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DIREITO 
PROCESSUAL 
CIVIL III
Maytê Ribeiro Tamura Meleto Barboza
Espécies de execução
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Explicar os elementos da execução para entrega de coisa certa.
  Descrever a execução para entrega de coisa incerta.
  Resumir a execução da obrigação de fazer ou não fazer.
Introdução
Os títulos executivos judiciais ou extrajudiciais são documentos que 
contêm em si uma determinada obrigação, que deve ser cumprida pelo 
devedor no prazo estipulado. Uma vez descumprida a obrigação, o credor 
tem a possibilidade de ingressar com um processo executório contra o 
inadimplente, no intuito de fazê-lo cumprir a sua parte do acordo.
A execução tem, portanto, a finalidade de satisfazer o direito do credor 
a partir do cumprimento da obrigação pela parte devedora. Existem 
diversas espécies de execução e cada uma delas se destina à realização 
de uma obrigação diferente, tendo características peculiares, que serão 
vistas ao longo deste capítulo. Aqui, você vai ler sobre as várias espécies 
de execução, os elementos da execução para entrega de coisa certa e a 
execução para entrega de coisa incerta. Por fim, você verá um resumo 
sobre a execução da obrigação de fazer ou não fazer.
Execução para entrega de coisa certa
Sabe-se que, no nosso ordenamento jurídico, não é permitido que se faça jus-
tiça com as próprias mãos. Assim, quando as pessoas se sentem injustiçadas, 
devem buscar o auxílio do judiciário para corrigir tal injustiça. A execução 
é o meio pelo qual o credor pode ver satisfeito o seu direito. Uma vez que o 
devedor deixa de cumprir a obrigação estabelecida no título executivo, torna-se 
inadimplente, e para o credor surge a prerrogativa de executá-lo. 
Execução é a atividade processual de transformação da realidade prática. Trata-se de uma 
atividade de natureza jurisdicional, destinada a fazer com que aquilo que deve ser, seja. Dito 
de outro modo: havendo algum ato certificador de um direito (como uma sentença, ou 
algum ato cuja eficácia lhe seja comparada), a atividade processual, destinada a transformar 
em realidade prática aquele direito, satisfazendo o seu titular, chama-se execução. 
É, pois, uma atividade destinada a fazer com que se produza, na prática, o mesmo resultado 
prático ou um equivalente do que se produziria se o direito tivesse sido voluntariamente 
realizado pelo sujeito passivo da relação jurídica obrigacional. Em princípio, o que se espera 
é que o devedor da obrigação a realize voluntariamente, adimplindo com o seu dever 
jurídico (ou seja, executando voluntariamente a prestação). Caso não ocorra a execução 
voluntária, porém, é lícito ao credor postular a execução forçada (CÂMARA, 2015).
A execução postulada após o inadimplemento do devedor é chamada de 
execução forçada. Afinal, o devedor teve a oportunidade de cumprir volun-
tariamente a sua obrigação e não o fez, de modo que o seu inadimplemento 
gera ao credor a possibilidade de ingressar contra ele com um processo de 
execução. O credor não pode ser prejudicado pela má-fé do inadimplente.
Existem várias espécies de execução. Neste capítulo, estudaremos a execu-
ção para entrega de coisa certa, para entrega de coisa incerta e para obrigação 
de fazer ou não fazer, respectivamente. A análise se iniciará pela execução 
para entrega de coisa certa:
Mais uma vez, o legislador utiliza a expressão “obrigação”, especificando-a como 
sendo de “entrega de coisa”. Obrigação, já vimos diversas vezes neste Curso, é ape-
nas uma espécie do gênero dever jurídico que tem sua gênese vinculada ao chamado 
direito obrigacional. Mas há outros tipos de deveres, como aqueles vinculados aos 
direitos reais, aos direitos de família e aos direitos sucessórios. A referência que o 
legislador faz ao termo “obrigação” deve ser entendida num sentido mais amplo, 
como referência a “dever jurídico”, porque não apenas a prestação de entregar coisa 
fundada em vínculo obrigacional pode ser objeto de execução; também o pode 
a prestação de entregar coisa fundada em vínculo de outra natureza. Esse alerta 
tem importância prática. Há títulos executivos extrajudiciais que podem versar 
sobre deveres não obrigacionais, como, por exemplo, o termo de ajustamento de 
conduta, previsto no §6º do art. 5º da Lei n. 7.347/1985. Assim, por exemplo, é 
possível que se tenha ajustado o dever de o ente público fornecer medicamentos 
e insumos para tratamentos de saúde, prestação que pode ser cobrada mediante 
processo autônomo de execução para entrega de coisa, fundada nesse título exe-
cutivo extrajudicial. Além disso, têm o mesmo sentido as expressões “entrega de 
coisa”, “dar coisa” ou “dar coisa distinta de dinheiro”. Utilizaremos todas elas 
como expressões sinônimas (DIDIER JR., 2017, p. 1.059-1.060).
Espécies de execução2
Para ingressar com um processo de execução fundado em título executivo 
extrajudicial para entrega de coisa certa, deve o exequente apresentar a sua 
petição inicial, que, por sua vez, deverá seguir certos requisitos:
Quando se trata de execução para entrega de coisa certa, fundada em título 
executivo extrajudicial, a demanda deve ser proposta por petição inicial que 
deverá preencher os requisitos estabelecidos pelos arts. 77, V, 319, 320 e 
798. Estando corretamente elaborada a petição inicial, será determinada a 
citação do executado para, no prazo de quinze dias, satisfazer a obrigação, 
entregando a coisa devida (art. 806). No mesmo despacho que ordena a 
citação, deverá o juízo da execução fixar multa por dia de atraso, ficando 
seu valor sujeito a alteração de insuficiente ou excessivo (art. 806, §1º). Vale 
recordar, aqui, que a modificação desta multa (astreinte) só pode produzir 
efeitos para o futuro, alterando-se apenas o valor da multa vincenda (art. 
537, §1º). Do mandado de citação constará, desde logo, a ordem para imissão 
na posse (caso a coisa a ser entregue seja imóvel) ou busca e apreensão (no 
caso de se tratar de bem móvel), cujo cumprimento se dará de imediato se o 
executado não promover a entrega da coisa no prazo (806, §2º) (CÂMARA, 
2015, p. 373).
O devedor, a seu turno, será citado para que cumpra a prestação devida, satisfa-
zendo a obrigação. Caso haja atraso no cumprimento, o juiz poderá fixar astreintes, 
multa por dia de atraso, para forçar o cumprimento da respectiva obrigação. A 
execução para entrega de coisa certa, quando o título executivo é extrajudicial, 
está prevista no Código de Processo Civil (CPC) de 2015 a partir do art. 806:
Art. 806 O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título 
executivo extrajudicial, será citado para, em 15 (quinze) dias, satisfazer a 
obrigação.
§ 1º Ao despachar a inicial, o juiz poderá fixar multa por dia de atraso no 
cumprimento da obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração, 
caso se revele insuficiente ou excessivo.
§ 2º Do mandado de citação constará ordem para imissão na posse ou busca 
e apreensão, conforme se tratar de bem imóvel ou móvel, cujo cumprimento 
se dará de imediato, se o executado não satisfizer a obrigação no prazo que 
lhe foi designado (BRASIL, 2015, documento on-line).
 Portanto, o devedor desse tipo de obrigação, constante em título executivo 
extrajudicial, é citado para que a satisfaça no prazo de 15 dias. É importante 
dizer que o valor da multa por dia de atraso (astreinte) está sujeito à altera-
ção quando se revele insuficiente ou excessivo, de modo que o juiz poderá 
modificá-lo.
3Espécies de execução
Em se tratando de bem imóvel ou móvel, no mandado de citação, já deve 
estar contida ordem para imissão na posse ou busca e apreensão. O cumpri-
mento do mandado deve ocorrer imediatamente caso o executado não cumpra 
a obrigação no prazo estabelecido pelo juiz. O art. 807 do CPC de 2015, por 
sua vez, afirma que: “Art. 807 Se o executado entregar a coisa, será lavrado 
o termo respectivo e considerada satisfeita a obrigação, prosseguindo-se a 
execução para o pagamento de frutos
ou o ressarcimento de prejuízos, se 
houver” (BRASIL, 2015, documento on-line). Isso porque, uma vez que o 
executado entrega a coisa litigiosa, a obrigação se considera cumprida. A 
execução prosseguirá apenas em relação ao pagamento dos frutos ou para 
que sejam ressarcidos os eventuais prejuízos.
Caso não haja frutos ou ressarcimento de prejuízos, a obrigação será considerada 
satisfeita e findada a execução. Caso o objeto da obrigação tenha sido alienado, será 
expedido mandado contra o terceiro adquirente, que deverá depositá-la, para então 
ser ouvido (art. 808) (BRASIL, 2015). 
É direito do exequente receber “[...] além de perdas e danos, o valor da 
coisa, quando essa se deteriorar, não lhe for entregue, não for encontrada ou 
não for reclamada do poder de terceiro adquirente”, de acordo com o art. 809, 
caput, do CPC (BRASIL, 2015, documento on-line).
O exequente deverá, com o processo de execução, receber a coisa pela 
qual está pleiteando. Caso não seja possível, por algum motivo, a entrega do 
bem, seja porque ele se deteriorou, porque ele se perdeu, ou por não ter sido 
reclamado do poder de terceiro adquirente, ele terá o direito de receber o valor 
da coisa, somado às perdas e danos decorrentes dessa perda.
Caso o valor da coisa não conste no título nem seja possível a sua ava-
liação, o exequente deverá apresentar uma estimativa, que estará sujeita ao 
arbitramento judicial (art. 809, § 1º) (BRASIL, 2015). Tanto o valor da coisa 
quanto os prejuízos serão apurados em liquidação (art. 809, § 2º) (BRASIL, 
2015). Ou seja, se o valor da coisa não for constante do título ou, ainda, caso 
não seja possível avaliá-la, é obrigação do exequente a apresentação de uma 
estimativa desse valor, que deverá, inclusive, adicionar os prejuízos. Caso o 
Espécies de execução4
executado ou ainda terceiros tenham feito benfeitorias indenizáveis na coisa, 
é obrigatório que se faça uma liquidação prévia (art. 810 do CPC de 2015). O 
parágrafo único do art. 810 estabelece que: 
Art. 810 [...]
Parágrafo único. Havendo saldo:
I — em favor do executado ou de terceiros, o exequente o depositará ao 
requerer a entrega da coisa;
II — em favor do exequente, esse poderá cobrá-lo nos autos do mesmo processo 
(BRASIL, 2015, documento on-line).
Vale lembrar que o procedimento descrito é referente à execução para 
entrega de coisa certa, ou seja, a coisa deve estar previamente determinada e 
totalmente individualizada. Segundo Didier Jr. (2017, p. 1.061):
Para compreender o mecanismo da execução de obrigação de entrega de coisa, é 
importante compreender que, a depender da coisa a ser entregue, as obrigações 
podem ser classificadas em obrigação de entrega de coisa certa e obrigação 
de entrega de coisa incerta. Considera-se coisa incerta aquela determinada 
ao menos em relação ao gênero e à quantidade (art. 243, Código Civil), sem 
menção à qualidade. É o caso, por exemplo, do pedido para que o executado 
entregue seiscentas sacas de café, sem que se diga o tipo ou a procedência 
dos grãos. Coisa certa, por sua vez, é aquela perfeitamente individualizada 
em relação ao gênero, quantidade e qualidade. É o que se dá quando se pede, 
por exemplo, que o executado entregue seiscentas sacas de café arábica, tipo 
exportação, produzido em determinada região.
A entrega de coisa certa é aquela entrega de coisa que já está perfeitamente individu-
alizada, tanto em relação ao gênero, quanto em relação à quantidade e à qualidade. 
O que se viu até agora foi em relação à execução para entrega de coisa certa 
quando o título executivo é extrajudicial. Porém, se se tratar de cumprimento de 
sentença que reconhece a obrigação de entregar coisa, o procedimento é diferente.
No tocante à execução de sentença que reconheça a exigibilidade de obriga-
ção de entregar coisa, o art. 538, caput, do Novo CPC prevê tão somente o 
procedimento inicial, em especial para a hipótese de entrega de coisa incerta. 
5Espécies de execução
Novamente o legislador deixou de prever um procedimento específico para 
a fase de cumprimento de sentença, como já havia feito no cumprimento de 
sentença de obrigação de fazer e não fazer. Caberá ao juiz adotar o procedi-
mento que parecer mais adequado no caso concreto para a efetiva satisfação do 
direito do credor, em nítida adoção das técnicas de tutela diferenciada. Aduz 
o art. 538, §3º, do Novo CPC que se aplicam ao cumprimento de sentença de 
obrigação de entregar coisa as disposições sobre o cumprimento de obrigação 
de fazer e não fazer. Dessa forma, aplicam-se a essa espécie de execução todas 
as considerações feitas no Capítulo 47, item 47.3, a respeito da conversão em 
perdas e danos, da atipicidade dos meios executivos e da multa coercitiva. 
Também se aplicam a essa execução os comentários a respeito do direito de 
defesa do executado, feitos no mesmo capítulo. Como o dispositivo prevê a 
aplicação naquilo que couber, não se aplica ao cumprimento de sentença que 
reconheça a exigibilidade de obrigação de entregar coisa a regra do art. 536, 
caput, do Novo CPC, porque na hipótese de execução para entrega de coisa 
é inviável a obtenção de resultado prático equivalente e, uma vez inviável a 
obtenção da tutela específica no caso concreto, a conversão em perdas e danos 
será a única alternativa restante (NEVES, 2017, p. 1.203).
Diz o art. 538, caput, do CPC de 2015 que “Art. 538 Não cumprida a 
obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença, será expedido 
mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, 
conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel” (BRASIL, 2015).
De acordo com os arts. 513 e 771 do CPC, as regras dos arts. 806 a 813 
se aplicam subsidiariamente ao cumprimento de sentença que reconheça a 
exigibilidade de obrigações de entregar coisa (execução fundada em título 
executivo extrajudicial). Por sua vez, as regras sobre cumprimento de sen-
tença, que estão alocadas no Livro I da Parte Especial do CPC, aplicam-se 
subsidiariamente à execução fundada em título executivo extrajudicial (art. 
771, par. ún., CPC). (DIDIER JR., 2017, p. 1.060).
O procedimento da execução para entrega de coisa certa e incerta se di-
ferenciam em relação à sua fase inicial. Vejamos, a partir de agora, como se 
dá o procedimento para entrega de coisa incerta.
Execução para entrega de coisa incerta
Afi nal, o que pode ser considerada como coisa incerta? Coisa incerta deve 
ser considerada coisa indeterminada, mas determinável, cuja escolha importa 
em razão da diferente qualidade entre os bens que poderão ser escolhidos. 
Espécies de execução6
Exemplificativamente, é possível lembrar de uma obrigação de entregar um filhote de 
cachorro proveniente da cria de uma cadela específica, quando jamais todos os filhotes 
serão iguais. Certamente haverá o mais dinâmico, o mais magro, o mais belo, o mais 
alegre, o mais bravo, o mais dengoso, etc. Aqui, certamente a escolha é fundamental, 
então estaremos diante de execução de coisa incerta (NEVES, 2017).
Assim, portanto, a coisa incerta é aquela que não está individualizada; ou 
seja, só se sabe o seu gênero e a sua quantidade, mas não, por exemplo, a sua 
qualidade. Segundo Câmara (2015, p. 374):
Vale, aqui, recordar o que é a obrigação de dar coisa incerta. Esta é a obrigação 
de dar coisas que são indicadas “ao menos, pelo gênero e pela quantidade” 
(art. 243 do CC). Pense-se, por exemplo, no caso de alguém que é obrigado 
a entregar um dos cavalos de um haras, ou um dos cães de um canil. Pois 
neste caso há bens diferentes entre si, mas que são determinados pelo gênero 
(cavalo, cão) e pela quantidade a ser entregue.
Portanto, ao encontro do exemplo anterior, se houver uma gata prenha e 
alguém deseje um dos filhotes, poderá dizer que quer um filhote macho daquela 
gata. Porém, poderá ser qualquer filhote, uma vez que não se sabe ao certo, de 
antemão, as características que cada um deles terá. Desse modo, será possível 
determinar o filhote pelo seu gênero (masculino) e pela sua quantidade (um).
Diz-se que a coisa é indeterminada porque não há como saber, previamente, 
de que filhote se trata. Isso só se poderá saber após o nascimento da ninhada. 
O título pode especificar a quem cabe a escolha do filhote, no caso do 
exemplo acima. Se a escolha couber ao exequente, este deve indicar logo na 
petição inicial qual filhote deseja. Se a escolha, por outro lado, couber ao 
executado, este será citado para entregá-la de forma individualizada.
O art. 811 dispõe que: “Art. 811 Quando a execução recair sobre coisa 
determinada pelo gênero e pela quantidade, o executado será citado para 
entregá-la individualizada, se lhe couber a escolha. Parágrafo único. Se a 
escolha couber ao exequente, esse deverá indicá-la na petição inicial” (BRA-
SIL, 2015, documento on-line). Segundo Câmara (2015, p. 375), “Dito de outro 
modo, se a escolha couber ao credor, este só poderá escolher a coisa melhor 
se o executado livremente aceitar entregá-la. De outro lado, se a escolha 
7Espécies de execução
couber ao executado, este só poderá entregar ao exequente a coisa pior se o 
demandante aceitar recebê-la”.
Desse modo, pode-se concluir que a coisa incerta é a que não foi pre-
viamente determinada, mas que pode ser facilmente determinada, como no 
exemplo acima, em que não se especificou exatamente qual cachorro deveria 
ser entregue, mas era possível determinar que deveria ser de uma ninhada 
específica, de determinada cadela. Afinal, os filhotes são todos diferentes uns 
dos outros, por isso diz-se que a coisa é incerta; é, porém, determinável, por 
ser possível estabelecer a sua origem, a sua proveniência, etc.
É importante dizer que o direito de escolha deve estar previsto no título executivo, 
pois, do contrário, tal escolha será do devedor. Se a escolha for do credor, ou seja, do 
exequente, este deverá indicá-la logo na petição inicial. Se houver omissão, a escolha 
é transmitida ao executado, pois se subentende que o exequente renunciou ao direito 
de escolher. Porém, se o executado também deixar de fazer a tal escolha, ela retorna 
automaticamente ao exequente (NEVES, 2017).
Em geral, no próprio título, estará estipulado se a escolha cabe ao devedor 
ou ao credor. Caso seja o credor o responsável por individualizar a coisa, deverá 
fazê-lo desde logo na petição inicial. O art. 812 do CPC de 2015 afirma que: 
“Art. 812 Qualquer das partes poderá, no prazo de 15 (quinze) dias, impugnar 
a escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano ou, se necessário, ouvindo 
perito de sua nomeação (BRASIL, 2015, documento on-line). As respectivas 
partes poderão impugnar a escolha feita pela outra. Para julgar, caso considere 
necessário, o juiz poderá ouvir um perito, de sua nomeação, a respeito da esco-
lha das partes. Poderá decidir de plano também, caso se sinta apto para tanto.
 Em outras palavras, se a escolha do credor ou do devedor não agradou 
a parte contrária, esta poderá impugná-la no prazo de 15 dias. O juiz tem a 
possibilidade de decidir de plano a respeito dessa matéria ou, se preferir, ouvir 
um perito de sua nomeação. O art. 813 complementa, dizendo que: “Art. 813 
Espécies de execução8
Aplicar-se-ão à execução para entrega de coisa incerta, no que couber, as 
disposições da Seção I deste Capítulo” (BRASIL, 2015, documento on-line).
São essas basicamente as diferenças entre os procedimentos de execução 
para entrega de coisa certa e incerta.
Execução da obrigação de fazer ou não fazer
Como pode ser conceituada, afi nal, este tipo de obrigação?
Trata-se de dever que tem sua gênese vinculada ao chamado direito obrigacional, 
no que se distingue de outros tipos de deveres, como aqueles vinculados aos 
direitos reais, aos direitos de família e aos direitos sucessórios. Ao fazer refe-
rência ao termo “obrigação”, contudo, o legislador o utiliza num sentido amplo 
conferindo-lhe o significado de “dever jurídico”. Desse modo, as execuções 
de que ora tratamos têm por objeto a satisfação de prestação de fazer e de não 
fazer, pouco importa se elas decorrem de uma obrigação, em sentido estrito, 
ou de uma outra espécie de dever jurídico (DIDIER JR., 2017, p. 1.039-1.040). 
Portanto, obrigação deve ser entendida como dever jurídico, sendo que as 
prestações podem ser de fazer ou não fazer determinada coisa.
Os arts. 814 a 823 do CPC de 2015 tratam da execução da obrigação de 
fazer e não fazer. Diz o art. 814 que:
Art. 814 Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer fundada em título 
extrajudicial, ao despachar a inicial, o juiz fixará multa por período de atraso 
no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida.
Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previsto no título e for excessivo, 
o juiz poderá reduzi-lo (BRASIL, 2015, documento on-line).
A multa referida no art. 814, que ocorre em decorrência dos dias de atraso 
no cumprimento da obrigação, é chamada de astreinte (CÂMARA, 2015). 
O art. 815 estipula que: “Art. 815 Quando o objeto da execução for obrigação 
de fazer, o executado será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz lhe 
designar, se outro não estiver determinado no título executivo” (BRASIL, 
2015, documento on-line).
9Espécies de execução
Caso o executado seja citado e cumpra a obrigação, é extinto o processo. Caso contrário, 
isto é, se o executado não cumprir a obrigação no prazo estabelecido, o exequente 
deverá requerer, nos próprios autos, a satisfação da obrigação à custa do executado 
ou, ainda, perdas e danos, que serão apurados em liquidação e consequentemente 
convertendo-se em execução por quantia certa (art. 816, caput, e parágrafo único) 
(BRASIL, 2015).
De acordo com o art. 817, é facultado, ainda, a um terceiro o cumprimento 
da obrigação. Nesse caso, o exequente deverá requerer, e o juiz poderá autorizar. 
O art. 818 dispõe que: “Art. 818 Realizada a prestação, o juiz ouvirá as partes 
no prazo de 10 (dez) dias e, não havendo impugnação, considerará satisfeita a 
obrigação. Parágrafo único. Caso haja impugnação, o juiz a decidirá” (BRASIL, 
2015, documento on-line). 
As obrigações de fazer e de não fazer podem ser assim classificadas (DI-
DIER JR., 2017).
1. Conforme a natureza da prestação que têm por objeto: obrigações com 
prestação positiva (fazer) e obrigações com prestação negativa (não fazer);
2. Conforme a possibilidade de a prestação ser realizada por terceiro, ou não: 
obrigações fungíveis (que admitem a realização por terceiro) e obrigações 
infungíveis (não admitem a realização por terceiro; são personalíssimas).
Optando o exequente por ver realizada a prestação (fungível) por terceiro, 
deverá requerer ao juiz que autorize o terceiro a satisfazê-la à custa do execu-
tado (art. 817). Caberá ao juiz, então, aprovar uma proposta de terceiro, o que 
só poderá fazer depois de ouvir as partes. Aprovada a proposta, incumbirá ao 
exequente adiantar os valores necessários para o pagamento do terceiro (art. 
817, parágrafo único). O exequente, porém, terá direito de preferência, podendo 
ele próprio executar — ou mandar executar, sob sua direção e vigilância — 
as obras e os trabalhos necessários à realização da prestação, desde que o 
faça nas mesmas condições estabelecidas na proposta do terceiro que tenha 
sido aprovada pelo juiz (art. 820). Para exercer este direito de preferência, o 
exequente terá de manifestar sua intenção no prazo de cinco dias a contar da 
intimação da decisão que aprovou a proposta de terceiro (art. 820, parágrafo 
Espécies de execução10
único). Realizado o serviço por terceiro, o juiz ouvirá as partes no prazo de dez 
dias e, não havendo impugnação, considerará satisfeito o direito do exequente 
(art. 818). Caso haja alguma impugnação, porém, o juiz deverá decidi-la desde 
logo (art. 818, parágrafo único). (CÂMARA, 2015, p. 375-376).
Porém, caso a obrigação seja infungível, isto é, se só puder ser satisfeita pelo 
próprio executado, o que pode se dar por suas qualidades únicas, para conse-
guir com que a obrigação seja satisfeita, o juiz poderá se valer de astreintes, a 
multa
diária, ou ainda outras medidas de pressão psicológica (NEVES, 2017).
Se esse terceiro que deveria cumprir a obrigação não o fizer ou fizer de 
forma defeituosa ou incompleta, o exequente pode requerer ao juiz que, no 
prazo de 15 dias, autorize a concluí-la ou a repará-la à custa do contratante, 
ou seja, do executado (art. 819 do CPC de 2015). O parágrafo único do art. 819 
complementa ao dizer que: “Art. 819 [...] Parágrafo único. Ouvido o contratante 
no prazo de 15 (quinze) dias, o juiz mandará avaliar o custo das despesas 
necessárias e o condenará a pagá-lo” (BRASIL, 2015, documento on-line).
De acordo com o art. 820 do CPC de 2015, é possível, ainda, que o exequente 
execute ou mande executar as obras e os trabalhos para que a prestação seja paga; 
nesse caso, terá preferência, em igualdade de condições de oferta, em relação ao 
terceiro. O parágrafo único do art. 820 acrescenta que: “Art. 820 [...] Parágrafo 
único. O direito de preferência deverá ser exercido no prazo de 5 (cinco) dias, 
após aprovada a proposta do terceiro” (BRASIL, 2015, documento on-line). 
O art. 821 trata da possibilidade de o título estabelecer o cumprimento da 
obrigação pessoalmente pelo executado. O juiz deverá fixar um prazo para o 
seu cumprimento. O parágrafo único do mesmo artigo informa que, em caso 
de recusa ou mora do executado, a obrigação se converterá em perdas e danos, 
e o procedimento deverá ser o da execução por quantia certa (BRASIL, 2015).
Há casos em que o exequente faz questão de que a prestação seja cumprida pelo 
próprio executado, pessoalmente. Imaginemos um cantor muito famoso que tenha 
sido contratado para fazer um show ou ainda um ilustre e renomado pintor de quadros. 
Nesse caso, se o executado se recusa ou demora a cumprir a sua obrigação, é possível 
que o juiz a converta em perdas e danos.
11Espécies de execução
A execução da obrigação de não fazer consiste na abstenção do indivíduo 
de não fazer o que estava obrigado por lei ou por contrato, de modo que o 
exequente deve requerer ao juiz que fixe um prazo ao executado para que este 
possa desfazê-lo (art. 822) (BRASIL, 2015). Entretanto, caso haja recusa ou 
mora do executado, o exequente requererá ao juiz que mande desfazer o ato à 
custa daquele, que responderá por perdas e danos (art. 823) (BRASIL, 2015). 
No que diz respeito à assim chamada “execução das obrigações de não fazer”, 
impende fazer uma consideração. É que não existe mora nas obrigações de 
não fazer. Afinal, como são obrigações negativas, não há como se cogitar 
de atraso no descumprimento. O que pode haver é o inadimplemento, o qual 
ocorrerá quando o devedor praticar o ato que estava obrigado a se abster 
de realizar. Será, então, o caso de se buscar, através do processo judicial, o 
desfazimento daquilo que não poderia ter sido feito (o que é uma prestação 
positiva). Perceba-se, então, que a execução de obrigação de não fazer é, a 
rigor, uma execução da obrigação de desfazer o que não poderia ter sido feito 
(CÂMARA, 2015, p. 376).
Caso não seja possível proceder ao desfazimento da obrigação, esta será 
convertida em perdas e danos e, após a liquidação, deve ser observado o 
procedimento da execução por quantia certa.
O diploma processual privilegia a execução das obrigações de não fazer per-
manentes, prevendo as formas de desfazimento de tal fato. Havendo recusa do 
devedor em desfazer aquilo que não deveria ter feito, por proibido, o credor 
requererá ao juiz que mande desfazer o ato à custa do executado. Nesse caso, 
o devedor responderá por esse ato e também por perdas e danos, por meio da 
conversão do processo executivo em execução de pagar quantia certa (após 
a necessária liquidação incidente) (NEVES, 2017, p. 1.223).
Ou seja, caso não seja possível o desfazimento da obrigação que não deveria 
ter sido feita ou mesmo havendo recusa do devedor em desfazer tal coisa, o 
exequente deverá requerer ao juiz que o desfazimento seja realizado às custas 
do executado, que pagará não apenas pelo desfazimento da obrigação, mas 
também pelas perdas e danos que houver causado ao exequente.
Espécies de execução12
BRASIL. Lei nº. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, 2015. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.
htm. Acesso em: 23 dez. 2019.
CÂMARA, A. F. O novo processo civil brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015.
DIDIER JR., F. Curso de Direito Processual Civil: execução. 7. ed. Salvador: JusPodivm, 2017.
NEVES, D. A. A. Manual de Direito Processual Civil — Volume único. 9. ed. Salvador: 
JusPodivm, 2017.
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13Espécies de execução

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