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Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) Autor: Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas 20 de Janeiro de 2023 35541782848 - daniel neri dos santos tome Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Índice ..............................................................................................................................................................................................1) Bagagem e Regime Aduaneiro de Bagagem no MERCOSUL 4 ..............................................................................................................................................................................................2) Abandono de Mercadorias 18 ..............................................................................................................................................................................................3) Avaria e Extravio de Mercadorias 26 ..............................................................................................................................................................................................4) Atividades Relacionadas aos Serviços Aduaneiros 31 ..............................................................................................................................................................................................5) Representação Fiscal para Fins Penais 39 ..............................................................................................................................................................................................6) Destinação de Mercadorias 42 ..............................................................................................................................................................................................7) Mercadorias provenientes de acidentes 47 ..............................................................................................................................................................................................8) Mercadorias presumidas idênticas 50 ..............................................................................................................................................................................................9) Tráfego postal 53 ..............................................................................................................................................................................................10) Tráfego de cabotagem 64 ..............................................................................................................................................................................................11) Controle administrativo específico 67 ..............................................................................................................................................................................................12) Questões Comentadas - Bagagem e Regime Aduaneiro de Bagagem no MERCOSUL - Multibancas 72 ..............................................................................................................................................................................................13) Questões Comentadas - Abandono de Mercadorias - Multibancas 82 ..............................................................................................................................................................................................14) Questões Comentadas - Extravio e Avaria de Mercadorias - Multibancas 87 ..............................................................................................................................................................................................15) Questões Comentadas - Atividades Relacionadas aos Serviços Aduaneiros - Multibancas 90 ..............................................................................................................................................................................................16) Questões Comentadas - Representação Fiscal para Fins Penais - Multibancas 99 ..............................................................................................................................................................................................17) Questões Comentadas - Destinação de Mercadorias - Multibancas 102 ..............................................................................................................................................................................................18) Questões Comentadas - Mercadorias provenientes de acidentes - Multibancas 105 ..............................................................................................................................................................................................19) Questões Comentadas - Mercadorias presumidas idênticas - Multibancas 106 ..............................................................................................................................................................................................20) Questões Comentadas - Tráfego postal - Multibancas 107 ..............................................................................................................................................................................................21) Questões Comentadas - Tráfego de cabotagem - Multibancas 111 ..............................................................................................................................................................................................22) Questões Comentadas - Controle administrativo específico - Multibancas 112 ..............................................................................................................................................................................................23) Lista de Questões - Bagagem e Regime Aduaneiro de Bagagem no MERCOSUL - Multibancas 114 ..............................................................................................................................................................................................24) Lista de Questões - Abandono de Mercadorias - Multibancas 120 ..............................................................................................................................................................................................25) Lista de Questões - Extravio e Avaria de Mercadorias - Multibancas 123 ..............................................................................................................................................................................................26) Lista de Questões - Atividades Relacionadas aos Serviços Aduaneiros - Multibancas 125 ..............................................................................................................................................................................................27) Lista de Questões - Representação Fiscal para Fins Penais - Multibancas 131 ..............................................................................................................................................................................................28) Lista de Questões - Destinação de Mercadorias - Multibancas 133 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 2 144 Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Índice ..............................................................................................................................................................................................29) Lista de Questões - Mercadorias provenientes de acidentes - Multibancas 135 ..............................................................................................................................................................................................30)Lista de Questões - Mercadorias presumidas idênticas - Multibancas 136 ..............................................................................................................................................................................................31) Lista de Questões - Tráfego postal - Multibancas 137 ..............................................................................................................................................................................................32) Lista de Questões - Tráfego de cabotagem - Multibancas 140 ..............................................................................................................................................................................................33) Lista de Questões - Controle administrativo específico - Multibancas 142 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 3 144 BAGAGEM Introdução O MERCOSUL, na condição de união aduaneira, busca estabelecer uma política comercial comum em relação a terceiros países, o que vai muito além de fixar uma TEC (Tarifa Externa Comum). Pressupõe-se, em uma união aduaneira, que todo o tratamento aduaneiro concedido aos bens procedentes do exterior seja harmonizado. Nesse sentido, foi adotado, pela Decisão CMC nº 53/2008, o Regime Aduaneiro de Bagagem no MERCOSUL, a fim de estabelecer procedimentos harmonizados para o tratamento aduaneiro da bagagem de viajantes, o que é importante para a consolidação da união aduaneira. Com essa harmonização, fica reduzida a discricionariedade de cada país do MERCOSUL para fixar normas sobre bagagem, havendo, todavia, espaço para regulamentação de certos dispositivos no âmbito interno. A Decisão CMC nº 53/2008 passou a vigorar no âmbito do MERCOSUL em 2019, quando foi definitivamente incorporada por todos os seus membros1. Mesmo antes, porém, seus dispositivos já eram utilizados pela legislação brasileira. No Brasil, as normas aplicáveis à bagagem de viajantes estão previstas no Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6759/2009), na Portaria MF nº 440/2010 e na IN RFB nº 1.059/2010. Conceito de bagagem Você viajou para os EUA (Miami) decidido a comprar uma quantidade enorme de produtos eletrônicos, roupas e calçados. Seu objetivo é trazer para o Brasil e revender pela internet. Então, 1 Para que uma norma do MERCOSUL entre em vigor, ela precisa ser internalizada no ordenamento jurídico de todos os membros do bloco regional. A Decisão CMC nº 53/2008 já havia sido internalizada por Brasil, Argentina e Uruguai. O Paraguai a internalizou em 2019 e, portanto, ela passou a vigorar a partir de 29/09/2019. Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 4 144 você leva duas malas enormes para os EUA e, na volta, traz todos esses produtos dentro delas! 😊 Será que eu posso dizer que isso é uma bagagem? Não. A vinda desses bens para o Brasil teve, nitidamente, caráter comercial, o que os exclui do conceito de bagagem. Destaque-se, adicionalmente, que pessoa física não é autorizada a realizar importações com finalidade comercial. Qual é, afinal, o conceito de bagagem? Bagagem são os bens novos ou usados que um viajante, em compatibilidade com as circunstâncias de sua viagem, puder destinar para seu uso ou consumo pessoal, bem como para presentear, sempre que, pela sua quantidade, natureza ou variedade, não permitirem presumir importação com fins comerciais ou industriais. Esse conceito de bagagem é idêntico no Regulamento Aduaneiro e no Regime Aduaneiro de Bagagem do MERCOSUL. Para fins didáticos, podemos desmembrar o conceito supramencionado em vários tópicos: I. Estão incluídos no conceito de bagagem bens novos ou usados. II. Os bens enquadrados como bagagem são os destinados a uso ou consumo pessoal ou para presentear. Mas o que seriam bens de uso ou consumo pessoal? A definição nos é dada pelo Regulamento Aduaneiro. Bens de uso ou consumo pessoal são os artigos de vestuário, higiene e demais bens de caráter manifestamente pessoal. Mais completa é a definição da Portaria MF nº 440, que dispõe que bens de uso ou consumo pessoal são os artigos de vestuário, higiene e demais bens de caráter manifestamente pessoal, em natureza e quantidade compatíveis com as circunstâncias da viagem. A IN RFB nº 1.059/2010 também define o que são bens de caráter manifestamente pessoal. Trata- se de bens que o viajante possa necessitar para uso próprio, considerando as circunstâncias da viagem e a sua condição física, bem como os bens portáteis destinados a atividades profissionais Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 5 144 a serem executadas durante a viagem, excluídos máquinas, aparelhos e outros objetos que requeiram alguma instalação para seu uso e máquinas filmadoras e computadores pessoais. Os bens de caráter manifestamente pessoal compreendem, entre outros, uma máquina fotográfica, um relógio de pulso e um telefone celular usados que o viajante porte consigo, desde que em compatibilidade com as circunstâncias da viagem. Cabe ao viajante a comprovação da compatibilidade desses bens com as circunstâncias da viagem, tendo em vista, entre outras variáveis, o tempo de permanência no exterior. III. Ficam excluídos do conceito de bagagem os bens importados com fins comerciais ou industriais. O que permite presumir importação com finalidade comercial ou industrial são os seguintes critérios: quantidade, natureza e variedade dos bens. Se você trouxer na mala 30 camisas idênticas, fica meio estranho, não acha? Existem dois tipos de bagagem: i) a bagagem acompanhada e; ii) a bagagem desacompanhada. O que as diferencia é algo bem simples: a existência ou não de um conhecimento de carga. O conhecimento de carga, relembre-se, é o documento que materializa contrato de frete, ou seja, Bagagem Bens de uso ou consumo pessoal Artigos de vestuário Artigos de higiene Bens de caráter manifestamente pessoal Bens para presentear Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 6 144 sua existência confere status de carga à mercadoria. Se a bagagem chegar ao país amparada por um conhecimento de carga, ela será uma bagagem desacompanhada. Se chegar ao país trazida por um viajante e sem um conhecimento de carga, ela será bagagem acompanhada. Bagagem acompanhada é a que o viajante trouxer consigo, no mesmo meio de transporte em que viaje, desde que não amparada por conhecimento de carga ou documento equivalente. Bagagem desacompanhada é a que chegar ao País, amparada por conhecimento de carga ou documento equivalente. O Regulamento Aduaneiro relaciona alguns bens que ficam excluídos do conceito de bagagem. São eles: a) veículos automotores em geral, as motocicletas, as motonetas, as bicicletas com motor, os motores para embarcação, as motos aquáticas e similares, as casas rodantes, as aeronaves e as embarcações de todo tipo; b) as partes e peças dos bens acima relacionados, exceto os bens unitários, de valor inferior aos limites de isenção, relacionados em listas específicas que poderão ser elaboradas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Esses bens excluídos do conceito de bagagem poderão ingressar no Brasil ao amparo do regime de admissão temporária, sempre que o viajante comprove sua residênciapermanente em outro país. Seria o caso, por exemplo, de um argentino que vem a turismo no Brasil com seu automóvel. Ele tem residência permanente em outro país, logo, o automóvel entrará no Brasil em admissão temporária. Ressalte-se, conforme já afirmamos, que os automóveis estão excluídos do conceito de bagagem. Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 7 144 Despacho aduaneiro da bagagem de viajantes Bagagem acompanhada Segundo o art. 156, do R/A, o viajante que ingressar no País, inclusive o proveniente de outro país integrante do Mercosul, deverá declarar a sua bagagem. A declaração do conteúdo da bagagem será feita mediante a entrega à autoridade aduaneira da Declaração Eletrônica de Bens de Viajantes (e-DBV). Agora, vamos pensar juntos. Temos dois tipos de viajantes, não é mesmo? Há o brasileiro que viajou ao exterior e, agora, retorna ao País, e o estrangeiro que chega ao Brasil. São o viajante residente e o viajante não-residente. Cada um deles tem um tratamento diferente. Primeiro, analisemos o caso do viajante não-residente. Nos termos do art. 5º, da IN RFB nº 1.059/2010, no caso de viajante não-residente no País, a declaração apresentada pelo viajante servirá de base para o requerimento de concessão do regime aduaneiro especial de admissão temporária, devendo o viajante manter a documentação fornecida pela fiscalização aduaneira até a extinção da aplicação do regime, com o retorno ao exterior. Como se vê, os bens trazidos por viajante não-residente ingressam no País ao amparo do regime aduaneiro especial de admissão temporária. Logo, os tributos incidentes ficam suspensos até que os bens retornem ao exterior. Não haverá, portanto, recolhimento tributário. Ressalte-se que, nesse caso, somente deverão ser especificados na e-DBV bens de valor global superior a US$ 3,000.00 (três mil dólares dos Estados Unidos da América) ou o equivalente em outra moeda. Agora, falemos do viajante residente! O viajante residente, ao retornar ao Brasil, também precisa apresentar a Declaração de Bens de Viajante (e-DBV). Aos bens que ele traz do exterior, não será concedida a admissão temporária. Ao contrário, estes serão objeto de nacionalização. Nesse contexto, cresce a relevância do tratamento tributário aplicável à bagagem. Tratemos, agora, de disposições comuns ao viajante residente e ao viajante não-residente. Ao chegar ao país, o viajante (residente ou não-residente) terá duas opções: i) dirigir-se ao canal de bens a declarar; ou ii) optar pelo canal “nada a declarar”. O art. 6º da IN RFB nº 1.059/2010 relaciona as situações em que o viajante deverá encaminhar-se ao canal de bens a declarar. Vejamos: Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 8 144 Art. 6º Ao ingressar no País, o viajante procedente do exterior deverá dirigir-se ao canal "bens a declarar" quando trouxer: I - animais, vegetais, ou suas partes, produtos de origem animal ou vegetal, inclusive alimentos, sementes, produtos veterinários ou agrotóxicos; II - produtos médicos, produtos para diagnóstico in vitro, produtos para limpeza, inclusive os equipamentos e suas partes, instrumentos e materiais, os destinados à estética ou ao uso odontológico, ou materiais biológicos; III - medicamentos ou alimentos de qualquer tipo; inclusive vitaminas e suplementos alimentares, excluindo os de uso pessoal; IV - armas e munições; V - bens destinados à pessoa jurídica, nos termos do § 2º do art. 44, ou outros bens que não sejam passíveis de enquadramento como bagagem, nos termos do art. 2º; VI - bens que devam ser submetidos a armazenamento para posterior despacho no regime comum de importação, na hipótese referida no inciso II do § 1º do art. 4o; VII - bens sujeitos ao regime aduaneiro especial de admissão temporária, nos termos do art. 5º, quando sua discriminação na e-DBV for obrigatória; VIII - bens cujo valor global ultrapasse o limite de isenção para a via de transporte, de acordo com o disposto no art. 33; IX - bens que excederem limite quantitativo para fruição da isenção, de acordo com o disposto no art. 33; ou X - valores em espécie em montante superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais) ou seu equivalente em outra moeda. Cabe destacar que sempre que um viajante tenha que se dirigir ao canal de bens a declarar, ele deverá preencher a Declaração de Bens de Viajantes, seja em formato eletrônico (e-DBV) ou em formulário (DBV-formulário). Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 9 144 Até dezembro de 2011, mesmo que o viajante se encaminhasse ao canal “nada a declarar”, ele precisaria preencher a declaração de bagagem. No entanto, houve uma alteração da norma e, atualmente, estão dispensados de apresentar a Declaração de Bens de Viajantes (e-DBV) os viajantes que não estiverem obrigados a dirigir-se ao canal “bens a declarar”. O despacho aduaneiro de importação de bens trazidos pelo viajante e que não sejam passíveis de enquadramento como bagagem será efetuado com observância da legislação referente à importação comum ou, no caso de viajante não-residente no País, à admissão temporária. Assim, o despacho será efetuado com base em Declaração de Importação (DI) ou Declaração Simplificada de Importação (DSI), conforme o caso2. Segundo o Regulamento Aduaneiro, o viajante não poderá declarar como própria bagagem de terceiro, ou utilizar o tratamento de bagagem para o ingresso de bens que não lhe pertençam. Excetuam essa regra os bens de uso ou consumo pessoal de residente no País, falecido no exterior, e cujo óbito seja comprovado por documentação idônea. Bagagem desacompanhada A bagagem desacompanhada, como vimos, é aquela que tem amparo em um conhecimento de carga. Ela deverá chegar ao Brasil dentro dos 3 meses anteriores ou até os 6 meses posteriores à chegada do viajante e, além disso, provir do país ou dos países de estada ou de procedência do viajante. Em todos os casos, a bagagem desacompanhada somente será desembaraçada depois da chegada do viajante. Isso se aplica especialmente quando a bagagem desacompanhada entra no Brasil dentro dos 3 meses anteriores à chegada do viajante em território nacional. A bagagem desacompanhada deverá ser declarada por escrito, sendo seu despacho de importação realizado com base em Declaração Simplificada de Importação (DSI), registrada no SISCOMEX. A DSI será instruída com a relação dos bens, contendo descrição e valor aproximado, 2 Em setembro de 2018, foi criada a Duimp (Declaração Única de Importação), que ainda é de utilização facultativa. A Duimp é registrada no Portal Único de Comércio Exterior. Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 10 144 ==162cd3== por volume ou caixa; e o conhecimento de carga original (ou documento equivalente), consignado ao viajante ou a ele endossado. Tratamento tributário da bagagem de viajantes na importação Bagagem acompanhada O art. 33 da IN nº 1.059/2010 define precisamente como funciona a isenção sobre a bagagem acompanhada de viajante procedente do exterior. Vejamos: Art. 33. O viajante procedente do exterior poderá trazer em sua bagagem acompanhada, com a isenção dos tributos a que se refere o caput do art. 32: I - livros, folhetos,periódicos; II - bens de uso ou consumo pessoal; e III - outros bens, observado o disposto nos §§ 1º a 5º deste artigo, e os limites de valor global estabelecidos nas alíneas “a” e “b” do inciso III do art. 7º da Portaria MF nº 440, de 30 de julho de 2010. § 1o Os bens a que se refere o inciso III do caput, para fruição da isenção, submetem-se ainda aos seguintes limites quantitativos: I - bebidas alcoólicas: 12 (doze) litros, no total; II - cigarros: 10 (dez) maços, no total, contendo, cada um, 20 (vinte) unidades; III - charutos ou cigarrilhas: 25 (vinte e cinco) unidades, no total; IV - fumo: 250 gramas, no total; V - bens não relacionados nos incisos I a IV, de valor unitário inferior a US$ 10.00 (dez dólares dos Estados Unidos da América): 20 (vinte) unidades, no total, desde que não haja mais do que 10 (dez) unidades idênticas; e VI - bens não relacionados nos incisos I a V: 20 (vinte) unidades, no total, desde que não haja mais do que 3 (três) unidades idênticas. Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 11 144 A isenção, como se pode verificar, abrange livros, folhetos e periódicos; bens de uso ou consumo pessoal; e outros bens, observados limites quantitativos e limites de valor global. O viajante fará jus à isenção relativa a bens cujo valor global não exceda US$ 1.000,00, quando ingressar no território nacional pelas vias aérea ou marítima, e de US$ 500,00, quando ingressar pelas vias terrestre, fluvial ou lacustre. Para a fruição da isenção devem ser observados, ainda, os limites quantitativos relacionados no art. 33, § 1º. Como exemplo, não poderão ser importados com isenção mais de 12 litros de bebidas alcóolicas, ainda que seu preço não exceda o valor global da isenção. Vale destacar que a isenção é individual e intransferível. Alguém mais “safo” pode pensar: “Ah, eu tenho direito a US$ 500,00 de isenção! Vou viajar ao Paraguai e voltar umas 10 vezes! Daí vou trazendo tudo aos poucos!" Será que essa estratégia é capaz de prosperar? É claro que não! O direito à isenção relativa aos bens relacionados no art.33, inciso III, somente poderá ser exercido uma vez a cada intervalo de 1 (um) mês. A bagagem acompanhada de viajante que já tiver usufruído a isenção de tributos 1 (uma) vez dentro do período de 1 (um) mês, irá se sujeitar ao Regime de Tributação Especial. O Regime de Tributação Especial fica caracterizado pela incidência tão somente do Imposto de Importação, calculado pela alíquota de 50% sobre o valor tributável dos bens, e isenção de IPI, PIS/PASEP-Importação e COFINS-Importação. Agora eu pergunto: o que acontece se o valor dos bens integrantes de bagagem acompanhada exceder os limites de isenção? Aos bens compreendidos no conceito de bagagem, no montante que exceder o limite de valor global de isenção, também será aplicado o Regime de Tributação Especial. Vamos dar uma olhada no que a IN RFB nº 1.059/2010 dispõe sobre o Regime de Tributação Especial. Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 12 144 Art. 41. O regime de tributação especial é o que permite o despacho de bens integrantes de bagagem mediante a exigência tão-somente do imposto de importação, calculado pela aplicação da alíquota de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor tributável dos bens. § 1o O valor tributável a que se refere o caput corresponde ao valor: I - global que exceder o limite de isenção previsto para: a) a via de transporte, expresso no inciso III do caput do art. 33; e b) aquisição de bens em loja franca de chegada no País; ou II - dos bens a que se refere o inciso III do caput do art. 33, integrantes de bagagem: a) desacompanhada, atendidos os requisitos de que trata o caput do art. 8º; b) acompanhada de viajante que já tiver usufruído a isenção de tributos dentro do período a que se refere o § 5º do art. 33; c) de tripulante; e d) de viajante, civil ou militar, embarcado em veículo militar procedente do exterior. § 2o Os bens tributados pelo regime de que trata o caput são isentos do IPI, do PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação. E o que acontece com os bens que excedem os limites quantitativos para fruição da isenção? Aos bens que excederem os limites quantitativos, será aplicado o Regime de Tributação Comum. O Regime de Tributação Comum também será aplicado aos bens que não possam ser enquadrados como bagagem. Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 13 144 Por último, é importante mencionar que não haverá incidência de tributos no retorno ao País de bens nacionais ou nacionalizados de viajantes residentes no Brasil (artigo 30, da IN RFB nº 1.059/10) No caso de bens de origem estrangeira, a autoridade aduaneira poderá solicitar a comprovação da nacionalização, para aplicação da não-incidência. Bagagem desacompanhada Como é, afinal, o tratamento tributário da bagagem desacompanhada? Como vimos, a bagagem desacompanhada deverá chegar ao Brasil dentro dos 3 meses anteriores ou até os 6 meses posteriores à chegada do viajante e, além disso, provir do país ou dos países de estada ou de procedência do viajante. Caso esses requisitos sejam cumpridos, ela receberá isenção tributária relativamente a: i) bens de uso e consumo pessoal usados; ii) livros e periódicos. Perceba, caro (a) amigo(a), que os bens de uso e consumo pessoal novos que venham como bagagem desacompanhada não fazem jus à isenção. E se os requisitos não forem cumpridos? Nesse caso, será aplicado o Regime de Importação Comum, nos termos do que prevê o art. 44, inciso III, da IN nº 1.059/2010: Art. 44. Aplica-se o regime comum de importação aos bens trazidos por viajante: I - que não sejam passíveis de enquadramento como bagagem, conforme disposto no inciso II do caput e no § 3o do art. 2o, e no art. 19; II - que excedam os limites quantitativos de que tratam os §§ 1o a 4o do art. 33; ou III - integrantes de bagagem desacompanhada, quando não atendidas as condições estabelecidas no caput do art. 8o Pode acontecer, todavia, de o não cumprimento dos requisitos ter ocorrido em virtude de circunstâncias alheias à vontade do viajante. Caso seja esse o fator que levou ao descumprimento dos requisitos, será concedida a isenção. Agora, pense comigo! A bagagem desacompanhada faz jus à isenção relativamente aos bens de uso e consumo pessoal usados e aos livros e periódicos. Mas e quanto a “outros bens”, que não possam ser enquadrados como de uso e consumo pessoal, tampouco sejam livros e periódicos? Qual o tratamento tributário a eles aplicável? Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 14 144 Para esses “outros bens”, ao contrário do que existe para a bagagem acompanhada, não há um limite de isenção. Esses “outros bens”, quando ingressarem no País como bagagem desacompanhada e, desde que cumpridos os requisitos aplicáveis a esse tipo de bagagem, irão se submeter ao Regime de Tributação Especial. Bagagem de tripulantes A bagagem dos tripulantes beneficia-se da isenção apenas em relação a bens de uso ou consumo pessoal, livros e periódicos. Assim, o tripulante não se beneficia dos limites de isenção aplicável a “outros bens”. Tratamento tributário da bagagem na exportação Osbens integrantes de bagagem, acompanhada ou desacompanhada, de viajante que se destine ao exterior estão isentos de tributos. Será dado o tratamento de bagagem a outros bens adquiridos no País, levados pessoalmente pelo viajante para o exterior, até o limite de US$ 2,000.00 ou o equivalente em outra moeda. Nesse caso, o despacho de exportação será realizado com base em nota fiscal de aquisição. Pergunta-se: e os bens levados por viajante que não sejam passíveis de enquadramento como bagagem? E os bens adquiridos no País em valor superior a US$ 2.000,00? Simples. Aos bens que não possam ser enquadrados como bagagem ou que superem o limite de US$ 2.000,00 será aplicado o regime comum de exportação, ou, no caso de viajante residente no País, o regime de exportação temporária. Outras disposições Chamo a sua atenção para outros dois dispositivos do Regulamento Aduaneiro! São os artigos do art. 162 e art. 163, do R/A: Art. 162. Sem prejuízo do disposto no art. 157, o brasileiro ou o estrangeiro residente no País, que tiver permanecido no exterior por período superior a um ano, ou o estrangeiro que ingressar no País para nele residir, de forma permanente, terá direito à isenção relativa aos seguintes bens, novos ou usados: I - móveis e outros bens de uso doméstico; e Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 15 144 II - ferramentas, máquinas, aparelhos e instrumentos, necessários ao exercício de sua profissão, arte ou ofício, individualmente considerado. Art. 163. Os cientistas, engenheiros e técnicos, brasileiros ou estrangeiros, radicados no exterior, terão direito à isenção referida no art. 162, sem a necessidade de observância do prazo de permanência ali estabelecido, desde que: I - a especialização técnica do interessado esteja enquadrada em resolução baixada pelo CNPq, antes de sua chegada ao País; II - o regresso ao País decorra de convite do CNPq; e III - o interessado se comprometa, perante o CNPq, a exercer sua profissão no País durante o prazo mínimo de cinco anos, a partir da data do desembaraço dos bens. O art. 162 do R/A prevê isenção tributária para duas pessoas diferentes: i) brasileiro/estrangeiro residente no País, que tiver permanecido no exterior por período superior a um ano; e ii) estrangeiro que ingressar no Brasil para residir de forma permanente. Essas pessoas farão jus à isenção relativa a móveis e outros bens de uso doméstico e ferramentas, máquinas, aparelhos e instrumentos necessários ao exercício de sua profissão, arte ou ofício. O art. 163 do R/A prevê a mesma isenção para os cientistas, engenheiros e técnicos, brasileiros ou estrangeiros, radicados no exterior. Estas pessoas não precisarão observar o prazo mínimo de permanência no exterior para fazer jus à isenção, desde que cumpridas certas condições elencadas na norma. No mais, vale destacar que o artigo 168, do Regulamento Aduaneiro, traz autorização expressa para que a Receita Federal edite atos normativos destinados a implementar as disposições pertinentes ao tratamento conferido à bagagem de viajante. (Questão Inédita) A bagagem desacompanhada está isenta do pagamento do imposto, relativamente a bens de uso ou consumo pessoal; livros, folhetos e periódicos; e outros bens, observados os limites, quantitativos ou de valor global, os termos e as condições estabelecidos em ato do Ministério da Fazenda. Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 16 144 Comentários A bagagem desacompanhada receberá isenção tributária relativamente a bens de uso e consumo pessoal usado e a livros e periódicos. Não se aplica a isenção a “outros bens” constantes da bagagem desacompanhada. Gabarito: errada (Questão Inédita) O Regime de Tributação Especial será aplicado aos bens constantes de bagagem desacompanhada não sujeitos a isenção, desde que observados os prazos e condições estabelecidos no Regulamento Aduaneiro. Comentários Caso cumpridos os prazos e condições estabelecidos no Regulamento Aduaneiro para a bagagem desacompanhada, esta irá se submeter ao Regime de Tributação Especial, no que se refere aos bens não sujeitos a isenção. Caso os prazos e condições não sejam cumpridos, será aplicado o Regime de Importação Comum. Gabarito: certa (Questão Inédita) De acordo com o Regulamento Aduaneiro, são bens de uso ou consumo pessoal os artigos de vestuário, higiene e demais bens de caráter manifestamente pessoal. Comentários De fato, são bens de uso ou consumo pessoal os artigos de vestuário, higiene e demais bens de caráter manifestamente pessoal (art. 155, inciso IV, do R/A). Gabarito: certa Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 17 144 ABANDONO DE MERCADORIAS Declaração de abandono A primeira pergunta que nós fazemos nesse momento é a seguinte: quando uma mercadoria é considerada abandonada? A resposta nos é dada pelo art. 642, do Regulamento Aduaneiro. Vejamos a literalidade da norma, seguida de explicações! Art. 642. Considera-se abandonada a mercadoria que permanecer em recinto alfandegado sem que o seu despacho de importação seja iniciado no decurso dos seguintes prazos: I - noventa dias: a) da sua descarga; e b) do recebimento do aviso de chegada da remessa postal internacional sujeita ao regime de importação comum; II - quarenta e cinco dias: a) após esgotar-se o prazo de sua permanência em regime de entreposto aduaneiro; b) após esgotar-se o prazo de sua permanência em recinto alfandegado de zona secundária; e c) da sua chegada ao País, trazida do exterior como bagagem, acompanhada ou desacompanhada; e III - sessenta dias da notificação a que se refere o art. 640. § 1o Considera-se também abandonada a mercadoria que permaneça em recinto alfandegado, e cujo despacho de importação: I - não seja iniciado ou retomado no prazo de trinta dias da ciência: Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 18 144 a) da relevação da pena de perdimento aplicada; ou b) do reconhecimento do direito de iniciar ou de retomar o despacho; ou II - tenha seu curso interrompido durante sessenta dias, por ação ou por omissão do importador. § 2o O prazo a que se refere a alínea “b” do inciso II do caput é de setenta e cinco dias, contados da data de entrada da mercadoria no recinto. § 3o Na hipótese em que a mercadoria a que se refere a alínea “c” do inciso II do caput que não se enquadre no conceito de bagagem, aplicam-se os prazos referidos na alínea “a” do inciso I do caput ou na alínea “b” do inciso II do caput, conforme o caso. § 4o No caso de bagagem de viajante saindo da Zona Franca de Manaus para qualquer outro ponto do território aduaneiro, o prazo estabelecido na alínea “c” do inciso II do caput será contado da data de embarque do viajante. I. O inciso I dispõe que será considerada abandonada a mercadoria que permanecer em recinto alfandegado sem que seu despacho seja iniciado dentro de 90 dias da descarga ou dentro de 90 dias do recebimento de aviso de remessa postal internacional sujeita ao regime de importação comum. No primeiro caso, a mercadoria chegou ao Brasil e foi descarregada em um porto alfandegado ou aeroporto alfandegado. No entanto, passados 90 dias da descarga,o importador não deu início ao despacho de importação. No segundo caso, o destinatário de remessa postal internacional não deu início ao despacho de importação dentro de 90 dias do aviso de recebimento. Perceba que, nessa hipótese, seria necessário que o destinatário da remessa postal internacional procedesse ao registro da DI, pois aplicável o regime de importação comum. Recorde-se que são submetidas ao regime de importação comum as remessas postais internacionais cujo valor global exceda US$ 3.000,00 ou caso o produto seja bebida alcóolica ou produto de tabacaria. II. O inciso II, por sua vez, diz respeito a três situações em que o despacho de importação dever ser iniciado dentro de 45 dias, sob pena de a mercadoria ser considerada abandonada. Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 19 144 Na primeira situação (alínea “a”), a mercadoria se considerada abandonada 45 dias após o encerramento do prazo de permanência em regime de entreposto aduaneiro. O prazo de vigência do entreposto aduaneiro é de 1 (um) ano, prorrogável por igual período. Pois bem, findo esse prazo, começa-se a contar 45 dias. Caso não haja uma destinação para a mercadoria, ela será considerada abandonada. Na segunda situação (alínea “b”), a mercadoria se considera abandonada 45 dias após esgotar-se o prazo de permanência em recinto alfandegado de zona secundária. Conforme vocês já sabem, as mercadorias podem ficar armazenadas em um porto seco, normalmente situado na zona secundária. O prazo de permanência das mercadorias em recinto alfandegado de zona secundária é de 75 dias. Terminado esse prazo, a mercadoria será considerada abandonada se, dentro de 45 dias, não for dado início ao despacho de importação. Na terceira situação (alínea “c”), a bagagem acompanhada ou desacompanhada chegou ao Brasil e, após 45 dias de sua chegada, não foi iniciado o despacho de importação. É importante mencionar que, caso a mercadoria não seja enquadrada como bagagem, o prazo para que seja iniciado o despacho de importação e, assim, evitada a aplicação da pena de perdimento, será de 90 dias da sua descarga. III. O inciso III faz referência ao art. 640, do R/A. Trata-se de situação em que, ocorrido naufrágio ou outro acidente similar, a mercadoria transportada no veículo é encaminhada à RFB. Quando isso ocorrer, o titular da unidade da RFB notificará o interessado para, no prazo de 60 dias, promover o despacho da mercadoria, sob pena de ser considerada abandonada. IV. O parágrafo 1º do art. 642 faz referência a mais três situações de abandono de mercadorias. Na primeira situação (inciso I, alínea “a”), a mercadoria será considerada abandonada caso o despacho de importação não seja iniciado ou retomado no prazo de 30 dias da ciência da relevação da pena de perdimento. A relevação pena de perdimento é objeto de estudo em tópico específico. Em termos gerais, saibam que é possível que a pena de perdimento seja relevada, nos termos dos artigos 736 e 737 do Regulamento Aduaneiro, caso não tenha havido falta ou insuficiência de recolhimento de tributos. Nessa situação, o despacho deve ser reiniciado ou retomado dentro de 30 dias após a ciência do interessado, sob pena de a mercadoria ser considerada abandonada. Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 20 144 Na segunda situação (inciso I, alínea “b”), a mercadoria será considerada abandonada caso o despacho de importação não seja iniciado ou retomado no prazo de 30 dias do reconhecimento do direito de iniciar ou de retomar o despacho. Quando a mercadoria é considerada abandonada, tem início o processo administrativo para aplicação da pena de perdimento. Nesse contexto, antes que seja efetivamente aplicada a pena de perdimento, o importador pode solicitar que lhe seja reconhecido o direito de iniciar ou retomar o despacho, nos termos do artigo 643, do Regulamento Aduaneiro. Nesse caso, o despacho deve ser iniciado ou retomado dentro de trinta dias, sob pena de a mercadoria ser considerada novamente abandonada. Na terceira situação (inciso I, alínea “c”), a mercadoria será considerada abandonada se o despacho de importação for interrompido durante 60 dias, por ação ou omissão do importador. Lembrem-se que, quando a RFB constata, durante a conferência aduaneira, alguma ocorrência que impeça o prosseguimento do despacho, este tem o seu curso interrompido após o registro da exigência correspondente pelo Auditor-Fiscal, em conformidade com o disposto no artigo 570 do Regulamento Aduaneiro. Nesse caso, se o importador permanecer inerte por sessenta dias, a mercadoria será considerada abandonada. Ufa! Terminei de explicar o art. 642... Vejamos, agora, outras hipóteses de abandono de mercadorias, as quais estão previstas no artigo 644, do R/A! Observação: as hipóteses do art. 644, R/A não configuram dano ao erário, pelo que se sujeitam tão comente à declaração de abandono por parte da autoridade aduaneira, conforme esclarece o §4º, do mesmo artigo 644. Art. 644. Serão declarados abandonados os bens que permanecerem em recinto alfandegado sem que o seu despacho de importação seja iniciado em noventa dias: I - da descarga, quando importados por órgãos da administração pública direta, de qualquer nível, ou suas autarquias, missões diplomáticas, repartições consulares ou representações de organismos internacionais, ou por seus funcionários, peritos, técnicos e consultores, estrangeiros; ou Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 21 144 II - do recebimento do aviso de chegada da remessa postal sujeita ao regime de tributação simplificada, quando caída em refugo e com instruções do remetente de não-devolução ao exterior. § 1º Serão também declarados abandonados os bens: I - adquiridos em licitação e que não forem retirados no prazo de trinta dias da data de sua aquisição; II - ingressados no recinto alfandegado, ao amparo do regime de que trata o art. 102-A, decorrido o prazo de trinta dias: a) de sua permanência no recinto, sem que tenha sido iniciado o respectivo despacho aduaneiro; ou b) da interrupção do curso do despacho, por ação ou por omissão do habilitado; ou III - na hipótese a que se refere o § 10 do art. 367, se não for efetuado o pagamento da multa exigida no prazo de trinta dias da interrupção do curso do despacho de reexportação. Nessas hipóteses do artigo 644, do Regulamento Aduaneiro, enquanto não consumada a destinação, a mercadoria poderá ser despachada ou desembaraçada, desde que indenizada previamente a Fazenda Nacional pelas despesas realizadas, exceto no caso do inciso II (bens ingressados em recinto alfandegado ao amparo do regime de que trata o artigo 102-A do R/A). O art. 102-A, do Regulamento Aduaneiro, trata do Regime de Tributação Unificada. Nos termos do inciso II supratranscrito, as mercadorias ingressadas em recinto alfandegado ao amparo do RTU serão consideradas abandonadas decorrido o prazo de 30 (trinta) dias da permanência no recinto sem que seja iniciado o despacho aduaneiro ou 30 (trinta) dias da interrupção do despacho, por ação ou omissão do habilitado no regime. Nesse caso, a mercadoria será declarada abandonada pela autoridade aduaneira e ficará disponível para destinação. Consequências do abandono de mercadorias Quando tiverem sido decorridos os prazos previstos no art. 642 e art. 644, sem que o importador tenha iniciado o despachode importação, as mercadorias serão consideradas abandonadas. Nesse caso, o depositário fará uma comunicação dentro de 5 (cinco) dias à unidade da RFB com jurisdição sobre o recinto alfandegado. Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 22 144 ==162cd3== Agora veja! Essas mercadorias ficaram armazenadas no recinto alfandegado sem que ninguém as tenha reclamado. Quem vai pagar a taxa de armazenagem da mercadoria durante todo esse tempo? Será que o depositário vai sair no prejuízo? Caso a comunicação do depositário tenha sido feita dentro do prazo (cinco dias após a mercadoria ser considerada abandonada!), o Regulamento Aduaneiro prevê que a RFB efetuará o pagamento, ao depositário, da tarifa de armazenagem até a data em que retirar a mercadoria. Se a comunicação do depositário não tiver sido feita dentro do prazo estipulado, o Regulamento Aduaneiro prevê que a RFB somente pagará a taxa de armazenagem até o termino do referido prazo, mesmo que a mercadoria venha a ser posteriormente alienada. Essa regra existe para evitar que a inércia do depositário possa onerar os cofres da União. Se a RFB não recebe a comunicação, ela não tem como providenciar a retirada da mercadoria e a armazenagem se prolonga no tempo, gerando taxas mais elevadas. Art. 647. Decorridos os prazos previstos nos arts. 642 e 644, sem que tenha sido iniciado o despacho de importação, o depositário fará, em cinco dias, comunicação à unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o recinto alfandegado, relacionando as mercadorias e mencionando todos os elementos necessários à identificação dos volumes e do veículo transportador. § 1º Feita a comunicação dentro do prazo previsto, a Secretaria da Receita Federal do Brasil, com os recursos provenientes do Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização, efetuará o pagamento, ao depositário, da tarifa de armazenagem devida até a data em que retirar a mercadoria. § 2º Caso a comunicação não seja efetuada no prazo estipulado, somente será paga pela Secretaria da Receita Federal do Brasil a armazenagem devida até o término do referido prazo, ainda que a mercadoria venha a ser posteriormente alienada. Vale destacar, no entanto, que o pagamento dessas tarifas de armazenagem é contestado, atualmente, pela Receita Federal, inclusive em juízo, via Procuradoria da Fazenda Nacional. Com efeito, há casos de pedidos administrativos de pagamento que vêm sendo negados com base nos pareceres PGFN/CJU/COJLC 825/2012 e 593/2013. Pois bem. Uma vez declarada abandonada, a mercadoria será objeto de processo para aplicação da pena de perdimento. Segundo o art. 689, inciso XXI, do R/A, será aplicada pena de perdimento Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 23 144 sobre a mercadoria importada e que for considerada abandonada pelo decurso do prazo de permanência em recinto alfandegado. Entretanto, conforme comentei, trata-se de processo administrativo destinado a aplicar a pena de perdimento, após contraditório e julgamento. A pena de perdimento não é aplicada de imediato, portanto, logo que fica configurado o abandono. Desse modo, é possível que, antes de aplicada a pena de perdimento, o importador dê início ou retome o despacho de importação (direito de iniciar ou retomar o despacho). Nesse caso, o importador deverá arcar com o pagamento dos tributos incidentes na importação, acrescidos de juros e de multa de mora, além das despesas decorrentes da armazenagem da mercadoria em recinto alfandegado. Lembrem-se que o importador tem o prazo de trinta dias para adotar as providências necessárias, contados a partir da ciência da decisão que lhe reconheceu o direito de iniciar ou retomar o despacho, sob pena de ficar configurado novo abandono. (Questão Inédita) Considera-se abandonada a mercadoria que permanecer em recinto alfandegado sem que o seu despacho de importação seja iniciado no decurso do prazo de 45 dias do recebimento do aviso de chegada da remessa postal internacional sujeita ao regime de importação comum. Comentários No caso de recebimento de aviso de chegada de remessa postal internacional sujeita ao regime de importação comum, o prazo para que a mercadoria seja considerada abandonada é de 90 dias. Gabarito: errada (Questão Inédita) Será considerada abandonada a mercadoria que permanecer em recinto alfandegado sem que o seu despacho de importação seja iniciado no decurso do prazo de 45 dias após a admissão em regime de entreposto aduaneiro. Comentários Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 24 144 O prazo de 45 dias para que a mercadoria seja considerada abandonada começa a contar do término do prazo de permanência no regime de entreposto aduaneiro. Gabarito: errada (Questão Inédita) Será considerada abandonada a mercadoria que permaneça em recinto alfandegado, e cujo despacho de importação tenha seu curso interrompido durante 60 (sessenta) dias, por ação ou por omissão do importador. Comentários É o que dispõe o art. 642, § 1º, inciso II, do R/A. Se o despacho ficar interrompido durante 60 dias, por ação ou omissão do importador, a mercadoria será considerada abandonada. Gabarito: certa Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 25 144 EXTRAVIO E AVARIA DE MERCADORIAS O art. 649 do Regulamento Aduaneiro define os conceitos de avaria, extravio e acréscimo, que apresentamos a seguir. Perceba, caro(a) amigo(a), que esses conceitos são bem intuitivos! I. Avaria: qualquer prejuízo que sofrer a mercadoria ou o seu envoltório. Será considerada total a avaria que acarrete a descaracterização da mercadoria; II. Extravio: toda e qualquer falta de mercadoria, ressalvados os casos de erro inequívoco ou comprovado de expedição; III. Acréscimo: qualquer excesso de volume ou de mercadoria, em relação à quantidade registrada em manifesto ou em declaração de efeito equivalente. O conceito de extravio, conforme explanado acima, é uma das novidades do Decreto nº 8.010/2013. Ele já havia sido estabelecido pela Lei nº 12.350/2010, sendo incorporado, em 2013, ao Regulamento Aduaneiro. Atualmente, o extravio refere-se a toda e qualquer falta de mercadoria, ressalvados os casos de erro inequívoco ou comprovado de expedição. Assim, não deve considerado extravio o fato de uma mercadoria não ter chegado ao Brasil porque foi expedida incorretamente para os EUA, por exemplo. A Lei nº 12.350/2010 já havia extinguido, implicitamente, o processo de vistoria aduaneira. Posteriormente, com a publicação do Decreto nº 8.010/2013, a vistoria aduaneira foi definitivamente extinta. Tratava-se de procedimento destinado a verificar a ocorrência de avaria ou extravio de mercadoria estrangeira entrada no território aduaneiro, a identificar o responsável e a apurar o crédito tributário dele exigível. Apesar de a vistoria aduaneira ter sido extinta, ainda é relevante a constatação do extravio ou avaria de mercadorias. É necessário saber qual o tratamento tributário em cada um desses casos (avaria ou extravio), afinal o responsável pelo extravio deve responder pelo pagamento dos tributos devidos. Equipe Comércio Exterior eLegislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 26 144 No caso de avaria de mercadoria, a solução nos é dada pelo art. 89, do Regulamento Aduaneiro, que determina que, para efeito de cálculo do Imposto de Importação, o valor aduaneiro da mercadoria será reduzido proporcionalmente ao prejuízo, a pedido do interessado. Suponha, por exemplo, que o valor aduaneiro de uma máquina seja R$ 100.000,00, mas que ela tenha sofrido uma avaria que reduz o seu valor em R$ 30.000,00. O “novo” valor aduaneiro, que servirá como base para o cálculo do Imposto de Importação será, então, de R$ 70.000,00. Quanto ao extravio, o tratamento tributário é o que está previsto no art. 660, do Regulamento Aduaneiro: Art. 660. Os créditos relativos aos tributos e direitos correspondentes às mercadorias extraviadas na importação, inclusive multas, serão exigidos do responsável por meio de lançamento de ofício, formalizado em auto de infração, observado o disposto no Decreto nº 70.235, de 1972. §1º Para os efeitos do disposto no caput, considera-se responsável: I - o transportador, quando constatado o extravio até a conclusão da descarga da mercadoria no local ou recinto alfandegado, observado o disposto no art. 661; ou II - o depositário, quando o extravio for constatado em mercadoria sob sua custódia, em momento posterior ao referido no inciso I. §2º Fica dispensado o lançamento de ofício de que trata o caput na hipótese de o importador ou de o responsável assumir espontaneamente o pagamento dos créditos. Não é porque a mercadoria foi extraviada que os tributos não serão exigidos. Eles serão exigidos do responsável, isto é, daquele que tiver dado causa ao extravio (transportador ou depositário). No entanto, não é mais necessário um procedimento administrativo tendente a apurar a responsabilidade pelo extravio. Segundo a legislação em vigor, basta que a autoridade aduaneira realize o lançamento de ofício, formalizado em auto de infração. É claro que a autoridade aduaneira deverá, de alguma forma, verificar a ocorrência do extravio. Mas, afinal, como é que a Receita Federal consegue apurar a responsabilidade pelo extravio? Basicamente, quando as mercadorias são entregues pelo transportador ao depositário, este deverá, caso constatado o extravio, lavrar um termo em que registre a ocorrência. Se o depositário não fizer nenhum registro e, posteriormente, verificar-se o extravio da mercadoria, a Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 27 144 responsabilidade pelo pagamento dos tributos recairá sobre ele. Em sentido oposto, caso seja lavrado pelo depositário termo constatando o extravio, a responsabilidade será do transportador. Os artigos 661, 662 e 663 nos ilustram melhor como a autoridade aduaneira irá verificar de quem é a responsabilidade pelo extravio de mercadoria: Art. 661. Para efeitos fiscais, é responsável o transportador quando: I - constatado que houve, após o embarque, substituição de mercadoria; II - houver extravio de mercadoria em volume descarregado com indícios de violação; ou III - o volume for descarregado com peso ou dimensão inferior ao constante no conhecimento de carga, no manifesto ou em documento de efeito equivalente. Art. 662. Para efeitos fiscais, o depositário responde por extravio de mercadoria sob sua custódia. Parágrafo único. Presume-se a responsabilidade do depositário no caso de volumes recebidos sem ressalva ou sem protesto. Art. 663. Para efeitos fiscais, as entidades da administração pública indireta e as empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público, quando depositárias ou transportadoras, respondem por extravio de mercadoria sob sua custódia. Os responsáveis pelo extravio de mercadoria poderão ser o transportador ou o depositário. O depositário responderá pelo extravio de mercadoria que estiver sob sua custódia. Sua responsabilidade começa no momento em que ele recebe as mercadorias do transportador. Caso ele tenha recebido os volumes sem qualquer ressalva ou protesto e, posteriormente, as mercadorias não apareçam (sejam extraviadas), será ele o responsável pelo pagamento dos tributos incidentes na importação. A autoridade aduaneira efetuará o lançamento de ofício, lavrando auto de infração que recairá sobre o depositário. O transportador, por sua vez, é responsável pelas mercadorias desde momento em que recebe as mercadorias no país de origem ou procedência até o momento em que ele as entrega ao depositário. Ao receber as mercadorias no exterior, o transportador deverá verificar se os volumes são exatamente os mesmos que constam no conhecimento de carga, manifesto ou outro documento de efeito equivalente. Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 28 144 ==162cd3== Se um volume for descarregado no Brasil com dimensão ou peso diferente do previsto no conhecimento de carga, a responsabilidade será do transportador. Da mesma forma, o transportador será responsável se um volume for descarregado com indícios de violação. Ou, ainda, será responsável o transportador quando for constado que houve, após o embarque, substituição de mercadoria. A responsabilidade pelo extravio de mercadoria poderá, nos termos do art. 664, do Regulamento Aduaneiro, ser excluída nas hipóteses de caso fortuito ou força maior. São, afinal, situações que fogem do controle do transportador ou do depositário. Entendemos, por exemplo, que um roubo de carga pode ser enquadrado como hipótese de força maior, desde que, é claro, o depositário ou transportador tenham adotado as cautelas devidas. Nessa situação, parece-nos justo que seja excluída a responsabilidade pelo extravio. O lançamento de ofício destinado a exigir os tributos e multa pelo extravio de mercadoria poderá ser dispensado. Isso ocorrerá quando o importador ou o responsável (transportador ou depositário) assumir, espontaneamente, o pagamento dos créditos. Anotem, por fim, que, tanto a avaria quanto o extravio são hipóteses que justificam a restituição de tributos. No caso da avaria, como o valor da mercadoria é reduzido proporcionalmente, o valor dos tributos também diminui. Desse modo, se o importador já tiver feito o pagamento pelo valor integral, será devida a restituição da diferença proporcional à avaria. No extravio, por outro lado, os tributos são cobrados integralmente do responsável (transportador ou depositário). Assim, se o importador já tiver feito o recolhimento dos tributos quando for constatado o extravio, será devida a ele a restituição integral do crédito tributário. Vale destacar, aliás, que, nesse último caso, a restituição dos tributos recolhidos pelo importador não fica condicionada ao recolhimento que deve ser promovido pelo responsável, conforme esclarece o artigo 110, §1º, do Regulamento Aduaneiro. (Questão Inédita) O depositário será responsável quando houver extravio de mercadoria em volume descarregado com indícios de violação. Comentários Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 29 144 No caso de extravio de mercadoria em volume descarregado com indícios de violação, a responsabilidade será do transportador. Gabarito: errada (Questão Inédita) A autoridade aduaneira, ao verificar a ocorrência de extravio de mercadoria,efetuará o lançamento de ofício, exigindo do responsável o pagamento dos tributos devidos. É possível que o lançamento de ofício seja dispensado caso o importador assuma, espontaneamente, o pagamentos dos créditos. Comentários A exigência dos créditos decorrentes de extravio de mercadoria será efetuada mediante lançamento de ofício, formalizado por auto de infração. Caso o importador ou o responsável (transportador ou depositário) assuma, espontaneamente, o pagamento dos créditos, o lançamento de ofício será dispensado. Gabarito: certa (Questão Inédita) A responsabilidade pelo extravio de mercadoria pode ser excluída nas hipóteses de caso fortuito ou força maior. Comentários O caso fortuito e a força maior são circunstâncias que excluem a responsabilidade pelo extravio de mercadoria. Gabarito: certa Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 30 144 ATIVIDADES RELACIONADAS AOS SERVIÇOS ADUANEIROS O art. 808 do Regulamento Aduaneiro relaciona as atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de mercadorias. Art. 808. São atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de mercadorias, inclusive bagagem de viajante, na importação, na exportação ou na internação, transportadas por qualquer via, as referentes a: I - preparação, entrada e acompanhamento da tramitação e apresentação de documentos relativos ao despacho aduaneiro; II - subscrição de documentos relativos ao despacho aduaneiro, inclusive termos de responsabilidade; III - ciência e recebimento de intimações, de notificações, de autos de infração, de despachos, de decisões e de outros atos e termos processuais relacionados com o procedimento de despacho aduaneiro; IV - acompanhamento da verificação da mercadoria na conferência aduaneira, inclusive da retirada de amostras para assistência técnica e perícia; V - recebimento de mercadorias desembaraçadas. Como se pode verificar, todas as atividades acima relacionadas estão intimamente ligadas ao despacho de importação ou de exportação de mercadorias, inclusive o de bagagem de viajantes. São atividades realizadas diretamente pelo importador/exportador ou por seus representantes legais. E quem pode representar o importador ou exportador nessas atividades? São várias as pessoas que podem representar o importador e o exportador no exercício dessas atividades, assim como em outras operações de comércio exterior: a) o dirigente ou empregado com vínculo empregatício exclusivo com o interessado, munido de mandato que lhe outorgue plenos poderes para o mister, sem cláusulas excludentes da responsabilidade do outorgante mediante ato ou omissão do outorgado, no caso de operações efetuadas por pessoas jurídicas de direito privado; b) o funcionário ou servidor, especialmente designado, no caso de operações efetuadas por órgão da administração pública direta ou autárquica, federal, Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 31 144 estadual ou municipal, missão diplomática ou repartição consular de país estrangeiro ou representação de órgãos internacionais; c) o empresário, o sócio da sociedade empresária ou pessoa física nomeada pelo habilitado, nos casos de importações ao amparo do Regime de Tributação Unificada; d) o próprio interessado, no caso de operações efetuadas por pessoas físicas; e e) o despachante aduaneiro, em qualquer caso. As operações de importação e exportação dependem de prévia habilitação do responsável legal da pessoa jurídica interessada, bem como do credenciamento das pessoas físicas que atuarão em seu nome no exercício dessas atividades, de conformidade com o estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Vamos, agora, entender a atuação de alguns profissionais que laboram no comércio exterior. Despachante Aduaneiro O despachante aduaneiro é o profissional competente para realizar, em nome dos seus representados, os atos relacionados ao despacho aduaneiro de bens ou de mercadorias. Na execução dessas atividades, o despachante aduaneiro tem ampla liberdade para contratar seus honorários profissionais. Em outras palavras, os honorários dos despachantes aduaneiros não são pré-fixados em normas ou regulamentos. Existe, também, a figura do ajudante de despachante aduaneiro, que poderá estar tecnicamente subordinado a um despachante aduaneiro. O ajudante de despachante tem atribuições mais limitadas que as do despachante. Com efeito, o despachante aduaneiro pode realizar todas as atividades relacionadas ao despacho aduaneiro listadas no artigo 808 do R/A (já transcrito acima), ao passo que ao ajudante de despachante aduaneiro é permitida a prática apenas das atividades mencionadas nos incisos I, IV e V do art. 808 do R/A. Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 32 144 O exercício da profissão de despachante aduaneiro somente será permitido à pessoa física inscrita no Registro de Despachantes Aduaneiros, mantido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. A inscrição nesse registro depende de pedido do interessado, atendidos, ainda, os seguintes requisitos: a) comprovação de inscrição há pelo menos dois anos no Registro de Ajudantes de Despachantes Aduaneiros, mantido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil; b) ausência de condenação, por decisão transitada em julgado, à pena privativa de liberdade; c) inexistência de pendências em relação a obrigações eleitorais e, se for o caso, militares; d) maioridade civil e nacionalidade brasileira; e) formação de nível médio; e f) aprovação em exame de qualificação técnica; Destaque-se, ainda, que é vedado o exercício da atividade de despachante ou ajudante de despachante a quem exerce cargo, emprego ou função pública. A Receita Federal do Brasil (RFB) é o órgão competente para editar as normas necessárias para a regulamentação das atividades do despachante aduaneiro e do ajudante de despachante. Além disso, também é responsável por dar publicidade de informações acerca dos despachantes e ajudantes de despachantes inscritos no registro. A competência para proceder à inscrição do interessado no Registro de Despachantes Aduaneiros e no Registro de Ajudantes de Despachantes Aduaneiros, especificamente, pertence ao chefe da unidade da Secretaria da Receita Federal com jurisdição aduaneira sobre o domicílio do requerente. Operador de Transporte Multimodal (OTM) A Lei nº 9.611/98 versa sobre o transporte multimodal de cargas e sobre o operador de transporte multimodal (OTM). Nos termos dessa lei, transporte multimodal de cargas é aquele que, regido por um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade única de um operador de transporte multimodal. Mas como assim? É simples, pessoal! Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 33 144 Imagine que você tenha uma empresa em Campinas (interior de São Paulo) e vá fazer uma importação de mercadorias. Então você celebra um contrato de transporte com a prestadora de serviços Estratégia Transportes e Cargas S/A. Esse contrato prevê que a Estratégia será responsável por trazer a mercadoria de navio até o Porto de Santos e, depois, levá-la a Campinas por meio de transporte rodoviário. Veja: temos um único contrato,com duas modalidades de transporte diferentes, e um único prestador de serviços. Trata-se de um transporte multimodal de cargas. A empresa Estratégia Transportes e Cargas S/A, para realizá-lo, tem que ser um OTM. O OTM é uma pessoa jurídica contratada como principal para a realização do transporte multimodal de cargas da origem até o destino, por meios próprios ou por intermédio de terceiros. Além do transporte em si, o contrato firmado com um OTM pode compreender, ainda, os serviços de coleta, unitização, desunitização, movimentação, armazenagem e entrega de carga ao destinatário, bem como a realização dos serviços correlatos que forem contratados entre a origem e o destino, inclusive os de consolidação e desconsolidação documental de cargas. O exercício da atividade de operador de transporte multimodal, no transporte multimodal internacional de cargas, depende de habilitação prévia e registro junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, e de habilitação pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, para fins de controle aduaneiro. Há duas espécies de habilitação do operador de transporte multimodal perante a ANTT, distintas em razão da abrangência do registro: a) Nacional e Internacional: para atuação no Brasil e no exterior, à exceção do MERCOSUL. b) MERCOSUL: para que possa atuar nos países do MERCOSUL; A habilitação perante a Receita Federal, concedida pelo prazo de dez anos, prorrogável por igual período, depende de comprovação da inscrição no registro mantido pela ANTT. O contrato de transporte multimodal se torna eficaz com a emissão do Conhecimento de Transporte Multimodal de Cargas – CTMC e o recebimento da carga pelo OTM. Com a emissão do Conhecimento, o OTM assume perante o contratante a responsabilidade: a) pela execução dos serviços de transporte multimodal de cargas, por conta própria ou de terceiros, do local em que as receber até a sua entrega no destino; b) pelos prejuízos resultantes de perda, danos ou avaria às cargas sob sua custódia, assim como pelos decorrentes de atraso em sua entrega, quando houver prazo acordado. Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 34 144 O OTM também assume responsabilidade tributária perante os órgãos fazendários, a qual se inicia com a concessão do regime de trânsito aduaneiro até o momento da entrega da mercadoria ou carga em recinto alfandegado de destino. Veja: é bem comum que o transporte da carga pelo OTM compreenda, além de um trecho internacional, um trecho interno. Esse trecho interno será feito ao amparo do regime de trânsito aduaneiro. Destaque-se que trânsito aduaneiro é um regime aduaneiro especial por meio do qual as mercadorias são transportadas pelo território nacional, sob controle aduaneiro, com suspensão de tributos. Responsabilidade do OTM perante o contratante: cobre o período compreendido entre o recebimento da carga e a entrega ao destinatário. Responsabilidade do OTM perante os órgãos fazendários: subsiste desde a concessão do regime de trânsito aduaneiro até o momento da entrega da mercadoria em recinto alfandegado de destino. Lembrem-se, no mais, que o expedidor, o operador de transporte multimodal ou qualquer subcontratado para a realização do transporte multimodal, são indicados como responsáveis solidários pelo pagamento do Imposto de Importação, nos termos do atigo 106, inciso V, do Regulamento Aduaneiro. Agentes de Unitização e Desunitização As operações de unitização e desunitização de cargas, quando realizadas em locais e recintos alfandegados, serão feitas somente por agentes previamente credenciados pela Receita Federal do Brasil (RFB). São os chamados agentes de unitização e desunitização. Mas agora a pergunta que não quer calar: o que são operações de unitização e desunitização de cargas? Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 35 144 As principais unidades de carga são os contêineres, os quais têm um espaço considerável para armazenamento de mercadorias. Suponha que você tenha uma empresa e vá exportar 300 pares de sapato. Isso daí cabe dentro de um contêiner e sobra muito espaço! Você só precisaria, digamos, de 1/5 do contêiner. Aí você chega para o dono do navio e diz: “Aí, armador, eu queria alugar 1/5 do espaço do contêiner! Tem como?” Ele diz: “Não tem como, meu amigo! Só te alugo o contêiner inteiro!” Você: “Mas aí é caro demais!” É caro demais mesmo alugar um contêiner sozinho! É justamente por isso que surgem os agentes de unitização e desunitização. Esses agentes alugam o contêiner inteiro do armador e oferecem pequenos espaços às empresas. Moral da história: dentro de um mesmo contêiner, teremos cargas pertencentes a diversas empresas. Os agentes de unitização são, portanto, aqueles que colocam diversas cargas em uma unidade de carga maior. É o que chamamos de ova ou estufagem do contêiner. Os agentes de desunitização, por sua vez, fazem o processo inverso, ou seja, pegam a unidade de carga maior e fazem a separação das cargas. A desunitização é o que chamamos de desova do contêiner. Normalmente, as empresas que realizam as operações de unitização também fazem operações de desunitização. Perito / Assistente Técnico O Auditor Fiscal da RFB, como sabemos, é responsável por fazer a conferência aduaneira de mercadorias. Ao fazê-lo, ele se depara, por diversas vezes, com questões problemáticas. Por exemplo: a) “Meu Deus, no documento está escrito que esse é um guindaste autopropulsado com lança telescópica para transporte de contêineres de 20 e 40 pés! No entanto, eu acho que não é não! Acho que esse guindaste é outro e deveria estar classificado em outro código tarifário!” b) “O importador declarou que essa prensa usada foi comprada por US$ 50.000,00. Mas ela não está tão velha assim! Eu acho que ela vale bem mais que isso!” Diante dessas “dúvidas existenciais” do Auditor Fiscal RFB, nada melhor do que um parecer de alguém que conheça bem o assunto! Aí é que aparece o perito. O art. 813 do R/A dispõe o seguinte sobre as atividades de perícia: Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas Aula 08 Receita Federal (Analista Tributário) Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35541782848 - daniel neri dos santos tome 36 144 Art. 813. A perícia para identificação e quantificação de mercadoria importada ou a exportar, bem como a avaliação de equipamentos de segurança e sistemas informatizados, e a emissão de laudos periciais sobre o estado e o valor residual de bens, será proporcionada: I - pelos laboratórios da Secretaria da Receita Federal do Brasil; II - por órgãos ou entidades da administração pública; ou III - por entidades privadas e técnicos, especializados, previamente credenciados. Parágrafo único. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá ato normativo em que: I - regulará o processo de credenciamento dos órgãos, das entidades e dos técnicos a que se referem os incisos II e III do caput; e II - estabelecerá o responsável, o valor e a forma de retribuição pelos serviços prestados. Logo no caput do artigo, já fica bem claro quais são as atividades que podem ser realizadas pela perícia: i) identificação e quantificação de mercadoria importada ou a exportar; ii) avaliação de equipamentos de segurança e sistemas informatizados e; iii) emissão de laudos sobre o estado e valor residual dos bens. E quem faz a perícia? Novamente, pedimos socorro ao art. 813! A perícia será proporcionada: i) pelos laboratórios da RFB; ii) por órgãos ou entidades da administração pública e; iii) por entidades privadas e técnicos
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