Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Vict�ria K. L. Card�so Exames lab�rat�riais na reumat�l�gia Introdução Exames mais utilizados na reumatologia: ● Pesquisa e identificação de autoanticorpos. ● Dosagem do complemento total e frações. ● Detecção de determinados antígenos de histocompatibilidade humana. ● Dosagem e caracterização de crioglobulinas. ● Exames para doenças osteometabólicas e microcristalinas: determinação de metabólitos específicos. Principais objetivos dos exames complementares: ● Diagnóstico. ● Avaliar a atividade da doença → o objetivo é sempre a remissão. ● Prognóstico. Exames específicos X Inespecíficos: ● Exames específicos: ○ São para anticorpos específicos, de acordo com a doença que se está pesquisando. ○ Ex: FAN e anticorpos. ● Exames inespecíficos: ○ São exames mais gerais e norteadores de um todo e não de algo específico → exames do cotidiano. ○ Ex: hemograma, EAS e provas inflamatórias. Pesquisa de autoanticorpos Definição de autoanticorpos: imunoglobulinas que reconhecem antígenos nas células e nos órgãos. ● Importante: a presença de autoanticorpos não necessariamente se refere a uma doença imune. ● Características de autoanticorpos naturais: ○ Baixos títulos. ○ Baixa avidez. ○ Polirreativos. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Características de autoanticorpos presentes em patologias: ○ Especificidade restrita. ○ Títulos elevados. ○ Alta avidez. ● Autoanticorpos marcadores de doença: ○ Marcadores de LES: anticorpos anti-DNA nativo, anti nucleossomo e anti-Sm. ○ Marcadores de esclerose sistêmica: anticorpos anti-RNA polimerase III, anti-Scl-70 e antifibrilarina. ● Teste padrão ouro para a pesquisa de anticorpos anticélulas: FAN - Pesquisa de Fator Antinucleico. ○ Método de realização: imunofluorescência indireta (IFI) em células HEp-2 (FAN-HEp-2). ○ Objetivo: rastreamento geral de autoanticorpos. ● Testes (técnicas) para identificação da especificidade de autoanticorpos: ○ Imunodifusão dupla. ○ Contraimunoeletroforese. ○ IFI em substratos específicos (ex: neutrófilos). ○ Hemaglutinação passiva. ○ Ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA). Anticorpos anticélula - FAN: ● Objetivo: triagem para doenças autoimunes. ● Identifica: ○ LES → é o que mais positiva para FAN. ○ Esclerose sistêmica. ○ Artrite reumatóide. ○ Artrite reumatóide juvenil. ○ Doença de Felty. ○ Síndrome de Sjogren primária e secundária. ○ Dermatomiosite e polimiosite. ○ Cirrose biliar primária. ○ Infecções crônicas. ○ Neoplasias. ○ Pessoas sadias, mas familiares de primeiro grau de pessoa com lúpus. ● Teste: IFI - identifica autoanticorpos contra antígenos celulares → ou seja, anticorpos produzidos no núcleo celular e em outras regiões da célula (nucléolo, citoplasma e aparelho mitótico). ○ Método: imunofluorescência. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Nem sempre a positividade desse exame indica doença → 5 a 13% dos pacientes podem ter FAN +. ■ Pessoas sadias parentes em 1o grau tem 25 a 50% de chance de ter FAN +. ○ Exame de triagem: FAN-Hep-2 → identifica a titulação e o padrão envolvido → é o que se pede. ○ Ordem das titulações de positividade: ■ 1 : 80 → primeiro padrão de positividade. ■ 1 : 160. ■ 1 : 320 → a partir daqui é considerado alto-título. ■ 1 : 640. ■ Obs: caso na titulação mais alta não se identifique a positividade, é porque o padrão é do anterior. ■ Obs: alguns autores consideram que quanto maior o título, maior a gravidade. ● Informações colhidas: ○ Presença ou ausência de autoanticorpos. ○ Concentração sérica relativa dos autoanticorpos existentes. ■ Possui um caráter semiquantitativo, por meio do título. ○ Padrão morfológico de fluorescência observado. ■ Grande relevância clínica. ■ Importância: verificar a distribuição topográfica dos antígenos-alvos → ou seja, sugerem a especificidade desses autoanticorpos. ■ Sugere quais os próximos exames necessários. ● Padrão: leva em consideração o local celular onde se encontrou os anticorpos. ○ Padrão nuclear pontilhado fino denso: é o padrão de pacientes sadios → ou seja, FAN positivo aqui não costuma indicar doença. ■ Costuma ser presente em familiares de primeiro grau de paciente com lúpus. ○ Padrão nuclear pontilhado fino: está associado aos anticorpos anti-RO e anti-LA → principalmente síndrome de Sjogren. ■ Outras doenças associadas: lúpus, @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so esclerose sistêmica, cirrose biliar primária e lúpus neonatal (risco de bloqueio cardíaco fetal). ○ Padrão nuclear homogêneo: comum no lúpus associado a medicamentos (com anti-histonas) e no lúpus sistêmico (com anti-DNA nativo) → IMPORTANTE. ■ Sempre que o padrão for o nuclear homogêneo, se deve investigar os anticorpos anti-DNA e anti-histona. ■ Anti-DNA nativo → marcador de lúpus eritematoso sistêmico com nefrite lúpica → investigar os rins no caso de positividade desse anticorpo. ■ Anti-histona → comum no lúpus medicamentoso. ○ Padrão nuclear pontilhado grosso: associação com os anticorpos anti-Sm (marcador para lúpus) e com anti-Rnp (marcador para a doença mista do tecido conjuntivo). ■ Na pesquisa, caso ambos os marcadores forem positivos, leva-se em consideração o anti-Sm (lúpus). ■ anti-Sm é mais específicos. ○ Padrão nuclear pontilhado centromérico: associação com anticentrômero → esclerose sistêmica na forma limitada. Obs: a fluorescência não define a especificidade do autoanticorpo, para isso se utiliza os testes laboratoriais de identificação. Obs: o padrão vindo no FAN identifica quais anticorpos você deve pesquisar. Anticorpos anti-DNA nativo: ● Identifica: LES → é um anticorpo encontrado quase que exclusivamente no LES. ○ São considerados marcadores de atividade no LES. ■ LES + Anti-DNA positivo deve investigar a parte renal → muita associação com nefrite lúpica. ○ Detecção por IFI (menor sensibilidade, mas grande especificidade para o LES) e por ELISA ou quimiluminescência (detecta os anticorpos em níveis mais baixos). ● Características dos anticorpos anti-DNA nativo no lúpus: ○ Alto valor (título) no LES com glomerulonefrite proliferativa em atividade. ○ Valor intermediário no LES ativo e sem comprometimento renal. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Baixo valor no LES inativo. Anticorpos antinucleossomo: ● Objetivo: reconhecer epítopos supramoleculares da cromatina formados por DNA nativo e histonas não H1. ● Identifica: LES → positivam em caso de LES sem anticorpos anti-DNA, especialmente nas fases iniciais da doença. ● Técnica: ELISA ou CLIA. Obs: os anticorpos antinucleossomo parecem surgir precocemente na evolução do LES. Anticorpos contra antígenos nucleares extraíveis (anti-ENA): ● Identifica: LES ● Técnica: imunodifusão, contraimunoeletroforese, ELISA, CLIA e hemaglutinação. Anticorpos anti-P-ribossômico: ● Identifica: anticorpos específicos do LES, mas atualmente também são úteis para a hepatite autoimune tipo 1. ● Técnica: imunodifusão dupla, Western blot (WB) e ELISA. Anticorpos anti-PM/Scl (anti-PM-1): ● Identifica: síndrome de superposição de polimiosite e esclerose sistêmica. ● Técnica: imunodifusão dupla – WB e ELISA. ● Anticorpos anti-RNA polimerase III: biomarcadores específicos para esclerose sistêmica. ○ Mais frequente em fases iniciais da doença. ○ Estão associados a maior comprometimento renal e neoplasias subjacentes. ● Autoanticorpos e miopatias inflamatórias idiopáticas: possui 2 grupos → anticorpo miosite-específico (MSA) e anticorpo associado à miosite (MAA). Obs: outro autoanticorpo de interesse para as miopatias é o anti-cN1A, identificado como um marcador de miosite por corpos de inclusão. Anticorpos antipeptídeos citrulinados (anti-CCP): ● Está associado a: Artrite reumatoide → bastante específico. ○ Geralmente só se pede o anti-CCP depois de pedir o fator reumatóide. ○ Sensibilidade 78% e especificidade de 95%. ○ Caso o anti-CCP e o fator reumatóide vierem negativos, significa artrite reumatóide soro negativo (é mais branda). Fator reumatóide (FR): ● Está associado a: @p�sitivamed Vict�ria K. L.Card�so ○ Artrite reumatóide → principalmente. ○ AIJ. ○ Lúpus. ○ Esclerose sistêmica. ○ Hepatites B e C. ○ Influenza. ○ Mononucleose. ○ Infecções bacterianas (TB e hanseníase). ○ SIDA. ○ Pós-vacinas com agentes vivos. ○ Neoplasias. ● Importante: esse não é um exame de rotina, pois ele positiva para muitas doenças. ○ 74% de sensibilidade e 65% de especificidade. ● Tipos de testes: ○ Látex. ○ Waaler-Rose. ○ Elisa. ○ Imunofluorescência. ○ Nefelometria. Reagentes de fase aguda Definição: momento em que o paciente tem contato com o agente agressor e seu organismo reage, produzindo reagentes de fase aguda no fígado. ● Ocorre em qualquer agravo inflamatório. Velocidade de hemossedimentação - VHS: ● Objetivo: avalia subjetivamente o fibrinogênio (proteína de fase aguda). ● Elevação de VHS: sinal de inflamação → geralmente durante uma inflamação as hemácias se neutralizam e sedimentam mais rapidamente. ● Na reumato sempre se avalia a primeira hora (o exame faz avaliação da 1o e da 2o hora). ● Costuma ser maior em mulheres, gestantes e idosos. ● Cálculos para o tempo normal de sedimentação (VR): ○ Homens → idade ÷ 2 ○ Mulheres → (idade + 10) ÷ 2. ○ Idosos → (idade + 10) ÷ 2. ● VHS muito elevado > 100: ○ Infecções bacterianas → 35%. ○ Doenças reumatológicas → 25%. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Doenças malignas → 15%. Proteína C-reativa - PCR: ● É produzido pelo fígado, especialmente após o aumento da interleucina 6 (marcador inflamatório). ○ Geralmente o PCR aumenta já nas 4 primeiras horas de inflamação, com pico em 24-72h. ○ Meia vida de 18h. ● Maior utilização: urgências e emergências. Obs: comparativamente, o PCR é utilizado em situações agudas e recentes, já o VHS é utilizado em situações mais longas e duradouras. Eletroforese de proteínas: ● Definição: avaliação de proteínas do organismo. ● Proteínas para avaliação: ○ Albumina: diminui em processos inflamatórios, síndrome nefrótica, cirrose hepática avançada e na má-absorção. ■ É a proteína em maior quantidade. ○ Alfa-1-globulina: aumenta na gravidez e age como proteína de fase aguda nos processos inflamatórios. ○ Alfa-2-globulina: aumenta em processos inflamatórios, na síndrome nefrótica, no hipertireoidismo e na insuficiência adrenal. ■ É mais confiável na avaliação dos processos inflamatórios do que a VHS e a dosagem de PCR, pois sofre menos influência das medicações. ○ Betaglobulina: aumenta em condições associadas ao colesterol sérico elevado e em icterícias obstrutivas. ■ Não é muito utilizada na reumatologia. ○ Gamaglobulina: aumenta em infecções crônicas, doenças reumáticas, autoimunes, doenças linfoproliferativas e doenças hepáticas. ● Avaliações para inflamação aguda: há diminuição de albumina e elevação de alfa-2-globulina. ○ Como o fígado que produz a albumina e os reagentes de fase aguda, quando há um processo inflamatório, o fígado para a produção de albumina e inicia a produção desses outros reagentes, com isso diminuindo os níveis de albumina e aumento o níveo de alfa-1 e alfa-2, por exemplo. ● Avaliações para inflamação aguda: há leve ou moderada diminuição de albumina, leve ou moderada elevação @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so de gamaglobulina e níveis normais ou levemente elevados de alfa-2-globulina. Obs: o VHS e o PCR estão associados a alfa-1 e alfa-2-globulina. Complemento sérico: ● Auxilia na avaliação de pacientes que fazem depósito de complemento, principalmente o Lúpus. ○ Ou seja, quando há consumo de complemento sérico, indica que está ocorrendo um processo de depósito de complemento em algum órgão, o qual está em processo de inflamação. ● Principais complementos para avaliação: C3 e C4. ● CH50: para verificar a capacidade de produzir o complemento → é o tipo de exame que se pede 1x na vida. ● Doenças reumáticas que podem fazer o consumo de complemento: ○ LES. ○ Vasculite sistêmica. ○ Artrite reumatóide. ○ Espondilite ○ Doença de Takayasu. ○ AIJ. O que avaliar no hemograma: ● Células vermelhas: (hemácias e hemoglobinas). ○ Anemia: ■ Anemia normocítica e normocrômica → pensa em autoimunidade. ■ Pedir o Coombs. ● Células brancas: ○ Leucócitos. ○ Neutrófilos. ○ Segmentados. ○ Eosinófilos: ■ As vasculites também podem ter eosinófilos aumentados. ● Série plaquetária: ○ Plaquetas. ● EAS: ○ Proteína. ■ Pedir proteinúria de 24h. ■ Relação proteína-creatinina em amostra isolada de urina. ○ pH. ○ Hemoglobinas - hemácias. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Nitrito. ■ Avalia infecção. ■ Pedir cultura, no caso de infecção. ○ Cilindros. @p�sitivamed
Compartilhar