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Aula 08
Receita Federal (Analista Tributário)
Legislação Aduaneira - 2022 (Pós-Edital)
Autor:
Equipe Comércio Exterior e
Legislação Aduaneira, Felipe
Luccas
20 de Janeiro de 2023
35541782848 - daniel neri dos santos tome
Equipe Comércio Exterior e Legislação Aduaneira, Felipe Luccas
Aula 08
Índice
..............................................................................................................................................................................................1) Bagagem e Regime Aduaneiro de Bagagem no MERCOSUL 4
..............................................................................................................................................................................................2) Abandono de Mercadorias 18
..............................................................................................................................................................................................3) Avaria e Extravio de Mercadorias 26
..............................................................................................................................................................................................4) Atividades Relacionadas aos Serviços Aduaneiros 31
..............................................................................................................................................................................................5) Representação Fiscal para Fins Penais 39
..............................................................................................................................................................................................6) Destinação de Mercadorias 42
..............................................................................................................................................................................................7) Mercadorias provenientes de acidentes 47
..............................................................................................................................................................................................8) Mercadorias presumidas idênticas 50
..............................................................................................................................................................................................9) Tráfego postal 53
..............................................................................................................................................................................................10) Tráfego de cabotagem 64
..............................................................................................................................................................................................11) Controle administrativo específico 67
..............................................................................................................................................................................................12) Questões Comentadas - Bagagem e Regime Aduaneiro de Bagagem no MERCOSUL - Multibancas 72
..............................................................................................................................................................................................13) Questões Comentadas - Abandono de Mercadorias - Multibancas 82
..............................................................................................................................................................................................14) Questões Comentadas - Extravio e Avaria de Mercadorias - Multibancas 87
..............................................................................................................................................................................................15) Questões Comentadas - Atividades Relacionadas aos Serviços Aduaneiros - Multibancas 90
..............................................................................................................................................................................................16) Questões Comentadas - Representação Fiscal para Fins Penais - Multibancas 99
..............................................................................................................................................................................................17) Questões Comentadas - Destinação de Mercadorias - Multibancas 102
..............................................................................................................................................................................................18) Questões Comentadas - Mercadorias provenientes de acidentes - Multibancas 105
..............................................................................................................................................................................................19) Questões Comentadas - Mercadorias presumidas idênticas - Multibancas 106
..............................................................................................................................................................................................20) Questões Comentadas - Tráfego postal - Multibancas 107
..............................................................................................................................................................................................21) Questões Comentadas - Tráfego de cabotagem - Multibancas 111
..............................................................................................................................................................................................22) Questões Comentadas - Controle administrativo específico - Multibancas 112
..............................................................................................................................................................................................23) Lista de Questões - Bagagem e Regime Aduaneiro de Bagagem no MERCOSUL - Multibancas 114
..............................................................................................................................................................................................24) Lista de Questões - Abandono de Mercadorias - Multibancas 120
..............................................................................................................................................................................................25) Lista de Questões - Extravio e Avaria de Mercadorias - Multibancas 123
..............................................................................................................................................................................................26) Lista de Questões - Atividades Relacionadas aos Serviços Aduaneiros - Multibancas 125
..............................................................................................................................................................................................27) Lista de Questões - Representação Fiscal para Fins Penais - Multibancas 131
..............................................................................................................................................................................................28) Lista de Questões - Destinação de Mercadorias - Multibancas 133
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Índice
..............................................................................................................................................................................................29) Lista de Questões - Mercadorias provenientes de acidentes - Multibancas 135
..............................................................................................................................................................................................30)Lista de Questões - Mercadorias presumidas idênticas - Multibancas 136
..............................................................................................................................................................................................31) Lista de Questões - Tráfego postal - Multibancas 137
..............................................................................................................................................................................................32) Lista de Questões - Tráfego de cabotagem - Multibancas 140
..............................................................................................................................................................................................33) Lista de Questões - Controle administrativo específico - Multibancas 142
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BAGAGEM 
Introdução 
O MERCOSUL, na condição de união aduaneira, busca estabelecer uma política comercial comum 
em relação a terceiros países, o que vai muito além de fixar uma TEC (Tarifa Externa Comum). 
Pressupõe-se, em uma união aduaneira, que todo o tratamento aduaneiro concedido aos bens 
procedentes do exterior seja harmonizado. 
 
Nesse sentido, foi adotado, pela Decisão CMC nº 53/2008, o Regime Aduaneiro de Bagagem no 
MERCOSUL, a fim de estabelecer procedimentos harmonizados para o tratamento aduaneiro da 
bagagem de viajantes, o que é importante para a consolidação da união aduaneira. Com essa 
harmonização, fica reduzida a discricionariedade de cada país do MERCOSUL para fixar normas 
sobre bagagem, havendo, todavia, espaço para regulamentação de certos dispositivos no âmbito 
interno. 
A Decisão CMC nº 53/2008 passou a vigorar no âmbito do MERCOSUL em 2019, quando foi 
definitivamente incorporada por todos os seus membros1. Mesmo antes, porém, seus dispositivos 
já eram utilizados pela legislação brasileira. No Brasil, as normas aplicáveis à bagagem de viajantes 
estão previstas no Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6759/2009), na Portaria MF nº 440/2010 e 
na IN RFB nº 1.059/2010. 
Conceito de bagagem 
Você viajou para os EUA (Miami) decidido a comprar uma quantidade enorme de produtos 
eletrônicos, roupas e calçados. Seu objetivo é trazer para o Brasil e revender pela internet. Então, 
 
1 Para que uma norma do MERCOSUL entre em vigor, ela precisa ser internalizada no ordenamento jurídico de todos os membros 
do bloco regional. A Decisão CMC nº 53/2008 já havia sido internalizada por Brasil, Argentina e Uruguai. O Paraguai a internalizou 
em 2019 e, portanto, ela passou a vigorar a partir de 29/09/2019. 
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você leva duas malas enormes para os EUA e, na volta, traz todos esses produtos dentro delas! 
😊 
Será que eu posso dizer que isso é uma bagagem? 
Não. A vinda desses bens para o Brasil teve, nitidamente, caráter comercial, o que os exclui do 
conceito de bagagem. Destaque-se, adicionalmente, que pessoa física não é autorizada a realizar 
importações com finalidade comercial. 
Qual é, afinal, o conceito de bagagem? 
 
Bagagem são os bens novos ou usados que um viajante, em compatibilidade com 
as circunstâncias de sua viagem, puder destinar para seu uso ou consumo pessoal, 
bem como para presentear, sempre que, pela sua quantidade, natureza ou 
variedade, não permitirem presumir importação com fins comerciais ou industriais. 
Esse conceito de bagagem é idêntico no Regulamento Aduaneiro e no Regime 
Aduaneiro de Bagagem do MERCOSUL. 
Para fins didáticos, podemos desmembrar o conceito supramencionado em vários tópicos: 
I. Estão incluídos no conceito de bagagem bens novos ou usados. 
II. Os bens enquadrados como bagagem são os destinados a uso ou consumo 
pessoal ou para presentear. Mas o que seriam bens de uso ou consumo pessoal? 
A definição nos é dada pelo Regulamento Aduaneiro. Bens de uso ou consumo pessoal são os 
artigos de vestuário, higiene e demais bens de caráter manifestamente pessoal. Mais completa é 
a definição da Portaria MF nº 440, que dispõe que bens de uso ou consumo pessoal são os artigos 
de vestuário, higiene e demais bens de caráter manifestamente pessoal, em natureza e quantidade 
compatíveis com as circunstâncias da viagem. 
A IN RFB nº 1.059/2010 também define o que são bens de caráter manifestamente pessoal. Trata-
se de bens que o viajante possa necessitar para uso próprio, considerando as circunstâncias da 
viagem e a sua condição física, bem como os bens portáteis destinados a atividades profissionais 
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a serem executadas durante a viagem, excluídos máquinas, aparelhos e outros objetos que 
requeiram alguma instalação para seu uso e máquinas filmadoras e computadores pessoais. 
Os bens de caráter manifestamente pessoal compreendem, entre outros, uma máquina 
fotográfica, um relógio de pulso e um telefone celular usados que o viajante porte consigo, desde 
que em compatibilidade com as circunstâncias da viagem. Cabe ao viajante a comprovação da 
compatibilidade desses bens com as circunstâncias da viagem, tendo em vista, entre outras 
variáveis, o tempo de permanência no exterior. 
 
 
 
 
III. Ficam excluídos do conceito de bagagem os bens importados com fins comerciais 
ou industriais. O que permite presumir importação com finalidade comercial ou 
industrial são os seguintes critérios: quantidade, natureza e variedade dos bens. 
Se você trouxer na mala 30 camisas idênticas, fica meio estranho, não acha? 
Existem dois tipos de bagagem: i) a bagagem acompanhada e; ii) a bagagem desacompanhada. 
O que as diferencia é algo bem simples: a existência ou não de um conhecimento de carga. O 
conhecimento de carga, relembre-se, é o documento que materializa contrato de frete, ou seja, 
 
 Bagagem 
 Bens de uso ou consumo pessoal 
 Artigos de vestuário 
 Artigos de higiene 
 Bens de caráter manifestamente pessoal 
 Bens para presentear 
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sua existência confere status de carga à mercadoria. Se a bagagem chegar ao país amparada por 
um conhecimento de carga, ela será uma bagagem desacompanhada. Se chegar ao país trazida 
por um viajante e sem um conhecimento de carga, ela será bagagem acompanhada. 
 
Bagagem acompanhada é a que o viajante trouxer consigo, no mesmo meio de 
transporte em que viaje, desde que não amparada por conhecimento de carga ou 
documento equivalente. 
Bagagem desacompanhada é a que chegar ao País, amparada por conhecimento 
de carga ou documento equivalente. 
O Regulamento Aduaneiro relaciona alguns bens que ficam excluídos do conceito de bagagem. 
São eles: 
a) veículos automotores em geral, as motocicletas, as motonetas, as bicicletas com 
motor, os motores para embarcação, as motos aquáticas e similares, as casas 
rodantes, as aeronaves e as embarcações de todo tipo; 
b) as partes e peças dos bens acima relacionados, exceto os bens unitários, de valor 
inferior aos limites de isenção, relacionados em listas específicas que poderão ser 
elaboradas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. 
 
Esses bens excluídos do conceito de bagagem poderão ingressar no Brasil ao amparo do regime 
de admissão temporária, sempre que o viajante comprove sua residênciapermanente em outro 
país. Seria o caso, por exemplo, de um argentino que vem a turismo no Brasil com seu automóvel. 
Ele tem residência permanente em outro país, logo, o automóvel entrará no Brasil em admissão 
temporária. Ressalte-se, conforme já afirmamos, que os automóveis estão excluídos do conceito 
de bagagem. 
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Despacho aduaneiro da bagagem de viajantes 
Bagagem acompanhada 
Segundo o art. 156, do R/A, o viajante que ingressar no País, inclusive o proveniente de outro país 
integrante do Mercosul, deverá declarar a sua bagagem. A declaração do conteúdo da bagagem 
será feita mediante a entrega à autoridade aduaneira da Declaração Eletrônica de Bens de 
Viajantes (e-DBV). 
Agora, vamos pensar juntos. Temos dois tipos de viajantes, não é mesmo? Há o brasileiro que 
viajou ao exterior e, agora, retorna ao País, e o estrangeiro que chega ao Brasil. São o viajante 
residente e o viajante não-residente. Cada um deles tem um tratamento diferente. 
Primeiro, analisemos o caso do viajante não-residente. Nos termos do art. 5º, da IN RFB nº 
1.059/2010, no caso de viajante não-residente no País, a declaração apresentada pelo viajante 
servirá de base para o requerimento de concessão do regime aduaneiro especial de admissão 
temporária, devendo o viajante manter a documentação fornecida pela fiscalização aduaneira até 
a extinção da aplicação do regime, com o retorno ao exterior. 
Como se vê, os bens trazidos por viajante não-residente ingressam no País ao amparo do regime 
aduaneiro especial de admissão temporária. Logo, os tributos incidentes ficam suspensos até que 
os bens retornem ao exterior. Não haverá, portanto, recolhimento tributário. Ressalte-se que, 
nesse caso, somente deverão ser especificados na e-DBV bens de valor global superior a US$ 
3,000.00 (três mil dólares dos Estados Unidos da América) ou o equivalente em outra moeda. 
Agora, falemos do viajante residente! 
O viajante residente, ao retornar ao Brasil, também precisa apresentar a Declaração de Bens de 
Viajante (e-DBV). Aos bens que ele traz do exterior, não será concedida a admissão temporária. 
Ao contrário, estes serão objeto de nacionalização. Nesse contexto, cresce a relevância do 
tratamento tributário aplicável à bagagem. 
Tratemos, agora, de disposições comuns ao viajante residente e ao viajante não-residente. 
Ao chegar ao país, o viajante (residente ou não-residente) terá duas opções: i) dirigir-se ao canal 
de bens a declarar; ou ii) optar pelo canal “nada a declarar”. O art. 6º da IN RFB nº 1.059/2010 
relaciona as situações em que o viajante deverá encaminhar-se ao canal de bens a declarar. 
Vejamos: 
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Art. 6º Ao ingressar no País, o viajante procedente do exterior deverá dirigir-se ao 
canal "bens a declarar" quando trouxer: 
I - animais, vegetais, ou suas partes, produtos de origem animal ou vegetal, 
inclusive alimentos, sementes, produtos veterinários ou agrotóxicos; 
II - produtos médicos, produtos para diagnóstico in vitro, produtos para limpeza, 
inclusive os equipamentos e suas partes, instrumentos e materiais, os destinados 
à estética ou ao uso odontológico, ou materiais biológicos; 
III - medicamentos ou alimentos de qualquer tipo; inclusive vitaminas e 
suplementos alimentares, excluindo os de uso pessoal; 
IV - armas e munições; 
V - bens destinados à pessoa jurídica, nos termos do § 2º do art. 44, ou outros 
bens que não sejam passíveis de enquadramento como bagagem, nos termos do 
art. 2º; 
VI - bens que devam ser submetidos a armazenamento para posterior despacho 
no regime comum de importação, na hipótese referida no inciso II do § 1º do art. 
4o; 
VII - bens sujeitos ao regime aduaneiro especial de admissão temporária, nos 
termos do art. 5º, quando sua discriminação na e-DBV for obrigatória; 
VIII - bens cujo valor global ultrapasse o limite de isenção para a via de transporte, 
de acordo com o disposto no art. 33; 
IX - bens que excederem limite quantitativo para fruição da isenção, de acordo 
com o disposto no art. 33; ou 
X - valores em espécie em montante superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais) ou seu 
equivalente em outra moeda. 
Cabe destacar que sempre que um viajante tenha que se dirigir ao canal de bens a declarar, ele 
deverá preencher a Declaração de Bens de Viajantes, seja em formato eletrônico (e-DBV) ou em 
formulário (DBV-formulário). 
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Até dezembro de 2011, mesmo que o viajante se encaminhasse ao canal “nada a declarar”, ele 
precisaria preencher a declaração de bagagem. No entanto, houve uma alteração da norma e, 
atualmente, estão dispensados de apresentar a Declaração de Bens de Viajantes (e-DBV) os 
viajantes que não estiverem obrigados a dirigir-se ao canal “bens a declarar”. 
O despacho aduaneiro de importação de bens trazidos pelo viajante e que não sejam passíveis de 
enquadramento como bagagem será efetuado com observância da legislação referente à 
importação comum ou, no caso de viajante não-residente no País, à admissão temporária. Assim, 
o despacho será efetuado com base em Declaração de Importação (DI) ou Declaração Simplificada 
de Importação (DSI), conforme o caso2. 
Segundo o Regulamento Aduaneiro, o viajante não poderá declarar como própria bagagem de 
terceiro, ou utilizar o tratamento de bagagem para o ingresso de bens que não lhe pertençam. 
Excetuam essa regra os bens de uso ou consumo pessoal de residente no País, falecido no exterior, 
e cujo óbito seja comprovado por documentação idônea. 
Bagagem desacompanhada 
A bagagem desacompanhada, como vimos, é aquela que tem amparo em um conhecimento de 
carga. Ela deverá chegar ao Brasil dentro dos 3 meses anteriores ou até os 6 meses posteriores à 
chegada do viajante e, além disso, provir do país ou dos países de estada ou de procedência do 
viajante. 
Em todos os casos, a bagagem desacompanhada somente será desembaraçada depois da 
chegada do viajante. Isso se aplica especialmente quando a bagagem desacompanhada entra no 
Brasil dentro dos 3 meses anteriores à chegada do viajante em território nacional. 
A bagagem desacompanhada deverá ser declarada por escrito, sendo seu despacho de 
importação realizado com base em Declaração Simplificada de Importação (DSI), registrada no 
SISCOMEX. A DSI será instruída com a relação dos bens, contendo descrição e valor aproximado, 
 
2 Em setembro de 2018, foi criada a Duimp (Declaração Única de Importação), que ainda é de utilização facultativa. A Duimp é 
registrada no Portal Único de Comércio Exterior. 
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por volume ou caixa; e o conhecimento de carga original (ou documento equivalente), consignado 
ao viajante ou a ele endossado. 
Tratamento tributário da bagagem de viajantes na importação 
Bagagem acompanhada 
O art. 33 da IN nº 1.059/2010 define precisamente como funciona a isenção sobre a bagagem 
acompanhada de viajante procedente do exterior. Vejamos: 
Art. 33. O viajante procedente do exterior poderá trazer em sua bagagem 
acompanhada, com a isenção dos tributos a que se refere o caput do art. 32: 
I - livros, folhetos,periódicos; 
II - bens de uso ou consumo pessoal; e 
III - outros bens, observado o disposto nos §§ 1º a 5º deste artigo, e os limites de 
valor global estabelecidos nas alíneas “a” e “b” do inciso III do art. 7º da Portaria 
MF nº 440, de 30 de julho de 2010. 
§ 1o Os bens a que se refere o inciso III do caput, para fruição da isenção, 
submetem-se ainda aos seguintes limites quantitativos: 
I - bebidas alcoólicas: 12 (doze) litros, no total; 
II - cigarros: 10 (dez) maços, no total, contendo, cada um, 20 (vinte) unidades; 
III - charutos ou cigarrilhas: 25 (vinte e cinco) unidades, no total; 
IV - fumo: 250 gramas, no total; 
V - bens não relacionados nos incisos I a IV, de valor unitário inferior a US$ 10.00 
(dez dólares dos Estados Unidos da América): 20 (vinte) unidades, no total, desde 
que não haja mais do que 10 (dez) unidades idênticas; e 
VI - bens não relacionados nos incisos I a V: 20 (vinte) unidades, no total, desde 
que não haja mais do que 3 (três) unidades idênticas. 
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A isenção, como se pode verificar, abrange livros, folhetos e periódicos; bens de uso ou consumo 
pessoal; e outros bens, observados limites quantitativos e limites de valor global. 
O viajante fará jus à isenção relativa a bens cujo valor global não exceda US$ 1.000,00, quando 
ingressar no território nacional pelas vias aérea ou marítima, e de US$ 500,00, quando ingressar 
pelas vias terrestre, fluvial ou lacustre. 
Para a fruição da isenção devem ser observados, ainda, os limites quantitativos relacionados no 
art. 33, § 1º. Como exemplo, não poderão ser importados com isenção mais de 12 litros de bebidas 
alcóolicas, ainda que seu preço não exceda o valor global da isenção. Vale destacar que a isenção 
é individual e intransferível. 
Alguém mais “safo” pode pensar: “Ah, eu tenho direito a US$ 500,00 de isenção! Vou viajar ao 
Paraguai e voltar umas 10 vezes! Daí vou trazendo tudo aos poucos!" Será que essa estratégia 
é capaz de prosperar? 
 
É claro que não! O direito à isenção relativa aos bens relacionados no art.33, inciso III, somente 
poderá ser exercido uma vez a cada intervalo de 1 (um) mês. A bagagem acompanhada de viajante 
que já tiver usufruído a isenção de tributos 1 (uma) vez dentro do período de 1 (um) mês, irá se 
sujeitar ao Regime de Tributação Especial. 
O Regime de Tributação Especial fica caracterizado pela incidência tão somente do Imposto de 
Importação, calculado pela alíquota de 50% sobre o valor tributável dos bens, e isenção de IPI, 
PIS/PASEP-Importação e COFINS-Importação. 
Agora eu pergunto: o que acontece se o valor dos bens integrantes de bagagem acompanhada 
exceder os limites de isenção? 
Aos bens compreendidos no conceito de bagagem, no montante que exceder o limite de valor 
global de isenção, também será aplicado o Regime de Tributação Especial. 
Vamos dar uma olhada no que a IN RFB nº 1.059/2010 dispõe sobre o Regime de Tributação 
Especial. 
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Art. 41. O regime de tributação especial é o que permite o despacho de bens 
integrantes de bagagem mediante a exigência tão-somente do imposto de 
importação, calculado pela aplicação da alíquota de 50% (cinquenta por cento) 
sobre o valor tributável dos bens. 
§ 1o O valor tributável a que se refere o caput corresponde ao valor: 
I - global que exceder o limite de isenção previsto para: 
a) a via de transporte, expresso no inciso III do caput do art. 33; e 
b) aquisição de bens em loja franca de chegada no País; ou 
II - dos bens a que se refere o inciso III do caput do art. 33, integrantes de 
bagagem: 
a) desacompanhada, atendidos os requisitos de que trata o caput do art. 8º; 
b) acompanhada de viajante que já tiver usufruído a isenção de tributos dentro do 
período a que se refere o § 5º do art. 33; 
c) de tripulante; e 
d) de viajante, civil ou militar, embarcado em veículo militar procedente do 
exterior. 
§ 2o Os bens tributados pelo regime de que trata o caput são isentos do IPI, do 
PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação. 
E o que acontece com os bens que excedem os limites quantitativos para fruição da isenção? 
 
Aos bens que excederem os limites quantitativos, será aplicado o Regime de Tributação Comum. 
O Regime de Tributação Comum também será aplicado aos bens que não possam ser 
enquadrados como bagagem. 
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Por último, é importante mencionar que não haverá incidência de tributos no retorno ao País de 
bens nacionais ou nacionalizados de viajantes residentes no Brasil (artigo 30, da IN RFB nº 
1.059/10) No caso de bens de origem estrangeira, a autoridade aduaneira poderá solicitar a 
comprovação da nacionalização, para aplicação da não-incidência. 
Bagagem desacompanhada 
Como é, afinal, o tratamento tributário da bagagem desacompanhada? 
Como vimos, a bagagem desacompanhada deverá chegar ao Brasil dentro dos 3 meses anteriores 
ou até os 6 meses posteriores à chegada do viajante e, além disso, provir do país ou dos países 
de estada ou de procedência do viajante. 
Caso esses requisitos sejam cumpridos, ela receberá isenção tributária relativamente a: i) bens de 
uso e consumo pessoal usados; ii) livros e periódicos. Perceba, caro (a) amigo(a), que os bens de 
uso e consumo pessoal novos que venham como bagagem desacompanhada não fazem jus à 
isenção. 
E se os requisitos não forem cumpridos? 
Nesse caso, será aplicado o Regime de Importação Comum, nos termos do que prevê o art. 44, 
inciso III, da IN nº 1.059/2010: 
Art. 44. Aplica-se o regime comum de importação aos bens trazidos por viajante: 
I - que não sejam passíveis de enquadramento como bagagem, conforme disposto 
no inciso II do caput e no § 3o do art. 2o, e no art. 19; 
II - que excedam os limites quantitativos de que tratam os §§ 1o a 4o do art. 33; ou 
III - integrantes de bagagem desacompanhada, quando não atendidas as 
condições estabelecidas no caput do art. 8o 
Pode acontecer, todavia, de o não cumprimento dos requisitos ter ocorrido em virtude de 
circunstâncias alheias à vontade do viajante. Caso seja esse o fator que levou ao descumprimento 
dos requisitos, será concedida a isenção. 
Agora, pense comigo! A bagagem desacompanhada faz jus à isenção relativamente aos bens de 
uso e consumo pessoal usados e aos livros e periódicos. Mas e quanto a “outros bens”, que não 
possam ser enquadrados como de uso e consumo pessoal, tampouco sejam livros e periódicos? 
Qual o tratamento tributário a eles aplicável? 
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Para esses “outros bens”, ao contrário do que existe para a bagagem acompanhada, não há um 
limite de isenção. Esses “outros bens”, quando ingressarem no País como bagagem 
desacompanhada e, desde que cumpridos os requisitos aplicáveis a esse tipo de bagagem, irão 
se submeter ao Regime de Tributação Especial. 
Bagagem de tripulantes 
A bagagem dos tripulantes beneficia-se da isenção apenas em relação a bens de uso ou consumo 
pessoal, livros e periódicos. Assim, o tripulante não se beneficia dos limites de isenção aplicável a 
“outros bens”. 
Tratamento tributário da bagagem na exportação 
Osbens integrantes de bagagem, acompanhada ou desacompanhada, de viajante que se destine 
ao exterior estão isentos de tributos. Será dado o tratamento de bagagem a outros bens 
adquiridos no País, levados pessoalmente pelo viajante para o exterior, até o limite de US$ 
2,000.00 ou o equivalente em outra moeda. Nesse caso, o despacho de exportação será realizado 
com base em nota fiscal de aquisição. 
Pergunta-se: e os bens levados por viajante que não sejam passíveis de enquadramento como 
bagagem? E os bens adquiridos no País em valor superior a US$ 2.000,00? 
Simples. Aos bens que não possam ser enquadrados como bagagem ou que superem o limite de 
US$ 2.000,00 será aplicado o regime comum de exportação, ou, no caso de viajante residente no 
País, o regime de exportação temporária. 
Outras disposições 
Chamo a sua atenção para outros dois dispositivos do Regulamento Aduaneiro! São os artigos do 
art. 162 e art. 163, do R/A: 
Art. 162. Sem prejuízo do disposto no art. 157, o brasileiro ou o estrangeiro 
residente no País, que tiver permanecido no exterior por período superior a um 
ano, ou o estrangeiro que ingressar no País para nele residir, de forma 
permanente, terá direito à isenção relativa aos seguintes bens, novos ou usados: 
I - móveis e outros bens de uso doméstico; e 
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II - ferramentas, máquinas, aparelhos e instrumentos, necessários ao exercício de 
sua profissão, arte ou ofício, individualmente considerado. 
Art. 163. Os cientistas, engenheiros e técnicos, brasileiros ou estrangeiros, 
radicados no exterior, terão direito à isenção referida no art. 162, sem a 
necessidade de observância do prazo de permanência ali estabelecido, desde que: 
I - a especialização técnica do interessado esteja enquadrada em resolução 
baixada pelo CNPq, antes de sua chegada ao País; 
II - o regresso ao País decorra de convite do CNPq; e 
III - o interessado se comprometa, perante o CNPq, a exercer sua profissão no País 
durante o prazo mínimo de cinco anos, a partir da data do desembaraço dos bens. 
O art. 162 do R/A prevê isenção tributária para duas pessoas diferentes: i) brasileiro/estrangeiro 
residente no País, que tiver permanecido no exterior por período superior a um ano; e ii) 
estrangeiro que ingressar no Brasil para residir de forma permanente. Essas pessoas farão jus à 
isenção relativa a móveis e outros bens de uso doméstico e ferramentas, máquinas, aparelhos e 
instrumentos necessários ao exercício de sua profissão, arte ou ofício. 
O art. 163 do R/A prevê a mesma isenção para os cientistas, engenheiros e técnicos, brasileiros 
ou estrangeiros, radicados no exterior. Estas pessoas não precisarão observar o prazo mínimo de 
permanência no exterior para fazer jus à isenção, desde que cumpridas certas condições elencadas 
na norma. 
No mais, vale destacar que o artigo 168, do Regulamento Aduaneiro, traz autorização expressa 
para que a Receita Federal edite atos normativos destinados a implementar as disposições 
pertinentes ao tratamento conferido à bagagem de viajante. 
 
(Questão Inédita) A bagagem desacompanhada está isenta do pagamento do imposto, 
relativamente a bens de uso ou consumo pessoal; livros, folhetos e periódicos; e outros bens, 
observados os limites, quantitativos ou de valor global, os termos e as condições estabelecidos 
em ato do Ministério da Fazenda. 
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Comentários 
A bagagem desacompanhada receberá isenção tributária relativamente a bens de uso e consumo 
pessoal usado e a livros e periódicos. Não se aplica a isenção a “outros bens” constantes da 
bagagem desacompanhada. 
Gabarito: errada 
(Questão Inédita) O Regime de Tributação Especial será aplicado aos bens constantes de 
bagagem desacompanhada não sujeitos a isenção, desde que observados os prazos e condições 
estabelecidos no Regulamento Aduaneiro. 
Comentários 
Caso cumpridos os prazos e condições estabelecidos no Regulamento Aduaneiro para a bagagem 
desacompanhada, esta irá se submeter ao Regime de Tributação Especial, no que se refere aos 
bens não sujeitos a isenção. Caso os prazos e condições não sejam cumpridos, será aplicado o 
Regime de Importação Comum. 
Gabarito: certa 
(Questão Inédita) De acordo com o Regulamento Aduaneiro, são bens de uso ou consumo pessoal 
os artigos de vestuário, higiene e demais bens de caráter manifestamente pessoal. 
Comentários 
De fato, são bens de uso ou consumo pessoal os artigos de vestuário, higiene e demais bens de 
caráter manifestamente pessoal (art. 155, inciso IV, do R/A). 
Gabarito: certa 
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ABANDONO DE MERCADORIAS 
Declaração de abandono 
A primeira pergunta que nós fazemos nesse momento é a seguinte: quando uma mercadoria é 
considerada abandonada? 
A resposta nos é dada pelo art. 642, do Regulamento Aduaneiro. Vejamos a literalidade da norma, 
seguida de explicações! 
Art. 642. Considera-se abandonada a mercadoria que permanecer em recinto 
alfandegado sem que o seu despacho de importação seja iniciado no decurso dos 
seguintes prazos: 
I - noventa dias: 
a) da sua descarga; e 
b) do recebimento do aviso de chegada da remessa postal internacional sujeita ao 
regime de importação comum; 
II - quarenta e cinco dias: 
a) após esgotar-se o prazo de sua permanência em regime de entreposto 
aduaneiro; 
b) após esgotar-se o prazo de sua permanência em recinto alfandegado de zona 
secundária; e 
c) da sua chegada ao País, trazida do exterior como bagagem, acompanhada ou 
desacompanhada; e 
III - sessenta dias da notificação a que se refere o art. 640. 
§ 1o Considera-se também abandonada a mercadoria que permaneça em recinto 
alfandegado, e cujo despacho de importação: 
I - não seja iniciado ou retomado no prazo de trinta dias da ciência: 
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a) da relevação da pena de perdimento aplicada; ou 
b) do reconhecimento do direito de iniciar ou de retomar o despacho; ou 
II - tenha seu curso interrompido durante sessenta dias, por ação ou por omissão 
do importador. 
§ 2o O prazo a que se refere a alínea “b” do inciso II do caput é de setenta e cinco 
dias, contados da data de entrada da mercadoria no recinto. 
§ 3o Na hipótese em que a mercadoria a que se refere a alínea “c” do inciso II do 
caput que não se enquadre no conceito de bagagem, aplicam-se os prazos 
referidos na alínea “a” do inciso I do caput ou na alínea “b” do inciso II do caput, 
conforme o caso. 
§ 4o No caso de bagagem de viajante saindo da Zona Franca de Manaus para 
qualquer outro ponto do território aduaneiro, o prazo estabelecido na alínea “c” 
do inciso II do caput será contado da data de embarque do viajante. 
I. O inciso I dispõe que será considerada abandonada a mercadoria que permanecer 
em recinto alfandegado sem que seu despacho seja iniciado dentro de 90 dias da 
descarga ou dentro de 90 dias do recebimento de aviso de remessa postal 
internacional sujeita ao regime de importação comum. 
No primeiro caso, a mercadoria chegou ao Brasil e foi descarregada em um porto alfandegado ou 
aeroporto alfandegado. No entanto, passados 90 dias da descarga,o importador não deu início 
ao despacho de importação. 
No segundo caso, o destinatário de remessa postal internacional não deu início ao despacho de 
importação dentro de 90 dias do aviso de recebimento. Perceba que, nessa hipótese, seria 
necessário que o destinatário da remessa postal internacional procedesse ao registro da DI, pois 
aplicável o regime de importação comum. 
Recorde-se que são submetidas ao regime de importação comum as remessas postais 
internacionais cujo valor global exceda US$ 3.000,00 ou caso o produto seja bebida alcóolica ou 
produto de tabacaria. 
II. O inciso II, por sua vez, diz respeito a três situações em que o despacho de 
importação dever ser iniciado dentro de 45 dias, sob pena de a mercadoria ser 
considerada abandonada. 
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Na primeira situação (alínea “a”), a mercadoria se considerada abandonada 45 dias após o 
encerramento do prazo de permanência em regime de entreposto aduaneiro. O prazo de vigência 
do entreposto aduaneiro é de 1 (um) ano, prorrogável por igual período. Pois bem, findo esse 
prazo, começa-se a contar 45 dias. Caso não haja uma destinação para a mercadoria, ela será 
considerada abandonada. 
Na segunda situação (alínea “b”), a mercadoria se considera abandonada 45 dias após esgotar-se 
o prazo de permanência em recinto alfandegado de zona secundária. Conforme vocês já sabem, 
as mercadorias podem ficar armazenadas em um porto seco, normalmente situado na zona 
secundária. O prazo de permanência das mercadorias em recinto alfandegado de zona secundária 
é de 75 dias. Terminado esse prazo, a mercadoria será considerada abandonada se, dentro de 45 
dias, não for dado início ao despacho de importação. 
Na terceira situação (alínea “c”), a bagagem acompanhada ou desacompanhada chegou ao Brasil 
e, após 45 dias de sua chegada, não foi iniciado o despacho de importação. É importante 
mencionar que, caso a mercadoria não seja enquadrada como bagagem, o prazo para que seja 
iniciado o despacho de importação e, assim, evitada a aplicação da pena de perdimento, será de 
90 dias da sua descarga. 
III. O inciso III faz referência ao art. 640, do R/A. Trata-se de situação em que, ocorrido 
naufrágio ou outro acidente similar, a mercadoria transportada no veículo é 
encaminhada à RFB. Quando isso ocorrer, o titular da unidade da RFB notificará o 
interessado para, no prazo de 60 dias, promover o despacho da mercadoria, sob 
pena de ser considerada abandonada. 
IV. O parágrafo 1º do art. 642 faz referência a mais três situações de abandono de 
mercadorias. 
Na primeira situação (inciso I, alínea “a”), a mercadoria será considerada abandonada caso o 
despacho de importação não seja iniciado ou retomado no prazo de 30 dias da ciência da 
relevação da pena de perdimento. 
A relevação pena de perdimento é objeto de estudo em tópico específico. Em termos gerais, 
saibam que é possível que a pena de perdimento seja relevada, nos termos dos artigos 736 e 737 
do Regulamento Aduaneiro, caso não tenha havido falta ou insuficiência de recolhimento de 
tributos. Nessa situação, o despacho deve ser reiniciado ou retomado dentro de 30 dias após a 
ciência do interessado, sob pena de a mercadoria ser considerada abandonada. 
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Na segunda situação (inciso I, alínea “b”), a mercadoria será considerada abandonada caso o 
despacho de importação não seja iniciado ou retomado no prazo de 30 dias do reconhecimento 
do direito de iniciar ou de retomar o despacho. 
Quando a mercadoria é considerada abandonada, tem início o processo administrativo para 
aplicação da pena de perdimento. Nesse contexto, antes que seja efetivamente aplicada a pena 
de perdimento, o importador pode solicitar que lhe seja reconhecido o direito de iniciar ou 
retomar o despacho, nos termos do artigo 643, do Regulamento Aduaneiro. Nesse caso, o 
despacho deve ser iniciado ou retomado dentro de trinta dias, sob pena de a mercadoria ser 
considerada novamente abandonada. 
Na terceira situação (inciso I, alínea “c”), a mercadoria será considerada abandonada se o 
despacho de importação for interrompido durante 60 dias, por ação ou omissão do importador. 
Lembrem-se que, quando a RFB constata, durante a conferência aduaneira, alguma ocorrência 
que impeça o prosseguimento do despacho, este tem o seu curso interrompido após o registro 
da exigência correspondente pelo Auditor-Fiscal, em conformidade com o disposto no artigo 570 
do Regulamento Aduaneiro. Nesse caso, se o importador permanecer inerte por sessenta dias, a 
mercadoria será considerada abandonada. 
Ufa! Terminei de explicar o art. 642... 
Vejamos, agora, outras hipóteses de abandono de mercadorias, as quais estão previstas no artigo 
644, do R/A! Observação: as hipóteses do art. 644, R/A não configuram dano ao erário, pelo que 
se sujeitam tão comente à declaração de abandono por parte da autoridade aduaneira, conforme 
esclarece o §4º, do mesmo artigo 644. 
 
Art. 644. Serão declarados abandonados os bens que permanecerem em recinto 
alfandegado sem que o seu despacho de importação seja iniciado em noventa 
dias: 
I - da descarga, quando importados por órgãos da administração pública direta, 
de qualquer nível, ou suas autarquias, missões diplomáticas, repartições 
consulares ou representações de organismos internacionais, ou por seus 
funcionários, peritos, técnicos e consultores, estrangeiros; ou 
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II - do recebimento do aviso de chegada da remessa postal sujeita ao regime de 
tributação simplificada, quando caída em refugo e com instruções do remetente 
de não-devolução ao exterior. 
§ 1º Serão também declarados abandonados os bens: 
I - adquiridos em licitação e que não forem retirados no prazo de trinta dias da 
data de sua aquisição; 
II - ingressados no recinto alfandegado, ao amparo do regime de que trata o art. 
102-A, decorrido o prazo de trinta dias: 
a) de sua permanência no recinto, sem que tenha sido iniciado o respectivo 
despacho aduaneiro; ou 
b) da interrupção do curso do despacho, por ação ou por omissão do habilitado; 
ou 
III - na hipótese a que se refere o § 10 do art. 367, se não for efetuado o pagamento 
da multa exigida no prazo de trinta dias da interrupção do curso do despacho de 
reexportação. 
Nessas hipóteses do artigo 644, do Regulamento Aduaneiro, enquanto não consumada a 
destinação, a mercadoria poderá ser despachada ou desembaraçada, desde que indenizada 
previamente a Fazenda Nacional pelas despesas realizadas, exceto no caso do inciso II (bens 
ingressados em recinto alfandegado ao amparo do regime de que trata o artigo 102-A do R/A). 
O art. 102-A, do Regulamento Aduaneiro, trata do Regime de Tributação Unificada. Nos termos 
do inciso II supratranscrito, as mercadorias ingressadas em recinto alfandegado ao amparo do RTU 
serão consideradas abandonadas decorrido o prazo de 30 (trinta) dias da permanência no recinto 
sem que seja iniciado o despacho aduaneiro ou 30 (trinta) dias da interrupção do despacho, por 
ação ou omissão do habilitado no regime. Nesse caso, a mercadoria será declarada abandonada 
pela autoridade aduaneira e ficará disponível para destinação. 
Consequências do abandono de mercadorias 
Quando tiverem sido decorridos os prazos previstos no art. 642 e art. 644, sem que o importador 
tenha iniciado o despachode importação, as mercadorias serão consideradas abandonadas. 
Nesse caso, o depositário fará uma comunicação dentro de 5 (cinco) dias à unidade da RFB com 
jurisdição sobre o recinto alfandegado. 
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==162cd3==
 
 
 
 
Agora veja! Essas mercadorias ficaram armazenadas no recinto alfandegado sem que ninguém as 
tenha reclamado. Quem vai pagar a taxa de armazenagem da mercadoria durante todo esse 
tempo? Será que o depositário vai sair no prejuízo? 
Caso a comunicação do depositário tenha sido feita dentro do prazo (cinco dias após a mercadoria 
ser considerada abandonada!), o Regulamento Aduaneiro prevê que a RFB efetuará o pagamento, 
ao depositário, da tarifa de armazenagem até a data em que retirar a mercadoria. 
Se a comunicação do depositário não tiver sido feita dentro do prazo estipulado, o Regulamento 
Aduaneiro prevê que a RFB somente pagará a taxa de armazenagem até o termino do referido 
prazo, mesmo que a mercadoria venha a ser posteriormente alienada. Essa regra existe para evitar 
que a inércia do depositário possa onerar os cofres da União. Se a RFB não recebe a comunicação, 
ela não tem como providenciar a retirada da mercadoria e a armazenagem se prolonga no tempo, 
gerando taxas mais elevadas. 
Art. 647. Decorridos os prazos previstos nos arts. 642 e 644, sem que tenha sido 
iniciado o despacho de importação, o depositário fará, em cinco dias, 
comunicação à unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição 
sobre o recinto alfandegado, relacionando as mercadorias e mencionando todos 
os elementos necessários à identificação dos volumes e do veículo transportador. 
§ 1º Feita a comunicação dentro do prazo previsto, a Secretaria da Receita Federal 
do Brasil, com os recursos provenientes do Fundo Especial de Desenvolvimento e 
Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização, efetuará o pagamento, ao 
depositário, da tarifa de armazenagem devida até a data em que retirar a 
mercadoria. 
§ 2º Caso a comunicação não seja efetuada no prazo estipulado, somente será 
paga pela Secretaria da Receita Federal do Brasil a armazenagem devida até o 
término do referido prazo, ainda que a mercadoria venha a ser posteriormente 
alienada. 
Vale destacar, no entanto, que o pagamento dessas tarifas de armazenagem é contestado, 
atualmente, pela Receita Federal, inclusive em juízo, via Procuradoria da Fazenda Nacional. Com 
efeito, há casos de pedidos administrativos de pagamento que vêm sendo negados com base nos 
pareceres PGFN/CJU/COJLC 825/2012 e 593/2013. 
Pois bem. Uma vez declarada abandonada, a mercadoria será objeto de processo para aplicação 
da pena de perdimento. Segundo o art. 689, inciso XXI, do R/A, será aplicada pena de perdimento 
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sobre a mercadoria importada e que for considerada abandonada pelo decurso do prazo de 
permanência em recinto alfandegado. 
Entretanto, conforme comentei, trata-se de processo administrativo destinado a aplicar a pena de 
perdimento, após contraditório e julgamento. A pena de perdimento não é aplicada de imediato, 
portanto, logo que fica configurado o abandono. 
Desse modo, é possível que, antes de aplicada a pena de perdimento, o importador dê início ou 
retome o despacho de importação (direito de iniciar ou retomar o despacho). Nesse caso, o 
importador deverá arcar com o pagamento dos tributos incidentes na importação, acrescidos de 
juros e de multa de mora, além das despesas decorrentes da armazenagem da mercadoria em 
recinto alfandegado. 
Lembrem-se que o importador tem o prazo de trinta dias para adotar as providências necessárias, 
contados a partir da ciência da decisão que lhe reconheceu o direito de iniciar ou retomar o 
despacho, sob pena de ficar configurado novo abandono. 
 
(Questão Inédita) Considera-se abandonada a mercadoria que permanecer em recinto 
alfandegado sem que o seu despacho de importação seja iniciado no decurso do prazo de 45 dias 
do recebimento do aviso de chegada da remessa postal internacional sujeita ao regime de 
importação comum. 
Comentários 
No caso de recebimento de aviso de chegada de remessa postal internacional sujeita ao regime 
de importação comum, o prazo para que a mercadoria seja considerada abandonada é de 90 dias. 
Gabarito: errada 
(Questão Inédita) Será considerada abandonada a mercadoria que permanecer em recinto 
alfandegado sem que o seu despacho de importação seja iniciado no decurso do prazo de 45 dias 
após a admissão em regime de entreposto aduaneiro. 
Comentários 
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O prazo de 45 dias para que a mercadoria seja considerada abandonada começa a contar do 
término do prazo de permanência no regime de entreposto aduaneiro. 
Gabarito: errada 
(Questão Inédita) Será considerada abandonada a mercadoria que permaneça em recinto 
alfandegado, e cujo despacho de importação tenha seu curso interrompido durante 60 (sessenta) 
dias, por ação ou por omissão do importador. 
Comentários 
É o que dispõe o art. 642, § 1º, inciso II, do R/A. Se o despacho ficar interrompido durante 60 dias, 
por ação ou omissão do importador, a mercadoria será considerada abandonada. 
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EXTRAVIO E AVARIA DE MERCADORIAS 
O art. 649 do Regulamento Aduaneiro define os conceitos de avaria, extravio e acréscimo, que 
apresentamos a seguir. Perceba, caro(a) amigo(a), que esses conceitos são bem intuitivos! 
I. Avaria: qualquer prejuízo que sofrer a mercadoria ou o seu envoltório. Será considerada 
total a avaria que acarrete a descaracterização da mercadoria; 
II. Extravio: toda e qualquer falta de mercadoria, ressalvados os casos de erro inequívoco ou 
comprovado de expedição; 
III. Acréscimo: qualquer excesso de volume ou de mercadoria, em relação à quantidade 
registrada em manifesto ou em declaração de efeito equivalente. 
 
O conceito de extravio, conforme explanado acima, é uma das novidades do 
Decreto nº 8.010/2013. Ele já havia sido estabelecido pela Lei nº 12.350/2010, 
sendo incorporado, em 2013, ao Regulamento Aduaneiro. 
Atualmente, o extravio refere-se a toda e qualquer falta de mercadoria, 
ressalvados os casos de erro inequívoco ou comprovado de expedição. Assim, não 
deve considerado extravio o fato de uma mercadoria não ter chegado ao Brasil 
porque foi expedida incorretamente para os EUA, por exemplo. 
A Lei nº 12.350/2010 já havia extinguido, implicitamente, o processo de vistoria aduaneira. 
Posteriormente, com a publicação do Decreto nº 8.010/2013, a vistoria aduaneira foi 
definitivamente extinta. Tratava-se de procedimento destinado a verificar a ocorrência de avaria 
ou extravio de mercadoria estrangeira entrada no território aduaneiro, a identificar o responsável 
e a apurar o crédito tributário dele exigível. 
Apesar de a vistoria aduaneira ter sido extinta, ainda é relevante a constatação do extravio ou 
avaria de mercadorias. É necessário saber qual o tratamento tributário em cada um desses casos 
(avaria ou extravio), afinal o responsável pelo extravio deve responder pelo pagamento dos 
tributos devidos. 
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No caso de avaria de mercadoria, a solução nos é dada pelo art. 89, do Regulamento Aduaneiro, 
que determina que, para efeito de cálculo do Imposto de Importação, o valor aduaneiro da 
mercadoria será reduzido proporcionalmente ao prejuízo, a pedido do interessado. 
Suponha, por exemplo, que o valor aduaneiro de uma máquina seja R$ 100.000,00, mas que ela 
tenha sofrido uma avaria que reduz o seu valor em R$ 30.000,00. O “novo” valor aduaneiro, que 
servirá como base para o cálculo do Imposto de Importação será, então, de R$ 70.000,00. 
Quanto ao extravio, o tratamento tributário é o que está previsto no art. 660, do Regulamento 
Aduaneiro: 
Art. 660. Os créditos relativos aos tributos e direitos correspondentes às 
mercadorias extraviadas na importação, inclusive multas, serão exigidos do 
responsável por meio de lançamento de ofício, formalizado em auto de infração, 
observado o disposto no Decreto nº 70.235, de 1972. 
§1º Para os efeitos do disposto no caput, considera-se responsável: 
I - o transportador, quando constatado o extravio até a conclusão da descarga da 
mercadoria no local ou recinto alfandegado, observado o disposto no art. 661; ou 
II - o depositário, quando o extravio for constatado em mercadoria sob sua 
custódia, em momento posterior ao referido no inciso I. 
§2º Fica dispensado o lançamento de ofício de que trata o caput na hipótese de o 
importador ou de o responsável assumir espontaneamente o pagamento dos 
créditos. 
Não é porque a mercadoria foi extraviada que os tributos não serão exigidos. Eles serão exigidos 
do responsável, isto é, daquele que tiver dado causa ao extravio (transportador ou depositário). 
No entanto, não é mais necessário um procedimento administrativo tendente a apurar a 
responsabilidade pelo extravio. Segundo a legislação em vigor, basta que a autoridade aduaneira 
realize o lançamento de ofício, formalizado em auto de infração. 
É claro que a autoridade aduaneira deverá, de alguma forma, verificar a ocorrência do extravio. 
Mas, afinal, como é que a Receita Federal consegue apurar a responsabilidade pelo extravio? 
Basicamente, quando as mercadorias são entregues pelo transportador ao depositário, este 
deverá, caso constatado o extravio, lavrar um termo em que registre a ocorrência. Se o depositário 
não fizer nenhum registro e, posteriormente, verificar-se o extravio da mercadoria, a 
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responsabilidade pelo pagamento dos tributos recairá sobre ele. Em sentido oposto, caso seja 
lavrado pelo depositário termo constatando o extravio, a responsabilidade será do transportador. 
Os artigos 661, 662 e 663 nos ilustram melhor como a autoridade aduaneira irá verificar de quem 
é a responsabilidade pelo extravio de mercadoria: 
Art. 661. Para efeitos fiscais, é responsável o transportador quando: 
I - constatado que houve, após o embarque, substituição de mercadoria; 
II - houver extravio de mercadoria em volume descarregado com indícios de 
violação; ou 
III - o volume for descarregado com peso ou dimensão inferior ao constante no 
conhecimento de carga, no manifesto ou em documento de efeito equivalente. 
Art. 662. Para efeitos fiscais, o depositário responde por extravio de mercadoria 
sob sua custódia. 
Parágrafo único. Presume-se a responsabilidade do depositário no caso de 
volumes recebidos sem ressalva ou sem protesto. 
Art. 663. Para efeitos fiscais, as entidades da administração pública indireta e as 
empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público, quando 
depositárias ou transportadoras, respondem por extravio de mercadoria sob sua 
custódia. 
Os responsáveis pelo extravio de mercadoria poderão ser o transportador ou o depositário. 
O depositário responderá pelo extravio de mercadoria que estiver sob sua custódia. Sua 
responsabilidade começa no momento em que ele recebe as mercadorias do transportador. Caso 
ele tenha recebido os volumes sem qualquer ressalva ou protesto e, posteriormente, as 
mercadorias não apareçam (sejam extraviadas), será ele o responsável pelo pagamento dos 
tributos incidentes na importação. A autoridade aduaneira efetuará o lançamento de ofício, 
lavrando auto de infração que recairá sobre o depositário. 
O transportador, por sua vez, é responsável pelas mercadorias desde momento em que recebe as 
mercadorias no país de origem ou procedência até o momento em que ele as entrega ao 
depositário. Ao receber as mercadorias no exterior, o transportador deverá verificar se os volumes 
são exatamente os mesmos que constam no conhecimento de carga, manifesto ou outro 
documento de efeito equivalente. 
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==162cd3==
 
 
 
 
Se um volume for descarregado no Brasil com dimensão ou peso diferente do previsto no 
conhecimento de carga, a responsabilidade será do transportador. Da mesma forma, o 
transportador será responsável se um volume for descarregado com indícios de violação. Ou, 
ainda, será responsável o transportador quando for constado que houve, após o embarque, 
substituição de mercadoria. 
A responsabilidade pelo extravio de mercadoria poderá, nos termos do art. 664, do Regulamento 
Aduaneiro, ser excluída nas hipóteses de caso fortuito ou força maior. São, afinal, situações que 
fogem do controle do transportador ou do depositário. Entendemos, por exemplo, que um roubo 
de carga pode ser enquadrado como hipótese de força maior, desde que, é claro, o depositário 
ou transportador tenham adotado as cautelas devidas. Nessa situação, parece-nos justo que seja 
excluída a responsabilidade pelo extravio. 
O lançamento de ofício destinado a exigir os tributos e multa pelo extravio de mercadoria poderá 
ser dispensado. Isso ocorrerá quando o importador ou o responsável (transportador ou 
depositário) assumir, espontaneamente, o pagamento dos créditos. 
Anotem, por fim, que, tanto a avaria quanto o extravio são hipóteses que justificam a restituição 
de tributos. No caso da avaria, como o valor da mercadoria é reduzido proporcionalmente, o valor 
dos tributos também diminui. Desse modo, se o importador já tiver feito o pagamento pelo valor 
integral, será devida a restituição da diferença proporcional à avaria. 
No extravio, por outro lado, os tributos são cobrados integralmente do responsável (transportador 
ou depositário). Assim, se o importador já tiver feito o recolhimento dos tributos quando for 
constatado o extravio, será devida a ele a restituição integral do crédito tributário. 
Vale destacar, aliás, que, nesse último caso, a restituição dos tributos recolhidos pelo importador 
não fica condicionada ao recolhimento que deve ser promovido pelo responsável, conforme 
esclarece o artigo 110, §1º, do Regulamento Aduaneiro. 
 
(Questão Inédita) O depositário será responsável quando houver extravio de mercadoria em 
volume descarregado com indícios de violação. 
Comentários 
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No caso de extravio de mercadoria em volume descarregado com indícios de violação, a 
responsabilidade será do transportador. 
Gabarito: errada 
(Questão Inédita) A autoridade aduaneira, ao verificar a ocorrência de extravio de mercadoria,efetuará o lançamento de ofício, exigindo do responsável o pagamento dos tributos devidos. É 
possível que o lançamento de ofício seja dispensado caso o importador assuma, 
espontaneamente, o pagamentos dos créditos. 
Comentários 
A exigência dos créditos decorrentes de extravio de mercadoria será efetuada mediante 
lançamento de ofício, formalizado por auto de infração. Caso o importador ou o responsável 
(transportador ou depositário) assuma, espontaneamente, o pagamento dos créditos, o 
lançamento de ofício será dispensado. 
Gabarito: certa 
(Questão Inédita) A responsabilidade pelo extravio de mercadoria pode ser excluída nas hipóteses 
de caso fortuito ou força maior. 
Comentários 
O caso fortuito e a força maior são circunstâncias que excluem a responsabilidade pelo extravio 
de mercadoria. 
Gabarito: certa 
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ATIVIDADES RELACIONADAS AOS SERVIÇOS ADUANEIROS 
O art. 808 do Regulamento Aduaneiro relaciona as atividades relacionadas ao despacho aduaneiro 
de mercadorias. 
Art. 808. São atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de mercadorias, 
inclusive bagagem de viajante, na importação, na exportação ou na internação, 
transportadas por qualquer via, as referentes a: 
I - preparação, entrada e acompanhamento da tramitação e apresentação de 
documentos relativos ao despacho aduaneiro; 
II - subscrição de documentos relativos ao despacho aduaneiro, inclusive termos 
de responsabilidade; 
III - ciência e recebimento de intimações, de notificações, de autos de infração, de 
despachos, de decisões e de outros atos e termos processuais relacionados com 
o procedimento de despacho aduaneiro; 
IV - acompanhamento da verificação da mercadoria na conferência aduaneira, 
inclusive da retirada de amostras para assistência técnica e perícia; 
V - recebimento de mercadorias desembaraçadas. 
Como se pode verificar, todas as atividades acima relacionadas estão intimamente ligadas ao 
despacho de importação ou de exportação de mercadorias, inclusive o de bagagem de viajantes. 
São atividades realizadas diretamente pelo importador/exportador ou por seus representantes 
legais. 
E quem pode representar o importador ou exportador nessas atividades? 
São várias as pessoas que podem representar o importador e o exportador no exercício dessas 
atividades, assim como em outras operações de comércio exterior: 
a) o dirigente ou empregado com vínculo empregatício exclusivo com o 
interessado, munido de mandato que lhe outorgue plenos poderes para o 
mister, sem cláusulas excludentes da responsabilidade do outorgante 
mediante ato ou omissão do outorgado, no caso de operações efetuadas 
por pessoas jurídicas de direito privado; 
b) o funcionário ou servidor, especialmente designado, no caso de operações 
efetuadas por órgão da administração pública direta ou autárquica, federal, 
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estadual ou municipal, missão diplomática ou repartição consular de país 
estrangeiro ou representação de órgãos internacionais; 
c) o empresário, o sócio da sociedade empresária ou pessoa física nomeada 
pelo habilitado, nos casos de importações ao amparo do Regime de 
Tributação Unificada; 
d) o próprio interessado, no caso de operações efetuadas por pessoas físicas; 
e 
e) o despachante aduaneiro, em qualquer caso. 
As operações de importação e exportação dependem de prévia habilitação do responsável legal 
da pessoa jurídica interessada, bem como do credenciamento das pessoas físicas que atuarão em 
seu nome no exercício dessas atividades, de conformidade com o estabelecido pela Secretaria da 
Receita Federal do Brasil. 
Vamos, agora, entender a atuação de alguns profissionais que laboram no comércio exterior. 
 
Despachante Aduaneiro 
O despachante aduaneiro é o profissional competente para realizar, em nome dos seus 
representados, os atos relacionados ao despacho aduaneiro de bens ou de mercadorias. Na 
execução dessas atividades, o despachante aduaneiro tem ampla liberdade para contratar seus 
honorários profissionais. Em outras palavras, os honorários dos despachantes aduaneiros não são 
pré-fixados em normas ou regulamentos. 
Existe, também, a figura do ajudante de despachante aduaneiro, que poderá estar tecnicamente 
subordinado a um despachante aduaneiro. O ajudante de despachante tem atribuições mais 
limitadas que as do despachante. 
Com efeito, o despachante aduaneiro pode realizar todas as atividades relacionadas ao despacho 
aduaneiro listadas no artigo 808 do R/A (já transcrito acima), ao passo que ao ajudante de 
despachante aduaneiro é permitida a prática apenas das atividades mencionadas nos incisos I, IV 
e V do art. 808 do R/A. 
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O exercício da profissão de despachante aduaneiro somente será permitido à pessoa física inscrita 
no Registro de Despachantes Aduaneiros, mantido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. A 
inscrição nesse registro depende de pedido do interessado, atendidos, ainda, os seguintes 
requisitos: 
a) comprovação de inscrição há pelo menos dois anos no Registro de 
Ajudantes de Despachantes Aduaneiros, mantido pela Secretaria da 
Receita Federal do Brasil; 
b) ausência de condenação, por decisão transitada em julgado, à pena 
privativa de liberdade; 
c) inexistência de pendências em relação a obrigações eleitorais e, se for o 
caso, militares; 
d) maioridade civil e nacionalidade brasileira; 
e) formação de nível médio; e 
f) aprovação em exame de qualificação técnica; 
Destaque-se, ainda, que é vedado o exercício da atividade de despachante ou ajudante de 
despachante a quem exerce cargo, emprego ou função pública. 
A Receita Federal do Brasil (RFB) é o órgão competente para editar as normas necessárias para a 
regulamentação das atividades do despachante aduaneiro e do ajudante de despachante. Além 
disso, também é responsável por dar publicidade de informações acerca dos despachantes e 
ajudantes de despachantes inscritos no registro. 
A competência para proceder à inscrição do interessado no Registro de Despachantes Aduaneiros 
e no Registro de Ajudantes de Despachantes Aduaneiros, especificamente, pertence ao chefe da 
unidade da Secretaria da Receita Federal com jurisdição aduaneira sobre o domicílio do 
requerente. 
Operador de Transporte Multimodal (OTM) 
A Lei nº 9.611/98 versa sobre o transporte multimodal de cargas e sobre o operador de transporte 
multimodal (OTM). Nos termos dessa lei, transporte multimodal de cargas é aquele que, regido 
por um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o 
destino, e é executado sob a responsabilidade única de um operador de transporte multimodal. 
Mas como assim? 
É simples, pessoal! 
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Imagine que você tenha uma empresa em Campinas (interior de São Paulo) e vá fazer uma 
importação de mercadorias. Então você celebra um contrato de transporte com a prestadora de 
serviços Estratégia Transportes e Cargas S/A. Esse contrato prevê que a Estratégia será 
responsável por trazer a mercadoria de navio até o Porto de Santos e, depois, levá-la a Campinas 
por meio de transporte rodoviário. Veja: temos um único contrato,com duas modalidades de 
transporte diferentes, e um único prestador de serviços. Trata-se de um transporte multimodal de 
cargas. A empresa Estratégia Transportes e Cargas S/A, para realizá-lo, tem que ser um OTM. 
O OTM é uma pessoa jurídica contratada como principal para a realização do transporte 
multimodal de cargas da origem até o destino, por meios próprios ou por intermédio de terceiros. 
Além do transporte em si, o contrato firmado com um OTM pode compreender, ainda, os serviços 
de coleta, unitização, desunitização, movimentação, armazenagem e entrega de carga ao 
destinatário, bem como a realização dos serviços correlatos que forem contratados entre a origem 
e o destino, inclusive os de consolidação e desconsolidação documental de cargas. 
O exercício da atividade de operador de transporte multimodal, no transporte multimodal 
internacional de cargas, depende de habilitação prévia e registro junto à Agência Nacional de 
Transportes Terrestres – ANTT, e de habilitação pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, para 
fins de controle aduaneiro. 
Há duas espécies de habilitação do operador de transporte multimodal perante a ANTT, distintas 
em razão da abrangência do registro: 
a) Nacional e Internacional: para atuação no Brasil e no exterior, à exceção do MERCOSUL. 
b) MERCOSUL: para que possa atuar nos países do MERCOSUL; 
A habilitação perante a Receita Federal, concedida pelo prazo de dez anos, prorrogável por igual 
período, depende de comprovação da inscrição no registro mantido pela ANTT. 
O contrato de transporte multimodal se torna eficaz com a emissão do Conhecimento de 
Transporte Multimodal de Cargas – CTMC e o recebimento da carga pelo OTM. Com a emissão 
do Conhecimento, o OTM assume perante o contratante a responsabilidade: 
a) pela execução dos serviços de transporte multimodal de cargas, por conta 
própria ou de terceiros, do local em que as receber até a sua entrega no 
destino; 
b) pelos prejuízos resultantes de perda, danos ou avaria às cargas sob sua 
custódia, assim como pelos decorrentes de atraso em sua entrega, quando 
houver prazo acordado. 
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O OTM também assume responsabilidade tributária perante os órgãos fazendários, a qual se inicia 
com a concessão do regime de trânsito aduaneiro até o momento da entrega da mercadoria ou 
carga em recinto alfandegado de destino. 
Veja: é bem comum que o transporte da carga pelo OTM compreenda, além de um trecho 
internacional, um trecho interno. Esse trecho interno será feito ao amparo do regime de trânsito 
aduaneiro. Destaque-se que trânsito aduaneiro é um regime aduaneiro especial por meio do qual 
as mercadorias são transportadas pelo território nacional, sob controle aduaneiro, com suspensão 
de tributos. 
 
Responsabilidade do OTM perante o contratante: cobre o período compreendido entre o 
recebimento da carga e a entrega ao destinatário. 
Responsabilidade do OTM perante os órgãos fazendários: subsiste desde a concessão do regime 
de trânsito aduaneiro até o momento da entrega da mercadoria em recinto alfandegado de 
destino. 
Lembrem-se, no mais, que o expedidor, o operador de transporte multimodal ou qualquer 
subcontratado para a realização do transporte multimodal, são indicados como responsáveis 
solidários pelo pagamento do Imposto de Importação, nos termos do atigo 106, inciso V, do 
Regulamento Aduaneiro. 
Agentes de Unitização e Desunitização 
As operações de unitização e desunitização de cargas, quando realizadas em locais e recintos 
alfandegados, serão feitas somente por agentes previamente credenciados pela Receita Federal 
do Brasil (RFB). São os chamados agentes de unitização e desunitização. 
Mas agora a pergunta que não quer calar: o que são operações de unitização e desunitização de 
cargas? 
 
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As principais unidades de carga são os contêineres, os quais têm um espaço considerável para 
armazenamento de mercadorias. Suponha que você tenha uma empresa e vá exportar 300 pares 
de sapato. Isso daí cabe dentro de um contêiner e sobra muito espaço! Você só precisaria, 
digamos, de 1/5 do contêiner. 
Aí você chega para o dono do navio e diz: “Aí, armador, eu queria alugar 1/5 do espaço do 
contêiner! Tem como?” 
Ele diz: “Não tem como, meu amigo! Só te alugo o contêiner inteiro!” 
Você: “Mas aí é caro demais!” 
É caro demais mesmo alugar um contêiner sozinho! É justamente por isso que surgem os agentes 
de unitização e desunitização. Esses agentes alugam o contêiner inteiro do armador e oferecem 
pequenos espaços às empresas. Moral da história: dentro de um mesmo contêiner, teremos cargas 
pertencentes a diversas empresas. 
Os agentes de unitização são, portanto, aqueles que colocam diversas cargas em uma unidade de 
carga maior. É o que chamamos de ova ou estufagem do contêiner. Os agentes de desunitização, 
por sua vez, fazem o processo inverso, ou seja, pegam a unidade de carga maior e fazem a 
separação das cargas. A desunitização é o que chamamos de desova do contêiner. Normalmente, 
as empresas que realizam as operações de unitização também fazem operações de desunitização. 
Perito / Assistente Técnico 
O Auditor Fiscal da RFB, como sabemos, é responsável por fazer a conferência aduaneira de 
mercadorias. Ao fazê-lo, ele se depara, por diversas vezes, com questões problemáticas. Por 
exemplo: 
a) “Meu Deus, no documento está escrito que esse é um guindaste 
autopropulsado com lança telescópica para transporte de contêineres de 
20 e 40 pés! No entanto, eu acho que não é não! Acho que esse guindaste 
é outro e deveria estar classificado em outro código tarifário!” 
b) “O importador declarou que essa prensa usada foi comprada por US$ 
50.000,00. Mas ela não está tão velha assim! Eu acho que ela vale bem mais 
que isso!” 
Diante dessas “dúvidas existenciais” do Auditor Fiscal RFB, nada melhor do que um parecer de 
alguém que conheça bem o assunto! Aí é que aparece o perito. O art. 813 do R/A dispõe o 
seguinte sobre as atividades de perícia: 
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Art. 813. A perícia para identificação e quantificação de mercadoria importada ou 
a exportar, bem como a avaliação de equipamentos de segurança e sistemas 
informatizados, e a emissão de laudos periciais sobre o estado e o valor residual 
de bens, será proporcionada: 
I - pelos laboratórios da Secretaria da Receita Federal do Brasil; 
II - por órgãos ou entidades da administração pública; ou 
III - por entidades privadas e técnicos, especializados, previamente credenciados. 
Parágrafo único. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá ato normativo 
em que: 
I - regulará o processo de credenciamento dos órgãos, das entidades e dos 
técnicos a que se referem os incisos II e III do caput; e 
II - estabelecerá o responsável, o valor e a forma de retribuição pelos serviços 
prestados. 
Logo no caput do artigo, já fica bem claro quais são as atividades que podem ser realizadas pela 
perícia: i) identificação e quantificação de mercadoria importada ou a exportar; ii) avaliação de 
equipamentos de segurança e sistemas informatizados e; iii) emissão de laudos sobre o estado e 
valor residual dos bens. 
E quem faz a perícia? 
Novamente, pedimos socorro ao art. 813! A perícia será proporcionada: i) pelos laboratórios da 
RFB; ii) por órgãos ou entidades da administração pública e; iii) por entidades privadas e técnicos

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