Buscar

Visita Domiciliar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 146 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 146 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 146 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aparecida S. Oliveira
visita domiciliar
conceitos, princípios 
e técnicas
Aparecida dos Santos de Oliveira
1ª Edição | Novembro |2012
Impressão em São Paulo / SP
Editora
1ª Edição: Novembro de 2012
Impressão em São Paulo/SP
Copyright © EaD KnowHow 2012
Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida por 
qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Coordenação Geral
Coordenação de Projetos
Professora Responsável
Coordenadora Pedagógica 
de Cursos Ead
Revisão Ortográfica
Projeto Gráfico, Capa e Diagramação
Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353
visita domiciliar
conceitos, princípios e tècnicas
O48v Oliveira, Aparecida dos Santos de.
 Visita domiciliar: conceitos, princípios e técnicas. / 
 Aparecida dos Santos de Oliveira – São Paulo : Know 
 How, 2012.
 128 p.: 21 cm.
 Inclui bibliografia
 ISBN: 978-85-8065-189-8
 
 1.Visita domiciliar. 2. Política pública. 3. Saúde 
 da família. 4. Brasil. 5. SUS. I. Título.
 
 CDD 362.10981
Nelson Boni
Grisiela Reis
Aparecida dos Santos de Oliveira
Roseli Lopes de Macedo Leal
Vitor Bioni Bertollini
Vanessa Almeida
“Nosso caráter é o resultado de nossa conduta.”
Aristóteles - filósofo – 384 a 322 a.C. - 
nasceu em Estagira (nordeste da Grécia moderna)
apresentação
Prezado (a) Aluno (a),
 O tema “visita domiciliar”, na área da saú-
de, antes da formulação do SUS (Sistema Único de 
Saúde), era ferramenta exclusiva de um único pro-
fissional do Serviço Social. Toda visita domiciliar 
era efetivada pelo profissional da área do Serviço 
Social. A Assistente Social fazia o intercâmbio entre 
instituição, família e comunidade. Nesse processo, a 
atuação era mediar a relação entre a instituição e a fa-
mília, conhecendo a problemática social que poderia 
estar relacionada com as questões de saúde, moradia, 
saneamento básico, escola, creche e outros. Intervin-
do como observador do contexto socioeconômico e 
psicossocial, ficava sobre sua responsabilidade técni-
ca conhecer recursos, instituições e encaminhar para 
uma solução da problemática, sem atuação da equi-
pe multiprofissional da instituição.
 Podemos citar como exemplo as altas hospi-
talares; muitas vezes, as famílias não tinham condi-
ções de receber os doentes e continuar o tratamento 
necessário. Nestes casos, o Assistente Social sofria as 
pressões para desocupação do leito, pois a instituição 
e os demais profissionais desconheciam a realidade da 
família e da comunidade que o paciente vivia.
As questões sociais, como educação, saúde, moradia, 
abandono e violência, eram encaminhadas de forma 
independente. Não existia uma análise dos fatores 
gerais que interfeririam na recuperação do paciente. 
As dificuldades eram isoladas, sem um olhar mais 
ampliado pela equipe multiprofissional. Outro exem-
plo, o retorno de crianças e adolescentes às famílias 
após internação em instituições socioeducativas. 
Após o processo de recuperação institucional, o re-
torno à família e à comunidade deve ser trabalhado 
pela instituição por meio da equipe que acompa-
nhou o processo, e não apenas por um único téc-
nico, que tem como responsabilidade fazer o inter-
câmbio família-instituição e encaminhar a criança ou 
adolescente a sua residência para cumprir o proto-
colo institucional. As condições gerais da família e 
os recursos da comunidade não contribuíam no pro-
cesso. Como trabalhar essas questões isoladamente 
sem conhecer a família, a comunidade, a escola que 
deverá participar do processo de recuperação das 
crianças? Percebe-se que as questões ultrapassam as 
fronteiras institucionais e que a família e a comuni-
dade devem e podem colaborar muito no processo 
de inclusão social.
Fica claro que conhecer as questões familiares e da 
comunidade através das visitadas domiciliares for-
talece o processo de apropriação das dificuldades e 
aproxima o técnico da realidade da família, o que irá 
contribuir para possível resolutividade das dificulda-
des apresentadas.
Com a reestruturação do modelo de atenção à saúde, 
percebe-se que o homem é um ser complexo que 
sofre todas as influências da sociedade, sejam elas 
positivas ou negativas. O contexto no qual está in-
serido: moradia, infraestrutura, saneamento básico, 
unidade de atenção básica de saúde, emprego, edu-
cação, violência, transporte público, meio ambiente, 
lixo etc., refletem em seu cotidiano e formação en-
quanto cidadão.
Para contribuir no processo de promoção socioedu-
cativa, biopsicossocial e promoção à saúde, os pro-
fissionais precisam conhecer todas as variáveis que 
interferem nesse processo.
Na reestruturação do modelo de atenção básica de 
saúde, a ferramenta visita domiciliar é uma grande 
estratégia para efetivação das políticas públicas de 
saúde como melhoria da qualidade de vida das pes-
soas envolvidas no processo.
Professora Aparecida dos Santos de Oliveira
UNIDADE 1
Princípios Norteadores da Visita Domiciliar
UNIDADE 2
SUS e as Políticas de Saúde Pública
UNIDADE 3
Política Nacional de Atenção Básica
UNIDADE 4 
As Atribuições das Equipes de Atenção Básica 
no Programa Estratégia Saúde da Família
UNIDADE 5 
Desafios na Visita Domiciliar e Agente 
Comunitário de Saúde
UNIDADE 6 
Ética e a Visita Domiciliar
GABARITO
BIBLIOGRAFIA
Sumário
13 
33
49
67
85
109
123
125
unidade 1
princípios norteadores 
da visita domiciliar
15
A visita domiciliar, dentro da nova estratégia de 
saúde pública, tem um grande papel junto aos 
usuários dos serviços de saúde. A visita domici-
liar pode ser entendida como conjunto de ações 
de saúde que propiciam ações educativas e assis-
tenciais, buscando a interação mais efetiva entre a 
equipe de saúde e os usuários dos serviços. (San-
tos, E.M, 2011)
A Estratégia Saúde da Família usa esse instrumen-
to para desencadear as ações de saúde.
A visita domiciliar, na Estratégia Saúde da Famí-
lia, é um instrumento fundamental e de grande 
importância para o processo de promoção e pre-
venção à saúde. É através do contato extramuro 
institucional que a equipe de saúde tem a opor-
tunidade de conhecer a realidade dos usuários e 
da comunidade e de estabelecer vínculos entre os 
profissionais de saúde e os usuários.
O contato por meio das visitas domiciliares facili-
ta aos profissionais o conhecimento de costumes, 
valores, crenças, pois a casa, o lar, é o santuário da 
família, espaço dos acontecimentos, das alegrias e 
tristezas.
Nesta primeira unidade serão apresentadas defini-
16
ções sobre visita domiciliar e qual o objetivo des-
se instrumento.
1.1. O que é visita domiciliar
- O que é visita?
- O que é domicilio?
- O que se busca através desse instrumento?
Figura 1 – conjunto habitacional popular
Fonte: Disponível em: www.campograndern.com.br/?p=3768
17
Visita domiciliar
• Definições segundo dicionário da língua 
portuguesa:
Visita - ato ou efeito de visitar: ato de ir ver alguém 
por dever ou atenção.
Domicílio - casa de residência: habitação fixa: lugar 
de residência permanente: segundo a lei, lugar onde 
a pessoa tem a sede dos seus interesses. Moradia, 
residência, lar.
É um instrumento que vem auxiliar os profissionais 
de saúde a conhecer a realidade dos usuários nos ser-
viços de saúde, com objetivo de colaborar na elabo-
ração de diagnósticos do contexto saúde e doença. 
A visita domiciliar é uma ferramenta técnica usada 
por vários profissionais, não é privilégio de um ou 
de outro técnico.
A visita domiciliar contribui no processo de huma-
nização, educação e reflexão sobre o homem, bem 
como o meio em que vive, moradia, escola, lazer, 
saneamento básico, meio ambiente e recursos sociais 
para atender as necessidades das comunidades. A vi-
18
sitadomiciliar é um instrumento para ações no nível 
primário de assistência à saúde e, principalmente, na 
Estratégia Saúde da Família.
Assim, a Visita Domiciliar é um facilitador de acesso 
aos serviços públicos de saúde e busca atender aos 
usuários de forma integral e assisti-los em suas re-
ais necessidades. Possui um caráter de humanizar as 
ações de saúde, a promoção, prevenção, educação e 
reflexão sobre o processo adoecer contribui para o 
usuário também participar do processo de recupera-
ção da saúde. (Santos, E.M, 2011).
Objetivos
O objetivo principal da visita domiciliar, como ins-
trumento no atendimento do Sistema Único de 
Saúde na Estratégia Saúde da Família, é conhecer o 
perfil do território, perfil epidemiológico, perfil so-
cioeconômico e cultural; o que irá auxiliar nos plane-
jamentos das ações de promoção e prevenção à saú-
de de acordo com o perfil do território e das famílias 
que moram em determinada área.
Algumas etapas do processo devem ser respeitadas 
para efetivação do instrumento:
19
Plano I - conhecer a família; 
Plano II - conhecer o território onde está situada 
a família.
Plano I – conhecer a família
O PSF - Programa Saúde da Família após a reestru-
turação da atenção básica de saúde, muda sua deno-
minação para ESF - Estratégia Saúde da Família, que 
tem como objetivo conhecer a realidade dos usuá-
rios do programa de saúde. Os valores culturais, re-
ligiosos, moradia, trabalho, lazer, família e outros. A 
visita domiciliar é uma ferramenta importante para 
esse processo e necessita cumprir etapas para conhe-
cer a família e sua comunidade.
Passos importantes para o processo:
Brasil, Ministério da Saúde, 2011
Primeiro momento: conhecer a família por meio de 
uma instituição que preste determinado serviço à 
população. (escola, creche, posto de saúde, hospital, 
instituições filantrópicas e outros).
Segundo momento a apresentar-se enquanto técnico 
de determinada instituição, devidamente uniformiza-
20
da e com crachá para identificação, contendo nome 
do funcionário e da instituição a que pertence. Que 
programa de saúde está representando. Quais os ob-
jetivos do programa na comunidade local e na família.
O primeiro contato tem como objetivo observar e 
conhecer a família no seu cotidiano. Como ocorre 
o relacionamento familiar entre filhos, pais, idosos, 
trabalho, parentes e sua rede social (vizinhos, igreja, 
lazer, escola etc.).
Nos demais contatos a equipe irá conhecer os pro-
blemas existentes no contexto familiar, como: saúde, 
creche, escola, moradia, e outros, para uma análise e 
reflexão junto à instituição e família, avaliando as ques-
tões apresentadas para elaboração de várias propostas 
técnicas visando à promoção de bem-estar à família.
Plano II – conhecer o território onde está 
situada a família
No plano II, a localização da família no espaço, 
chamado comunidade, irá apresentar todo o con-
texto do território em que o usuário e sua família 
estão localizados. Como essa comunidade se apre-
senta para a família e quais recursos ela oferece 
para sobrevivência.
21
Para planejar o processo de promoção à saúde, é ne-
cessário saber:
• Quais recursos essa comunidade oferece a seus 
moradores;
• Quais são as carências existentes na área da saúde, 
escola, creche, lazer e outros;
• Unidades de Saúde e hospitais existentes na área;
• Transporte público, saneamento básico e outros;
• Incidência de violência;
• Como trabalham para superas as falta de determi-
nado recursos;
• Como elas interferem no cotidiano.
Figura 2 – conjunto residencial sem espaço para convívio social e lazer
Fonte: Disponível em: www.limeira.sp.gov.br/secretarias/habitação/files/cdhu/orlinfo_luca.htm
22
1.2. Visita domiciliar: um instrumen-
to na Estratégia Saúde da Família
A visita domiciliar é mais um instrumento para co-
nhecer um pouco do cotidiano das pessoas envol-
vidas no processo promoção e prevenção à saúde. 
Observa-se nesse contexto formas de relacionamen-
tos na família, no trabalho, na comunidade, conhecer 
suas alegrias e frustrações, sonhos e desejos. Como 
se relaciona com suas carências sociais, emocionais e 
físicas e o que espera da intervenção técnica.
Observa a comunidade local, saneamento básico 
água, luz, esgoto, transporte público, equipamentos 
de saúde e lazer, dentre outros aspectos. 
Como a família está inserido no contexto da comu-
nidade local, como exemplo: igreja, creche, amigos 
e outros.
A atuação do profissional será realizada fora dos mu-
ros institucionais, visando alguns objetivos, conhecer 
a realidade apresenta e levar conhecimentos técnicos, 
sociais. Nesse processo busca-se o conhecimento e a 
discussão da situação para possível resolutividade.
Ao realizar a visita domiciliar, estar no espaço do 
23
outro, o dia a dia familiar, a residência, inicia-se um 
processo de conhecimento e de participação da vida 
dessas pessoas. O encontro com o diferente, desco-
nhecido e situações sérias, solicitam ao profissional 
clareza do seu papel no contexto familiar e a capaci-
dade de observar que está interferindo no cotidiano 
dos moradores. O que poderá ser mal interpretado 
pelo visitado, recusando e questionado a interferên-
cia em sua vida.
Sendo um momento difícil para a família e para o 
técnico também. Requer por parte do profissional 
paciência, grande sensibilidade e habilidade técnica/
profissional, para trabalhar com determinados pro-
blemas. Monitorar preconceitos e valores pré-esta-
belecidos. Sempre deve ser respeitado o valor apre-
sentado sejam eles culturais, religiosos e outros. A 
reflexão sobre seu papel naquele momento e como 
abordar assuntos tão íntimos e guardados pela enti-
dade chamada família deve, ser acompanhado junto 
à equipe multiprofissional para não haver excessos 
ou faltas. (Giacomazzi, C.M, 2006.)
24
1.3. Visita domiciliar: trabalho de 
interesse investigativo
A visita domiciliar é um trabalho de interesse investi-
gativo que visa caminhar para a Promoção da Saúde 
de forma mais ampliada. Conhecendo o domicílio 
e a família pode interferir tecnicamente na situação 
apresentada e avaliá-la periodicamente. Isso talvez 
permita ao profissional planejar ações direcionadas 
aos membros das famílias, focadas nas prevenções e 
resolutividades dos seus problemas.
Diante da forma de estruturação proposta para a 
Estratégia Saúde da Família e do recomendado pela 
Política Nacional de Promoção da Saúde, a Visita 
Domiciliar constitui um diferencial, pois favorece 
a ampliação das intervenções no espaço de vida do 
indivíduo/família.
Os programas implantados são em áreas de risco e 
vulnerabilidade socioeconômica. A implantação do 
programa visa à detecção e avaliação do processo 
saúde-doença. Uma forma de encontro, articulação, 
diálogo e preocupação com a vida das famílias inter-
namente e externamente. (Giacomazzi, C.M, 2006.)
As preocupações com os modelos de atenção à saú-
25
1.4. Documentos importantes 
para efetivação do modelo de 
atenção à saúde
de foram temas de vários movimentos pela qualidade 
de saúde prestada à população, surgem documentos 
importantes que começam a traçar um perfil de mo-
delo à saúde, mais próximo da realidade do usuário. 
Para nortear o trabalho das Equipes, na visita domi-
ciliar, é importante conhecer as recomendações que 
constam de documentos Declaração de Alma Ata e 
Carta de Ottawa.
O processo de discussão sobre atenção primária e 
promoção de saúde foi preocupação de várias con-
ferências, que tinham como foco a saúde para todos. 
Dois documentos importantes: Declaração de Alma 
Ata e a Carta de Ottawa fazem parte desse processo.
1.4.1. Declaração de “ALMA ATA” - 1978
A declaração de Alma-Ata surge na Conferência 
internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, 
26
aconteceu na cidade de Cazaquistão em 1978, com 
objetivo de ampliar o modelo de atenção à saúde a 
todos os povos.
A Organização Mundial de Saúde, a UNICEF e ou-
tras entidades buscam defender um modelo de aten-
ção à saúde de forma que a promoção à saúde seja“completo bem-estar físico, mental e social, e não 
simplesmente a ausência de doença ou enfermida-
de”, e a defendem como direito fundamental e como 
a principal meta social de todos os governos.
Essa forma de pensar sobre as questões da saúde da 
população despertou a importância de um modelo 
de atenção básica à saúde, ou seja, atenção primária 
através da prevenção e promoção.
Disponível em: http://pt.wikipedea.org/wiki/sistema
1.4.2 - Carta de OTTAWA - 1986
A Carta de Ottawa, em 1986, já recomendava que as 
estratégias e programas que visam à promoção da 
saúde deveriam se adaptar às necessidades, preocu-
par-se em atuar na comunidade em que a família vive 
e se relaciona.
Na primeira Conferência Internacional sobre Pro-
27
moção à Saúde, em 1986, no Canadá, cidade de Ot-
tawa, surge como revolução “A Carta de Ottawa”.
Esse documento teve como objetivo contribuir com 
as políticas de saúde em todos os paises, de forma 
universal e equânime, ou seja, de forma justa, pon-
derada e prudente.
A Conferência Internacional sobre Promoção à Saú-
de surge da necessidade de discutir políticas públicas 
de saúde mais eficientes e direcionadas a países in-
dustrializados e estendidas a demais paises.
O modelo de atenção à saúde que existe hoje é resul-
tado de vários processos de discussão pelo mundo e 
documentos que nortearam a evolução do tema de 
Saúde para todos com qualidade.
A carta de Ottawa estabelece princípios importantes 
para política de saúde para todos com melhor quali-
dade de vida e incentiva a população no processo de 
promoção à saúde.
Disponível em: http://pt.wikipedea.org/wiki/sistema
28
Visita domiciliar e a Estratégia Saúde da 
Família
O programa PSF – Programa Saúde da Família hou-
ve uma mudança no processo para ESF - Estratégia 
Saúde da Família, quando implantado passa a fun-
cionar como receptor de todas as questões delicadas 
, sejam elas concretas ou objetivas na comunidade e 
sua família. Ele passa a conhecer a problemática real 
da comunidade em que atua.
As visitas domiciliares possibilitam ao profissio-
nal conhecer, a cada rua e domicílio visitados, as 
necessidades reais e as possíveis soluções que a 
comunidade precisa. As intervenções técnicas po-
dem ser imediatas e concretas ou de sensibilização 
da família e da comunidade sobre determinados 
problemas e procurar recursos governamentais 
ou outros que venham a colaborar na solução das 
questões apresentadas.
O olhar observador e diferenciado da ESF, através 
da visita domiciliar, colabora na percepção de de-
talhes que merecem atenção por parte do técnico, 
como geladeira vazia, choro insistente da criança, 
idoso acamado por muito tempo, torneira sem 
água, esgoto a céu aberto, gestante sem pré-natal, 
crianças sem vacinação, incidência de violência na 
29
comunidade, crianças em idade escolar fora da es-
cola entre outros.
Através das visitas domiciliares, os profissionais da 
saúde desenvolvem maior aproximação com o meio 
em que a família vive, facilitando o planejamento das 
ações de saúde. Nessa aproximação, criam-se víncu-
los e fatos antes desconhecidos pela equipe de saú-
de, o que também facilita a intervenção técnica.
30
exercícios
1 – Quais os princípios norteadores da Visita Do-
miciliar?
2 – O que a visita domiciliar possibilita aos profis-
sionais de saúde? 
3 – Cite dois documentos importantes que foram 
precursores do novo modelo de atenção à saúde.
4 – Qual é o objetivo da Declaração de Alma Ata?
5 – Qual é o objetivo da Carta de Ottawa?
unidade 2
sus (sistema único de 
saúde) e as políticas de 
saúde pública
35
Sistema Único de Saúde: modelo de atenção à saú-
de que tem como objetivo atender a todos os cida-
dãos no Brasil, independentemente de estado, ci-
dade ou bairro que o usuário resida. É um sistema 
integrado de saúde reconhecido pela Constituição 
da República Federativa do Brasil, artigo 194; arti-
go196 e artigo 198.
O SUS desenvolve ações de saúde conforme prega a 
Constituição da República Federativa do Brasil nos 
artigos 194 e 196:
Art. 194 – Conjunto de ações de saúde que bus-
cam reduzir os riscos de adoecer, visando à pro-
moção e prevenção de forma universal e igualitá-
ria . Através das diretrizes, descentralização, aten-
dimento integral participação da comunidade.
Art. 196 – A saúde é direito de todos e dever do 
Estado, garantido mediante políticas sociais e eco-
nômicas que visem à redução de risco de doença 
e de outros agravos e acesso universal e igualitário 
às ações e serviços para sua promoção, proteção 
e recuperação.
Constituição da República Federativa do Brasil, 1988
36
2.1 – Princípios Doutrinários do SUS
O SUS, criado pela lei 8080/90, possui cinco itens 
que contemplam os princípios doutrinários do 
Sistema Único de Saúde: territorialização; uni-
versalidade; equidade; integralidade; partici-
pação dos usuários.
Territorialização: conhecer seus moradores atra-
vés do levantamento de dados, traçando um perfil 
da área e das principais questões que interferem na 
qualidade de vida das pessoas. Falta de recursos exis-
tentes, falta de áreas de lazer, número de crianças 
sem creche, número de idosos e outros dados con-
tribuem para o planejamento de programas de pre-
venção e promoção à saúde da comunidade.
Universalidade: busca a garantia de atenção à saú-
de através de um sistema integrado de saúde que 
deva atender a todo cidadão. Ou seja, a família passa 
a ter direito a usar todos os serviços de saúde públi-
ca e também os serviços contratados pelo sistema 
de saúde. Cabe à esfera municipal, estadual e federal 
cumprirem a sua parte no processo de reestrutura-
ção da saúde pública.
Equidade: visa à preocupação em atender as ques-
tões de saúde em todos os níveis, conforme a com-
37
plexidade do caso. Buscar ações e serviços de todos 
os níveis. Respeitando as desigualdades e buscando 
tratá-las conforme se apresentam, diminuindo o 
grau de desigualdades, investindo mais onde houver 
maior carência.
Integralidade: as equipes de saúde devem re-
conhecer o homem e sua família como um ser 
indivisível e que faz parte de uma comunidade. 
Deve buscar ações de promoção e proteção à saú-
de como um todo e não dividindo as questões de 
saúde apresentadas. 
As unidades de saúde, dentro de seu grau de com-
plexidade, formam também um todo, que deverão 
preocupar-se com a integralidade da assistência.
O paciente é um ser integral – biopsicossocial - e 
a equipe que integra a unidade de atendimento 
deve ter a preocupação de desenvolver um pro-
cesso também integral voltado à promoção, pro-
teção e recuperação.
Participação Social: regulamentada na Lei 8.142, 
de 1990, que dispõe sobre a participação da comuni-
dade no Sistema Único de Saúde.
 O Sistema Único de Saúde estimula a partici-
pação dos usuários dos serviços de saúde através das 
seguintes instâncias: Conferência de Saúde e Conse-
lho de Saúde.
38
 A população usuária do serviço participa 
através dos Conselhos de Saúde e das Conferências 
Municipais e Regionais de Saúde. Os conselhos elei-
tos pela população usuária dos serviços de saúde e os 
funcionários eleitos devem encaminhar as discussões 
de forma a nortear as políticas públicas de Saúde.
 A Lei n.º 8.142/1990, art. 1, apresenta for-
mas de encaminhamento para a efetivação da parti-
cipação da família no processo de melhoria do siste-
ma de saúde, através dos Conselhos de Saúde. (São 
Paulo, 2011).
 Nos Conselhos de Saúde, nas unidades de 
saúde, ocorre a chamada paridade, ou seja, os usu-
ários dos serviços de saúde têm metade das vagas 
no conselho, o gerente da unidade de saúde tem um 
quarto e os trabalhadores da saúde têm um quarto 
na representação.
2.2. Portaria n.º 2488 de 21 de 
outubro de 2011
No Sistema Único de Saúde, a Estratégia Saúde da 
Família usa como principal ferramenta as visitas do-
miciliares. As ações desenvolvidas no programa são 
planejadas pela equipe de saúde, cada profissional 
tem o seu papel. Isso não limita à ação de cada técni-
39
co, pelo contrário,amplia a visão de saúde e doença 
dentro do território e da família que será acompa-
nhada pelo programa.
Nesta unidade, conheceremos a portaria n.º 2.488 
de outubro de 2011, que norteia as ações de saúde 
dentro da Estratégia Saúde da Família.
A portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, mo-
dificou as diretrizes e normas para a organização da 
Atenção Básica de Saúde, para a Estratégia Saúde da 
Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitá-
rios de Saúde (PACS), aprovando a Política Nacional 
de Atenção Básica.
As diretrizes estabelecidas na reestruturação do mo-
delo de atenção à saúde cumprem as determinações 
da Lei Federal 8080, 19 de setembro de 1990, que 
incentiva programas que visam à promoção e à recu-
peração da saúde.
Conforme o artigo 2 da Lei Orgânica da Saúde “a 
saúde é um direito fundamental do ser humano”.
40
2.3. Característica da Atenção 
Básica de Saúde
A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto 
de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, 
que abrange a promoção e a proteção da saúde, a 
prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, 
a reabilitação, redução de danos e a manutenção da 
saúde, com o objetivo de desenvolver uma atenção 
integral que impacte na situação de saúde e autono-
mia das pessoas e nos determinantes e condicionan-
tes de saúde das coletividades. 
É desenvolvida por meio do exercício de práticas de 
cuidado e gestão, democráticas e participativas, sob 
forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações 
de territórios definidos, pelas quais assume a respon-
sabilidade sanitária, considerando a dinamicidade exis-
tente no território em que vivem essas populações. 
Utiliza tecnologias de cuidado complexas e variadas 
que devem auxiliar no manejo das demandas e ne-
cessidades de saúde de maior frequência e relevância 
em seu território, observando critérios de risco, vul-
nerabilidade, resiliência e o imperativo ético de que 
toda demanda, necessidade de saúde ou sofrimento 
devem ser acolhidos.
41
É desenvolvida com o mais alto grau de descentra-
lização e capilaridade, próxima da vida das pesso-
as. Deve ser o contato preferencial dos usuários, a 
principal porta de entrada e centro de comunicação 
da Rede de Atenção à Saúde. Orienta-se pelos prin-
cípios da universalidade, da acessibilidade, do víncu-
lo, da continuidade do cuidado, da integralidade da 
atenção, da responsabilização, da humanização, da 
equidade e da participação social. A Atenção Básica 
considera o sujeito em sua singularidade e inserção 
sociocultural, buscando produzir a atenção integral. 
(BRASIL. Ministério da Saúde, 2011. 48 p.).
Figura 3 – Unidades Básicas de Saúde – Município de São Paulo, 
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde – Coordenadoria de Epidemio-
logia e Informação/CEINFO.
Unidade Básica de Saúde – UBS, Centro de Saúde – CS e Posto de 
Atendimento Médico – PAM. Elaborado: Secretaria Municipal de De-
senvolvimento Urbano/ Departamento de Estatística e Produção de 
Informação – DIPRO.
Disponível em: www.prefeitura.sp.gov.br
43
A Atenção Básica é entendida como conjuntos de 
ações de saúde que buscam o bem-estar geral dos 
usuários, através da promoção, prevenção, com o 
objetivo de desenvolver valores, conscientizar visan-
do à melhoria de vida e, consequentemente, a saúde 
das pessoas envolvidas no processo. Os fundamen-
tos e diretrizes apontam para a visita domiciliar.
Definição e conhecimento do território para elabo-
ração de planos de prevenção e promoção à saúde, 
atendendo à necessidade da população local. Optar 
por programações descentralizadas e planejamen-
to das ações setoriais e intersetoriais visando a um 
movimento de ação positiva sobre as questões que 
interferem direta ou indiretamente sobre a saúde na-
quele território, com princípios de promoção à saú-
de, resolutividade e equidade.
O acesso aos serviços oferecidos à comunidade deve 
possibilitar o acesso universal e continuo, visando a 
promoção e a resolutividade. As Unidades Básicas 
de Saúde através da Estratégia Saúde da Família de-
vem ser a porta de entrada do sistema. 
Acolher os usuários dos serviços de saúde, possibi-
2.4. Atenção Básica e suas diretrizes
44
litando o vínculo através de processos humanitários, 
coerentes, organizados, para o usuário e sua família 
estabelecerem vínculos com os serviços de saúde.
A unidade tem um papel importante de acolher, es-
cutar e oferecer respostas coerentes com a necessi-
dade do usuário ou encaminhá-los para outros re-
cursos que atendem a necessidade do momento.
Estabelecer vínculo através das relações de acolhi-
mento, afetividade, humanização, confiança entre 
usuários e trabalhadores da saúde.
A efetivação de um processo mais próximo ao usuá-
rio, certamente fortalece o vínculo com a unidade de 
saúde e com os profissionais e, consequentemente, o 
processo terapêutico terá continuidade até o final de 
seu tratamento. Não havendo interrupções, ou serão 
evitadas consequências negativas ao usuário, família 
e comunidade.
As articulações das ações de saúde e a prevenção dos 
agravos favorecem uma vigilância em saúde, buscan-
do um tratamento adequado, e uma reabilitação se-
gura. O conhecimento por parte da unidade sobre 
os tipos de tratamentos e conhecimento dos profis-
sionais sobre recursos de referência e contra refe-
rência de saúde favorecem e contribui muito para a 
recuperação da saúde do usuário. Ampliar os conhe-
45
cimentos através das diversas tecnologias de cuida-
dos e gestão amplia o universo de resolutividade.
O trabalho em equipe multiprofissional, interdisci-
plinar busca o cuidado integral do usuário. Sensibi-
lizar o paciente e sua família sobre a autonomia e a 
capacidade de alto cuidado e das pessoas próximas, 
sensibilizar sobre as interferências de falta de recur-
sos, e serviços essenciais à população, desperta ao 
usuário e comunidade, formas de organização para 
uma efetiva participação no processo de melho-
ria da qualidade de vida, assim como dos serviços 
de saúde prestam à comunidade local. (Morosini, 
M.v.G.C, 2007)
46
Figura 5 – comunidade
Fonte: Disponível em omeuguri.wordpress.com/fotos-2/
47
exercícios
1 – Cite dois princípios doutrinários do SUS e de-
fina.
2 – O que é Atenção Básica de Saúde? 
3 – Qual o objetivo do SISTEMA ÚNICO DE 
SAÚDE?
4 – Comente sobre o artigo 194 da Constituição Da 
República Federativa do Brasil.
5 – Qual o papel das unidades de Saúde?
unidade 3
política nacional de atenção 
básica incentiva o programa 
saúde da família visando a 
expansão e consolidação
51
A Política Nacional de Atenção Básica tem na Saú-
de da Família sua estratégia prioritária para expansão 
e consolidação da atenção básica. A qualificação da 
Estratégia de Saúde da Família e de outras estratégias 
de organização da atenção básica deverá seguir as 
diretrizes da atenção básica e do SUS, configurando 
um processo progressivo e singular que considera 
e inclui as especificidades locorregionais. (BRASIL, 
Ministério da Saúde, 2011. 49 p.)
3.1. Rede de Atenção à Saúde
As Redes de Atenção Básica deve organizar o sis-
tema de saúde visando atender a necessidade da 
população, de forma integral e de acordo com suas 
necessidades de saúde. As Redes de Atenção Básica 
(RAS) tem o compromisso de organizar os diferen-
tes serviços de saúde e promover a articulação, com 
objetivo de complementar as ausências de serviços 
de saúde em determinado território. 
Neste processo, as RAS promovem a organização 
com configurações tecnológicas e assistenciais con-
forme cada área. A atenção básica deve ser estrutu-
ra como porta de entrada do sistema de saúde e a 
principal estrutura para a prevenção e promoção à 
52
saúde da população local. As ações devem ser uni-
versais, igualitárias e ordenadas. A complementação 
dos serviços de saúde será organizada pelo sistema 
de forma regionalizada e hierarquizada.
Para efetivação do processo de prevenção e promo-
ção à saúde, as Unidades Básicas de Saúde devem 
seguir as normatizações do SUS e cumpriremas exi-
gências estabelecidas nas RAS. 
3.2 - Unidades Básicas de Saúde e 
suas funções
A atenção básica à saúde ganha espaço notório na 
Conferência Internacional de Alma Ata em 1978. 
Buscar meios de cobertura a usuários com dificulda-
des de acessar os serviços de saúde. No decorrer do 
tempo, esse modelo de atenção à saúde, passa a ser 
entendido como princípio para a assistência, de for-
ma a organizar a rede de serviços. Esse acesso aos 
serviços de saúde é visto como o primeiro contato 
do usuário com o sistema de saúde. Hoje, o sistema 
é conhecido como estratégia de intervenções de saú-
de que busca o individual e coletivo, visando à reo-
rientação das ações de saúde nos serviços de saúde 
público e privado. (Heimann, L.S. et al., 2007.)
53
De acordo com a legislação, as funções das unidades 
de saúde, nesse contexto, são:
I – receber e acolher as necessidades de saúde da 
população local, com maior descentralização, e re-
solutividade;
 
II – incentivar a prevenção e promoção à saúde atra-
vés dos programas estratégicos de saúde, estabelecer 
vínculos com a família e a comunidade. Ampliar os 
espaço de atuação na comunidade e articular com 
diversos recursos existentes no local e região;
III – Coordenar, elaborar, promover e incentivar 
projetos alternativos de prevenção e promoção à 
saúde. Acompanhar e articular as referências e con-
trarreferências de saúde. Fortalecer a comunicação 
interna e externa. 
Adequar as ferramentas e dispositivos de adminis-
tração, como: organizar lista de espera, organizar e 
monitorar os encaminhamentos para especialistas, 
exames e procedimentos, implantar tecnologias para 
facilitação do trabalho do profissional e agilização 
do sistema, estabelecer protocolos de atendimento e 
encaminhamento;
IV - Os profissionais técnicos de saúde, durante o 
processo terapêutico, deve avaliar e discutir casos e 
54
planejar ações assistências e preventivas e monitorar 
casos mais complexos.
Nas funções das Unidades Básicas de Saúde verifica-
-se que as reorientações do sistema são necessárias 
às superações de barreiras geográficas e à busca de 
novas tecnologias de resolutividade. Assim, a regio-
nalização, hierarquização e resolutividade, são fato-
res importantes para a efetivação do processo das 
ações de saúde. (Heimann, L.S. et al., 2007).
Cada princípio irá contribuir para a formação da 
rede de atenção à saúde, como:
Regionalização: conhecer cada área onde os ser-
viços de saúde estão instalados e planejar ações de 
saúde, visando maior desenvolvimento da promoção 
à saúde e participação da comunidade no processo.
Hierarquização: organizar os serviços de saúde em 
nível primário e secundário. O primário, através das 
Unidades Básicas de Saúde e da Estratégia Saúde da 
Família. Os secundários, de acordo com o grau de ne-
cessidade de cada problema de saúde. Usando as tec-
nologias existentes para maior grau de resolutividade.
Resolutividade: oferecer os serviços de saúde com 
capacidade de atender a necessidade da demanda, e 
55
melhorar as condições de vida dos moradores, trans-
formando a comunidade em um local mais digno de 
morar. Localizar e organizar o fluxo de referência 
e contrarreferência para maior resolutividade. (São 
Paulo, cidade, Secretaria da Saúde, 2011).
As organizações do sistema de saúde necessitam que as 
esferas governamentais cumpram cada uma sua parte 
na implantação do novo modelo de atenção à saúde.
As formas de comando para o sistema de saúde fun-
cionar necessita que as esferas do governo cumpram 
cada um sua parte no processo. A descentralização é 
um fator importante que retiras as amarras do pro-
cesso e agiliza as ações de implantação. 
O SUS existe em três níveis, também chamados de 
esferas: nacional, estadual e municipal, cada uma 
com comando único e atribuições próprias. Os mu-
nicípios têm assumido papel cada vez mais impor-
tante na prestação e no gerenciamento dos serviços 
de saúde; as transferências passaram a ser "fundo-
-a-fundo", ou seja, baseadas em sua população e no 
tipo de serviço oferecido, e não no número de aten-
dimentos. (BRASIL.Ministério da Saúde, 2011. 49.p)
56
Figura 5 – comunidade
Fonte: Disponível em: omeuguri.wordpress.com/fotos-2/
3.3. - Responsabilidades das esferas 
governamentais
A reformulação do modelo de atenção básica de 
saúde exige responsabilidades por parte das esferas 
governamentais. As esferas municipais, estaduais e 
federais têm a obrigação de executar um modelo de 
atenção à saúde, justa e humana, que venha de en-
contro com as necessidades da população. As ações 
administrativas para efetivação do sistema são:
I – implantar modelos de atenção básica de saúde 
57
através da Estratégia Saúde da Família, visando ex-
pansão e efetivação do processo;
II – cumprir as diretrizes do SUS;
III – adequar a infraestrutura nas Unidades Básicas 
de Saúde e fazer manutenção dos equipamentos para 
melhor desempenho da unidade de saúde;
IV – desenvolver planos de saúde que atendam as 
prioridades e cumpra as estratégias estabelecidas, 
criar mecanismos técnicos e organizacionais de ca-
pacitação dos trabalhadores de saúde;
V - Estimular a formação educacional permanente, 
garantir os direitos trabalhistas estabelecer vínculos 
com o trabalho saúde/técnico, estimulando o cresci-
mento profissional na carreira. Melhorando o aten-
dimento ao usuário;
VI – estimular os Planos de Saúde a criar estratégias 
e metas para organizar a atenção básica;
VII - planejar ações de prevenção e promoção à saúde 
e criar sistemas de informações, monitorando a efeti-
vação dos serviços oferecidos à população, acompa-
nhar o grau de resolução e impacto na sociedade.
58
VIII - Tornar público resultados positivos dos traba-
lhos efetivados pela atenção básica, a fim de estimular 
os profissionais, população e o governos a investirem 
em recursos e pesquisas para melhoria do sistema;
XI – estimular as pesquisas e intercâmbios de expe-
riência e estudos que visam o aperfeiçoamento de 
conhecimentos a Atenção Básica de Saúde e da Es-
tratégia Saúde da Família. Estimular a disseminação 
de tecnologias de conhecimento na área;
XII - estimular a participação popular e o controle 
social. 
Brasil, Ministério da Saúde, 2011.
Conhecendo as responsabilidades das diversas es-
feras do governo, é preciso observar que o usuário 
dos serviços de saúde tem seu primeiro contato com 
a comunidade a qual vive. No dia a dia de sua re-
sidência e do bairro, conhece os problemas sociais 
que atingem a comunidade e algumas famílias. Am-
pliando o contexto dos bairros, encontra-se a cidade 
com seu universo maior, com características diversas 
e inúmeros problemas sociais, como: saúde precária, 
violência, desemprego, trânsito, falta de moradias 
adequadas e outros. 
Após a cidade chegar ao município, encontra as di-
59
vergências sociais, políticas, e mais problemas, sejam 
eles de ordem social, saúde, escola, violência, de-
semprego, meio ambiente. Nessa esfera, o governo 
e suas secretarias devem implantar e organizar pro-
gramas com objetivo de atender as necessidades da 
população.
O município, através de suas instituições, tem o de-
ver de gerir o sistema de saúde de cada região.
Os recursos vêm através do Ministério da Saúde e 
são divididos em investimentos e custeio das ações 
federais, a outra parte é repassada para as instâncias 
municipais e estaduais, que devem atender o perfil 
da população de determinada região.
Os recursos são divididos de acordo com o perfil de 
cada município, como: municípios com maiores nú-
meros de problemas de saúde (crianças subnutridas, 
mortalidade materna, hipertensos e outros).
Esses recursos são somados também aos do próprio 
município e estado que devem gerenciar adequada-
mente as ações de serviços de saúde de sua população.
Portanto, cada município tem seu fundo municipal 
de saúde para assegurar os recursos da saúde.
Brasil, Ministério da Saúde, 2011.
60
Figura 6 – Áreas de difícil acesso 
Fonte: Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Favela-Nova_Friburgo.jpgA reorganização da Atenção Básica de Saúde passa 
pela nova estratégia do programa saúde da família, 
que tem como caráter substituir a rede de atenção 
básica tradicional dentro de cada território.
Esse modelo define o território de atuação da unida-
de de saúde com suas equipes de ESF, cadastrando 
domicílios, elaborando diagnósticos da comunidade, 
planejando os cuidados necessários e elaborando 
projetos de promoção e prevenção à saúde.
Todo projeto tem como foco a família e a comunida-
61
de a qual faz parte. Buscar integração com as demais 
instituições também faz parte das tarefas da equipe 
de saúde para ampliação do programa de promoção 
à saúde e a efetivação da cidadania local.
3.4. Características do processo 
de trabalho na Estratégia Saúde 
da Família
A reorganização da Unidade de Saúde começa com 
a reformulação da equipe de profissionais de saúde 
e a definição do território e população que será de 
responsabilidade dos profissionais da Unidade.
O planejamento das atividades de atenção à saúde 
deve atender as necessidades da população, com in-
tervenções de promoção, prevenção e participação 
no processo. As ações de saúde serão planejadas se-
guindo critérios de risco, vulnerabilidade e resiliên-
cia. Priorizando grupos de risco, promovendo ações 
integrais à saúde. Desenvolver e capacitar o grupo 
da unidade de saúde a ter o acolhimento com escuta 
qualificada e atenta às intercorrências mais comuns 
no grupo.
Desenvolver ações de atenção à saúde no domicilio do 
62
usuário, salões comunitários, escolas, creches, praças.
Promover ações de atenção domiciliar destinadas a 
usuários que possuam problemas de saúde controla-
dos/compensados e com dificuldade ou impossibili-
dade física de locomoção até uma unidade de saúde.
Desenvolver ações entre os diversos setores na co-
munidade, buscando a integração dos serviços e 
ações de promoção.
BRASIL, Ministério da Saúde, 2011.
63
Figura 7 – Território e Cidadania – áreas com menor renda domiciliar até 
três salários mínimos – ano 2000 
Fonte: Censo Demográfico IBGE – 2000. Projeção Estatística da Amostra
Nota: As porcentagens indicam a relação entre domicílios de determinada 
faixa de renda e o número total de domicílios permanentes, ambas as variá-
veis referentes a cada uma das 456 áreas de ponderação de amostra do Censo 
IBGE 2000 definidas para O Município de São Paulo.
Disponível em: www.prefeitura.sp.gov.br
64
exercícios
1 – Quais são as funções da Rede de Atenção Básica?
2 – As ações de saúde serão planejadas seguindo 
quais critérios? 
3 – As organizações das redes de Atenção Básica 
seguem quais parâmetros?
4 – O modelo Estratégia Saúde da Família é defini-
do como:
5 – As ações de saúde poderão ocupar outros espa-
ços nos bairros? Quais?
unidade 4
as atribuições das equipes 
de atenção básica no 
programa estratégia saúde 
da família
69
Na Estratégia Saúde da Família, os trabalhadores da 
saúde precisam conhecer o território em que o usu-
ário mora e onde a Unidade de Saúde está situada.
4.1 - Atribuições dos membros das 
equipes de Atenção Básica
Os profissionais da equipe Estratégia Saúde da Famí-
lia possuem suas normatizações particulares, garanti-
das através dos conselhos regionais de saúde de cada 
profissão. Exemplo: o Conselho Regional dos Médi-
cos, Conselho Regional dos Enfermeiros e outros. 
Respeitando a singularidade de cada profissão, na 
Equipe de atenção Básica, alguns itens serão de con-
senso entre todos os profissionais da equipe.
A participação no processo de apropriação da área 
de trabalho da equipe de saúde, através de instru-
mentos técnicos como visita domiciliar e a recursos 
sociais, como: conhecer a associação do bairro, a 
igreja e família, oferecerá a equipe da ESF, fatores de 
grande importância para planejar os trabalhos, assim 
como conhecer o perfil epidemiológico da popula-
ção e a área de abrangência da Unidade de Saúde. 
70
Todo processo necessita da participação da equipe 
de saúde, buscando esforços para encontrar parcei-
ros com os mesmos objetivos na região, que venham 
somar no processo de promoção e prevenção à saú-
de da comunidade, visando à melhoria de qualidade 
de vida para todos.
I - participar do processo de territorialização e ma-
peamento da área de atuação da equipe, identifican-
do grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e 
vulnerabilidades;
II - manter atualizado o cadastramento das famílias 
e dos indivíduos no sistema de informação indicado 
pelo gestor municipal e utilizar, de forma sistemá-
tica, os dados para a análise da situação de saúde, 
considerando as características sociais, econômicas, 
culturais, demográficas e epidemiológicas do territó-
rio, priorizando as situações a serem acompanhadas 
no planejamento local;
III - realizar o cuidado da saúde da população adscri-
ta, prioritariamente no âmbito da unidade de saúde e, 
quando necessário, no domicílio e nos demais espaços 
comunitários (escolas, associações, entre outros);
IV - realizar ações de atenção à saúde conforme a ne-
cessidade de saúde da população local, bem como as 
previstas nas prioridades e protocolos da gestão local;
V - garantir atenção à saúde, buscando a integrali-
dade por meio da realização de ações de promoção, 
71
proteção e recuperação da saúde e prevenção de 
agravos; e da garantia de atendimento da demanda 
espontânea, da realização das ações programáticas, 
coletivas e de vigilância à saúde;
VI - participar do acolhimento dos usuários reali-
zando a escuta qualificada das necessidades de saú-
de, procedendo à primeira avaliação (classificação de 
risco, avaliação de vulnerabilidade, coleta de infor-
mações e sinais clínicos) e identificação das necessi-
dades de intervenções de cuidado, proporcionando 
atendimento humanizado, se responsabilizando pela 
continuidade da atenção e viabilizando o estabeleci-
mento do vínculo;
VII - realizar busca ativa e notificar doenças e agra-
vos de notificação compulsória e de outros agravos 
e situações de importância local;
VIII - responsabilizar-se pela população adscrita, 
mantendo a coordenação do cuidado mesmo quan-
do esta necessita de atenção em outros pontos de 
atenção do sistema de saúde;
IX - praticar cuidado familiar e dirigido a coletivi-
dades e grupos sociais que visa propor intervenções 
que influenciem os processos de saúde doença dos 
indivíduos, das famílias, coletividades e da própria 
comunidade;
X - realizar reuniões de equipes a fim de discutir em 
conjunto o planejamento e avaliação das ações da 
equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis;
72
XI - acompanhar e avaliar sistematicamente as ações 
implementadas, visando à readequação do processo 
de trabalho;
XII - garantir a qualidade do registro das atividades 
nos sistemas de informação na Atenção Básica;
XIII - realizar trabalho interdisciplinar e em equipe, 
integrando áreas técnicas e profissionais de diferen-
tes formações;
XIV - realizar ações de educação em saúde à popula-
ção adstrita, conforme planejamento da equipe;
XV - participar das atividades de educação permanente;
XVI - promover a mobilização e a participação da 
comunidade, buscando efetivar o controle social;
XVII - identificar parceiros e recursos na comunida-
de que possam potencializar ações intersetoriais; e
XVIII - realizar outras ações e atividades a serem de-
finidas de acordo com as prioridades locais. Outras 
atribuições específicas dos profissionais da Atenção 
Básica poderão constar de normatização do municí-
pio e do Distrito Federal, de acordo com as priorida-
des definidas pela respectiva gestão e as prioridades 
nacionais e estaduais pactuadas.
Brasil. Ministério da Saúde, 2011.
73
4.2 - Conhecer as Atribuições de 
cada profissional na equipe da ESF
A Estratégia Saúde da Família como fruto da rees-
truturação do modelo de Atenção básica à saúde, 
faz com que cada profissional reveja sua atuação 
no sistema de saúde e na sociedade. Antes apenas 
aguardando a demanda chegar à unidade de saúde. 
A nova propostaincentiva o profissional a conhecer 
a comunidade e suas dificuldades e o que de fato leva 
As ações serão de responsabilidade de todos da 
equipe ESF e terão grande importância para a efeti-
vação da estratégia. Ou seja, cada membro da equipe 
tem seu papel na organização do novo modelo de 
atenção à saúde.
Segue abaixo as atribuições de cada técnico da equi-
pe da Estratégia Saúde da Família.
4.2.1. Enfermeiro:
O enfermeiro na ESF realiza atividades de enferma-
gem individual e coletiva. Na equipe da ESF o uni-
verso de ação é ampliado e mais próximo do usuário 
74
e da comunidade, conhecendo os problemas exis-
tentes no território da Unidade de Saúde. Participar 
de várias atividades educativas na Unidade de Saúde 
e na comunidade local colabora muito no processo 
de promoção e prevenção à saúde.
I - realizar atenção à saúde aos indivíduos e famí-
lias cadastradas nas equipes e, quando indicado ou 
necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços 
comunitários (escolas, associações etc), em todas as 
fases do desenvolvimento humano: infância, adoles-
cência, idade adulta e terceira idade;
II - realizar consulta de enfermagem, procedimen-
tos, atividades em grupo, conforme protocolos ou 
outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor 
federal, estadual, municipal ou distrital, observadas 
as disposições legais da profissão, solicitar exames 
complementares, prescrever medicações e encami-
nhar, quando necessário, usuários a outros serviços;
III - realizar atividades programadas e de atenção à 
demanda espontânea;
IV - planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvi-
das pelos ACS em conjunto com os outros membros 
da equipe;
V - contribuir, participar, e realizar atividades de 
educação permanente da equipe de enfermagem e 
outros membros da equipe; e
VI - participar do gerenciamento dos insumos ne-
75
cessários para o adequado funcionamento da UBS.
Do Auxiliar e do Técnico de Enfermagem:
I - participar das atividades de atenção realizando 
procedimentos regulamentados no exercício de sua 
profissão na UBS e, quando indicado ou necessário, 
no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários 
(escolas, associações etc);
II - realizar atividades programadas e de atenção à 
demanda espontânea;
III - realizar ações de educação em saúde à popula-
ção adstrita, conforme planejamento da equipe;
IV - participar do gerenciamento dos insumos ne-
cessários para o adequado funcionamento da UBS; e
V - contribuir, participar e realizar atividades de edu-
cação permanente.
4.2.2. Médico:
O modelo da ESF busca as descentralizações das 
ações dos profissionais em relação às questões saú-
de/doença, e insere o médico a participar da equipe 
ESF, para discutir, planejar as ações de saúde que ve-
nham beneficiar o usuário, família e a comunidade.
I - realizar atenção à saúde aos indivíduos sob sua 
76
responsabilidade;
II - realizar consultas clínicas, pequenos procedimen-
tos cirúrgicos, atividades em grupo na UBS e, quando 
indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais 
espaços comunitários (escolas, associações)
III - realizar atividades programadas e de atenção à 
demanda espontânea;
IV - encaminhar, quando necessário, usuários a ou-
tros pontos de atenção, respeitando fluxos locais, 
mantendo sua responsabilidade pelo acompanha-
mento do plano terapêutico do usuário;
V - indicar, de forma compartilhada com outros 
pontos de atenção, a necessidade de internação hos-
pitalar ou domiciliar, mantendo a responsabilização 
pelo acompanhamento do usuário;
VI - contribuir, realizar e participar das atividades 
de Educação Permanente de todos os membros da 
equipe; e
VII - participar do gerenciamento dos insumos ne-
cessários para o adequado funcionamento da USB. 
4.2.3 - Do Agente Comunitário de Saúde:
A ESF insere na equipe de saúde um novo profis-
sional de saúde, o Agente Comunitário de Saúde que 
reforça o elo entre a Unidade de Saúde e os usuários.
77
I - trabalhar com adscrição de famílias em base geo-
gráfica definida, a microárea;
II - cadastrar todas as pessoas de sua microárea e 
manter os cadastros atualizados;
III - orientar as famílias quanto à utilização dos ser-
viços de saúde disponíveis;
IV - realizar atividades programadas e de atenção à 
demanda espontânea;
V - acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas 
as famílias e indivíduos sob sua responsabilidade. As 
visitas deverão ser programadas em conjunto com a 
equipe, considerando os critérios de risco e vulne-
rabilidade de modo que famílias com maior neces-
sidade sejam visitadas mais vezes, mantendo como 
referência a média de 1 (uma) visita/família/mês;
VI - desenvolver ações que busquem a integração 
entre a equipe de saúde e a população adscrita à 
UBS, considerando as características e as finalidades 
do trabalho de acompanhamento de indivíduos e 
grupos sociais ou coletividade;
VII - desenvolver atividades de promoção da saúde, 
de prevenção das doenças e agravos e de vigilância 
à saúde, por meio de visitas domiciliares e de ações 
educativas individuais e coletivas nos domicílios e na 
comunidade, como por exemplo, combate à Den-
gue, malária, leishmaniose, entre outras, mantendo 
a equipe informada, principalmente a respeito das 
situações de risco; e
78
VIII - estar em contato permanente com as famílias, 
desenvolvendo ações educativas, visando à promo-
ção da saúde, à prevenção das doenças, e ao acom-
panhamento das pessoas com problemas de saúde, 
bem como ao acompanhamento das condiciona-
lidades do Programa Bolsa Família ou de qualquer 
outro programa similar de transferência de renda e 
enfrentamento de vulnerabilidades implantado pelo 
Governo Federal, Estadual e Municipal, de acordo 
com o planejamento da equipe.
BRASIL. Ministério da Saúde, 2011. 51 p.
79
Figura 8 – Mapa da Exclusão/inclusão Social - Áreas mais distantes 
do centro da cidade são as mais carentes.
Fonte: PUC – SP , Inpe, Instituto País. Mapa de Exclusão Social/In-
clusão Social
Nota: Realizado com Phicarto. Disponível em: www.prefeitura.sp.gov.br
80
4.3. Competência do Município
A reformulação do sistema de Saúde propõe aos go-
vernos um grande desafio e habilidade técnica para 
implantação da universalização da atenção à saúde 
da população. As implantações das propostas de 
saúde em alguns momentos ficam a mercê das es-
tratégias políticas que não atendem as demandas da 
população local.
A implantação das mudanças na área da saúde deve 
ter uma linha gerencial que favorece a efetiva im-
plantação do modelo de assistência à saúde, visando 
à promoção e prevenção da saúde.
Os municípios têm papel importante na realização 
da Estratégia Saúde da Família. Os estados e a fede-
ração devem pactuar das necessidades da população 
e de uma política de saúde de acordo com o territó-
rio e a demanda local.
Município e a federação devem garantir a capacita-
ção dos profissionais de saúde envolvidos na Estra-
tégia Saúde da Família. O Ministério da Saúde refor-
ça a importância do novo modelo de atenção à saúde 
e enfatiza sua importância na saúde da população.
Nesse contexto, competem às secretarias municipais 
81
e à federação vários fatores que venham efetivar a 
Estratégia Saúde de Família como modelo de ação à 
saúde de forma prioritária. São eles:
◦ Efetivação dos recursos financeiros para o programa;
◦ Acompanhamento do uso adequado dos recursos 
financeiros junto ao Ministério da Saúde;
◦ Reorganizar a Rede de Atenção Básica, priorizan-
do modelo de Atenção à Saúde, Estratégia Saúde da 
Família e capacitar os profissionais envolvidos na 
estratégia;
◦ Utilizar instrumentos técnicos implantados pelo 
Ministério da Saúde para avaliação e monitoramento 
das unidades envolvidas;
◦ Realizar seleção e contratação remuneradas dos 
profissionais;
◦ Planejar, organizar ações de saúde de forma uni-
versal e respeitando as características dos territórios;
◦ Providenciar espaços adequados para equipe tra-
balhar, recursos materiais, equipamentos e insumos 
para atender as necessidades da demanda;
◦ Planejar açõesde acordo com o território e a po-
pulação local;
◦ Alimentar o banco de dados do programa, visando 
análise e qualidade dos serviços prestados e o grau 
de resolutividade;
◦ Organizar a demanda para as referências e contra 
referências em busca de maior resolutividade;
82
◦ Atualizar cadastro funcional de acordo com o Sis-
tema Nacional vigente.
Brasil. Ministério da Saúde, 2011.
83
exercícios
1 – Cite 5 (cinco) atribuições do ACS na equipe 
Estratégia Saúde da Família.
2 – Cite 5 (cinco) atribuições dos médicos na equipe 
ESF. 
3 – Cite dois itens necessários para conhecer o ter-
ritório de atuação da ESF.
4 – Os profissionais de saúde são responsáveis pela 
ESF. Comente.
5 – Cite dois itens de responsabilidade da auxiliar de 
enfermagem na ESF.
unidade 5
visita domiciliar e o agente 
comunitário de saúde
87
A visita domiciliar é a principal ferramenta do Agen-
te Comunitário de Saúde para efetivação da Estraté-
gia Saúde da Família.
Figura 9 – Falta de asfalto dificultando o acessoFonte: PUC – SP , Inpe, Instituto 
País. Fonte: Disponível em: em-rua-de-vista-alegre.htm/#axzz27h7
5.1. Visita domiciliar e a Equipe da 
Estratégia Saúde da Família
A visita domiciliar, como instrumento de atuação 
técnica, é uma ação de invasão de privacidade da fa-
mília. Mas, é necessária para conhecer a realidade do 
usuário do serviço de saúde. A VD tem objetivos e 
necessita do conhecimento do território da família 
88
para planejar ações de saúde que venha de encontro 
com a necessidade do momento. A VD busca entrar 
no mundo do outro, no desconhecido. Encontrar 
medos, preconceitos, dúvidas, vergonha etc.; situ-
ações comuns nas visitas domiciliares. O primeiro 
contato não é fácil para o profissional e nem para a 
família, pois ainda estão se conhecendo.
As visitas domiciliares devem ser evitadas em horá-
rios de refeições, pois a família se sentirá obrigada a 
suspender as refeições ou convidá-los à mesa, geran-
do assim certo constrangimento entre o técnico e a 
família. Em alguns casos, a recusa poderá ofender o 
dono da casa. 
As relações de respeito entre o profissional de saúde 
e a família devem ser observadas, pois é a casa do 
outro, do desconhecido. Como receber, aceitar valo-
res, informações de outras pessoas, tornar o máximo 
possível a VD em ação profissional e deixar muito 
claro o seu objetivo.
É necessário sempre ter um objetivo para a realiza-
ção da visita domiciliar, ter postura profissional e es-
tar aberto a ouvir. O profissional deve trabalhar seus 
medos, preconceitos, ansiedade e ter sensibilidade 
humana e profissional para escutar e compreender 
o movimento do paciente e família. Muitas vezes, o 
89
silêncio e alguns comportamentos expressam hipó-
teses preocupantes em que devemos levar a equipe e 
discutir o caso para melhor intervenção técnica.
A visita domiciliar realizada pelo Assistente Social, 
Agente Comunitário de Saúde ou Enfermeira, deve-
rá ter como objetivo a promoção à saúde, educação, 
moradia, trabalho e outros. É um momento em que 
o agente comunitário leva sua equipe multiprofissio-
nal para conhecer a realidade da comunidade e da 
família. O contato da equipe de saúde com a realida-
de local poderá preocupar o profissional com as di-
ficuldades e carências apresentadas pela população, 
como: lixo na calçada, crianças fora da escola, esgoto 
a céu aberto etc., mas este momento é um grande 
instrumento para o planejamento seguir coerente à 
realidade das pessoas e do território.
A visita domiciliar aproxima a família e a unidade de 
saúde. Inicia uma parceria de confiança e aproxima-
ção da realidade da família e comunidade, o que irá 
facilitar o processo de promoção necessário. O rela-
cionamento torna-se mais leve e claro tornando-se 
positivo para ambas as partes.
Em outras épocas, a visita domiciliar era instrumen-
to técnico de um único profissional, o Assistente So-
cial. Com a implantação de vários programas de pro-
90
moção à saúde, este instrumento passa a ser usado 
por vários profissionais na unidade, principalmente 
os do programa PSF. A equipe percebe que, conhe-
cendo o território, a família é um grande ganho para 
a evolução do programa.
Assim, a visita domiciliar é uma das principais estra-
tégias interdisciplinares, pois rompe barreiras entre a 
instituição e a comunidade.
Brasil, Ministério da Saúde, 2009
5.2. Visita Domiciliar e o Agente 
Comunitário de Saúde
Com a reestruturação do modelo de atenção à saú-
de básica, surge um novo personagem no modelo 
estabelecido. O Agente Comunitário de Saúde tem 
como objetivo conhecer o território que irá atuar, 
enquanto cidadão do Sistema Único de Saúde, e con-
tribuir para a melhoria das condições de vida através 
da promoção e vigilância em saúde. Seu papel é es-
tabelecer o elo entre a comunidade e as instituições 
prestadoras de serviço de saúde e outras.
A seleção, através dos recursos humanos, é feita 
por meio do cadastro de moradores de determina-
91
5.3 – Conhecendo o Território
da área. O agente selecionado é um dos moradores 
que passou por um processo de seleção e perfil ético 
profissional para executar uma atividade de saúde 
junto a sua comunidade.
Brasil, Ministério da Saúde, 2009
Figura 10 – Grandes caminhos a percorrer 
Fonte: Disponível em: proefe.wordpress.com.category/foto/jaboticabal
Para conhecer o território que irá atuar como agen-
te comunitário de saúde, em um primeiro momen-
to, deve saber o número de pessoas existentes no 
92
território delimitado geograficamente, observando 
que é o local de moradia das pessoas, local de tra-
balho, onde cultivam seus valores e crenças e onde 
estabelecem suas relações sociais e culturais.
Coletando os dados e sistematizando, estamos tra-
çando um perfil epidemiológico, socioeconômico e 
político-cultural, que será conhecido da equipe de 
saúde e irá contribuir para o processo de promoção 
à saúde da comunidade local.
Os dados são oferecidos pelo IBGE, bem como o 
mapa da área e suas divisas, sendo possível assim co-
nhecer as áreas vizinhas de determinado território. 
Esses dados terão grande valor no mapeamento do 
território a ser trabalhado pelo PSF. 
Por meio de visitas domiciliares, se iniciará o cadas-
tramento das famílias de seu território (microárea). O 
cadastramento se dará através de fichas específicas. 
Inicia-se um processo de mapeamento do território, 
número de pessoas do sexo feminino e masculino, 
número de crianças, idosos, faixa etária etc. A partir 
deste passo, é possível traçar o perfil epidemiológico 
do território, quais doenças são mais frequentes etc. 
É preciso conhecer as condições de vida da comunida-
de, por exemplo: estado do saneamento básico, escolas, 
93
creches, número de pessoas por idade e sexo, grau de 
escolaridade, tipos de habitação, número de desempre-
gados, instituições existentes, igrejas, templos, cemité-
rio, depósitos de lixo/aterros sanitários, associações de 
esportes e lazer, associações de bairro etc. 
O cadastro possibilita o conhecimento das reais 
condições de vida das famílias residentes na área de 
atuação da equipe, tais como a composição familiar, 
a existência de população indígena, quilombola ou 
assentada, a escolaridade, o acesso ao saneamento 
básico, o número de pessoas por sexo e idade, as 
condições da habitação, o desemprego, as doenças 
referidas etc.
Brasil, Ministério da Saúde, 2009.
5.4. Mapeando o Território
Inicia-se através de um mapa com a geografia do ter-
ritório. Esse instrumento é muito importante para a 
equipe. Um mapa simples que deve conter as princi-
pais ruas e bairros. Através deve é possível localizar 
e conhecer casas, escolas, serviços de saúde, pon-
tes, córregos, lixões e outros lugares que existem no 
território. Com a comunidade, o agente comunitário 
de saúde pode acrescentar informações no mapa e 
corrigi-las, se necessário. Conhecendo o território, 
94
a equipe terá condições de visualizar as carências e 
estabelecer um diagnóstico de sua área.
Nesse diagnóstico, osagentes comunitários de saúde 
e suas equipes irão identificar quais os riscos que in-
terferem na qualidade de vida da família. Esse mapa 
deve ser atualizado sempre, pois o espaço da comu-
nidade é dinâmico, sofre transformações constantes.
95
Figura 11 – Incidência de homicídios nas causas de morte da po-
pulação total
Fonte: PUC – SP, Inpe, Instituto País. Mapa de Exclusão Social/
Inclusão Social
Nota: Realizado com Phicarto
Disponível em: www.prefeitura.sp.gov.br
96
5.5. Agente Comunitário de Saúde 
transformando a realidade do seu 
território
O agente comunitário de saúde conhece a proble-
mática local, pois mora no mesmo bairro e convive 
com inúmeras questões que afetam a qualidade de 
vida dos moradores daquela região. 
O local de trabalho do agente é uma Unidade de 
Saúde, de determinada área, seu local de capacitação 
e desenvolvimento técnico com sua equipe de traba-
lho. A unidade de saúde e sua equipe irão planejar 
formas de desenvolver ações de saúde que atendam 
as necessidades da população local.
A maior parte de sua jornada de trabalho será feita 
fora da unidade de saúde, conhecendo a região, vi-
sitando os domicílios envolvidos no programa, co-
nhecendo a realidade das famílias e as problemáticas 
por elas apresentadas. Paralelo ao sistema de conhe-
cimento, as famílias irão também conhecer a comu-
nidade como um todo. A infraestrutura, saneamento 
básico, escolas, creches, abrigos, áreas de violência, 
problemas com drogas, idosos, crianças e outros.
O agente irá desenvolver o papel de intermediário 
entre a unidade de saúde e a comunidade, ou seja, 
97
sua ação é uma extensão da unidade de saúde local. 
Sua capacidade de se comunicar com a população 
facilitará a inserção do programa Saúde da Família.
Deverá estabelecer diálogo com as famílias e víncu-
los profissionais para que seu papel, enquanto trans-
formador da problemática existente na comunidade 
ou família, possa contribuir para a qualidade de vida 
das pessoas.
Brasil, Ministério da Saúde, 2009.
Figura 12 – Composição Etária da População
Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2000.
Disponível em: www.prefeitura.sp.gov.br
98
5.6 - Conhecendo caminhos, 
descobrindo o território
Caminhos mais fáceis para se 
chegar aos locais
Conhecer barreiras que dificul-
tam o caminho das pessoas e 
da equipe: rios, morros, lixão, 
falta de asfalto.
Conhecer a realidade da co-
munidade e família
Equipe caminha pelo território 
e apresenta a nova estratégia de 
saúde pública.
Planejar as visitas domiciliares
Organizar planilhas, horários e 
objetivo das VDs.
Identificar grupos prioritários
Idosos, gestantes, hipertensos, 
diabéticos, crianças, deficientes, 
tuberculosos etc.
Identificar recursos sociais
Creches, associações, entidades 
filantrópicas etc.
Estabelecer contatos sociais
Igrejas e entidades prestadoras 
de serviços à comunidade.
Identificar área de violência
Conhecer o motivo/discutir 
com a comunidade e equipe
Discutir com equipe os pro-
blemas da população local
Planejar com a equipe como 
resolver os problemas de saúde
Brasil, Ministério da Saúde, 2009.
Situações de risco no território:
• Crianças desnutridas;
• Gestantes que não fazem pré-natal;
• Gestantes que fumam;
99
• Idosos acamados;
• Deficientes abandonados;
• Crianças em situação de violência; 
• Famílias desestruturadas, usuários de drogas e outros.
Figura 13 – Comunidades Quilombolas - Com a elaboração do mapa a equipe do 
PSF passa a conhecer
Fonte: www.ocarete.org.br/acoes/programas/comunidades-quilombolas/
100
5.7 – O ACS e a Unidade de Saúde
O agente comunitário, enquanto intermediário en-
tre unidade de saúde e família, deverá estar sempre 
atento às questões que venham acometer as famí-
lias de seu território, identificando com elas quais 
as intercorrências e por que estão ocorrendo. Ex.: 
casos de diarreia: como está o saneamento básico? 
Há água tratada pela rede do governo? As crianças 
andam descalças? Tem geladeira para armazenar os 
alimentos prontos?
Conhecendo os problemas, deverão ser encaminha-
dos à unidade básica de saúde para avaliação e acom-
panhamento para resolutividade do caso.
Em alguns casos, a família é tímida, tem receios, 
você poderá observar e relatar o caso à equipe, para 
juntos procurarem a melhor forma de abordar e aju-
dar a família. Todo cuidado ao abordar questões par-
ticulares pode eliminar constrangimento de ambas 
as partes.
A visita domiciliar dever ser efetivada sempre pelo 
agente comunitário de saúde e, quando necessário, 
por outro técnico da equipe. Um dos papéis do 
agente é desenvolver ações de educação em saúde. 
Esse processo de informação e formação também 
101
poderá ser feito em espaços comunitário.
Toda ação deve visar à promoção à saúde e à quali-
dade de vida das famílias. Ser otimista, incentivador, 
orientador e saber ouvir irá estimular o envolvimen-
to da família como programa de saúde.
O planejamento das ações de saúde é muito impor-
tante porque irá fortalecer o trabalho desenvolvido 
do agente comunitário e sua equipe. Sempre envol-
ver as pessoas nas ações de saúde e meio ambiente 
de seu território. Transformado a família/comunida-
de em ambientes mais saudáveis. Conhecer as con-
dições de moradia das pessoas poderá identificar os 
riscos que aumentam as doenças.
Brasil, Ministério da Saúde, 2009.
Como exemplo, podemos citar:
◦ Desemprego;
◦ Lixo armazenado em local inadequado;
◦ Água sem tratamento e contaminada;
◦ Esgoto a céu aberto;
◦ Falta de alimentação ou consumo inadequado de 
alimentos;
◦ Baixa renda;
◦ Automedicação;
◦ Descontinuidade do tratamento;
◦ Falta de acesso a serviços de distribuição de energia 
102
elétrica, água, transporte público, escola, creche etc.;
◦ Violência em famílias.
Dificuldades para acessar os serviços de saúde por 
parte dos usuários:
◦ Serviços localizados a grandes distâncias do local 
de moradia;
◦ Horário dos serviços e dias de atendimento restri-
tos, dificultando o acesso;
◦ Capacidade da rede insuficiente;
◦ Falta de profissionais;
◦ Burocratização do atendimento;
◦ Preconceitos raciais, religiosos, culturais, sociais e 
outros;
◦ Falta de espaço adequado para receber deficientes;
◦ Desconhecimento do profissional da realidade da 
família/comunidade.
5.8. Estudo de caso
A dificuldade de conhecer a realidade do usuário di-
ficulta o processo de assistência à saúde e a resoluti-
vidade dos casos.
Em determinada comunidade formada por oito ca-
sas, observou-se a incidência de diarreias e dermati-
tes em crianças. Encaminhadas às Unidades Básicas 
103
de Saúde, após atendimento para resolutividade, o 
caso foi encaminhado ao agente comunitário de saú-
de, que agendou uma visita domiciliar para conhecer 
o bairro, a moradia das crianças e a forma de distri-
buição de água no local.
Na visita domiciliar foi observado que todas as ca-
sas recebiam água tratada em tubulações adaptadas, 
inadequadas e sem proteção. Próximo à área, havia 
uma caixa de cimento onde o lixo era armazenado. A 
caixa era suja, trincada, sem proteção e inadequada, 
havia resíduos escorrendo da caixa e forte odor.
Os canos também tinham trincas e vazamentos, o re-
síduo do lixo entrava através das rachaduras, contami-
nando a água que era usada para beber, cozinhar, fazer 
mamadeira. Na ausência de espaço de lazer, creche e 
escola, as crianças brincavam próximas à área (descal-
ças, não lavavam as mãos, pegavam na terra molhada), 
os cachorros transitavam de um lado para outro, e ou-
tros bichos aparecem, como moscas, pombos.
Nesta visita, verificou a existência desses fatores que 
fatalmente contribuem pra o risco de adoecer. Após 
o conhecimento dos riscos, o agente comunitário, 
passará o caso para a equipe. Juntos irão planejar 
uma ação para envolver todos os órgãos do setor pú-
blico a fim de sanar os problemas e eliminar o risco.
104
No caso, podemos citar vários órgãos que deverão 
ser acionados pela equipe e a comunidade para sanar 
os riscos apresentados, como: solicitar ao órgão res-
ponsável o consertodos encanamentos e orientar a 
comunidade sobre rede de esgoto, a maneira correta 
de realizar a coleta de lixo, desenvolver ações educa-
tivas para conhecimento do problema e as formas de 
evitar as doenças provenientes de condições inade-
quadas de vida da comunidade.
A equipe de ESF irá acompanhar o caso e monitorar 
as evoluções no processo de promoção e prevenção 
à saúde.
105
exercícios
1 – Comente o que você entendeu sobre a atuação 
do Agente Comunitário de Saúde.
2 – Como conhecer o território de atuação da ESF?
3 – Fale sobre os objetivos da Visita Domiciliar.
4 – As visitas domiciliares deverão ser planejadas? 
Por quê?
5 – Como ocorre a seleção do Agente Comunitário 
de Saúde?
106
“A realidade é um processo histórico”
Georg Hegel - nasceu na Alemanha, 1770 a 1831.
107
Figura 14 – A equipe e os objetivos
Fonte: Disponível em: paroquiasabinopolis.blogspot.com.br/p/comunidades.html
unidade 6
ética e a visita domiciliar
111
Ética
Ética, segundo o dicionário da língua portuguesa, é 
a parte da filosofia que estuda os deveres do homem 
para com Deus e a sociedade. Deontologia: ciência 
da moral.
Cada grupo possui seu código de ética, assim é a 
família, a comunidade e outras instituições. Na visi-
ta domiciliar, a ética profissional é um conjunto de 
atitudes e comportamentos, valores que vão nortear 
o diálogo durante a visita. A comunicação verbal e 
a postura profissional devem ser pautadas na ética 
para que ocorra um bom relacionamento social e al-
cance dos objetivos. O respeito mútuo e a compre-
ensão dos valores do outro irão facilitar as ações que 
visam à promoção e prevenção à saúde.
Fortalecendo o vínculo profissional através dos ob-
jetivos claros da visita domiciliar e o respeito com 
o outro contribui o planejamento estabelecido pela 
equipe da ESF.
6.1. Visita domiciliar e a ética profissional
O trabalho em equipe exige algumas regras que se-
rão imprescindíveis para um trabalho técnico, hu-
112
manizado e sensível, às questões que permeiam o 
mundo de cada casa, cada família, cada comunidade, 
cada unidade de saúde.
Diria que é universo ímpar, participar em cada espa-
ço, cada domicílio. Sempre que iremos conhecer e 
entrar no espaço chamado domicílio é um momento 
de grande ansiedade e medo. Pois, estamos indo de 
encontro com o desconhecido e não sabemos como 
é e o que iremos encontrar, sabemos que algumas 
questões são atípicas, e que a família e a comuni-
dade tratam como normal. Ou seja, com o tempo, 
aprenderam a sobreviver com a situação existente, 
por medo ou falta de recursos ou orientações.
O preparo das emoções e o preparo técnico darão 
o tom do diálogo. A ética será a chave mestra do 
processo e influenciará a evolução do processo de 
promoção à saúde ou poderá se tornar um grande 
problema de ordem administrativa e técnica.
O trabalho desenvolvido na área da saúde é realiza-
do por uma equipe de multiprofissionais, onde cada 
um tem conhecimento técnico de sua área. Cada um 
tem sua responsabilidade e produz ações que devem 
visar ao interesse da população atendida.
Deve estar atento e sensibilizar a equipe, pois cada 
113
pessoa da equipe tem sua história de vida, práticas, 
culturas e formação diferentes. O grupo de trabalho 
na unidade de saúde tem um objetivo especifico: a 
promoção à saúde. Para efetivação da equipe, há a 
necessidade de existir momentos de discussões e re-
flexões sobre o papel na sociedade e na comunidade 
em que atua. Prestar sempre atenção que equipe é 
um grupo de pessoas que precisa aprender a traba-
lhar juntos.
A organização da equipe nos planejamentos e proje-
tos terapêuticos para assistir a população irá desper-
tar que cada membro da equipe tem um olhar para a 
questão e que todos os envolvidos no processo têm 
grande importância no processo de cuidar.
Mesmo com a interação da equipe, algumas ações 
são específicas de determinado profissional.
Brasil, Ministério da Saúde, 2009
6.2 – Ações técnica de promoção à 
saúde de cada profissional da ESF
O quadro a seguir mostra as ações de saúde que 
competem à equipe da ESF.
114
Pr
ofi
ss
io
na
is
A
cs
A
ux
./
té
cn
ic
o 
de
 e
nf
er
m
ag
em
E
nf
er
m
ei
ro
M
éd
ic
o
A
ge
nt
e 
de
 
co
nt
ro
le
 d
e 
en
de
m
ia
s
D
en
tis
ta
T
éc
ni
co
 e
m
 
sa
úd
e 
bu
ca
l
A
ux
. d
e 
sa
úd
e 
bu
ca
l
 P
la
ne
ja
m
en
to
X
X
X
X
X
X
X
X
V
isi
ta
 d
om
ic
ili
ar
X
x
X
X
X
X
X
X
Pr
es
cr
ev
er
 
m
ed
ic
am
en
to
s
X
X
X
O
rie
nt
aç
ão
 so
br
e 
hi
gi
en
e 
bu
ca
l
X
X
X
X
X
X
X
X
C
ad
as
tra
m
en
to
 
da
 fa
m
íli
a
X
C
on
su
lta
 m
éd
ic
a
X
C
on
su
lta
 d
e 
en
fe
rm
ag
em
X
A
pl
ic
ar
 la
rv
ic
id
a
x
Re
al
iz
ar
 a
çõ
es
 
de
 e
du
ca
çã
o 
em
 
sa
úd
e
X
X
X
X
X
X
X
x
Av
al
ia
çã
o
X
X
X
X
X
X
X
x
Fonte: Brasil, Ministério da Saúde, 2009
115
6.3.- Solidariedade, Compreensão, 
Ética na Visita domiciliar
A vista domiciliar é um instrumento de trabalho im-
portante para o Agente Comunitário de Saúde. Ao 
realizar a VD, o ACS conhece a residência da família, 
o espaço físico, mas também o que ele representa 
para a família. A família tem seus valores culturais e 
sociais, religiosos, e seus códigos de sobrevivência.
Um olhar mais sensível e a capacidade de compreen-
der irão contribuir para a aproximação e estabelecer 
uma relação de confiança. Estabelecer um vínculo 
é necessário ao processo de promoção, prevenção, 
controle e recuperação da saúde. Estabelecer um 
bom vínculo é necessário, mas impor limites na re-
lação também é importante, deve-se dissociar a sua 
relação pessoal e a profissional enquanto agente de 
saúde. Saber ouvir, discutir proposta e, se necessário, 
informar a equipe deve ser um fator primordial.
Ouvir, na Estratégia Saúde da Família, significa ter 
cuidado com as informações que irá receber e guardá-
-las, assegurando o sigilo profissional. Lógico que, em 
alguns casos, será necessário informar a equipe e pe-
dir auxilio para prosseguir o processo de promoção. 
Falar sobre o que ouviu fora da equipe técnica, em 
corredores, padarias, vizinhança, é um grande desres-
116
peito com a pessoa e sua família e uma falta de ética 
profissional que, fatalmente, irá interferir no trabalho 
de forma negativa. Assim, toda confiança da família 
com o agente comunitário de saúde será quebrada e a 
proposta do programa será comprometida. 
Cada família tem seu perfil, com a transformação da 
sociedade iremos encontrar vários modelos de fa-
mília. As classificações de modelos não serão pre-
ocupação, mas sim como cada conduta e ação são 
recebidas pela família e como essas informações po-
derão ajudá-las. Acolher, ouvir e orientar também é 
uma ação educativa, elas devem ser claras e objetivas.
As visitas domiciliares devem ser planejadas, ter um 
roteiro, tempo e o motivo deverá ser informado à 
família. Conhecer a pessoa e chamá-la pelo nome 
sempre demonstra seu interesse e respeito.
Assim como o agente comunitário de saúde, toda a 
equipe deverá ter posturas profissionais perante o 
paciente e família, sem julgamentos quanto à opção 
sexual, religião ou trabalho. As diferenças devem ser 
respeitadas, tendo sempre tolerância e imparcialidade.
Após a visita, o agente comunitário deve avaliar se 
os objetivos foram alcançados. Verificar se os da-
dos e as informações foram contemplados dentro 
117
da proposta inicial. Avaliar, discutir junto à equipe 
para averiguar possíveis falhas ou dúvidas, ajudando 
assim o processo para a próxima visita.
Na realização da visita é possível conhecer e verificar 
várias questões que fazem parte do cotidiano das famí-
lias e que dificultam melhores cuidados com a saúde.
Brasil, Ministério da Saúde, 2009
Por meio das VDs, conhecemos a problemática da 
família:
• Gravidez na adolescência;
• Crianças desnutridas;
• Pessoas com deficiência;
• Idoso abandonado;
• Falta de orientação correta para cuidar da saúde e 
melhorar sua qualidade de vida;
• Divulgar e orientar

Continue navegando