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Aparecida S. Oliveira visita domiciliar conceitos, princípios e técnicas Aparecida dos Santos de Oliveira 1ª Edição | Novembro |2012 Impressão em São Paulo / SP Editora 1ª Edição: Novembro de 2012 Impressão em São Paulo/SP Copyright © EaD KnowHow 2012 Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Coordenação Geral Coordenação de Projetos Professora Responsável Coordenadora Pedagógica de Cursos Ead Revisão Ortográfica Projeto Gráfico, Capa e Diagramação Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 visita domiciliar conceitos, princípios e tècnicas O48v Oliveira, Aparecida dos Santos de. Visita domiciliar: conceitos, princípios e técnicas. / Aparecida dos Santos de Oliveira – São Paulo : Know How, 2012. 128 p.: 21 cm. Inclui bibliografia ISBN: 978-85-8065-189-8 1.Visita domiciliar. 2. Política pública. 3. Saúde da família. 4. Brasil. 5. SUS. I. Título. CDD 362.10981 Nelson Boni Grisiela Reis Aparecida dos Santos de Oliveira Roseli Lopes de Macedo Leal Vitor Bioni Bertollini Vanessa Almeida “Nosso caráter é o resultado de nossa conduta.” Aristóteles - filósofo – 384 a 322 a.C. - nasceu em Estagira (nordeste da Grécia moderna) apresentação Prezado (a) Aluno (a), O tema “visita domiciliar”, na área da saú- de, antes da formulação do SUS (Sistema Único de Saúde), era ferramenta exclusiva de um único pro- fissional do Serviço Social. Toda visita domiciliar era efetivada pelo profissional da área do Serviço Social. A Assistente Social fazia o intercâmbio entre instituição, família e comunidade. Nesse processo, a atuação era mediar a relação entre a instituição e a fa- mília, conhecendo a problemática social que poderia estar relacionada com as questões de saúde, moradia, saneamento básico, escola, creche e outros. Intervin- do como observador do contexto socioeconômico e psicossocial, ficava sobre sua responsabilidade técni- ca conhecer recursos, instituições e encaminhar para uma solução da problemática, sem atuação da equi- pe multiprofissional da instituição. Podemos citar como exemplo as altas hospi- talares; muitas vezes, as famílias não tinham condi- ções de receber os doentes e continuar o tratamento necessário. Nestes casos, o Assistente Social sofria as pressões para desocupação do leito, pois a instituição e os demais profissionais desconheciam a realidade da família e da comunidade que o paciente vivia. As questões sociais, como educação, saúde, moradia, abandono e violência, eram encaminhadas de forma independente. Não existia uma análise dos fatores gerais que interfeririam na recuperação do paciente. As dificuldades eram isoladas, sem um olhar mais ampliado pela equipe multiprofissional. Outro exem- plo, o retorno de crianças e adolescentes às famílias após internação em instituições socioeducativas. Após o processo de recuperação institucional, o re- torno à família e à comunidade deve ser trabalhado pela instituição por meio da equipe que acompa- nhou o processo, e não apenas por um único téc- nico, que tem como responsabilidade fazer o inter- câmbio família-instituição e encaminhar a criança ou adolescente a sua residência para cumprir o proto- colo institucional. As condições gerais da família e os recursos da comunidade não contribuíam no pro- cesso. Como trabalhar essas questões isoladamente sem conhecer a família, a comunidade, a escola que deverá participar do processo de recuperação das crianças? Percebe-se que as questões ultrapassam as fronteiras institucionais e que a família e a comuni- dade devem e podem colaborar muito no processo de inclusão social. Fica claro que conhecer as questões familiares e da comunidade através das visitadas domiciliares for- talece o processo de apropriação das dificuldades e aproxima o técnico da realidade da família, o que irá contribuir para possível resolutividade das dificulda- des apresentadas. Com a reestruturação do modelo de atenção à saúde, percebe-se que o homem é um ser complexo que sofre todas as influências da sociedade, sejam elas positivas ou negativas. O contexto no qual está in- serido: moradia, infraestrutura, saneamento básico, unidade de atenção básica de saúde, emprego, edu- cação, violência, transporte público, meio ambiente, lixo etc., refletem em seu cotidiano e formação en- quanto cidadão. Para contribuir no processo de promoção socioedu- cativa, biopsicossocial e promoção à saúde, os pro- fissionais precisam conhecer todas as variáveis que interferem nesse processo. Na reestruturação do modelo de atenção básica de saúde, a ferramenta visita domiciliar é uma grande estratégia para efetivação das políticas públicas de saúde como melhoria da qualidade de vida das pes- soas envolvidas no processo. Professora Aparecida dos Santos de Oliveira UNIDADE 1 Princípios Norteadores da Visita Domiciliar UNIDADE 2 SUS e as Políticas de Saúde Pública UNIDADE 3 Política Nacional de Atenção Básica UNIDADE 4 As Atribuições das Equipes de Atenção Básica no Programa Estratégia Saúde da Família UNIDADE 5 Desafios na Visita Domiciliar e Agente Comunitário de Saúde UNIDADE 6 Ética e a Visita Domiciliar GABARITO BIBLIOGRAFIA Sumário 13 33 49 67 85 109 123 125 unidade 1 princípios norteadores da visita domiciliar 15 A visita domiciliar, dentro da nova estratégia de saúde pública, tem um grande papel junto aos usuários dos serviços de saúde. A visita domici- liar pode ser entendida como conjunto de ações de saúde que propiciam ações educativas e assis- tenciais, buscando a interação mais efetiva entre a equipe de saúde e os usuários dos serviços. (San- tos, E.M, 2011) A Estratégia Saúde da Família usa esse instrumen- to para desencadear as ações de saúde. A visita domiciliar, na Estratégia Saúde da Famí- lia, é um instrumento fundamental e de grande importância para o processo de promoção e pre- venção à saúde. É através do contato extramuro institucional que a equipe de saúde tem a opor- tunidade de conhecer a realidade dos usuários e da comunidade e de estabelecer vínculos entre os profissionais de saúde e os usuários. O contato por meio das visitas domiciliares facili- ta aos profissionais o conhecimento de costumes, valores, crenças, pois a casa, o lar, é o santuário da família, espaço dos acontecimentos, das alegrias e tristezas. Nesta primeira unidade serão apresentadas defini- 16 ções sobre visita domiciliar e qual o objetivo des- se instrumento. 1.1. O que é visita domiciliar - O que é visita? - O que é domicilio? - O que se busca através desse instrumento? Figura 1 – conjunto habitacional popular Fonte: Disponível em: www.campograndern.com.br/?p=3768 17 Visita domiciliar • Definições segundo dicionário da língua portuguesa: Visita - ato ou efeito de visitar: ato de ir ver alguém por dever ou atenção. Domicílio - casa de residência: habitação fixa: lugar de residência permanente: segundo a lei, lugar onde a pessoa tem a sede dos seus interesses. Moradia, residência, lar. É um instrumento que vem auxiliar os profissionais de saúde a conhecer a realidade dos usuários nos ser- viços de saúde, com objetivo de colaborar na elabo- ração de diagnósticos do contexto saúde e doença. A visita domiciliar é uma ferramenta técnica usada por vários profissionais, não é privilégio de um ou de outro técnico. A visita domiciliar contribui no processo de huma- nização, educação e reflexão sobre o homem, bem como o meio em que vive, moradia, escola, lazer, saneamento básico, meio ambiente e recursos sociais para atender as necessidades das comunidades. A vi- 18 sitadomiciliar é um instrumento para ações no nível primário de assistência à saúde e, principalmente, na Estratégia Saúde da Família. Assim, a Visita Domiciliar é um facilitador de acesso aos serviços públicos de saúde e busca atender aos usuários de forma integral e assisti-los em suas re- ais necessidades. Possui um caráter de humanizar as ações de saúde, a promoção, prevenção, educação e reflexão sobre o processo adoecer contribui para o usuário também participar do processo de recupera- ção da saúde. (Santos, E.M, 2011). Objetivos O objetivo principal da visita domiciliar, como ins- trumento no atendimento do Sistema Único de Saúde na Estratégia Saúde da Família, é conhecer o perfil do território, perfil epidemiológico, perfil so- cioeconômico e cultural; o que irá auxiliar nos plane- jamentos das ações de promoção e prevenção à saú- de de acordo com o perfil do território e das famílias que moram em determinada área. Algumas etapas do processo devem ser respeitadas para efetivação do instrumento: 19 Plano I - conhecer a família; Plano II - conhecer o território onde está situada a família. Plano I – conhecer a família O PSF - Programa Saúde da Família após a reestru- turação da atenção básica de saúde, muda sua deno- minação para ESF - Estratégia Saúde da Família, que tem como objetivo conhecer a realidade dos usuá- rios do programa de saúde. Os valores culturais, re- ligiosos, moradia, trabalho, lazer, família e outros. A visita domiciliar é uma ferramenta importante para esse processo e necessita cumprir etapas para conhe- cer a família e sua comunidade. Passos importantes para o processo: Brasil, Ministério da Saúde, 2011 Primeiro momento: conhecer a família por meio de uma instituição que preste determinado serviço à população. (escola, creche, posto de saúde, hospital, instituições filantrópicas e outros). Segundo momento a apresentar-se enquanto técnico de determinada instituição, devidamente uniformiza- 20 da e com crachá para identificação, contendo nome do funcionário e da instituição a que pertence. Que programa de saúde está representando. Quais os ob- jetivos do programa na comunidade local e na família. O primeiro contato tem como objetivo observar e conhecer a família no seu cotidiano. Como ocorre o relacionamento familiar entre filhos, pais, idosos, trabalho, parentes e sua rede social (vizinhos, igreja, lazer, escola etc.). Nos demais contatos a equipe irá conhecer os pro- blemas existentes no contexto familiar, como: saúde, creche, escola, moradia, e outros, para uma análise e reflexão junto à instituição e família, avaliando as ques- tões apresentadas para elaboração de várias propostas técnicas visando à promoção de bem-estar à família. Plano II – conhecer o território onde está situada a família No plano II, a localização da família no espaço, chamado comunidade, irá apresentar todo o con- texto do território em que o usuário e sua família estão localizados. Como essa comunidade se apre- senta para a família e quais recursos ela oferece para sobrevivência. 21 Para planejar o processo de promoção à saúde, é ne- cessário saber: • Quais recursos essa comunidade oferece a seus moradores; • Quais são as carências existentes na área da saúde, escola, creche, lazer e outros; • Unidades de Saúde e hospitais existentes na área; • Transporte público, saneamento básico e outros; • Incidência de violência; • Como trabalham para superas as falta de determi- nado recursos; • Como elas interferem no cotidiano. Figura 2 – conjunto residencial sem espaço para convívio social e lazer Fonte: Disponível em: www.limeira.sp.gov.br/secretarias/habitação/files/cdhu/orlinfo_luca.htm 22 1.2. Visita domiciliar: um instrumen- to na Estratégia Saúde da Família A visita domiciliar é mais um instrumento para co- nhecer um pouco do cotidiano das pessoas envol- vidas no processo promoção e prevenção à saúde. Observa-se nesse contexto formas de relacionamen- tos na família, no trabalho, na comunidade, conhecer suas alegrias e frustrações, sonhos e desejos. Como se relaciona com suas carências sociais, emocionais e físicas e o que espera da intervenção técnica. Observa a comunidade local, saneamento básico água, luz, esgoto, transporte público, equipamentos de saúde e lazer, dentre outros aspectos. Como a família está inserido no contexto da comu- nidade local, como exemplo: igreja, creche, amigos e outros. A atuação do profissional será realizada fora dos mu- ros institucionais, visando alguns objetivos, conhecer a realidade apresenta e levar conhecimentos técnicos, sociais. Nesse processo busca-se o conhecimento e a discussão da situação para possível resolutividade. Ao realizar a visita domiciliar, estar no espaço do 23 outro, o dia a dia familiar, a residência, inicia-se um processo de conhecimento e de participação da vida dessas pessoas. O encontro com o diferente, desco- nhecido e situações sérias, solicitam ao profissional clareza do seu papel no contexto familiar e a capaci- dade de observar que está interferindo no cotidiano dos moradores. O que poderá ser mal interpretado pelo visitado, recusando e questionado a interferên- cia em sua vida. Sendo um momento difícil para a família e para o técnico também. Requer por parte do profissional paciência, grande sensibilidade e habilidade técnica/ profissional, para trabalhar com determinados pro- blemas. Monitorar preconceitos e valores pré-esta- belecidos. Sempre deve ser respeitado o valor apre- sentado sejam eles culturais, religiosos e outros. A reflexão sobre seu papel naquele momento e como abordar assuntos tão íntimos e guardados pela enti- dade chamada família deve, ser acompanhado junto à equipe multiprofissional para não haver excessos ou faltas. (Giacomazzi, C.M, 2006.) 24 1.3. Visita domiciliar: trabalho de interesse investigativo A visita domiciliar é um trabalho de interesse investi- gativo que visa caminhar para a Promoção da Saúde de forma mais ampliada. Conhecendo o domicílio e a família pode interferir tecnicamente na situação apresentada e avaliá-la periodicamente. Isso talvez permita ao profissional planejar ações direcionadas aos membros das famílias, focadas nas prevenções e resolutividades dos seus problemas. Diante da forma de estruturação proposta para a Estratégia Saúde da Família e do recomendado pela Política Nacional de Promoção da Saúde, a Visita Domiciliar constitui um diferencial, pois favorece a ampliação das intervenções no espaço de vida do indivíduo/família. Os programas implantados são em áreas de risco e vulnerabilidade socioeconômica. A implantação do programa visa à detecção e avaliação do processo saúde-doença. Uma forma de encontro, articulação, diálogo e preocupação com a vida das famílias inter- namente e externamente. (Giacomazzi, C.M, 2006.) As preocupações com os modelos de atenção à saú- 25 1.4. Documentos importantes para efetivação do modelo de atenção à saúde de foram temas de vários movimentos pela qualidade de saúde prestada à população, surgem documentos importantes que começam a traçar um perfil de mo- delo à saúde, mais próximo da realidade do usuário. Para nortear o trabalho das Equipes, na visita domi- ciliar, é importante conhecer as recomendações que constam de documentos Declaração de Alma Ata e Carta de Ottawa. O processo de discussão sobre atenção primária e promoção de saúde foi preocupação de várias con- ferências, que tinham como foco a saúde para todos. Dois documentos importantes: Declaração de Alma Ata e a Carta de Ottawa fazem parte desse processo. 1.4.1. Declaração de “ALMA ATA” - 1978 A declaração de Alma-Ata surge na Conferência internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, 26 aconteceu na cidade de Cazaquistão em 1978, com objetivo de ampliar o modelo de atenção à saúde a todos os povos. A Organização Mundial de Saúde, a UNICEF e ou- tras entidades buscam defender um modelo de aten- ção à saúde de forma que a promoção à saúde seja“completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermida- de”, e a defendem como direito fundamental e como a principal meta social de todos os governos. Essa forma de pensar sobre as questões da saúde da população despertou a importância de um modelo de atenção básica à saúde, ou seja, atenção primária através da prevenção e promoção. Disponível em: http://pt.wikipedea.org/wiki/sistema 1.4.2 - Carta de OTTAWA - 1986 A Carta de Ottawa, em 1986, já recomendava que as estratégias e programas que visam à promoção da saúde deveriam se adaptar às necessidades, preocu- par-se em atuar na comunidade em que a família vive e se relaciona. Na primeira Conferência Internacional sobre Pro- 27 moção à Saúde, em 1986, no Canadá, cidade de Ot- tawa, surge como revolução “A Carta de Ottawa”. Esse documento teve como objetivo contribuir com as políticas de saúde em todos os paises, de forma universal e equânime, ou seja, de forma justa, pon- derada e prudente. A Conferência Internacional sobre Promoção à Saú- de surge da necessidade de discutir políticas públicas de saúde mais eficientes e direcionadas a países in- dustrializados e estendidas a demais paises. O modelo de atenção à saúde que existe hoje é resul- tado de vários processos de discussão pelo mundo e documentos que nortearam a evolução do tema de Saúde para todos com qualidade. A carta de Ottawa estabelece princípios importantes para política de saúde para todos com melhor quali- dade de vida e incentiva a população no processo de promoção à saúde. Disponível em: http://pt.wikipedea.org/wiki/sistema 28 Visita domiciliar e a Estratégia Saúde da Família O programa PSF – Programa Saúde da Família hou- ve uma mudança no processo para ESF - Estratégia Saúde da Família, quando implantado passa a fun- cionar como receptor de todas as questões delicadas , sejam elas concretas ou objetivas na comunidade e sua família. Ele passa a conhecer a problemática real da comunidade em que atua. As visitas domiciliares possibilitam ao profissio- nal conhecer, a cada rua e domicílio visitados, as necessidades reais e as possíveis soluções que a comunidade precisa. As intervenções técnicas po- dem ser imediatas e concretas ou de sensibilização da família e da comunidade sobre determinados problemas e procurar recursos governamentais ou outros que venham a colaborar na solução das questões apresentadas. O olhar observador e diferenciado da ESF, através da visita domiciliar, colabora na percepção de de- talhes que merecem atenção por parte do técnico, como geladeira vazia, choro insistente da criança, idoso acamado por muito tempo, torneira sem água, esgoto a céu aberto, gestante sem pré-natal, crianças sem vacinação, incidência de violência na 29 comunidade, crianças em idade escolar fora da es- cola entre outros. Através das visitas domiciliares, os profissionais da saúde desenvolvem maior aproximação com o meio em que a família vive, facilitando o planejamento das ações de saúde. Nessa aproximação, criam-se víncu- los e fatos antes desconhecidos pela equipe de saú- de, o que também facilita a intervenção técnica. 30 exercícios 1 – Quais os princípios norteadores da Visita Do- miciliar? 2 – O que a visita domiciliar possibilita aos profis- sionais de saúde? 3 – Cite dois documentos importantes que foram precursores do novo modelo de atenção à saúde. 4 – Qual é o objetivo da Declaração de Alma Ata? 5 – Qual é o objetivo da Carta de Ottawa? unidade 2 sus (sistema único de saúde) e as políticas de saúde pública 35 Sistema Único de Saúde: modelo de atenção à saú- de que tem como objetivo atender a todos os cida- dãos no Brasil, independentemente de estado, ci- dade ou bairro que o usuário resida. É um sistema integrado de saúde reconhecido pela Constituição da República Federativa do Brasil, artigo 194; arti- go196 e artigo 198. O SUS desenvolve ações de saúde conforme prega a Constituição da República Federativa do Brasil nos artigos 194 e 196: Art. 194 – Conjunto de ações de saúde que bus- cam reduzir os riscos de adoecer, visando à pro- moção e prevenção de forma universal e igualitá- ria . Através das diretrizes, descentralização, aten- dimento integral participação da comunidade. Art. 196 – A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e eco- nômicas que visem à redução de risco de doença e de outros agravos e acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988 36 2.1 – Princípios Doutrinários do SUS O SUS, criado pela lei 8080/90, possui cinco itens que contemplam os princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde: territorialização; uni- versalidade; equidade; integralidade; partici- pação dos usuários. Territorialização: conhecer seus moradores atra- vés do levantamento de dados, traçando um perfil da área e das principais questões que interferem na qualidade de vida das pessoas. Falta de recursos exis- tentes, falta de áreas de lazer, número de crianças sem creche, número de idosos e outros dados con- tribuem para o planejamento de programas de pre- venção e promoção à saúde da comunidade. Universalidade: busca a garantia de atenção à saú- de através de um sistema integrado de saúde que deva atender a todo cidadão. Ou seja, a família passa a ter direito a usar todos os serviços de saúde públi- ca e também os serviços contratados pelo sistema de saúde. Cabe à esfera municipal, estadual e federal cumprirem a sua parte no processo de reestrutura- ção da saúde pública. Equidade: visa à preocupação em atender as ques- tões de saúde em todos os níveis, conforme a com- 37 plexidade do caso. Buscar ações e serviços de todos os níveis. Respeitando as desigualdades e buscando tratá-las conforme se apresentam, diminuindo o grau de desigualdades, investindo mais onde houver maior carência. Integralidade: as equipes de saúde devem re- conhecer o homem e sua família como um ser indivisível e que faz parte de uma comunidade. Deve buscar ações de promoção e proteção à saú- de como um todo e não dividindo as questões de saúde apresentadas. As unidades de saúde, dentro de seu grau de com- plexidade, formam também um todo, que deverão preocupar-se com a integralidade da assistência. O paciente é um ser integral – biopsicossocial - e a equipe que integra a unidade de atendimento deve ter a preocupação de desenvolver um pro- cesso também integral voltado à promoção, pro- teção e recuperação. Participação Social: regulamentada na Lei 8.142, de 1990, que dispõe sobre a participação da comuni- dade no Sistema Único de Saúde. O Sistema Único de Saúde estimula a partici- pação dos usuários dos serviços de saúde através das seguintes instâncias: Conferência de Saúde e Conse- lho de Saúde. 38 A população usuária do serviço participa através dos Conselhos de Saúde e das Conferências Municipais e Regionais de Saúde. Os conselhos elei- tos pela população usuária dos serviços de saúde e os funcionários eleitos devem encaminhar as discussões de forma a nortear as políticas públicas de Saúde. A Lei n.º 8.142/1990, art. 1, apresenta for- mas de encaminhamento para a efetivação da parti- cipação da família no processo de melhoria do siste- ma de saúde, através dos Conselhos de Saúde. (São Paulo, 2011). Nos Conselhos de Saúde, nas unidades de saúde, ocorre a chamada paridade, ou seja, os usu- ários dos serviços de saúde têm metade das vagas no conselho, o gerente da unidade de saúde tem um quarto e os trabalhadores da saúde têm um quarto na representação. 2.2. Portaria n.º 2488 de 21 de outubro de 2011 No Sistema Único de Saúde, a Estratégia Saúde da Família usa como principal ferramenta as visitas do- miciliares. As ações desenvolvidas no programa são planejadas pela equipe de saúde, cada profissional tem o seu papel. Isso não limita à ação de cada técni- 39 co, pelo contrário,amplia a visão de saúde e doença dentro do território e da família que será acompa- nhada pelo programa. Nesta unidade, conheceremos a portaria n.º 2.488 de outubro de 2011, que norteia as ações de saúde dentro da Estratégia Saúde da Família. A portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, mo- dificou as diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica de Saúde, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitá- rios de Saúde (PACS), aprovando a Política Nacional de Atenção Básica. As diretrizes estabelecidas na reestruturação do mo- delo de atenção à saúde cumprem as determinações da Lei Federal 8080, 19 de setembro de 1990, que incentiva programas que visam à promoção e à recu- peração da saúde. Conforme o artigo 2 da Lei Orgânica da Saúde “a saúde é um direito fundamental do ser humano”. 40 2.3. Característica da Atenção Básica de Saúde A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde, com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autono- mia das pessoas e nos determinantes e condicionan- tes de saúde das coletividades. É desenvolvida por meio do exercício de práticas de cuidado e gestão, democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios definidos, pelas quais assume a respon- sabilidade sanitária, considerando a dinamicidade exis- tente no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de cuidado complexas e variadas que devem auxiliar no manejo das demandas e ne- cessidades de saúde de maior frequência e relevância em seu território, observando critérios de risco, vul- nerabilidade, resiliência e o imperativo ético de que toda demanda, necessidade de saúde ou sofrimento devem ser acolhidos. 41 É desenvolvida com o mais alto grau de descentra- lização e capilaridade, próxima da vida das pesso- as. Deve ser o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e centro de comunicação da Rede de Atenção à Saúde. Orienta-se pelos prin- cípios da universalidade, da acessibilidade, do víncu- lo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social. A Atenção Básica considera o sujeito em sua singularidade e inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral. (BRASIL. Ministério da Saúde, 2011. 48 p.). Figura 3 – Unidades Básicas de Saúde – Município de São Paulo, Fonte: Secretaria Municipal de Saúde – Coordenadoria de Epidemio- logia e Informação/CEINFO. Unidade Básica de Saúde – UBS, Centro de Saúde – CS e Posto de Atendimento Médico – PAM. Elaborado: Secretaria Municipal de De- senvolvimento Urbano/ Departamento de Estatística e Produção de Informação – DIPRO. Disponível em: www.prefeitura.sp.gov.br 43 A Atenção Básica é entendida como conjuntos de ações de saúde que buscam o bem-estar geral dos usuários, através da promoção, prevenção, com o objetivo de desenvolver valores, conscientizar visan- do à melhoria de vida e, consequentemente, a saúde das pessoas envolvidas no processo. Os fundamen- tos e diretrizes apontam para a visita domiciliar. Definição e conhecimento do território para elabo- ração de planos de prevenção e promoção à saúde, atendendo à necessidade da população local. Optar por programações descentralizadas e planejamen- to das ações setoriais e intersetoriais visando a um movimento de ação positiva sobre as questões que interferem direta ou indiretamente sobre a saúde na- quele território, com princípios de promoção à saú- de, resolutividade e equidade. O acesso aos serviços oferecidos à comunidade deve possibilitar o acesso universal e continuo, visando a promoção e a resolutividade. As Unidades Básicas de Saúde através da Estratégia Saúde da Família de- vem ser a porta de entrada do sistema. Acolher os usuários dos serviços de saúde, possibi- 2.4. Atenção Básica e suas diretrizes 44 litando o vínculo através de processos humanitários, coerentes, organizados, para o usuário e sua família estabelecerem vínculos com os serviços de saúde. A unidade tem um papel importante de acolher, es- cutar e oferecer respostas coerentes com a necessi- dade do usuário ou encaminhá-los para outros re- cursos que atendem a necessidade do momento. Estabelecer vínculo através das relações de acolhi- mento, afetividade, humanização, confiança entre usuários e trabalhadores da saúde. A efetivação de um processo mais próximo ao usuá- rio, certamente fortalece o vínculo com a unidade de saúde e com os profissionais e, consequentemente, o processo terapêutico terá continuidade até o final de seu tratamento. Não havendo interrupções, ou serão evitadas consequências negativas ao usuário, família e comunidade. As articulações das ações de saúde e a prevenção dos agravos favorecem uma vigilância em saúde, buscan- do um tratamento adequado, e uma reabilitação se- gura. O conhecimento por parte da unidade sobre os tipos de tratamentos e conhecimento dos profis- sionais sobre recursos de referência e contra refe- rência de saúde favorecem e contribui muito para a recuperação da saúde do usuário. Ampliar os conhe- 45 cimentos através das diversas tecnologias de cuida- dos e gestão amplia o universo de resolutividade. O trabalho em equipe multiprofissional, interdisci- plinar busca o cuidado integral do usuário. Sensibi- lizar o paciente e sua família sobre a autonomia e a capacidade de alto cuidado e das pessoas próximas, sensibilizar sobre as interferências de falta de recur- sos, e serviços essenciais à população, desperta ao usuário e comunidade, formas de organização para uma efetiva participação no processo de melho- ria da qualidade de vida, assim como dos serviços de saúde prestam à comunidade local. (Morosini, M.v.G.C, 2007) 46 Figura 5 – comunidade Fonte: Disponível em omeuguri.wordpress.com/fotos-2/ 47 exercícios 1 – Cite dois princípios doutrinários do SUS e de- fina. 2 – O que é Atenção Básica de Saúde? 3 – Qual o objetivo do SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE? 4 – Comente sobre o artigo 194 da Constituição Da República Federativa do Brasil. 5 – Qual o papel das unidades de Saúde? unidade 3 política nacional de atenção básica incentiva o programa saúde da família visando a expansão e consolidação 51 A Política Nacional de Atenção Básica tem na Saú- de da Família sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da atenção básica. A qualificação da Estratégia de Saúde da Família e de outras estratégias de organização da atenção básica deverá seguir as diretrizes da atenção básica e do SUS, configurando um processo progressivo e singular que considera e inclui as especificidades locorregionais. (BRASIL, Ministério da Saúde, 2011. 49 p.) 3.1. Rede de Atenção à Saúde As Redes de Atenção Básica deve organizar o sis- tema de saúde visando atender a necessidade da população, de forma integral e de acordo com suas necessidades de saúde. As Redes de Atenção Básica (RAS) tem o compromisso de organizar os diferen- tes serviços de saúde e promover a articulação, com objetivo de complementar as ausências de serviços de saúde em determinado território. Neste processo, as RAS promovem a organização com configurações tecnológicas e assistenciais con- forme cada área. A atenção básica deve ser estrutu- ra como porta de entrada do sistema de saúde e a principal estrutura para a prevenção e promoção à 52 saúde da população local. As ações devem ser uni- versais, igualitárias e ordenadas. A complementação dos serviços de saúde será organizada pelo sistema de forma regionalizada e hierarquizada. Para efetivação do processo de prevenção e promo- ção à saúde, as Unidades Básicas de Saúde devem seguir as normatizações do SUS e cumpriremas exi- gências estabelecidas nas RAS. 3.2 - Unidades Básicas de Saúde e suas funções A atenção básica à saúde ganha espaço notório na Conferência Internacional de Alma Ata em 1978. Buscar meios de cobertura a usuários com dificulda- des de acessar os serviços de saúde. No decorrer do tempo, esse modelo de atenção à saúde, passa a ser entendido como princípio para a assistência, de for- ma a organizar a rede de serviços. Esse acesso aos serviços de saúde é visto como o primeiro contato do usuário com o sistema de saúde. Hoje, o sistema é conhecido como estratégia de intervenções de saú- de que busca o individual e coletivo, visando à reo- rientação das ações de saúde nos serviços de saúde público e privado. (Heimann, L.S. et al., 2007.) 53 De acordo com a legislação, as funções das unidades de saúde, nesse contexto, são: I – receber e acolher as necessidades de saúde da população local, com maior descentralização, e re- solutividade; II – incentivar a prevenção e promoção à saúde atra- vés dos programas estratégicos de saúde, estabelecer vínculos com a família e a comunidade. Ampliar os espaço de atuação na comunidade e articular com diversos recursos existentes no local e região; III – Coordenar, elaborar, promover e incentivar projetos alternativos de prevenção e promoção à saúde. Acompanhar e articular as referências e con- trarreferências de saúde. Fortalecer a comunicação interna e externa. Adequar as ferramentas e dispositivos de adminis- tração, como: organizar lista de espera, organizar e monitorar os encaminhamentos para especialistas, exames e procedimentos, implantar tecnologias para facilitação do trabalho do profissional e agilização do sistema, estabelecer protocolos de atendimento e encaminhamento; IV - Os profissionais técnicos de saúde, durante o processo terapêutico, deve avaliar e discutir casos e 54 planejar ações assistências e preventivas e monitorar casos mais complexos. Nas funções das Unidades Básicas de Saúde verifica- -se que as reorientações do sistema são necessárias às superações de barreiras geográficas e à busca de novas tecnologias de resolutividade. Assim, a regio- nalização, hierarquização e resolutividade, são fato- res importantes para a efetivação do processo das ações de saúde. (Heimann, L.S. et al., 2007). Cada princípio irá contribuir para a formação da rede de atenção à saúde, como: Regionalização: conhecer cada área onde os ser- viços de saúde estão instalados e planejar ações de saúde, visando maior desenvolvimento da promoção à saúde e participação da comunidade no processo. Hierarquização: organizar os serviços de saúde em nível primário e secundário. O primário, através das Unidades Básicas de Saúde e da Estratégia Saúde da Família. Os secundários, de acordo com o grau de ne- cessidade de cada problema de saúde. Usando as tec- nologias existentes para maior grau de resolutividade. Resolutividade: oferecer os serviços de saúde com capacidade de atender a necessidade da demanda, e 55 melhorar as condições de vida dos moradores, trans- formando a comunidade em um local mais digno de morar. Localizar e organizar o fluxo de referência e contrarreferência para maior resolutividade. (São Paulo, cidade, Secretaria da Saúde, 2011). As organizações do sistema de saúde necessitam que as esferas governamentais cumpram cada uma sua parte na implantação do novo modelo de atenção à saúde. As formas de comando para o sistema de saúde fun- cionar necessita que as esferas do governo cumpram cada um sua parte no processo. A descentralização é um fator importante que retiras as amarras do pro- cesso e agiliza as ações de implantação. O SUS existe em três níveis, também chamados de esferas: nacional, estadual e municipal, cada uma com comando único e atribuições próprias. Os mu- nicípios têm assumido papel cada vez mais impor- tante na prestação e no gerenciamento dos serviços de saúde; as transferências passaram a ser "fundo- -a-fundo", ou seja, baseadas em sua população e no tipo de serviço oferecido, e não no número de aten- dimentos. (BRASIL.Ministério da Saúde, 2011. 49.p) 56 Figura 5 – comunidade Fonte: Disponível em: omeuguri.wordpress.com/fotos-2/ 3.3. - Responsabilidades das esferas governamentais A reformulação do modelo de atenção básica de saúde exige responsabilidades por parte das esferas governamentais. As esferas municipais, estaduais e federais têm a obrigação de executar um modelo de atenção à saúde, justa e humana, que venha de en- contro com as necessidades da população. As ações administrativas para efetivação do sistema são: I – implantar modelos de atenção básica de saúde 57 através da Estratégia Saúde da Família, visando ex- pansão e efetivação do processo; II – cumprir as diretrizes do SUS; III – adequar a infraestrutura nas Unidades Básicas de Saúde e fazer manutenção dos equipamentos para melhor desempenho da unidade de saúde; IV – desenvolver planos de saúde que atendam as prioridades e cumpra as estratégias estabelecidas, criar mecanismos técnicos e organizacionais de ca- pacitação dos trabalhadores de saúde; V - Estimular a formação educacional permanente, garantir os direitos trabalhistas estabelecer vínculos com o trabalho saúde/técnico, estimulando o cresci- mento profissional na carreira. Melhorando o aten- dimento ao usuário; VI – estimular os Planos de Saúde a criar estratégias e metas para organizar a atenção básica; VII - planejar ações de prevenção e promoção à saúde e criar sistemas de informações, monitorando a efeti- vação dos serviços oferecidos à população, acompa- nhar o grau de resolução e impacto na sociedade. 58 VIII - Tornar público resultados positivos dos traba- lhos efetivados pela atenção básica, a fim de estimular os profissionais, população e o governos a investirem em recursos e pesquisas para melhoria do sistema; XI – estimular as pesquisas e intercâmbios de expe- riência e estudos que visam o aperfeiçoamento de conhecimentos a Atenção Básica de Saúde e da Es- tratégia Saúde da Família. Estimular a disseminação de tecnologias de conhecimento na área; XII - estimular a participação popular e o controle social. Brasil, Ministério da Saúde, 2011. Conhecendo as responsabilidades das diversas es- feras do governo, é preciso observar que o usuário dos serviços de saúde tem seu primeiro contato com a comunidade a qual vive. No dia a dia de sua re- sidência e do bairro, conhece os problemas sociais que atingem a comunidade e algumas famílias. Am- pliando o contexto dos bairros, encontra-se a cidade com seu universo maior, com características diversas e inúmeros problemas sociais, como: saúde precária, violência, desemprego, trânsito, falta de moradias adequadas e outros. Após a cidade chegar ao município, encontra as di- 59 vergências sociais, políticas, e mais problemas, sejam eles de ordem social, saúde, escola, violência, de- semprego, meio ambiente. Nessa esfera, o governo e suas secretarias devem implantar e organizar pro- gramas com objetivo de atender as necessidades da população. O município, através de suas instituições, tem o de- ver de gerir o sistema de saúde de cada região. Os recursos vêm através do Ministério da Saúde e são divididos em investimentos e custeio das ações federais, a outra parte é repassada para as instâncias municipais e estaduais, que devem atender o perfil da população de determinada região. Os recursos são divididos de acordo com o perfil de cada município, como: municípios com maiores nú- meros de problemas de saúde (crianças subnutridas, mortalidade materna, hipertensos e outros). Esses recursos são somados também aos do próprio município e estado que devem gerenciar adequada- mente as ações de serviços de saúde de sua população. Portanto, cada município tem seu fundo municipal de saúde para assegurar os recursos da saúde. Brasil, Ministério da Saúde, 2011. 60 Figura 6 – Áreas de difícil acesso Fonte: Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Favela-Nova_Friburgo.jpgA reorganização da Atenção Básica de Saúde passa pela nova estratégia do programa saúde da família, que tem como caráter substituir a rede de atenção básica tradicional dentro de cada território. Esse modelo define o território de atuação da unida- de de saúde com suas equipes de ESF, cadastrando domicílios, elaborando diagnósticos da comunidade, planejando os cuidados necessários e elaborando projetos de promoção e prevenção à saúde. Todo projeto tem como foco a família e a comunida- 61 de a qual faz parte. Buscar integração com as demais instituições também faz parte das tarefas da equipe de saúde para ampliação do programa de promoção à saúde e a efetivação da cidadania local. 3.4. Características do processo de trabalho na Estratégia Saúde da Família A reorganização da Unidade de Saúde começa com a reformulação da equipe de profissionais de saúde e a definição do território e população que será de responsabilidade dos profissionais da Unidade. O planejamento das atividades de atenção à saúde deve atender as necessidades da população, com in- tervenções de promoção, prevenção e participação no processo. As ações de saúde serão planejadas se- guindo critérios de risco, vulnerabilidade e resiliên- cia. Priorizando grupos de risco, promovendo ações integrais à saúde. Desenvolver e capacitar o grupo da unidade de saúde a ter o acolhimento com escuta qualificada e atenta às intercorrências mais comuns no grupo. Desenvolver ações de atenção à saúde no domicilio do 62 usuário, salões comunitários, escolas, creches, praças. Promover ações de atenção domiciliar destinadas a usuários que possuam problemas de saúde controla- dos/compensados e com dificuldade ou impossibili- dade física de locomoção até uma unidade de saúde. Desenvolver ações entre os diversos setores na co- munidade, buscando a integração dos serviços e ações de promoção. BRASIL, Ministério da Saúde, 2011. 63 Figura 7 – Território e Cidadania – áreas com menor renda domiciliar até três salários mínimos – ano 2000 Fonte: Censo Demográfico IBGE – 2000. Projeção Estatística da Amostra Nota: As porcentagens indicam a relação entre domicílios de determinada faixa de renda e o número total de domicílios permanentes, ambas as variá- veis referentes a cada uma das 456 áreas de ponderação de amostra do Censo IBGE 2000 definidas para O Município de São Paulo. Disponível em: www.prefeitura.sp.gov.br 64 exercícios 1 – Quais são as funções da Rede de Atenção Básica? 2 – As ações de saúde serão planejadas seguindo quais critérios? 3 – As organizações das redes de Atenção Básica seguem quais parâmetros? 4 – O modelo Estratégia Saúde da Família é defini- do como: 5 – As ações de saúde poderão ocupar outros espa- ços nos bairros? Quais? unidade 4 as atribuições das equipes de atenção básica no programa estratégia saúde da família 69 Na Estratégia Saúde da Família, os trabalhadores da saúde precisam conhecer o território em que o usu- ário mora e onde a Unidade de Saúde está situada. 4.1 - Atribuições dos membros das equipes de Atenção Básica Os profissionais da equipe Estratégia Saúde da Famí- lia possuem suas normatizações particulares, garanti- das através dos conselhos regionais de saúde de cada profissão. Exemplo: o Conselho Regional dos Médi- cos, Conselho Regional dos Enfermeiros e outros. Respeitando a singularidade de cada profissão, na Equipe de atenção Básica, alguns itens serão de con- senso entre todos os profissionais da equipe. A participação no processo de apropriação da área de trabalho da equipe de saúde, através de instru- mentos técnicos como visita domiciliar e a recursos sociais, como: conhecer a associação do bairro, a igreja e família, oferecerá a equipe da ESF, fatores de grande importância para planejar os trabalhos, assim como conhecer o perfil epidemiológico da popula- ção e a área de abrangência da Unidade de Saúde. 70 Todo processo necessita da participação da equipe de saúde, buscando esforços para encontrar parcei- ros com os mesmos objetivos na região, que venham somar no processo de promoção e prevenção à saú- de da comunidade, visando à melhoria de qualidade de vida para todos. I - participar do processo de territorialização e ma- peamento da área de atuação da equipe, identifican- do grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e vulnerabilidades; II - manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos no sistema de informação indicado pelo gestor municipal e utilizar, de forma sistemá- tica, os dados para a análise da situação de saúde, considerando as características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do territó- rio, priorizando as situações a serem acompanhadas no planejamento local; III - realizar o cuidado da saúde da população adscri- ta, prioritariamente no âmbito da unidade de saúde e, quando necessário, no domicílio e nos demais espaços comunitários (escolas, associações, entre outros); IV - realizar ações de atenção à saúde conforme a ne- cessidade de saúde da população local, bem como as previstas nas prioridades e protocolos da gestão local; V - garantir atenção à saúde, buscando a integrali- dade por meio da realização de ações de promoção, 71 proteção e recuperação da saúde e prevenção de agravos; e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realização das ações programáticas, coletivas e de vigilância à saúde; VI - participar do acolhimento dos usuários reali- zando a escuta qualificada das necessidades de saú- de, procedendo à primeira avaliação (classificação de risco, avaliação de vulnerabilidade, coleta de infor- mações e sinais clínicos) e identificação das necessi- dades de intervenções de cuidado, proporcionando atendimento humanizado, se responsabilizando pela continuidade da atenção e viabilizando o estabeleci- mento do vínculo; VII - realizar busca ativa e notificar doenças e agra- vos de notificação compulsória e de outros agravos e situações de importância local; VIII - responsabilizar-se pela população adscrita, mantendo a coordenação do cuidado mesmo quan- do esta necessita de atenção em outros pontos de atenção do sistema de saúde; IX - praticar cuidado familiar e dirigido a coletivi- dades e grupos sociais que visa propor intervenções que influenciem os processos de saúde doença dos indivíduos, das famílias, coletividades e da própria comunidade; X - realizar reuniões de equipes a fim de discutir em conjunto o planejamento e avaliação das ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis; 72 XI - acompanhar e avaliar sistematicamente as ações implementadas, visando à readequação do processo de trabalho; XII - garantir a qualidade do registro das atividades nos sistemas de informação na Atenção Básica; XIII - realizar trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas técnicas e profissionais de diferen- tes formações; XIV - realizar ações de educação em saúde à popula- ção adstrita, conforme planejamento da equipe; XV - participar das atividades de educação permanente; XVI - promover a mobilização e a participação da comunidade, buscando efetivar o controle social; XVII - identificar parceiros e recursos na comunida- de que possam potencializar ações intersetoriais; e XVIII - realizar outras ações e atividades a serem de- finidas de acordo com as prioridades locais. Outras atribuições específicas dos profissionais da Atenção Básica poderão constar de normatização do municí- pio e do Distrito Federal, de acordo com as priorida- des definidas pela respectiva gestão e as prioridades nacionais e estaduais pactuadas. Brasil. Ministério da Saúde, 2011. 73 4.2 - Conhecer as Atribuições de cada profissional na equipe da ESF A Estratégia Saúde da Família como fruto da rees- truturação do modelo de Atenção básica à saúde, faz com que cada profissional reveja sua atuação no sistema de saúde e na sociedade. Antes apenas aguardando a demanda chegar à unidade de saúde. A nova propostaincentiva o profissional a conhecer a comunidade e suas dificuldades e o que de fato leva As ações serão de responsabilidade de todos da equipe ESF e terão grande importância para a efeti- vação da estratégia. Ou seja, cada membro da equipe tem seu papel na organização do novo modelo de atenção à saúde. Segue abaixo as atribuições de cada técnico da equi- pe da Estratégia Saúde da Família. 4.2.1. Enfermeiro: O enfermeiro na ESF realiza atividades de enferma- gem individual e coletiva. Na equipe da ESF o uni- verso de ação é ampliado e mais próximo do usuário 74 e da comunidade, conhecendo os problemas exis- tentes no território da Unidade de Saúde. Participar de várias atividades educativas na Unidade de Saúde e na comunidade local colabora muito no processo de promoção e prevenção à saúde. I - realizar atenção à saúde aos indivíduos e famí- lias cadastradas nas equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc), em todas as fases do desenvolvimento humano: infância, adoles- cência, idade adulta e terceira idade; II - realizar consulta de enfermagem, procedimen- tos, atividades em grupo, conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou distrital, observadas as disposições legais da profissão, solicitar exames complementares, prescrever medicações e encami- nhar, quando necessário, usuários a outros serviços; III - realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; IV - planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvi- das pelos ACS em conjunto com os outros membros da equipe; V - contribuir, participar, e realizar atividades de educação permanente da equipe de enfermagem e outros membros da equipe; e VI - participar do gerenciamento dos insumos ne- 75 cessários para o adequado funcionamento da UBS. Do Auxiliar e do Técnico de Enfermagem: I - participar das atividades de atenção realizando procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc); II - realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; III - realizar ações de educação em saúde à popula- ção adstrita, conforme planejamento da equipe; IV - participar do gerenciamento dos insumos ne- cessários para o adequado funcionamento da UBS; e V - contribuir, participar e realizar atividades de edu- cação permanente. 4.2.2. Médico: O modelo da ESF busca as descentralizações das ações dos profissionais em relação às questões saú- de/doença, e insere o médico a participar da equipe ESF, para discutir, planejar as ações de saúde que ve- nham beneficiar o usuário, família e a comunidade. I - realizar atenção à saúde aos indivíduos sob sua 76 responsabilidade; II - realizar consultas clínicas, pequenos procedimen- tos cirúrgicos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações) III - realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; IV - encaminhar, quando necessário, usuários a ou- tros pontos de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sua responsabilidade pelo acompanha- mento do plano terapêutico do usuário; V - indicar, de forma compartilhada com outros pontos de atenção, a necessidade de internação hos- pitalar ou domiciliar, mantendo a responsabilização pelo acompanhamento do usuário; VI - contribuir, realizar e participar das atividades de Educação Permanente de todos os membros da equipe; e VII - participar do gerenciamento dos insumos ne- cessários para o adequado funcionamento da USB. 4.2.3 - Do Agente Comunitário de Saúde: A ESF insere na equipe de saúde um novo profis- sional de saúde, o Agente Comunitário de Saúde que reforça o elo entre a Unidade de Saúde e os usuários. 77 I - trabalhar com adscrição de famílias em base geo- gráfica definida, a microárea; II - cadastrar todas as pessoas de sua microárea e manter os cadastros atualizados; III - orientar as famílias quanto à utilização dos ser- viços de saúde disponíveis; IV - realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; V - acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias e indivíduos sob sua responsabilidade. As visitas deverão ser programadas em conjunto com a equipe, considerando os critérios de risco e vulne- rabilidade de modo que famílias com maior neces- sidade sejam visitadas mais vezes, mantendo como referência a média de 1 (uma) visita/família/mês; VI - desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as características e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou coletividade; VII - desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das doenças e agravos e de vigilância à saúde, por meio de visitas domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade, como por exemplo, combate à Den- gue, malária, leishmaniose, entre outras, mantendo a equipe informada, principalmente a respeito das situações de risco; e 78 VIII - estar em contato permanente com as famílias, desenvolvendo ações educativas, visando à promo- ção da saúde, à prevenção das doenças, e ao acom- panhamento das pessoas com problemas de saúde, bem como ao acompanhamento das condiciona- lidades do Programa Bolsa Família ou de qualquer outro programa similar de transferência de renda e enfrentamento de vulnerabilidades implantado pelo Governo Federal, Estadual e Municipal, de acordo com o planejamento da equipe. BRASIL. Ministério da Saúde, 2011. 51 p. 79 Figura 8 – Mapa da Exclusão/inclusão Social - Áreas mais distantes do centro da cidade são as mais carentes. Fonte: PUC – SP , Inpe, Instituto País. Mapa de Exclusão Social/In- clusão Social Nota: Realizado com Phicarto. Disponível em: www.prefeitura.sp.gov.br 80 4.3. Competência do Município A reformulação do sistema de Saúde propõe aos go- vernos um grande desafio e habilidade técnica para implantação da universalização da atenção à saúde da população. As implantações das propostas de saúde em alguns momentos ficam a mercê das es- tratégias políticas que não atendem as demandas da população local. A implantação das mudanças na área da saúde deve ter uma linha gerencial que favorece a efetiva im- plantação do modelo de assistência à saúde, visando à promoção e prevenção da saúde. Os municípios têm papel importante na realização da Estratégia Saúde da Família. Os estados e a fede- ração devem pactuar das necessidades da população e de uma política de saúde de acordo com o territó- rio e a demanda local. Município e a federação devem garantir a capacita- ção dos profissionais de saúde envolvidos na Estra- tégia Saúde da Família. O Ministério da Saúde refor- ça a importância do novo modelo de atenção à saúde e enfatiza sua importância na saúde da população. Nesse contexto, competem às secretarias municipais 81 e à federação vários fatores que venham efetivar a Estratégia Saúde de Família como modelo de ação à saúde de forma prioritária. São eles: ◦ Efetivação dos recursos financeiros para o programa; ◦ Acompanhamento do uso adequado dos recursos financeiros junto ao Ministério da Saúde; ◦ Reorganizar a Rede de Atenção Básica, priorizan- do modelo de Atenção à Saúde, Estratégia Saúde da Família e capacitar os profissionais envolvidos na estratégia; ◦ Utilizar instrumentos técnicos implantados pelo Ministério da Saúde para avaliação e monitoramento das unidades envolvidas; ◦ Realizar seleção e contratação remuneradas dos profissionais; ◦ Planejar, organizar ações de saúde de forma uni- versal e respeitando as características dos territórios; ◦ Providenciar espaços adequados para equipe tra- balhar, recursos materiais, equipamentos e insumos para atender as necessidades da demanda; ◦ Planejar açõesde acordo com o território e a po- pulação local; ◦ Alimentar o banco de dados do programa, visando análise e qualidade dos serviços prestados e o grau de resolutividade; ◦ Organizar a demanda para as referências e contra referências em busca de maior resolutividade; 82 ◦ Atualizar cadastro funcional de acordo com o Sis- tema Nacional vigente. Brasil. Ministério da Saúde, 2011. 83 exercícios 1 – Cite 5 (cinco) atribuições do ACS na equipe Estratégia Saúde da Família. 2 – Cite 5 (cinco) atribuições dos médicos na equipe ESF. 3 – Cite dois itens necessários para conhecer o ter- ritório de atuação da ESF. 4 – Os profissionais de saúde são responsáveis pela ESF. Comente. 5 – Cite dois itens de responsabilidade da auxiliar de enfermagem na ESF. unidade 5 visita domiciliar e o agente comunitário de saúde 87 A visita domiciliar é a principal ferramenta do Agen- te Comunitário de Saúde para efetivação da Estraté- gia Saúde da Família. Figura 9 – Falta de asfalto dificultando o acessoFonte: PUC – SP , Inpe, Instituto País. Fonte: Disponível em: em-rua-de-vista-alegre.htm/#axzz27h7 5.1. Visita domiciliar e a Equipe da Estratégia Saúde da Família A visita domiciliar, como instrumento de atuação técnica, é uma ação de invasão de privacidade da fa- mília. Mas, é necessária para conhecer a realidade do usuário do serviço de saúde. A VD tem objetivos e necessita do conhecimento do território da família 88 para planejar ações de saúde que venha de encontro com a necessidade do momento. A VD busca entrar no mundo do outro, no desconhecido. Encontrar medos, preconceitos, dúvidas, vergonha etc.; situ- ações comuns nas visitas domiciliares. O primeiro contato não é fácil para o profissional e nem para a família, pois ainda estão se conhecendo. As visitas domiciliares devem ser evitadas em horá- rios de refeições, pois a família se sentirá obrigada a suspender as refeições ou convidá-los à mesa, geran- do assim certo constrangimento entre o técnico e a família. Em alguns casos, a recusa poderá ofender o dono da casa. As relações de respeito entre o profissional de saúde e a família devem ser observadas, pois é a casa do outro, do desconhecido. Como receber, aceitar valo- res, informações de outras pessoas, tornar o máximo possível a VD em ação profissional e deixar muito claro o seu objetivo. É necessário sempre ter um objetivo para a realiza- ção da visita domiciliar, ter postura profissional e es- tar aberto a ouvir. O profissional deve trabalhar seus medos, preconceitos, ansiedade e ter sensibilidade humana e profissional para escutar e compreender o movimento do paciente e família. Muitas vezes, o 89 silêncio e alguns comportamentos expressam hipó- teses preocupantes em que devemos levar a equipe e discutir o caso para melhor intervenção técnica. A visita domiciliar realizada pelo Assistente Social, Agente Comunitário de Saúde ou Enfermeira, deve- rá ter como objetivo a promoção à saúde, educação, moradia, trabalho e outros. É um momento em que o agente comunitário leva sua equipe multiprofissio- nal para conhecer a realidade da comunidade e da família. O contato da equipe de saúde com a realida- de local poderá preocupar o profissional com as di- ficuldades e carências apresentadas pela população, como: lixo na calçada, crianças fora da escola, esgoto a céu aberto etc., mas este momento é um grande instrumento para o planejamento seguir coerente à realidade das pessoas e do território. A visita domiciliar aproxima a família e a unidade de saúde. Inicia uma parceria de confiança e aproxima- ção da realidade da família e comunidade, o que irá facilitar o processo de promoção necessário. O rela- cionamento torna-se mais leve e claro tornando-se positivo para ambas as partes. Em outras épocas, a visita domiciliar era instrumen- to técnico de um único profissional, o Assistente So- cial. Com a implantação de vários programas de pro- 90 moção à saúde, este instrumento passa a ser usado por vários profissionais na unidade, principalmente os do programa PSF. A equipe percebe que, conhe- cendo o território, a família é um grande ganho para a evolução do programa. Assim, a visita domiciliar é uma das principais estra- tégias interdisciplinares, pois rompe barreiras entre a instituição e a comunidade. Brasil, Ministério da Saúde, 2009 5.2. Visita Domiciliar e o Agente Comunitário de Saúde Com a reestruturação do modelo de atenção à saú- de básica, surge um novo personagem no modelo estabelecido. O Agente Comunitário de Saúde tem como objetivo conhecer o território que irá atuar, enquanto cidadão do Sistema Único de Saúde, e con- tribuir para a melhoria das condições de vida através da promoção e vigilância em saúde. Seu papel é es- tabelecer o elo entre a comunidade e as instituições prestadoras de serviço de saúde e outras. A seleção, através dos recursos humanos, é feita por meio do cadastro de moradores de determina- 91 5.3 – Conhecendo o Território da área. O agente selecionado é um dos moradores que passou por um processo de seleção e perfil ético profissional para executar uma atividade de saúde junto a sua comunidade. Brasil, Ministério da Saúde, 2009 Figura 10 – Grandes caminhos a percorrer Fonte: Disponível em: proefe.wordpress.com.category/foto/jaboticabal Para conhecer o território que irá atuar como agen- te comunitário de saúde, em um primeiro momen- to, deve saber o número de pessoas existentes no 92 território delimitado geograficamente, observando que é o local de moradia das pessoas, local de tra- balho, onde cultivam seus valores e crenças e onde estabelecem suas relações sociais e culturais. Coletando os dados e sistematizando, estamos tra- çando um perfil epidemiológico, socioeconômico e político-cultural, que será conhecido da equipe de saúde e irá contribuir para o processo de promoção à saúde da comunidade local. Os dados são oferecidos pelo IBGE, bem como o mapa da área e suas divisas, sendo possível assim co- nhecer as áreas vizinhas de determinado território. Esses dados terão grande valor no mapeamento do território a ser trabalhado pelo PSF. Por meio de visitas domiciliares, se iniciará o cadas- tramento das famílias de seu território (microárea). O cadastramento se dará através de fichas específicas. Inicia-se um processo de mapeamento do território, número de pessoas do sexo feminino e masculino, número de crianças, idosos, faixa etária etc. A partir deste passo, é possível traçar o perfil epidemiológico do território, quais doenças são mais frequentes etc. É preciso conhecer as condições de vida da comunida- de, por exemplo: estado do saneamento básico, escolas, 93 creches, número de pessoas por idade e sexo, grau de escolaridade, tipos de habitação, número de desempre- gados, instituições existentes, igrejas, templos, cemité- rio, depósitos de lixo/aterros sanitários, associações de esportes e lazer, associações de bairro etc. O cadastro possibilita o conhecimento das reais condições de vida das famílias residentes na área de atuação da equipe, tais como a composição familiar, a existência de população indígena, quilombola ou assentada, a escolaridade, o acesso ao saneamento básico, o número de pessoas por sexo e idade, as condições da habitação, o desemprego, as doenças referidas etc. Brasil, Ministério da Saúde, 2009. 5.4. Mapeando o Território Inicia-se através de um mapa com a geografia do ter- ritório. Esse instrumento é muito importante para a equipe. Um mapa simples que deve conter as princi- pais ruas e bairros. Através deve é possível localizar e conhecer casas, escolas, serviços de saúde, pon- tes, córregos, lixões e outros lugares que existem no território. Com a comunidade, o agente comunitário de saúde pode acrescentar informações no mapa e corrigi-las, se necessário. Conhecendo o território, 94 a equipe terá condições de visualizar as carências e estabelecer um diagnóstico de sua área. Nesse diagnóstico, osagentes comunitários de saúde e suas equipes irão identificar quais os riscos que in- terferem na qualidade de vida da família. Esse mapa deve ser atualizado sempre, pois o espaço da comu- nidade é dinâmico, sofre transformações constantes. 95 Figura 11 – Incidência de homicídios nas causas de morte da po- pulação total Fonte: PUC – SP, Inpe, Instituto País. Mapa de Exclusão Social/ Inclusão Social Nota: Realizado com Phicarto Disponível em: www.prefeitura.sp.gov.br 96 5.5. Agente Comunitário de Saúde transformando a realidade do seu território O agente comunitário de saúde conhece a proble- mática local, pois mora no mesmo bairro e convive com inúmeras questões que afetam a qualidade de vida dos moradores daquela região. O local de trabalho do agente é uma Unidade de Saúde, de determinada área, seu local de capacitação e desenvolvimento técnico com sua equipe de traba- lho. A unidade de saúde e sua equipe irão planejar formas de desenvolver ações de saúde que atendam as necessidades da população local. A maior parte de sua jornada de trabalho será feita fora da unidade de saúde, conhecendo a região, vi- sitando os domicílios envolvidos no programa, co- nhecendo a realidade das famílias e as problemáticas por elas apresentadas. Paralelo ao sistema de conhe- cimento, as famílias irão também conhecer a comu- nidade como um todo. A infraestrutura, saneamento básico, escolas, creches, abrigos, áreas de violência, problemas com drogas, idosos, crianças e outros. O agente irá desenvolver o papel de intermediário entre a unidade de saúde e a comunidade, ou seja, 97 sua ação é uma extensão da unidade de saúde local. Sua capacidade de se comunicar com a população facilitará a inserção do programa Saúde da Família. Deverá estabelecer diálogo com as famílias e víncu- los profissionais para que seu papel, enquanto trans- formador da problemática existente na comunidade ou família, possa contribuir para a qualidade de vida das pessoas. Brasil, Ministério da Saúde, 2009. Figura 12 – Composição Etária da População Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2000. Disponível em: www.prefeitura.sp.gov.br 98 5.6 - Conhecendo caminhos, descobrindo o território Caminhos mais fáceis para se chegar aos locais Conhecer barreiras que dificul- tam o caminho das pessoas e da equipe: rios, morros, lixão, falta de asfalto. Conhecer a realidade da co- munidade e família Equipe caminha pelo território e apresenta a nova estratégia de saúde pública. Planejar as visitas domiciliares Organizar planilhas, horários e objetivo das VDs. Identificar grupos prioritários Idosos, gestantes, hipertensos, diabéticos, crianças, deficientes, tuberculosos etc. Identificar recursos sociais Creches, associações, entidades filantrópicas etc. Estabelecer contatos sociais Igrejas e entidades prestadoras de serviços à comunidade. Identificar área de violência Conhecer o motivo/discutir com a comunidade e equipe Discutir com equipe os pro- blemas da população local Planejar com a equipe como resolver os problemas de saúde Brasil, Ministério da Saúde, 2009. Situações de risco no território: • Crianças desnutridas; • Gestantes que não fazem pré-natal; • Gestantes que fumam; 99 • Idosos acamados; • Deficientes abandonados; • Crianças em situação de violência; • Famílias desestruturadas, usuários de drogas e outros. Figura 13 – Comunidades Quilombolas - Com a elaboração do mapa a equipe do PSF passa a conhecer Fonte: www.ocarete.org.br/acoes/programas/comunidades-quilombolas/ 100 5.7 – O ACS e a Unidade de Saúde O agente comunitário, enquanto intermediário en- tre unidade de saúde e família, deverá estar sempre atento às questões que venham acometer as famí- lias de seu território, identificando com elas quais as intercorrências e por que estão ocorrendo. Ex.: casos de diarreia: como está o saneamento básico? Há água tratada pela rede do governo? As crianças andam descalças? Tem geladeira para armazenar os alimentos prontos? Conhecendo os problemas, deverão ser encaminha- dos à unidade básica de saúde para avaliação e acom- panhamento para resolutividade do caso. Em alguns casos, a família é tímida, tem receios, você poderá observar e relatar o caso à equipe, para juntos procurarem a melhor forma de abordar e aju- dar a família. Todo cuidado ao abordar questões par- ticulares pode eliminar constrangimento de ambas as partes. A visita domiciliar dever ser efetivada sempre pelo agente comunitário de saúde e, quando necessário, por outro técnico da equipe. Um dos papéis do agente é desenvolver ações de educação em saúde. Esse processo de informação e formação também 101 poderá ser feito em espaços comunitário. Toda ação deve visar à promoção à saúde e à quali- dade de vida das famílias. Ser otimista, incentivador, orientador e saber ouvir irá estimular o envolvimen- to da família como programa de saúde. O planejamento das ações de saúde é muito impor- tante porque irá fortalecer o trabalho desenvolvido do agente comunitário e sua equipe. Sempre envol- ver as pessoas nas ações de saúde e meio ambiente de seu território. Transformado a família/comunida- de em ambientes mais saudáveis. Conhecer as con- dições de moradia das pessoas poderá identificar os riscos que aumentam as doenças. Brasil, Ministério da Saúde, 2009. Como exemplo, podemos citar: ◦ Desemprego; ◦ Lixo armazenado em local inadequado; ◦ Água sem tratamento e contaminada; ◦ Esgoto a céu aberto; ◦ Falta de alimentação ou consumo inadequado de alimentos; ◦ Baixa renda; ◦ Automedicação; ◦ Descontinuidade do tratamento; ◦ Falta de acesso a serviços de distribuição de energia 102 elétrica, água, transporte público, escola, creche etc.; ◦ Violência em famílias. Dificuldades para acessar os serviços de saúde por parte dos usuários: ◦ Serviços localizados a grandes distâncias do local de moradia; ◦ Horário dos serviços e dias de atendimento restri- tos, dificultando o acesso; ◦ Capacidade da rede insuficiente; ◦ Falta de profissionais; ◦ Burocratização do atendimento; ◦ Preconceitos raciais, religiosos, culturais, sociais e outros; ◦ Falta de espaço adequado para receber deficientes; ◦ Desconhecimento do profissional da realidade da família/comunidade. 5.8. Estudo de caso A dificuldade de conhecer a realidade do usuário di- ficulta o processo de assistência à saúde e a resoluti- vidade dos casos. Em determinada comunidade formada por oito ca- sas, observou-se a incidência de diarreias e dermati- tes em crianças. Encaminhadas às Unidades Básicas 103 de Saúde, após atendimento para resolutividade, o caso foi encaminhado ao agente comunitário de saú- de, que agendou uma visita domiciliar para conhecer o bairro, a moradia das crianças e a forma de distri- buição de água no local. Na visita domiciliar foi observado que todas as ca- sas recebiam água tratada em tubulações adaptadas, inadequadas e sem proteção. Próximo à área, havia uma caixa de cimento onde o lixo era armazenado. A caixa era suja, trincada, sem proteção e inadequada, havia resíduos escorrendo da caixa e forte odor. Os canos também tinham trincas e vazamentos, o re- síduo do lixo entrava através das rachaduras, contami- nando a água que era usada para beber, cozinhar, fazer mamadeira. Na ausência de espaço de lazer, creche e escola, as crianças brincavam próximas à área (descal- ças, não lavavam as mãos, pegavam na terra molhada), os cachorros transitavam de um lado para outro, e ou- tros bichos aparecem, como moscas, pombos. Nesta visita, verificou a existência desses fatores que fatalmente contribuem pra o risco de adoecer. Após o conhecimento dos riscos, o agente comunitário, passará o caso para a equipe. Juntos irão planejar uma ação para envolver todos os órgãos do setor pú- blico a fim de sanar os problemas e eliminar o risco. 104 No caso, podemos citar vários órgãos que deverão ser acionados pela equipe e a comunidade para sanar os riscos apresentados, como: solicitar ao órgão res- ponsável o consertodos encanamentos e orientar a comunidade sobre rede de esgoto, a maneira correta de realizar a coleta de lixo, desenvolver ações educa- tivas para conhecimento do problema e as formas de evitar as doenças provenientes de condições inade- quadas de vida da comunidade. A equipe de ESF irá acompanhar o caso e monitorar as evoluções no processo de promoção e prevenção à saúde. 105 exercícios 1 – Comente o que você entendeu sobre a atuação do Agente Comunitário de Saúde. 2 – Como conhecer o território de atuação da ESF? 3 – Fale sobre os objetivos da Visita Domiciliar. 4 – As visitas domiciliares deverão ser planejadas? Por quê? 5 – Como ocorre a seleção do Agente Comunitário de Saúde? 106 “A realidade é um processo histórico” Georg Hegel - nasceu na Alemanha, 1770 a 1831. 107 Figura 14 – A equipe e os objetivos Fonte: Disponível em: paroquiasabinopolis.blogspot.com.br/p/comunidades.html unidade 6 ética e a visita domiciliar 111 Ética Ética, segundo o dicionário da língua portuguesa, é a parte da filosofia que estuda os deveres do homem para com Deus e a sociedade. Deontologia: ciência da moral. Cada grupo possui seu código de ética, assim é a família, a comunidade e outras instituições. Na visi- ta domiciliar, a ética profissional é um conjunto de atitudes e comportamentos, valores que vão nortear o diálogo durante a visita. A comunicação verbal e a postura profissional devem ser pautadas na ética para que ocorra um bom relacionamento social e al- cance dos objetivos. O respeito mútuo e a compre- ensão dos valores do outro irão facilitar as ações que visam à promoção e prevenção à saúde. Fortalecendo o vínculo profissional através dos ob- jetivos claros da visita domiciliar e o respeito com o outro contribui o planejamento estabelecido pela equipe da ESF. 6.1. Visita domiciliar e a ética profissional O trabalho em equipe exige algumas regras que se- rão imprescindíveis para um trabalho técnico, hu- 112 manizado e sensível, às questões que permeiam o mundo de cada casa, cada família, cada comunidade, cada unidade de saúde. Diria que é universo ímpar, participar em cada espa- ço, cada domicílio. Sempre que iremos conhecer e entrar no espaço chamado domicílio é um momento de grande ansiedade e medo. Pois, estamos indo de encontro com o desconhecido e não sabemos como é e o que iremos encontrar, sabemos que algumas questões são atípicas, e que a família e a comuni- dade tratam como normal. Ou seja, com o tempo, aprenderam a sobreviver com a situação existente, por medo ou falta de recursos ou orientações. O preparo das emoções e o preparo técnico darão o tom do diálogo. A ética será a chave mestra do processo e influenciará a evolução do processo de promoção à saúde ou poderá se tornar um grande problema de ordem administrativa e técnica. O trabalho desenvolvido na área da saúde é realiza- do por uma equipe de multiprofissionais, onde cada um tem conhecimento técnico de sua área. Cada um tem sua responsabilidade e produz ações que devem visar ao interesse da população atendida. Deve estar atento e sensibilizar a equipe, pois cada 113 pessoa da equipe tem sua história de vida, práticas, culturas e formação diferentes. O grupo de trabalho na unidade de saúde tem um objetivo especifico: a promoção à saúde. Para efetivação da equipe, há a necessidade de existir momentos de discussões e re- flexões sobre o papel na sociedade e na comunidade em que atua. Prestar sempre atenção que equipe é um grupo de pessoas que precisa aprender a traba- lhar juntos. A organização da equipe nos planejamentos e proje- tos terapêuticos para assistir a população irá desper- tar que cada membro da equipe tem um olhar para a questão e que todos os envolvidos no processo têm grande importância no processo de cuidar. Mesmo com a interação da equipe, algumas ações são específicas de determinado profissional. Brasil, Ministério da Saúde, 2009 6.2 – Ações técnica de promoção à saúde de cada profissional da ESF O quadro a seguir mostra as ações de saúde que competem à equipe da ESF. 114 Pr ofi ss io na is A cs A ux ./ té cn ic o de e nf er m ag em E nf er m ei ro M éd ic o A ge nt e de co nt ro le d e en de m ia s D en tis ta T éc ni co e m sa úd e bu ca l A ux . d e sa úd e bu ca l P la ne ja m en to X X X X X X X X V isi ta d om ic ili ar X x X X X X X X Pr es cr ev er m ed ic am en to s X X X O rie nt aç ão so br e hi gi en e bu ca l X X X X X X X X C ad as tra m en to da fa m íli a X C on su lta m éd ic a X C on su lta d e en fe rm ag em X A pl ic ar la rv ic id a x Re al iz ar a çõ es de e du ca çã o em sa úd e X X X X X X X x Av al ia çã o X X X X X X X x Fonte: Brasil, Ministério da Saúde, 2009 115 6.3.- Solidariedade, Compreensão, Ética na Visita domiciliar A vista domiciliar é um instrumento de trabalho im- portante para o Agente Comunitário de Saúde. Ao realizar a VD, o ACS conhece a residência da família, o espaço físico, mas também o que ele representa para a família. A família tem seus valores culturais e sociais, religiosos, e seus códigos de sobrevivência. Um olhar mais sensível e a capacidade de compreen- der irão contribuir para a aproximação e estabelecer uma relação de confiança. Estabelecer um vínculo é necessário ao processo de promoção, prevenção, controle e recuperação da saúde. Estabelecer um bom vínculo é necessário, mas impor limites na re- lação também é importante, deve-se dissociar a sua relação pessoal e a profissional enquanto agente de saúde. Saber ouvir, discutir proposta e, se necessário, informar a equipe deve ser um fator primordial. Ouvir, na Estratégia Saúde da Família, significa ter cuidado com as informações que irá receber e guardá- -las, assegurando o sigilo profissional. Lógico que, em alguns casos, será necessário informar a equipe e pe- dir auxilio para prosseguir o processo de promoção. Falar sobre o que ouviu fora da equipe técnica, em corredores, padarias, vizinhança, é um grande desres- 116 peito com a pessoa e sua família e uma falta de ética profissional que, fatalmente, irá interferir no trabalho de forma negativa. Assim, toda confiança da família com o agente comunitário de saúde será quebrada e a proposta do programa será comprometida. Cada família tem seu perfil, com a transformação da sociedade iremos encontrar vários modelos de fa- mília. As classificações de modelos não serão pre- ocupação, mas sim como cada conduta e ação são recebidas pela família e como essas informações po- derão ajudá-las. Acolher, ouvir e orientar também é uma ação educativa, elas devem ser claras e objetivas. As visitas domiciliares devem ser planejadas, ter um roteiro, tempo e o motivo deverá ser informado à família. Conhecer a pessoa e chamá-la pelo nome sempre demonstra seu interesse e respeito. Assim como o agente comunitário de saúde, toda a equipe deverá ter posturas profissionais perante o paciente e família, sem julgamentos quanto à opção sexual, religião ou trabalho. As diferenças devem ser respeitadas, tendo sempre tolerância e imparcialidade. Após a visita, o agente comunitário deve avaliar se os objetivos foram alcançados. Verificar se os da- dos e as informações foram contemplados dentro 117 da proposta inicial. Avaliar, discutir junto à equipe para averiguar possíveis falhas ou dúvidas, ajudando assim o processo para a próxima visita. Na realização da visita é possível conhecer e verificar várias questões que fazem parte do cotidiano das famí- lias e que dificultam melhores cuidados com a saúde. Brasil, Ministério da Saúde, 2009 Por meio das VDs, conhecemos a problemática da família: • Gravidez na adolescência; • Crianças desnutridas; • Pessoas com deficiência; • Idoso abandonado; • Falta de orientação correta para cuidar da saúde e melhorar sua qualidade de vida; • Divulgar e orientar
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