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Mastite: Importância Sanitária e Prejuízos Econômicos

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Mastites 
 
Não tem programa específico. 
Importância sanitária. 
 
DEFINIÇÃO 
Processo inflamatório da glândula mamária, quaisquer 
que sejam as causas. Caracteriza-se por alterações 
físicas, químicas e na maior parte das vezes 
microbiológicas do leite e por alterações patológicas 
do tecido glandular. 
Diversas etiologias para mastite – infecciosa, 
traumática... 
Alteram o leite e perdas econômicas (diminui a 
produtividade, perda de peso, descarte do leite). 
 
INTRODUÇÃO 
A mastite é uma das mais complexas e dispendiosas 
doenças da indústria leiteira. 
Alta prevalência e aos prejuízos diretos e indiretos. 
Redução na produção e alterações na composição do 
leite. 
Risco potencial à saúde pública, em decorrência da 
eliminação de patógenos causadores de zoonoses e 
toxinas produzidas pelos microrganismos do leite. 
Uma das doenças mais complexas e que acarreta as 
maiores perdas econômicas a pecuária leiteira. 
Redução da quantidade (até 70%) de leite produzido e 
de sua qualidade (redução de gorduras/aumento de 
cloretos e enzimas prejudiciais). 
Gastos com medicamentos e assistência veterinária. 
Descarte de leite fora do padrão ou com resíduos de 
antimicrobianos após tratamento. 
Descarte de animais. 
Gastos com reposição de plantel. 
 
 
 
ETIOLOGIA 
 Fisiológica 
 Metabólica 
 Traumática 
 Alérgica 
 Infecciosa – bactérias, fungos, algas e vírus 
Maior frequência: Corynebacterium, Staphylococcus e 
Streptococcus. 
 
MICRORGANISMOS AMBIENTAIS 
Normalmente não infectam a glândula mas podem 
faze-lo quando o ambiente onde o animal se encontra 
está muito contaminado, presentes na água, solo... 
Steptococcus uberis, Enterobacteriaceae (Escherichia 
coli, Klebsiella sp, Serratia sp, etc), Arcanobacterium 
pyogenes, Pseudomonas sp, fungos e algas 
aclorofiladas (Prototheca sp). 
 
MICRORGANISMOS CONTAGIOSOS 
Vaca-dependentes – presentes no corpo do animal, 
transmitidos de vaca a vaca, principalmente no 
momento da ordenha através do equipamento ou das 
mãos do orientador. 
Stretococcus agalactiae, Streptococcus dysgalactiae, 
Staphylococcus sp e Corynebacterium bovis. 
 
MECANISMOS DE DEFESA DA 
GLÂNDULA MAMÁRIA 
Cisterna do teto – queratina e ácidos graxos. 
Esfíncter muscular. 
Defesa celular – leucócitos e células somáticas – 
importante no diagnóstico. 
Defesa humoral – anticorpos. 
Sistemas de defesa inespecíficos: 
 Sistema lactoperoxidase (LP) – 
tiocianatoperóxido de hidrogênio (H2O2) 
 Lisosima 
 Sistema completo 
 Lactoferrina 
 
PATOGENIA 
Via hematógena – tuberculose, brucelose. 
Via percutânea (pele ou teto). 
Canal do teto – mais comum – penetração durante a 
ordenha ou entre as ordenhas. 
 
MASTITE CLÍNICA 
Alteração visível da composição e aspecto físico do 
leite (presença de grumos de fibrina ou pús). 
Alteração de tamanho, consistência e temperatura da 
glândula mamária. 
Inspeção e palpação da glândula, prova de Tamis ou 
caneca telada ou strip cup. 
Brasil: 17,5% de clínica 
A mastite clínica pode ser classificada em superaguda, 
aguda, subaguda, crônica e gangrenosa. 
 
MASTITE SUBCLÍNICA 
Não ocorrem alterações macroscópicas da glândula 
mamária nem do leite. 
Diagnosticada pelo número de células presentes no 
leite (California Mastitis Test ou CMT). 
Brasil: 72% de subclínica. 
Promove alterações na composição do leite, tais como 
aumento na CCS e alterações nos teores de caseína, 
cálcio, gordura e lactose. 
Menor rendimento na produção dos seus derivados e 
diminuindo o tempo de prateleira dos produtos. 
 
DIAGNÓSTICO A CAMPO 
a) Prova da caneca telada (“strip cup”, prova da 
caneca de fundo escuro, prova de Tamis). 
b) Prova de CMT (California Mastitis test) ou 
Wisconsin Mastitis Test WMT 
c) Inspeção, Palpação da glândula 
 
 
PROVA DA CANECA TELADA OU 
CANECA DE FUNDO ESCURO 
Realizado imediatamente antes da ordenha. 
Independência dos quartos, realizar em todos os 
tetos. 
Retirada dos 4 primeiros jatos de leite e observação 
da presença de grumos, sangue, leite aquoso ou 
outras alterações. 
 
CMT – CALIFORNIAN MATITE TEST 
É um método indireto. 
Avalia a quantidade de células somáticas do leite – 
sob a ação de um detergente aniônico que atua 
rompendo o citoplasma e núcleo das células, 
liberando o material genético no meio. 
A formação do gel ocorre pela interação dos ácidos 
nucleicos celulares com o detergente, quanto mais 
significativa a viscosidade, maior a quantidade de 
células somáticas no leite. 
É um método de triagem barato, de fácil execução e 
interpretação, capaz de detectar mastite subclínica 
podendo ser realizado no campo. 
 
Indicações: 
Detecção de mastite subclínica em vacas recém-
adquiridas no plantel. 
Determinação de qual quarto mamário se encontra 
infectado. 
Detecção e controle mensal da mastite subclínica do 
rebanho. 
Avaliação da mastite subclínica após o parto para 
identificação de infecções relacionadas com o período 
seco. 
Avaliação do tratamento da vaca seca. 
 
WISCONSIN MASTITIS TEST WMT 
É um aprimoramento do CMT, realizado em tubo 
graduado com a finalidade de eliminar a subjetividade 
da interpretação dos resultados do CMT. 
 
CCS – ELETRÔNICA 
Contagem de células somáticas eletrônica. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
Exame microbiológico do leite: 
Colheita (lavagem dos tetos, secagem, com papel 
toalha, limpar com algodão embebido em álcool 
iodado o teto e as mãos, desprezar os primeiros jatos 
do leite, colher o mais rápido possível), 
encaminhamento. 
Identificação/histórico – usar tubos ou frascos 
estéreis. 
Transporte refrigerado (em menos de 24h) ou 
congelado. 
No laboratório: 
a) Isolamento 
Necessidade de nutrientes (meio de cultura) e 
condições físicas (atmosfera gasosae temperatura). 
Semear em agar sangue e Sabouraud e Incubação. 
Incubar o leite. 
b) Identificação 
Características macroscópicas das colônias (forma 
irregular, filamentosa, etc/ elevação plana, convexa. 
Cor, tamanho, superfície brilhanete, opaca. 
Características microscópicas: gram 
(forma/coloração). 
Métodos bioquímicos: série bioquímica convencional, 
sistema API. 
Métodos genéticos. 
c) Antibiograma 
d) Contagem de células 
Direta (Prescott e Breed, Contagem eletrônica – 
Couinter, Bentlet). 
Indireta (CMT, WMT). 
Nível de células/ml de leite: 
Normal = <50.000 cél/ml. 
Mastite = 200.00 cél/ml. 
 
TRATAMENTO 
Mastite não infecciosa: 
Não usar antimicrobianos. 
Uso de anti-inflamatórios. 
Mastite infecciosa: 
Uso de antimicrobianos. 
Uso de antimicrobianos baseado no antibiograma ou 
em resultados de estudos regionais de sensibilidade, 
dos principais agentes. 
 
TRATAMENTO DE MASTITE CLÍNICA 
Deve ser tratada tão logo seja diagnosticada. 
Não esperar pelo resultado dos testes de sensibilidade 
(antibiograma). 
Colher amostrar de leite para exame microbiológico e 
realização de antibiogramas. 
Ordenhar o animal por último. 
Não usar leite para consumo. 
Ferver antes de dar ao bezerro. 
 
TRATAMENTO DE MASTITE 
SUBCLÍNICA 
 No início do período seco. 
Antimicrobianos são formados em veículos de 
eliminação e absorção lenta. 
Ação curativa: tratamento de casos de mastite 
subclínica e infecções pré-existentes na lactação 
precedente. 
Ação preventiva: reduzir a taxa de novas infecções de 
grande frequência nos dez primeiros dias pós-
secagem. 
 
VIA DE APLICAÇÃO DO 
ANTIMICROBIANO 
Via intramamária: 
 Esgotar o quarto 
 Limpeza igual da colheita de leite 
 Utilizar cânula curta de 2-3mm ou se for longa 
introduzir somente a extremidade. 
Via sistêmica: 
 Mastite clínica aguda 
 Evitar bacteremia e septicemia 
 Associado ou não ao tratamento 
intramamário 
 
PROGRAMAS DE CONTROLE – 6 
PONTOS 
3 objetivos principais: 
 Eliminação das infecções existentes 
 Prevenção de novas infecções – manejo 
sanitário durante a ordenha 
 Monitoramento da saúde da glândulamamária – exames periódicos 
 
MANEJO E HIGIENE DE ORDENHA E 
AMBIENTE CORRETOS 
Objetivo primário ordenhar tetos secos e limpos. 
Teste da caneca de fundo preto para diagnóstico de 
mastite clínica. 
Desinfecção dos tetos antes da ordenha. 
Estimulação da ejeção e extração eficiente e rápida do 
leite. 
Desinfecção dos tetos após a ordenha. 
 
PROGRAMA DE CONTROLE 
Pré-dipping: iodoform 0,5 a 1%, clorexidine 0,5 a 1%, 
hipoclorito de sódio 4%. 
Pós-dipping: produtos associados a emolientes como 
Ianolina ou Glicerina que evitam o ressecamento): 
iodoform 0,5 a 1%, clorexidine 0,5 a 1%, amônio 
quarternário 0,5 a 1%, hipoclorito de sódio 4%. 
Higiene e manejo das instalações. 
Ordem de ordenha. 
Manutenção de equipamentos: 
 Troca de insuflador a cada 2000 ordenhas 
 Revisão do equipamento a cada 6 meses 
 Nível de vácuo adequado-pulsação 
 Relação vácuo-pulsação adequado

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