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10- Doença inflamatória intestinal idiopática - Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa Doença inflamatória intestinal Inflamação do intestino Ausência de agente causal comprovado (idiopática) Padrão de ocorrência familiar (predisposição genética) Manifestações sistêmicas -> resposta imunológica exacerbada gerando manifestações sistêmicas Podem cursar com outras manifestações sistêmicas Doença de Crohn: Lesões saltatória Qualquer parte do TGI: boca -> ânus Inflamação em toda a mucosa, musculara, serosa -> inflamação transmural, inclusive o extraintestinal adjacente Colite ulcerativa: Envolvimento do cólon, iniciando no reto Exclusiva de mucosa/ mucosa superficial Sem comprometimento de muscular e serosa Etiologia Fatores genéticos o Membros da mesma família (5% a 35%) o Gêmeos monozigóticos (30% a 50%) o Filhos de pais com doença inflamatória intestinal o 24% das crianças com colite que se manifesta antes dos 10 anos tem história familiar (o normal é ter entre a 2a e 3a décadas de vida) o Judeus (países da Europa Ocidental e Países Nórdicos) o Mutação do gene NOD2/CARD15 em 25% na Doença de Crohn o Mutação TLR (Toll-like Receptors)= receptor de PAMPs o Mutação ATG16L1 e IRGM (2 genes envolvidos com autofagossomos) o Todos esses genes mutados estão relacionados com a destruição de bactérias Perpetuação de bactéria viva dentro de célula epitelial -> estimula inflamação crônica Fatores exógenos o Dieta rica em alimentos defumados, nitratos, pobre em frutas, legumes e verduras -> altera a flora bacteriana normal e favorecer respostas inflamatórias exacerbadas em indivíduos pré- dispostos o AINES -> relacionado com a exacerbação da DII o Fumo -> mais relacionado com a Doença de Chron e uma relação contraria, ou seja, de proteção (tabagistas tem uma tendência menor a ter DC) o Apendicectomia precoce: menor incidência de Retocolite ulcerativa Agentes comensais e não comensais/ microbiota o Eles podem estimular uma resposta exacerbada inflamatória e pode ser um start para uma doença intestinal o O intestino possui uma flora que deve sempre estar em equilíbrio (comensal) o A microbiota natural pode ser alterada com dieta, uso de antibióticos. Qualquer desbalanço nesse equilíbrio da microbiota pode exacerbar uma doença que já está presente ou dar inicio a primeira sintomatologia da DII o Bactérias: yersinia enterocolítica, brucella, campylobacter, mycobacterium paratuberculosis, E.coli, Streptoccocus o Chalmydia o Vïrus: Citomegalovirus, Epstein-Baar, herpes vírus, sarampo o Flora comensal desequilibrada Fatores imunológicos o Ativação de linfócitos B e T -> resposta crônica o Retocolite Ulcerativa: resposta Th2 -> IL-4, IL-10, que ativam macrófagos tipo 2 o Doença de Crohn: resposta Th1 -> IFN-gama e TNF-alfa -> pode ter a formação de granulomas o Th17 -> IL-17, exacerbação inflamatória para a destruição de patógenos o TNF-alfa em Crohn o Expressão aberrante de moléculas HLA classe 2 o P-ANCA (anticorpo anticitoplasmático neutrofílico) 49-86% das colites ulcerativas e geralmente negativo na DC o Anticorpos anti-Saccharomyces cerevisiae (ASCA) das classes de IgG e IgA em DC o Aumento de imunoglobulinas, principalmente na RC o Hipótese da higiene Doença de Crohn Tipos de doença de TGI: pode comprometer todo o TGI Ileite aguda -> em muitas vezes é a primeira manifestação da DC, localizada principalmente no íleo terminal Ileite crônica regional Enterite localizada (no intestino delgado) Enterite difusa Ileocolite (íleo terminal e o ceco direito) -> primeira apresentação pode ser apendicite aguda Colite Doença ano-retal (mais frequente em DC em crianças) -> em muitas vezes é a primeira manifestação Doença oral (lembram aftas), gástrica, esofágica e duodenal -> menos frequentes Clínica -> falta de absorção -> marca é a diarreia Intestino delgado: agressão à mucosa = perdas o Anorexia o Perda de peso o Dor abdominal o Cólica pós-prandial o Diarreia (marca forte de toda DII) o Deficiência de lactase o Deficiência de zinco Doença ileal o Deficiência de vitamina B12 -> grande marca (tem anemia perniciosa) o Mal absorção de gorduras (esteatorreia) e vitaminas o Enterite perdedora de albumina pelo quadro diarreico Cólon o Diarreia importante o Cólicas o Hemorragia Ileocecal o Simulação de apendicite o Obstrução (inflamação -> fibrose -> estenose -> obstrução) Distribuição das lesões (íleo terminal é o mais acometido) Ileocecal: 30 a 50% Intestino delgado: 15 a 50% TGI alto: 5 a 30% Cólon: 20 a 30% Como aparece 2a/3a década de via Pode aparecer como primeira manifestação: diarreia (mínima/ profusa), dor abdominal, febre o Cursa alguns dias; semanas ou meses Tratar com corticosteroides Pode nunca mais ter crises ou ter exacerbação do quadro e ter crises pontuais Pode aparecer em um ponto e em outras crises ir para outros locais Doenças associadas: Síndrome de Turner Fibrose cística Defeito neutrofílico hereditário Defeito no armazenamento de glicogênio Doenças autoimunes: espondilite anquilosante, doença de Behcet, colangite esclerosante, psoríase, purpura trombocitopenica, LES, tireoidite autoimune, anemia perniciosa, DM, alopecia areata, esclerose múltipla, miastenia gravis, escleroderma Macroscopia Externamente Internamente Sinal do cordão: afunilamento no íleo terminal pq parede tem estenose (processos inflamatórios crônicos de inflamação Hiperplasia da mucosa adjacente e muito mucossecretora "Gordura serpinginosa": parece que gordura infiltra na parede -> leva inflamação para toda a parede Inflamação do mesentério e hemorragia mucosa Perfuração: pq é inflamação transmural -> simula apendicite Lesões salteadas: úlceras que vão se confluindo Peritonite Megacólon tóxico: colonização bacteriana com necrose = emergência médica (mas é mais comoum na RC) Aderência entre alças: inflamação se estende na serosa -> inflamação favorece adesões = bridas intestinais Aderências, estenose, fibrose e "Gordura trepadeira" Fistula Perfuração (inflamação rompe limites do cólon e perfura) e fístula (trajeto que vai se comunicar com uma outra estrutura) OBS: úlceras serpiginosas- no sentido longitudinal do cólon Estenose e fibrose "Pedra de calçamento"; úlcera bem lineares/ serpiginosas e mucosa adjacente normal OBS: Dá pra ver as úlceras na colonoscopia Ulcera começa com afta -> se confluem e forma as úlcera Microscopia Neutrófilos (nas criptas ou ao redor das vilosidades): agressão das criptas/ vilsoidades -> leva a ulceração (quadro agudo de inflamação) -> pode se estender por toda a parede -> perfuração/ fístula o MICROABSCESSOS DE CRIPTAS= toda a concentração de neutrófilo é chamado de abscesso Úlcera : destruição da mucosa e da muscular da mucosa que se estende para submucosa e até muscular própria, serosa e até mesentério -> lesão profunda se só for superficial é classificada como erosão Úlceras aftoide: criptas intestinais que desaparecem no local da ulcera, cheias de células inflamatórias (principalmente linfócitos) Hiperplasia linfoides ( folículos linfoides na submucosa) -> resposta inflamatória exacerbada Fissuras: pertuitos que vão ao longo da parede intestinal, mas fica restrito a parede intestinal, quando chega até outros órgãos é chamado de fistula Granulomas não caseosos: granulomas imunológicos -> além da doença ser transmural, a presença de granulomas é um outro diferencial da retocolite, pois a retocolite não tem granulomas Linfócitos destruindo o epitélio , as vilosidades ficam deformadas e tem uma hiperplasia com muitas células caliciformes -> pseudo-pólipos (eles podem sofrer ulceração e o local tem área com tecido de granulação para tentar reparar Retocolite ulcerativa Mais comum em homens, após 2a e 3a década de vida Doença doreto e do cólon, mas não compromete o anus (não tem fistula, ulcerações no períneo, ela preserva o anus) Sentido proximal (começa no reto e vai subindo) Pancolite - raro (ileite retrograda -> inflamação que está no ceco está se expandindo) Limitada ao cólon (10% ileite retrógrada) Doença da mucosa Quase sempre tem sangramento (capilares) Muitos distúrbios eletrolíticos (devido a diarreia ) Inflamação NÃO é transmural Patologia Colite incipiente Colite progressiva: surtos que vão aumentando o padrão no colón com o tempo Colite avançada: pancolite com sintomatologia avançadas Macroscopia Lesão continua Mucosa avermelhada -> inflamação SOMENTE da mucosa Pseudopólipos (em surtos recidivantes com frequência) -> mucosa que não está sofrendo, fica muito edemaciada -> lesões hiperplásicas Túneis macroscópicos Atrofia da mucosa (fica liso): vai perdendo mucosa -> vai atrofiando Ileíte Megacólon tóxico: inflamação ->resposta inflamatória lesa plexos miontéricos =-> dilatação -> colonização bacteriana secundária -> necrose -> perfura o Mais frequente na retocolite do que a doença de Crohn Displasia: sequências de inflamação -> radicais livres- > displasia (atipia do epitélio glandular) -> pode caminhar para adenocarcinoma de cólon Microscopaia Microabscessos de cripta: neutrófilos destruindo o epitélio e indo para o interior da cripta Glândulas colônicas Infiltrados de linfócitos Clínica 70% ataques intermitentes -> paciente tem crise e melhora varias vezes 10% remissão longa (anos sem ter crise e depois reaparece) 20% sintomas contínuos sem remissão -> grande problema, leva a grandes perdas hidroeletrolíticas, cursam com emagrecimento, anorexia e uma repercussão clinica muito ruim; não necessariamente precisa de uma crise exacerbada, mas ele se mantem em um estado de atividade inflamatória constante Colectomia = remoção do cólon Retocolite: curativa -> pq tira o segmento doente (acometimento só do cólon) Doença de Crohn: não é curativa; é paliativo Sinais e sintomas Colite leve o Hemorragia o Tenesmo (vontade de evacuar constantemente) o Limitada ao reto Colite moderada: 40% dos pacientes o Fezes amolecidas com sangue e eventualmente mais diarreicas o Cólica, principalmente na FIE o Febre -> resposta inflamatória mais exacerbada o Pode durar dias ou semanas o Anemia moderada por perda sanguínea Colite grave: 10% dos pacientes o Exacerbação da atividade -> atividade neutrofílica de exacerba com ou microabscessos, destruindo mais a mucosa com mais áreas de ulcerações e sangramentos o 6 e até mais de 20 evacuações/dia com sangue o Anemia, desidratação e distúrbios hidroeletrolíticos o Hemorragia maciça (a mucosa começa a sangrar muito e tem uma franca hemorragia intestinal – HDB) o Colite ulcerativa fulminante (megacolon tóxico, perfuração) -> é a única situação dentro da retocolite ulcerativa que o processo se extende para além da mucosa. Essa situação pode gerar até 15% de morte e 30% são submetidos a colectomia em até 3 anos Tratamento Reposição do que está perdendo Imunomodulador Corticosteroides Evolução Tanto na DC quanto na retocolite ulcerativa a cirurgia (colectomia) é uma opção, mas sempre depois de ter tentado tudo antes em termos clínicos e medicamentosos, tentando postergar sempre ao máximo a conduta cirúrgica -> qualidade de vida cai muito, principalmente quando é colectomia total O problema das DII ao longo dos anos, principalmente aquelas que tem um tempo muito longo de doença, em que o paciente tem anos de doença e, principalmente, quando tem intensa exacerbação do processo inflamatório periodicamente -> chance de displasia muito grande Pelo estado de inflamação e reparo, inflamação e reparo, muito seguido, chega uma hora em que começa a ter clones que caminham para uma displasia o Displasia: Células alteradas com núcleos grandes, volumosos Criptas distorcidas o Retocolite e doença de crohn tem uma predisposição maior a ter câncer de TGI o Retocolite: CA de colon DC: CA de ileo-terminal e CA de colon (principalmente) Manifestações sistêmicas da doença inflamatória intestinal O paciente precisa ser avaliado como um todo, pois tem associação com muitas outras doenças, principalmente as da autoimunidade -> pode apresentar primeiro essa doença e depois a manifestação da DII Sempre tentar fazer a associação com outras doenças Doença inflamatória intestinal e neoplasias Principalmente neoplasia de cólon o RC tem mais chance de gerar adenocarcinoma o Câncer de íleo/ delgado é extremamente raro A evolução para neoplasia depende muito da duração e extensão da lesão, principalmente colônica -> quanto mais tempo, mais lesão de reparo e regeneração, clonalidade até surgir uma displasia e evoluir para uma neoplasia intestinal Adenocarcinoma de cólon -> glândulas mal formadas, núcleos exuberantes e aberrantes infiltrando o estroma Carcinogênese: o Radicais livres liberado na inflamação crônica -> dano no DNA -> mutação -> sucessivos danos em genes driver -> formação do câncer
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