Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 MINISTÉRIO DA SAÚDE CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ATUAÇÃO EM EQUIPE MULTIPROFISSIONAL E INTERSETORIALIDADE PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE E-BOOK 13 Brasília – DF 2022 MINISTÉRIO DA SAÚDE CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE E-BOOK 13 Brasília – DF 2022 ATUAÇÃO EM EQUIPE MULTIPROFISSIONAL E INTERSETORIALIDADE 2022 Ministério da Saúde. Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: bvsms.saude.gov.br Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Departamento de Gestão da Educação na Saúde Coordenação-Geral de Ações Educacionais SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Edifício PO 700, 4º andar CEP: 70719-040 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-3394 E-mail: sgtes@saude.gov.br Secretaria de Atenção Primária à Saúde: Departamento de Saúde da Família Esplanada dos Ministérios Bloco G, 7º andar CEP: 70058-90 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-9044/9096 E-mail: aps@saude.gov.br Secretaria de Vigilância em Saúde: SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Edifício PO 700, 7º andar CEP: 70719-040 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315.3874 E-mail: svs@saude.gov.br CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE – Conasems Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B, Sala 144 Zona Cívico-Administrativo, Brasília/DF CEP: 70058-900 Tel.:(61) 3022-8900 Núcleo Pedagógico do Conasems Rua Professor Antônio Aleixo, 756 CEP: 30180-150 Belo Horizonte/MG Tel: (31) 2534-2640 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Av. Paulo Gama, 110 - Bairro Farroupilha - Porto Alegre - Rio Grande do Sul CEP: 90040-060 Tel: (51) 3308-6000 Coordenação-geral: Adriana Fortaleza Rocha da Silva – MS Cristiane Martins Pantaleão – Conasems Hélio Angotti Neto – MS Hishan Mohamad Hamida – Conasems Leandro Raizer – UFRGS Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS Marcelo A. C. Queiroga Lopes – MS Musa Denaise de Sousa Morais – MS Roberta Shirley A. de Oliveira – MS Direção técnica: Hélio Angotti Neto Organização: Núcleo Pedagógico do Conasems Supervisão-geral: Rubensmidt Ramos Riani Coordenação Técnica e Pedagógica: Cristina Fatima dos Santos Crespo Valdívia França Marçal Elaboração de texto: Erica Lima Costa de Menezes Lígia Lopes Ribeiro Revisão técnica: Andréa Fachel Leal– UFRGS Diogo Pilger – UFRGS Érika Rodrigues De Almeida – SAPS/MS Fabiana Schneider Pires – UFRGS José Braz Damas Padilha – SVS/MS Kelly Santana – Conasems Lanusa Gomes Ferreira – SGTES/MS Michelle Leite da Silva – SAPS/MS Patrícia Campos – Conasems Rubensmidt Ramos Riani – SGTES/MS Designer Educacional: Alexandra Gusmão – Conasems Juliana Fortunato – Conasems Pollyanna Lucarelli – Conasems Priscila Rondas – Conasems Colaboração: Antonio Jorge de Souza Marques – Conasems Josefa Maria de Jesus – SGTES/MS Katia Wanessa Silva – SGTES/MS Marcela Alvarenga de Moraes – Conasems Marcia Cristina Marques Pinheiro – Conasems Rejane Teles Bastos – SGTES/MS Roberta Shirley A. de Oliveira– SGTES/MS Rosângela Treichel – Conasems Suellen da Silva Ferreira– SGTES/MS Assessoria Executiva: Conexões Consultoria em Saúde LTDA Antonio jorge de Souza Marques Coordenação de desenvolvimento gráfico: Cristina Perrone – Conasems Diagramação e Projeto Gráfico: Aidan Bruno – Conasems Alexandre Itabayana – Conasems Bárbara Napoleão – Conasems Lucas Mendonça – Conasems Igor Baeta Lourenço – Conasems Fotografias e Ilustrações: Biblioteca do Banco de Imagens do Conasems Imagens: Freepik Revisão: Núcleo Pedagógico/Conasems Normalização: XXX – Editora MS/CGDI Brasil. Ministério da Saúde. Atuação em equipe multiprofissional e intersetorialidade [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasília : Ministério da Saúde, 2022. 64 p. : il. – (Programa Saúde com Agente; E-book 13) Modo de acesso: World Wide Web: xxx ISBN xxx-xx-xxx-xxxx-x 1. Agentes Comunitários de Saúde. 2. Intersetorialidade em Saúde. 3. Trabalho Multiprofissional e Interdisciplinar. I. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título. CDU 614 Ficha Catalográfica Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2022/0xxx Título para indexação: Working In A Multi Professional and Intersectoral Team Tiragem: 1ª edição – 2022 – versão eletrônica http://www.saude.gov.br/bvs A intersetorialidade é um dos princípios da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), no qual os diferentes setores e equipes buscam a integralidade do cuidado. O presente material tem por objetivo auxiliá-lo na compreensão da importância deste processo de articulação, levando você a reconhecer o papel da equipe multidisciplinar e sua relevância para o desenvolvimento do cuidado de forma integral. Assim, ao final desta disciplina, esperamos que você reflita sobre o trabalho em equipe multiprofissional como princípio e diretriz para a organização da Atenção Primária à Saúde (APS) e da Vigilância Sanitária no Brasil; problematize a importância do trabalho em equipe para garantia da integralidade do cuidado; compreenda e relacione o conceito de trabalho interprofissional na APS e VS; apresente estratégias para a qualificação do trabalho em equipe no cotidiano e reconheça a necessidade da atuação em equipe multiprofissional e intersetorial para resolução dos problemas de saúde do território que atua. Estude o material com atenção e consulte-o sempre que necessário! Lembre-se de que você pode rever a aula interativa e a teleaula desta disciplina caso queira ou em caso de dúvida. Bons estudos! BEM-VINDA (0)! LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ACE - Agente de Combate às Endemias ACS - Agente Comunitário de Saúde APS -Atenção Primária à Saúde CAPS - Centro de Atenção Psicossocial CREAS - Centro de Referência Especializado em Assistência Social PTS - Projeto Terapêutico Singular PST - Projeto de Saúde no Território PNAB – Política Nacional de Atenção Básica PNPS - Política Nacional de Promoção da Saúde LISTA DE FIGURAS 15 | Figura 1 - A intersetorialidade dos serviços SUMÁRIO 018 20 31 41 43 INTERSETORIALIDADE EM SAÚDE O TRABALHO MULTIPROFISSIONAL EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE FERRAMENTAS E ESTRATÉGIAS QUE FAVORECEM O TRABALHO MULTIPROFISSIONAL E INTERDISCIPLINAR RETROSPECTIVA BIBLIOGRAFIA INTERSETORIALIDADE EM SAÚDE O QUE VOCÊ ENTENDE POR INTERSETORIALIDADE? A intersetorialidade pode ser entendida como uma articulação entre diferentes setores responsáveis por ações necessárias ao indivíduo e à coletividade, unindo forças, construindo parcerias, somando recursos financeiros e humanos, buscando caminhos para alcançar um objetivo comum. É uma estratégia primordial para a sustentação das políticas públicas, que se responsabiliza pela proposição e fortalecimento das ações, planos, programas e projetos, uma vez que possibilita as melhorias nas condições de vida da população, indicando a necessidade de articulação Intersetorial. A intersetorialidade deve ser instrumentalizada através da criação e ampliação de redes que convergem para um mesmo propósito e compromisso social. Os profissionais de saúde, órgãos e instituições públicas, privadas e organizações não governamentais devem interagir para resolução de questões relacionadas à comunidade de um território. Juntos, devem planejar ações, avaliar resultados e reorientar condutas de forma dinâmica eintegrada, dividindo a corresponsabilidade por todas as ações. 8 Quando se trabalha articuladamente com outros setores da sociedade, aumenta-se a capacidade de oferecer uma resposta mais adequada às necessidades de saúde da comunidade. Além disso, consolida-se ações que possam fomentar o desenvolvimento da atuação Intersetorial, por meio de parcerias e de recursos, favorecendo a integração de projetos sociais e setores afins orientados para a promoção da saúde. Para resolução dos problemas presentes na comunidade, é importante a integração de saberes, com organização e articulação, cada um dando sua contribuição, através de sua função, para formar um planejamento e montar estratégias que possam alcançar o resultado esperado. É renunciar àquilo que se planeja sozinho, para planejar junto. A área da saúde é concebida como articuladora dos diferentes setores para a concretização da promoção, prevenção e recuperação da saúde, estando ligada ao princípio da integralidade. Nesse contexto, a intersetorialidade também tem se revestido como estratégia profissional para a efetivação do cuidado em saúde. 9 Você se lembra que na disciplina Organização da Atenção à Saúde e Intersetorialidade, vimos o exemplo do Agente Tião que buscou a aproximação das equipes de saúde para a resolução em conjunto da situação vivenciada? Este é um exemplo de intersetorialidade. Para que ela acontecesse, de fato, foi preciso que os setores planejassem juntos, pensassem em direção da dimensão da integralidade do cuidado. É a contribuição de cada setor articulado com a qualidade de vida do indivíduo e da comunidade, num panorama do conceito ampliado de saúde. Relembre o exemplo citado acima. Clique aqui e acesse o e-book “Organização da Atenção à Saúde e Intersetorialidade”. Você ficará por dentro de tudo o que aconteceu! 10 O que você achou da resolução encontrada por Tião? O que você faria? Veja agora outros exemplos para compreendermos melhor a temática estudada! “Meu marido me bateu, por isso, faltei à consulta. Não quero que ninguém saiba! Ele tem problema de alcoolismo, mas é uma boa pessoa e já está tudo bem entre nós”. Haviam crianças na casa, mas Gerusa se certificou que elas não apresentavam marcas. Durante uma visita domiciliar a uma gestante que faltou à sua consulta pré-natal na Unidade Básica de Saúde (UBS), a ACS Gerusa visualizou marcas vermelhas e roxas no rosto e corpo da grávida, identificando tratar-se de hematomas e equimoses. Ao ser perguntada sobre essas marcas, a mulher respondeu: E agora? Gerusa deve respeitar o pedido da gestante já que ela diz que está tudo bem? 11 Você, ACS, é o elo entre a UBS e a comunidade, da mesma forma que você e sua equipe de saúde são o elo entre a comunidade e os demais setores necessários para a resolução de algum problema na comunidade. Desta forma, inicialmente, este caso deve ser levado imediatamente para sua equipe e discutido em conjunto. Por extrapolar a atuação de sua equipe, durante a reflexão, vocês irão perceber a necessidade do envolvimento de outros setores e órgãos como: ● Rede de Proteção à Mulher em situação de Violência; ● Rede de Proteção a Criança; ● Conselho Tutelar; ● Juizado da Infância e juventude; ● Delegacia da Mulher; ● Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS); ● Centro de Atenção Psicossocial (CAPS); ● Grupos de Alcoólicos Anônimos (AA). 12 Figura 1: A intersetorialidade dos serviços Fonte: Adaptação autora de: https://www.gesuas.com.br/blog/intersetorialidade-suas/. Podem ser necessários outros parceiros para auxiliar na resolução desta situação e garantir a proteção e direitos da mulher e da criança. O marido também precisa de auxílio uma vez que não está conseguindo se controlar com relação ao uso de álcool e à agressividade. Cidadão Comunidade Serviços de Saúde Ação Social Educação ONGs Conselhos Delegacias, Poder Judiciário Secretarias: Meio Ambiente, Urbanismo, Educação, Planejamento e, outras. Redes de Proteção Centros Comunitários CIDADÃO COMUNIDADE 13 No próximo exemplo, o ACS Tião e a ACE Camila, foram realizar algumas visitas pelo território a fim de orientar a comunidade sobre a importância de não se deixar água parada em utensílios, para prevenir a proliferação da dengue. Veja: Em uma das suas visitas domiciliares, Tião avista o portão aberto de uma residência na qual ele nunca conseguia falar com ninguém. Então, Tião correu com Camila para aproveitar a oportunidade. Quando eles entraram no local, ficaram chocados com a quantidade de lixo que havia no quintal. Havia muito lixo, reciclável e orgânico, além de muitas fezes de animais e um cheiro horrível. Ao conseguirem vencer as barreiras de lixo para entrar na residência, se chocaram mais uma vez, agora, com a quantidade de gatos, era até difícil de contar. Haviam aproximadamente 30 gatos pela casa, tinham também ratos mortos e muitas moscas e baratas. E para agravar ainda mais, duas crianças brincavam em meio aquele cenário. Camila começou a conversar com os integrantes da casa e orientá-los sobre condições de higiene e a importância de um ambiente limpo para a promoção da saúde. Falou sobre as zoonoses (doenças que se transmitem dos animais para as pessoas) e o quanto situações semelhantes a esta atraem a presença de outros insetos e animais. Desta forma, outras doenças e surtos podem surgir e se propagar até por todo o território ao redor. 14 Tião também orientou sobre a necessidade de autocuidado e prevenção de doenças. Os dois falaram muito sobre as condições visualizadas de acumulação de diferentes objetos e animais no local e o quanto tudo isso poderia acarretar no adoecimento das próprias crianças que ali viviam. Explicaram sobre a necessidade de uma outra visita juntamente com outros integrantes da equipe de saúde. Naquele mesmo dia, ao saírem da residência, Tião conversou com a enfermeira da Unidade que convocou uma reunião extraordinária. Uma nova visita ao domicílio foi programada, desta vez, com toda equipe multidisciplinar da Estratégia Saúde da Família (ESF) e da Vigilância em Saúde (VS). Em situações como a mencionada tornam-se evidentes os riscos à saúde, à segurança, ao meio ambiente, entre outros. As pessoas daquela casa, os felinos que lá vivem, as famílias moradoras no entorno da residência, bem como toda a comunidade, estavam vulneráveis devido à situação insalubre. Ficou claro pra você que as pessoas daquela residência e toda a comunidade, estavam vulneráveis devido à situação insalubre na residência visitada? 15 A situação citada também extrapolará a atuação da equipe local de saúde e Vigilância em Saúde, podendo ser necessário o envolvimento de outros setores e órgãos como: ● Rede de Proteção de animais; ● Rede de Proteção à Criança; ● Conselho Tutelar; ● Juizado da Infância e Juventude; ● Delegacia do Meio Ambiente, Secretaria do Meio Ambiente; ● Assistência Social (CREAS/CRAS); ● Centro de Atenção Psicossocial (CAPS); ● entre outros. Esta inter-relação de diferentes órgãos deve ser estimulada também através de ações conjuntas de cunho preventivo e educativo, nas quais as prioridades podem ser previamente discutidas em equipe ou intrassetorial, isto é, no próprio setor de saúde ou em diferentes pontos das redes de atenção à saúde. 16 Neste sentido, você tem um enorme e importante papel no que diz respeito a desenvolver e mediar ações em projetos e programas intersetoriais e intrassetoriais para a promoção da saúde e para a prevenção de agravos. Reflita sobre as situações exemplificadas acima e relacione-as com sua prática de trabalho. Se possível, após sua reflexão, discuta com algum colega de equipe sobre o que mais Gerusa, Tião e Camila poderiam ter orientado e realizado nestas situações e a importância da equipe multiprofissional na construção daintersetorialidade. Não é necessário nenhum registro desta reflexão, nem entrega. É apenas uma construção reflexiva. Quando trabalhamos intersetorialidade, buscamos uma maior capacidade de resoluções das necessidades da comunidade, e é imprescindível ter a ciência que a promoção da saúde é uma construção coletiva. É necessária a adoção de uma perspectiva ampliada de saúde para garantir a qualidade das ações. Além disso, é imprescindível ter em mente que tudo passará por outros setores, por outros olhares, outras qualificações profissionais, visto que muitos problemas não podem ser resolvidos exclusivamente no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS). O indivíduo precisa ser enxergado como um todo. 17 Além da inter-relação de diferentes órgãos para a integralidade da assistência, é indispensável elencar a participação das equipes que realizam este trabalho. Não há como falar de cuidado integral sem o envolvimento de diferentes atores, tendo em vista o quanto cada um deles é importante na construção da totalidade da assistência. Você percebeu a necessidade da relação entre os diferentes setores para resolução de um determinado problema no território? Isto é Intersetorialidade. Clique aqui e veja que após a integração dos trabalhos da Vigilância Epidemiológica e Atenção Básica à Saúde (ABS), o município Barra de Santana, localizado na Paraíba, mudou toda sua perspectiva de controle endêmico, desde a gestão até o trabalho feito em campo pelos ACS e ACE, reduzindo o índice de Infestação Predial (IIP) de 14,5% drasticamente para 1,8%. Que tal estudarmos com mais detalhes o trabalho multiprofissional em APS abordado neste vídeo? Vamos lá? 18 https://www.youtube.com/watch?v=uNxImP16smk https://www.youtube.com/watch?v=uNxImP16smk O TRABALHO MULTIPROFISSIONAL EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Um dos grandes desafios para a Atenção Básica à Saúde (ABS) é, sem dúvida, assegurar a integralidade da assistência de modo que não haja descontinuidade do processo de cuidado. Por isso, a Política Nacional de Atenção Básica em Saúde (PNABS) também estimula a formação de equipes multidisciplinares e interdisciplinares para desenvolver ações de promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos, além da vigilância em saúde. O trabalho da equipe multidisciplinar em saúde pode ser descrito como um dos principais pontos na política de reorganização da APS. A importância da atuação desta equipe se fundamenta pelo impacto de suas ações sobre os diferentes fatores que interferem no processo de saúde-doença na população. Ao visar uma abordagem integral do indivíduo representa uma possibilidade maior de resolutividade dos problemas da população, além de estimular mudanças no processo de trabalho da própria equipe por demandar maior interação entre os profissionais envolvidos. Com diferentes funções e qualificações que se complementam a equipe multidisciplinar assegura a participação de diferentes profissionais através de um trabalho integrado que propicia uma assistência mais humana ao indivíduo. Trabalha de maneira cooperativa e não competitiva, desenvolvendo um trabalho em conjunto no qual todos se comprometem com o cuidado, reconhecendo suas interdependências, no qual cada um utilizará seus conhecimentos em prol do mesmo objetivo. 20 Esta interação também aumenta o aproveitamento da capacidade de cada profissional pela coesão do trabalho desenvolvido. Favorece o relacionamento Interprofissional de modo que todos assumam uma corresponsabilidade coletiva, melhorando as relações entre os próprios profissionais e entre equipe e comunidade. O trabalho multiprofissional na Atenção Primária à Saúde tem por enfoque afastar aquele antigo olhar biomédico centrado no tratamento da doença, na assistência individual e medicalizadora e na baixa resolutividade. Pelo contrário, trata-se de um modelo mais holístico, baseado no conceito ampliado de saúde, focado na integralidade do cuidado. A integralidade é a priorização de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde nos diferentes níveis de atenção. Ela articula ações para o alcance das necessidades de cuidado centrada no indivíduo, estabelecendo vínculos, acolhimento e proporcionando autonomia. Integralidade do cuidado? 21 É responsabilidade da equipe de saúde a coordenação do cuidado ao usuário, articulando a resolução de problemas e ações de saúde entre os diferentes serviços da rede voltado para o alcance do objetivo comum. Isso deve ser realizado de maneira longitudinal, isto é, presumindo a existência contínua do cuidado por longos períodos. Além disso, independe da presença de problemas específicos relacionados ao processo saúde-doença do indivíduo, ainda que este esteja sob o cuidado de outros níveis de atenção especializados. Relembre quais são as equipes e profissionais que trabalham na Atenção Primária em Saúde. Segundo Anexo XXII da Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017: Equipe Saúde da Família: deve ser composta minimamente por médico (preferencialmente especialista em medicina de família e comunidade). enfermeiro (preferencialmente especialista em saúde da família), técnico ou auxiliar de enfermagem e Agente Comunitário de Saúde (ACS). Outros profissionais como Agente de Combate às Endemias (ACE) e dentistas, técnicos e auxiliares de saúde bucal podem agregar esta equipe. 22 Equipe da Atenção Primária: deve ser composta minimamente por médico (preferencialmente especialista em medicina de família e comunidade), enfermeiro (preferencialmente especialista em saúde da família), técnicos e auxiliares de enfermagem. Outros profissionais como dentistas, técnicos e auxiliares de saúde bucal, ACSs e ACEs podem agregar esta equipe. Equipe Multidisciplinar: pode ser composta por médico acupunturista; assistente social; professor de educação física; farmacêutico; fisioterapeuta; fonoaudiólogo; médico ginecologista ou obstetra; médico homeopata; nutricionista; médico pediatra; psicólogo; médico psiquiatra; terapeuta ocupacional; médico geriatra; médico internista (clínica médica); médico do trabalho; médico veterinário; profissional com formação em arte e educação e profissional de saúde sanitarista. 23 Equipe de Saúde Bucal: cirurgião-dentista e técnico ou auxiliar em saúde bucal. Equipe de Consultório na Rua: equipe multiprofissional com categorias variadas. Equipe de Atenção Básica Prisional: equipe multiprofissional com categorias variadas. Reflita sobre sua prática profissional, sua inserção dentro de cada uma das equipes mencionadas, o trabalho que desenvolve em seu dia-dia e o quão indispensável você e sua equipe são neste contexto. Perceba o quanto sua atuação é importante! 24 Agora que você já conhece um pouco mais sobre a atuação da equipe multidisciplinar, vale lembrar: todos os profissionais possuem atribuições específicas e comuns, conforme qualificação profissional. Considerando as atribuições elencadas na LEI 11.350/2006 e suas alterações (LEI Nº 13.595/2018, EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 120/2022), e conforme discutido em Políticas de Saúde, as atribuições comuns do ACS e ACE são: ● Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental, epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuindo para o processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe. ● Desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no domicílio e outros espaços da comunidade. Isso inclui a investigação epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a outrosprofissionais da equipe quando necessário. ● Estimular a participação da comunidade nas políticas públicas voltadas para a área da saúde. 25 ● Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde da população, para o monitoramento da situação das famílias e indivíduos do território. Especial atenção deve ser dispensada às pessoas com agravos e condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares. ● Identificar e registrar situações que interfiram no curso das doenças, ou que tenham importância epidemiológica relacionada aos fatores ambientais. Quando necessário, realizar o bloqueio de transmissão de doenças infecciosas e agravos. ● Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e coletiva. ● Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encaminhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território. ● Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção no ambiente para o controle de vetores. ● Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis. ● Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam potencializar ações Inter setoriais de relevância para a promoção da qualidade de vida da população. Dentre elas estão as ações e programas de educação, esporte e lazer, assistência social, entre outros. ● Exercer outras atribuições que lhes sejam destinadas por legislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. 26 As atribuições específicas do ACS, são: ● Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, mantendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção Básica vigente. Tais informações devem ser utilizadas de forma sistemática, com apoio da equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do território, e priorizando as situações a serem acompanhadas no planejamento local. ● Utilizar instrumentos para a coleta de informações que apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade. ● Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético. 27 ● Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de saúde e a população adscrita, considerando as características e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais. ● Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas e exames agendados. ● Participar dos processos de regulação a partir da Atenção Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e exames solicitados. ● Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por legislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. As atribuições específicas do ACE, são: 28 ● Executar ações de campo para pesquisa entomológica, malacológica ou coleta de reservatórios de doenças. ● Realizar cadastramento e atualização da base de imóveis para planejamento e definição de estratégias de prevenção, intervenção e controle de doenças. Isso inclui, dentre outros, o recenseamento de animais e levantamento de índice amostral tecnicamente indicado. ● Executar ações de controle de doenças utilizando as medidas de controle químico, biológico, manejo ambiental e outras ações de manejo integrado de vetores. ● Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o reconhecimento geográfico de seu território. ● Executar ações de campo em projetos que visem avaliar novas metodologias de intervenção para prevenção e controle de doenças. ● Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por legislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. Para saber mais sobre as atribuições dos demais membros da equipe multidisciplinar e aprofundar-se na temática, clique aqui. Se estiver lendo este material no formato impresso, escaneie o QR para fazer download. 29 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html FERRAMENTAS E ESTRATÉGIAS QUE FAVORECEM O TRABALHO MULTIPROFISSIONAL E INTERDISCIPLINAR Agora que você já entendeu a importância da atuação multiprofissional e intersetorial para a garantia da integralidade do cuidado, vamos conhecer algumas estratégias e ferramentas que apoiam e orientam a organização do trabalho das equipes de saúde. São elas: Projeto de Saúde no Território (PST), Projeto Terapêutico Singular (PTS), Reunião de equipe, Visita domiciliar e atividades em grupos na unidade ou na comunidade. Vamos começar com o PST. Você já utilizou o PST em seu trabalho na APS? O PST tem como objetivo desenvolver ações para qualificação do cuidado, produção de saúde nos territórios, qualidade de vida e autonomia de sujeitos e comunidades. É realizado por meio de uma discussão coletiva das equipes de saúde com a comunidade, as lideranças locais e outros sujeitos estratégicos. Esta é uma discussão sobre as prioridades e as necessidades em saúde do território, bem como sobre seus determinantes sociais. Projeto de Saúde no Território (PST) 31 A discussão também envolve refletir sobre as ações e as formas de intervir nos problemas (BRASIL, 2010). O Projeto de Saúde no Território (PST) tem como objetivo desenvolver ações para qualificação do cuidado, produção de saúde nos territórios, qualidade de vida e autonomia de sujeitos e comunidades. Quem desenvolve? Equipes de Saúde da Família, Equipes multiprofissionais, a partir de uma articulação dos serviços de saúde com outros serviços e políticas sociais. No conceito ampliado de saúde; na promoção da saúde; na intersetorialidade, na participação popular, em espaços de cogestão e na integralidade. Na identificação de uma área e/ou população vulnerável ou em risco; na identificação de um “caso clínico"; a partir da análise de situação de saúde. Preparação, planejamento e implementação, avaliação. 1 2 3 4 A construção do PST deve se basear: Como começar? Quais os passos? 32 O PTS se assemelha ao PST. É elaborado por uma equipe multiprofissional, a partir de uma reunião para discussão e construção coletiva de um conjunto de propostas de ações e condutas terapêuticas para um indivíduo. Enquanto no PST o foco é um problema identificado no território, no PTS a equipe vai trabalhar com um problema de saúde de uma pessoa. Exemplificando: Um surto de dengue em uma determinada região de um bairro é um problema de território, aqui utilizaremos o Projeto Saúde no Território (PST). Projeto Terapêutico Singular (PTS) BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Saúde na Escola / Ministério da Saúde / Secretaria de Atenção à Saúde / Departamento de Atenção Básica: Brasília, Ministério da Saúde, 2004. 40 páginas. 33 PREPARAÇÃO PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO AVALIAÇÃO Fazer reflexão sobre processo de implementação e os resultados em relação aos objetivos pactuados no início. A preparação deve acontecer nos espaços coletivos das equipes de saúde (equipe de SF com apoio das equipes multiprofissionais); Identificar área e/ou população vulnerável ou em risco; Justificar priorização da área e/ou população; Definir objetivos da equipe de saúde e estabelecer ações efetivaspara alcançá-los; Identificar atores sociais e/ou instituições importantes para o PST. No espaço coletivo ampliado - com usuários, comunidade, outros setores públicos e privados; Criação de espaço coletivo ampliado e que considere a presença de outros setores (intersetorialidade) e a articulação com outras políticas e/ou serviços públicos; Construção compartilhada do PST: com consenso, reformulação. pactuação; corresponsabilização; Implementar o plano de ação - colocar em prática o que foi planejado. 5 Um paciente recebeu alta após ter sido internado no hospital e retornou ao seu domicílio acamado, com dispositivos como sonda nasogástrica para se alimentar, sonda vesical de demora para poder urinar, colostomia para evacuar e seus familiares não têm ideia de como lidar com tudo isso. Neste caso, utilizaremos o PTS para tratar dos problemas específicos deste usuário. O PTS é utilizado, geralmente, para aqueles casos mais difíceis de serem resolvidos, aqueles que a equipe já tentou de diferentes formas encontrar alguma solução, mas não conseguiu. O projeto considera a singularidade, as diferenças, de cada pessoa e coletivo, por isso chamado de singular. Tem como etapas: ● Etapa diagnóstica: quando toda equipe se reúne e troca informações sobre aspectos orgânicos, físicos, psicológicos e sociais, que possibilite identificar riscos, vulnerabilidades, recursos e alternativas do usuário. Deve conter uma avaliação holística do sujeito, compreendendo o conceito ampliado de saúde e respeitando a singularidade de cada um. 34 ● Definição de metas: definição de metas com propostas de ações de curto, médio e longo prazo que devem ser negociadas e pactuadas com a pessoa para a qual o projeto está sendo pensado, a fim de estimular uma corresponsabilidade e melhor adesão. Nesse momento, é importante identificar quem na equipe possui maior vinculação com o usuário, para que seja essa pessoa a fazer o contato. ● Definição de responsabilidades: de forma clara, simples e objetiva, é imprescindível definir as tarefas que cada membro ou pequenos grupos realizará. ● Avaliação: é o momento de rediscutir o caso e reavaliar todas as ações desenvolvidas, se houve o alcance de cada objetivo, êxito no desenvolvimento do planejamento, se continuarão realizando os mesmos processos ou se deve haver correções de rumo, mudança das ações e tarefas. Para saber mais sobre o Projeto Terapêutico Singular, clique aqui e acesse o material elaborado pelo Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização: “Clínica ampliada, equipe de referência e projeto terapêutico singular” e acesse o material complementar “Portaria n° 2.463/2017. Se estiver lendo este material no formato impresso, escaneie o QR para fazer download. 35 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/clinica_ampliada_2ed.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/clinica_ampliada_2ed.pdf Reunião de equipe A reunião de equipe é um importante espaço de encontro entre os trabalhadores da equipe de saúde e das equipes de saúde que atuam em uma unidade. Nela, é possível compartilhar ideias, conhecimentos, problemas e soluções para as necessidades de saúde das pessoas, famílias e da comunidade. A frequência das reuniões deve ser pactuada entre as equipes e a gestão da unidade e do município, podendo ocorrer de forma semanal, quinzenal ou mensal, a depender da organização da equipe, do tempo de atuação, do período e das necessidades. Devem ser utilizadas como momento de planejamento coletivo, avaliação das ações, discussão de casos, espaço de educação permanente, para elaboração de projeto terapêutico singular ou do projeto de saúde do território. São importantes também como espaços para discussão e resolução de questões relacionadas ao processo de trabalho e problemas administrativos da unidade de saúde. Visita domiciliar A visita domiciliar é uma importante ferramenta no trabalho da APS e para integração com a VS. É essencial para o trabalho do ACS e do ACE e dos demais trabalhadores da equipe. Além das visitas regulares realizadas, aquelas que demandam a presença de outro(s) trabalhador(es), devem ser realizadas de acordo com a necessidade de saúde das pessoas e podem ter como objetivo “o monitoramento da situação das famílias e indivíduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e condições que necessitem de maior atenção” (Brasil, 2018, p. 52). 36 A equipe que está realizando a visita deve aproveitar o momento para identificar outros agravos ou suspeitas de doenças; identificar situações de importância epidemiológica e realizar ações de educação em saúde para promoção da saúde e prevenção de doenças (Brasil, 2018). Através da visita ao domicílio se pode melhor entender a dinâmica familiar, conhecer o exato contexto de vida do indivíduo, reconhecer as vulnerabilidades, além de outros fatores importantes e relevantes. Também facilita o processo de planejamento da assistência, pois permite ao profissional observar e analisar as condições e recursos disponíveis na residência. A visita domiciliar precisa compreender um conjunto de ações sistematizadas, que devem iniciar antes da ida ao domicílio e continuar após. Requer o uso de técnicas de entrevista e observação, além de compreender a sequência de planejamento, execução, registro de dados e avaliação do processo. Planejamento da visita domiciliar: inicia-se com a seleção das visitas a serem realizadas, considerando o itinerário, o tempo aproximado disponível a ser gasto na residência, o horário disponível dos membros da equipe e dos usuários. Sempre que possível, deve-se iniciar as visitas por aqueles domicílios que demandarão maior tempo da equipe de saúde. Em seguida, deve-se realizar a compreensão da realidade de vida do usuário por meio da consulta em seu prontuário multiprofissional, além da troca de informação com outros profissionais que já tiveram contato com algum membro da família. 37 Deve-se estabelecer os objetos da visita que irão orientar a revisão de conhecimentos necessários para embasar os procedimentos a serem executados, com ênfase na entrevista e a observação em domicílio. Execução da visita domiciliar: alguns cuidados devem ser observados pela equipe de profissionais durante a visita, a fim de evitar o desvio de finalidade. São eles: adaptar um plano de visita domiciliar no caso de intercorrências no processo de visita, para evitar que os objetivos não sejam alcançados; ao chegar no domicílio todos os membros da equipe multiprofissional devem se identificar (com nome e função) e, verbalizar de maneira clara os objetivos da visita; destacar o caráter sigiloso dos registros realizados na residência; realizar observação sistemática da dinâmica familiar e, ao término da visita, resgatar os objetivos pré-definidos, fazendo uma síntese do que foi realizado, se houve alguma intervenção, orientação ou procedimento indicado para o usuário ou a família. Relatório da visita domiciliar: o relatório é essencial para que as informações coletadas por meio da entrevista e observação sejam compartilhadas com os demais membros da equipe multidisciplinar, subsidiando a continuidade da assistência. Este relatório deve ser claro, objetivo, ter uma sequência lógica, conter todas as informações que foram coletadas e a justificativa das informações que não foi possível conseguir, conter as observações e as intervenções realizadas. É importante também que se anote os aspectos que precisarão ser mais bem explorados nas próximas visitas. 38 Avaliação do processo de visita: a avaliação da visita domiciliar poderá ser feita por meio de questionamentos em relação aos procedimentos realizados após o término. Exemplo: Os objetivos propostos foram alcançados? O preparo para a realização da atividade foi adequado? O tempo estimado foi cumprido?Fomos efetivos na resolução de intercorrências? É importante anotar esta avaliação para que ela seja o ponto de partida das próximas visitas. Atividades em grupos na unidade ou na comunidade As atividades em grupo para ações de educação em saúde podem ser realizadas para discussão de diferentes temas, com uma composição também diversa. Tem entre seus objetivos a qualificação, a troca de saberes, o compartilhamento de experiências e a formação de redes de apoio. A construção compartilhada de conhecimento e resoluções para problemas de saúde e ampliação da participação popular também são objetivos das atividades em grupo, bem como, a autonomia das pessoas em seu processo de cuidar e vivenciar o processo saúde-doença. Deve-se ter atenção para evitar a repetição de temas e assuntos ao realizar grupos específicos para discutir um agravo, como grupos de pessoas com hipertensão ou grupos de gestantes de alto risco. Esta é uma etapa essencial para a vinculação e continuidade dos grupos. A participação de todos os trabalhadores da Unidade Básica de Saúde, em algum momento, é importante. Deve-se pensar de forma estratégica e ampliar o olhar sobre as situações que serão discutidas. Todos devem se envolver no planejamento, realização e avaliação da atividade. 39 RETROSPECTIVA Consulte, também, a teleaula, a aula interativa e os materiais complementares disponíveis no AVA. Nesta disciplina, você pôde refletir sobre a necessidade da intersetorialização para a integralidade do cuidado e a importância das relações multidisciplinares e interdisciplinares para um cuidado de qualidade e efetivo. Viu que as ferramentas de qualificação favorecem a construção compartilhada das ações e o trabalho coletivo para as equipes em saúde. Esperamos que você se sinta ainda mais preparado para o desenvolvimento de suas atribuições em seu território de atuação. Exercite o seu protagonismo, busque informações sobre essa temática, reflita e amplie seus conhecimentos. Fique atento(a)! Para aprovação na disciplina você deve obter 60% dos pontos distribuídos. Portanto, participe das atividades avaliativas propostas, e, em caso de dúvidas, acione seu tutor. 41 BIBLIOGRAFIA ARAUJO, M. B. S.; ROCHA, P. M. Trabalho em equipe: um desafio para a consolidação da estratégia de saúde da família. Ciência saúde coletiva. v. 12, n. 2, p. 455-464, Rio de Janeiro, abr. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/vgK3yjGm6fBBxnXj6XZHzzq/abstract/ ?lang=pt. Acesso em: 22/08/2022. BRASIL, Ministério da Saúde. Guia Política Nacional de Atenção Básica – Módulo 1: Integração Atenção Básica e Vigilância em Saúde. Brasília, 2008. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_politica_nacio nal_atencao_basica_integracao_atencao_basica_vigilancia_sa ude_modulo_1.pdf. Acesso em: 12/06/2022. BRASIL, Ministério da Saúde. Diretrizes do NASF. Brasília, 2009. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_b asica_diretrizes_nasf.pdf. Acesso em: 04/06/2022. BRASIL, Ministério da Saúde. O trabalho do agente comunitário de saúde. Brasília, 2009. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd09_05a.pdf. Acesso em: 22/08/2022. BRASIL, Ministério da Saúde. Clínica ampliada, equipe de referência e projeto terapêutico singular. Brasília, 2007. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/clinica_ampliada_2 ed.pdf. Acesso em: 01/06/2022. DIAS, M.S.A. et al. Intersetorialidade e Estratégia Saúde da Família: tudo ou quase nada a ver?. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, 2014, v. 19, n. 11 p. 4371-4382. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/crwbjGhzHJ3vvRN3RDYchRB/abstract /?lang=pt#. Acesso em: 01/06/2022. 43 https://www.scielo.br/j/csc/a/vgK3yjGm6fBBxnXj6XZHzzq/abstract/?lang=pt https://www.scielo.br/j/csc/a/vgK3yjGm6fBBxnXj6XZHzzq/abstract/?lang=pt https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_politica_nacional_atencao_basica_integracao_atencao_basica_vigilancia_saude_modulo_1.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_politica_nacional_atencao_basica_integracao_atencao_basica_vigilancia_saude_modulo_1.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_politica_nacional_atencao_basica_integracao_atencao_basica_vigilancia_saude_modulo_1.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica_diretrizes_nasf.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica_diretrizes_nasf.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd09_05a.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/clinica_ampliada_2ed.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/clinica_ampliada_2ed.pdf https://www.scielo.br/j/csc/a/crwbjGhzHJ3vvRN3RDYchRB/abstract/?lang=pt https://www.scielo.br/j/csc/a/crwbjGhzHJ3vvRN3RDYchRB/abstract/?lang=pt PEDUZZI, M.; AGRELI, H. F. Trabalho em equipe e prática colaborativa na Atenção Primária à Saúde. Interface comunicação saúde educação (Botucatu). vol. 22 supl. 2 p. 1525-34, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/icse/a/MR86fMrvpMcJFSR7NNWPbqh/?lang=pt. Acesso em: 02/06/2022. QUIRINO, T.R.L., et al. A visita domiciliar como estratégia de cuidado em saúde: reflexões a partir dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica. Sustinere - Revista de Saúde e Educação, vol. 8, nº 1, p. 253-273, 2020. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/issue/view/236 7. Acesso em: 02/06/2022. 44 https://www.scielo.br/j/icse/a/MR86fMrvpMcJFSR7NNWPbqh/?lang=pt https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/issue/view/2367 https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/issue/view/2367 46 Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde bvsms.saude.gov.br
Compartilhar