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NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS INTRODUÇÃO À NEUROPSICOLOGIA NEUROPSICOLOGIA – DADOS HISTÓRICOS Dados de relatos sobre dificuldades de linguagem em um paciente com lesão craniana já eram descritos nos papiros de Edwin Smith em 3500 a.C. Desde então diversos estudos cognitivos vêm sendo descritos ao longo do tempo. • Gall (1809) – por meio de sua doutrina, a frenologia, defendia que a superfície do cérebro fosse associada a diferentes órgãos cerebrais, tendo cada um uma função e traços de caráter. • Carl Wernicke (1874) - descreveu a relação entre lesão no giro temporal dominante e a afasia sensorial ou de compreensão. Descreveu também a afasia de condução, cuja lesão ocorre nas fibras que conectam o giro temporal ao giro frontal no hemisfério esquerdo, com compreensão e expressão preservadas de forma razoável no contexto de dificuldades de repetição de palavras ou frases. • Paul Broca (1961) - sugeriu que o hemisfério cerebral esquerdo tinha relação com a linguagem, especificamente a fala e a dominância manual. • 1913 - o termo neuropsicologia surge pela primeira vez numa conferência nos Estados Unidos, mencionado por William Osler. Em seguida é citado na obra de Donald Hebb (1949), porém para a maioria dos pesquisadores, essa especialidade teve início com os estudos de Paul Broca. • Surgimento de uma nova escola: Localizacionista - devido às pesquisas sobre subdivisão e localização de centros específicos da linguagem. Outros estudos foram publicados associando áreas cerebrais a determinadas funções cognitivas. • Panizza (1855) – relacionou o quadro de cegueira com a região occipital. • Jonh Harlow (1849) – descreveu alterações de comportamento no caso Phineas Gage depois de uma lesão frontal. • Fim do século XX e início do século XXI – Vygotsky e Luria apresentaram uma proposta diferente da Localizacionista. Eles se basearam em três princípios centrais das funções corticais: PLASTICIDADE, SISTEMAS FUNCIONAIS DINÂMICOS E PERSPECTIVA A PARTIR DA MENTE HUMANA. • A psicologia cognitiva (1950) - objetivou estudar os processos cerebrais e cognitivos em indivíduos normais, incluindo a memória, linguagem, pensamento e funções perceptivas. • Fim da década de 1960 – surge na Inglaterra a neuropsicologia cognitiva, a qual se baseou em paradigmas de processamento de informações para a análise dos subcomponentes das habilidades cognitivas. • No Brasil (1950) - o neuropediatra, também graduado em psicologia, Antônio Frederico Branco Lefèvre do departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) realizou os primeiros estudos sobre neuropsicologia com enfoque na psicopatologia da afasia em crianças. Sua esposa, Beatriz Helena Lefèvre, da Divisão do Instituto Central do Hospital das Clínicas da FMUSP expandiu esses estudos. • Em 1971 - a psicóloga Cândida Helena Pires de Camargo e o neurocirurgião Raul Marino Jr. criaram a Unidade de Neuropsicologia da Divisão de Neurocirurgia Funcional do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, objetivando auxiliar no diagnóstico, planejamento cirúrgico e monitoramento dos pacientes com doenças neurológicas e neuropsiquiátricas. • Em 2004, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) reconheceu a neuropsicologia como especialidade da psicologia pela resolução nº002/2004. (MIOTTO, 2012). NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS A neuropsicologia é a ciência que objetiva o estudo da relação entre o cérebro e o comportamento humano (LURIA, 1981). Para Lezak (1995), a neuropsicologia pode ser definida como a análise sistemática das alterações de comportamento desencadeadas por lesões, doenças e malformações que acometem o cérebro. A neuropsicologia é uma área relativamente nova. É a área da psicologia e das neurociências que tem como objetivo estudar as relações entre o sistema nervoso central (SNC), o funcionamento cognitivo e o comportamento. As principais atuações se referem ao diagnóstico complementar e intervenções clínicas voltadas para as várias patologias decorrentes de alterações no SNC, bem como pesquisa experimental e clínica na presença ou não de afecções. Possui uma inter-relação com as áreas de neurologia, psicologia, psiquiatria, pedagogia, geriatria, pediatria, fonoaudiologia, forense e, recentemente com economia e marketing (MIOTTO, 2012). Vale salientar que a maior contribuição para a neuropsicologia se deu com Luria (1966). A partir de uma base clínica e experimental, ele examinou pacientes com lesões 5 cerebrais adquiridas na Segunda Guerra Mundial. As observações meticulosas e os estudos experimentais proporcionaram o desenvolvimento de uma teoria das funções cerebrais e um método de investigação significativo para o diagnóstico localizatório e a reabilitação. Luria publicou um livro com o resumo de 20 anos de pesquisa no ocidente. Essa obra forneceu subsídios para a avaliação neuropsicológica e para a prática clínica a milhares de pessoas pelo mundo todo, inclusive no Brasil. Possibilitou aqui no Brasil, a “entronação” definitiva da avaliação neuropsicológica como parte do instrumento para auxílio ao diagnóstico e planejamento cirúrgico dos pacientes com doenças neurológicas e neuropsiquiátricas no início da década de 1970, na Divisão de Neurocirurgia Funcional, do Instituto de Psiquiatria – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP (LURIA, 1966; CAMARGO, BOLOGNANI e ZUCCOLO, 2008). Os exames de neuroimagem também são fundamentais na avaliação neuropsicológica, pois, permitem a visualização da localização de lesões e disfunções sutis. A avaliação concentra o interesse também no estabelecimento da extensão, do impacto e das consequências cognitivas, comportamentais e na adaptação emocional e social que lesões ou disfunções cerebrais podem ocasionar nos indivíduos (CAMARGO, BOLOGNANI e ZUCCOLO, 2008). A neuroimagem propicia o conhecimento de circuitos cerebrais que são responsáveis por áreas específicas da cognição do ser humano. Permite a visualização da estrutura e funcionamento do cérebro, podendo identificar a anatomia de alguns distúrbios mentais (VIEIRA et. al., 2007). As técnicas de neuroimagem possibilitam a diferenciação de doenças psiquiátricas de outras patologias. Facilita a visualização para exclusão de tumores, lesões isquêmicas que desencadeiam sintomas semelhantes dos transtornos mentais. Facilita a pesquisa em relação a alterações estruturais ou funcionais como fator primário de transtornos psiquiátricos com o auxílio da morfologia e da fisiologia do encéfalo (VIEIRA et. al., 2007). Os profissionais da educação e da saúde em geral têm percebido a importância do entendimento em relação às alterações cognitivas. Eles têm se deparado com cada vez mais solicitações para diagnóstico e cuidados que excedem o que pode ser feito com base apenas nos métodos da medicina. Já se sabe que algumas doenças têm impacto significativo em várias áreas do funcionamento do indivíduo. O reconhecimento dessas dificuldades era antigamente mais fácil nas doenças de impacto primário sobre o cérebro, porém nos últimos anos essa identificação ou suspeita vem sendo feita em relação às outras desordens, inclusive psiquiátricas e somáticas (TARTER, EDWARDS e VAN THIEL, 1998; YUDOFSKY,1992). NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS É importante salientar também que algumas doenças podem ter efeito potencialmente adverso no funcionamento neurológico, tais como infecções, traumas, exposição a agentestóxicos, problemas renais, cardíacos, de fígado e outros. Os efeitos neurológicos secundários dessas alterações podem afetar a cognição e, consequentemente, a capacidade adaptativa do indivíduo, ocasionando problemas no manejo agudo e em longo prazo, caso não sejam reconhecidos (TARTER, EDWARDS e VAN THIEL, 1998). O neuropsicólogo atua na avaliação (exame, avaliação neuropsicológica) e no tratamento (reabilitação neuropsicológica) no que se refere às disfunções ou sequelas do SNC. Essas sequelas ou alterações podem estar associadas ao desenvolvimento anormal do sistema nervoso central como, por exemplo, transtorno do déficit de atenção/hiperatividade, esquizofrenia, dislexia ou as sequelas adquiridas em algum momento da vida representadas por: traumatismo cranioencefálico, acidente vascular encefálico, demências (COSENZA, FUENTES e MALLOY-DINIZ, 2008). Nos últimos anos vários estudos vêm mostrando os benefícios da identificação e do diagnóstico precoce de déficits cognitivos e emocionais por meio da avaliação neuropsicológica nos quadros neuropsiquiátricos. A identificação com precisão dos componentes com déficits, das forças cognitivas e da personalidade e da forma como se articulam auxilia a tomada de decisões e o manejo a curto e longo prazo, portanto a 7 investigação do funcionamento e dos sintomas por meio de uma vasta avaliação que integre dados de várias áreas do conhecimento se faz necessária (CAMARGO, BOLOGNANI e ZUCCOLO, 2008). AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA O objetivo da avaliação neuropsicológica consiste em: • A quantificação e a qualificação detalhadas de alterações das funções cognitivas, objetivando diagnóstico ou detecção precoce de sintomas em quadros neurológicos e transtornos psiquiátricos, tanto em clínica como em pesquisa. • Investigar a natureza e o grau de alterações cognitivas e comportamentais. • Monitorar a evolução de quadros neurológicos e psiquiátricos, tratamentos clínicos, medicamentosos e cirúrgicos. • Planejar programas de reabilitação voltados para as alterações cognitivas, comportamentais e de vida diária. • Avaliação com foco para os aspectos legais, gerando informações e documentos sobre as condições ocupacionais ou incapacidades mentais de pessoas que sofreram algum dano cerebral ou doença, afetando o sistema nervoso central (MIOTTO, 2012; MÄDER-JOAQUIM, 2010). A avaliação é realizada por meio da aplicação de entrevistas, testes neuropsicológicos quantitativos e qualitativos das funções cognitivas (atenção, percepção, memória, linguagem e raciocínio). Alguns métodos já são utilizados há algum tempo, porém outros estão ainda em construção (MÄDER- JOAQUIM, 2010). É importante lembrar que a avaliação neuropsicológica não é somente a aplicação, correção e interpretação de testes de cognição. Ela contribui para o raciocínio, baseado em hipóteses diagnósticas, possibilita a identificação de maneira pormenorizada o tipo e a extensão da alteração cognitiva, enfatiza as funções cognitivas preservadas e comprometidas, a presença de alterações do comportamento e de NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS humor, bem como o impacto destas nas atividades de vida diária, ocupacional, social e pessoal do indivíduo. A avaliação consiste também investigar as alterações de humor e do comportamento por meio de escalas (MIOTTO, 2012). A avaliação neuropsicológica é indicada em indivíduos com alterações cognitivas devido a eventos que atingiram primária ou secundariamente o SNC. São os traumatismos cranioencefálicos (TCEs), tumores cerebrais (TUs), epilepsias, acidentes vasculares encefálicos (AVEs), demências, desordens tóxicas, doenças endócrinas ou desordens metabólicas, deficiências vitamínicas e outras desordens (CAMARGO, BOLOGNANI e ZUCCOLO, 2008). QUADRO- AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA personalidade incluem a categoria dos indivíduos que podem ter benefícios por meio da avaliação e posteriormente uma reabilitação objetivando uma melhor adaptação social. A dislexia, o transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e o transtorno afetivo bipolar (TAB) na infância e adolescência também se beneficiam com a avaliação, pois, a mesma pode fornecer subsídios individuais que contribuem para o auxílio do tratamento (CAMARGO, BOLOGNANI e ZUCCOLO, 2008). As funções cognitivas fazem parte do nosso funcionamento e são fundamentais para que possamos realizar as atividades do nosso dia a dia de forma automática e com maestria, porém quando as mesmas estão alteradas por algum motivo, começamos a entrar em contato com limitações que podem nos causar uma série de transtornos desde os físicos até emocionais. A seguir veremos cada uma das funções cognitivas que fazem parte do nosso funcionamento. A seguir alguns testes neuropsicológicos – checar a padronização brasileira, pois, nem todos os testes estão validados para uso no Brasil (MIOTTO, 2012). Funções intelectuais – WAIS-III, WISC-III, WPPSI, Stanford-Binet, matrizes de Raven. FONTE: Neuropsicologia: Teoria e Prática, 2008 (Fuentes, Malloy-Diniz, Camargo, Cosenza e cols) – O exame neuropsicológico e os diferentes contextos de aplicação. (pp.110). A avaliação neuropsicológica também é indicada nas situações em que os recursos cognitivos e adaptativos não são suficientes para o manejo da vida prática acadêmica, profissional ou social pela questão dos indivíduos apresentarem a organização de suas funções mentais de formas diferentes ou discrepantes do que é habitual. Os portadores do transtorno específico do desenvolvimento, os transtornos globais do desenvolvimento, o retardo mental e até mesmo quadros de transtornos de Memória de curto prazo ou operacional – Dígitos (WAIS-III E WISC-III), Span Espacial (WMS-III), Sequencia Letra e Número (WAIS-III), WRAML, NEPSY Memória episódica verbal: evocação imediata, tardia e reconhecimento – Rey Auditory Verbal Learning Test (RAVLT), Hopkins Verbal Learning Test-R (HVLT-R), memória logica (WMS-III), reconhecimento de palavras (Warrington Recognition, Camden Memory Tests) Memória episódica visuoespacial: evocação imediata, tardia e reconhecimento – Brief Visual Memory Test-R (BVMT-R), figura de Rey, evocação de figura (AMIPB), três figuras e três palavras, WRAML, NEPSY Memória semântica – vocabulário e informação (WAIS-III), Pyramid Palm and Trees, fluência categórica (Animais) Memória implícita – figuras e palavras fragmentadas de Gollins precisão, mapeando as forças e as fraquezas cognitivas e assim contribuindo para prever o que esperar quanto à evolução. A avaliação pode identificar com bastante esses recursos Em algumas circunstâncias, o prognóstico do paciente vai depender de seus recursos cognitivos e emocionais prévios e remanescentes. neuropsicológica NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS Linguagem – Boston Naming Test (Nomeação), Token Test (Compreensão) Habilidades acadêmicas – teste de desempenho escolar (leitura, escrita e cálculo). Funções visuoperceptivas e visuoespaciais – visual object and Spatial Perception Battery (VOSP), completar figuras (WAIS-III), Hooper Praxias – Cubos – WAIS-III (praxia construtiva), desenho do relógio e cópia de figuras bi e tridimensionais, imitação do uso de objetos (praxia ideomotora), movimentos orofaciais (praxia bucofacial) Funções atencionais – Wisconsin Card Sorting Test, estimação cognitiva, semelhanças e arranjo de figuras (WAIS-III), provérbios, fluência verbal nominal (FAS) e categórica (Animais), AC, D2, NEPSY. Investigação de demência – MEEM – miniexame do estado mental, Dementia Rating Scale, Escala Mattis, Clinical Dementia Rating (CDR) Humor– SCID, escalas Beck (ansiedade e depressão), HADS, GDS ATENÇÃO Segundo Eysenck e Keane (1994), a atenção significa a capacidade de selecionar parte de um estímulo para um processamento mais intenso, porém pode também ser sinônimo de concentração ou estado mental. D’Mello e Steckler (1996) defendem que “para um organismo aprender, ele deve ser capaz de perceber os estímulos ambientais, realizar associações entre esses estímulos e arquivar informações relevantes. No entanto, para associar estímulos o organismo deve antes discriminar as diferenças entre esses estímulos, e para arquivar informações o organismo necessita primeiramente decodificar e alocar a informação em uma ou mais das muitas localizações neuronais. A eficiência do aprendizado depende de fatores como motivação, atenção, memória e experiência previa” (p.345). A Segunda Guerra Mundial proporcionou a retomada de destaque no campo das ciências em relação à atenção. A guerra desencadeou a necessidade da operação de torres de controle e redes de comunicação mais eficientes, porém percebeu-se por meio dessa tarefa que a capacidade do ser humano de processar muitas informações era bastante limitada. Devido a isso, objetivou-se estudar como o indivíduo utiliza suas capacidades atencionais para criar sistemas de comunicação que trabalhassem em harmonia com esta capacidade limitada (NABAS E XAVIER, 2004). A avaliação da atenção exige do examinador bastante cautela. É necessária a investigação de vários fatores que podem influenciar o exame dessa complexa função, como, por exemplo, cansaço, sonolência, o uso de álcool, de substâncias psicoativas, etc. Outro dado importante para avaliação se refere à importância da consideração sobre os níveis atencionais, pois, os mesmos variam ao longo dos dias e, frequentemente ao longo de um mesmo dia: o desempenho deficitário em um momento isolado não necessariamente implica comprometimento significativo dessa função (COUTINHO et. al., 2010). É válido ressaltar que o que se entende por atenção se refere a aspectos cognitivos diferentes que podem exigir tarefas específicas para sua avaliação. Para avaliar a atenção sustentada, por exemplo, é necessária a utilização de testes mais longos (raramente encontrado na prática clínica). Alguns transtornos primários de atenção, como no transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) são caracterizados pela variabilidade da resposta ao longo do tempo, exigindo não apenas testes mais longos como também divididos em blocos para análise comparativa. Por último, vale destacar 11 que alguns autores consideram a atenção ou pelo menos alguns de seus aspectos como uma função executiva tendo a necessidade de ser interpretada no contexto nos demais déficits que ocorrem nas síndromes disexecutivas (COUTINHO et. al., 2010). A atenção tem papel significativo no nosso dia a dia. As atividades mentais ocorrem no contexto de ambientes com muitos estímulos, importantes ou não, que acontecem sem parar. Esses estímulos (olfatórios, visuais, auditivos, etc.) normalmente são selecionados de acordo com os objetivos pretendidos, conscientes ou não. Não podemos esquecer também que várias NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS funções cognitivas dependem da atenção, mais especificamente a memória. Uma deficiência atencional pode então desencadear uma ampla gama de sintomas e em grande espectro de áreas da vida diária (COUTINHO et. al., 2010). Muitos autores vêm salientando que a atenção não se refere a apenas uma percepção unitária, mas consiste de mecanismos distintos e, muitas vezes que se completam. Segundo Muir (1996), a atenção é dividida em três formas básicas que são: atenção sustentada, dividida e seletiva. Atenção Sustentada: capacidade de manter o foco em uma determinada tarefa, assunto, etc. Atenção Dividida: capacidade de alternar o foco em duas ou mais tarefas. Atenção Seletiva: capacidade de manter a atenção para um determinado foco ignorando outros estímulos. A literatura apresenta certa controvérsia em relação à definição de atenção seletiva. Para Fuster (1995), por exemplo, defendeu que a denominação de atenção seletiva significa uma redundância em relação ao próprio conceito de atenção, já que a atenção é, por definição, seletiva, porém outros autores argumentam que atenção seletiva é definida como a capacidade de selecionar um estímulo particular. Normalmente, em tarefas utilizadas em estudos sobre atenção seletiva existem estímulos irrelevantes (distratatores) que devem ser ignorados, diferente das tarefas de atenção dividida, cujos estímulos são relevantes (NABAS e XAVIER, 2004). TESTE NEUROPSOCOLÓGICO PARA AVALIAR ATENÇÃO No que se refere à neurofisiologia da atenção, a mesma possui três grandes circuitos, sendo o primeiro deles a Rede de Atenção Visual. Esse circuito envolve o lobo parietal direito, os colículos superiores e o núcleo pulvinar do tálamo. A Rede Executiva que envolve o giro do cíngulo é a segunda rede da atenção. A Rede de Vigilância que é responsável pela manutenção do estado de alerta é o terceiro circuito. Ele envolve os lobos frontal e parietal direitos. Essa rede é ativada quando se aguarda sinais infrequentes e a rede executiva fica hipofuncionante quando essa rede está em funcionamento (COUTINHO et. al., 2010). Os testes neuropsicológicos mais utilizados para avaliar a atenção são: Teste de Stroop; Tavis-3; CPT-II; Teste de atenção concentrada (AC); Índice de Resistência à distração do WISC (COUTINHO et. al., 2010). MEMÓRIA Segundo Wilson (2011), memória é “a habilidade de adquirir, armazenar e evocar informações”. A autora ainda completa que algumas pessoas têm a tendência de comentar sobre a memória como se essa fosse somente uma habilidade, dizendo, por exemplo: “Eu tenho uma péssima memória” ou “Ela tem uma memória fotográfica”. Ela explica que existem vários tipos de memória. NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS Memória de curto prazo ou operacional A memória de curto prazo pode ser dividida em subsistemas específicos e independentes para diferentes modalidades de estímulos. Dois desses estímulos foram identificados: o fonológico e o visuoespacial. Essa memória tem a responsabilidade de armazenar informações na ordem de segundos ou de poucos minutos. Ela também é responsável pela manutenção e manipulação da informação para a realização de funções cognitivas superiores como a linguagem, planejamento e solução de problemas, compreensão, etc. (MIOTTO, 2012). Memória de longo prazo A memória de longo prazo se divide em memória não declarativa ou implícita, memória declarativa ou explícita, memória episódica e memória semântica (MIOTTO, 2012). • Memória não declarativa ou implícita: sistema que se relaciona a aquisição de uma habilidade perceptomotora de forma gradual por meio de exposição repetida. Abrange um conjunto de subsistemas incluindo preativação, memória procedural e formação de hábito. Ela é chamada de implícita porque independe da consciência e pode ser avaliada pelo desempenho (MIOTTO, 2012). • Memória declarativa ou explícita: sistema responsável pela capacidade de armazenar e evocar (recordar) ou reconhecer fatos e eventos da forma consciente (MIOTTO, 2012). • Memória episódica: é responsável pelo armazenamento de informações e eventos que o indivíduo vive em determinado tempo e espaço. Essa memória nos permite a lembrança de informações como, por exemplo, saber onde estivemos ou o que fizemos no último ano, Natal ou hoje pela manhã (MIOTTO, 2012). • Memória semântica: é o sistema responsável pelo processamento de informações gerais sobre o mundo no quese refere a fatos, conceitos, vocabulário. Ela acontece independentemente do contexto ou momento em que essas informações foram memorizadas pela primeira vez. A memória semântica permite saber que uma águia é um animal, mais precisamente um pássaro (MIOTTO, 2012). TESTE DE MEMÓRIA FONTE:: <http://www.casadopsicologo.net> A memória é caracterizada por processos complexos, os quais possibilitam o indivíduo se reportar a experiências impressivas, facilitando a comparação com as situações do presente facilitando, proporcionando programações futuras. A função da memória implica codificar, armazenar e resgatar informações. O objetivo da codificação é o processamento da informação que será armazenada. O armazenamento da informação que também leva o nome de retenção envolve o fortalecimento das representações enquanto estão sendo registradas e a recuperação é o processo de lembrança da informação que foi armazenada anteriormente. A recuperação pode ser realizada de forma consciente ou não, sendo a forma inconsciente ativada, por meio de associações manifestas no contexto por http://www.casadopsicologo.net/ NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS semelhança ou necessidade (ABREU e MATTOS, 2010). PROCESSOS DA MEMÓRIA LINGUAGEM A definição da linguagem se dá a partir de aspectos biológicos e sociais que exprimem seu caráter essencial de favorecer a adaptação do indivíduo ao ambiente (MANSUR, 2010). Ela abrange diversos subcomponentes e níveis de processamento fonológico, lexical, sintático e semântico. Clinicamente há a possibilidade de avaliar os subcomponentes citados acima, considerando-se a fluência do discurso, nomeação, a compreensão auditiva, a repetição, a leitura e a escrita (MIOTTO, 2007). A comunicação humana depende da utilização que a linguagem faz de subsídios verbais, orais e gráficos. A linguagem não pode ser compreendida de forma isolada e de fácil delimitação, pois, é uma função complexa (SOARES et. al., 2012). Universalmente, a linguagem é a principal forma de comunicação, pois, por meio dela é que as pessoas se relacionam umas com as outras, porém algumas doenças neurológicas adquiridas ou indivíduos que nascem com deficiência auditiva promovem a alteração da linguagem. Foi Paul Broca que descreveu a primeira relação cérebro-linguagem por meio de estudos anatômicos (necropsia de um caso, o qual o paciente foi vítima de um acidente vascular). O paciente só conseguia emitir o som ”Tan-Tan” devido à afasia de expressão, sendo a fala localizada na parte posterior do lobo frontal do hemisfério esquerdo (H.E.). Em 1974, Carl Wernicke descobriu a compreensão da palavra no giro temporal superior esquerdo. As duas áreas citadas são interconectadas pelo fascículo arqueado que é um feixe unidirecional de fibras que tem como função conduzir informações da área de Wernicke para a área de Broca (SOARES et. al., 2012). CÉREBRO DO PACIENTE TAN-TAN DE PAUL BROCA FIGURA 6 – PAUL BROCA <http://mortenahistoria.blogspot.com.br/search/l abel/PAUL%20BROCA>. http://mortenahistoria.blogspot.com.br/search/label/PAUL%20BROCA http://mortenahistoria.blogspot.com.br/search/label/PAUL%20BROCA http://mortenahistoria.blogspot.com.br/search/label/PAUL%20BROCA http://mortenahistoria.blogspot.com.br/search/label/PAUL%20BROCA NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS KARL WERNICKE ÁREA DE BROCA E WERNICKE FASCÍCULO ARQUEADO O hemisfério esquerdo é o hemisfério dominante para a linguagem em 98% dos indivíduos destros aproximadamente. Em 70% aproximadamente dos sujeitos canhotos a linguagem é também no hemisfério esquerdo. Na população restante a dominância é menos definida ou é no hemisfério direito. A comunicação verbal ocorre quando o hemisfério direito (atua nos aspectos paralinguísticos) completa o papel da linguagem do hemisfério esquerdo (SOARES, et. al, 2012) No que se refere à compreensão verbal, a mesma se divide em auditiva, visual e tátil. A descrição das mesmas segue no quadro abaixo (SOARES, et al., 2012). QUADRO – COMPREENSÃO VERBAL FONTE: Manual de Neuropsicologia – dos princípios à reabilitação, 2012 (Caixeta e Ferreira). Avaliação cognitiva em fonoaudiologia. (pp.79-92). O sistema cerebral da linguagem é associado com outros sistemas cognitivos motores, porém dentro do cérebro podem ser encontradas áreas mais específicas relacionadas. A alteração da linguagem pode ocorrer se houver uma lesão focal em alguma NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS área mais específica. A essa alteração podemos chamar de afasia ou distúrbios motores da fala (dispraxia e disartria) (SOARES, et. al., 2012). Segundo Mac-Kay (2003), há alguns distúrbios de linguagem mais específicos associados aos quadros de lesão do hemisfério esquerdo. Os mesmos estão descritos no quadro abaixo: QUADRO– DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM ASSOCIADOS AOS QUADROS LESÃO NO HE FONTE: Afasia e Demências, 2003 (Mac-Pay) (pp.79). As alterações decorrentes de lesões ou distúrbios cerebrais em um ou mais dos subcomponentes anteriores ocasionam os vários tipos de afasias hoje conhecidas. Podemos encontrar a afasia de Broca (motora ou expressão) que é caracterizada pela redução da produção oral, dificuldade de repetição e nomeação, alteração sintática e simplificação gramatical e compreensão razoavelmente preservada. Outra afasia que pode ocorrer é a afasia de Wernicke (sensorial ou compreensão) que é a alteração da compreensão, repetição e nomeação com alteração da produção oral no início do quadro (jargão). A afasia transcortical motora é outra alteração. Ela é caracterizada pela redução da produção oral e ocasional presença de perseverações e ecolalia, com preservação da repetição, compreensão e leitura. Outro tipo de afasia é a transcortical sensorial que se classifica pela alteração da compreensão, nomeação e alteração da produção oral no início do quadro. Nessa afasia a repetição se encontra preservada. A afasia de condução é caracterizada pela dificuldade de repetição de frases e palavras, nomeação com razoável preservação da produção oral e compreensão. A afasia anômica é a alteração da capacidade de nomeação. Temos também a afasia global 21 que é caracterizada pelo prejuízo em todas as modalidades da produção oral, compreensão, leitura e escrita (MIOTTO, 2007). TESTE DE LINGUAGEM <http://pocoescondido.blogspot.com.br/2013_03 _01_archive.html> No que se refere aos testes neuropsicológicos para a avaliação da linguagem, os mesmos se dividem em quatro categorias (testes padronizados, protocolos não padronizados, observação comportamental e escalas de desenvolvimento). Os testes e os protocolos não padronizados têm o objetivo de investigar as dimensões da linguagem (fronologia, sintaxe, semântica, pragmática). Em relação à observação comportamental, utilizam- se as escalas de desenvolvimento, pois, podem contribuir no direcionamento do diagnóstico e do processo de intervenção. Ela tem o objetivo de analisar o comportamento geral da criança em http://pocoescondido.blogspot.com.br/2013_03_01_archive.html http://pocoescondido.blogspot.com.br/2013_03_01_archive.html http://pocoescondido.blogspot.com.br/2013_03_01_archive.html http://pocoescondido.blogspot.com.br/2013_03_01_archive.html NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS contextos naturais e não estruturados. Esse método é o que melhor detecta as funções comunicativas da linguagem, pois, facilita o entendimento da complexidade dos processos da aquisição da linguagem (SOARES, et. al., 2012). É importante ressaltarque uma avaliação da linguagem deve incluir a análise da fala espontânea em situação de conversa, deve avaliar também a fluência, a repetição de palavras, frases, sentenças, compreensão da fala, nomeação, leitura, escrita, prosódia, análise dos elementos estruturais da fala (sintaxe, semântica, fonologia, gramática), linguagem gestual e teoria da mente (SOARES, et. al., 2012). Os testes neuropsicológicos mais utilizados para avaliação da linguagem são: • Token Test; Teste de nomeação de Boston; F.A.S. ou COW; Fluência Verbal; Prancha • “Roubo dos Biscoitos”; Ditado e Cópia; Produção Oral; Leitura; Escala Weschler (WISC 22 e WAIS) e testes para avaliação da Teoria da Mente incluídos na linguagem como, por exemplo: a estória de Sally e Ann (CAIXETA e CAIXETA, 2005). FUNÇÕES EXECUTIVAS Entende-se como funções executivas “conjunto de processos cognitivos que, de forma integrada, permitem ao indivíduo direcionar comportamentos a metas, avaliar eficiência e a adequação desses comportamentos, abandonar estratégias ineficazes em prol de outras mais eficientes e, desse modo, resolver problemas imediatos, de médio e de longo prazo” (MALLOY- DINIZ et al., 2008). Mais especificamente o significado das funções executivas implica nas habilidades necessárias para se criar objetivos, monitorar um comportamento, planejamento e organização de ações desejadas, resolver novos problemas, inibir ou iniciar determinados comportamentos em relação a um contexto, raciocinar e abstrair, tomar decisões, etc. (MIOTTO, 2012). As funções executivas são de extrema importância ao indivíduo, pois, têm a finalidade de facilitar o gerenciamento no que se refere às outras habilidades cognitivas (MALLOY-DINIZ et al, 2010). É um importante marco adaptativo na espécie humana. Elas estão associadas a alguns componentes universais de nossa personalidade como o altruísmo, a capacidade de imitar e de aprender, a utilização de ferramentas, a capacidade de lidar com grupos sabendo distinguir influências e manipulações (BARKLEY, 2001). Segundo Goldeberg (2002), as funções executivas são resultados da atividade dos lobos frontais (região pré-frontal). Atuam como um diretor executivo do funcionamento da mente humana. Ele acrescenta ainda que os lobos pré- frontais atuam como um maestro ou general que dirige outras estruturas e sistemas neurais. O CÉREBRO HUMANO Se a área cerebral que compreende as funções executivas for afetada de alguma forma o indivíduo pode sofrer várias alterações tanto no plano cognitivo como no comportamental. O paciente pode apresentar alteração de raciocínio, pensamento, impulsividade, apatia, autocrítica reduzida, ausência de planejamento, e organização na sequência e realização de atividades diárias, confabulação, desinibição, perseverança e agressividade (MIOTTO, 2012). No que se refere à avaliação das funções executivas e atencionais alguns exemplos de testes neuropsicológicos seguem abaixo (MIOTTO, 2012). O teste de fluência verbal nominal e categórica (FAS, animais, itens de supermercado) avalia a iniciação, aplicação de estratégia, inibição de respostas irrelevantes. O Wisconsin Card Sorting Test (WCST), Weigl, avaliam a flexibilidade mental, planejamento, NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS categorização e abstração. A inibição de resposta irrelevante, atenção seletiva, sustentada e alternada são avaliadas pelos Stroop Test, Trail Making, Color Trail, AC, D2, TEA, códigos. O teste Behavioural Assessment of the Dysexecutive Syndrome (BADS) avaliam resolução de problemas, aplicação de estratégia e monitoração de respostas. O Hayling and Brixton Tests avalia a inibição, planejamento, monitoramento, identificação de regras. Provérbios avalia a abstração verbal. DelisKaplan Executive Function System (D- KEFS) avalia a atenção sustentada, alternada, seletiva, planejamento, estratégia, flexibilidade mental e resolução de problemas. TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO - HIPERATIVIDADE Fisiopatologia Do Transtorno De Déficit De Atenção - Hiperatividade De acordo com a literatura atual, os sintomas do transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) são originados por disfunções no funcionamento cerebral. A variação nas manifestações clínicas do TDAH reflete, possivelmente, a complexidade dos processos biológicos implicados na origem de seus sintomas, supondo-se que alterações em diferentes sistemas de neurotransmissores (NT) devam estar envolvidas. Embora os resultados ainda não sejam definitivos, uma série de estudos de neuroimagem, neuropsicologia e bioquímica vem comprovando essa ideia (FARAONE e cols., 1998). Diferentes teorias já foram propostas para explicar a fisiopatologia do TDAH. Uma das primeiras foi a da disfunção frontolímbica, considerando que o TDAH não seria, em essência, um distúrbio da atenção, mas o resultado de uma falha no desenvolvimento dos circuitos cerebrais que possibilitam a inibição e o autocontrole. Um fraco controle inibitório da região cortical frontal sobre as funções límbicas seria a origem dos sintomas desse transtorno. Essa hipótese foi posteriormente testada e modificada por uma série de investigações. Dados de estudos neuropsicológicos mostraram que crianças com TDAH têm um desempenho prejudicado em tarefas que demandam funções cognitivas tais como atenção, percepção, planejamento e organização, além de falhas na inibição comportamental, processos relacionados com o lobo frontal e com as áreas subcorticais. O envolvimento de circuitos frontossubcorticais na fisiopatologia do TDAH também foi sugerido pelos estudos de neuroimagem. QUADRO CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO - HIPERATIVIDADE Daremos ênfase na descrição sintomatológica das crianças e dos adolescentes acometidos por esse transtorno, sobretudo no que se refere a seus comportamentos mais comuns em casa, na escola e na sociedade. Serão discutidos os critérios diagnósticos do DSM-IV e seu tipo, dessa forma, ficará mais fácil o entendimento da apresentação de algumas peculiaridades decorrentes de cada tipo de TDAH. Em relação aos sintomas do transtorno, logo nos primeiros anos de vida, notam-se alterações no processo de desenvolvimento neurológico e emocional. Segundo alguns estudos, as mães de crianças com TDAH relatam que seus filhos se mexiam muito, mesmo antes do nascimento (vida intrauterina). Algumas crianças, desde cedo, mostram-se mais irritadiças, chorando muito nos primeiros meses de vida, movendo-se durante o sono e acordando várias vezes durante a noite. Nos primeiros passos, alguns pais podem perceber que a criança com TDAH é mais agitada do que outras de sua idade, necessitando constantemente de vigilância, já que pode cometer alguma “arte”, em geral, mais grave do que o esperado para a idade. Por exemplo, quebrar com frequência seus brinquedos, perder rapidamente o interesse por brinquedos ou situações, necessitando sempre de novos estímulos, ou até machucar-se constantemente. Nesse sentido, um estudo recente demonstrou que crianças e adolescentes com TDAH são passiveis de sofrer acidentes, precisando muito mais de atendimento ambulatorial, de emergência e mesmo de interações médicas do que os jovens que não o apresentam. O custo médico anual médio de jovens com TDAH é cerca de duas vezes maior do que o de crianças e NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS adolescentes sem o transtorno (LEIBSON e cols., 2001). Em geral, o comportamento da criança com TDAH pode passar despercebido pelos pais, mas, quando ela ingressa na escola, mesmo os casos mais leves tendem a se tornar mais evidentes, uma vez que existe a possibilidade de se comparar váriascrianças com a mesma faixa etária, além do fato de se exigir mais atenção e da necessidade de ficar parado em um mesmo local por mais tempo. As crianças com TDAH podem apresentar algumas alterações na aquisição de habilidades linguísticas. Elas também podem apresentar um desenvolvimento inadequado em relação à noção de espaço, o que geralmente é evidenciado por meio de seus desenhos ou pela dificuldade de reconhecer símbolos gráficos semelhantes entre si, mas que se diferenciam por sua disposição espacial, por exemplo: o número 3 e a letra E, ou as letras b, d, q, p e as letras M e W (ANDRADE, 1998 e 2002; ANDRADE e cols., 2000; GHERPELLI, 2001). Outra manifestação que pode estar presente nas crianças com TDAH é a pouca coordenação motora, sendo que, muitas vezes, os pais as rotulam de “desajeitadas” ou “desastradas”. Essas diferenças ficam mais nítidas dependendo da capacidade de observação dos pais e, principalmente, se eles têm contato com outras crianças da mesma idade. Crianças com TDAH vivenciam dificuldades para ficarem sentadas na sala de aula e prestarem atenção. Muitas vezes, são rejeitadas pelos colegas por sua inquietude, o que também pode ser agravado pelos comportamentos diruptivos. Suas dificuldades acadêmicas e sociais poderão ter consequências futuras adversas quando não houver intervenção. Por outro lado, os adolescentes com TDAH passam mais tempo sós ou com crianças mais novas. Ao problema de comportamento escolar, somam-se as dificuldades de completar as tarefas escolares na classe ou em casa, ao menos no tempo planejado pelos professores (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 1994; ANDRADE, 1998; ROHDE e cols., 1998 e 2000; CARLSON e MANN. 2000; ANDRADE e cols., 2000). Os sintomas de hiperatividade nas crianças com TDAH geralmente se manifestam por uma tendência de estar sempre se movimentando, o que constitui um dos sinais clínicos mais frequentes e exuberantes. Na maioria das vezes, os adultos passam a maior parte do tempo reprimindo, chamando a atenção da criança, ou solicitando que ela permaneça quieta por certo tempo. Isso gera, com frequência, diversos conflitos nas relações familiares. Os sintomas de hiperatividade se manifestam por intermédio dos seguintes comportamentos: agitar as mãos ou os pés ou se remexer na cadeira; abandonar sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentada; correr ou escalar em demasia (sobretudo em situações nas quais isso é inapropriado); falar demais; ter dificuldade para brincar ou envolver-se silenciosamente em atividades de lazer; parecer estar “a mil por hora” ou “a todo vapor”. Os sintomas de impulsividade, que, em geral, são observados em coexistência com os de hiperatividade, são a dificuldade em aguardar a vez (por exemplo, em filas), a emissão de resposta sem que o interlocutor tenha terminado a pergunta e a interrupção das conversas dos outros. Observam-se também os sintomas de desatenção em várias atividades comuns: dificuldade de prestar atenção a detalhes ou cometer erros por descuido em atividades escolares; não conseguir acompanhar instruções longas e/ou não terminar as tarefas escolares ou domésticas; apresentar grandes dificuldades em organizar as tarefas; evitar ou relutar em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental por um longo período (tais como ler textos longos ou livros sem gravuras); perder com facilidade coisas importantes para a realização de tarefas; distrair-se com facilidade com estímulos alheios à tarefa e esquecer as tarefas ou atividades diárias. A dificuldade para se organizar, um sintoma de disfunção executiva, é classificada, com grande equívoco, como um sintoma de desatenção. A tudo isso, adiciona-se o rendimento escolar abaixo do esperado e que, não raro, desencadeará problema nas esferas afetiva e emocional. NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM CARACTERIZADA, PRIMARIAMENTE, POR TRANSTORNOS DO FUNCIONAMENTO NÃO VERBAL A Síndrome NLD Disorder de aprendizagem Nonverbal HABILIDADES NEUROPSICOLÓGICAS A percepção auditiva-verbal, a atenção e a memória chegam a ser desenvolvidas corretamente. Realizam bem as tarefas motoras simples que são aprendidas de forma mecânica. No início do desenvolvimento, observam-se boas habilidades fonológicas. Desde os primeiros anos escolares são evidentes a recepção verbal, a repetição, o armazenamento e as associações. Esse subtipo caracteriza-se por um alto volume de output verbal. DEFICITS NEUROPSICOLÓGICOS No desenvolvimento precoce, são evidentes os deficits na percepção táctil e visual; estes incluem a atenção e a memória para os materiais proporcionados por meio dessas modalidades. Realizam-se de forma pobre as tarefas psicomotoras complexas, exceto aquelas que possam ser aprendidas por repetição extensiva. Este subtipo caracteriza-se por uma aversão às experiências novas, com consequente impacto negativo na conduta exploratória. São especialmente evidentes os problemas na formação de conceitos apropriados à idade e na solução de problemas. Os déficits principais nas habilidades linguísticas relacionam-se com as dimensões pragmáticas e de conteúdo da linguagem. Além disso, a linguagem, muitas vezes, é usada para propósitos impróprios. PSICOLOGIA DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Seguindo as proposições de Rosa e Ochaíta (1993) com respeito à cegueira, é possível construir uma psicologia das dificuldades de aprendizagem? Existem elementos teóricos suficientes e firmes para estabelecer o estudo das dificuldades de aprendizagem desde a psicologia? Poderemos compreender melhor as dificuldades de aprendizagem se refletirmos sobre diversas variáveis psicológicas com um peso importante na tarefa e acervo da psicologia, tais como a inteligência (SIEGEL, 1993), variáveis da personalidade e psicossociais, a interação pessoa-situação, a ansiedade, a motivação de êxitos, a personalidade tipo A, as habilidades de afrontamento e socialização, as atitudes para a integração, a modificação de conduta, os efeitos das dificuldades de aprendizagem em alterações psicopatológicas, entre outros. Parece pertinente a busca de uma integração necessária, ou de, ao menos, uma tentativa de colocar um pouco de ordem em tantas e tão complexas variáveis. Se conseguirmos apenas recolher alguns elementos e refletir sobre eles em relação às dificuldades de aprendizagem, consideramos que possa ser um bom começo. Algumas questões estão sendo pesquisadas há vários anos, como o tema das atitudes e sua modificação. Uma ilustração disso são as contribuições que a avaliação psicológica realiza no campo das dificuldades de aprendizagem. Por exemplo, Leong (1993) tenta construir um quadro para o diagnóstico das dificuldades de aprendizagem da leitura. Neste quadro, entende- NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS se que o diagnóstico consiste em um processo de refinamento que parte da identificação, passa pela classificação e termina na avaliação. Dessa forma, o diagnóstico passaria por duas etapas, e nelas deveria incluir- se o quadro da discrepância aptidão-aproveitamento e o papel da inteligência, a eficácia da leitura de pseudopalavras, palavras irregulares e processamento morfológico e morfêmico dos itens léxicos, as tarefas de compreensão auditiva e a aplicação de sistemas computacionais de textos para falar. Para isso, a lógica de conjuntos confusos pode contribuir para o diagnóstico. Do mesmo modo, a intervenção será baseada nos princípios de compensação, prática e aprendizagem mediada por computador (LEONG, 1993). Outra ilustração é a pesquisa da inteligência emrelação às dificuldades de aprendizagem e, concretamente, o estudo das implicações neuropsicológicas da inteligência e do déficit acadêmico. O papel da inteligência é um tema em pleno auge no debate científico no campo das dificuldades de aprendizagem. O fato de ter sido feita uma crítica tão exacerbada ao QI tradicional não significa que a inteligência não tenha um papel fundamental nas dificuldades de aprendizagem, tal como mostram, por exemplo, Naglieri e Reardon (1993). A inteligência atua como um bom previsor do rendimento acadêmico em todos os níveis educativos, ainda que a questão esteja sem saber o que é inteligência, sendo, provavelmente, a mais útil em relação à integração das pessoas com dificuldades de aprendizagem, ao longo do ciclo vital entre a denominada inteligência social, e que teria mais relação com o êxito social. Outra questão tem a ver com as relações entre a psicologia e as dificuldades de aprendizagem. Ainda que, em outras partes desta apostila, tenhamos feito reflexões a respeito, por exemplo, em relação ao diagnóstico diferencial dos TDAH ou no modelo de Rourke e suas concepções para o NLD, é uma questão que exigiria maior aprofundamento, que ultrapassa as pretensões desta apostila. Como exemplo recente, podemos citar o estudo de Saxby e Morgan (1993) sobre a presença de problemas de conduta em crianças com dificuldades de aprendizagem. Saxby e Morgan (1993) entrevistaram os pais de 68 crianças com dificuldades de aprendizagem para a avaliação do número e do tipo de problemas de conduta que percebiam que seus filhos apresentavam. A média de problemas de conduta percebidos pelos pais de cada criança foi de 7,4, sendo os problemas de concentração e os relacionados com o sono os predominantes; 57% dos pais que percebiam que seu filho apresentava um problema de autoagressão viam-se incapazes de afrontar essas condutas. Encontrou-se uma associação entre as habilidades de afrontamento percebidas pelos pais, o mal-estar que experimentavam e o número de problemas de conduta. A percepção de que seu filho se autoagredia, agredia a outros ou apresentava problemas de sono estava associada à maior probabilidade de que as pontuações em nível de mal-estar fossem altas. A questão é diferenciar essas dificuldades de condutas das que as crianças normais podem apresentar ao longo de seu desenvolvimento e que parecem ser bastante frequentes, tendo sido descritas até em 67% das crianças normais de dois anos (SAXBY e MORGAN, 1993). Se fossem utilizados os controles pertinentes de crianças normais, isso poderia evidenciar-se, trazendo à tona um tema importantíssimo em qualquer pesquisa psicológica e científica: o rigor metodológico e o rigor científico. Caso contrário, não podemos estar seguros da validade e confiabilidade das conclusões. CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO Uma questão importante das dificuldades de aprendizagem, e também de outros transtornos, é sua relação com a idade e com os diferentes caminhos que seguem o desenvolvimento, em uma concepção do ciclo vital. Um dos âmbitos de preocupações atuais tem a ver com a questão da continuidade do desenvolvimento, e, nesse sentido, estão sendo realizadas inúmeras pesquisas com normais (SUGARMAN, 1987; SROUFE e JACOBVITZ, 1989) e com desenvolvimentos alterados (RUTTER, 1989). NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS Para Rutter (1989), os princípios e conceitos do desenvolvimento devem ser revisados em relação aos problemas do ciclo vital, devendo-se considerar o desenvolvimento em seu contexto social, a duração de experiências, os fatores intrínsecos e de experiência, as continuidades e descontinuidades, as semelhanças e diferenças entre o desenvolvimento normal e anormal, as continuidades homotípicas e heterotípicas, as transições-chave da vida, os fatores de risco e protetores, as cadeias de influências indiretas e os mecanismos de mediação e a idade como um índice de fatores de maturidade e experiências. Da revisão dos estudos longitudinais, desde a infância até a fase adulta, são sugeridos, como possíveis fatores mediadores, os mecanismos genéticos, o substrato biológico não genético, a conformação do entorno, as habilidades sociais e cognitivas, a autoestima e a autoeficácia, os hábitos, os estilos cognitivos e as conexões entre experiências. Sugarman (1987) analisa a importância da descrição no desenvolvimento, fazendo uma crítica aos enfoques anteriores e propondo seis diretrizes para a pesquisa futura sobre o desenvolvimento, diretrizes que obtêm de uma análise muito rigorosa dos enfoques precedentes e clássicos da psicologia do desenvolvimento: • Tratar o desenvolvimento como uma primeira premissa e não como um postulado que deva ser provado ou não. • Tratar as especificações dos estados finais do desenvolvimento como um resultado da pesquisa, e não como sua premissa. • Tentar especificar o curso atual do desenvolvimento, e não suas causas. • Procurar especificar o que a criança faz e não o que possa fazer. • Utilizar como dados que variam ao longo do tempo o que as crianças fazem concretamente e não sua execução em diferentes tarefas que permitiriam operacionalizar a mesma “competência”. • Chegar ao resultado de como pensam as crianças por um procedimento com mínimas inferências dos dados, em que este resultado seja consistente com o fato de que as crianças maiores são maiores e que as crianças menores são menores. Essas inferências devem ser baseadas em uma explicação racional. Atualmente, parece amplamente assumido o fato de que as dificuldades de aprendizagem variam em relação à idade, o mesmo que ocorre com as pessoas sem dificuldades de aprendizagem (ROURKE e DEL DOTTO, 1992). A idade nunca é causa de desenvolvimento. As causas do desenvolvimento são, em última instância, a herança e o meio de forma interativa. Contudo, a idade assinala, como balizas do caminho, por onde vai o desenvolvimento, daí seu interesse no estudo dos transtornos em relação à idade (Cf. PELECHANO, 1987; VEJA 1987b). Como acontece que se deem uma série de acontecimentos, tanto no meio social e cultural como no organismo, em relação à idade, às vezes, se lhe tem atribuído um papel causal que não possui. FONTE:< tcorpening.wordpress.com>.Acesso em 27.10.2011 Um aspecto de sumo interesse é a análise dos possíveis riscos associados a determinadas trajetórias do desenvolvimento e a idades determinadas, o que permitiria a identificação precoce dos transtornos e a consequente elaboração de programas preventivos. É neste sentido que comentamos NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS diversos tópicos que se relacionam às dificuldades de aprendizagem e à psicologia. Segundo esse enfoque de análise dos riscos psicossociais, todos os períodos do desenvolvimento são importantes. Isso se ilustra, claramente, com o aparecimento de transtornos mentais na idade adulta diante de situações de risco psicossocial pronunciado ou problemas de drogadição na adolescência ante o predomínio de conjuntos de valores distintos aos da família ou de problemas antissociais. E mais, pode acontecer que a intervenção seja ineficaz ou contraproducente nos casos em que se atua não existindo um problema, “para que não exista no futuro”. ADOLESCENTES COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DIFICULDADES DE ADAPTAÇÃO SOCIAL FIGURA 2 igualmente incapacitantes, no funcionamento social, as dificuldades de aprendizagem da leitura e escrita ou da matemática do que as da linguagem, posto que a interação social exige um domínio das habilidades comunicativas e da linguagem, e essas são requeridas nas habilidades sociais. As pessoas comdificuldades de aprendizagem da linguagem seriam as mais propensas, pelo menos teoricamente, a apresentar algum déficit nas habilidades sociais. Realmente a adolescência é difícil para pessoas com dificuldades de aprendizagem, uma vez que a transição para a vida adulta exige habilidades cada vez mais complexas, muitas delas do tipo acadêmico, o que influi na adaptação. Se a isso unimos diversas dificuldades cognitivas, tal como temos apresentado nesta apostila, parece compreensível a existência de dificuldades na sensibilidade e efetividade social, o que pode ter como consequência o rechaço dos iguais, dificuldades na vida social e implicações para sua personalidade em aspectos como a autoconfiança e a autoestima (BERGMAN, 1987). http://77.232.219.194/tv6.ro/public/pages/news/news/ 664 Uma indicação dessa problemática pode ser ilustrada pelas taxas de suicídio nos adolescentes que produzem grande consternação e impacto social por sua “aparente compreensão” por parte dos adultos, pais e professores (Cf. BERMAN e JOBES, 1991). A adaptação e o funcionamento social das pessoas com dificuldades de aprendizagem dependem das aptidões que possuam e do tipo de dificuldades de aprendizagem. Não são Indícios que assumem amplamente a existência de dificuldades de aprendizagem heterogêneas e variadas, tanto no tipo quanto na profundidade do transtorno, afetando previsivelmente a adaptação social e, consequentemente, a respectiva intervenção. Quando se trata de adolescentes com dificuldades de aprendizagem da linguagem, as dificuldades não são somente acadêmicas, mas afetam também a adaptação social. As dificuldades comunicativas interferem em uma expressão adequada socialmente da frustração, da agressividade ou dos conflitos, podendo ter manifestações emocionais e de conduta. Posto que uma dificuldade de aprendizagem da linguagem costuma caracterizar-se por atraso no desenvolvimento da fala, erros nas expressões verbais, deficits no estabelecimento e captação de frases, no seguimento de instruções e em diversos aspectos pragmáticos da comunicação, com frases simples, diretas, isso pode afetar todos os processos de interação social e de adaptação, que se baseiam em processos de natureza comunicativa. As dificuldades de comunicação complexas afastarão o adolescente com http://77.232.219.194/tv6.ro/public/pages/news/news/664 http://77.232.219.194/tv6.ro/public/pages/news/news/664 NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS dificuldades de aprendizagem dos outros, desenvolvendo-se nele um sentimento de solidão e incompreensão. Ao apresentar dificuldades no uso e/ou compreensão das metáforas, duplos sentidos, ironias, esses jovens parecerão ser antissociais, às vezes, ofensivos e mal- educados, sendo uma consequência do não cumprimento das máximas comunicativas de Grice. Isso pode provocar reações emocionais como ansiedade, rigidez, frustração, compulsões, agressividade, isolamento, hostilidade e apatia. A intervenção neste tipo de adolescente deverá ser dirigida tanto para promoção de um maior desenvolvimento nas habilidades comunicativas e linguísticas como atuando sobre as consequências sociais e em sua personalidade – algum tipo de intervenção psicoterapêutica pode ser necessário. Enfocar a intervenção no desenvolvimento de estratégias compensatórias para a comunicação pode, em geral, ser um bom caminho tanto em crianças quanto em adolescentes ou adultos com dificuldades de aprendizagem de linguagem. TRANSTORNO NÃO VERBAL O transtorno de aprendizagem não verbal é suscetível especialmente de apresentar dificuldades de adaptação social principalmente na adolescência. Trata- se das denominadas dificuldades de aprendizagem não verbais, estudadas nos últimos anos, em profundidade, por Rourke e colaboradores (HARNADEK e ROURKE, 1994; ROURKE, 1989) e em sua relação com fatores de personalidade. Trata-se de uma dificuldade de aprendizagem com problemas espaciais e organizativos, com os marcos do desenvolvimento retardados, lentidão motora, com déficits específicos lateralizados. Segundo as evidências da avaliação neuropsicológica, pode ser confundida, às vezes, com a deficiência mental ou pode ser detectada tardiamente ao final da adolescência, com desenvolvimento adequado da fala e da sintaxe. Em razão da lentidão motora que apresenta, pode haver retardamento nas habilidades de interação com os iguais. A intervenção deveria enfatizar os aspectos motores e visomotores, posto que, ao iniciar-se a leitura, pode apresentar dificuldades em função dos déficits nas habilidades de análise da informação, mas é superável rapidamente pelo efeito da linguagem e das habilidades no campo fonológico, que estariam conservadas. Contudo, suas dificuldades serão manifestadas logo após na compreensão leitora e verbal, na memória contextual e no raciocínio abstrato, tudo isso em virtude dos problemas do tipo organizativo. Quando chegam à adolescência, essas pessoas com NLD ou transtorno visoespacial específico manifestam uma fala e um afeto deprimidos e estereotipados. A pragmática é deficitária, loquaz, superficial, inadequada fugindo do tema e do significado da conversação, com entonação ausente e dificuldades sérias de interpretação da comunicação não verbal. Seu modo de se relacionar com as pessoas é similar à sua pragmática, estereotipada, automática, perseverativa, sem significado, sem captar os gestos nem as expressões visuais dos outros. Isso é também um reflexo de suas dificuldades com a informação visual e espacial, que incidirá nas situações novas e estressantes. Um transtorno com essas características (NLD), na adolescência, apresentará alterações na adaptação social e nas relações interpessoais, inconsistência social, interações estereotipadas. Como não pode interpretar corretamente os códigos e demandas dos outros, não compreenderá o entorno social, não compreenderá as emoções e sentimentos dos outros, não preverá as intenções dos outros, não apresentará códigos não verbais ou terá dificuldades no uso do raciocínio lógico não verbal. Em outros lugares, denominou-se a esta habilidade o desenvolvimento de uma teoria da mente, e parece ser o transtorno nuclear das pessoas com autismo. Como, nos extremos, às vezes, é difícil diagnosticar de maneira diferencial as pessoas com autismo de alto nível das síndromes de Asperger (um tipo de autismo de alto nível) das dificuldades de aprendizagem com NLD mais graves, Schopler inclusive chegou a falar de certo contínuo dos transtornos. Como as situações sociais são complexas, será difícil avaliar as consequências de sua conduta, de suas expressões ou de sua linguagem, que serão inapropriadas, parecendo NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS fora de lugar, insensíveis e grosseiras, o que lhes transforma no alvo ideal em que possam “nutrir- se” os outros e converte-lhes em objeto de rechaço. Como consequência, se produzem reações emocionais sérias ou se convertem em pessoas isoladas, ansiosas e deprimidas, com o que vão parecendo, progressivamente, mais transtornadas e, inclusive, psicóticas. Uma análise recente dessas problemáticas, transtornos pragmáticos no contínuo autista, foi apresentada por Mecedes Belinchón (1993), na qual se estabelece, com grande profundidade, o debate sobre o fato de as alterações pragmáticas serem uma característica autista ou mais uma característica psicótica que formaria um contínuo com a esquizofrenia e, talvez, com as dificuldades de aprendizagem. Como podemos ver, a pesquisa no diagnóstico diferencial, que pode ser potencializada com programas de intervenção diferencial, nesses transtornos limítrofes é sumamente atraente edeverá potencializar-se no futuro. A personalidade daqueles que sofrem um NLD é muito vulnerável, com pobre autoimagem, não captação de mensagens não verbais, ausência de segurança emocional. Nessas condições, torna-se difícil uma vida independente, requerendo-se alta estruturação e ajuda, devendo-se desenvolver, sobretudo, habilidades de sobrevivência, por meio de situações reais, por exemplo, nas quais se ensinam habilidades sociais e autoinstrução verbal, utilizando-se muitos ensaios altamente estruturados e incluindo-se também o treinamento em estratégias cognitivas de adaptação como as autoinstruções, sendo mais eficazes os enfoques de conduta do que os psicoterapêuticos clássicos. Provavelmente, uma das explicações pelas quais os enfoques de conduta são mais eficazes é que se baseiam mais nas capacidades que as pessoas têm do que nos déficits. Quando se diagnostica uma dificuldade de aprendizagem, estão sendo criadas expectativas sobre essa pessoa da qual se espera que aja de uma maneira determinada. Igualmente, os efeitos da rotulação têm sido nefastos, chegando a refletir- se na idade adulta, quando se inicia a busca de emprego. Daí que a rotulação de dificuldades de aprendizagem possa ter efeitos negativos, o que não ocorre com os enfoques de conduta. No caso dos adolescentes, que são tão influenciáveis pelo entorno, já que irão entrar no mundo dos adultos, esses efeitos são muito negativos. Um enfoque de conduta haverá de superar esses efeitos, centrando-se mais nas capacidades que permanecem ou estão presentes do que nos déficits. ADULTOS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Alguns tipos de dificuldades de aprendizagem manifestam-se com a idade, desenvolvem transtornos socioemocionais e ansiedade excessiva. Este seria o caso das dificuldades de aprendizagem da matemática em adultos, que desenvolveriam 39 uma espécie de condicionamento aversivo frente às tarefas relacionadas com a matemática, o que se transformaria em excessiva “ansiedade matemática” e em outros transtornos socioemocionais. A pesquisa dessa questão, no futuro, será provavelmente reveladora a respeito. Uma das frentes nas quais a psicologia está fazendo incursões com implicações para as dificuldades de aprendizagem é a da prevenção ou da psicologia comunitária, enfatizando a intervenção em várias áreas, como a da família, além de tratar o transtorno. Se concebermos que as pessoas se desenvolvem em contextos específicos e que seus transtornos, tal como suas consecuções originam-se em processos interativos e de intercâmbio e negociação, parece razoável supor que os diferentes fatores psicossociais possam contribuir para a origem do transtorno e, portanto, ser utilizados para focalizar a intervenção mediante o desenvolvimento de programas mais ou menos específicos ou gerais. Temas como a colaboração com os trabalhadores sociais, como o da prevenção, o da compreensão e a mudança nas organizações, o da autoajuda e ajuda dos para profissionais e não profissionais ou o reforço da comunidade são essenciais e podem ser aplicados e considerados em relação às dificuldades de aprendizagem. NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS APRENDIZAGEM E MEMÓRIA As concepções que se utilizam da aprendizagem e da memória – o núcleo da cognição humana – determinarão a forma como se entendem suas alterações e transtornos. As dificuldades de aprendizagem referem-se a dificuldades nas aprendizagens da linguagem e acadêmicas, da leitura e escrita e do cálculo. Compreender algumas questões da pesquisa básica, sobretudo no desenvolvimento de modelos teóricos formais e na forma de responder ante as tarefas específicas da memória, parece relevante para as dificuldades de aprendizagem. A pesquisa básica pode servir de guia para o desenvolvimento da pesquisa mais aplicada, seja com fins de compreensão teórica das dificuldades de aprendizagem ou com fins de intervenção. Nesse sentido, fazemos algumas reflexões como: • As tentativas de desenvolver modelos teóricos formais. • A comparação de tarefas sobre a memória, em trabalhos empíricos. Esses dois traços principais caracterizam-se por serem conexionistas, no caso dos modelos formais, e dissocionistas no caso das pesquisas empíricas. Apresentamos, em Garcia (1993a, p. 146-150), uma síntese dos enfoques conexionistas ou processamento distribuído e paralelo. Os enfoques conexionistas supõem os avanços mais recentes, que alguns consideram a alternativa aos enfoques do processamento da informação. O uso de diversos paradigmas de pesquisa sugere sua aplicabilidade em todos os âmbitos da aprendizagem escolar e, concretamente, das dificuldades de aprendizagem da leitura e escrita e da matemática. As tentativas de explicar compreensivamente os distintos aspectos são manifestadas pelos modelos teóricos que entendem e apoiam a existência de conexões entre as diversas condutas relacionadas com a aprendizagem e a memória, ênfase que se vê apoiada pelas pesquisas, dado que, ao utilizar tarefas diferentes, produzem resultados diferentes, mesmo que, supostamente, se esteja investigando a mesma habilidade ou conduta. O conexionismo foi colocado ultimamente em moda e foram propostos, inclusive, terapias conexionistas. O problema é por qual modelo formal optar, dado que foram desenvolvidos inúmeros modelos. A opção por um modelo ou outro não é indiferente e tem implicações diversas tanto em nível teórico como aplicado (por exemplo, no campo da educação e, concretamente, nas dificuldades de aprendizagem). Isso levou à necessidade do estudo das semelhanças entre os modelos propostos, sobretudo os que foram contrastados empiricamente. Apesar de o dissociacionismo não ter tanta publicidade, o certo é que exerceu uma grande influência. Durante o século, os avanços nos estudos sobre a memória humana estiveram ligados à utilização de tarefas diversas, tarefas que, inclusive, há alguns anos não se consideravam referentes à memória, como medidas da percepção e da execução. Isso obrigou a análise das semelhanças e diferenças entre as tarefas. Esse enfoque foi apoiado por dados fascinantes provenientes: • De pacientes amnésicos. • E sobre os níveis de consciência. Hoje, é possível conceituar dissocionismo no campo dos estudos da memória como a constatação de que diferentes tarefas produzem diferentes resultados. De um lado, os enfoques dissocionistas carecem de rigor teórico, o que pode ser solucionado, em parte, utilizando-se modelos formais (conexionistas). A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA LINGUAGEM A linguagem interessa à psicologia como conduta. No entanto, a linguagem, sendo uma conduta a mais, apresenta duas características importantes: a linguagem é comunicação e representação. A linguagem traz possibilidades novas à conduta direta, permitindo níveis simbólicos e de representação, ocupando um papel-chave em toda conduta cognitiva. NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS Entretanto, o interesse da linguagem como conduta existe enquanto procedimento comunicativo. Inicialmente, a criança desenvolve um duplo processo, que pode ser conceituado em uma dupla teoria: da mente e instrumental. A criança pode atuar diretamente sobre os objetos (conduta instrumental) ou pode usar intermediários sociais ou condutas comunicativas, seja com fins instrumentais ou imperativos (teoria instrumental), seja com fins informativos ou de declarar ou comentar algo com o interlocutor (teoria da mente). Esse duplo desenvolvimento avança e prolonga- se ao longo dos anos em múltiplas formas de conduta. As condutas que têm a ver com a teoria da mente implicam captar as intenções dos outros, os desejos, os pensamentos,as mensagens não verbais, os duplos sentidos, a ironia, as metáforas, entre outros. Ao contrário, as condutas que têm a ver com a teoria instrumental não implicam atribuir intenções aos outros, mas simplesmente considerar o valor ou conteúdo instrumental. O que ocorre é que, muito precocemente, esse duplo desenvolvimento se entrelaça, sobrepõe e interage, potencializando- se mutuamente. Nas crianças normais, ou inclusive em crianças com atraso no desenvolvimento, observam-se ambos, paralelamente. Existem, não obstante, algumas patologias em que esses desenvolvimentos se separam, continuando o desenvolvimento da teoria instrumental, mas não o da teoria da mente. Existem os denominados transtornos invasivos do desenvolvimento, como o autismo, que apresentariam essas características (Cf. GARCÍA, 1992b). As condutas comunicativas instrumentais, como os imperativos, estão presentes, mas é mais raro observar declarativos ou comentários ou conduta de informar. Essa dupla distinção permite abordar a conduta da linguagem de uma maneira nova, superando o interesse puramente estrutural da linguística, e abordar a linguagem de uma perspectiva psicológica (BELINCHÓN et al., 1992; VALLE, 1992). Piaget e Vygotsky propõem o estudo da linguagem em relação ao pensamento e ilustram muito bem a importância que concedem à linguagem no resto do desenvolvimento. Para Piaget, e de maneira sintética, a inteligência sensório-motora antecede e possibilita o desenvolvimento da linguagem, que aparecerá e se afirmará no período pré-operacional, mas a linguagem continua sendo dependente dos avanços no desenvolvimento da inteligência. Com a idade escolar e o advento do período operacional concreto, a linguagem e a inteligência potencializam-se e interligam-se, permitindo um desenvolvimento geral em nível psicológico. Durante o período das operações formais, por volta dos 12 anos, a linguagem vai ocupar um papel central e superior ao do pensamento. O pensamento formal e hipotético- dedutivo torna-se possível graças ao uso da lógica formal, tornando a linguagem formal imprescindível para o desenvolvimento cognitivo. Fazendo uma simplificação, Piaget considera que, durante os dois primeiros anos, o pensamento prático antecede a linguagem, e que, durante o período pré-operacional ou até os seis ou sete anos, a linguagem vai ter um papel cada vez mais decisivo, mas continua havendo um predomínio do pensamento representacional, para chegar ao período operacional concreto, em que a linguagem e o pensamento são simultâneos, concluindo o desenvolvimento na etapa formal, com a primazia da linguagem sobre o pensamento. Vygotsky coloca a situação de um modo diferente. Inicialmente, a conduta infantil é guiada pela fala do adulto, depois começa a ser guiada pela fala externa da própria criança, até converter-se em fala interna para si em forma de fala subvocal, e passar a ser pensamento ou linguagem externa. O pensamento não é senão a linguagem interiorizada, e, portanto, de natureza social em essência. Para Piaget, a linguagem é primeiro, egocêntrica e não socializada para, posteriormente, socializar-se. Vygotsky entende que o pensamento não seja o prioritário, ainda que seja em forma de ação, mas que o prioritário é a natureza social e externa do pensamento, precedente da fala ou linguagem interiorizada. NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS NEUROPSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO hemisfério esquerdo (MIRANDA e MUSZKAT, 2004). http://clinicaalianca.pt/pt/neuropsicologia- infantil A neuropsicologia do desenvolvimento implica um vasto campo de pesquisa clínica e teórica que tem como objetivo compreender as relações entre o cérebro e o desenvolvimento infantil, bem como das interações recíprocas da psicologia infantil e sua organização neurobiológica. A compreensão das bases da neuropsicologia infantil implica desafio do próprio desenvolvimento, ou seja, crianças crescem física, neurológica, comportamental e emocionalmente, podendo adquirir maior complexidade nas funções do ponto de vista ontogenético (MIRANDA e MUSZKAT, 2004). A inserção da neuropsicologia se refere a uma perspectiva evolutiva maturacional, cuja expressão clínica de lesões e disfunções se diferenciam de acordo com as fases do crescimento neuronal, mielinização e maturação sequencial das várias regiões cerebrais. A alteração neuropsicológica na infância se deve a influência de fatores genéticos e estruturais (topografia das lesões), especificidade das áreas cerebrais associadas ao comportamento (linguagem e memória). A alteração também está relacionada à extensão das disfunções, aos fatores de neuroplasticidade e os que têm relação ao paradigma da especialização hemisférica, que se refere ao estilo cognitivo holístico do hemisfério direito ou analítico do Segundo Piaget, o desenvolvimento não é apenas a maturação do sistema nervoso, mas é uma condição de possibilidades de responder ao meio, de potencial para assimilar e estruturar novas informações. No recém-nascido, as estruturas cerebrais do sistema nervoso central mais envolvidas nos padrões de comportamento não estão localizadas nos hemisférios cerebrais, mas nas estruturas subcorticais. A atividade motora no período neonatal esta organizada em sequencias de ativação neuronal, geneticamente determinadas, definindo a conduta motora de acordo com as respostas reflexas filogenéticas. Estes reflexos incluem o reflexo de Moro, o de sucção, preensões e marcha reflexa. À medida que a criança vai se desenvolvendo, sobrepõem-se padrões mais organizados de atividade motora (MIRANDA e MUSZKAT, 2004, pp.213-14). QUADRO – PERSPECTIVA MATURACIONAL FONTE: Neuropsicologia hoje (Andrade, Santos e Bueno, 2004) - Neuropsicologia do Desenvolvimento. (pp. 213-14). http://clinicaalianca.pt/pt/neuropsicologia-infantil http://clinicaalianca.pt/pt/neuropsicologia-infantil http://clinicaalianca.pt/pt/neuropsicologia-infantil http://clinicaalianca.pt/pt/neuropsicologia-infantil NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS É importante ressaltar que o conhecimento do desenvolvimento fetal também é essencial, uma vez que muitos distúrbios nessa fase podem desorganizar a sequências de crescimento e maturação desde a 4ª semana de vida fetal até o nascimento. Algumas infecções congênitas e displasias ou distúrbios de migração neuronal podem afetar essa sequência de eventos (MIRANDA e MUSZKAT, 2004). O desenvolvimento neuronal pode ser dividido em seis estágios básicos: DESENVOLVIMENTO NEURONAL 1. Geração da célula (fase de proliferação celular) e a diferenciação celular (fase da diferenciação celular). 2. A migração das células do seu sítio de nascimento (posição germinativa), no qual começam a se diferenciar, a sua posição final (fase de migração celular). 3. A agregação da célula, com suas específicas regiões cerebrais. 4. O crescimento de axônios e dendritos. 5. A formação das conexões sinápticas. 6. A eliminação das células, axônios e dendritos, um processo contínuo que se expande até a vida adulta (morte celular programada ou apoptose). FONTE: Neuropsicologia hoje (Andrade, Santos e Bueno, 2004) - Neuropsicologia do Desenvolvimento. (pp. 216). A neurobiologia demonstra que algumas áreas do cérebro apresentam uma população de neurônios, podendo exceder de quinze a 50% a do adulto. Muitas vezes, esses neurônios, são eliminados por meio do processo de morte celular programada (apoptose), sinapses que não são ativadas funcionalmente. Isso pode se dar não a apenas fatores genéticos e fatores que são preditores, constitucionais, mas também a fatores que são formados pela própria experiência, ou seja, quando nãoestimuladas, as sinapses não funcionais podem ser perdidas (MIRANDA e MUSZKAT, 2004). Outro fator de extrema importância na compreensão do desenvolvimento cerebral e sua relação com a função neuropsicológica é o processo de mielinização. Os circuitos subcorticais são os predominantes em relação aos corticais na modulação dos movimentos, refletindo o comportamento essencialmente sensório-motor da criança pequena. No lactente, o sistema responsável pela modulação dos movimentos voluntários ainda não está totalmente mielinizado e somente a partir do 7º mês é que terá sua maior eficiência. Vale ressaltar que a mielinização nas meninas é mais precoce em áreas referentes à linguagem, o que explica uma maior desenvoltura das habilidades linguísticas das meninas em relação à fase do desenvolvimento. Nos meninos a maturidade do hemisfério direito pode ser mais prolongada, o que para alguns autores, pode exemplificar uma maior habilidade dos meninos em tarefas que envolvem o processamento visuoespacial (MIRANDA e MUSZKAT, 2004). O desenvolvimento neuropsicológico se refere também a uma interação dinâmica das experiências sociais e ambientais. É necessário identificar os fatores que interferem nesse processo, mas também sua influência. FATORES AMBIENTAIS E CULTURAIS NO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOLÓGICO FONTE: Neuropsicologia hoje (Andrade, Santos e Bueno, 2004). Neuropsicologia do desenvolvimento. (pp.220-21). NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DA INFÂNCIA DESENVOLVIMENTO INFANTIL FONTE: < http://www.desenvolvimento- infantil.blog.br/vai-comecar-a-semanamundial-do- brincar/ > A avaliação neuropsicológica da criança tem pelo menos três momentos: o diagnóstico, o prognóstico e a reabilitação (MIRANDA e MUSZKAT, 2004). Diagnóstico: o objetivo da avaliação neuropsicológica é estabelecer o perfil do déficit e de sua extensão funcional e como se dá na criança o processo global do pensamento. É importante determinar se há predomínio sensório- motor, operatório, em um nível mais concreto ou se atingiu uma fase mais ideacional com predomínio dos processos simbólicos e abstratos. Prognóstico: a avaliação neuropsicológica também é importante para uma delimitação prognóstica, quando se desenha o perfil evolutivo do distúrbio aliado ao perfil evolutivo da criança em relação às funções cognitivas, psíquicas, comportamentais e mentais. Pode também ser útil na delimitação de sequelas potenciais da capacidade de recuperação de crianças que irão passar por procedimentos invasivos ou que envolvem áreas cerebrais significativas. Reabilitação: objetiva verificar estratégias que seriam mais efetivas para o processo de reabilitação cognitiva. A avaliação deve proporcionar o entendimento da delimitação de déficits, a repercussão no contexto sequelar, as reservas cognitivas que vão dar base para a escolha de alternativas de reabilitação em bases neurobiológicas. É importante também delimitar qual o impacto que a lesão ou disfunção localizada possui e quais são os mecanismos compensatórios e adaptativos. Deve mostrar uma dimensão da reserva funcional, pois, poderá permitir estratégias (cognitivas) dentro de uma realidade neuropsicológica efetiva no que se refere à orientação do processo de reabilitação (COSTA, et. al., 2004). A avaliação neuropsicológica infantil tem por objetivo a identificação precoce de alterações no desenvolvimento cognitivo e do comportamento. Está se tornando ferramenta essencial das consultas rotineiras no que se refere à saúde infantil. A utilização de instrumentos adequados é extremamente importante para que a avaliação tenha resultados satisfatórios. Uso de escalas e de testes tem como objetivo determinar o nível evolutivo da criança, lembrando que esses instrumentos também objetivam a prevenção e detecção precoce de alterações do desenvolvimento e aprendizado, podendo indicar de forma detalhada a qualidade do processo contribuindo para um mapeamento qualitativo e quantitativo das áreas cerebrais objetivando intervenções terapêuticas mais precisas e precocemente (COSTA, et. al., 2004) Ela é indicada quando há suspeita de dificuldade ou alteração cognitiva ou que haja alteração de comportamento de origem neurológica. A avaliação também tem como objetivo auxiliar o diagnóstico e tratamento de várias enfermidades neurológicas, comprometimentos psiquiátricos, alterações de condutas, etc. Atua também no estabelecimento de algumas relações entre as funções corticais superiores como a atenção, linguagem, memória e aprendizagem simbólica que engloba conceitos, escrita, leitura (COSTA, et. al., 2004). http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/vai-comecar-a-semana-mundial-do- http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/vai-comecar-a-semana-mundial-do- http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/vai-comecar-a-semana-mundial-do- http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/vai-comecar-a-semana-mundial-do- http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/vai-comecar-a-semana-mundial-do- http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/vai-comecar-a-semana-mundial-do- http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/vai-comecar-a-semana-mundial-do- http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/vai-comecar-a-semana-mundial-do- http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/vai-comecar-a-semana-mundial-do- http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/vai-comecar-a-semana-mundial-do- http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/vai-comecar-a-semana-mundial-do- http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/vai-comecar-a-semana-mundial-do- NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA INFANTIL Transtorno Do Déficit De Atenção E Hiperatividade (Tdah) neurologistas, médicos de outras especialidades, cuidadores, pais, etc. (REED, 2012). DÉFICIT DE ATENÇÃO É o transtorno mais encontrado em crianças combinando com várias proporções sendo então o déficit de atenção, a impulsividade e hiperatividade. Essas proporções influenciam o comportamento no convívio familiar e social, o rendimento escolar, o desenvolvimento emocional e a autoestima (REED, 2012). A partir de 1980 o TDAH passou a ser reconhecido como entidade definida quando o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III) da American Psychiatric Association estabeleceu critérios diagnósticos (nove para caracterizar o déficit de atenção e nove para a hiperatividade/impulsividade) que periodicamente vem sendo revistos para definição do distúrbio, atualmente classificado em três diferentes subtipos (SPENCER et al., 2007): • Combinado (50 a 75%); • Predominantemente hiperativo-impulsivo (até 15%): maior • Prejuízo no convívio com a família/amigos do que na escola; • Predominantemente déficit de atenção (20 a 30%): maior prejuízo no desempenho escolar, porém melhor convívio social, levemente mais comum em meninas, ao passo que os demais predominam em meninos em até 3:1. No que se refere à incidência e prevalência é difícil de caracterizar e quantificar, pois, normalmente os sintomas são valorizados de forma vaga por pediatras, psiquiatras, A incapacidade de manter a atenção em uma tarefa ou atividade pelo tempo necessário que ela exige para a realização é caracterizada como primeiro sintoma primário fundamental. Normalmente, a criança consegue reter poucas informações podendo ter uma interação mais negativa com o professor na sala de aula o que acaba influenciando a autoestima da criança (REED, 2012). A impulsividade é outro sintoma significativo. O autocontrole falho e a incapacidade de medir as consequências de suas ações é outra característica do transtorno. No que se refere à hiperatividade,pode-se dizer que é o sintoma mais evidente na primeira infância. As crianças tendem a se envolver em situações perigosas, machucam-se com facilidade e realizam brincadeiras repetitivas como saltar, correr sem propósito (REED, 2012). Em relação a fatores biológicos e ambientais o TDAH é caracterizado por eventos gestacionais adversos, pré e perinatais, como por exemplo, toxemia, eclâmpsia, idade materna, parto prolongado, hemorragia pré-parto, baixo peso e fatores tóxicos como tabagismo e alcoolismo (REED, 2012). O baixo peso e a prematuridade associados à encefalopatia hipóxico-isquêmica perinatal tem sido considerado como fator de risco par o TDAH (BHUTTA et al, 2002). A hereditariedade também é um fator importante no TDAH, pois o risco desse transtorno entre pais e irmãos de pacientes é alto variando entre o dobro e oito vezes mais nas NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS revisões sobre outros trabalhos (FARAONE E BIEDERMAN, 2000). A descoberta do transtorno também em adultos contribuiu para novas possibilidades em relação a estudos sobre recorrência familiar. Por outro lado, pesquisas em pacientes gêmeos, irmãos biológicos e irmãos adotivos indicam a influência genética (gêmeos: concordância entre 60 e 91%) e a concordância em TDAH em gêmeos monozigóticos chega a 76% (REED, 2012). Vários estudos vêm mostrando que há uma predisposição genética associada a fatores pré e perinatais adversos, desencadeando um distúrbio cognitivocomportamental variável, o qual pode ser modificado por influências ambientais e sociais. A predisposição genética é caracterizada pelas alterações estruturais das redes neurais e essa predisposição leva a uma alteração funcional que é mediada pela alteração de neurotransmissores (dopamina, noradrenalina e em parte a serotonina) (REED, 2012). O déficit de dopamina no que se refere aos sintomas de TDAH é documentado de forma constante por meio dos estudos de neuroimagem, moleculares, neuropsicológicos e de resposta às medicações estimulantes (SWANSON et. al., 2007). Por outro lado, não há esclarecimento total sobre a neurobiologia do TDAH, embora se tenha muitos estudos sobre o assunto. Segundo Kieling et al. (2008), os estudos em sua totalidade apontam para uma associação entre os diferentes fatores genéticos e ambientais com as alterações estruturais e funcionais do cérebro que desencadeiam em alterações de comportamento variando com a fase de desenvolvimento. Vale ressaltar que alguns estudos verificam as anormalidades estruturais do TDAH por meio dos exames de neuroimagem. O estudo de Lou et al. (1989) com a utilização do PET mostrou que o fluxo sanguíneo cerebral em crianças com TDAH encontra-se diminuído no núcleo caudado direito em relação ao grupo controle que participou do estudo, sendo normalizado após a ingestão da medicação Metilfenidato. Em outro estudo realizado por Castellanos et al., (1996) observou- se pela RM (Ressonância Magnética) que em 57 meninos com TDAH comparando com 57 meninos do grupo controle havia diminuição do volume cerebral de 5% em média, o globo pálido menor e região frontal direita significativamente menor que a esquerda sendo que nos indivíduos normais o lobo frontal direito é maior que o esquerdo (REED, 2012). No que se refere ao tratamento do TDAH a combinação de medicação com a terapia comportamental ou terapia psicossocial consiste no princípio básico de tratamento. O tratamento somente com medicação mostra uma eficácia em determinados casos para redução dos sintomas e somente a terapia comportamental não traz os mesmos resultados da terapia medicamentosa isoladamente ou a combinação das duas terapias (REED, 2012). O tratamento medicamentoso se baseia no emprego de quatro tipos de drogas que são os estimulantes, inibidores seletivos da recaptura de noradrenalina, antidepressivos tricíclicos e α2 agonistas. Vale ressaltar que muitos desses medicamentos não se encontram disponíveis no Brasil e que mesmo as formas disponíveis não são fabricadas aqui, como por exemplo, o Metilfenidato administrado de forma transdérmica (patch – adesivo). O metilfenidato é considerado a primeira escolha de tratamento, embora alguns pais não aceitem o uso de estimulantes. No Brasil as formulações disponíveis dessa medicação são: Ritalina®: liberação imediata, opções de 5 e 10 mg, 4 a 6 h de duração da ação. Ritalina LA®: liberação prolongada SODAS (spheroidal oral drug absorption system), opções de 20, 30 e 40 mg, 8 h de duração. Concerta®: liberação prolongada OROS (osmotic-controlled release oral delivery system), opções de 18 e 36 mg, 12 h de duração da ação (Reed, 2012). A atuação do metilfenidato consiste no aumento da concentração de dopamina nas sinapses pré-frontais e estriatais, objetivando o bloqueio do transporte de dopamina e noradrenalina e aumentando a liberação de dopamina do pool de vesículas pré-sinápticas. A medicação também reduz a hiperatividade, agressividade e o transtorno opositor-desafiante contribuindo para uma melhor relação com familiares e amigos (WILENS, 2006). No que se refere à terapia comportamental com a abordagem psicossocial há uma eficácia solidamente comprovada, porém NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS nem sempre pais e professores conseguem aderir a esse tipo de tratamento. Ela é indicada para trabalhar a autoestima e também tentar diminuir a impulsividade, a desorganização e a falta de reflexão em relação às tarefas a serem enfrentadas. É imprescindível que os pais e professores participem dessa abordagem, pois, poderão aprender a lidar com os comportamentos indesejados e reforçar os adequados (REED, 2012). Sobre o prognóstico do TDAH, embora exista eficácia do tratamento combinado citado anteriormente, o mesmo continua sendo desanimador, pois, calcula-se que cerca de 60% das crianças com o transtorno vão se transformar em adultos funcionais, mantendo de forma modificada a sintomatologia iniciada na infância (REED, 2012). Vale lembrar que o TDAH consiste em várias comorbidades e a permanência na vida adulta implica um alto impacto do transtorno em todas as áreas da vida, por isso tendo a necessidade e importância de acesso o quanto antes a esquemas terapêuticos e de habilitação pedagógica, psicológica e profissional que serão definidas pela equipe multidisciplinar. A abordagem precoce tem como objetivo prevenir ou diminuir o risco do uso de drogas, álcool, violações de regras sociais, relacionamentos instáveis e distúrbios psiquiátricos (REED, 2012). DISLEXIA Cerca de 10% das crianças em idade escolar sofrem de distúrbios de leitura e escrita de forma severa, podendo chegar a 25% se forem considerados também os distúrbios leves (CAPOVILLA e CAPOVILLA, 2007). O distúrbio específico de leitura nos países de língua francesa é chamado de dislexia e de distúrbio de leitura (Reading Disability) nos países de Língua Inglesa (GRÉGOIRE, 1997). Ela é caracterizada por uma dificuldade na leitura em crianças que normalmente apresentam inteligência, motivação e escolaridade necessárias para uma leitura adequada e fluente. Observa-se também dificuldade para soletrar e escrever (SHAYWITZ et al., 2007). O National Institute of Health americano define a dislexia como “um dos vários tipos de distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico de linguagem de origem constitucional e caracterizado por dificuldades em decodificar palavras isoladas, geralmente refletindo habilidades de processamento fonológico deficientes. Essas dificuldades em decodificar palavras isoladas são frequentemente inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas acadêmicas, elas não são resultantes de um distúrbiogeral do desenvolvimento ou de problemas sensoriais” (Orton Dyslexia Society, 1995, p2). Frith (1997) explica que o distúrbio de desenvolvimento pode se originar de algumas fases. A primeira se refere às condições biológicas (aspectos genéticos) em interação com condições ambientais (exposição a toxinas ou a baixa qualidade da nutrição da mãe durante a gestação) que podem contribuir para vários efeitos sobre o desenvolvimento encefálico. A segunda fase explica que o desenvolvimento neurológico não usual pode contribuir para sutis alterações no funcionamento cognitivo. E a terceira fase implica que essa alteração cognitiva poderá levar a padrões mais específicos de despenho comportamental. Esses padrões poderão ou não desencadear em problemas de leitura ou escrita, dependerá de fatores ambientais tais como, o tipo de ortografia e o tipo de instrução ao qual a criança estará exposta e adaptação em relação a esses problemas irá depender de vários fatores como motivação, relações afetivas, habilidades intelectuais gerais, idade e condições sociais. Fortes são as evidências de que a dislexia tem certa influência genética. Segundo estudo de DeFries, Alarcón e Olson (1997), em que foram avaliados 195 pares de gêmeos idênticos e 145 pares fraternos, observou-se uma taxa de concordância para dislexia em 67% nos gêmeos idênticos e 37% nos gêmeos fraternos. Vários estudos têm mostrado alterações encefálicas em indivíduos que apresentam a dislexia e embora, não se possa afirmar que essas alterações realmente causem a dislexia, há a possibilidade de relacionar os padrões de alteração encefálica com os padrões cognitivos e comportamentais observados nesse distúrbio (CAPOVILLA e CAPOVILLA, 2007). Em relação às bases neurobiológicas da dislexia, várias pesquisas que antecedem as NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS avaliações funcionais por meio dos exames de imagem e/ ou MEG, mostraram resultados discrepantes, ou seja, alguns resultados se referiram à presença de displasias corticais e outros se referiram a alterações no corpo geniculado lateral. Outras pesquisas mostraram ausência da assimetria inter-hemisférica, a qual existe na maioria das pessoas (CASELLA, 2012). Resultados de estudos científicos importantes em relação à dislexia demonstram que a alteração mais comum nesses pacientes está ligada a um déficit em um componente específico da linguagem (MORRIS et al., 1998; RAMUS et. al.; 2003). No que se refere ao diagnóstico da dislexia, o mesmo é clínico e o profissional deve se ater a história, observação e avaliação por meio de testes psicométricos, leitura e capacidade de codificação fonológica. Há suspeita de dislexia quando uma criança com desempenho normal na maioria das atividades venha apresentar dificuldade de ler, escrever e soletrar. Geralmente se observa nessa criança atraso na capacidade de falar, dificuldades com os sons das palavras ou confusão entre palavras com sons semelhantes. É importante também investigar dados sobre a família, pois dificuldades semelhantes reforçam a hipótese diagnóstica (CASELLA, 2012). É muito importante o diagnóstico ou suspeita clínica precoce, pois, quanto mais cedo se identifica a dislexia em um cérebro mais jovem, maior será a plasticidade em relação a uma melhor resposta no que se refere a uma estimulação adequada podendo evitar problemas oriundos da ausência ou diagnóstico tardio (CASELLA, 2012). O tratamento da dislexia engloba a estimulação das dificuldades apresentadas reforçando a importância do papel da consciência fonológica pelo treinamento da correspondência fonema/grafema. É importante também estimular a identificação que corresponde aos sons da fala, da capacidade de rimar, soletrar e identificar palavras. O estímulo da fluência da leitura associada a sua compreensão e também a aquisição de um vocabulário mais rico também são muito importantes. A orientação adequada aos familiares objetivando a amenização dos conflitos e frustrações que se referem às expectativas de uma criança normal, mas que não consegue ler de forma adequada também é primordial. É crucial que os pais dessa criança trabalhem a autoestima dessa criança, podendo estimular outros talentos natos em outras atividades como pintura, música, atividade esportiva. É importante evitar termos pejorativos como, preguiçoso, desleixado ou comparações com outras crianças ou familiares. Os profissionais que têm contato com a criança com dislexia também têm conhecimento sobre a patologia, evitando assim que a criança passe por constrangimento em uma leitura em voz alta, por exemplo, (CASELLA, 2012). DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM O ato de aprender envolve funções nervosas superiores complexas e que se houver alguma alteração pode haver prejuízo nas habilidades básicas de leitura, escrita e cálculo. Do ponto de vista estatístico não há uma idade única para adquirir essas habilidades. Ocorrem variações na aquisição dentro de uma faixa normal originadas das diferenças individuais no amadurecimento cerebral e consequentemente os distúrbios de aprendizagem vêm sendo detectados cada vez mais cedo devido à frequência mais generalizada da criança a pré- escola e da demanda familiar e da escola cada vez maior (DRUMMOND et. al., 2005; JORDAN et al., 2006). Há dois tipos de distúrbios da aprendizagem: o específico ou primário e o inespecífico ou secundário. No caso distúrbio secundário a aprendizagem se dá de forma inadequada pela existência de um fator causal identificável que interfere na aprendizagem, a qual é passível de tratamento que contribui para uma normalização da aprendizagem. O TDAH; déficits sensoriais; alterações da dinâmica familiar; ambiente escolar inadequado; doenças crônicas que exigem o uso de medicamento (epilepsia, asma brônquica); intercorrências neurológicas ou pediátricas (hipertensão intracraniana, doenças debilitantes de longa duração, intoxicações, etc.), deficiência mental são distúrbios do comportamento que normalmente apresentam dificuldades de aprendizagem. Já as dificuldades de aprendizagem primárias são aquelas que atingem as crianças inteligentes que normalmente frequentam escolas cujo método NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS sempre é adequado. Elas não apresentam alterações motoras, sensoriais ou psicológicas que justifiquem a dificuldade de aprender (REED, 2012). Os distúrbios primários ou específicos da aprendizagem não são caracterizados por uma nomenclatura universal. A interpretação de termos da literatura vindos da língua inglesa, como disabilities, que em alguns centros correspondem à classificação DM (deficiência mental) é um grande complicador. Devido a isso, alguns autores preferem utilizar outros termos como learning difficulties e learning problems no lugar de learning disabilities (SNOWLING, 2005). DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM Segundo a classificação do DSM-IV, os distúrbios da aprendizagem estão incluídos nos transtornos do desenvolvimento psicológico no subitem Transtornos Específicos do Desenvolvimento das Habilidades Escolares, dividindo-se em quatro partes: transtornos da leitura; transtornos da matemática; transtornos da expressão escrita e transtornos da aprendizagem sem outra especificação. Esse último envolve os transtornos de aprendizagem que não satisfazem os critérios para qualquer transtorno de aprendizagem específico, ou seja, podem incluir problemas de leitura, matemática, expressão escrita, os quais juntos podem prejudicar de forma significativa no rendimento escolar (REED, 2012). Fletcher at. al.(2004) refere que alguns profissionais adotam classificações mais resumidas em relação aos distúrbios da aprendizagemmais específicos. São dois grupos citados a seguir: Grupo 1 (Dislexia) que se refere a alteração de processamento fonológico básico incluindo a habilidade linguística, leitura e atividade de soletrar. O grupo 2 (Distúrbios da aprendizagem não verbais) que é caracterizado como dificuldade de solucionar problemas e de aprender termos aritméticos para computar. Têm também os distúrbios do ritmo e visuoespaciais, distúrbios motores e de percepção tátil. As dificuldades se referem à noção espacial, atividades organizacionais e regras sociais. A discalculia também está incluída nesse grupo. É difícil identificar o índice de incidência dos distúrbios de aprendizagem devido à alta associação com comorbidades, mais especificamente o TDAH. Oitenta por cento dos casos compreende o distúrbio de dislexia e sua prevalência é entre 5 e 17,5%, a qual depende muito de influências regionais relacionadas a estrutura do idioma. A discalculia tem prevalência por volta de 4 a 7%. Há dislexia associada em quase um quinto dos casos. É difícil estabelecer a prevalência da discalculia devido à falta de heterogeneidade e de consenso quanto aos testes e critérios que a classificam (REED, 2012). Cerca de 5 a 10% de crianças em idade escolar apresentam um distúrbio de aprendizagem (LAGAE, 2008). No que se refere ao diagnóstico e tratamento dos transtornos de aprendizagem ainda há uma dificuldade em perceber de forma precoce as crianças com esse transtorno e poder inseri-la para intervenções educacionais. As condutas para o diagnóstico são realizadas com certa complexidade. O neurologista infantil se utiliza da anamnese dando mais atenção à história familiar, para o desenvolvimento motor e da linguagem e mais o histórico escolar. O neurologista pode pedir uma avaliação neuropsicológica que objetiva abordar as funções específicas referentes à aprendizagem. São elas: habilidade linguística auditiva, habilidade visual, memória, atenção, velocidade de processamento, eficiência cognitiva e raciocínio (REED, 2012). Em relação à discalculia devido à falta de uma definição neurobiológica é difícil ter uma clareza em relação às intervenções adequadas. Técnicas com jogos de computador vêm sendo utilizadas, porém necessitam de validação por estudo utilizando os grupos-controle, portanto como em todas as alterações de aprendizagem, NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS a intervenção deve focar os pontos fortes de cada indivíduo, até porque as pessoas com esse distúrbio podem surpreender em outras áreas de forma excepcional (KADOSH, 2007). DISTURBIO DA MATEMATICA O prognóstico dos distúrbios de aprendizagem é relativamente prejudicado, pois, como já foi dito antes, a falta de testes validados e padronizados contribui para a dificuldade do diagnóstico precoce. A dificuldade de habilidade linguística e numérica se relaciona com a falha escolar, com dificuldade de adquirir uma boa condição socioeconômica e qualidade de vida. As mulheres são mais afetadas em relação ao distúrbio da discalculia, pois, o déficit da habilidade numérica desencadeia um peso maior no desempenho maior global comparado a outras deficiências, por exemplo, a baixa instrução (REED, 2012). Os distúrbios da linguagem escrita podem ocorrer de forma independente do distúrbio da leitura, assim como a dificuldade de soletrar. organização dos parágrafos e caligrafia acentuadamente alterada. (REED, 2012, pp- 423). Para escrever algo é fundamental que se tenha a habilidade motora e visuoespacial preservada. Essa habilidade depende do hemisfério direito (regiões anterior, central e posterior) que está envolvido nas funções visuoespaciais e emocionais-afetivos das competências linguísticas. Dependem também do hemisfério esquerdo (temporoparietal e regiões anteriores) que têm ligação com a fala, leitura e execução motora. O ato de escrever exige uma série de funções, entre elas estão o planejamento, atenção seletiva, memória para a evocação de regras ortográficas e gramaticais, memória de trabalho para a fluência e coerência do pensamento e para o autocontrole referente à revisão e correção (REED, 2012). No distúrbio da escrita o diagnóstico é mais fácil, pois, é possível a aplicação de provas gráficas (cópia e ditado), observação da produção escolar e de testes mais específicos quando necessário. (REED, 2012). Após o diagnóstico, iniciam-se as intervenções, as quais algumas delas são: técnicas para ensinar a planejar, revisar e editar um texto escrito. Outras técnicas ensinam a selecionar objetivos e elaborar um esboço do que se pretende escrever ou fazer um rascunho da ideia que se quer desenvolver e dividi-la em partes devendo estar ligadas e mantidas ao longo da narrativa (SEMRUD- CLIKEMAN e ELLISON, 2009). Segundo o DSM-IV, o transtorno da expressão escrita é diagnosticado quando as habilidades de escrita (avaliadas por métodos específicos individualmente aplicados) situam-se acentuadamente abaixo do nível esperado, em relação a idade cronológica, a inteligência medida e a escolaridade apropriada para aquela faixa etária, interferindo significativamente no rendimento escolar ou nas atividades da vida diária que exigem habilidades de escrita. Manifesta-se por meio de uma combinação de dificuldades para compor textos escritos: erros de gramática, ortografia e pontuação, má DISTÚRBIO DA LINGUAGEM ESCRITA Há também o transtorno específico da soletração, o qual é caracterizado por uma alteração específica e significativa do desenvolvimento da habilidade de soletrar quando não há antecedentes de um transtorno específico da leitura e que não é associado à baixa idade mental, dificuldade de acuidade ou NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS escolarização deficitária. Nesse transtorno a criança apresenta alteração na capacidade de soletrar oralmente e de escrever corretamente as palavras (REED, 2012). Em relação aos distúrbios da aprendizagem não verbais, os mesmos são caracterizados pelo comprometimento do hemisfério cerebral direito. Nesse transtorno há uma alteração da substância branca cerebral que tem como função a integração das áreas modais, as conexões corticossubcorticais e inter- hemisféricas via corpo caloso (REED, 2012). Eles costumam ser menos frequentes comparado aos demais distúrbios da aprendizagem específicos (COLOMÉ et al, 2009). CARACTERÍSTICAS DOS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NÃO VERBAIS As principais alterações do distúrbio de aprendizagem não verbais são citadas no quadro abaixo (ROUKE et. al. 1995; ROURKE et al., 2002, citado por Reed, 2012). ALTERAÇÕES DO DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM NÃO VERBAL FONTE: Neuropsicologia Clínica (Miotto, Lucia e Scaff, 2012). Distúrbios da aprendizagem. (pp.429-30). O quadro abaixo cita as características dos distúrbios de aprendizagem não verbais no que se refere aos aspectos neuropsicológicos (SEMRUD- CLIKEMAN e ELLISON, 2009, citado por REED, 2012). FONTE: Neuropsicologia Clínica (MIOTTO, LUCIA e SCAFF, 2012). Distúrbios da aprendizagem. (pp.430- 31). De modo geral, na prática observam-se nas crianças portadoras do distúrbio de aprendizagem não verbal lentidão e dificuldade de gerenciar o tempo adequado para realização de algumas tarefas. Os pais também informam que as crianças apresentam uma dificuldade em atividades motoras finas como recortar, abotoar, manipular brinquedos com peças pequenas e globais (bicicleta, esportes, parque 66 infantil) desde o período pré-escolar. Em relação à memória, elas apresentam preservação da mesma para a realização de atividades que normalmente são rotineiras, porém se houver mudanças nessas atividades éimportante que elas sejam avisadas para que a dificuldade não seja intensificada. Já a dificuldade em entender a linguagem gestual contribui para um relacionamento social difícil, pois, o não entendimento de alguns gestos pode levar a mal- entendidos (REED, 2012). NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS Esse distúrbio também necessita de estudos mais detalhados que propiciem uma uniformidade para que possa fornecer uma conscientização maior em escolas e na sociedade como um todo para que essas crianças tenham acesso a um suporte pedagógico mais eficaz (REED, 2012). O distúrbio da aprendizagem da matemática é caracterizado quando há alteração na habilidade de fazer operações aritméticas e raciocínio matemático. Normalmente, a resposta é abaixo da esperada da idade da criança e a mesma também apresenta dificuldades linguísticas que se referem ao não entendimento da nomeação de termos, operações ou conceitos matemáticos. Apresenta também dificuldades no reconhecimento de símbolos numéricos ou aritméticos ou agrupar objetos em conjunto. A atenção também está prejudicada, pois, muitas vezes não copiam de forma correta números ou cifras ou não se lembram de somar os números e ainda se esquecem de observarem os sinais das operações (REED, 2012). Vale lembrar que é muito importante a distinção da dificuldade de aprender matemática no que se refere a condições ambientais desfavoráveis que englobam fatores socioeconômicos, familiares e culturais da dificuldade relacionada ao distúrbio da aprendizagem específico em matemática que em alguns contextos é associado com a discalculia (que é um distúrbio isolado de habilidade numérica) (REED, 2012). Em virtude da falta de testes específicos e padronizados no Brasil existe uma grande dificuldade para o diagnóstico preciso do distúrbio da matemática ou da discalculia. Os testes Key Math Diagnostic Arithmetic Test-3 e o Test of Early Mathematics Ability-3 estão sendo utilizados nos EUA. O primeiro é utilizado para indivíduos de quatro anos e meio até 21 anos de idade e o segundo teste é utilizado para crianças menores em nível de pré-escola. No que se refere às intervenções vale ressaltar que as mesmas precisam ser realizadas por profissionais adequadamente preparados para que possam intervir de forma satisfatória na estimulação dessas 67 crianças com alterações nessa área (REED, 2012). REPRESENTAÇÃO DA DISCALCULIA Os distúrbios da aprendizagem também englobam os distúrbios do desenvolvimento da coordenação que também chamamos de dispraxia. Esse distúrbio é caracterizado pela dificuldade de coordenação que a criança apresenta e que tende a atrapalhar na realização das atividades escolares e no convívio social e é um distúrbio que não se origina de um comprometimento neurológico ou mental que seja identificado (REED, 2012). A dispraxia é relacionada à discalculia e disgrafia e de forma mais ampla é associada também aos distúrbios de linguagem e ao autismo (SNOWLING, 2005). A classificação da dispraxia depende um pouco do consenso entre alguns autores, porém a mesma é incluída entre os distúrbios de aprendizagem não verbais e ainda é considerado que em caso de ampla gravidade, a dificuldade social e da linguagem pragmática poderia formar uma continuidade em relação aos distúrbios da aprendizagem não verbais com a síndrome de Asperger (REED, 2012). Há poucas pesquisas sobre o distúrbio do desenvolvimento da coordenação no que se refere a sua etiopatogenia. Provavelmente os avanços da área da neuroimagem possam contribuir para uma análise com precisão de tratos que possibilitem comprovar conexões entre as prováveis áreas envolvidas no que se refere ao distúrbio citado. É preciso que novos estudos foquem na neurobiologia dessa alteração e na possibilidade da existência da neuroplasticidade para que possa haver pelo menos uma diminuição de sintomas (ZWICKER et. al. 2009). NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS SÍNDROMES NEUROLÓGICAS INFANTIL Várias afecções neurológicas infantis podem apresentar alterações comportamentais primárias (específicas) ou secundárias de forma temporária ou permanente. As alterações secundárias são manifestadas por sinais ou sintomas específicos de determinadas entidades nosológicas, tais como a epilepsia, deficiência mental, hipertensão intracraniana e paralisia cerebral. Podem ocorrer também os distúrbios de comportamento secundários em doenças neurológicas não cerebrais (doenças neuromusculares infantis, afecções pediátricas crônicas ou debilitantes dos sistemas endócrino, cardiovascular, renal e outros). Podemos citar também como distúrbios secundários provenientes de intoxicações, alterações da dinâmica familiar, ausência de condições socioeconômicas culturais adequadas ao desenvolvimento cognitivo e psicossocial, situações de maus-tratos, violência, abuso e rejeição infantil as quais a criança em desenvolvimento possa estar exposta (MARQUES-DIAS e REED, 2012). Falaremos a seguir de algumas síndromes infantis que se referem aos distúrbios primários ou específicos do comportamento. SÍNDROME FETAL ALCOÓLICA A síndrome fetal alcoólica é caracterizada por um conjunto de alterações somatoscópicas, distúrbios da aprendizagem, déficit cognitivo com diferentes graus de gravidade, comportamento hiperativo e problemas de sociabilidade. Tais problemas podem ocorrer em crianças nascidas de mães gestantes alcoólatras. O déficit de crescimento pôndero-estatural também é comum nessa síndrome (MarquesDias e Reed, 2012). Segundo Warren et al (2004), a síndrome fetal alcoólica pode causar déficit cognitivo e outras disfunções. Na tabela abaixo Hoyme et al. (2005) descrevem os critérios diagnósticos para a síndrome fetal alcoólica e dados sobre a síndrome fetal alcoólica parcial. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS REFERENTES À SÍNDROME FETAL ALCOÓLICA Critérios diagnósticos para a síndrome fetal alcoólica FONTE: Neuropsicologia Clinica (MIOTTO, LUCIA e SCAFF, 2012). Síndromes neurológicas infantis de interesse neuropsicológico. (pp.439-40). SÍNDROME FETAL ALCOÓLICA FONTE: Disponível em: <http://safsaude.blogspot.com.br/2010/04/o-que- esindrome-alcoolica- fetal-saf.html> Vale destacar também os defeitos do nascimento relacionados ao álcool. É caracterizado pela existência de ingestão confirmada de álcool durante a gravidez, associada a duas ou mais anomalias faciais características, as malformações maiores ou a outros dismorfismos menores (WARREN et al, 2004). A síndrome fetal alcoólica decorre de diferentes fatores geográficos, socioeconômicos e culturais. http://safsaude.blogspot.com.br/2010/04/o-que-e-sindrome-alcoolica- http://safsaude.blogspot.com.br/2010/04/o-que-e-sindrome-alcoolica- http://safsaude.blogspot.com.br/2010/04/o-que-e-sindrome-alcoolica- http://safsaude.blogspot.com.br/2010/04/o-que-e-sindrome-alcoolica- http://safsaude.blogspot.com.br/2010/04/o-que-e-sindrome-alcoolica- http://safsaude.blogspot.com.br/2010/04/o-que-e-sindrome-alcoolica- http://safsaude.blogspot.com.br/2010/04/o-que-e-sindrome-alcoolica- NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS O grau de abuso de álcool da gestante é que vai determinar o espectro da gravidade das manifestações físicas e psíquicas. O risco da síndrome é maior quando a gestante está no 1º trimestre de gravidez, até porque esse período a mulher nem sempre sabe que está grávida. É comum gestantes alcoólatras terem deficiências nutricionais e terem mais predisposição para dependência do tabaco e/outras drogas contribuindo para agravar o problema. Outro agravante do problema se refere à quantidade e frequência da ingestão de álcool pela mulher queestá grávida. A única prevenção é a abstenção total do álcool, principalmente nos casos que antecedem a fecundação para aquelas que estão planejando a gravidez (MAY et al.2009). ALTERAÇÕES COGNITIVO- COMPORTAMENTAIS FONTE: Prevalence and epidemiologic characteristics of FASD from research with an emphasis on recent in- school studies. (May et al., 2009). (pp. 176-192). Quando a síndrome fetal alcoólica é associada a condições familiares inadequadas ou um ambiente socioeconômico-cultural desfavorável sem a previsão da possibilidade de ajustes acadêmicos e ocupacionais adequados e acesso a medidas de intervenção específicas, as alterações cognitivas, comportamentais, adaptativas, sociais e emocionais que existem na criança e no adulto com tal síndrome tornam-se mais intensas afetando de forma significativa o prognóstico. O risco de doenças mentais, alcoolismo, drogadição, condutas antissociais, inclusive a delinquência se torna maior nas situações ambientais inadequadas. Devido a isso em países desenvolvidos, médicos são treinados para a detecção do diagnóstico precoce, influenciando de forma positiva o prognóstico, pois, quanto mais nova for a criança, mais resultados satisfatórios terão as intervenções de professores e assistentes sociais que são treinados para o suporte pedagógico e familiar e ainda ajustes sociais (PALEY e O’CONNOR, 2009). SÍNDROME DE WILLIAMS A síndrome de Willians é uma doença neurogenética que é caracterizada por distúrbios cardiovasculares (arteriopatia da elastina, estenose pulmonar periférica, estenose aórtica supravalvular, hipertensão arterial), fácies peculiar, distúrbios do tecido conectivo, perfil neuropsicológico definido por linguagem relativamente preservada, déficits visuoespaciais e hipersociabilidade. O que causa essa síndrome é a deleção homozigótica no braço longo do cromossomo 7 (7q11.23) afetando 26 genes (STROMME et al, 2002). É também conhecida como síndrome Williams-Beuren e seu nome se origina do médico J. C. P. Williams que a descreveu em 1961 na Nova Zelândia e pelo médico A. J. Beuren da Alemanha em 1962. Ela atinge ambos os sexos, na maioria das vezes no primeiro ano de vida. Normalmente, as crianças apresentam dificuldades para se alimentar, apresentam também irritabilidade e choram com muita frequência. Tem como característica a face de gnomo ou fadinha, o nariz é pequeno e empinado, lábios cheios, cabelos enrolados, dentes pequenos e sorriso frequente. Em geral elas também apresentam problemas de coordenação e equilíbrio e de atraso psicomotor. Para se comunicarem utilizam bastantes expressões faciais, contatos visuais e gestos. O desenvolvimento motor é mais demorado, apresentando atraso no andar e dificuldades para realizar tarefas que necessitem da coordenação motora como cortar papel, desenhar, amarrar o sapato, etc. (DUTLY e SCHNITZEL, 1993). Em relação aos aspectos cognitivos a síndrome de Williams, podemos verificar que processamento facial, a sociabilidade, a linguagem e a música estão preservados. Normalmente o perfil cognitivo não costuma depender do QI e é caracterizada por dificuldades na memória verbal imediata e dificuldades visuoespaciais contrastando com a relativa preservação linguística, reconhecimento facial e da memória auditiva imediata. A ansiedade é quase sempre presente e normalmente os pacientes dessa síndrome NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS apresentam o diagnóstico de TDAH. Também são pessoas sociáveis (SAMPAIO et al, 2008). SÍNDROME DE WILLIAMS longo do tempo vão ficando mais em evidência (MARQUES-DIAS e REED, 2012). A síndrome é causada por mutações no gene FMR1, que se localiza no braço longo do cromossomo X, cujo objetivo é orientar a formação da proteína X frágil do retardo mental e a função ainda não é completamente conhecida. É provável que essa proteína atue no desenvolvimento de sinapses especializadas nas conexões interneuronais (SUTHERLAND e ASHFORTH,1979; MARQUES- DIAS e Reed, 2012). <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/ sindrome-willians.htm> O papel da neuropsicologia é importante, pois, a detecção das características psicológicas e comportamentais de cada paciente é importante para que possa ser realizado um programa profilático de aconselhamento familiar e ao paciente, já que a síndrome exige acompanhamento multidisciplinar (LACROIX et al., 2009). SÍNDROME DO X FRÁGIL Devido a uma condição genética a síndrome do X Frágil apresenta alterações do desenvolvimento que incluem dificuldades no aprendizado e déficit cognitivo. Os meninos costumam ser mais afetados e no que se refere às características físicas, podemos encontrar a face mais alongada e estreita, orelhas em abano, mento e fronte proeminentes, hiperflexibilidade dos dedos e macro-orquidismo após adolescência. Geralmente esses aspectos não são visíveis nos primeiros anos de vida, porém ao Os portadores da síndrome podem apresentar retardo motor e mental, comportamento hiperativo, ansiedade, excesso de atividade motora ou impulsividade. Alguns indivíduos podem desenvolver o TDAH. Um terço das meninas tem comportamento autístico afetando a comunicação e interação social. Quinze por cento dos meninos e 5% das meninas podem apresentar crises epilépticas. Cinquenta por cento das meninas são afetadas pela deficiência mental e a outra metade apresenta deficiência limítrofe no que se refere ao intelecto, distúrbio do aprendizado e dificuldades psicológicas (MURPHY, 2009). SÍNDROME DO X FRÁGIL <http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/Ler Noticia&idNoticia=26> Distúrbios da fluência da fala (gagueira), dificuldades na matemática são presentes. Os meninos costumam apresentar alterações cognitivas mais que as meninas, porém em ambos existem funções mais alteradas e outras mais preservadas. As funções verbais como o vocabulário, percepção visual são as funções mais preservadas. A função executiva, mais especificamente a memória imediata, a coordenação visuomotora e visuoespacial, http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/sindrome- http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/sindrome- http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/sindrome- http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/sindrome- http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/sindrome- NEUROPSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS alteração no processamento de informação sequencial são as funções mais afetadas (MAZZOCCO, 2000). NEUROFIBROMATOSE TIPO 1 (NF-1) A neurofibromatose tipo 1 é caracterizada pela mutação de um gene tumorsupressor em 17 q11.2 (gene da neurofibromina). Esse gene altera a regulação do crescimento e desenvolvimento embrionário, influenciando a estrutura e função cerebral. É uma doença de herança autossômica dominante (SLOPIS e MOORE, 2007). A neurofibromina tem como objetivo regular importantes vias de sinalização celular implicadas no crescimento, porém se houver alguma alteração pode haver o crescimento tumoral e alterações da morfogênese neuronal, que de certa forma pode explicar a associação entre a NF-1 e os déficits de aprendizagem (HSUEH, 2007). A NF-1 possui altíssima variabilidade fenotípica e ela é evidenciada por prejuízos cognitivos e comportamentais. O portador de NF- 1 tende a apresentar o TDAH e o transtorno de aprendizagem verbal e não verbais. Os distúrbios de aprendizagem não verbais podem ser específicos ou secundários ao TDAH ou outras alterações relacionadas à doença. Vale ressaltar que a NF-1 antes de ser diagnosticada devido à variabilidade fenotípica, normalmente beira a normalidade contribuindo para um diagnóstico tardio dificultandoa possíveis implicações secundárias no que se refere às alterações físicas e aos distúrbios de aprendizagem primária ou secundária em relação ao comportamento e a autoestima. Em virtude do diagnóstico tardio e pelo fato da morbidade aumentar com a idade o planejamento de intervenções em áreas específicas fica prejudicado (MARQUES-DIAS e REED, 2012). Nos exames de ressonância magnética setenta por cento dos pacientes apresentam diferentes áreas de alteração de sinal. Em alguns estudos, o córtex parietotemporal esquerdo dos meninos mostra-se menor de forma significativa, existindo menor assimetria ou simetria em relação ao hemisfério direito em relação ao grupo controle. As meninas com a síndrome exibem assimetria volumétrica normal em favor ao hemisfério esquerdo. Essas diferenças podem predizer sobre as alterações na aprendizagem verbal e da matemática não somente nos meninos, mas também nas meninas que apresentam essas alterações, podendo indicar que alterações 76 morfológicas da fissura silviana devem estar relacionadas com os distúrbios da aprendizagem (MARQUES-DIAS e REED, 2012). Em relação aos distúrbios de matemática, os mesmos parecem estar relacionados a uma alta incidência de dificuldades visuoespaciais nos pacientes com a síndrome NF-1 (MARQUES-DIAS e REED, 2012). REFERÊNCIAS BAHIA, V. S. Demência Frontotemporal. In: MIOTTO, E. C., Lucia, M. C. S., SCAFF, M. (orgs). Neuropsicologia e as interfaces com as neurociências (pp. 45-52). Casa do Psicólogo. São Paulo.SP, 2007. CAIXETA, L., REIMER, C. H. R. Depressão e Cognição. In: Caixeta, L. e Ferreira, S. B. (cols). Manual de Neuropsicologia – Dos princípios à Reabilitação, pp. 159-170. Atheneu, 2012. CAIXETA, M, CAIXETA L. Teoria da mente. Campinas: Átomo, 2005. CALLEGARO, D. 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