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MATERIAL DIDÁTICO RISCO, INCERTEZA E DEPRECIAÇÃO CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br Impressão e Editoração 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3 UNIDADE 1 – A “FAMÍLIA GASTO” E SEUS DESCENDENTES DE PRIMEIRO GRAU ............................................................................................ 12 UNIDADE 2 – PROJEÇÃO DE FLUXO DE CAIXA ......................................... 18 2.1 Depreciação ............................................................................................... 26 2.2 Impostos e contribuições ............................................................................ 31 2.3 Sistemas de custeio ................................................................................... 32 2.3.1 Custeio por absorção .............................................................................. 33 2.3.2 Custeio variável ou direto ........................................................................ 34 2.3.3 Custeio padrão (ou standard) .................................................................. 34 2.3.4 Custeio baseado em atividades (Activity Based Costing - ABC) ............. 36 2.4 Demonstrativo de resultado de exercício sob o custeio direto ................... 37 2.5 Efeitos das fontes de financiamento ........................................................... 39 UNIDADE 3 – METODOLOGIA MULTI-ÍNDICE .............................................. 42 3.1 Grau de comprometimento da receita ........................................................ 43 3.2 Risco de gestão .......................................................................................... 44 3.3 Risco de negócio ........................................................................................ 47 3.4 Síntese dos indicadores de risco ................................................................ 49 UNIDADE 4 – ALTERNATIVAS MUTUAMENTE EXCLUSIVAS .................... 50 UNIDADE 5 – RISCO E INCERTEZA .............................................................. 57 5.1 Risco versus incerteza ............................................................................... 58 5.2 Análise de sensibilidade ............................................................................. 60 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 65 3 INTRODUÇÃO Nunca deixe que as tristezas do passado e as incertezas do futuro estraguem as alegrias do presente. (Autor desconhecido) Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar. (Immanuel Kant) Com certeza, você já ouviu ou sentiu na prática a necessidade de entendimento dos termos, risco, incerteza e depreciação. Em verdade, tais conceitos são de fundamental importância atualmente na gestão empresarial de empresas, na gestão estratégica de custos organizacionais, na mensuração e maximização de resultados, na gestão organizacional e financeira, entre outras. Não tão distante, poderíamos dizer que estes termos, ao mesmo tempo de fácil compreensão nas suas definições próprias, apresentam particularidades na mensuração e cálculos associados. Dessa forma, por exemplo, do dicionário temos que depreciação ou desvalorização é o custo ou despesas do ou da obsolescência dos ativos imobilizados, como por exemplo: máquinas, veículos, móveis, imóveis ou instalações diversas. Lembrando também que, de acordo com Martins (2003), Custo pode ser definido como um gasto relativo ao bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços, enquanto Despesa são todos os bens ou serviços consumidos na manutenção de atividades operacionais e na obtenção de receitas, não vinculadas à produção de bens e serviços. Em outras palavras, isto significa que despesa é bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para obtenção de receitas. Salientamos ainda que com o passar do tempo, com a obsolescência natural ou desgaste com uso na produção, os ativos vão perdendo valor, essa perda de valor é apropriada pela contabilidade periodicamente até que esse ativo tenha valor reduzido a zero. http://pensador.uol.com.br/autor/immanuel_kant/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Ativo https://pt.wikipedia.org/wiki/Ativo 4 Ressalta-se também que a depreciação do ativo imobilizado diretamente empregado na produção será alocada como custo. Por sua vez, os ativos que não forem usados diretamente na produção terão suas depreciações contabilizadas como despesa. Especificamente falando no contexto brasileiro, no foco contábil, o cálculo da depreciação deverá obedecer aos critérios determinados pelo governo, através da Secretaria da Receita Federal, art. 305 do RIR/99, que estipula o prazo de 10 anos para depreciarmos as máquinas, 5 anos para veículos, 10 anos para móveis e 25 anos para os imóveis. Cabe ressaltar ainda que a depreciação não é obrigatória para as entidades, mas aquelas que auferem lucros farão uso como redutor “artificial” dos seus resultados a oferecer à tributação. As entidades sem fins lucrativos não têm razão para usar essa técnica. Observe então que a depreciação é método contábil que independe da influência administrativa, visa a atender às exigências do Fisco quanto à dedução do Imposto sobre a Renda das empresas em percentuais fixados. A razão dessa depreciação é a de promover a capitalização das organizações para que o objeto que está sendo usado seja substituído no seu descarte, fazendo a entidade “poupar” recursos que seriam distribuídos aos sócios ou acionistas, afinal, o lucro contábil da entidade, que será distribuído “monetariamente”, foi reduzido por um efeito contábil “não monetário”, através da depreciação, e assim, capitalizou a empresa no exato valor lançado nesta rubrica, através do lançamento a débito do patrimônio na Despesa com Depreciação. Sendo um pouco mais específico, todavia, na determinação da depreciação, o gestor envolvido poderá estabelecer expressões mais convenientes ao seu mundo empresarial (gerencialmente, a depreciação passaria a ter influência da administração), desde que não fira o Regulamento do Imposto de Renda/RIR, que estabelece percentuais máximos (ou períodos mínimos de tempo). Dessa maneira, um automóvel, por exemplo, embora tenha uma vida útil econômica teórica de cinco anos, não precisa ser depreciado nesse período, pois a sua vida útil efetiva será bem maior do que isso, principalmente se os resultados da empresa não forem sempre de lucros para serem “poupados” para esta finalidade. https://pt.wikipedia.org/wiki/Produ%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Governo https://pt.wikipedia.org/wiki/Secretaria_da_Receita_Federal https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Vida_%C3%BAtil_econ%C3%B4mica_te%C3%B3rica&action=edit&redlink=1 5 De outra forma, risco significa no âmbito da administração como a combinação entre a probabilidade de ocorrência de um determinado evento (aleatório, futuro e independente da vontade humana) e os impactos (positivos ou negativos) resultantes, caso ele ocorra. É interessante comentarmos que a gestão de riscos consiste em relacionar os eventos relevantes possíveis, avaliar as probabilidades de que esses eventos se concretizarem e definir seus possíveis impactos. Em geral, organizações que estão planejando ou desenvolvendo projetos ou negócios realizam a análise de riscos. Além disso, segundo Martins (2009), a gestão de riscos em sua análise propriamente dita deve ter três pontos principais, que são: matriz de impacto; matriz de probabilidade; e, definição de riscos. De outro modo, a gestão de riscos pode ser visualizada como o processoatravés do qual as empresas interpretam com base em métodos, os riscos inerentes às suas atividades, com o objetivo de identificação dos mesmos, estimativa da probabilidade de ocorrência de eventos de risco e seu impacto financeiro e definição das medidas para evitar, amenizar, transferir (mediante a contratação de apólices de seguros, por exemplo) ou assumir os riscos. Importante! O gerenciamento de riscos é um elemento central na gestão de estratégia pessoal e também de qualquer organização, principalmente em processos econômicos. Deve ser integrada à cultura da organização, com uma política eficaz e um programa conduzido pela alta administração. Deve traduzir a estratégia em objetivos táticos e operacionais, atribuindo responsabilidades na gestão dos riscos em todos os níveis da organização, como parte integrante da descrição de funções. Por fim, qualquer gestor ou diretor responsável deve ter em mente que a gestão de riscos deve ser um processo contínuo (sem parada) e em constante desenvolvimento aplicado à estratégia da organização e à implementação dessa mesma estratégia, envolvendo ainda, a análise sistemática de todos os riscos inerentes às atividades passadas, presentes e, em particular, futuras de https://pt.wikipedia.org/wiki/Probabilidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Probabilidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Ap%C3%B3lice https://pt.wikipedia.org/wiki/Seguro https://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_de_riscos https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o 6 uma organização. Sendo assim, o gerenciamento dos riscos sustenta a responsabilização, a avaliação do desempenho e respectiva recompensa, promovendo, dessa forma, a eficiência operacional em todos os níveis da organização em questão. Contrariamente, temos que o termo incerteza possui várias definições, ou seja, em um primeiro momento, poderia ser encarada com vários significados, em muitos campos, incluindo, dentre eles a: Filosofia, Física, Estatística, Economia e Finanças, Psicologia e, obviamente a gestão como um todo. Podemos referir-se a uma situação em que não se pode prever exatamente o resultado de uma ação ou o efeito de uma condição. Ou ainda, pode-se também referir-se ao grau de imprecisão de medidas físicas ou, simplesmente, ao desconhecido. Salientamos ainda que, segundo Martins (2009), a mensuração de risco pode ser definida como a tentativa de se medir o grau de incerteza na obtenção do retorno esperado em uma determinada aplicação financeira ou investimento efetuado. Dessa maneira, os investimentos podem ser classificados como de baixo, médio e alto risco. Geralmente, investimentos de baixo risco apresentam um maior nível de segurança ao investidor, mas em contrapartida, costumam ter um retorno menor. Investimentos de alto risco, por outro lado, podem trazer um retorno mais alto, mas com um grau muito maior de incerteza, podendo até mesmo trazer prejuízos aos investidores. Em economia, uma distinção clássica entre risco e incerteza é a proposta por Frank Knight, da Universidade de Chicago, em sua obra Risk, Uncertainty and Profit (Risco, Incerteza e Lucro), de 1921. Segundo ele, risco é uma incerteza mensurável – uma “falsa incerteza”. Assim, o risco de que um evento ocorra é dado por uma distribuição de probabilidades. Conforme o mesmo autor: Incerteza deve ser entendida num sentido radicalmente distinto da familiar noção de risco, da qual nunca foi convenientemente separada (...) Incerteza mensurável, ou risco no sentido próprio do termo, é tão diferente de incerteza não mensurável que, de fato, não é, de modo algum, uma incerteza (KNIGHT, 1921). Antes de iniciarmos todos os aspectos teóricos relacionados à disciplina em si, listamos aqui alguns Cases Empresariais que são interpretados e https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%ADsica https://pt.wikipedia.org/wiki/Estat%C3%ADstica https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia https://pt.wikipedia.org/wiki/Finan%C3%A7as https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Incerteza https://pt.wikipedia.org/wiki/Investimento https://pt.wikipedia.org/wiki/Investimento https://pt.wikipedia.org/wiki/Investimento https://pt.wikipedia.org/wiki/Investimento https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A1lculo_de_risco https://pt.wikipedia.org/wiki/Frank_Knight https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Chicago https://pt.wikipedia.org/wiki/1921 https://pt.wikipedia.org/wiki/Probabilidade 7 resolvidos a partir das ferramentas teóricas e quantitativas a serem discutidas ao longo deste material. Case Empresarial 01 – Uma empresa está estudando a aquisição de um equipamento por R$ 300.000,00, cuja vida econômica está estimada em cinco anos com valor residual igual a 10% do custo de aquisição. A taxa de depreciação é de 20% ao ano. Esse equipamento trará acréscimos no fluxo de caixa de R$ 100.000,00 por ano, já a partir do primeiro ano. A empresa, se desejar, pode obter um financiamento através do SAC por 4 anos de 80% do valor do equipamento a um custo de 10% ao ano. A TMA da empresa é de 10% ao ano. Caracterizar os indicadores de análise e dê a sua opinião sobre a viabilidade do empreendimento com recursos próprios e com recursos de terceiros. Case Empresarial 02 – O departamento de Engenharia de Produção de uma empresa está estudando a possibilidade de redução de custos pela modernização da tecnologia instalada. Um dos estudos aponta para redução da mão de obra pela compra de equipamentos de base microeletrônica para substituir os atuais de base essencialmente mecânica. As estimativas de tal substituição estão apresentadas no Quadro a seguir. Estimativas Investimento inicial R$ 120.000,00 Redução anual de custos R$ 32.000,00 Valor residual R$ 10.000,00 8 Vida econômica 5 anos Depreciação linear anual R$ 24.000,00 TMA 10% ao ano Pede-se: a) A análise da viabilidade do projeto após o Imposto de Renda. b) A análise da viabilidade do aluguel da máquina por R$ 25.000,00. c) Analisar as consequências de 60% do investimento inicial do projeto ser financiado pelo SAC em 5 anos por um banco de desenvolvimento que cobra juros de 8% ao ano. Case Empresarial 03 – Consideremos uma oportunidade de investimento de R$ 100.000,00 que proporcionará lucros anuais, antes de IR e CSLL, de R$ 30.000,00 durante cinco anos. Esse equipamento se depreciará totalmente em cinco anos. Após cinco anos de uso, o valor de mercado deste equipamento está estimado em R$ 24.000,00. A TMA da empresa, após IR e CSLL, é de 8% ao ano. a) Verifique a atratividade do investimento. b) Compare os resultados obtidos com a possibilidade de se fazer leasing do equipamento por R$ 20.000,00. c) Analise as consequências de 80% do investimento inicial do projeto ser financiamento (Price ou SAC – 5 anos) por um banco de desenvolvimento que cobra juros de 6% ao ano. d) Qual estratégia de investimento você recomendaria? 9 Case Empresarial 04 – Uma cooperativa de laticínios está estudando as consequências financeiras do lançamento de um novo produto derivado do leite. As vendas anuais estão estimadas em 200.000 unidades para o primeiro ano. Para os anos seguintes, espera-se que as vendas aumentem na mesma proporção do crescimento do mercado. As previsões mais otimistas apontam para um crescimento do mercado de, no máximo, 10% ao ano. Qualquer que seja a taxa de crescimento do mercado, estudos preliminares apontam para uma estabilização da quantidade vendida (300.000 unidades) após cinco anos de permanência desse produto no mercado, alguns desses dados relevantes para a análise são os seguintes: Estimativas Investimento inicial R$ 400.000,00 Margem de contribuição unitáriaR$ 0,40 Custo fixo anual (incluindo R$ 20.000,00 de depreciação) R$ 40.000,00 TMA 12% ao ano Vida Útil do Projeto 10 anos Se a cooperativa tem adotado uma política de não investir em projetos que não se paguem (pay-back) em sete anos, como você analisaria a viabilidade do presente projeto? 10 Case Empresarial 05 – Um fabricante de calçados está considerando o lançamento de uma nova linha de calçados esportivos para jovens. Experiências anteriores têm mostrado que o ciclo de vida de produtos esportivos similares tem sido de cinco anos. Para os cinco anos de vida desse produto, espera-se o seguinte comportamento para as vendas conforme o quadro a seguir. Ano Vendas previstas (Distribuição uniforme) (pares) Margem de contribuição Valor residual 1 2000 a 2500 R$ 20,00 2 3000 a 3500 R$ 25,00 3 2800 a 3200 R$ 25,00 4 2000 a 2400 R$ 20,00 5 1200 a 2000 R$ 18,00 R$ 15.000,00 O investimento adicional necessário para o lançamento desse produto está estimado em R$ 130.000. Os custos fixos anuais decorrentes dessa decisão estimados em R$ 32.000 (já incluídos R$ 14.000 de depreciação). 11 Considerando uma TMA de 12% emita um parecer sobre a viabilidade desse projeto. Neste sentido, o objetivo geral da disciplina é apresentar os principais conceitos, resultados e métodos associados à depreciação, risco e incerteza, no que diz respeito a toda fundamentação para uma mensuração de resultados organizacionais apurado, visando a maximização de resultados pessoais e empresariais. Pois bem, as palavras acima são nossa justificativa para o módulo em estudo. Vou te pedir que fique. Mesmo que o futuro seja de incertezas, mesmo que não haja nada duradouro prescrito pra gente. Esse é um pedido egoísta, porque na verdade eu sei que se nada der realmente certo, vou ficar sem chão. Mas por outro lado, posso te fazer feliz também. É um risco. Eu pulo, se você me der a mão. (Caio Fernando Abreu) Tempo de decisão poupado, é tempo de ação ganho. (Gerald Michaelson) O segredo de meu sucesso é pagar como se fosse perdulário e comprar como se estivesse quebrado. (Henry Ford) O planejamento não é uma tentativa de predizer o que vai acontecer. O planejamento é um instrumento para raciocinar agora, sobre que trabalhos e ações serão necessários hoje, para merecermos um futuro. O produto final do planejamento não é a informação: é sempre o trabalho. (Autor Desconhecido) http://pensador.uol.com.br/autor/caio_fernando_abreu/ 12 UNIDADE 1 – A “FAMÍLIA GASTO” E SEUS DESCENDENTES DE PRIMEIRO GRAU Como estaremos interessados em descrever os aspectos relacionados à parte da depreciação, risco e incerteza, teremos o aparecimento de termos como gastos, despesas e custos, dessa forma, antes de propriamente descrevermos tais aspectos, estaremos interessados na descrição da família gastos com os seus descendestes de primeiro grau, que são elementos indispensáveis para o entendimento acerca da depreciação, risco e incerteza. Grosso modo, as nomenclaturas ou terminologias mais utilizadas no universo da Gestão de Custos são: gasto; investimento; custo; despesa; desembolso; e, perda. Figura 1: A família gasto com os seus membros. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. A descrição de cada um deles é colocada na sequência. a) Gasto: sacrifício financeiro para a obtenção de um produto ou serviço, representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (dinheiro). Perceba que o gasto pode ser ENTREGA ou PROMESSA DE ENTREGA DE ATIVOS. Pode estar relacionado tanto com um custo na produção quanto com uma despesa administrativa ou financeira ou, ainda, com as vendas e distribuição dos produtos vendidos. 13 Saiba Mais! O gasto implica em entrega de ativos, portanto, encargos, tais como depreciações, amortizações ou custo de oportunidade não são gastos. Exemplos – gastos relacionados a um hospital: gasto com mão de obra (salários e encargos sociais) – enfermagem e plantonistas; gasto com aquisição de materiais e medicamentos; gasto com energia elétrica – aquisição de serviços de fornecimento de energia; gasto com aluguel de edifício (aquisição de serviços); gasto com reorganização administrativa (serviço). b) Investimento: gasto ativado em função de sua vida útil ou em função de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s). Os investimentos são, em sua maioria, as aquisições para o imobilizado, como veículos, máquinas e equipamentos, computadores, entre outros. Exemplos – investimentos relacionados a um hospital: aquisição de móveis, utensílios e equipamentos; aquisição de imóveis; despesas pré-operacionais; aquisição de marcas e patentes; aquisição de materiais e medicamentos (estoque); contas a receber. c) Custo: gasto relativo à bem CONSUMIDO ou serviço UTILIZADO na produção de outros bens e serviços. Em verdade, temos três grandes definições de custos – uma para o comércio, uma para a indústria e outra para serviços. Assim, custos são os gastos acumulados para adquirir uma mercadoria (comércio) ou para executar um serviço. 14 Figura 2: As três principais definições de custo. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Exemplos: custo no comércio – na farmácia AFA que vende penicilina G benzatina, o custo desse antibiótico será o preço de compra pelo qual a farmácia AFA adquiriu o medicamento do fabricante ou distribuidor; custo na indústria – para o laboratório que fabricou a penicilina, qual o custo associado? Na indústria, temos que o custo será composto por todos os fatores de produção do medicamento. Assim, para produzir o antibiótico foram necessários: mão de obra (salários, encargos e benefícios), aluguel do espaço para produção, energia elétrica, equipamentos e tudo que estiver envolvido na produção do medicamento; custo em serviços – para o hospital AFA que tratou o paciente com a penicilina, o que é custo relacionado? Na área de serviços, são todos os fatores associados à prestação daquele serviço. Ou seja, no serviço de tratar o paciente de uma infecção, entrarão no custo, além da penicilina benzatina usada no tratamento, salários, encargos e benefícios dos profissionais envolvidos no procedimento (médicos, enfermeiros, técnicos), energia elétrica que ilumina o espaço, depreciação dos 15 equipamentos utilizados (maca, por exemplo) e tudo que está associado ao procedimento. d) Despesa: são os gastos com bens e serviços consumidos de forma direta ou indireta com a finalidade de obtenção de receitas. Como exemplos de despesa podemos citar os impostos. e) Desembolso: pagamento resultante da aquisição (compra) do bem ou serviço. Pode ocorrer antes, durante ou após a entrada da utilidade comprada. Perceba que no desembolso existe a necessidade de ENTREGA de ativo, o que diferencia do gasto. Portanto, podemos ter ao mesmo tempo o GASTO e um DESEMBOLSO. Exemplos: 1) Compra de papel sulfite para o escritório com pagamento à vista. Neste momento, houve um gasto e um desembolso, uma vez que tivemos uma obtenção de produto com a entrega ou promessa de entrega de ativos (neste caso, dinheiro) e a efetiva entrega de ativos (dinheiro), já que o pagamento foi à vista. 2) Compra de papel sulfite para o escritório com o pagamento para 30 dias. Neste momento houve somente um gasto, uma vez que tivemos uma obtenção de produto com a promessa de entrega de ativos (dinheiro) e não houve, ainda, a entrega de ativos (dinheiro). f) Perda: é um gasto não intencional decorrente de fatores externos casuais (ou acidentais) ou da atividade produtiva normal da empresa. Exemplos: fatores casuais – incêndio, obsolescência de estoques, período relacionados a greves, enchentese furtos; atividade produtiva normal – perdas normais em procedimentos cirúrgicos – uma cirurgia em que o médico aproveita 80% dos fios 16 cirúrgicos ficando 20% com perda. Da mesma forma, é considerado no custo da cirurgia o preço total do fio, não importando os pedaços descartados. Curiosidade! Podemos perceber que o conceito de CUSTO e DESPESA são parecidos e pode causar confusão, então, como diferenciar esses dois termos? Custo é o gasto com a fabricação do produto (processo produtivo). A parcela do custo que afetará o resultado é somente aquela que foi incorporada no produto que foi vendido (CPV) e Despesa é o gasto que não está relacionado ao processo produtivo. São todos os demais fatores identificáveis com a administração, vendas e distribuição, e encargos financeiros. A despesa afetará diretamente o resultado do exercício em que foi consumida. Não incorpora o custo dos produtos fabricados no período. Figura 3: Custos e despesas de investimentos. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Saiba Mais! A forma com que os gastos impactam o resultado definirá sua classificação. 17 Figura 4: Principais termos utilizados na gestão de custos. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 18 UNIDADE 2 – PROJEÇÃO DE FLUXO DE CAIXA Comumente na parte da gestão empresarial e financeira, as operações envolvem fluxos de caixa específicos. Exemplificando, diagramas de fluxo de caixa semelhantes aos apresentados nas Figuras 5 e 6 a seguir. Figura 5: Modelo de diagrama de fluxo de caixa – pagamentos uniformes. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Figura 6: Modelo de diagrama de fluxo de caixa – pagamentos variáveis. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Sendo que PV representa o valor presente, FV o valor futuro. Além disso, a simbologia CF0 representa o investimento inicial (fluxo de caixa na data zero) e cada CFj (j = 1, ..., n) representa a entrada ou a saída de caixa no período j (fluxo de caixa na data j). 19 Todavia, é interessante nos atentarmos para o fato de que pouco se explicou a respeito da obtenção desses valores, dessa forma, neste primeiro momento, será de nosso interesse eliminarmos essa simplificação, resgatando, ordenando e aplicando as informações necessárias para a projeção do fluxo de caixa. Dessa forma, entendemos por investimento inicial todo o aporte de capital necessário para colocar o projeto em funcionamento, seja ele a nível pessoal ou empresarial. Cabe ressaltar que usualmente, o investimento inicial é composto pelos investimentos em ativos fixos, despesas pré-operacionais e aporte inicial de capital de giro, sendo que os ativos fixos compreendem os terrenos, obras civis, máquinas e equipamentos, veículos, ferramentas, infraestrutura de comunicação, hardware e software, móveis, máquinas e utensílios, entre outros. Note que nada mais é do que a infraestrutura básica do contexto empresarial em questão. Contrariamente, é importante visualizarmos que as edificações são, geralmente, parte importante das obras civis e abrangem a administração, a fábrica ou setor de produção, os depósitos, cozinha industrial, refeitórios, entre outros. As instalações elétricas, hidráulicas e cabeamento de comunicação não fazem parte das obras civis por apresentarem vida útil e taxas de depreciação distintas. A Figura 7 a seguir, nos mostra um exemplo de investimento inicial. Descrição Estimativas Ativo fixo na área industrial R$ 240.000,00 Ativo fixo na área administrativa R$ 25.000,00 Ativo fixo na área comercial R$ 30.000,00 20 Ativos fixos de uso compartilhado R$ 25.000,00 Capital de giro R$ 40.000,00 Despesas pré-operacionais R$ 20.000,00 Total R$ 380.000,00 Figura 7: Modelo de investimento inicial. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. As despesas pré-operacionais compreendem os desembolsos realizados antes de o projeto entrar em funcionamento. Representam gastos que seriam lançados como despesas operacionais caso o projeto já estivesse em funcionamento. Figura 8: Interpretando as despesas pré-operacionais. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 21 Incluem-se nessa categoria, por exemplo: pesquisa e desenvolvimento, ponto, marcas, direitos e patentes industriais/empresariais e obras preliminares e complementares. Notemos que estas últimas abrangem todos os melhoramentos e obras integradas aos terrenos, bem como os serviços e instalações provisórias, necessários à construção e ao andamento das obras, como limpeza do terreno, terraplenagem, drenagem, arruamento, pátios, cercas, muros, jardins, portões, guaritas, instalações elétricas e hidráulicas. Descrição Estimativas Obras preliminares R$ 11.000,00 Pesquisa de marketing R$ 6.000,00 Material de expediente R$ 800,00 Procedimentos legais e contábeis R$ 700,00 Registro de marcas e patentes R$ 600,00 Visitas a fornecedores R$ 500,00 Outros R$ 400,00 Total R$ 20.000,00 Figura 9: Exemplos de despesas pré-operacionais. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 22 De outra forma, da literatura é sabido que a nível organizacional, existem dois tipos de investimentos que a empresa recebe quando inicia suas atividades. Um deles é o conhecido investimento fixo, que serve para a aquisição de máquinas, móveis, prédios, veículos, enfim, para investir em itens do ativo imobilizado. O segundo é o conhecido como Capital de Giro. Grosso modo, cabe salientar que o Capital de giro é uma parte do investimento que compõe uma reserva de recursos que serão utilizados para suprir as necessidades financeiras da empresa ao longo do tempo. Esses recursos ficam nos estoques, nas contas a receber, no caixa, no banco, entre outros. É o conjunto de valores necessários para a empresa fazer seus negócios acontecerem (girar). Existe a expressão “Capital em Giro”, que seriam os bens efetivamente em uso. O estoque de uma empresa é formado e mantido em função das necessidades do mercado consumidor, portanto, ele está sempre sofrendo mudanças de investimentos, seja em tipos de itens ou em quantidades. Quanto maior a necessidade de investimento nos estoques, mais recursos financeiros a empresa deverá ter. Notemos, por exemplo, que nas vendas, quanto mais prazo uma empresa oferece ao cliente ou quanto maior for a parcela de vendas a prazo no seu faturamento, mais recursos financeiros a empresa deverá ter ao final da operação em questão. Fica evidente que são nas instituições financeiras e no caixa que fica uma parte dos recursos financeiros disponíveis da empresa, ou seja, aquela que a empresa pode utilizar a qualquer tempo para honrar os seus compromissos diversos. Salienta-se ainda que, de acordo com Clemente e Abreu (2009), dependendo do saldo inicial, das entradas e das saídas, pode ocorrer uma falta ou uma sobra desses recursos em um momento específico, dia ou semana. Para isso não ocorrer, as decisões de compra e venda devem ser tomadas com critérios estabelecidos. Sempre que uma decisão for tomada, é necessário que seja feita uma análise sobre a disposição dos recursos financeiros da empresa para isso. Se for tomada uma decisão de compra em excesso ou de dar mais tempo para os clientes nas vendas a prazo, a empresa deverá ter uma quantidade maior de dinheiro (recursos financeiros). Se esse 23 recurso não existe, a entidade vai precisar utilizar recursos emprestados de bancos, de fornecedores ou de outras fontes, o que gerará uma necessidade de pagamentos de juros, diminuindo a margem de lucro do negócio. Note então que administrar o capital de giro da empresa significa avaliar o momento atual, as faltas e as sobras de recursos financeiros e os reflexos geradospor decisões tomadas em relação a compras, vendas e à administração do caixa. De forma sucinta, temos que, de acordo com Samanez (2006), o Capital de giro (capital circulante ou capital de trabalho) indica a parte do patrimônio que sofre constante movimentação nas empresas, tais como as disponibilidades e os valores realizáveis, diferenciando-se entre estes os créditos, os estoques e os investimentos. São excluídos, portanto, os capitais permanentes (ativo fixo ou imobilizado, investimentos permanentes) e o ativo pendente, que compreende valores contingentes como, por exemplo, despesas do exercício seguinte. Importante! O Capital de giro pode ser encarado como uma parte do investimento que compõe uma reserva de recursos que serão utilizados para suprir as necessidades financeiras da empresa ao longo do tempo. Esses recursos ficam nos estoques, nas contas a receber, no caixa, no banco, entre outros. Um outro ponto importante que deve ser comentado aqui, é com relação aos termos Capital e Patrimônio. São termos distintos ou sinônimos? Saberia descrever? Em verdade, tanto Capital quanto Patrimônio podem, em termos mais amplos, serem considerados sinônimos. Porém, é necessário distingui- los, tendo em vista que a expressão capital pode assumir nos termos contábeis todos os significados descritos anteriormente, enquanto o Patrimônio será sempre o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a uma pessoa. Neste sentido, o capital de giro inicial é o volume de recursos necessários para a empresa se sustentar até que seu volume de vendas proporcione caixa suficiente para fazer face aos desembolsos inerentes a sua operação. São necessários recursos para pagamento de fornecedores, inclusive das utilidades (luz, água, gás, entre outros); para sustentar a folha de 24 pagamento, para realizar as despesas administrativas e comercias, para pagar pelos serviços terceirizados e para saldar outros compromissos periódicos. O capital de giro inicial também influenciado pelos níveis médios de estoque de matérias-primas, de produtos em elaboração e de produtos acabados, bem como pelos prazos médios de pagamentos de fornecedores e de recebimento de vendas. A compra de ativos fixos, independentemente da forma de pagamento, constitui investimento. O uso desses ativos, na operação do empreendimento, representa consumo de recursos e, contabilidade, é interpretado como custo ou despesa operacional. Dessa forma, de acordo com Clemente e Souza (2009), os investimentos em ativos fixos definem a parcela de depreciação que será deduzida como custo ou despesa. Embora não se caracterize como desembolso, a depreciação afeta a renda tributável e, portanto, os desembolsos referentes ao Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido. Resumindo, a depreciação afeta o Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE) e, por consequência, o Fluxo de Caixa associado. Um exemplo de estrutura genérica do Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE) é mostrado na Figura 10 a seguir. 25 Receita R$ - Custo do Produto Vendido Material Direto Mão de obra Indireta Material Indireto Depreciação de Equipamentos Depreciação de Instalações . . . = Lucro Bruto - Despesas Administrativas - Despesas Comerciais - Despesas Financeiras R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ = Lucro Líquido - Imposto de Renda - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido R$ R$ R$ = Lucro após IR e CSLL R$ Figura 10: Exemplo de Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE). Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Notemos que a partir da Figura 10 anterior, ou seja, a partir da leitura interpretativa do Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE), torna-se evidente que a depreciação, como custo indireto de fabricação, afeta o resultado operacional e, por consequência, a base sobre qual incidirá a alíquota do Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (renda tributável). 26 Saiba Mais! Não confunda dinheiro com capital. Na Contabilidade Financeira e Gerencial, os dois termos são coisas diferentes. O capital é formado por dinheiro ou qualquer outro bem (móvel ou imóvel) e até por créditos. Se o capital pertencer aos sócios ou aos proprietários, será chamado de capital próprio, porém, se pertencer a pessoas ou empresas alheias à entidade, será chamado de capital de terceiros. O capital, seja próprio ou alheio, sempre estará investido (aplicado) no Ativo da entidade, podendo estar materializado em dinheiro, estando na conta Caixa ou conta Bancos pertencente à entidade. 2.1 Depreciação De acordo com Samanez (2006), podemos entender em um primeiro momento que o termo depreciação significa declínio no potencial de serviços do Imobilizado Tangível e de outros ativos não correntes, em função de deterioração física gradual ou abrupta, consumo dos potenciais de serviços por meio de uso, mesmo que nenhuma mudança física seja aparente, ou deterioração econômica por causa da obsolescência ou de mudança na demanda dos consumidores. Figura 11: Exemplos de ativos imobilizados. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 27 Cabe salientar que o entendimento por conta da natureza do ativo imobilizado perpassa pelos ativos de natureza permanente e que se destinam exatamente para as operações de negócios de uma organização e, que não se destina às vendas. Sendo assim, podemos falar que um ativo poderá ser considerado relativamente permanente imobilizado quando: 1) Houver natureza relativamente permanente. 2) Ser utilizado na operação dos negócios. 3) Não se destinar a vendas. Importante! Aqui o termo “relativamente” deve ser entendido como a referência a condição que praticamente nenhum bem (com exceção de terrenos) possui vida limitada dentro da organização, sofrendo desgaste com uso, passar do tempo e obsolescência. Um outro ponto importante a ser comentado é que tanto a obsolescência (que significa desuso ou antiquado) como o desgaste são reconhecidos pela legislação que autoriza as organizações a contabilizarem tais desgastes como depreciação. Além disso, o comitê gestor de uma empresa (diretores, contadores, entre outros) deve analisar a atividade da empresa para verificar se os ativos se enquadram como imobilizado ou estoque. Por exemplo, automóveis para uma empresa de transporte poderão ser considerados como ativo imobilizado, todavia, para uma concessionária poderão ser considerados como estoque. Com relação à classificação do ativo imobilizado, temos que os mesmos podem ser caracterizados como tangíveis e intangíveis. Figura 12: Classificação do ativo imobilizado. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 28 De acordo com Bruni (2003), os ativos imobilizados tangíveis são os ativos que tem uma substância concreta, aqueles que conseguimos tocar, como por exemplo, edifícios e equipamentos. Contrariamente, os ativos imobilizados intangíveis são os ativos que não tem uma substância concreta e que não podem ser tocados, porém sempre comprovados. Por exemplo, aqui podemos citar direitos autorais, marcas e patentes, bem como, marcas de indústria. Figura 13: Interpretando ativos tangíveis e intangíveis. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Clemente e Souza (2009) nos mostra que a empresa, para atender a seu objetivo de unidade de expansão de capital, realiza diversas operações. A operação mais comum é transformar matéria-prima em produto acabado e comercializar esse produto no mercado. Nessa operação, para que não se oponha ao objetivo da empresa, dois requisitos devem ser sempre notados: a) O preço pelo qual o produto é comercializadodeve ser, no mínimo, suficiente para remunerar todos os fatores de produção (material, equipamento, capital, trabalho, entre outros) utilizados no processo de transformação de matéria-prima em produto acabado (critério de sobrevivência, de longo prazo). 29 b) O tempo decorrido entre os desembolsos para colocar o produto acabado nas mãos do cliente e os recebimentos decorrentes da venda do produto devem ser compatíveis com o fôlego financeiro da empresa, de tal forma que a empresa possa sustentar o ciclo de negócios (critério de liquidez, de curto prazo). Dos fatores de produção consumidos no processo de transformação de matéria-prima em produto acabado, destaca-se o desgaste dos equipamentos utilizados. A parcela teórica de desgaste dos equipamentos devido à fabricação de um produto é apropriada ao custo desse produto, sob a denominação de depreciação. Esse valor, embora represente um custo de produção, não se materializa em desembolso (saída de caixa). Os valores correspondentes à depreciação, teoricamente, seriam acumulados em um fundo denominado Fundo de Depreciação. A ideia básica da constituição do Fundo de Depreciação é permitir que, ao dar baixa de um ativo depreciável, o valor monetário correspondente, contabilizado nesse fundo, seja suficiente para aquisição de outro similar. Em economias inflacionárias, têm-se recorrido a alguns ajustes contábeis, de modo a impedir que o valor do fundo de depreciação seja corroído pela inflação. O mais comum desses ajustes é indexar o valor do bem e, consequentemente, o valor de sua depreciação, a uma moeda estável. Importante! Depreciação pode ser entendida como o fenômeno contábil que expressa a perda do valor que os valores imobilizados de utilização para a atividade da empresa sofrem com o passar do tempo. Ou ainda, como a diminuição do valor dos bens que integram o ativo permanente em decorrência do desgaste, perda de utilidade, ação da natureza e obsolescência. Além disso, Clemente e Souza (2009) nos diz que a depreciação de bens do ativo imobilizado corresponde à diminuição do valor dos elementos ali classificáveis, resultante do desgaste pelo uso, ação da natureza ou obsolescência. A referida perda de valor dos ativos, que tem por objeto bens físicos do imobilizado das empresas, será registrada periodicamente nas 30 contas de custo ou despesa (depreciação do período de apuração), que terão como contrapartida as contas de registro de depreciação acumulada, classificadas como contas retificadoras do ativo permanente (RIR/1999 art. 305). Em linhas gerais, temos que a taxa de depreciação será fixada em função do período em que se espera a utilização econômica do bem, pelo contribuinte, na produção de seus rendimentos (RIR/1999, art. 310). Para maiores detalhes averiguar o site: http://www.receita.gov.br/PessoaJuridica/DIPJ/2003/PergResp 2003/pr 406a473.htm. A Figura 14, na sequência, nos mostra alguns bens e a taxa anual de depreciação permitida pela legislação brasileira. Bens Taxa Anual de Depreciação Prazo Tratores Caminhões fora-de-estrada Motociclos Veículos de passageiros Computadores Software Veículo de carga Maquinários Edificações 25% 25% 25% 20% 20% 20% 20% 10% 4% 4 anos 4 anos 4 anos 5 anos 5 anos 5 anos 5 anos 10 anos 2 anos Figura 14: Taxa de depreciação para alguns bens. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. O dinamismo da tecnologia que a nova ordem econômica impõe às organizações tem gerado reflexões sobre a forma de apropriação dos valores referentes à depreciação, ou seja, neste contexto, está cada vez mais presente a necessidade de substituirmos os equipamentos atuais por outros mais competitivos. Com grande frequência, o valor monetário disponível no fundo de depreciação não é suficiente para efetuarmos a substituição do equipamento ultrapassado por um mais moderno e competitivo. Salientamos que essa é uma http://www.receita.gov.br/PessoaJuridica/DIPJ/2003/PergResp%202003/pr%20406a473.htm http://www.receita.gov.br/PessoaJuridica/DIPJ/2003/PergResp%202003/pr%20406a473.htm 31 questão da maior importância para a sobrevivência das empresas com relação a um grande prazo. É interessante observarmos também que a depreciação de um equipamento pode ocorrer por desgaste físico ou obsolescência tecnológica. Nos dias atuais, de acordo com Clemente e Souza (2009), a rápida obsolescência tecnológica leva empresas a questionarem as taxas definidas pela legislação brasileira, o método de depreciação linear, e o valor base utilizado no cálculo. Comparações internacionais indicam que a adoção do método exponencial em vez do linear e a substituição do valor histórico pelo valor de reposição tendem a garantir maior competitividade às empresas na medida em que elevam sua capacidade de se manterem tecnologicamente atualizadas. 2.2 Impostos e contribuições De acordo com Clemente e Souza (2009), a estruturação do fluxo de caixa também é influenciada pelos impostos e contribuições a que a organização está sujeita a pagar. Dessa forma, exemplificando, para uma organização sob regime tributário de lucro real, os principais impostos e contribuições são apresentados na Figura 15 a seguir. Tipo Sigla Atividade Alíquota Base de Cálculo Imposto de Renda sobre o Lucro Líquido Contribuição Social sobre o Lucro Líquido Programa de Integração Social IR CSSL PIS Comércio, Indústria e Serviços. Comércio, Indústria e Serviços. Comércio, Indústria e Serviços. 15% (*) 9% 1,65%(***) Lucro Líquido Lucro Líquido Faturamento 32 Contribuição Financeira Social Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços Imposto sobre Produtos Industrializados Imposto sobre Serviços COFINS ICMS IPI ISS Comércio, Indústria e Serviços. Comércio, Indústria e Serviços. Indústria. Serviços 7,6%(***) 0 a 25% (**) 5 a 15%(**) 0 a 5% Faturamento Faturamento Faturamento Faturamento (*) 15% até R$ 240.000,00/ano mais 10% sobre o excedente. (**) Compensado com o valor apurado na compra. (***) Compensado com o valor apurado na compra e variável para algumas atividades. Figura 15: Principais impostos e contribuições. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Deve ficar claro que tais tributos devem ser levados em conta quando se projetam os ingresso líquidos de certo projeto de investimento. 2.3 Sistemas de custeio De acordo com Martins (2009), existem algumas formas de se atribuir custos a um produto ou serviço. Tais métodos que descrevem essas formas são denominados de sistemas de custeio, ou seja, os métodos de custeio estão relacionados à forma de atribuir os custos aos produtos ou outros objetos. Temos quatro principais métodos de custeio que são descritos logo abaixo. 33 2.3.1 Custeio por absorção Consiste em atribuir aos produtos ou serviços todos os custos da área de fabricação, sejam eles diretos e indiretos, com comportamento fixo ou variável. O próprio nome nos diz muito sobre sua particularidade, que consiste em absorver os custos diretos e indiretos relacionados à fabricação. Foi o primeiro sistema de custeio criado na gestão de custos. Primeiramente, ressaltamos que este método em verdade nasceu para fins de apuração de resultados, devido à obrigatoriedade da legislação vigente. Todavia, algumas empresas o utilizam para a tomada de decisão gerencial e/ou realizam adaptações diversas para este princípio. Em termos específicos, a legislação determina a divisão do que é custo e o que é despesa, levando ao produto apenaso primeiro, sendo que para tomar decisões gerenciais essa divisão não necessita ser tão engessada. Sendo assim, temos o sistema de custeio por absorção sem departamentalização e o sistema de custeio por absorção com departamentalização. Para o caso da departamentalização, é de fundamental importância o conhecimento de três conceitos, que são: contas contábeis, departamentos e centro de Custos. Figura 16: Conceitos fundamentais para o sistema de custeio por absorção departamentalizada. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 34 2.3.2 Custeio variável ou direto Consiste em atribuir aos produtos ou serviços somente os custos variáveis (ou diretos) de produção. Neste método, somente os custos variáveis são alocados no produto, sendo que os demais custos são considerados como “despesas” do período, reduzindo assim o resultado. É o sistema de custeio amplamente utilizado na tomada de decisões gerenciais, ou seja, no meio empresarial. Tal sistema é conhecido como sistema de custeio variável ou sistema de custeio direto. Para a utilização de tal sistema, é de fundamental importância estarmos familiarizados com alguns conceitos fundamentais, especificamente falando, tais como, margem de contribuição e ponto de equilíbrio. Inicialmente, podemos dizer que o sistema de custeio variável trabalha centrado no conceito de ponto de equilíbrio. Em verdade, segundo Martins (2009), o sistema de custo variável permite a determinação do ponto de equilíbrio de um produto, de uma família de produtos ou de toda a empresa. Além disso, possibilita simulações para a fixação dos preços de venda, o cálculo da lucratividade de cada produto, a seleção do melhor mix de produção, a projeção de resultados, a preparação de orçamentos e a análise de projetos. É interessante salientarmos que o sistema de custeio variável é indicado para a tomada de decisões, pois permite visualizar com clareza a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio, a margem de segurança e o grau de alavancagem operacional. Em verdade, de acordo com a literatura, o efeito da alavancagem operacional está relacionado com os gastos fixos da empresa, gastos estes que poderão constituir risco para as atividades operacionais. 2.3.3 Custeio padrão (ou standard) Consiste em predeterminar os custos antes da produção, como sendo o custo normal de um produto ou serviço. Este custeio é utilizado para acompanhar as variações ocorridas entre o custo padrão (projeto e ideal) e custo real (apontado pela contabilidade). O custo-padrão é um custo previamente atribuído, tomado como base para o registro da produção antes da determinação do custo efetivo. Em sua concepção gerencial, o custo-padrão 35 indica um “custo ideal” que deverá ser perseguido, servindo de base para a administração mediar a eficiência da produção e conhecer as variações de custo. Esse custo ideal seria aquele que deveria ser obtido pela indústria nas condições de plena eficiência e máximo rendimento. Algumas características essenciais do método de custeio padrão são: 1) Pré-fixação de seu valor, com base no histórico ou em metas a serem perseguidas pela empresa. 2) Pode ser utilizado pela contabilidade, desde que se ajuste, periodicamente, suas variações para acompanhar seu valor efetivo real (pelo método do custo por absorção). 3) Permite maior facilidade de apuração de balancetes, sendo muito utilizado nas empresas que precisam de grande agilidade de dados contábeis. Cabe ressaltar ainda que a Resolução 750/93 do CFC (Conselho Federal de Contabilidade) fixou os Princípios Fundamentais de Contabilidade. Dentre esses, aparece o Princípio do Registro pelo Valor Original que determina a avaliação dos componentes do patrimônio pelos valores originais das transações com o mundo exterior, o valor presente em moeda nacional, sendo mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, o que descarta a utilização do custo-padrão para fins de avaliação dos estoques e dos custos dos produtos vendidos, posto que este pode divergir da transação efetiva. Todavia, o item 37 da NPC 2 – Pronunciamento do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON nº 2 de 30/04/1999, admite o custo-padrão, desde que ajustado periodicamente, nos seguintes termos: Custos-padrão são também aceitáveis se revisados e reajustados periodicamente, sempre que ocorrerem alterações significativas nos custos dos materiais, dos salários, ou no próprio processo de fabricação, de forma a refletir as condições correntes. Na data do balanço, o custo-padrão deve ser ajustado ao real. O Parecer Normativo CST 7/1979 exige que se faça o ajuste periódico na contabilidade entre o método de custeio padrão e custeio integral. Portanto, observa-se a exigência de ajuste, no mínimo a cada três meses, para as empresas que adotarem o custo padrão. http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/custeioporabsorcao.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/custeioporabsorcao.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/res750.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/custeioporabsorcao.htm 36 De forma resumida, o método de custeio-padrão pode ser utilizado, contabilmente e gerencialmente, porém, é imprescindível que seu ajuste com os custos reais se faça regularmente, exigindo-se tal procedimento quando por ocasião do levantamento do balanço patrimonial. 2.3.4 Custeio baseado em atividades (Activity Based Costing - ABC) Consiste inicialmente na identificação dos custos às atividades desenvolvidas pela empresa, para, em seguida, alocar aos produtos com base em medida de consumo apropriada a cada atividade. Primeiramente, podemos descrever que o sistema ABC considera que a empresa é formada por um leque de atividades. Em outras palavras, o pressuposto básico é que os recursos das empresas são consumidos pelas atividades desenvolvidas. Os produtos, por sua vez, consomem atividades. Cabe ressaltar que o sistema de custeio baseado em atividade (ABC) foi desenvolvido pelos professores Robin Cooper e Robert S. Kaplan e adotado inicialmente por empresas, tais como: Hewlett – Packard, John Deere, Siemens, GM, dentre outras empresas americanas. Em verdade, a ideia surgiu do fato de observarem que, em várias organizações, os gestores começaram a perceber, principalmente, que os métodos de custeio utilizados distorciam os custos dos produtos, além de reconhecer que os custos indiretos de produção vinham aumentando significativamente, em função da aquisição de novas tecnologias de produção e de automação e da deficiência da aprovação dos custos indiretos comuns (overhead) com base em um critério único: horas de mão de obra direta. Segundo Martins (2003), a Gestão Estratégica de Custos, da qual faz parte o ABC, reconhece que os custos não são dirigidos unicamente para os bens produzidos, mas, também, para servir os clientes e os canais, por meio dos quais os produtos são oferecidos, removendo a restrição de que todos os custos devam ser relacionados aos produtos para que se tenha uma visão mais adequada dos custos consumidos. Note que o objetivo principal de qualquer método de custeio é determinar o custo de produção de um bem ou serviço, e dependendo da utilidade que será dada a essa informação, escolhe-se o método a ser utilizado. 37 A Figura 17 a seguir, nos mostra a especificidade de cada um dos sistemas de custeio. Utilidade Método de Custeio Atendimento a exigências fiscais Por absorção Gerencial Variável Controle Padrão Melhoria de processos ABC Figura 17: Peculiaridades de cada sistema de custeio. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 2.4 Demonstrativo de resultado de exercício sob o custeio direto De acordo com Martins (2009), vimos que o custeio direto é um sistema que faz o necessário confronto entre os compromissos financeirosfixos por período e o volume de vendas necessário para manter o saldo de caixa positivo. Sob a visão do custeio direto, as vendas, e não a produção, impulsionam a empresa, pois se admite uma relação inversa entre produções e vendas: no custeio direto, a variável dependente é a quantidade produzida. Em outras palavras, o custeio direto é um sistema que destaca o peso da estrutura, despesas e custos fixos, e conduz a adoção de estratégias que otimizem o uso dessa estrutura. A preferência pelo custeio direto para projetar o fluxo de caixa se justifica por sua simplicidade e ferramentas gerenciais interessantes como citadas anteriormente. Além disso, temos que no custeio direto: os custos e despesas são classificados como fixos ou variáveis, facilitando a elaboração de orçamentos; somente os custos e despesas variáveis são apropriados aos produtos; os custos fixos e as despesas fixas são lançadas pelo total como despesas de exercício, eliminando a necessidade de rateios, sempre questionáveis. 38 A Figura 18 a seguir, nos mostra as principais fontes de informações para a projeção dos demonstrativos de resultados. Informações Relevantes para a DRE Fonte de Informação Preço Market share Previsão de vendas Taxa anual de crescimento das vendas Estudo de mercado Custo variável unitário Custo variável do produto vendido Custos fixos Orçamento de produção Despesas variáveis Despesas fixas Orçamento de vendas Despesas fixas Orçamento de despesas administrativas Figura 18: Fontes de informação para o DRE. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Importante! Segundo Clemente e Souza (2009): Estudo de mercado é o conjunto de atividades orientadas para antever as vendas e os preços de certo produto com a finalidade de estimar as receitas futuras. Dessa forma, o estudo de mercado tipicamente envolve projeções das vendas e dos preços, ano a ano, para o horizonte de planejamento adotado para certo projeto. É importante averiguarmos que o Fluxo de Lucro Contábil obtido do DRE é ajustado, inicialmente, para expressar entradas e saídas de caixa em função dos prazos de recebimento (política de crédito) e prazos de pagamento 39 decorrentes de negociação com os fornecedores de insumos. O próximo ajuste é adicionar o valor da depreciação, porquanto, esta não representa desembolso ou saída de caixa. Deve ser observado que na construção do fluxo de caixa, não adicionar a depreciação ao resultado do respectivo exercício corresponde, grosso modo, a considerar duas vezes o investimento em ativos depreciáveis. 2.5 Efeitos das fontes de financiamento A premissa básica que trabalhamos anteriormente foi que havia disponibilidade de recursos para a execução dos projetos, isto é, os projetos seriam executados integralmente com recursos próprios. Mas, o que acontece se a pessoa (gestor ou administrador ou outro) ou a própria organização não possuir tais recursos. Dessa forma, surge então mais uma vez o termo financiamento ou tomar emprestado uma determinada quantia de dinheiro. Logicamente, é interessante examinarmos as implicações de financiar parte do projeto recursos de terceiros. Nesse caso, temos sim ajustes a serem feitos no Fluxo de Caixa, que são descritos como: a) Elaborar a planilha de pagamento do financiamento, separando o valor da amortização e do juro contido em cada prestação. b) Lançar os juros como despesas financeiras no Demonstrativo de Resultados do Exercício. c) Apurar o lucro após IR e CSSL. d) Deduzir as amortizações do Fluxo de Lucro Contábil. Para ilustrarmos os efeitos da fonte de financiamento, suponhamos que o capital próprio disponível para um investimento seja da ordem de R$ 130.000,00. O restante pode ser obtido por meio de um financiamento. O Sistema de Amortização utilizado pela instituição financeira é o SAC, prazo de amortização de seis anos, um ano de carência e juros de 14% ao ano. A nova composição das fontes de financiamento para o projeto é mostrada na Figura 19 a seguir. 40 Período Prestação Amortização Juro Saldo Devedor 0 250.000,00 1 35.000,00 0 35.000,00 250.000,00 2 85.000,00 50.000,00 35.000,00 200.000,00 3 78.000,00 50.000,00 28.000,00 150.000,00 4 71.000,00 50.000,00 21.000,00 100.000,00 5 64.000,00 50.000,00 14.000,00 50.000,00 6 57.000,00 50.000,00 7.000,00 0,00 Figura 19: Fontes de financiamento. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Salientamos que os juros constantes na Figura 19 anterior, são lançados como despesas financeiras no Demonstrativo de Resultados do Exercício. Além disso, na maioria dos casos, considera-se que o Imposto de Renda foi pago no mesmo exercício em que foi auferida a renda. Em termos práticos, existe uma defasagem entre o fato gerador do tributo e seu pagamento. Apesar dessa imprecisão, os resultados não se alteram substancialmente. Nesta direção, os novos valores dos indicadores, em decorrência da decisão de financiar parte do investimento inicial, são mostrados na Figura 20 a seguir. Valor Presente Valor Presente Líquido Valor Presente Líquido Anualizado Índice Benefício Custo Retorno Adicional (ROIA) R$ 210.565,00 R$ 80.565,00 R$ 15.120,00 1,62 5,50% Taxa Interna de Retorno Índice TMA/TIR Pay-back Índice Pay-back/N 19,15% 0,52 7,5 0,83 Figura 20: Novos valores associados aos indicadores. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 41 Note que se existisse disponibilidade de capital para investimento, deveria ser feita uma comparação entre os indicadores do projeto realizado com recursos próprios (Projeto A) e os indicadores do projeto financiado (Projeto B). Na análise de projetos mutuamente exclusivos (A e B), deve-se evitar a comparação direta entre os projetos se apenas um deles puder ser financiado. O ideal seria compará-los numa situação em que ambos pudessem ser realizados com recursos próprios, ou numa situação em que ambos pudessem ser financiados. Outra análise pode ser feita quando se pretende recorrer a fontes externas de financiamento: procurar a melhor composição entre capital próprio e capital de terceiros. A melhor composição é a que maximiza o Valor Presente Líquido de Projeto e atende às restrições do percentual do projeto que a linha de financiamento impõe. Uma boa maneira de solucionar esse problema é representar o comportamento do Valor Presente Líquido como uma função de percentual de financiamento do projeto. 42 UNIDADE 3 – METODOLOGIA MULTI-ÍNDICE Constantemente nos deparamos com situações que exigem decisão, determinação de realizar, ou não, algo específico, bem como de qual maneira será realizado. Da literatura, decisão é um evento que faz parte do nosso cotidiano, seja em um ambiente empresarial ou até mesmo em um ambiente familiar. Salientamos que, de acordo com o contexto estudado, várias definições acerca de decisão podem ser visualizadas. Segundo Bruni (2003), a tomada de decisão está ligada ao conceito de processo, composta por várias etapas consecutivas, ligadas por relações de causa e efeito, as quais se baseiam em sistema de valor de preferência dos decisores envolvidos. Já vimos que para auxiliar os gestores em suas decisões, existem várias técnicas e ferramentas disponíveis para analisar e escolher a melhor alternativa de investimento para as empresas. Dessa forma, surge a Metodologia Multi- índice, na qual se considera como problema de pesquisa a questão de uso, independente da metodologia clássica (VPL, TIR, Pay-back, entre outras) na avaliação financeira de projetos utilizados pela organização e se esta reflete ser a melhor norteadora para os gestores suportarem suas decisões. Em outras palavras, na Metodologia Multi-índice, procura-se embasar o processo decisório quanto à aceitação ou rejeição de certoprojeto de investimento através da utilização de vários indicadores. O uso conjunto de vários indicadores resulta em informações mais consistentes do que o uso isolado de qualquer um deles ou de um subconjunto deles e se caracteriza pelo aprofundamento da avaliação do risco e o confronto com a expectativa de retorno. Essa metodologia utiliza dois grupos de indicadores. O primeiro grupo, composto pelos indicadores VP, VPL, VPLa, IBC e ROIA é utilizado para avaliar a percepção de retorno; enquanto que o segundo grupo, composto pelos indicadores TMA/TIR, Pay-back/N, Grau de Comprometimento da Receita (GCR), Risco de Gestão e Risco de Negócio, é utilizado para melhorar a percepção do risco. De acordo com Clemente e Souza (2009), a essência da Metodologia Multi-índice consiste em: 43 1) Não incorporar o prêmio pelo risco como um spread sobre a TMA. 2) Expressar a rentabilidade do projeto por meio do ROIA como um retorno adicional além do que seria auferido pela aplicação de capital de títulos de baixo risco. 3) Utilizar a análise ambiental para aprofundar a avaliação sobre os riscos envolvidos. 4) Confrontar os ganhos esperados com a percepção dos riscos de cada projeto. 3.1 Grau de comprometimento da receita Segundo Bruni (2003), o Ponto de Equilíbrio Operacional (PEO) equivale à quantidade mínima a ser produzida e vendida, em certo período, para que se possam cobrir todos os custos operacionais. No PEO, todos os custos são pagos, mas não existe lucro. É interessante observar que tão importante quanto determinar o PEO é analisar sua posição relativa ao nível máximo de atividade. Este nível é determinado pelo mínimo entre a capacidade produtiva e a demanda máxima de mercado. A proximidade entre o PEO e a capacidade máxima, ao qual chamamos de Grau de Comprometimento de Receita (GCR) pode ser interpretada como medida de risco operacional do projeto e caracterizada diretamente pela expressão: GCR = Re Re ceita de Equilíbrio ceita no Nível Máximode Atividade Se a empresa apresentar lucros apenas a níveis elevados de utilização da capacidade instalada, pode-se concluir que o risco envolvido é elevado. Segundo Bruni (2003), a Receita de Equilíbrio é obtida por meio da seguinte fórmula característica: Re EQUILÍBRIO ceita = 1 Re Custos Fixos Despesas Fixas Custo Variável Total Despesa Variável Total ceita no Nível Máximo de Atividade 44 A partir de um DRE referencial, por exemplo, podemos escrever: Re EQUILÍBRIO ceita = 180.000,00 955.799,00 45.878,00 1 1.231.677,00 Logo, o Grau de Comprometimento da Receita é calculado como 0,78, isto é: GCR = 963.921,13 1.231.677,00 = 0,78 Em termos teóricos, temos que: 0 < GCR < 1 É interessante notarmos que quanto mais próximo de 1 estiver o GCR, maior será o risco operacional do projeto. Um GCR igual a 0,78 significa que o projeto só apresentará lucros a 78% da capacidade máxima. 3.2 Risco de gestão Em um primeiro momento, podemos encarar o Risco, geralmente, como a probabilidade de ocorrência de alguns acontecimentos desfavoráveis. O risco do investimento está relacionado com a probabilidade da obtenção de um retorno menor que o retorno esperado, quanto maior for a probabilidade da obtenção de retornos baixos ou negativos, maior risco terá o investimento A taxa de retorno esperada de um investimento é o valor esperado da distribuição de probabilidade dos possíveis retornos. Investidores racionais detêm portfólios de ativos com risco, mas estão mais preocupados com o risco da carteira do que com o risco de cada um dos ativos. De acordo com Samanez (2006), o Risco de Gestão está associado ao grau de conhecimento e de competência do grupo gestor em projetos similares. Argumenta-se que o conhecimento e experiência acumulados sobre o processo produtivo, processo de comercialização, canais de distribuição e, principalmente, na condução de negociações, auxiliam a empresa em períodos https://pt.wikipedia.org/wiki/Taxa_de_retorno https://pt.wikipedia.org/wiki/Portfolio 45 turbulentos e desfavoráveis. Essas competências e habilidades podem ser inferidas, numa escala de 0 a 1, por meio de coleta de opiniões de especialistas. (...) no processo de avaliação de projetos é necessário verificar se a organização reúne as condições para desenvolver esforço requerido pelo projeto? Por exemplo, a empresa é capaz de atingir o nível de qualidade e o nível de serviço? O projeto leva à posição de mercado desejada? As necessárias competências de marketing estarão disponíveis? Será possível administrar a reação dos competidores do projeto? Como se poderá garantir que as competências requeridas das áreas gerenciais e operativas estarão disponíveis? Será possível tornar disponíveis os materiais e serviços essenciais? (SAMANEZ, 2006). Vejamos a Figura 21 a seguir, que nos mostra um resultado hipotético para a avaliação de percepção do Risco de Gestão. Áreas Administrativo Produção Financeiro Comercial RH Aspectos Econômicos Indústria ou Segmento Processo Produtivo Negociação Estratégias de Comercialização Média por Área 0,40 0,50 0,50 0,60 0,30 0,46 0,30 0,50 0,80 0,50 0,40 0,50 0,80 0,80 0,40 0,70 0,60 0,66 0,70 0,80 0,50 0,90 0,90 0,76 0,50 0,40 0,40 0,80 0,30 0,48 Média Total 0,57 Risco de Gestão Percebido 0,43 (*) Escala de 0 a 1 onde 1 implica competência suficiente para gerenciar situações de crise. Figura 21: Avaliação da percepção de Competência e Habilidades do Grupo Gestor. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 46 Neste caso, foi utilizada a média aritmética para a avaliação do Risco de Gestão. Tal fato nada impede que se atribuam pesos e se utilize média ponderada. Para a apuração do Risco de Gestão, é fundamental que seja feita uma avaliação dos gestores das áreas funcionais da empresa. Figura 22: Ilustrações sobre a gestão de riscos. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 47 3.3 Risco de negócio Quando usamos o termo “risco” para os negócios, nos referimos ao fato que as previsões efetuadas para o empreendimento podem não ocorrer como planejadas. Portanto, risco está relacionado com o futuro e com o fato de existirem expectativas sobre o futuro. Não existe risco com relação a fatos passados. Com relação a fatos passados, pode haver conhecimento ou desconhecimento, no entanto, não existe o “risco” de virem a ser diferentes na medida em que já ocorreram. Da mesma forma, não podemos falar de maior ou menor conhecimento sobre o futuro. O futuro é antes de tudo incerto, portanto, qualquer inferência que fazemos quanto ao futuro é mera suposição com relação a algo que desconhecemos. Decisões empresariais são tomadas com relação ao futuro, carregam, portanto, alta dose de incerteza quanto aos seus resultados. De acordo com Bruni (2003), o Risco de Negócio pode ser encarado como a incerteza inerente às projecções do resultado operacional, ou seja, o resultado antes de impostos e encargos financeiros (resultado econômico de exploração). O risco de negócio varia de empresa para empresa e varia ao longo do tempo, a depender de vários fatores, como: 1) Instabilidade da procura: quanto maior for a estabilidade da procura menor será o risco do negócio. 2) Volatilidade do preço: quanto maior for a variabilidade do preço maior será o risco. 3) Volatilidade dos custos dos fatores: quanto mais incerta for a previsão da evolução dos preços de aquisição dos insumos e da mão de obra, tanto mais arriscado é o negócio. 4) Repercussão dos aumentos dos custos nos preços de venda: em uma conjuntura inflacionária,este item é da maior importância. Quanto mais difícil for prever a repercussão das variações dos custos dos fatores no preço de venda, maior será o risco de negócio. 5) Dimensão dos custos fixos: quanto maior for o peso dos custos fixos, maior será o risco do negócio, na medida em que a queda da procura tem um impacto mais que proporcional no resultado operacional. https://pt.wikipedia.org/wiki/Infla%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Custos_fixos 48 Dessa forma, cabe ressaltar então que o Risco de Negócio está associado a fatores conjunturais e não controláveis que afetam o ambiente do projeto. Incluem-se neste caso o grau de concorrência, as barreiras à entrada e à saída, as tendências da economia e do setor de atividade. Informações relevantes para a avaliação do Risco de Negócio são derivadas tanto da opinião de especialistas como das análises clássicas PEST (Fatores Políticos, Econômicos, Sociais e Tecnológicos), 5 forças de Porter (Concorrência, Novos entrantes, Substituídos, Poder relativo dos grandes fornecedores e Poder relativo de grandes clientes e consumidores) e SWOT (Strenghts, Weaknesses, Oportunities and Threats). Vejamos um resultado hipotético para a avaliação e percepção do Risco de Negócio descrito aqui na Figura 23 a seguir. Pest 5 Forças de Porter Swot Aspecto Percepção(*) Aspecto Percepção(*) Aspecto Percepção(*) Político-legal 0,2 Econômico 0,4 Sociocultural 0,4 Tecnológico 0,5 Demográfico 0,2 Entrantes 0,4 Substitutos 0,7 Fornecedores 0,3 Clientes 0,5 Concorrentes 0,6 Pontos Fortes (**) 0,6 Pontos Fracos 0,3 Oportunidades (**) 0,6 Ameaças 0,7 0,34 0,5 0,45 0,5 (*) Escala de 0 a 1 onde 1 implica competência suficiente para gerenciar situações de crise. Figura 23: Exemplo de avaliação do Risco de Negócio. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Sendo assim, algumas decisões podem ser tomadas nas empresas para reduzir o risco do negócio, como, por exemplo: a) A política de marketing pode ser utilizada para reduzir a variabilidade da demanda e a volatilidade dos preços. b) As negociações de contratos com os fornecedores e com os clientes, as pressões sobre o governo ou ainda, a utilização do mercado de futuros, podem ajudar a estabilizar os preços de venda e de compra. https://pt.wikipedia.org/wiki/Marketing https://pt.wikipedia.org/wiki/Demanda https://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado_de_futuros 49 Importante! O grau de alavancagem operacional é um indicador utilizado para medir o risco do negócio da empresa. Quanto maior for o GAO, tanto maior será o risco do negócio. Por outras palavras, um alto grau de alavancagem operacional para uma empresa significa que uma pequena variação do seu volume de vendas ocasionará uma grande alteração dos seus resultados operacionais. 3.4 Síntese dos indicadores de risco Na Metodologia Multi-índice são utilizados cinco indicadores de risco para avaliar o risco percebido do projeto, que são: índice TMA/TIR como proxy da probabilidade de obter retorno maior em aplicações financeiras de baixo risco do que no projeto; índice Pay-back/N como proxy da probabilidade de não recuperação do capital investido; grau de comprometimento da receita (GCR), para avaliar o risco operacional, isto é, para avaliar o percentual da receita máxima que está comprometida com o pagamento dos custos e despesas; risco de gestão, para avaliar o grau de competência do grupo gestor para realizar com sucesso o empreendimento; risco de negócio, para quantificar, mesmo que subjetivamente, as análises clássicas PEST, 5 forças de Porter e SWOT. https://pt.wikipedia.org/wiki/Alavancagem_operacional https://pt.wikipedia.org/wiki/Vendas 50 UNIDADE 4 – ALTERNATIVAS MUTUAMENTE EXCLUSIVAS A grande maioria dos investimentos empresariais tende a ser independente, quer dizer, a escolha de qualquer um deles não impede a escolha de outro. Contudo, existem circunstâncias nas quais as alternativas competem entre si em seus propósitos específicos. Essas alternativas são chamadas de alternativas mutuamente excludentes ou mutuamente exclusivas. Nesse tipo de alternativa, se uma for escolhida, as outras serão eliminadas por essa única decisão. Tipicamente, por exemplo, isso ocorre quando são analisadas duas formas alternativas de resolver o mesmo problema. Suponhamos que uma empresa analise três alternativas de investimento: A, B e C. O custo do capital adequado é de 9%, e a vida útil das alternativas é de sete anos. Admitamos que a qualidade das estimativas e a incerteza dos resultados sejam as mesmas nos três casos. As principais informações sobre as três alternativas são apresentadas na Figura 24 a seguir. Alternativa Investimento líquido Fluxo de caixa anual Valor de liquidação (no 7 0 ano) VPL TIR Índice custo- benefício (B/C) – Investimento de capital – R$80.000,00 + Redução de custos R$20.000,00 R$20.000,00 R$20.000,00 R$20.000,00 R$20.000,00 – Depreciação – R$16.000,00 – R$16.000,00 – R$16.000,00 – R$16.000,00 – R$16.000,00 LAIR R$4.000,00 R$4.000,00 R$4.000,00 R$4.000,00 R$4.000,00 IR (34%) + Depreciação – R$1.360,00 R$16.000,00 – R$1.360,00 R$16.000,00 – R$1.360,00 R$16.000,00 – R$1.360,00 R$16.000,00 – R$1.360,00 R$16.000,00 Fluxo de caixa livre – R$80.000,00 R$18.640,00 R$18.640,00 R$18.640,00 R$18.640,00 R$18.640,00 Figura 24: Disposição dos dados das três alternativas. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 51 A primeira observação é que as três alternativas atendem à rentabilidade mínima desejada (9%), conforme as TIRs apontam, embora em graus diferentes. A questão agora é selecionar a melhor das três. Os métodos da TIR e do índice custo-benefício favorecem a alternativa A, entretanto, do ponto de vista do VPL, a alternativa C é claramente a melhor. Caso apenas uma delas pudesse ser escolhida, isso favoreceria a alternativa C, que apresenta o maior VPL, mas essa é também a alternativa mais cara, e sua capacidade de gerar valor por unidade monetária investida (índice B/C) é um pouco menor que a da alternativa A. É consistente a escolha da alternativa C, conforme determina o método do VPL? Um procedimento usual na seleção e comparação dos aspectos econômicos de alternativas mutuamente exclusivas é examinar o benefício obtido com uma mudança de investimentos menores para maiores. Em nosso exemplo, o investimento adicional ou incremental para se passar da alternativa A para a alternativa B é de R$ 140 (de R$ 480 para R$ 620), mas ele reduz o VPL em –R$ 77 (de R$ 170 para R$ 93). Isso não é economicamente desejável, portanto, descartamos a alternativa B. Por outro lado, mudando da alternativa A para a alternativa C, o investimento incremental adicional necessário é de R$ 270 (de R$ 480 para R$ 750), o que aumenta o VPL em +R$ 22 (de R$ 170 para R$ 192). O retorno desse investimento adicional ou incremental excede a rentabilidade desejada pela empresa, pois sua TIR é de 11,16%. Caso a empresa não disponha de outras possibilidades de aplicação (em igualdade de condições) que possam trazer um retorno maior que 11,16%, a alternativa C deverá ser a preferida. Dessa forma, podemos ver que, caso a análise seja realizada com base na TIR do fluxo incremental resultante da mudança de uma alternativa para outra, a seleção será consistente com a escolha determinada pelo métododo VPL. Em geral, os problemas em orçamentação de capital estão mais ligados à seleção de uma ou mais alternativas dentre um conjunto de alternativas disponíveis, envolvendo uma comparação que dá origem ao problema da escolha. 52 Importante! Duas ou mais alternativas são mutuamente exclusivas entre si quando a aceitação de uma delas elimina as demais, dessa forma, por exemplo, fabricar cimento via seca ou úmida (somente uma pode ser empreendida). Vejamos algumas situações envolvendo os indicadores financeiros para caracterização da viabilidade de projetos. Estudo de Caso – adaptado de Samanez (2006) – Vamos determinar o VPL e a TIR de um projeto associado a uma empresa no ramo logístico, que requer investimento inicial de R$ 30.000,00 e produz um fluxo de caixa livre de R$ 5.000,00/ano durante 12 anos. Consideremos um custo do capital de 8% a.a. Solução: neste caso, temos que: Cálculo do VPL: VPL = – R$30.000,00 + R$5.000,00 x a %8|12 = – R$30.000,00 + R$5.000,00 x 7,536078 = R$7.680,40 > 0 Cálculo da TIR: VPL = – R$30.000,00 + R$5.000,00 x a TIR|12 = 0 Algebricamente falando, o procedimento para determinar a TIR seria aproximá-la por meio de uma interpolação linear. O processo consiste em tentar duas taxas de desconto que resultam em VPLs de sinal contrário, de modo que seja possível efetuar a interpolação: VPL (12%) = – R$30.000,00 + R$5.000,00 x a %12|12 = – R$30.000,00 + R$5.000,00 x 6,194374 = + R$971,87 53 VPL (13%) = – R$30.000,00 + R$5.000 x a %13|12 = – R$30.000,00 + R$5.000,00 x 5,917647 = – R$411,77 Por proporcionalidade: %8%70,12 13 77,411 12 87,971 TIR TIRTIR Com alguma experiência, você perceberá que normalmente não mais de duas tentativas são necessárias, porque o sinal do primeiro VPL indicará a direção da taxa de desconto apropriada para a segunda tentativa. Um VPL positivo pede uma taxa de desconto maior, enquanto um VPL negativo requer uma taxa menor. Estudo de Caso – adaptado de Samanez (2006) – Para um custo do capital de 10% a.a., determinar o índice custo-benefício. Ano 0 Ano 1 Ano 2 Custos (c t ) – R$ 100,00 – R$ 1.100,00 – R$ 12.100,00 Benefícios (b t ) R$ 50,00 R$ 1.650,00 R$ 14.520,00 Fluxo de Caixa Líquido – R$ 50,00 R$ 550,00 R$ 2.420,00 Figura 25: Disposição dos dados do problema. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Solução: neste caso, temos que: B/C calculado sobre custos e benefícios: B/C = 22,1 )10,1( 00,100.12 10,1 00,100.1 00,100 )10,1( 00,520.14 10,1 00,650.1 00,50 )1( )1( 2 2 0 0 n t t t n t t t K c K b 54 B/C calculado sobre o fluxo de caixa líquido: B/C = 50 00,50 )10,1( 00,420.2 10,1 00,550 2 Podemos notar que o índice B/C está sujeito a um problema de dimensão, pois depende da forma como é calculado. Os resultados mostram que o índice calculado a partir da divisão do valor presente dos benefícios pelo valor presente dos custos (1,22) é diferente do calculado a partir da divisão do valor presente dos fluxos de caixa pelo investimento inicial (50). De todo modo, um B/C maior que 1 indica que o projeto é economicamente viável. Situação Problema – adaptado de Samanez (2006) – Considerando um custo do capital de 10% a.a., comparar os seguintes projetos de investimento, usando o índice custo-benefício e o VPL como critérios de decisão. Projeto A Ano 0 Ano 1 Ano 2 Custos (c t ) – R$ 100,00 – R$ 1.100,00 – R$ 12.100,00 Benefícios (b t ) R$ 50,00 R$ 1.650,00 R$ 14.520,00 Fluxo de Caixa Líquido – R$ 50,00 R$ 550,00 R$ 2.420,00 Projeto B Ano 0 Ano 1 Ano 2 Custos (c t ) – R$ 100,00 0 0 Benefícios (b t ) R$ 50,00 R$ 400,00 R$ 10.565,00 Fluxo de Caixa Líquido – R$ 50,00 R$ 400,00 R$ 10.565,00 Figura 26: Disposição dos dados do problema. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Solução: Calculemos o índice B/C e o VPL para os dois projetos: 55 Projeto A: B/C = 22,1 )10,1( 00,100.12 20,1 00,100.1 00,100 )10,1( 00,650.1 10,1 00,650.1 00,50 2 2 VPL A = – 50 + 2)10,1( 00,400.10 10,1 00,550 = R$ 9.045,00 Projeto B: B/C = 18,124 00,100 )10,1( 00,565.10 10,1 00,400 00,50 2 VPL B = –50,00 + 2)10,1( 00,565.10 10,1 00,400 = R$ 9.045,00 O índice B/C foi calculado a partir da divisão do valor presente dos benefícios pelo valor presente dos custos. Aparentemente, esse índice indicaria que a alternativa B é a melhor. No entanto, vemos que as duas alternativas são equivalentes, pois tem o mesmo VPL (R$ 9.045,00). O exemplo mostra que o índice custo-benefício não deve ser utilizado isoladamente na comparação e seleção de alternativas mutuamente exclusivas, pois não reflete necessariamente a maior ou menor conveniência ou atratividade real de uma alternativa com relação à outra. Situação Problema – adaptado de Samanez (2006) – Uma empresa na área logística necessita decidir com relação a empreendimentos em determinadas cidades. Sendo assim, para um custo do capital de 10% a.a. e com as informações disponíveis a seguir, qual será o projeto selecionado? Qual indicador deverá ser utilizado nesta seleção? 56 Ano A B C D 0 – R$ 8.000,00 – R$ 8.000,00 – R$ 8.000,00 – R$ 8.000,00 1 R$ 1.000,00 R$ 7.000,00 R$ 2.000,00 R$ 3.500,00 2 R$ 2.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 4.500,00 3 R$ 3.000,00 R$ 6.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 4 R$ 4.000,00 – R$ 1.000,00 R$ 8.000,00 R$ 1.000,00 VPL – R$ 452,00 R$ 1.362,00 R$ 1.611,00 R$ 1.087,00 TIR 7,8% 21,3% 16,8% 17,5% B/C 0,94 1,17 1,20 1,14 Figura 27: Disposição dos dados do problema. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Solução: note que nem o índice B/C nem a TIR são adequados para comparar alternativas. O método apropriado é o VPL, pois seleciona a alternativa que cria maior valor em termos de valor presente. Portanto, selecionamos o projeto C. 57 UNIDADE 5 – RISCO E INCERTEZA Um termo que existe (real) e que introduz uma nova dimensão na análise de projetos de investimentos é a incerteza. Esta tem origem na impossibilidade de se controlarem os eventos futuros. Podem-se fazer previsão sobre os eventos futuros, mas não se pode determinar exatamente quando e com que intensidade eles irão ocorrer. Exemplos clássicos desses eventos são o comportamento futuro da economia, as vendas futuras de certo produto, o desgaste e custos de manutenção de equipamentos, entre outros. Apesar da incerteza, o tomador de decisão tem de decidir, à luz das informações disponíveis, qual o melhor curso de ação a ser tomado. Fizemos análises anteriores, tendo como pré-requisito válido o conhecimento determinístico dos elementos que compõem o fluxo de caixa, ou seja, admitia- se conhecer com certeza a taxa de desconto a ser utilizada, a duração do projeto e quais seriam as receitas e os custos previstos para cada período. Estimar os valores (ingressos e desembolsos) e compor o fluxo de caixa representativo de um projeto de investimentos com os valores resultantes significa utilizar aproximações ou médias. Para evitar a fragilidade dessa abordagem, recorre-se a técnicas de análise que levem em conta a aleatoriedade dos elementos que compõem o fluxo de caixa de um projeto de investimento. A diferenciação, de natureza muito mais acadêmica do que prática, entre risco e incerteza, está associada ao grau de conhecimento que se tem sobre o futuro. O termo incerteza é geralmente utilizado quando a informação disponível é tão escassa que não se sabe quais os eventos possíveis ou se sabe os eventos possíveis, mas não se consegue atribuir probabilidades a eles. O termo risco é utilizado quando a informação disponível e suficiente para determinar os possíveis eventos e atribuir-lhes probabilidades. As situações de incertezaabsoluta são raras porque em geral é possível pelo menos estabelecer limites para as variáveis de interesse. As técnicas mais conhecidas para tratar risco e incerteza são Análise de Sensibilidade, Geração Analítica da Distribuição de Probabilidade do Valor Presente Líquido do Projeto e Geração 58 Numérica da Distribuição de Probabilidade do Valor Presente Líquido do Projeto. 5.1 Risco versus incerteza Comumente paira na cabeça dos gestores das empresas, ou sendo um pouco mais específico, no contexto financeiro, uma dúvida sobre os termos, Risco e Incerteza. Especificamente falando, para a tomada de decisões, essa dúvida não pode existir, pois esses fenômenos são bem diferentes. O Risco está associado a situações em que a distribuição de probabilidades (aquela na qual as probabilidades de acontecerem e o sucesso estão definidos num intervalo de valores e não em apenas num ponto) dos retornos sobre um dado negócio ou projeto possa ser estimada. De modo contrário, temos que a Incerteza está associada a situações em que não existem evidências suficientes, até para estimar uma distribuição de probabilidades. Podemos até não fazer distinção entre Risco e Incerteza para o propósito a que iremos pretender, mas podemos usar as duas expressões como sinônimas, pelo fato do Risco ser qualificado como evento probabilístico e esperado, através de estimação de maior ou menor precisão, enquanto a Incerteza é bem mais genérica e bem menos probabilística. Quando puder usar procedimentos estatísticos, o Risco é medido por distribuição de probabilidades, as quais quanto mais concentradas menores serão os riscos de erros. Em outras palavras, então observamos que a Incerteza refere-se à dificuldade de prever eventos futuros em razão de eventuais erros em medidas físicas já realizadas. A incerteza, segundo a Diretiva Comunitária 2007/589/CE, é definida como o parâmetro associado ao resultado da determinação de uma quantidade, que caracteriza a dispersão dos valores que poderiam razoavelmente ser atribuídos a essa determinada quantidade (incluindo os efeitos de fatores sistemáticos e aleatórios), expresso em percentagem e que descreve um intervalo de confiança próximo do valor médio, compreendendo 95% dos valores inferidos. A incerteza de uma medida exprime-se por uma faixa de valores que provavelmente estão próximo do valor real. Isso pode ser denotado por barras de erros em um gráfico ou como um valor ± incerteza ou https://pt.wikipedia.org/wiki/Erro https://pt.wikipedia.org/wiki/Par%C3%A2metro https://pt.wikipedia.org/wiki/Dispers%C3%A3o_estat%C3%ADstica https://pt.wikipedia.org/wiki/Aleat%C3%B3rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Percentagem https://pt.wikipedia.org/wiki/Intervalo_de_confian%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9dia https://pt.wikipedia.org/wiki/Medida_(f%C3%ADsica) https://pt.wikipedia.org/wiki/Barras_de_erros https://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A1fico 59 como porção decimal (incerteza). Esta última notação é utilizada, por exemplo, pela IUPAC para representar a incerteza com relação à massa atômica de um elemento químico. Assim, uma incerteza quanto ao último dígito da massa atômica do elemento é indicada por um algarismo entre parênteses. Por exemplo: 1,00794(7) indica ±0,00007. Para termos uma maior precisão, a medida do risco deve ter algum valor definido, necessitando de uma medida de concentração da distribuição de probabilidades, e a medida usualmente utilizada para tal é o Desvio Padrão (diferença entre os valores observados das probabilidades e a média desses valores), que quanto menor, mais concentrada a distribuição de probabilidade e, dessa forma, menor o Risco. Naturalmente, quanto mais concentrada for essa distribuição, maior será a probabilidade do resultado real se aproximar do valor esperado ou previsto. Portanto, define-se o Risco na tomada de decisões como termos da variação provável de acerto. É importante salientar que, na condução financeira, a análise do Risco é tratada de duas maneiras distintamente diferentes: ou é ignorada ou é seguida de forma matemática e altamente formal. Portanto, sabemos que pelo menos dois fatos são importantíssimos nas finanças, um que os investidores são avessos ao risco e outro que ao menos algum risco é inerente à maioria das decisões empresariais. Considerando então os dois fatos, é necessário prever o risco, estimá-lo e definir as medidas de amortecimento na possibilidade de seu acontecimento. Além disso, devemos comentar que em termos econômicos, uma diferenciação entre risco e incerteza é a proposta por Frank Knight, da Universidade de Chicago, em sua obra Risk, Uncertainty, and Profit (Risco, Incerteza e Lucro), de 1921, conforme mencionamos na introdução deste material. Segundo ele, risco é uma incerteza mensurável, uma “falsa incerteza”. Sendo assim, o risco de que um evento ocorra é dado por uma distribuição de probabilidades. Incerteza deve ser entendida num sentido radicalmente distinto da familiar noção de risco, da qual nunca foi convenientemente separada (...) Incerteza mensurável, ou risco no sentido próprio do termo, é tão diferente de incerteza não mensurável que, de fato, não é, de modo algum, uma incerteza (KNIGHT, 1921). https://pt.wikipedia.org/wiki/IUPAC https://pt.wikipedia.org/wiki/Massa_at%C3%B4mica https://pt.wikipedia.org/wiki/Elemento_qu%C3%ADmico https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A1lculo_de_risco https://pt.wikipedia.org/wiki/Frank_Knight https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Chicago https://pt.wikipedia.org/wiki/1921 https://pt.wikipedia.org/wiki/Probabilidade 60 De acordo com Samanez (2006), o risco caracteriza uma situação em que as possibilidades do futuro são conhecidas, enquanto que a incerteza se refere a uma situação em que não se conhecem essas possibilidades. Knight diferencia, portanto, as situações arriscadas (nas quais a distribuição de probabilidades dos casos possíveis não é conhecida) das situações incertas (nas quais nem mesmo os casos possíveis são conhecidos). Uma incerteza knightiana é, portanto, uma situação em que o futuro não é e nem pode ser conhecido. 5.2 Análise de sensibilidade De acordo com Samanez (2006), a análise de sensibilidade é uma metodologia de decisão centrada em um estudo técnico e peculiar de carácter financeiro com o intuito de mensurarmos qual a viabilidade ou sucesso de um determinado projeto, especificamente falando, seja de âmbito da análise de investimentos, ou projetos associados à reorganização empresarial, ou com projetos envolvendo o lançamento de um novo produto ou mesmo a antevisão do eventual sucesso num novo mercado de acordo com o planejamento estratégico. Devemos salientar que esta abordagem e, por conseguinte, a sua conclusão é, frequentemente, fundamental para a tomada de decisão de um administrador/gestor ou investidor, particularmente falando, no contexto de novas perspectivas de investimentos diversos. Dessa forma, a mensuração da sensibilidade tem como alicerce as simulações possíveis para diferentes variáveis existentes no projeto analisado, que constituem maior incerteza no futuro. Sendo assim, surgem aqui parâmetros como a variação de preço e/volume das vendas, diversos custos e despesas, taxas associadas à letra de câmbio e às condições de financiamento do projeto, tais como taxas de juro (efetiva e de retorno) e prazos, a fim de caracterizarmos possíveis impactos e alterações financeiramente falando. As variáveis são interpretadas de modo isolado, quando alteradas implicam consequentemente na alteração do Valor Presente Líquido e da Taxa https://pt.wikipedia.org/wiki/Distribui%C3%A7%C3%A3o_de_probabilidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Distribui%C3%A7%C3%A3o_de_probabilidade 61 Interna de Retorno do projeto, sendo possível mensurar a sensibilidade do VAL/TIR relativamente às variações. A análisede sensibilidade identifica as variáveis que determinam o sucesso do projeto, mas não mede o risco associado a essas variáveis. Deve ficar claro que todo estudo envolvendo a viabilidade econômica possui sempre um fator, que é a incerteza e, no caso, a análise de sensibilidade não fura esta premissa. É interessante também que, além dos estudos de mercado setoriais, a análise de sensibilidade possa analisar distintos cenários e não apenas cenários particulares e/ou centralizados. De acordo com Clemente e Souza (2009), a técnica de Análise de Sensibilidade é usada principalmente para o caso em que existem poucos componentes do fluxo de caixa sujeitos a aleatoriedade baixa, na qual podemos citar, por exemplo, os casos de pequenas variações na Taxa de Mínima de Atratividade, no Investimento Inicial ou nos Benefícios Líquidos Periódicos, ou ainda, no prazo do referido projeto. Indo um pouco mais além, pode-se não ter certeza sobre qual taxa de desconto utilizar, mas pode-se esperar que se situe no intervalo de 8 a 10%. Outro exemplo que pode ser comentado, é o de não se saber exatamente qual o crescimento futuro das vendas, mas ter como razoável que a taxa de crescimento não ultrapasse 20%. A técnica de Análise de Sensibilidade é um procedimento simples para implementação. Grosso modo, para aplicá-la, basta variarmos os parâmetros de entrada, resolver o problema e ir anotando os resultados obtidos. Logo, ao invés de ter um único resultado, ter-se-á um resumo dos resultados em função dos valores dos parâmetros do problema. Para cada taxa de desconto utilizada, haverá um Valor Presente Líquido (VPL). O mesmo acontecerá para cada taxa de crescimento das vendas, duração do projeto, entre outros. Importante! A ideia básica, ao se utilizar a técnica de Análise de Sensibilidade, é a de verificar quão sensível é a variação do VPL à variação de um dos componentes do fluxo de caixa. Os parâmetros que, proporcionalmente, provocarem maior variação no VPL serão classificados como sensíveis ou críticos. Esses parâmetros deveriam merecer investigações adicionais para melhorar sua estimativa e, por 62 consequência, melhorar também as informações relevantes para a tomada de decisão. Para ilustrarmos a aplicabilidade da análise de sensibilidade, vejamos o estudo de caso a seguir. Estudo de Caso – adaptado de Clemente e Souza (2009) – Um projeto da Constrular, na área da construção civil, demanda de um investimento inicial que gira em torno de R$ 25.000,00. Os benefícios líquidos anuais serão, por força de contrato, no mínimo iguais a R$ 6.000,00 pelos próximos 8 anos. Além desses benefícios, a Constrular espera obter benefícios que irão depender do comportamento da economia atual. A Constrular acredita que a taxa de crescimento anual dos benefícios provenientes do mercado não ultrapassará a 10% e, por questão de capacidade de produção, esses benefícios não ultrapassarão o valor de R$ 9.000,00. A taxa de desconto a ser utilizada pela Constrular também contém um componente de incerteza, podendo oscilar entre 10% até 12% ao ano. Vamos analisar a viabilidade do referido projeto. Solução do Estudo de Caso: a solução deste caso via a Análise de Sensibilidade consiste em introduzirmos pequenas variações nos parâmetros e observarmos o comportamento do Valor Presente Líquido (VPL) em decorrência dessas variações. Para o nosso caso, em peculiar, foram criados cenários imaginando-se que os benefícios líquidos aumentem segundo as seguintes taxas: 2%, 3%, 4%, 5%, 7,5% e 10%. Para cada um desses cenários, calculamos o VPL do projeto para cada uma das possíveis taxas de mínima atratividade, isto é, 10%, 10,5%, 11%, 11,5% e 12%. Vejamos na Figura 28 a seguir, os fluxos de caixa para os diferentes cenários de crescimento. Período Taxa de Crescimento 0% 2% 3% 4% 5% 7,5% 10% 0 - 35.000 - 35.000 - 35.000 - 35.000 - 35.000 - 35.000 - 35.000 1 6.000 6.120 6.180 6.240 6.300 6.450 6.600 2 6.000 6.242 6.365 6.490 6.615 6.933 7.260 63 3 6.000 6.367 6.556 6.749 6.946 7.453 7.986 4 6.000 6.495 6.753 7.019 7.293 8.013 8.785 5 6.000 6.624 6.956 7.300 7.658 8.614 9.000 6 6.000 6.757 7.164 7.592 8.040 9.000 9.000 7 6.000 6.892 7.379 7.896 8.442 9.000 9.000 8 6.000 6.030 7.601 8.211 8.865 9.000 9.000 Figura 28: Fluxo de caixa para diferentes cenários de crescimento. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. De outra forma, a Figura 29, na sequência, ilustra o comportamento do Valor Presente Líquido em função de diferentes taxas de mínima atratividade e de crescimento do mercado. TMA 10 10,5 11,0 11,5 12 T a x a d e C re s c im e n to 0,0 - 2.990 - 3.565 - 4.123 - 4.666 - 5.194 2,0 - 314 - 952 - 1.572 - 2.175 - 2.761 3,0 1.113 440 - 213 - 848 - 1.465 4,0 2.601 1.893 1.205 536 - 114 5,0 4.155 3.409 2.684 1.980 1.295 7,5 6.913 6.913 5.331 4.573 3.838 10 8.486 8.486 6.857 6.078 5.320 Figura 29: VPL para diferentes TMA’s e taxas de crescimento. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Devemos observar que pela análise dos cenários anteriores, verifica-se que o projeto será inviável se a economia não se expandir e, por conseguinte, o mercado não crescer, mantendo-se o benefício anual no piso de R$ 6.000,00. Olhando para os valores encontrados, ou seja, para os resultados descritos anteriormente, podemos afirmar que a viabilidade do projeto depende em maior grau se a taxa de crescimento for superior a 4%, os resultados (VPL) tendem a sinalização da viabilidade do projeto. Resumindo, o presente projeto apresenta risco considerável, e a decisão de implementá-lo depende do grau de aversão ao risco do tomador de decisão. O tomador de decisão poderia tentar mensurar o risco determinado à 64 probabilidade de o presente projeto ser inviável. Para tal, é necessário que se conheçam as probabilidades associadas a cada uma das possíveis taxas de crescimento dos benefícios anuais e também dos possíveis valores para a TMA. Cabe ressaltar que dependendo das opções de análise que se façam, a Análise de Sensibilidade poderia envolver outros indicadores de viabilidade, bem como poderia envolver dois ou mais desses indicadores simultaneamente. 65 REFERÊNCIAS BRUNI, Adriano L; FAMÀ, Rubens. Matemática Financeira: com HP 12Ce Excel. São Paulo: Atlas, 2003. CASTANHEIRA, Nelson Pereira. Noções Básicas de Matemática Comercial e Financeira - 3ª edição rev., atual. e ampl.. Curitiba: Ibpex, 2011. CHING, Hong Yuh. Contabilidade e finanças: para não especialistas. 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