podem, não raramente, penetrar nos alimentos a partir do seu contato superficial com equipamentos de processamento ou materiais de embalagem. A lista GRAS Em 1958, todos os aditivos alimentares usados nos Estados Unidos e considerados seguros naquele momento foram incluídos em uma lista de aditivos geralmente re- conhecidos como seguros (GRAS, do inglês generally recognized as safe). O congresso dos EUA criou a lista GRAS por acreditar que os fabricantes não precisavam provar a segurança de substâncias que eram usadas há muito tempo e que já eram reconhe- cidas como seguras. Desde então, a FDA tem sido responsável por provar que uma substância não deve estar na lista GRAS. Outras substâncias podem ser adicionadas à lista GRAS se existirem dados e informações sobre seu uso que sejam amplamente aceitos por especialistas qualificados e que comprovem que a substância é segura nas condições de seu uso pretendido. Desde 1958, houve revisão de algumas substâncias da lista. Algumas, como os ciclamatos, não passaram no processo de revisão e foram retiradas da lista. O coran- te vermelho nº 3 foi retirado devido à sua ligação com o câncer. Muitas substâncias químicas da lista GRAS ainda não foram rigorosamente testadas, em geral, devido ao custo. Essas substâncias químicas foram consideradas de baixa prioridade para testes, principalmente porque são usadas há muito tempo sem qualquer evidência de toxicidade ou porque suas características químicas não indicam que elas possam ser perigosas para a saúde. aditivos alimentares intencionais Aditivos que são incorporados diretamente aos alimen- tos pelo fabricante. aditivos alimentares incidentais Aditivos que penetram indiretamente nos alimentos, por contaminação ambiental dos ingredientes ou durante o processo de fabricação. geralmente reconhecidos como seguros (GRAS) Lista de aditivos alimentares que, em 1958, eram considerados seguros para consu- mo nos Estados Unidos. Os fabricantes foram autorizados a continuar usando esses aditivos, sem qualquer inspeção especial, se necessários nos produtos alimentícios. A FDA é responsá- vel por provar que eles não são seguros e pode retirar da lista um produto que julgue impró- prio para consumo. Algumas definições importantes: toxicologia Estudo científico das substâncias nocivas segurança Certeza relativa de que uma substância não causa mal risco Chance de uma substância causar mal quando utilizada toxicidade Capacidade de uma substância de causar mal ou doença em alguma dosagem Wardlaw_Cap_13.indd 541Wardlaw_Cap_13.indd 541 04/12/12 14:3804/12/12 14:38 542 Gordon M. Wardlaw & Anne M. Smith TABELA 13.6 Tipos de aditivos alimentares – fontes e problemas de saúde relacionados Classe de aditivos alimentares Atributos Riscos para a saúde Agentes acidifican- tes ou alcalinizantes, como ácido cítrico, lactato de cálcio e hi- dróxido de sódio Os ácidos conferem o sabor áspe- ro aos refrigerantes, sorvetes de fruta e queijos cremosos; inibem o crescimento de fungos, evitam que os alimentos mudem de cor e fiquem rançosos. Além disso, diminuem o risco de botulismo em vegetais que são naturalmen- te pobres em ácidos, como as ervilhas enlatadas. Os agentes al- calinizantes neutralizam os ácidos produzidos durante a fermentação e, assim, melhoram o sabor. Não há riscos conhecidos quando usados de modo adequado. Adoçantes artificiais de baixa caloria, como sacarina, su- cralose, acessulfa-K, aspartame, neotame e tagatose Adoçam os alimentos acrescen- tando a eles poucas calorias. O uso moderado desses adoçantes alternativos ao açúcar é considera- do seguro (exceto o aspartame, no caso de pessoas que têm fenilce- tonúria). Dessecantes, como silicato de cálcio, es- tearato de magnésio e dióxido de sílica Absorvem a umidade e mantêm soltos o sal, o fermento em pó, o açúcar e outros alimentos em pó, evitando que eles empedrem ou formem aglomerados Não há riscos conhecidos quando usados de modo adequado. Antimicrobianos, como sal, benzoato de sódio, ácido sór- bicoe propionato de cálcio Inibem o crescimento de fungos e mofos. O sal aumenta o risco de hipertensão, especialmente em algumas pessoas propensas. Não há riscos conhecidos dos demais agentes quando usados de modo adequado. Antioxidantes, como BHA (hidroxianisol de butila), BHT (hidroxitolueno de butila), alfatocoferol (vitamina E), ácido ascórbico (vitamina C) e sulfetos Retardam a mudança de colora- ção dos alimentos causada pela exposição ao oxigênio; diminuem o ranço decorrente da degrada- ção das gorduras; mantêm a cor das carnes enlatadas; evitam a formação de nitrosaminas can- cerígenas Os sulfetos podem causar reação alérgica em 1 de cada 100 pessoas. Os sintomas incluem dificuldade para respirar, chiado, urticária, diarreia, dor abdominal, cólicas e tontura. Saladas prontas, frutas secas e vinhos são fontes típicas de sulfetos. Aditivos coloríficos, como a tartrazina Tornam os alimentos mais atra- tivos. A tartrazina (amarelo nº 5 da FD&C) pode causar sintomas alérgicos, como urticária e coriza, em algumas pessoas, especialmente as que são alérgicas à aspirina. A FDA exige que os fabricantes declarem nos rótulos de alimentos todos os coran- tes sintéticos neles contidos. Agentes para curtir e fermentar, como sal, nitratos e nitritos Nitratos e nitritos atuam como conservantes, sobretudo preve- nindo o crescimento de Clostri- dium botulinium; frequentemen- te usados combinados ao sal. O sal aumenta o risco de hiperten- são, especialmente em algumas pessoas propensas. O consumo de nitratos e nitritos em alimentos cura- dos e também naturais, presentes em alguns vegetais, foi associado à síntese de nitrosaminas. (A ingestão de vitamina C em quantidade ade- quada pode reduzir essa síntese.) Algumas nitrosaminas são cancerí- genas, particularmente para o estô- mago, esôfago e intestino grosso, mas o risco é baixo. O National Can- cer Institute recomenda consumir esses alimentos com moderação. (Continua) Açúcar, sal, xarope de milho e ácido cítrico representam 98% de todos os aditivos (com base em peso) usados no processamento de alimentos. Talvez você se pergunte: Se os nitratos e nitritos formam substâncias químicas capazes de causar câncer, por que não são banidos pela emenda Delaney? Nos Estados Unidos, o USDA regulamenta o uso de substâncias químicas na carne. As leis que regem as normas do USDA para alimentos são diferentes das leis que regem a FDA. Por isso, a emenda Delaney não se aplica aos atos do USDA. O USDA não considera que o uso regulamentado de nitratos e nitritos nas carnes represente uma ameaça à saúde pública, por isso nenhuma medida a respeito foi tomada. � Refrigerantes são fontes típicas de edulco- rantes alternativos e são muito consumidos. O uso moderado desses produtos geralmente não representa risco para a saúde. Wardlaw_Cap_13.indd 542Wardlaw_Cap_13.indd 542 04/12/12 14:3804/12/12 14:38 Nutrição Contemporânea 543 TABELA 13.6 Tipos de aditivos alimentares – fontes e problemas de saúde relacionados (Continuação) Classe de aditivos alimentares Atributos Riscos para a saúde Emulsificantes, como os monoglice- rídeos e as lecitinas Suspendem as gorduras em água, melhorando a unifor- midade e conferindo textura macia e volume a alimentos assados, sorvetes e maionese. Não há riscos conhecidos quando usados de modo adequado. Substitutos de gor- dura Limitam o valor calórico dos alimentos, reduzindo seu teor de gordura. Geralmente, não há riscos conhecidos quando usados de modo adequado. Aromatizantes (como os sabores naturais e artificiais), açúcar e xarope de milho Dão mais sabor ou melhoram o sabor dos alimentos. O açúcar e o xarope de milho podem aumentar o risco de cáries dentárias. Ge- ralmente, não há riscos conhecidos dos aromatizantes quando usados de modo adequado. Agentes para realce de sabor, como glu- tamato monossódico e sal Ajudam a realçar o sabor na- tural dos alimentos, como o da carne. Algumas pessoas, (especialmente lacten- tes) são sensíveis ao glutamato contido no glutamato monossódico e, ao serem ex- postas, apresentam rubor facial, dor toráci- ca, sensação de pressão no rosto, tontura, sudorese, aumento da frequência cardíaca, náusea, vômitos, aumento da pressão arterial e cefaleia. É importante, nesses casos, que a pessoa pesquise o rótulo dos alimentos, à procura dos termos glutama- to, proteína isolada, extrato de leveduras e tabletes de caldo. O sal aumenta o risco de hipertensão, especialmente em algumas pessoas propensas. Umectantes, como glicerol, propileno- glicol e sorbitol Ajudam a reter a umidade, manter a textura e o sabor de balas e doces, coco ralado e marshmallows Não há riscos conhecidos quando usados de modo adequado. Fermentos, como leveduras, fermento em pó, fermento para pão Introduzem dióxido de carbo- no nos alimentos. Não há riscos conhecidos quando usados de modo adequado. Agentes para maturação e bran- queamento, como bromatos, peróxidos e cloreto de amônia Encurtam o tempo necessário para maturação da farinha usa- da para fazer pães e bolos. Não há riscos conhecidos quando usados de modo adequado. Suplementos nutri- cionais, como vita- mina A, vitamina D e iodeto de potássio Aumentam o teor nutritivo dos alimentos, como margarina, leite e cereais matinais. Não há riscos conhecidos para a saúde se a ingestão dos suplementos combinada a outras fontes naturais de determinados nutrientes não exceder a o nível máximo de ingestão tolerável (UL) definida para aquele nutriente em particular (o ferro pode ser uma exceção; ver Cap. 9) Estabilizantes e espessantes, como pectinas, gomas, gelatinas e ágar Conferem uma textura macia, cor e sabor uniformes a balas, sorvetes, doces gelados, acho- colatados e bebidas que con- têm adoçantes artificiais. Evita a evaporação e deterioração dos aromatizantes usados em bolos, pudins e pós para gelatina. Não há riscos conhecidos quando usados de modo adequado. Quelantes, como EDTA e ácido cítrico Capturam os íons livres, ajudan- do a preservar a qualidade dos alimentos e evitando que os íons tornem a gordura rançosa. Não há riscos conhecidos quando usados de modo adequado. � Emulsificantes melhoram a textura de alimen- tos como sorvetes, pães e biscoitos. PARA REFLETIR Sabendo que Joseph está estudando nutrição, seu colega de quarto lhe pergunta: “O que é mais perigoso – as bactérias que podem estar presentes nos alimentos ou os aditivos decla- rados no rótulo daquele meu bolo favorito?” Que resposta Joseph deve dar? Que informa- ções ele teria para embasar suas conclusões? Wardlaw_Cap_13.indd 543Wardlaw_Cap_13.indd 543 04/12/12 14:3804/12/12 14:38 544 Gordon M. Wardlaw & Anne M. Smith Substâncias químicas sintéticas são sempre nocivas? Está comprovado que não há maior segurança em ingerir um produto natural do que um sintético. Muitos produtos sintéticos são cópias, produzidas em laborató- rio, das substâncias químicas que ocorrem na natureza (ver alguns exemplos no tópico sobre biotecnologia do Cap. 12). Além disso, embora as atividades huma- nas possam contribuir para a adição de toxinas aos alimentos, por exemplo, o uso de pesticidas sintéticos e substâncias químicas industriais, os venenos naturais são quase sempre mais potentes e disseminados. Cientistas que pesquisam sobre câncer acreditam que sejam ingeridas pelo menos 10 mil vezes mais toxinas naturais (por peso) produzidas por plantas do que resíduos de pesticidas sintéticos. (As plantas produzem essas toxinas para se proteger de predadores e microrganismos causa- dores de doenças.) Essa comparação não torna as substâncias químicas sintéticas menos tóxicas, mas fornece uma perspectiva mais exata da questão. Vejamos, por exemplo, a vitamina E, frequentemente adicionada aos alimentos para evitar que as gorduras se tornem rançosas. Essa é uma substância segura quando usada dentro de certos limites. Altas doses foram associadasa problemas de saúde, como interferência na atividade da vitamina K no corpo (ver Cap. 8). Assim, mesmo as subs- tâncias químicas bem-conhecidas, com as quais nos sentimos confortáveis, podem ser tóxicas em determinadas circunstâncias e em certas concentrações. Testes de segurança de aditivos alimentares Os aditivos alimentares são testados pela FDA quanto à sua segurança em pelo me- nos duas espécies animais, geralmente ratos e camundongos. Os cientistas determi- nam a maior dose do aditivo sem efeitos observáveis nos animais. Essa dose é muito maior, proporcionalmente, do que a dose à qual o ser humano jamais será exposto. A dose máxima sem efeitos observáveis é então dividida pelo menos por 100 para se estabelecer a margem de segurança para uso humano. Essa margem de 100 vezes se baseia no pressuposto de que somos pelo menos 10 vezes mais sensíveis aos aditivos alimentares do que os animais de laboratório, e que uma pessoa pode ser 10 vezes mais sensível do que outra. Essa ampla margem garante, essencialmente, que o aditivo alimentar em questão não cause qualquer efeito nocivo para o ser humano. De fato, muitas substâncias químicas sintéticas são provavelmente menos perigosas nessas doses baixas do que alguns compostos naturais, presentes em ali- mentos comuns, como maçã ou aipo. Uma importante exceção se aplica ao processo de teste de aditivos alimenta- res intencionais: se um aditivo causa câncer, comprovadamente, mesmo que seja apenas em altas doses, não é permitida qualquer margem de segurança. O aditivo alimentar, nesse caso, não poderá ser usado, já que estaria violando a Emenda De- laney da Lei de Aditivos Alimentares de 1958. Essa emenda proíbe a adição inten- cional aos alimentos de qualquer composto lançado depois de 1958 e que cause câncer em qualquer nível de exposição. As evidências do efeito cancerígeno podem vir de estudos em seres humanos ou em animais de laboratório. São poucas as ex- ceções a essa causa; elas são discutidas na Tabela 13.6, no tópico sobre agentes que servem para curtir e fermentar. Os aditivos alimentares incidentais são diferentes. A FDA não pode banir vá- rias substâncias químicas, resíduos de pesticidas e toxinas de fungos dos alimentos, mesmo que alguns desses contaminantes possam causar câncer. Esses produtos não são adicionados de maneira intencional aos alimentos. A FDA define níveis aceitá- veis para essas substâncias. Uma substância incidental encontrada em um alimento não pode contribuir para mais do que 1 caso de câncer durante os períodos de vida de 1 milhão de pessoas. Se o risco foi maior do que isso, a quantidade do composto no alimento deverá ser reduzida até cumprir a norma. Em geral, se você consumir alimentos variados com moderação, as chances de ameaça à saúde pelos aditivos serão mínimas. Preste atenção ao seu corpo. Se você sus- peitar de intolerância ou sensibilidade, consulte um médico para fazer uma avaliação. Lembre-se de que, a curto prazo, é muito mais provável você ter uma doença transmi- tida por alimentos decorrente de práticas indevidas de manuseio dos alimentos, que A margem de segurança de 100 vezes é 25 vezes menor do que a da vitamina A, quando se compara a RDA para mulheres sadias (700 �g) a uma dose de vitamina A potencialmente nociva para gestantes (3.000 �g). Emenda Delaney Cláusula da Emenda de Aditivos Alimentares de 1958 à Lei de Alimen- tos Puros e Drogas dos Estados Unidos; previ- ne a adição intencional (direta) aos alimentos de compostos que comprovadamente causam câncer em animais de laboratório ou seres humanos. � Os corantes tornam alguns alimentos mais atrativos. Wardlaw_Cap_13.indd 544Wardlaw_Cap_13.indd 544 04/12/12 14:3804/12/12 14:38 Nutrição Contemporânea 545 permitem a contaminação por vírus e bactérias, ou pelo consumo de alimentos de ori- gem animal crus, do que pela ingestão de aditivos. O excesso de calorias, gorduras satu- radas, colesterol, gordura trans, sal e outros nutrientes potencialmente “problemáticos” da nossa dieta representa a longo prazo um risco muito maior para a nossa saúde. Aprovação de um novo aditivo alimentar Antes que um novo aditivo alimentar possa ser usado na fabricação de alimentos, ele precisa ser aprovado pela FDA. Além de testes rigorosos para estabelecer a mar- gem de segurança, os fabricantes devem fornecer informações à FDA que sirvam para (1) identificar o novo aditivo, (2) apresentar sua composição química, (3) demonstrar como ele é fabricado e (4) especificar os métodos laboratoriais usados para medir sua presença no alimento, nas quantidades compatíveis com o uso pretendido. Os fabricantes também devem apresentar provas de que o aditivo cumprirá a função pretendida no alimento, que é seguro e que não será usado em quantidade acima da necessária. Os aditivos não podem ser usados para esconder problemas dos ingredientes do alimento, como gorduras rançosas, nem para enganar o consu- midor ou substituir boas práticas de fabricação. O fabricante deve comprovar que o ingrediente é necessário para produzir um determinado alimento. DECISÕES ALIMENTARES Alimentos integrais ou processados? Se você estiver confuso ou preocupado com todos os aditivos da sua alimentação, poderá facilmente evitar a maioria deles consumindo alimentos naturais não processados. Entretan- to, não há evidências de que isso fará de você, necessariamente, uma pessoa mais saudável, nem é possível evitar todos os aditivos, porque alguns estão presentes também nos alimentos naturais, como os pesticidas, por exemplo. A decisão é individual. Você confia na FDA e nos fabricantes de alimentos quanto à proteção da sua saúde e bem-estar ou prefere ter maior controle da sua alimentação, minimizando a ingestão de compostos que não são naturalmente encontrados nos alimentos? REVISÃO CONCEITUAL Aditivos alimentares servem para reduzir o risco de deterioração dos alimentos causado por crescimento microbiano, oxigênio, metais e outros compostos. Os aditivos são também usados para ajustar a acidez, melhorar o sabor e a coloração do alimento, além de atuar direto como fermentos, enriquecer, do ponto de vista nutricional, espessar e emulsificar componentes do alimento. Os aditivos são classificados em intencionais (adicionados de modo intencional aos alimentos) e incidentais (indiretos, presentes nos alimentos em razão de contaminação am- biental ou de práticas de fabricação). A quantidade de um aditivo permitida em um alimento limita-se a 1/100 da maior quantidade que não tem qualquer efeito observável em animais. A Emenda Delaney permite à FDA limitar a adição intencional de compostos cancerígenos aos alimentos que estão sob sua responsabilidade, nos Estados Unidos, onde a lei também estabe- lece o teor permitido de carcinógenos que podem penetrar incidentalmente nos alimentos. � Dependendo da sua escolha entre alimentos naturais e processados, a sua dieta poderá con- ter aditivos ou não. No entanto, muitas pessoas não têm essa preocupação. � Se você quiser colher cogumelos selvagens, saiba o que procurar. Muitas variedades contêm toxinas letais. Wardlaw_Cap_13.indd 545Wardlaw_Cap_13.indd 545 04/12/12 14:3804/12/12 14:38 PORTFÓLIO Um homem adulto de 60 kg vai a uma festa de aniversário à noite e consome 5 latas de cerveja. Comeu vários petiscos, dentre eles batata-frita industrializada. Ao longo daquele mesmo dia, ele já havia consumido cereais matinais e alguns copos de refrigerante à base de cola. Independentemente de questionamentos a respeito do consumo de alimentos “pouco saudáveis”, no sentido de muito calóricos e com pouco valor nutricional, identifique de imediato qual é o principal risco que esse indivíduo está correndo ao consumir tais alimentos. Justifique sua resposta embasando e informando também a quantidade do(s) aditivo(s) envolvido(s) na sua resposta. PESQUISA Aprenda a reconhecer os sintomas da intolerância alimentar. Acesse https://www.youtube.com/watch?v=F37r8ZYqGs0 Aprofundeseu conhecimento sobre intolerância alimentar a partir do vídeo selecionado para esta pesquisa. N
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