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Inimputabilidade por embriaguez

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Conceito, fases e espécies de embriaguez
1. Embriaguez é a intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool. Possui as seguintes fases: 
· Excitação (euforia, loquacidade, diminuição da capacidade de autocrítica); 
· Depressão (confusão mental, falta de coordenação motora, irritabilidade, disartria); 
· Fase de sono (o ébrio cai e dorme, havendo anestesia e relaxamento dos esfíncteres, culminando com o estado de coma).
2. A embriaguez pode ser: 
· Completa: corresponde ao segundo e ao terceiro período (fases), sendo que neste último (período letárgico) o sujeito só pode cometer crimes omissivos ou comissivos por omissão; 
· Incompleta: corresponde à primeira fase.
3. Tendo em vista o elemento subjetivo do agente em relação à embriaguez, esta pode ser: 
· Voluntária ou culposa (não acidental): voluntária quando o sujeito ingere substância alcoólica com intenção de embriagar-se; culposa quando o sujeito não ingere substância alcoólica com a finalidade de embriagar-se, mas em face de excesso imprudente vem a embriagar-se.
· Acidental: quando não voluntária nem culposa. Pode ser proveniente de: 
· Caso fortuito: quando o sujeito desconhece o efeito inebriante da substância que ingere, ou quando, desconhecendo uma particular condição fisiológica, ingere substância que possui álcool (ou substância análoga), ficando embriagado. Se a embriaguez for completa (e o agente não for capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento) fica excluída a imputabilidade (art. 28, §1°); se for incompleta responde pelo crime com atenuação de pena (art. 28, §2°).
· Força maior: no caso, por exemplo, de o sujeito ser obrigado a ingerir bebida alcoólica. Se a embriaguez for completa (e o agente não for capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento) fica excluída a imputabilidade (art. 28, §1°); se for incompleta responde pelo crime com atenuação de pena (art. 28, §2°).
Embriaguez simples, patológica e preordenada: soluções legais
1. Embriaguez simples é a prevista no art. 28, II, do CP, que não exclui a imputabilidade. 
2. Embriaguez patológica, segundo ensina Hélio Gomes, é a que se verifica nos predispostos, nos tarados, nos filhos de alcoólatras. Nesses indivíduos, extremamente suscetíveis às bebidas alcoólicas, dose pequena pode desencadear acessos furiosos, atos de incrível violência, ataques convulsivos. Se há exclusão da capacidade intelectual ou volitiva, aplica-se o disposto no art. 26, caput; se há redução dessas capacidades, aplica-se o que se contém no art. 26, parágrafo único.
3. Tratando-se de embriaguez preordenada, não há exclusão da imputabilidade.
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:         
[...]
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. 
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.    
Referências: 
JESUS, Damásio de. Parte geral – arts. 1 ao 120 do CP. Vol 1. Atualizador: André Estefam. 37 ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

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