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A NEUROPSICOLOGIA

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1 
 
 
A NEUROPSICOLOGIA 
1 
 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2 
INTRODUÇÃO................................................................................................. 3 
HISTÓRIA DA NEUROPSICOLOGIA .............................................................. 5 
NEUROPSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL .......................... 9 
FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS ............................................................ 17 
NEUROPSICOLOGIA NA VELHICE ............................................................. 23 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 30 
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A neuropsicologia, mais frequentemente, trata pacientes com problemas 
neurológicos, que podem incluir traumatismo craniano, acidente vascular cerebral, 
tumores cerebrais, doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, 
doença de Parkinson, esclerose múltipla, epilepsia, transtornos do desenvolvimento, 
como o autismo etc. Todas essas patologias podem apresentar alterações 
neuropsicológicas, com perfis cognitivos relativamente característicos. Sua detecção 
é de suma importância para o enfrentamento de um tratamento adequado. Outro 
grupo assíduo de pacientes verifica-se na população idosa, preocupada com seus 
problemas de memória. Em muitos casos, trata-se simplesmente das mudanças 
normais que ocorrem no sistema cognitivo durante o envelhecimento, mas em outros, 
pode ser devido à presença de um transtorno cognitivo leve, ou mesmo as fases 
iniciais da demência. 
Entre as mais recentes descobertas dos últimos tempos está a viabilidade de 
fazer um diagnóstico precoce da doença de Alzheimer, através de testes sensíveis e 
específicos, que permitem maiores possibilidades de tratamento, uma vez que está 
provado que uma maior eficácia terapêutica é obtida na fase inicial da enfermidade. 
Existem outras doenças crônicas, tais como diabetes, hipotireoidismo, lúpus etc., as 
quais são, muitas vezes, também cognitivas. Desse modo, as alterações de muitas 
desordens psiquiátricas (tais como esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar, 
transtorno obsessivo-compulsivo etc.) comprometem certas funções cognitivas e, em 
muitos casos, merecem uma exploração neuropsicológica. 
Particularmente, no último grupo de patologias, é onde a neuropsicologia tem 
avançado nos últimos tempos, propondo uma mudança de olhar para distúrbios 
clássicos, tais como a esquizofrenia e a doença bipolar, por exemplo. Compreender 
a esquizofrenia como uma doença com déficits em funções executivas, atenção e 
cognição social, envolve uma mudança inteira no que diz respeito à possibilidade de 
tratamento e qualidade de vida desses pacientes. 
A neuropsicologia é uma disciplina que estuda a relação entre estruturas 
cerebrais, funções cognitivas (atenção, memória, linguagem, habilidades visuo-
espaciais, funções executivas etc.) e processos emocionais e comportamentais. O 
4 
 
 
trabalho do neuropsicólogo, portanto, consiste em avaliar e reabilitar pessoas com 
alteração de qualquer função cognitiva. A deterioração cognitiva está associada à 
várias causas, como: 
- Envelhecimento. 
- Perda cognitiva leve. 
- Demência (doença de Alzheimer, demência associada à doença de 
Parkinson, demência vascular etc.). 
- Lesão cerebral adquirida (traumatismo craniano, tumor cerebral e 
doenças cerebrovasculares). 
- Transtornos psíquicos. 
Além disso, o neuropsicólogo pode em avaliar e reabilitar pessoas com 
alteração de qualquer função cognitiva. A Avaliação Neuropsicológica consiste em 
realizar uma entrevista inicial com o paciente e seu acompanhante, e na aplicação 
posterior de exames ao paciente. Os principais objetivos da avaliação são: 
-Conhecer o estado do funcionamento cognitivo, comporta- mental, emocional 
e funcional. 
-Contribuir para o diagnóstico de patologias neurológicas que 
ocorrem com sintomas cognitivos e / ou comportamentais. 
-Desenvolver programas de reabilitação neuropsicológica. 
-Valorizar a evolução ao longo do tempo. 
Desse modo, será visto que a Reabilitação Cognitiva consiste em estimular as 
funções cognitivas do paciente, que são afetadas e manter as preservadas, a fim de 
alcançar a ativação dos diferentes sistemas cerebrais. Sendo assim, a base científica 
que justifica a reabilitação cognitiva baseia-se em fenômenos biológicos bem 
conhecidos, como a neuroplasticidade, que é a capacidade dos neurônios para se 
regenerar e estabelecer novas conexões. 
 
 
5 
 
 
 
HISTÓRIA DA NEUROPSICOLOGIA 
 
A Neuropsicologia é, fundamentalmente, uma disciplina clínica que converge 
entre psicologia e neurologia e estuda os efeitos de lesões, danos ou avarias nas 
estruturas do sistema nervoso central, causados nos processos cognitivos, no 
comportamento psicológico, emocional e individual. Esses efeitos ou déficits podem 
ser provoca- dos por traumatismo craniano, acidente vascular cerebral ou tumores 
cerebrais, doenças neurodegenerativas (esclerose múltipla, doença de Alzheimer, 
Parkinson etc.) ou distúrbios do desenvolvimento (epilepsia, paralisia cerebral, 
transtorno de déficit de atenção, hiperatividade etc.). (VERDEJO, 2010) 
Existem várias abordagens para essa ciência, de modo que na neuropsicologia 
clássica, a dinâmica cognitiva e a integral podem ser distinguidas. A neuropsicologia 
é um ramo de especialização que pode ser alcançado após estudos universitários de 
graduação. Assim, a neuropsicologia forma um psicólogo ou um médico (psiquiatra 
ou neurologista), especializados na área, que servem em ambientes acadêmicos, 
clínicos e de pesquisa e que podem avaliar os danos cerebrais de uma pessoa, a fim 
de detectar áreas e funções anatômicas ou cognitivas afetadas para serem 
canalizadas em um programa de reabilitação neuropsicológica. 
A neuropsicologia tem sua origem no trabalho de vários psicólogos e médicos 
nos séculos XIX e XX. (VERDEJO, 2010). O seu estudo remonta a tempos antigos, 
em que havia interesse em compreender tudo relacionado à atividade cognitiva, 
começando, assim, a serem formuladas as primeiras hipóteses, baseadas no 
raciocínio de observação e experimentação. Ao longo da história, muitas 
contribuições permitiram a consolidação da neuropsicologia como ciência. 
(VERDEJO, 2010) 
 
De acordo com Verdejo (2010), para se ter uma maior compreensão do 
desenvolvimento histórico da neuropsicologia, é possível dividi-la em 4 partes, quais 
sejam: 
6 
 
 
Período pré-clássico; 
Período clássicoPeríodo moderno 
Período contemporâneo 
 
Em se tratando do período pré-clássico desde 1861), desde os tempos antigos 
o homem tem sido questionado sobre a localização da mente. Foi na Grécia, onde se 
teve início a primeira abordagem sobre o tema. O primeiro argumento foi levantado 
por Alemeón de Crotona (s: VI AC), mas 100 anos mais tarde é Hipócrates que, 
retomando Alemeón, cria um corpus, onde estão registrados os mais antigos tratados 
sobre o papel do cérebro e das imparidades cognitivas (cerca de 400 a.C9). 
(VERDEJO, 2010). 
Hipócrates menciona dois tipos de alterações: os anaudos (dificuldades 
motoras) e os áfonos (dificuldades sensoriais). Foram vários os autores gregos 
focados em localizar a função principal da mente humana (egemonikón) e do seu 
produto. Muitas teorias foram elaboradas nesse período, como as de Ciro, que em 
sua obra Hominis, faz uma excelente exposição dos fatos: é fácil verificar a existência 
de inúmeras controvérsias entre elas sobre a localização do alama principal. (VER- 
DEJO, 2010) 
Entre as muitas abordagens, podemos concluir que existem dois principais 
locais para a mente, o primeiro é o coração, que é representado pela tese de 
Aristóteles, Hipócrates e os estóicos, e o segundo é o cérebro, como proposto por 
Platão, Pitágoras e Alcmeão de Crotona. (VERDEJO, 2010) 
No início do século XIX, Bichat, discípulo de Pinel e autor decisivo na criação 
do modelo anatamoclínico, escreve em seu trabalho Recherches Physiologiques sur 
la Vie et la Mort: “O cérebro é certamente a sede da inteligência, mas não é das 
paixões” (GALENO, 129-201) 
É crítico da tese de Aristóteles e dos estoicos, preferindo seguir as questões 
levantadas por Platão. Dessa forma, afirma que encontra-se no cérebro as funções 
psíquicas fundamentais (compreensão, memória, imaginação, sensibilidade e 
7 
 
 
vontade), no coração, as paixões ou funções “irascíveis” e no fígado as funções 
concupiscíveis”). (VERDEJO, 2010) 
Ao longo dos séculos XV-XIX surgiram diferentes relatórios que registraram 
uma linguagem relacionada à patologia, conforme publicado em: Antonio Guaneiro 
(s. XV), relata sobre dois pacientes afásicos, uma parafasia e outro com afasia não 
fluida; Gerolamo Mercuriale (s XVII), faz a primeira descrição de um caso de alexia 
sem agrafia; Joham Schmit e Peter Schmit (s. (XVII), fala sobre vários pacientes 
afásicos com diferentes sintomatologias, incluindo a incapacidade de dizer o nome e 
repeti-lo. No século XVIII é conhecido o transtorno cognitivo diferente, especialmente 
verbal: anomia e jargão, incapacidade de cantar e até dissociação na capacidade de 
ler diferentes linguagens. (VERDEJO, 2010) 
Alcmeão de Crotona (s. VI aC) foi um médico e discípulo de Pitágoras cuja 
investigação incidiu sobre a origem e processamento de sensações. Junto com 
Pitágoras cria a tabela de oposições (doce/ azedo, branco/preto, grande/pequeno), 
que coloca em relação as sensações, as cores e as magnitudes. Outra de suas 
contribuições foi a elaboração de uma teoria que supunha a alma imortal e em 
contínuo movimento circular. Alcmeón atribuiu a posse da alma dos homens às 
estrelas e identificou a harmonia com uma lei universal. (VERDEJO, 2010) 
Em meados do século XIX, o antropólogo francês Pierre Paul Broca (1824-
1880) tornou-se famoso por declarar em 1861 a localização do centro da língua, 
conhecida hoje como “área de Broca” e localizado no terceiro giro frontal do 
hemisfério esquerdo. Essa descoberta foi vital para estabelecer a classificação de 
uma das síndromes neuropsicológicas por excelência: a afasia. Na afasia de Broca, 
a fluência expressiva é alterada, mas a compreensão permanece preservada. 
(VERDEJO, 2010) 
De menor conhecimento é a teoria do médico francês Marc Dax, que 
descreveu, em 1836 (portanto, 30 anos antes de Broca), um caso de paralisia direita 
associada à afasia, que ele associou a um dano no cérebro por acidente vascular 
cerebral no hemisfério esquerdo. No entanto, Marc Dax nunca foi reconhecido por 
sua grande descoberta. Em 1874, o médico alemão Carl Wernicke (1848-1905) 
descreveu a síndrome afásica que leva seu nome (síndrome de Wernicke) e que é 
parcialmente oposta à descrita por Broca. (VERDEJO, 2010) 
8 
 
 
É bem verdade que a afasia de Wernicke é decorrente de uma lesão temporal-
parietal esquerda. Nele, o entendimento é o mais alterado, sendo a fluência normal. 
No entanto, o conteúdo do discurso dos pacientes afetados por ela, também é 
alterado de uma forma que tem sido, por vezes, apelidado de “salada de palavras” 
(as palavras são bem pronunciadas, mas o seu conteúdo se encaixa apenas 
parcialmente à gramática e ao propósito comunicativo do sujeito). (VERDEJO, 2010) 
Esse mesmo autor descreveu, pela primeira vez, a encefalopatia que leva seu 
nome (síndrome de Korsakoff), devido a um déficit de tiamina, que caracteriza-se por 
uma síndrome confusional e amnésia. Um precursor das ideias de Broca foi Franz 
Joseph Gall (1758-1828), criador da frenologia, em 1802. A frenologia considerou que 
havia funções mentais com uma localização diferenciada no cérebro. Embora essa 
disciplina seja, atualmente, considerada uma pseudociência, por- que sua 
classificação e localização das funções mentais não foi baseado em nenhuma 
evidência científica, o boom que o século XIX viveu, abriu o caminho para as teorias 
de Broca. O debate entre localizacionismo e funcionalismo é demonstrado. 
Um cientista muito crítico das idéias da frenologia foi Marie-Jean Pierre 
Flourens (1794-1867). Esse fisiologista francês acreditava que era impossível 
localizar as funções cerebrais com precisão, já que as diferentes estruturas cerebrais 
interagiam umas com as outras, criando sistemas funcionais. 
Um contemporâneo de Wernicke assumiu-se como defensor do funcionalismo. 
John Hughlings Jackson (1835-1911), um médico inglês, criticou muito as 
contribuições de Broca e Wernicke; negando a possibilidade de que localizações 
neurológicas específicas pudessem ser encontradas para a linguagem, por 
considerá-la uma capacidade muito complexa. O debate iniciado por Gall e Flourens 
e continuado por Jackson, entre localização e funcionalismo, durou até o século XXI 
e, ainda hoje, faz parte da atual neuropsicologia. 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
 
NEUROPSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO 
INFANTIL 
 
A neuropsicologia do desenvolvimento infantil aborda a relação entre o 
processo maturacional do sistema nervoso central e o comportamento durante a 
infância; considera as variáveis de maturação, a plasticidade do cérebro e o 
desenvolvimento durante os primeiros estágios do ciclo de vida, bem como projeta e 
adapta modelos e estratégias de avaliação e intervenção de distúrbios, apropriado 
para crianças. A neuropsicologia do desenvolvimento consolidou-se, nas últimas 
décadas, pelas contribuições teóricas e aplicadas na avaliação, prevenção, detecção 
e intervenção precoce de desordens neuropsicológicas no desenvolvimento infantil. 
(VAKIL, 2012) 
No âmbito da saúde mental das crianças, as contribuições a neuropsicologia 
infantil e neuropsicologia do desenvolvimento têm sido cruciais para uma abordagem 
integrada para doenças complexas, como autismo, síndrome de Asperger ou 
síndrome de Rett, e seus instrumentos de avaliação tem sido amplamente utilizados 
no diagnóstico de desordens psicomotoras, da linguagem, das funções executivas e 
das incapacidades cognitivas, entre outras. No entanto, é importante notar que a 
ênfase na infância, especialmente na identificação precoce de alterações no 
desenvolvimento, deve-se, entre outros fatores, à descoberta do cientista Kennard. 
(VAKIL, 2012) 
Em 1942, Kennard, para estudar a reorganização neuronal do sistema nervoso 
em macacos, desde a infância até a maturidade, descobriu que havia mais chance de 
recuperar aquela função, quando ocorreu à lesão em idade mais jovem. Esse 
princípio, de maior recuperação em idade maisjovem, foi confirmado após numerosos 
estudos com crianças. Ele foi chamado de “Princípio de Kennard” e é o incentivo para 
10 
 
 
o trabalho sério na prevenção e intervenção de transtornos de desenvolvimento e 
aprendizagem em crianças e adolescentes. (VAKIL, 2012) 
É bem verdade que a etiologia das lesões cerebrais na infância é muito variada 
e pode ser classificada de acordo com vários indicadores; no momento em que eles 
ocorrem, eles podem ser, de acordo com Vakil (2012): 
a) pré-natal (toxoplasmose, desnutrição intrauterina, abuso intrauterino, 
entre outros); 
b) perinatal (hipóxia, mecônio etc.); 
c) pós-natal (lesões na cabeça, infecções, desnutrição etc.); 
 
Portanto, qualquer avaliação do neurodesenvolvimento deve explorar 
completamente os antecedentes e características do desenvolvimento integral 
durante a primeira infância. Daí a importância da avaliação em uma história médica 
completa, que é feita e deve ser complementada pela observação e análise 
abrangente de informações relativas às características e condições de 
desenvolvimento durante os primeiros anos de vida. (VAKIL, 2012) 
Evidentemente, os testes e outros instrumentos de diagnóstico 
neuropsicológico do desenvolvimento infantil, ligarão as informações aos processos 
de identificação e avaliação para fins de diagnóstico. Vakil (2012) destaca que foram 
classificadas as principais causas de lesão cerebral por tipo de dano: trauma, vascular 
(hemorragia), doenças infecciosas (meningite, toxoplasmose), distúrbios metabólicos 
(galactosemia) ou neurotóxicos. Esses autores destacam a importância da 
plasticidade cerebral e da maturidade neuropsicológica na infância para avaliar 
sequelas e recuperação após a lesão. 
Em relação à caracterização de lesões cerebrais na infância, destaca-se que 
foi realizada uma pesquisa para estabelecer os perfis neurocognitivos e 
comportamentais de distúrbios do desenvolvimento, e analisadas suas relações com 
diferentes lesões cerebrais, da infância até a lesão na forma adulta. Novamente, é 
pertinente observar a habilidade e a experiência que deve ter o avaliador de 
desenvolvimento neuropsicológico para a seleção de baterias e, especificamente, 
11 
 
 
destinado às crianças e às condições socioambientais que caracterizam cada caso 
ou testes de determinada população. 
A avaliação do neurodesenvolvimento da criança não é igual à do adulto. O 
autor argumenta que, embora a neuropsicologia do desenvolvimento, cujo objeto de 
estudo é o desenvolvimento de funções cognitivas e sua relação com a maturação do 
cérebro durante todo o ciclo de vida principal, baseia-se em técnicas de neurociência 
e de neuroimagem; enquanto a neuropsicologia infantil destaca as diferenças que 
existem na maturação do cérebro do nascimento à adolescência, entre meninos e 
meninas, entre o cérebro adulto e o cérebro em desenvolvimento; bem como o padrão 
inverso observado no desenvolvimento da substância branca versus o da massa 
cinzenta. (VAKIL, 2012) 
Na neurociência e na neuropsicologia cognitiva é necessário diferenciar os 
termos “estrutura” e “função” quando referidas ao cérebro. A estrutura está 
relacionada à anatomia e aos processos fisiológicos do cérebro e a função refere-se 
ao comportamento, aos pensamentos e às emoções, que certas estruturas cerebrais 
tornam possíveis. Nesse sentido, é fundamental retornar ao conceito de Sistema 
Funcional exposto por Luria (pai da neuropsicologia) para se referir à origem dos 
processos psicológicos. (VAKIL, 2012) 
O conceito de sistema funcional refere-se ao fato de que uma função ou 
processo psicológico não é responsável pela região específica do cérebro ou grupo 
neuronal, mas o resultado de ligações integradas, situadas em diferentes níveis 
dimensionais do sistema nervoso central. Luria substitui o conceito de função 
(localizador) pelo conceito e sistema funcional. Como visto aqui, o fenômeno é 
suficientemente complexo e, portanto, os transtornos do desenvolvimento neurológico 
são as lesões cerebrais, que são expressas como desordens neuropsiquiátricas, cuja 
origem estaria relacionada a ambos com os períodos de desenvolvimento intrauterino 
e com o período sensível pós-parto. (VAKIL, 2012) 
Note que o termo neuropsiquiatria implica um fundo complexo que supera o 
componente fisiológico e estrutural do desenvolvimento. Com base nos resultados de 
neuroimagem e análise própria da neurofisiologia, Vakil (2012) propõem, como um 
dos objetivos centrais da avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor em crianças 
e identificando fatores de risco biológico, dificuldades no processo de maturação e 
12 
 
 
detecção de lesões e distúrbios do desenvolvimento, guiando o prognóstico e 
acompanhamento de lesões e suas sequelas ao longo do tempo, durante o 
desenvolvimento infantil, porque o momento da gestação em que a lesão ocorre, sua 
gravidade e sua extensão, determinará o tipo de afetação funcional do indivíduo, após 
o nascimento e a expressão de distúrbios neurocognitivos e comportamentais. 
Além disso, destaca-se a importância da psicologia do desenvolvimento para 
compreender a etiologia do desenvolvimento neurológico de lesão cerebral e 
processos de maturidade cognitiva, linguagem e regulação emocional, incluindo 
outros. Em contextos como o Brasil, é importante abordar a avaliação e intervenção 
para a realidade socioeconômica do povo, para o desenvolvimento global é o 
resultado da combinação da hereditariedade biológica e fatores físicos, mas também 
fatores sociais, ambientais e especificidades culturais que de- vem ser respeitadas na 
interpretação dos dados. São determinantes a compreensão de fatores associados, 
etiológicos e de manutenção; em suma, a inter-relação da informação em cada caso 
particular. (VAKIL, 2012) 
Esses princípios resultam em um ganho na validade ecológica de testes e 
procedimentos de avaliação e diagnóstico. Outro tema central da neuropsicologia 
infantil do desenvolvimento é a maturidade neuropsicológica. Ela é considerada o 
nível de organização e desenvolvimento maturacional, permitindo o desenvolvimento 
das funções cognitivas e comportamentais, de acordo com a idade cronológica do 
sujeito, destacando as mudanças durante o desenvolvimento e, especialmente, na 
infância. A neuropsicologia do desenvolvimento na infância inclui o estudo do cérebro 
em desenvolvimento e os efeitos comportamentais em casos de lesão cerebral, bem 
como o desenvolvimento normal em relação a mais rápidas mudanças evolucionárias 
na infância e na vida adulta. 
Da mesma forma, afirma-se que o prognóstico, após as lesões cerebrais, na 
maioria dos casos, é mais favorável na infância do que na idade adulta, devido à 
plasticidade cerebral (Princípio de Kennard). A avaliação e a intervenção abrangente 
no neurodesenvolvimento da criança deve ter objetivos específicos de acordo com a 
idade, de modo que respeite as taxas individuais de desenvolvimento em cada área 
particular de ontogenia, e reconheça a importância e a variabilidade dos processos 
adaptativos e funcionais específicos de cada uma, identificando os fatores de risco e 
gerando propostas de intervenções preventivas frente às alterações encontradas, 
13 
 
 
focadas não apenas na reabilitação das consequências das lesões, mas também na 
qualificação funcional e no treinamento para melhorar a aprendizagem e a adaptação 
da população infantil em diferentes contextos (escola, família, social). 
Finalmente, em relação a neuropsicologia do desenvolvimento e 
psicopatologia, Tirapu (2007) salienta a importância dos fatores de ris- co, fatores de 
proteção e a prevenção de desordens do desenvolvimento, para diferenciar entre o 
desenvolvimento normal e o patológico durante todo o ciclo de vida, facilitando a 
intervenção precoce. As condições ad- versas no ambiente uterino não produzem 
necessariamente resultados desfavoráveis, mas a combinação de fatores de risco 
podeproduzir maior vulnerabilidade. A psicopatologia e a neuropsiquiatria do 
desenvolvimento destacam a complexidade de múltiplos fatores de risco e fatores de 
proteção. Esses fatores são genéticos, neuroendócrinos, ambientais e psicossociais, 
e interagem com fatores adversos durante a gravidez: o parto, o período neonatal e 
durante a infância. 
Os fatores de risco têm sido vistos como causais, mas, mais do que isso, têm 
contribuído para um processo dinâmico e interativo ao longo do tempo. Desde a 
abordagem inicial até o estudo do neurodesenvolvimento de lesões cerebrais na 
infância, é pertinente abordar algumas diretrizes para avaliação e intervenção precoce 
de transtornos de origem neuropsicológica nos primeiros anos de vida. (TIRAPU, 
2007) 
A neuropsicologia do desenvolvimento infantil orienta os processos e 
estratégias de avaliação neuropsicológica na população infantil com o objetivo de 
detectar e avaliar suas alterações, de acordo com as características diferenciais 
dessa etapa do ciclo vital; portanto, inclui aspectos evolutivos, maturacionais e de 
plasticidade cerebral. A avaliação neuropsicológica infantil envolve a identificação de 
variáveis biológicas e psicossociais, desde o desenvolvimento das funções 
psicológicas superiores e está relacionada tanto ao desenvolvimento maturacional do 
cérebro, quanto à educação, estimulação, experiências e oportunidades de 
aprendizagem. Em outras palavras, o desenvolvimento de processos psicológicos 
superiores modula os sistemas funcionais do cérebro. 
Como o cérebro é um órgão com muita plasticidade, ele é capaz de se adaptar 
e de se reorganizar continuamente, quando as exigências do ambiente o exigem, 
14 
 
 
estabelecendo novos sistemas funcionais a cada vez. A plasticidade cerebral está 
presente ao longo da vida, no entanto, é maior durante a infância e adolescência; 
embora a incidência e as sequelas de alterações neuropsicológicas difusas na 
infância sejam mais graves em alguns casos, pois afetam funções básicas do 
desenvolvimento. 
Os objetivos do exame neuropsicológico na infância são orientados para fazer 
inferências sobre o funcionamento geral dos hemisférios cerebrais, especificando os 
pontos fortes e fracos de adaptação e o desempenho da criança, incluindo perfis 
psicológicos na capacidade cognitiva, funções sensório-motoras e reações afetivas; 
o que facilita o desenho de planos de intervenção mais adequados às características 
intraindividuais e interindividuais. (TIRAPU, 2007) 
Em sua pesquisa, o autor destaca a importância da avaliação neuropsicológica 
rigorosa e precoce para detectar problemas de aprendizagem e desenvolvimento 
contextualizados às características das populações avaliadas. Isso destaca a 
importância da avaliação multidimensional e a análise de contextos para ajustar os 
planos de avaliação e intervenção. A avaliação neuropsicológica abrangente deve 
incluir métodos quantitativos e qualitativos e a aplicação de vários instrumentos e a 
realização de monitoramento para determinar a evolução e as consequências ao 
longo do desenvolvimento de uma lesão cerebral. 
Além disso, a avaliação neuropsicológica estuda as relações entre o cérebro e 
o comportamento e, mais especificamente, entre os processos cognitivos e a função 
cerebral. Seu objetivo é identificar, descrever e quantificar, sempre que possível, os 
déficits cognitivos e as alterações comportamentais que resultam de lesões cerebrais. 
Na infância, a etiologia dos distúrbios neuropsicológicos pode ser localizada em, pelo 
menos, dois grupos ou categorias: indivíduos com efeito especial de desenvolvimento 
maturacional e indivíduos após um desenvolvimento inicial normal sofrem uma 
alteração em razão de acidente e surgem as sequelas patológicas em uma forma 
focal ou difusa. 
É bem verdade que o objetivo da avaliação neuropsicológica em crianças 
passa pela compreensão das funções neurocognitivas, suas alterações e funções 
preservadas após uma lesão cerebral, dirigindo uma análise de distúrbios e incluindo 
os fatores de desenvolvimento. A avaliação neuropsicológica das crianças tem várias 
15 
 
 
finalidades, sendo a primeira delas o diagnóstico, identificação da população infantil 
com lesão cerebral. Em segundo lugar, visa obter um perfil de capacidades, em que 
pontos fracos e fortes aparecerão, de acordo com as capacidades deterioradas, até 
certo ponto, e as preservadas/intactas. 
Um determinado perfil no qual certas capacidades neuropsicológicas 
(comportamentais e cognitivas) são seletivamente prejudicadas pode ser compatível 
com a alteração neurológica detectada. Em terceiro lugar, há o propósito educacional 
da avaliação neuropsicológica. Nesse caso, a avaliação é baseada no interesse em 
conhecer o perfil neuropsicológico de qualquer escola, a fim de adaptar os planos e 
estratégias de intervenção (educacional, psicológica e reabilitativa) às características 
de cada aluno. 
O que importa é obter informações específicas sobre o funcionamento 
neuropsicológico de um indivíduo nas áreas mais decisivas para alcançar os objetivos 
desejados à medida que o desenvolvimento progride. Em quarto lugar, a avaliação 
também tende a ter um propósito científico; como objeto de pesquisa, permite 
comparar grupos entre si, a partir dos quais podem surgir perfis neuropsicológicos 
característicos de alguns transtornos. Permite estabelecer aspectos básicos ou 
invariantes de alguns distúrbios do desenvolvimento ou sua variabilidade 
interindividual. (TIRAPU, 2007) 
Outras vezes, o pesquisador deve repetir a avaliação para a mesma 
população, como é o caso dos estudos longitudinais, que permitirão verificar se o 
prognóstico e o tratamento foram adequados. Em quinto lugar, a avaliação persegue 
fins de monitoramento; estudos de acompanhamento, em geral, têm objetivos clínicos 
e de pesquisa que permitem monitorar o curso do desenvolvimento a partir de um 
exame inicial. Assim, o monitoramento neuropsicológico permitirá identificar as 
variações dos efeitos de uma lesão cerebral ao longo de um período de tempo nas 
habilidades e funcionamento neurocognitivos. 
Tirapu (2007) destaca a importância do monitoramento para verificar, em 
alguns casos, os efeitos agudos e graves das lesões cerebrais; a estabilidade das 
sequelas ou determinar se há deterioração neuropsicológica de natureza duradoura 
ou crônica. A intervenção neuropsicológica também pode ser monitorada, assim como 
seus efeitos nos diferentes distúrbios e alterações na infância. 
16 
 
 
Finalmente, no que diz respeito à avaliação neuropsicológica infantil quando 
se considera a idade, o nível de desenvolvimento, a história e o fundo, bem como a 
avaliação neurológica, para uma avaliação neuropsicológica quantitativa e qualitativa 
completa, enquadrada nas variáveis do desenvolvimento que podem afetá-lo. Isso 
implica destacar algumas conclusões e recomendações associadas à avaliação 
neuropsicológica do desenvolvimento da criança, de acordo com Tirapu (2007): 
 
1. A avaliação deve ser global: um teste é claramente insuficiente, o 
avaliador deve ter o conhecimento e a experiência suficientes para escolher os testes 
ou baterias que permitem avaliar áreas específicas e verificar a execução em áreas 
associadas e cruzadas. 
2. A primeira referência é a coleta de informações que devem provir de 
diferentes fontes, as quais podem dar testemunho da execução e do desenvolvimento 
global da criança: pais, cuidadores, educadores. 
3. A avaliação inclui informação qualitativa e quantitativa; a análise de 
dados requer sólidos fundamentos teóricos e complementares, com alta capacidade 
de observação sistemática. 
4. A formulação de diagnósticos diferenciais é uma referência necessária 
para a avaliação adequada, é conveniente estabelecer quando o resultado da 
execução de um filho (a) está relacionada com o retardar do desenvolvimento, a 
prisão de desenvolvimento temporáriaou transitória ou um distúrbio ou imaturidade 
permanente de tipo neuropsicológico adequado. 
 
Em conclusão, em sociedades como a atual, em que as condições de pobreza 
generalizada, a desigualdade de oportunidades para crianças e jovens, o aumento do 
número de gestações em adolescentes, a dinâmica familiar disfuncional e o número 
de fatores que afetam o desenvolvimento infantil, é urgente e essencial empreender 
ações de intervenção na detecção, estimulação e reabilitação de funções cognitivas, 
emocionais e sociais que favoreçam a maturidade neuropsicológica e promovam um 
desenvolvimento harmonioso e funcional na infância. 
17 
 
 
O benefício para as crianças, pais, professores e, em geral, para a sociedade, 
está suficientemente demonstrado no trabalho de prevenção e promoção da saúde 
integral, daquele que é o maior capital humano: a criança. 
 
 
 
 
 
FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS 
 
Abaixo trataremos algumas definições a respeito dos processos mentais, que 
estão inseridos nas funções neuropsicológicas e seus distúrbios. Vejamos, de acordo 
com Serafini (2008): 
 
Memória: Os psicólogos usam a palavra memória para referirem-se aos vários 
processos e estruturas envolvidas no armazena- mento de experiências e como 
recuperá-las novamente. A memória é a função envolvida em reviver experiências 
passadas. É a persistência do passado. Consideram os processos e estruturas 
envolvidas no armazenamento de experiências e recuperam-nas novamente. 
É a função psíquica de fixar, reter, reproduzir, reconhecer e localizar os estados 
de consciência adquirido anteriormente. A maioria das definições acima ficam como 
parte de experiências passadas de armazenamento de memória, a recuperação 
dessas experiências, bem como a sua inscrição (fixação). Isso leva a considerar a 
memória como um sistema ativo que recebe, armazena, organiza, modifica e 
recupera informações. (SERAFINI, 2008) 
Muitos psicólogos assumem a existência de três tipos de in- formações: 
sensorial, a curto e longo prazo. A memória sensorial é o armazenamento inicial e 
momentâneo da informação; memória de curto prazo conserva informações entre 
18 
 
 
quinze e vinte e cinco segundos; e a memória de longo prazo armazena informações 
de forma relativamente permanente. 
Inteligência: Termo geral que se refere à habilidade ou habilidades envolvidas 
no aprendizado e no comportamento adaptativo. Há um desacordo considerável 
sobre quais habilidades mentais específicas devem ser consideradas sinais de 
inteligência. No início de 1980, Sternberg e seus colegas descobriram que os 
especialistas e neófitos descrevem uma pessoa inteligente como alguém que tem a 
habilidade prática de resolução de problemas e a capacidade verbal, incluindo a 
competência social em seus conceitos de inteligência. Muitos especialistas incluem, 
agora, a criatividade e a capacidade de se adaptar ao ambiente como componentes 
cruciais da inteligência. (SERAFINI, 2008) 
Pensamento: É a manipulação de representações mentais de informações, 
envolvendo formação de conceitos, resolução de problemas, pensamento crítico, 
raciocínio e tomada de decisão. A representação pode ser uma palavra, uma imagem 
visual, som ou dados de qualquer outra forma. O que transforma o pensamento é a 
representação da informação de forma nova e diferente, a fim de responder a uma 
pergunta, resolver um problema ou ajudar a alcançar um objetivo. O pensamento é 
individual, isto é, de cada pessoa. A função é produzir informações sensíveis e 
construir representações mais gerais e abstratas simbolizando e substituindo objetos 
e permitindo a sua gestão mental, a fim de encontrar uma resolução que excede 
conflitos ou contradições presentes nos problemas. (SERAFINI, 2008) 
Percepção: A percepção não é um processo simples, ela pró- pria é o 
resultado de outros processos complexos, muitos dos quais estão além de nossa 
consciência. Um dos propósitos da percepção é informar sobre as propriedades do 
ambiente que são vitais para a nossa sobrevivência. Outro objetivo é nos ajudar a 
agir em relação ao meio ambiente. 
Através da percepção, podemos organizar as informações recebidas e 
interpretá-las de maneira significativa. Cada pessoa percebe o mundo de forma 
diferente, porque cada um produz uma interpretação única e individual. A identificação 
da percepção como um processo complexo pode ser influenciada pelos nossos 
conhecimentos, memórias e expectativas. Nesse sentido, a percepção é entendida 
como um estado subjetivo. Essas categorias são estabelecidas como perceptuais 
19 
 
 
através do qual novas experiências sensoriais possa transformá-las em situações 
reconhecíveis e compreensíveis. (SERAFINI, 2008) 
Nessa perspectiva, considera-se que a percepção é o processo fundamental 
da atividade mental, e outras atividades psicológicas tais como a aprendizagem, a 
memória, o pensamento, entre outros, dependem do bom funcionamento do processo 
de organização perceptual. 
Emoções: As emoções, como motivos, ativam e direcionam nosso 
comportamento. Os psicólogos distinguem entre as que são compartilhados por 
pessoas em todos os lugares e as emoções secundárias, que aparecem em algumas 
culturas, mas não em todas as emoções primárias. Uma análise transcultural da 
expressão emocional levou Paul Ekman e seus colegas a argumentarem que há, pelo 
menos, seis emoções: felicidade, surpresa, tristeza, medo, desgosto e raiva. Muitos 
psicólogos adicionam amor a essa lista de emoções básicas. 
A psicologia positiva está interessada em compreender uma das nossas 
emoções mais positivas: a felicidade. A felicidade é apenas um aspecto do bem-estar 
subjetivo. Para entender as raízes da felicidade e sentimentos de bem-estar, os 
pesquisadores primeiro examinaram eventos externos e características de 
demonstração gráfica de pessoas felizes. (SERAFINI, 2008) 
Estímulos ambientais produzem mudanças fisiológicas no corpo que 
interpretamos como emoções. O processamento de emoções e respostas corporais 
ocorrem simultaneamente e não sucessivamente. A teoria cognitiva sustenta que a 
situação em que nos encontramos quando estamos ambientados (ambiente global) 
nos dá sinais que nos ajudam a interpretar o estado geral de ativação da emoção. 
Segundo pesquisas recentes, além da cognição, a expressão facial pode 
influenciar as emoções. Altamente ativadores interativos da emoção são: nervoso, 
sensório motor, motivacional e cognitivo. (SERAFINI, 2008) 
Linguagem: A linguagem está intimamente ligada à expressão e compreensão 
do pensamento. De acordo com Benjamin Whorf, padrões de pensamento são 
determinados pelo idioma que você fala, um processo chamado determinismo 
linguístico. É um código de sons ou gráficos que servem para a comunicação entre 
os seres humanos. 
20 
 
 
A linguagem é a capacidade humana de se comunicar e representar a 
realidade através de sinais. Existem linguagens verbais e não verbais (cinestésico, 
proxêmica e outros). A linguagem, como um veículo do pensamento ou à serviço do 
pensamento, serve para organizar, categorizar, corrigir, codificar e recuperar 
informações. Toda linguagem é expressão de pensamentos e todo pensamento é 
expresso através da linguagem. A palavra é o símbolo do permanente na influência 
dos fenômenos e graças a ele sua fugacidade cessa. (SERAFINI, 2008) 
Em se tratando da memória de forma mais específica, ela é a capacidade de 
lembrar as coisas que experimentamos, imaginamos e aprendemos. Os relatos de 
pessoas com extraordinária memória geram muitas dúvidas. Sobre a natureza da 
memória: Por que algumas pessoas se lembram de coisas muito melhores do que 
outras? Eles nasceram com essa habilidade ou alguém poderia aprender a lembrar? 
E por que a evocação, às vezes, é tão simples (pense na facilidade com que os fãs 
de beisebol se lembram da média de rebatidas de seus jogadores favoritos) e outras 
vezes é difícil (como quando procuraas respostas de um exame)? 
Por que achamos tão difícil lembrar de algo que aconteceu há alguns meses, 
mas podemos nos lembrar em detalhes de algum outro evento que aconteceu 10, 20 
ou até 30 anos atrás? Como funciona a memória e o que a faz falhar? (SERAFINI, 
2008) 
Já em relação à memória de curto prazo (MCP), destaca-se o trabalho de 
armazenar e processar brevemente as informações selecionadas de registros 
sensoriais. As informações que atendemos entram na memória de curto prazo (MCP), 
também chamada memória primária e memória de trabalho. A MLP (memória a longo 
prazo) contém tudo o que estamos pensando ou o que estamos cientes a qualquer 
momento. A MLP não armazena apenas brevemente as informações, mas também 
as processa. 
A MCP tem seus limites. Os pesquisadores descobriram que ela só contém 
informações que podem ser repetidas ou revisadas entre 1,5 e 2 segundos, o que 
geralmente equivale a entre 5 e 10 informações separadas. Podemos processar mais 
informações agrupando-as em unidades maiores e significativas, um processo 
chamado segmentação. (SERAFINI, 2008) 
21 
 
 
Em se tratando da codificação da informação essa pode ser codificada para 
armazenamento na MCP de forma fonológica (de acordo com o seu som), 
visualmente ou em termos do seu significado. Os pesquisadores concluíram que o 
MCP tem maior capacidade de mate- rial visualmente codificado do que de 
informação codificada fonologicamente. (SERAFINI, 2008) 
Já a manutenção na MLP se dá através da revisão mecânica, ou revisão de 
manutenção, retemos as informações no CCM por um ou dois minutos, repetindo-as 
várias vezes. No entanto, a memorização mecânica não promove a memória de longo 
prazo. 
Já a memória de longo prazo (MLP) é mais ou menos permanente e armazena 
tudo o que “conhecemos”. Tudo o que aprendemos está armazenado na memória de 
longo prazo: as letras de uma canção popular, os resultados da última eleição, o 
significado de justiça, como patinar ou desenhar um rosto e o que devemos fazer 
amanhã às 4 da tarde. A memória de longo prazo pode armazenar uma grande 
quantidade de informações por muitos anos. A maioria das informações na MLP 
parece ser codificada em termos de significado. A memória de curto e longo prazo 
trabalham juntas para explicar o efeito da posição serial, o fato de que quando as 
pessoas recebem uma lista de itens a serem lembrados, tendem a lembrar o primeiro 
e o último elementos da lista. (SERAFINI, 2008) 
A revisão mecânica é útil para conservar informações na MLP, especialmente 
de material sem significado, como números de telefone. Através da revisão 
elaborativa extraímos o significado da informação e a vinculamos com tanto material 
que já está no MLP quanto possível. A revisão elaborativa processa os novos dados 
de maneira mais profunda e significativa do que a simples repetição mecânica. A 
maneira como codificamos o material para armazenamento no MLP afeta a facilidade 
com a qual podemos recuperá-lo mais tarde. 
Sendo assim, um esquema é uma representação mental de um objeto ou 
evento armazenado na memória. Os esquemas fornecem um quadro de referência 
no qual a informação que chega é ajustada; eles também promovem a formação de 
estereótipos e a extração de inferências. 
Como vimos, aprendizado e memória estão intimamente relacionados, “porque 
o homem, no processo constante de identificação, detecção e processamento de 
22 
 
 
informações, enfrenta estímulos repetidamente, e a base de sua adaptação ao 
ambiente é sua capacidade de tirar proveito de experiências passadas e incorporar 
novas experiências, assim, há processos de aprendizagem ligados à memória, como 
o priming, habilidades e hábitos”. 
O priming é um “processo que facilita a identificação e a detecção de 
informações, é um reconhecimento sem qualquer esforço particular e é uma forma de 
memória implícita”, da mesma forma que atua na aprendizagem de habilidades e 
hábitos em que sua aprendizagem é lenta, progressiva e gradual, esses 
procedimentos são armazenados, principalmente, como memória de curto prazo. 
Você também pode ver classificações na literatura que não nos dão maior clareza 
como visual, auditivo, tátil, verbal, não-verbal, lógico, emocional etc. 
Essa classificação é praticamente infinita e, portanto, é de pouca utilidade do 
ponto de vista metodológico. Outros autores levantam a diferença entre hábito e 
memória, afirmando que os hábitos nos dizem “como” saber e as memórias sabem “o 
que”, mas é claro que, qualquer comportamento deve ser baseado em circuitos 
responsáveis pela memória, consciente ou inconscientemente. O que fica claro 
quando referirmo-nos à memória e à aprendizagem é que “as informações derivadas 
da aprendizagem formal e informal e da experiência social comum, constituem o seu 
conteúdo” (o da memória). 
Hoje em dia, no mundo científico, é difícil não apenas manter--se atualizado, 
mas também saber o que poderia acontecer, já que a informação científica é 
atualizada todos os dias, e estar ciente de tudo é uma tarefa quase impossível. No 
campo do comportamento humano também é um desenvolvimento interessante e 
digno de compreensão, por um lado são as ciências biomédicas, por análise e 
pesquisa em relação ao comportamento do cérebro, por outro lado, são as posições 
que dão mais importância para o meio ambiente como: a sociologia, a antropologia e 
algumas correntes psicológicas. 
As funções cognitivas incluem uma vasta gama de competências e 
habilidades, incluindo: Cuidados (alerta, atenção concentrada, concentração 
sustentada etc.) a memória verbal (a longo prazo, a curto prazo ou memória de 
trabalho, memória de procedimento, memória semântica, memória episódica etc.) e a 
linguagem visual. 
23 
 
 
 
Eles poderiam continuar nomeando posições em torno da complexidade do 
comportamento humano, mas o que nos interessa aqui é neuropsicologia, uma 
ciência que, apesar de ser nova na história científica, tem a epistemologia que outras 
ciências não têm. Como coloca muitas disciplinas no mesmo contexto, resulta em 
uma redução na complexidade de compreender o fenômeno e explicá-lo a partir de 
diferentes paradigmas científicos, que são consistentes em seu interior. Portanto, em 
neuropsicologia, encontramos neurologistas, psicólogos, médicos, biólogos, entre 
outros, que enriquecem continuamente esse campo. 
Mas, a pergunta: “Para onde apontaria a pesquisa no campo da memória?”. 
Devemos ser honestos e aceitar que uma monografia nunca poderia responder a essa 
pergunta, mas é possível atrever-se a projetar um futuro investigativo. Primeiro, 
vamos encontrar uma investigação destinada a recuperar e apagar as memórias. O 
que entra em jogo, aqui, é a possibilidade real de fazê-lo porque o cérebro em muitos 
aspectos se assemelha a um computador, onde a informação é organizada por pastas 
e arquivos. 
A pesquisa mais importante, sem dúvida, está nas disciplinas integradas para 
prevenir a doença e promover a saúde de todas as pessoas sempre com um olhar a 
partir de uma bioética. Para concluir, é importante aceitar que a investigação futura 
no campo da memória pode nos surpreender, pois diferentes disciplinas responsáveis 
por estudar o comportamento humano podem contribuir para a compreensão da 
memória. A memória contínua é um campo excitante de pesquisa em humanos e 
animais, portanto, será o assunto de múltiplas pesquisas atuais e futuras. 
Desse modo, o desafio será entender com o que as diferentes ciências 
contribuem para esse conhecimento e como levá-lo para uma integração da 
neuropsicologia como uma ciência interdisciplinar. 
NEUROPSICOLOGIA NA VELHICE 
 
A atenção dividida nos idosos apresenta capacidade diminuí- da, 
especialmente quando se presta atenção a várias tarefas ao mesmo tempo e, para 
24 
 
 
mais tarefas, implica maior dificuldade. Com a idade, esse tipo de cuidado só se 
deteriora em alguns casos: 
1. Ao indicar se umdeterminado objetivo está presente ou não, não há 
diferenças de idade; 
2. Antes de tarefas complicadas, o desempenho dos idosos é pior do que 
o dos jovens. Somente se a tarefa for complexa, a atenção dividida se deteriorará 
com a idade. 
A atenção seletiva serve como filtro e está entre as mais básicas, sendo 
essencial para o aprendizado. As diferenças no nível de implementação entre 
diferentes idades dependem da natureza da tarefa, quando se trata de escolher a 
informação relevante em um contexto, então aparecem as diferenças de idade, o que 
prejudica os idosos. O mesmo não ocorre quando a tarefa é simples. 
Em relação à mudança do foco da atenção, a eficácia com que é realizada 
parece diminuir com a idade, embora alguns pesquisadores tenham questionado esse 
declínio tradicionalmente aceito. Além de se- rem mais lentos ao mudar o foco de 
atenção entre duas ou mais fontes alternativas de informação, os pesquisadores, até 
recentemente, assumiam que os idosos também eram menos precisos. (RAMOS, 
2014) 
Como causa dessa situação, foram-lhes atribuídos a redução da capacidade 
de memória de curto prazo a qualquer mudança na atenção. As dificuldades na 
recuperação também foram responsabilizadas, uma vez que a mudança de atenção 
implica que há consciência de cadeias separadas de pensamento e que, mesmo que 
um seja o foco da atenção, os outros devem ser mantidos para uma recuperação 
posterior. Um problema cotidiano desse último tipo é o que ocorreria quando se vai a 
uma sala, mas esquecemos por que fomos; a intenção de recuperar algo se perde ao 
atender ao fato de ir a outra sala. 
Os idosos precisam de mais tempo para tomar decisões de atenção, mas com 
tempo de preparação adequado, muitas diferenças de idade desaparecem. Um 
processo psíquico muito associado ao pro- cesso de atenção é a memória. A memória 
constitui o processo psíquico que funciona como um indicador tradicional do 
25 
 
 
envelhecimento. Isso é reconhecido tanto pelos cientistas quanto pelo conhecimento 
popular. 
É comum recolher queixas de memória que aparecem com a idade em 
indivíduos devidamente integrados no aspecto social. Eles queixam-se da infidelidade 
da sua memória, nomeadamente, do esquecimento de nomes, das dificuldades em 
encontrar objetos ou documentos, ou de reter números de telefone ou listas de 
compras. Os distúrbios da memória associados à idade são definidos clínica e 
psicometricamente. Essas dificuldades podem afetar mais de um terço dos indivíduos 
com 60 anos, e não constituem nem o estado inicial de demência, ou um fator de risco 
para o aparecimento posterior de demência, embora sua etiologia permaneça ainda 
pouco clara, e foi nomeada como “esquecimentos benignos de senescência. 
Cognição ou funções cognitivas são os processos mentais que nos permitem 
receber, processar e elaborar informações. Eles possibilitam que o sujeito tenha um 
papel ativo nos processos de interação, percepção e compreensão do ambiente, o 
que lhe permite funcionar no mundo ao seu redor. 
 
Não podemos afirmar que a memória das pessoas piora com a idade, nem que 
o esquecimento é uma consequência inevitável do envelhecimento. Além disso, as 
pequenas perdas que ocorrem na fase adulta são facilmente compensadas pelo uso 
de outras estratégias cognitivas, como: prestar mais atenção inicial ao material. As 
três estruturas de memória são afetadas de maneira diferente; a memória sensorial e 
a memória de curto prazo não sofrem alterações significativas. No entanto, na 
memória de longo prazo dos idosos que não estão doentes, há uma perda que parece 
não estar tanto na capacidade de armazenar informações, como na capacidade de 
recuperá-las. 
Quando ocorrem alterações da memória, na velhice, hipóteses explicativas se 
concentraram em fatores ambientais (mudanças no es- tilo de vida ou motivação), 
déficits de processamento de informações e fatores biológicos (deterioração em 
certas partes do cérebro, como os lobos frontais). Essa última explicação é útil em 
casos de doença física ou mental, mas em pessoas idosas com boa saúde existe um 
déficit de memória que não parece completamente explicável por fatores biológicos. 
26 
 
 
Para entender a natureza das mudanças na memória, com a idade, pode-se 
dividir o sistema em capacidades e conteúdo, de acordo com Ramos (2014): 
 
1. As capacidades de memória, que são compostas de estruturas e 
processos, podem diminuir. 
2. O conteúdo da memória que alude ao conhecimento armazenado pode 
aumentar. 
 
Ramos (2014), em um trabalho de pesquisa, propôs, de acordo com um ponto 
de vista linear do processamento, que o sistema de memória pode ser subdividido em 
diferentes estágios. A informação é transferida ao longo de diferentes canais, cada 
um com certas características de funções de retenção e transformação: 
1. Um primeiro contato seria feito na memória sensorial, que é um sistema 
pré-conceitual e pré-atencional de estabilidade extrema- mente baixa. As informações 
ambientais - imagens, sons, cheiros, sabores, etc. - são mantidas por um segundo; 
Após esse tempo, a informação decai nessa fase, portanto, para usá-lo deve ser 
processado em um nível mais profundo. 
2. O segundo sistema chamado memória de curto prazo ou memória 
primária, exibe uma estabilidade um pouco maior, mas também é uma capacidade 
muito limitada, de modo que a informação é perdida rapidamente. 
3. As informações só são mantidas quando passam para um depósito 
muito estável, como memória secundária ou de longo prazo. 
4. Às vezes falamos de uma memória terciária ou muito longa, na qual a 
informação é armazenada permanentemente. 
À medida que a idade aumenta, cada um desses sistemas é afetado de 
maneira muito diferente. Ou seja, em relação à memória sensorial, o conhecimento 
sobre a relação entre memória sensorial e idade vem, fundamentalmente, do trabalho 
realizado na memória visual (icônico). Pelo contrário, informações sobre a relação 
entre memória sensorial para o sistema auditivo e envelhecimento dificilmente 
existem. Com a idade, sabemos que ocorrem diversas alterações no sistema visual 
27 
 
 
e, apesar disso, nenhum déficit consistente foi demonstrado com o aumento da idade 
ou com a capacidade de identificar estímulos visuais apresentados de forma breve, 
ou na persistência das informações armazenadas no sistema visual. 
Em relação à transferência do registro sensorial para a memória primária e/ou 
secundária, parece que os idosos precisam de mais tempo do que os jovens para 
extrair informações de cartas simples, mas a questão prática que emerge desses 
dados é se na memória sensorial contribuem significativamente para as dificuldades 
de aprendizagem e recuperação de informação experimentadas pelos idosos. A 
maioria dos pesquisadores concorda que o envelhecimento tem apenas efeitos 
pequenos e sem importância na memória sensorial. (RAMOS, 2014) 
Agora, em se tratando da memória de curto prazo, esse é um sistema de 
capacidade limitada, que mantém a informação na consciência. Apesar de ser um 
armazém temporário com capacidade limitada, a memória primária desempenha um 
papel importante no controle e assimilação de novas informações, estando envolvida 
quando a informação ainda é o objetivo da atenção consciente. 
Graças à sua existência, retemos em nossa mente certos materiais (números 
de telefone, nomes etc.), se continuarmos repetindo o material, não o perdemos. Se 
a informação apresentada não for transferida para a memória de longo prazo, ela será 
perdida assim que a atenção for eliminada. (RAMOS, 2014) 
Os processos organizacionais também podem estar envolvidos quando listas 
de itens aparentemente não relacionados são apresenta- das. Aqui, as pessoas 
fariam organizações subjetivas para combinar a conexão inventada com os itens 
específicos. Nesse sentido, os anciãos organizam as informações menos do que os 
jovens, de maneira subjetiva e descobremmenos relações entre as palavras do que 
aqueles. No que diz respeito ao conteúdo da memória de longo prazo, distinguimos 
entre memória processual e memória declarativa. Dentro dessas últimas são 
distinguidas, por sua vez, a memória episódica e semântica. (NORONHA, 2010) 
Tradicionalmente, tem sido pensado que as memórias são sensíveis ao 
envelhecimento, mas que as memórias semânticas geralmente não se deterioram na 
velhice. Nas tarefas laboratoriais de memória episódica, os idosos tiveram pior 
desempenho, enquanto nas tarefas semânticas (exemplo: no teste de vocabulário), 
não diminuíram com a idade. (NORONHA, 2010) 
28 
 
 
A natureza do teste de vocabulário parece estar relacionada à direção e 
magnitude das diferenças com a idade. Na prática, é difícil decidir se uma informação 
é semântica ou episódica, especialmente quando se considera a compreensão e 
produção da linguagem oral diária. Ambas as memórias semântica e episódica se 
acumulam ao longo da vida, e os idosos podem estar aumentando sua base de 
conheci- mento gradualmente, assim, em muitas situações, para compensar o 
declínio na eficiência do sistema de memória, contam com o conheci- mento 
armazenado. Nas situações em que o conhecimento do mundo está envolvido, os 
idosos podem se lembrar, bem como os jovens. Semelhante à controvérsia 
declaratória de memória é referida a distinção entre memória explícita (que exige a 
intenção de lembrar e envolve a consciência de ter que fazê-lo) e implícita (sem 
consciência explícita de ter que lembrar). Considerações relacionadas ao uso da 
memória em situações da vida cotidiana: 
Alguns conteúdos típicos desse tipo de memória têm a ver com memórias 
autobiográficas e com memória retrospectiva e prospectiva. De uma perspectiva 
ecológica, a memória também foi estudada. Esse é um campo relativa- mente novo e 
áreas como: memória para eventos significativos e materiais, e metamemória, são 
diferenciadas. A última refere-se ao quanto sabemos sobre as habilidades 
mnemônicas e sobre as estratégias que podem ser aplicadas. Sabendo que é muito 
importante, uma vez que a confiança nas próprias habilidades influencia a quantidade 
de preparação ou o esforço para lidar com as tarefas diárias. (NORONHA, 2010, p. 
45) 
Os idosos tendem a se perceber menos efetivos em comparação aos jovens; 
no entanto, no que diz respeito ao conhecimento sobre o funcionamento da própria 
memória, as diferenças de idade são mínimas. A atitude que um idoso tem em relação 
às mudanças em sua memória é tão importante quanto as mudanças em si mesmas. 
Algumas pessoas continuam a aprender à medida que envelhecem e continuam a 
usar suas habilidades cognitivas ao máximo sem usar o envelheci- mento como uma 
desculpa para a má vontade mental. Outros idosos abandonam qualquer novo 
aprendizado e não tentam mudar as atividades porque dizem que “eles não são mais 
para essas coisas”. (NORONHA, 2010) 
Estereótipos negativos sobre o envelhecimento contribuem para que os idosos 
tenham pouca confiança em suas habilidades mentais. A falta de auto-confiança 
29 
 
 
prejudica as habilidades mnemônicas de várias maneiras: ela aumenta a ansiedade 
e/ou depressão, pela perda de memória real ou imaginada, leva a usar expectativas 
irreais para avaliar as próprias habilidades, leva a um menor esforço de memória e 
desânimo na busca de estímulo intelectual. 
Além dos fatores mencionados até o momento, há muitos outros que podem 
levar à enorme variabilidade de resultados encontrados entre os idosos em tarefas de 
memória. Entre eles estão: familiaridade, experiência, saúde, diferenças individuais, 
motivação, cautela e estrutura social. 
A diversidade de resultados encontrados, especialmente na pesquisa sobre o 
envelhecimento da memória, significa que o declínio não pode ser documentado de 
forma consistente. Isso nos leva a ter cuidado ao interpretar as descobertas de 
qualquer experimento sobre o envelhecimento da memória. Funcionalmente em 
declínio não deve ser confundido com déficit. Embora uma diminuição no 
funcionamento diário normal possa ser trivial, porque o pico de funcionamento na 
juventude está bem acima do nível de sobrevivência. Não se pode dizer que os idosos 
tenham uma memória fraca, mas que os jovens têm uma excelente memória. 
Como vimos até agora, os processos cognitivos dos idosos são diferentes do 
que eram na juventude, e da mesma forma que o pro- cesso cognitivo mudou (atenção 
e memória), o mesmo acontece com o aprendizado: serão vistas algumas ideias 
sobre o papel da aprendizagem no sistema de processamento de informação humana 
e nas explicações que foram oferecidas ao declínio encontrado com a idade. 
A maioria dos pesquisadores concorda que, em média, o envelhecimento é 
acompanhado por um declínio na capacidade de processar novas informações. O 
declínio tem sido consistentemente encontrado em tarefas experimentais 
relacionadas à atenção, aprendizado e memória. Mas essa deterioração é menos 
grave, aparece mais tarde e ocorre em uma proporção menor da população do que 
se pensava inicialmente. Mesmo a grande variabilidade dos resultados significa que 
alguns idosos obtêm melhores resultados que alguns jovens. 
 
 
 
30 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A neuropsicologia é um ramo da psicologia especializado na compreensão da 
relação entre o cérebro físico (estrutura) e o comportamento humano (função). Vimos 
que a neuropsicologia começou a ganhar força durante as décadas de 1950 e 1960, 
quando as pesquisas e os resulta- dos da psicologia cognitiva e da fisiologia do 
cérebro foram integrados em um novo campo de estudo. No início do século XIX, os 
pesquisadores começaram a observar metodicamente comportamentos resultantes 
de lesões cerebrais e tentaram localizar áreas danificadas do cérebro. O cérebro é o 
órgão central e mais complexo do corpo humano. Tudo o que acontece dentro do 
cérebro pode produzir alterações no comportamento e na função cognitiva. Para 
decifrar essas alterações é necessário contar com a intervenção de um especialista 
em neuropsicologia - um neuropsicólogo. 
A neuropsicologia é considerada um dos ramos mais importantes da 
neurociência e da psicologia. Seu estudo exaustivo sobre distúrbios cognitivos e 
emocionais, bem como distúrbios de personalidade devido a danos cerebrais, têm 
sido de grande contribuição para o mundo da ciência, tanto para a psicologia quanto 
para a psiquiatria. 
Por fim, vimos que o neuropsicólogo procura compreender como os processos 
psicológicos estão relacionados com estruturas e sistemas do cérebro. Investiga se 
as funções cerebrais estão localizados em uma área específica do cérebro, ou regiões 
do cérebro estão interligados; dessa maneira, ele tenta entender como as estruturas 
e sistemas cerebrais se relacionam com o comportamento e o pensamento. 
 
 
 
 
 
31 
 
 
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