Buscar

Erro de proibição

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.  
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
Inescusabilidade da ignorância da lei e relevância da falta de consciência da antijuridicidade
1. Não exclui a culpabilidade alegar o sujeito não conhecer a lei ou conhecê-la mal, somente se aproveitando de uma atenuante genérica (CP, art. 65, II).
2. Isso não se confunde com a falta de consciência da ilicitude do fato. Como vimos, a culpabilidade se compõe da imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude (do fato). Assim, a falta da potencial consciência da ilicitude exclui a culpabilidade.
3. A 1ª parte do caput do art. 21 expõe o princípio da irrelevância da ignorância formal da lei. O erro sobre a ilicitude do fato, entretanto, por não ter o sujeito condições de conhecer a regra de proibição, exclui a culpabilidade (2ª parte).
Conceito de erro de proibição
Erro e proibição é aquele que incide sobre a ilicitude do fato. Se o sujeito não tem possibilidade de saber que o fato é proibido, sendo inevitável o desconhecimento da proibição, a culpabilidade fica afastada.
Formas
1. O erro de proibição pode ser: 
· Escusável: o erro de proibição escusável ou inevitável ocorre quando nele incidiria qualquer homem prudente e de discernimento. Considera-se inevitável o erro se o sujeito atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando não lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir esse conhecimento (art. 21, parágrafo único).
· Inescusável: há erro de proibição inescusável ou evitável quando o sujeito nele incide por leviandade, imprudência, descuido etc. Nos termos do parágrafo único do art. 21 do CP, considera-se evitável o erro se o sujeito atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir esse conhecimento.
Erro de proibição e erro de tipo: efeitos quanto ao dolo e culpabilidade
1. Erro de tipo é o que recai sobre os elementos ou circunstâncias do tipo. Exclui o dolo, podendo o sujeito responder por crime culposo (CP, art. 20 e § 1º).
2. Erro de proibição é o que incide sobre a ilicitude do fato. O dolo subsiste. A culpabilidade, quando o erro é escusável, fica excluída; quando inescusável, atenuada, reduzindo-se a pena de um sexto a um terço (art. 21, caput).
Casos de erro de proibição
O erro de proibição ocorre nos seguintes casos: 
· Erro ou ignorância de direito (erro de proibição direto);
· Suposição errônea da existência de causa de exclusão da ilicitude não reconhecida juridicamente (erro indireto);
· Descriminantes putativas: o sujeito supõe erradamente que ocorre uma causa excludente da ilicitude (erro indireto)
Erro e ignorância de direito
A ignorância pressupõe ausência absoluta de conhecimento a respeito de determinada matéria. O erro implica conhecimento acerca de certa matéria, que se supõe verdadeiro quando é falso. No primeiro, não há conhecimento; no segundo, há conhecimento falso.
Erro de direito e delito putativo por erro de direito
1. O denominado delito putativo possui três espécies: 
· delito putativo por erro de direito (erro de proibição); 
· delito putativo por erro de tipo; 
· delito putativo por obra de agente provocador. 
2. Há delito putativo por erro de direito quando o sujeito supõe estar praticando um crime, mas não há norma incriminadora definindo o fato. 
3. O erro de direito não se confunde com o delito putativo por erro de direito. O erro de direito exclui a culpabilidade, se inevitável.
4. No delito putativo por erro de direito não há crime a punir, uma vez que o fato praticado pelo sujeito é atípico.
Nota: delito putativo também é tratado no documento nomeado como “erro de tipo”.
Suposição errônea da existência de causa de exclusão da ilicitude não reconhecida juridicamente
De acordo com a doutrina da culpabilidade normativa, a suposição de causa excludente da ilicitude é caso de erro de proibição, excludente da culpabilidade, quando inevitável; atenuador da pena, quando evitável. Ex.: o sujeito pensa que pode corrigir corporalmente o injuriador. Inserindo-se no art. 21 do CP, pode ser: 
· inevitável: exclui a culpabilidade; 
· evitável: atenua a pena.
Descriminantes putativas
1. Descriminante significa “deixar de ser do crime” (em função da exclusão da antijuricidade); “putativa” significa “aparente”. Ocorrem quando o sujeito, levado a erro pelas circunstâncias do caso concreto, supõe agir em face de uma causa excludente da ilicitude.
2. As descriminantes putativas derivam de erro, que pode ser:
· Erro de tipo: aplica-se o disposto no art. 20, § 1º, do CP. Ocorre quando o erro deriva da má apreciação das circunstâncias de fato. Se inevitável, exclui dolo e culpa (art. 20, § 1º, primeira parte); se evitável, exclui o dolo, podendo o sujeito responder por crime culposo (§ 1º, 2° parte).
· Erro de proibição: aplica-se o art. 21 do CP. Ocorre quando o erro do sujeito decorre de má apreciação dos limites jurídicos de uma causa excludente da ilicitude. Ex.: o sujeito se defende do carrasco, supondo injusta a condenação (legítima defesa putativa por erro de proibição). Se inevitável, há exclusão da culpabilidade (art. 21, caput, 2ª parte); se evitável, não fica excluída a culpabilidade, respondendo o sujeito por crime doloso com a pena diminuída (parte final).
A legítima defesa putativa, por exemplo, pode recair sobre a situação de fato (erro de tipo) ou sobre a injustiça da agressão (erro de proibição).
Exemplo do primeiro caso: A ameaça B de morte, prometendo matá-lo no primeiro encontro. Certo dia, encontram-se. A põe a mão na altura da cintura, supondo B que ele vai empolgar o revólver para matá-lo. Rapidamente, B saca sua arma e mata A. Verifica-se que A não se encontrava armado, tendo apenas feito menção de procurar um lenço no bolso. B não responde por crime de homicídio. Agiu em legítima defesa putativa, que exclui dolo e culpa.
Exemplo do segundo caso: o sujeito supõe, por erro, que o oficial de justiça está se excedendo na penhora de seus bens e, mediante violência, impede parte da diligência.
Referências: 
JESUS, Damásio de. Parte geral – arts. 1 ao 120 do CP. Vol 1. Atualizador: André Estefam. 37 ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

Outros materiais