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Indicadores de Rentabilidade e Lucratividade Análise Empresarial e Financeira Prof: Fernando Aprato 1. Introdução Os índices de Rentabilidade consistem em medidas estabelecidas para a mensuração do desempenho econômico de uma empresa. O que se busca, por meio destes índices, é saber se o empreendimento está sendo rentável em relação a diversos parâmetros. A ideia de rentabilidade está diretamente ligada à ideia de lucro. Com base em relações estabelecidas por fórmulas matemáticas, o analista tem condições de identificar se a empresa apresenta um desempenho condizente com as demais opções de investimentos existentes no mercado. O objetivo econômico de qualquer capital investido ou aplicado em um empreendimento é a geração de lucro. Para tanto, a análise da rentabilidade de uma empresa deve identificar se o capital empregado está obtendo retorno satisfatório. Índices de rentabilidade e lucratividade são medidas quantitativas, de cálculo simples, que relacionam variáveis das demonstrações contábeis/financeiras das empresas – especialmente da Demonstração do Resultado do Exercício - DRE e do Balanço Patrimonial - BP, com o propósito de facilitar uma análise gerencial acerca da capacidade da empresa de gerar retornos. A necessidade de utilizar indicadores de rentabilidade e indicadores de lucratividade se dá no fato de que apenas analisar o lucro líquido de uma companhia pode não refletir o total potencial econômico e financeiro da empresa. Nos índices de Lucratividade relacionamos o Lucro com as Vendas. Nos índices de Rentabilidade a relação ocorre entre o Lucro e o Capital Investido. Nos índices de rentabilidade e lucratividade, as principais variáveis das demonstrações contábeis utilizadas como base de comparação, são: ► Ativo total ► Patrimônio líquido ► Receitas de vendas ► Lucro !! ATENÇÃO !! Tanto o Ativo quanto o Patrimônio Líquido, utilizados no denominador das fórmulas, deverão ser o médio. A razão é que nem o Ativo Final e nem o Ativo Inicial geram o resultado, e sim a média do Ativo utilizado no ano. Idem para o Patrimônio Líquido. 2. Indicadores de Lucratividade Os índices de lucratividade relacionam algum lucro da DRE com a receita de venda (receita líquida da DRE). Os indicadores de lucratividade, também chamados de índices de margem, são também obtidos pela análise vertical da DRE. Os indicadores de lucratividade medem a eficiência da empresa em produzir lucro por meio das suas vendas. 2.1. Índice de Margem Bruta Quanto maior, melhor. O Índice de Margem Bruta consiste na relação existente entre o lucro bruto e a receita líquida de vendas no período. Identifica o lucro bruto obtido em cada R$ 1,00 de vendas líquidas. Quanto maior for o Índice de Margem Bruta, melhor foi o desempenho da empresa. 2.2. Índice de Margem Líquida Quanto maior, melhor. Índice de Margem Líquida representa a relação existente entre o lucro líquido e a receita líquida de vendas no período. O índice identifica o lucro líquido obtido em cada R$ 1,00 de vendas líquidas. Desta forma, quanto maior for o índice, melhor será o desempenho da empresa (pois ela conseguirá vender bastante, com pouco custo e poucas despesas). A análise deste índice é importante para que o analista identifique o ponto de equilíbrio da empresa em relação ao faturamento e sua margem de lucro. Poderão ocorrer situações em que um maior volume de vendas não representa, necessariamente, um maior lucro. Por outro lado, um lucro menor ou até mesmo prejuízo não decorrem, necessariamente, de um baixo volume de vendas . A diferença básica entre os índices de Margem Líquida e de Margem Bruta é que: (a) no primeiro, são considerados os custos e as despesas, mas (b) no segundo, são considerados apenas os custos. Portanto, a comparação entre esses índices revela a importância relativa (1) do custo dos produtos, mercadorias e/ou serviços vendidos, (2) em relação às despesas operacionais. 2.3. Índice de Margem Operacional Quanto maior, melhor. Lucro Operacional Vendas LíquidasIMO A margem operacional é o índice de lucratividade que relaciona o lucro operacional com as vendas. 3. EBIT e EBITDA O EBIT é a sigla em inglês para Earning Before Interest and Taxes, também chamado no Brasil de LAJIR, isto é, Lucro antes dos Juros e Tributos (imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido). Segundo Marques et al (2008 p. 127) o EBIT corresponde a uma medida de lucro mais ligada ao resultado de natureza operacional auferido pela sociedade, que não inclui resultado financeiro, dividendos ou juros sobre o capital próprio, resultado de equivalência patrimonial e outros resultados não operacionais. Essa ferramenta, apresenta para o usuário da informação contábil, qual é o verdadeiro lucro contábil a partir das atividades genuinamente ligadas ao negócio, isto é, o quanto a empresa obteve de lucro se só considerasse as operações realizadas pela atividade fim da empresa. Já o EBITDA é a sigla em inglês para Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, também chamado no Brasil de LAJIDA, ou seja, é o Lucro antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização. Essa medida consiste no EBIT tradicional, eliminados ainda os efeitos das provisões da depreciação de ativos tangíveis e da amortização de ativos intangíveis que antes haviam sido deduzidos como despesas do período na demonstração de resultado. Na prática, a diferença entre EBIT e EBITDA é que o primeiro não exclui a amortização e a depreciação, ao contrário do segundo. 3.1. EBITDA O Ebitda representa a geração operacional de caixa da companhia, ou seja, o quanto a empresa gera de recursos apenas em suas atividades operacionais, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos. Segundo o professor Ariovaldo dos Santos, da Universidade de São Paulo, em entrevista à Revista Exame: “O Ebitda mostra o potencial de geração de caixa de um negócio, pois indica quanto dinheiro é gerado pelos ativos operacionais.” A finalidade do Ebitda é demonstrar o potencial de geração operacional de caixa que uma empresa é capaz de produzir, antes de considerar o custo de qualquer empréstimo ou f inanciamento. Não é o fluxo de caixa efetivamente gerado ou consumido no período, pois não considera as variações nas contas de ativo e passivo. Em outras palavras, parte das vendas pode não ter sido ainda recebida, e parte das comprar ainda não ter sido paga . Portanto, o Ebitda é um número muito interessante para analisar a competitividade e a eficiência da empresa, especialmente em comparação ano a ano e com os concorrentes. Isso se deve ao fato de que o indicador não leva em conta questões como financiamentos, impostos, amortização e depreciação dos ativos. Assim, por exemplo, duas empresas de países diferentes podem ser postas lado a lado em uma planilha sem interferências dos juros altos que uma paga ou dos impostos mais baixos da outra. 3.1.1. Vantagens do EBITDA O EBITDA é mais preciso para medir a produtividade e a eficiência do negócio do que o seu resultado final. Por exemplo, ao comparar a evolução desse indicador, um analista consegue saber se uma empresa tornou-se mais eficiente de um ano para o outro, sem a influência de fatores externos. O indicador é útil, por exemplo, para medir o desempenho de empresas endividadas, pois os encargos que essas empresas precisam pagar podem reduzir em muito o seu lucro ou mesmo resultar em prejuízo. Ao se olhar para o EBITDA, é possível ver se a empresa está sendo produtiva e eficiente, o que indica potencial para pagar suas contas e gerar caixa no futuro. Da mesma forma, um EBITDA negativo significa que a operação da empresa não está sendo rentável. Isso não quer dizer, porém, que ela necessariamente está tendo prejuízos no seu resultado final, já que pode estar tendo ganhos, por exemplo, com o retorno de investimentos. 3.1.2. Limitações do EBITDA Apesar da importância do EBITDA, para se ter uma ideia geral sobre o desempenho de uma companhia, é preciso combinar suaanálise com a de outros indicadores. Isso porque o EBITDA pode passar uma falsa ideia sobre a saúde financeira da empresa e sua liquidez. Por definição, esse indicador não considera, por exemplo, a depreciação. Por isso, se o maquinário da empresa estiver muito obsoleto, exigindo no curto prazo um grande investimento em sua renovação, isso não poderá ser previsto por meio do EBITDA. Por desconsiderar os efeitos financeiros, o EBITDA pode incluir receitas ainda não recebidas ou despesas em dívida, o que abre margem para manobras de contabilidade. Por esse motivo, o EBITDA não é um bom indicador para saber o volume monetário do caixa. No entanto, é útil para medir o potencial de geração de caixa pelos ativos operacionais. 3.1.3. Cálculo do EBITDA O EBITDA de uma empresa pode ser calculado com base em informações que estão disponíveis na DRE (Demonstração do resultado do exercício). Para se calcular o EBITDA, é preciso descobrir o lucro operacional líquido da empresa, que pode ser obtido pela seguinte fórmula: Receita líquida - custo das mercadorias - despesas operacionais - despesas financeiras líquidas = lucro operacional líquido antes do IR As despesas operacionais incluem tanto as despesas com vendas do produto ou serviço como as despesas gerais e administrativas. Após chegar ao cálculo do lucro operacional líquido, é preciso adicionar os valores de depreciação e de amortização, que estavam embutidos no cálculo do custo e das despesas operacionais. A fórmula de cálculo do EBITDA pode ser representada assim: Lucro operacional líquido antes do IR + Depreciações + Amortizações = EBITDA Outra forma de cálculo do EBITDA é partir do Lucro líquido do exercício e adicionar o IR e a CSLL, as despesas financeiras e a depreciação, amortização e exaustão. 3.1.4. Margem EBITDA A margem EBITDA é um indicador calculado dividindo o EBITDA pela receita líquida. O resultado dessa fórmula é um valor percentual, que permite saber qual o percentual de lucratividade da operação da companhia antes da remuneração do capital de terceiros, dos impostos e da recuperação dos recursos investidos. Quanto maior for a margem EBITDA, melhor será o desempenho da empresa nesse indicador. 4. Indicadores de Rentabilidade 4.1. Índice de Rentabilidade do Patrimônio ou ROE Quanto maior, melhor. O índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido representa a relação existente entre o Lucro Líquido do período e o Patrimônio Líquido (médio), referente a este mesmo período. Esta é a relação pela qual se verifica a lucratividade dos capitais próprios. Em outras palavras, o índice revela o lucro obtido para cada real investido pelos sócios. Este índice também é chamado de “ROE” – “return on equity”. Mede o poder de ganho dos proprietários. O retorno sobre o patrimônio mede o quanto de retorno uma companhia é capaz de gerar com o dinheiro que foi aplicado pelos acionistas (shareholders). O Lucro Líquido apurado é o resultado de todas as operações envolvendo receitas e despesas de um determinado período, ou seja, é o resultado da dinâmica de funcionamento da empresa no exercício social. Já o Patrimônio Líquido indica a situação estática dos capitais próprios ao término de cada período (o valor que é – teoricamente – de titularidade dos proprietários). Prazo de retorno do investimento – “Pay-Back”. Trabalhando-se com a rentabilidade obtida pela empresa em um ano, é possível mensurar o tempo necessário para a obtenção do retorno do investimento feito pelos proprietários do empreendimento. O cálculo do tempo de retomo do investimento é feito por meio da já conhecida "regra de três" da seguinte forma: Prazo de retorno (em anos) = (100 %) / (rentabilidade obtida (%)) (SEFIN – RO/Contador/FGV/2018) - Uma entidade observou uma diminuição no índice de retorno sobre o patrimônio líquido em determinado período. Assinale a opção que indica uma possível causa para a diminuição, mantendo-se os outros fatores. a) Compra de ativo imobilizado, à vista. b) Compra de estoque, a prazo. c) Aumento do capital social, em dinheiro. d) Recebimento de um adiantamento para realizar um serviço no exercício seguinte. e) Pagamento de despesas de salários, que já haviam sido provisionadas. Gabarito = C (CS UFG/Contador/UFG/2017) - O gestor da empresa tem diversos interesses nas informações contábeis emanadas da análise de balanços que auxiliam na tomada de decisão. A rentabilidade do capital próprio é um índice que tem importância, visto que evidencia o ganho com o capital aplicado pelos sócios. De que forma é realizado o cálculo desse índice? a) Lucro Líquido/Saldo médio do Patrimônio Líquido. b) Lucro Bruto/Saldo médio do Patrimônio Líquido. c) Lucro Antes do Imposto de Renda/Saldo do Patrimônio Líquido. d) Lucro Antes do Imposto de Renda/Saldo do Patrimônio Líquido Ajustado a Valor Presente. Gabarito = A 4.2. Índice de Rentabilidade do Ativo ou ROI Quanto maior, melhor. O índice de Rentabilidade do Ativo representa a relação existente entre o Lucro Líquido do período e o Ativo Total do mesmo período. É a relação pela qual se verifica a lucratividade dos capitais próprios e de terceiros, ou seja, de todo o investimento. Em outras palavras, este índice revela o desempenho dos capitais (próprios e de terceiros) investidos na empresa. O índice de rentabilidade do ativo também é conhecido pela sigla “ROI” – “Return on investment”. A relação estabelecida por este índice indica o Lucro líquido obtido pela empresa no período para cada R$ 1,00 de investimento em bens e direitos realizado pela empresa. Em outras palavras esse índice compara o valor do lucro que a empresa consegue auferir, com a utilização dos bens e direitos por ela adquiridos – com recursos próprios (dos sócios-PL) ou com recursos de terceiros (empréstimos - Passivo). Assim, quanto maior for o índice, melhor será o desempenho dos capitais investidos. Por meio deste índice, o analista obterá informações importantes sobre o nível de remuneração dos capitais próprios e de terceiros em função da lucratividade da empresa. Prazo de Retorno do Investimento total. Trabalhando-se com a rentabilidade obtida pela empresa em um ano, é possível mensurar o tempo necessário para se obter o retorno do investimento total realizado. O cálculo do tempo de retorno do investimento é feito por meio da já conhecida "regra de três", da seguinte forma: - Prazo de retorno (em anos) = (100 %) / (rentabilidade obtida (%)) (TRASNPETRO/Contador Júnior/CESGRANRIO/2018) - A Comercial T apresentou as seguintes informações retiradas de seus livros e registros contábeis, em 30 de junho de 2017: Ativo médio apurado nessa data (investimento) 1.500.000,00 Custo das mercadorias vendidas 300.0000,00 Despesas operacionais 195.000,00 Impostos sobre compras 90.000,00 Impostos sobre vendas 120.000,00 Venda de mercadorias 825.000,00 Considerando, exclusivamente, as informações recebidas e os aspectos técnico- conceituais da análise das demonstrações contábeis, o retorno sobre o investimento (ROI), da Comercial T, em 30 / junho /2017, é de a) 14,0% b) 20,0% c) 27,0% d) 33,0% e) 47,0% Gabarito = A (UEFS/Analista Universitário – Ciências Contábeis/AOCP/2018) - A relação que permite calcular o Índice de Rentabilidade do Ativo é a) Lucro Líquido sobre Ativo Total. b) Vendas Líquidas sobre Ativo Total. c) Lucro Líquido sobre Vendas Líquidas. d) Lucro Líquido sobre Patrimônio Líquido. e) Ativo Total sobre Lucro Líquido. Gabarito = A 4.3. Índice de Rentabilidade do Ativo Operacional (RAO) Lucro Operacional Ativo OperacionalRAO = Quanto maior, melhor. É a rentabilidade medida comparando o lucro operacional (LOP) com o ativo operacional (AO). O ativo operacional é o ativo deduzido dos itens especulativos do circulante, não usuais do ARLP e subgrupo investimento do ANC. Ativo Operacional (AO) – representa os recursos utilizados nas operações da empresa que dependem das características de seu ciclo operacional. É composto por duplicatas a receber, estoques e outros valores a receberque possuem natureza permanente. O ROA é o retorno dos ativos. Mede a capacidade da empresa de gerar retorno com sua atividade fim, pois trata de uma relação entre o lucro operacional e o ativo total. O lucro operacional pode ser entendido como o lucro gerado pelos ativos. O lucro operacional não depende da forma pela qual a empresa é financiada, pois vem antes das despesas financeiras, tendo ainda em sua composição a: a) remuneração do capital próprio (sócios/acionistas) – lucro líquido; e b) e a remuneração do capital de terceiros (credores) – despesas financeiras. 4.1. Índice de Giro do Ativo Total Quanto maior, melhor. O Índice de Giro do Ativo representa a relação existente entre as Vendas Líquidas realizadas no período e o valor do Ativo Total do mesmo período. Esta relação estabelece o valor das vendas realizadas pela empresa para cada R$ 1,00 de investimento. Desta forma, quanto maior for o resultado desta relação, em tese, melhor terá sido o desempenho da empresa. Em outras palavras, quanto mais a empresa vender (utilizando seus ativos), com mais facilidade ela terá recursos para aplicar em novos ativos – essa ideia de utilizar ativos, realizar vendas e comprar novos ativos é que determina o nome do índice “giro”. Para se conhecer a lucratividade de uma empresa, o ponto de partida é o volume de vendas líquidas do período. Mas não é tudo. Há outros fatores que influenciam decisivamente no cálculo do lucro e, consequentemente, na rentabilidade da empresa, tais como: custo dos produtos, mercadorias e serviços vendidos, despesas operacionais, outras receitas operacionais (receitas financeiras), etc. As vendas brutas não são utilizadas como parâmetro porque as deduções da receita bruta de venda são (em regra) decorrentes da lei (notadamente relativas a tributos sobre a venda) e não são influenciadas pelas decisões administrativas da empresa. Assim, uma empresa pode apresentar um volume significativo de vendas, e sua lucratividade poderá ser baixa ou até negativa. A contrário senso, uma empresa pode ter um volume reduzido de vendas, mas uma alta lucratividade do capital investido. O cálculo deste índice visa oferecer ao analista informações sobre a adequação do volume de vendas realizadas no período em relação ao patrimônio bruto da empresa (Ativo Total). Neste sentido, o índice de Giro do Ativo deve ser estudado em conjunto com os demais índices de rentabilidade. (SEDF/AGE – Contabilidade/CESPE/2017) - Com referência a análise econômico-financeira e seus indicadores típicos, julgue o item a seguir. Uma empresa que, ao investir R$ 2 milhões em determinado empreendimento, obtenha receitas de R$ 7 milhões e um lucro antes do imposto de renda e da contribuição sobre o lucro líquido de R$ 350.000 obterá um giro do ativo inferior a 4 e um retorno sobre seu investimento superior a 3 vezes a sua rentabilidade em vendas. ( ) Certo ( ) Errado Gabarito = C
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