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UNIDADE III GUIA DE ESTUDO Artes, Educação e Música 1 PArA início dE convErsA Olá, meu caro (a) terceira unidade chegou. É com muita felicidade que mais uma vez ficaremos mais um tempo juntos na disciplina Arte, Educação e Música. Nesta, trabalharemos mais a fundo com as tão requisitadas Produções Artísticas. Durante o ano letivo as escolas desenvolvem uma série de processos educativos que geralmente culmi- nam nas chamadas produções finais. Abordamos nas outras unidades uma série de equívocos vinculados a essas produções geralmente apresentadas nas culminâncias pedagógicas. Quando a escola se permite desenvolver um processo paulatino, fazendo com que o estudante tenha o mínimo de consciência do que está realizando, sim, assim é interessante. Porém quando a unidade de en- sino, partindo da esquizofrênica percepção de que aprendizagem é basicamente conhecimento e prática dos códigos de escrita e leitura, passa boa parte do tempo investindo nessas ações e devido a uma tensão de datas comemorativas coloca educadores e educadoras a maquiar um processo em prol de apresenta- ções artísticas visando apenas um contentamento dos pais. Aí é que precisamos parar para pensar. PAlAvrAs do ProfEssor Meu caro (a), não é de hoje que as escolas assim o fazem. Relembre da sua história como estudante e certamente você se remeterá a produções artísticas que você participou sem ter muita consciência do que estava fazendo. Falar em produções artísticas nos remete diretamente a um escritor francês bastante citado na atuali- dade chamada Guy Debord. Escritor do livro “A Sociedade do Espetáculo” (1967), Debord estimulou um olhar mais aguçado sobre a postura da sociedade em se fazer acreditar numa realidade simulada. Numa realidade espetacular. Seja em escolas públicas ou em escolas privadas, nos períodos festivos principalmente, educadores viram noites perdendo/investindo tempo e saúde na elaboração de produções artísticas a serem apresentadas a um público exigente e não menos mordaz: os pais de estudantes. Porém por muitas vezes, o tempo cronológico não dialoga diretamente com o tempo pedagógico o que impede que o processo torne-se produto final “em tempo hábil”. As formas utilizadas pelas escolas para compensar esse déficit são variadas, mas geralmente perpassam por uma alucinante espetacularização da educação, onde o que é visto agrada a maioria, mas não tem verdade, nem empoderamento do estu- dante. Em nossas experiências educacionais não são raros os casos que observamos crianças profundamente irritadas ao chegar num dia de culminância e perceber que o seu trabalho foi modificado ou mesmo invi- sibilizado em prol de um conceito de beleza ou concepção estética, seja por parte dos/as educadores/as, seja por parte da coordenação e direção da escola. 2 Nessa introdução precisamos ressaltar alguns pontos em prol de uma reflexão coletiva: • Produções artísticas precisam ter “a cara”, ou seja, a identidade de quem as desenvolveu; • As escolas necessitam conscientizar pais e responsáveis sobre as etapas do desenvolvimento artístico/estético das crianças, evitando assim especulações, tensionamentos e comparações entre os estudantes; • Nem sempre apresentações públicas são a melhor maneira de se demonstrar a produção artística dos estudantes. PArA PEsquisAr Na correria tão presente no ano letivo, por muitas vezes nos esquecemos de registrar os processos e atividades desenvolvidas em sala de aula. Uma das melhores maneiras de assim fazer é através da produção de diários de bordo ou mesmo de portfólios, sejam eles coletivos ou individuais. Esses dois instrumentos de registro possuem diversas ma- neiras de confecção. Visando o direcionamento das nossas ações sugerimos estes links: Link 1 Link 2 Essas estratégias além de organizarem as nossas atividades, nos darão respaldo nas reuniões de pais e mestres, ou mesmo quando surgirem questionamentos sobre a nossa prática educativa. É certo que dá trabalho, porém do mesmo modo a documentação de nossas ações nos trazem respaldos. Em algumas redes de ensino públicas ou privadas os mesmos já são obrigatórios, porém em outras conta-se com o bom senso e profissionalismo docente. oriEntAçõEs dA disciPlinA Nesta unidade enfatizaremos questões relacionadas aos elementos que formam a música; Corpo e movi- mento Esquema corporal; Artes visuais em prol do desenvolvimento infantil através da arte e literatura; arte popular e uma crítica ao viés elitista do ensino de arte; a utilização do teatro-educação; por fim, exposições de concursos de arte infantil. Talvez você esteja indagando o fato de que estes conteúdos estejam muito relacionados à infância. Pode ser que estejas vinculado/a à Educação de Jovens e Adultos e sinta-se pouco contemplado até então. O fato é que na falta de uma Andragogia, que é arte e ciência que orienta o aprendizado de estudantes em idade adulta, precisaremos desenvolver uma transposição didático-metodológica tanto para turmas compostas por jovens, quanto por adultos e idosos. https://eremptm.files.wordpress.com/2012/03/como-se-faz-um-dic3a1rio-de-bordo.pdf http://www.sme.pmmc.com.br/arquivos/matrizes/matrizes_portugues/anexos/texto-06.pdf 3 PArA PEsquisAr De todo modo segue um link interessante para quem tem o interesse em estudar mais profundamente a Andragogia e seus aspectos. Clique aqui para acessar. Espero que lhe ajude, pois temos muito trabalho pela frente! Vamos lá. ElEMEntos dA MÚsicA Vamos começar agora realmente nosso conteúdo, na unidade 2, abordamos um pouco dos elementos da música. Conforme o seu livro texto e as determinações na ementa da disciplina trabalharemos mais profundamente esses elementos tão nobres, que situarão nossos estudantes no universo musical desde a mais tenra idade escolar. vEjA o vídEo! Quais são os elementos da música? Você recorda? Cremos que sim! Vamos paulatina- mente elenca-los nas linhas abaixo. Mas, antes assista ao vídeo de Josiane Kevorkian. Clique aqui para assistir. Espero que goste! A duração do vídeo é de 7´56´´. HArMoniA O estudo sobre harmonia é relativamente recente. No século XVIII, foi escrito o Tratado de Harmonia pelo célebre J. Ph. Rameau (1722), concretizando estudos provenientes do século XVI quando se começou a usar acordes cada vez mais complexos. Harmonia? Acordes? Exato. A harmonia é proporcionada por um conjunto de sons que “se encaixam” sen- do perceptivelmente agradáveis ao ouvido humano. Quando temos por exemplo 2 ou mais notas musicais que emitidas simultaneamente entram em acordo, ou seja, se harmonizam, temos um acorde. vEjA o vídEo! Para tornar esse elemento musical mais inteligível, clique aqui e assiste este vídeo, nele o professor Márcio Guerra propõe uma brincadeira musical onde, a partir da mon- tagem audiovisual, se triplica o cantor que exercita em tons diferentes, porém com muita harmonia. (Duração 2´30´´). http://veler.com.br/blog/andragogia-o-que-e-e-qual-sua-importancia-para-aprendizagem-corporativa/ https://www.youtube.com/watch?v=9lfmnLgtLJo https://www.youtube.com/watch?v=k-w48VSrSI4 4 vEjA o vídEo! Meu caro (a), vimos e ouvimos um músico falando e cantando. Agora veremos e ouvire- mos a pianista Josiane Kevorkian trabalhando com crianças aspectos da HARMONIA. Clique aqui para assistir. (Duração 6´16´´). Vamos lá, a harmonia se dá tanto com as vozes humanas como com as vozes dos instrumentos. O século XIX conheceu o período de maior desenvolvimento harmônico a partir do uso contínuo de acordes amplos e de intensos períodos cromáticos. Cromáticos? Sim! A harmonia na música pode ser relacionada a harmonia na pintura com as suas diversas cores. Imagine que cada nota musical tenha uma cor, uma tonalidade. O caminho é bem por aí. No século XIX, a harmonia seguia uma certa rigidez. Ou seja, para uma música ou mesmo um compositor ser legiti- mado, precisava seguir algumas regras rígidas. Com o século XX, várias experiências diferenciadas quanto a harmonia fora proposta e aceitapor grandes compositores e intérpretes possibilitando uma flexibilização maior da harmonia musical, do mesmo modo que aconteceu no restante da história da humanidade. Se existisse apenas uma forma de se obter har- monia, todas as culturas se renderiam apenas a uma sonoridade específica baseada num tipo restrito de harmonia. A música e a harmonia vinculam-se e adaptam-se ao tempo histórico nas quais são produzidas e aos lugares onde são criadas. Existe renovação das práticas da harmonia a partir de novos olhares e das novas gerações. dicA Na sua sala de aula é interessante que se proponha exercícios de harmonia usando instrumentos chamados de harmônicos (Ex: teclado, violão ou flauta). Caso não tenha segurança, convide pessoas para exemplificar na prática o que é harmonia, enquanto você realiza a mediação. De outro modo, caso seja seu interesse abordar os elementos musicais em sala de aula, podem ser exibidos vídeos contidos no www.youtube.com. Lembre-se: o importante é sensibilizar. https://www.youtube.com/watch?v=s8bQCdlzrD8 http://www.youtube.com 5 MElodiA Vamos agora para a melodia. Quando a harmonia se desenvolve numa sequência coerente de notas, acor- des, sons e silêncios, teremos assim uma linha melódica, constituindo-se assim a melodia. tudo certo? lembre-se que acorde é a combinação de várias notas. o acorde simples (tríade) é constituído de 3 notas. (Ex: dó, Mi e sol) A melodia tem uma coerência, gerando um sentido musical para quem a escuta. Ela fala a cada pessoa de modo bastante particular. Alguns estudiosos acreditam que a melodia é o mais importante componente da formação da música, tendo em vista que quando lembramos ou nos remetemos a uma música é da melodia que lembramos. Como é a melodia da música carro-chefe do filme “A Pantera Cor-de-Rosa”? Isso! Certamente você já sabe! Essa melodia advém de uma composição musical harmônica e vai nos remeter a algo. Quando numa música existe letra (texto literário), essa precisará se organizar harmonicamente com a melodia (texto musical). A melodia pode surgir da letra, a letra pode surgir da melodia ou ambas podem surgir juntas. você já ouviu? Você já ouviu um repentista ou cantador de viola? Já escutou um rapper cantar? O repentista geralmente encontrado no nordeste do Brasil, traz práticas que nos remetem a influências ibéricas dos trovadores medievais. Já os rappers, são os cantores do gênero musical chamada de RAP (sigla “Rythm and Poetry”), que em português significa ‘ritmo e poesia’, influenciados pelo Hip-Hop americano, advém da Jamaica. Tanto um quanto outro desenvolvem letras (texto literário) a partir de uma melodia (texto musical), vincu- lada a uma métrica, ou seja, uma medida certa para a pronúncia das frases e palavras. Muitas das manifestações musicais encontradas na atualidade são advindas de uma série de outras práticas mais antigas. Quem já foi a uma missa católica romana percebe que o sacerdote recita os textos bíblicos usando uma melodia, por vezes parecendo um canto falado outras vezes uma palavra cantada. Essa prática conhecida como cantochão surgiu na Idade Média, tendo como maior representação o canto gregoriano. vEjA o vídEo! Em muitos países do continente africano é percebido que muitas das frases faladas ter- minam sendo cantadas, gerando quando descrevem uma ação corriqueira, um cântico tradicional. Para entender melhor essa inserção de melodia nos textos falados, assista o trecho do filme Kiriku e a Feiticeira (duração: 1´23´´). Clique aqui e assista. ??? https://www.youtube.com/watch?v=uMCP7uxtOcA 6 dicA Caro (a) estudante, no caso do Brasil, as identidades africanas, europeias e indígenas, bem como outros povos, influenciaram diretamente na construção das melodias, bem como na construção das musicalidades dos diversos gêneros e estilos musicais. Sensibilizar os nossos estudantes com melodias variadas, propor que eles criem suas próprias melodias ou mesmo construam sentidos para melodias sugeridas, já possibili- ta um olhar e um ouvir bem qualificado aos aprendentes. ritMo Podemos dizer, que na linguagem musical, entende-se por ritmo as ocorrências de sons e pausas de uma maneira variada em um determinado tempo, podendo obedecer um padrão. Toda música tem um andamento, que está relacionada uma sequência de pulsos que será chamada de pulsação. A velocidade de execução da música é chamada de andamento. Quando ouvimos uma música, estamos ouvindo uma pulsação em determinado andamento. Existem andamentos mais rápidos como é o caso do samba e do carimbó ou mais lentos como é o caso da ciranda e de algumas loas de capoeira. você sAbiA? Você sabia que cada local do mundo recebem a influência de ritmos musicais? Pois é, Ritmos esses que propõem uma identidade e falam muito sobre os costumes de uma determinada comunidade. O ritmo está presente em tudo a nossa volta. Fazer os nossos estudantes perceberem o ritmo das coisas ao seu redor é um excelente exercício. Das batidas do coração ao movimento das ondas do mar. Tudo tem um ritmo. É necessário se apropriar do ritmo como elemento musical e dos ritmos musicais levando sempre em conta a necessidade de fazer com que estudantes conheçam de tudo, fazendo e refazendo suas práticas a partir de uma reflexão contínua. vEjA o vídEo! Que tal você clicar aqui e assistir ao vídeo que contempla um pouco dos ritmos na his- tória ocidental? (Duração 7´34´´). Utilize os ritmos na sala de aula e fora dela. Faça com que os estudantes mantenham uma atenção com o ritmo e os outros elementos musicais. ??? https://www.youtube.com/watch?v=pZrlXBtG86E 7 reforço que o nosso intuito não é estimular a polivalência, mas favorecer a quem assim deseje a sensibilização dos estudantes para a Música, tanto como ciência, como arte e manifestação da sabedoria e dos saberes constituídos pela humanidade nas diversas contingências históricas. a) corpo e Movimento Tanto nos PCN´s de Arte como no de Educação Física a dança é contemplada. Em ambos teremos a ne- cessidade de desenvolver além das questões da utilização do corpo nas ações físicas, uma consciência corporal que vai dos cuidados com essa ação até a maneira correta de proceder e cuidar “do fio de cabelo até as unhas dos pés”. Para desenvolver a consciência corporal é necessário reunir uma série de conhecimentos. Inicialmente trabalha-se a questão dos esquemas corporais. Podemos chamar de esquema corporal a representação que a criança tem do seu próprio corpo como meio de comunicação com o meio e consigo própria. Wallon (1974) cita que ela é relativamente científica, global e diferenciada. Segundo Le Bouch (1981), o esquema corporal é divido em três etapas. Pois é. Segundo os estudiosos não adianta tentar queimar etapas, pois esse conhecimento será advindo das vivências da criança em consonância com a sua maturação. b) Esquema corporal A primeira etapa vai dos 0 aos três anos de idade. Chama-se, segundo o autor supracitado, de EtAPA do corPo vivido. Neste período, vinculado diretamente à fase sensório-motora de Piaget, a criança sente o meio sendo ele mesmo. Esse bebê vai entender que o mundo que o rodeia faz parte dele. Porém com seu desenvolvimento bem sucedido, quanto ao amadurecimento de seu sistema nervoso, começa a ampliar suas experiências, entendendo e diferenciando-se do meio ambiente a sua volta. Nessa etapa a criança apresenta uma necessidade de movimentação. Conforme realiza as movimentações vai enriquecendo a chamada experiência subjetiva corporal, possibilitando a si mesma uma maior experiência motora. No que tange à produção artística, as suas atividades iniciais são espontâneas e não menos ricas do que as das fases seguintes. Portanto, recorde-se do diário de bordo e do portfólio e ponha-se a registrar todos os passos do desenvolvimento dos seus estudantes, evitando banalizar ou desconsiderar situações vistas como corriqueiras. Tudo fará parte de uma vasta rede de informações que poderá ser utilizada emseu benefício, em benefício da criança, da escola e dos responsáveis por ela. dicA Reforço a você que é sempre bom registrar o que se faz em sala de aula. Porém esse registro textual, fotográfico ou audiovisual precisa de autorização por parte dos pais. Muitas escolas, creches e berçários resistem ao uso dos registros, temendo algum tipo de problema caso as imagens sejam utilizadas para outros fins. A partir de uma boa conversa com os pais dos estudantes, coordenação e direção é possível também lavrar um documento que respalde essas ações. Segue o link para que seja adaptado a sua realidade escolar. Clique aqui para acessar. http://www3.sp.senac.br/hotsites/campus_santoamaro/cd/arquivos/pesquisa/termo_autorizacao_uso_imagem.doc 8 corPo PErcEbido ou dEscobErto, é a segunda etapa, conforme Le Bouch. Nesta começa a or- ganização do esquema corporal proveniente do aperfeiçoamento da “função de interiorização”. Essa é entendida como a possibilidade de deslocamento da atenção da criança do meio ambiente para o seu próprio corpo, visando a tomada de consciência. Ocorre nessa etapa a passagem do ajustamento espontâ- neo a um ajustamento corporal controlado pelo qual a criança terá um maior domínio sobre o seu próprio corpo, reduzindo os chamados movimentos involuntários. É a partir do “Corpo Descoberto” que a criança descobre que possui um eixo corporal. Sendo um ponto de referência, o corpo ajuda a criança a se situar e situar coisas e pessoas em seu espaço e tempo. Conceitos como embaixo/acima e direita/esquerda, além das noções de ordem e de tempo são elaboradas nessa etapa. Além disso, já no término desse período que vai dos 03 aos 07 anos de idade, a criança já pode vir a ser caracterizada como pré-operatória por estar submetida a percepção das relações espaço-tempo, porém ainda centralizada no seu próprio corpo. A etapa final vincula-se ao corPo rEPrEsEntAdo, que se manifestará durante o desenvolvimento regular da criança entre os 07 e 12 anos de idade. Percebe-se que o esquema corporal se estrutura. Aos 07 anos a representação mental da imagem corporal relaciona-se a uma figura estática. Só a partir dos 10 a 12 anos é que a criança entenderá o corpo nas suas diversas sucessões motoras e temporais. Antes a imagem mental surgia após a observância do corpo. Nesta fase a imagem passa a ser antecipatória. Portanto para cada uma dessas três etapas é sugerido uma série de exercícios em ações. Caso não se respeite o desenvolvimento das crianças, as produções artísticas desses serão feitas como se fossem marionetes de contato direto, ou seja, bonecos que o títere o manipulador toca para fazê-lo mexer. Ainda quanto à questão dos eixos corporais que serão desenvolvidos a partir da segunda etapa é interes- sante observar que geralmente se fala apenas do eixo longitudinal imaginário que vai do alto da cabeça, até o entre pés dividindo o corpo ao meio, conforme o conceito de simetria. Porém, ainda existem o eixo anteroposterior e o eixo transversal. vEjA o vídEo! Para uma observância maior tanto dos eixos quanto dos planos corporais (frontal/cor- nal, ântero posterior/sagital e Horizontal/Transversal) segue um vídeo do Prof. Paulo Alves que traz de maneira bem interessante a relação entre os planos e eixos, bem como os movimentos vinculados a esses. Clique aqui e assista! (Duração 3´33´´). c) Movimentos corporais Meu caro (a), seja nas artes visuais, na dança, na música ou no teatro, ou seja, nas 04 linguagens artísti- cas propostas nos PCN´s de Arte o corpo criativo precisará realizar movimentos. Esses movimentos têm características específicas e estão vinculados aos eixos e planos corporais anteriormente citados. Vamos ver? São eles: https://www.youtube.com/channel/UCE3ivibeShiR1SDY5FhUW4g 9 • Movimentos de flexão e extensão Estes são perceptíveis em quase todas as articulações completamente móveis (sinoviais) do corpo. Dedos, punhos, cotovelos, ombros, tronco, quadril, joelhos, tornozelos e artelhos são os responsáveis pela execução desses movimentos, nos quais a flexão (quando se dobra) faz com que se aproximem os segmentos, enquanto a extensão, os distanciam. • Movimentos de adução e abdução Menos comuns que a os movimentos acima citados, a abdução é o movimento para longe da linha média do corpo, sendo a adução o movimento que aproxima os segmentos à linha média do corpo. • Movimentos de rotação interna e rotação externa Vinculado aos giros possíveis relacionados às regiões do tronco, escápulas, antebraços, coxas, braços e pés. GuArdE EssA idEiA! Lembrando que para compreender os vários movimentos corporais vinculando-os as articulações, registrando sua localização nas áreas específicas do corpo é necessário manter contato com os estudos de Smith, Weiss e Lehmkuhl (1997), Hall (2000), Tho- mas e Floyd (2002), contidos de maneira bem mais acessível no último vídeo citado. No cotidiano escolar, fazer as crianças terem conhecimento dos planos e eixos corporais aumenta mais ainda a qualidade dos seus esquemas corporais, saindo do famoso clichê “cabeça, ombro, joelho e pé”. Temos desenvolvido experiência exitosas sobre esquemas corporais. Experiências essas que saem da- quele corpo desenhado na folha de papel. Você já pensou na produção de modelos corporais com massa de modelar (nas articulações, cabeça, mãos e pés) e palito de churrasco (pescoço, braços, antebraços e pernas)? Já pensou em criar um dado gigante ou mesmo um baralho com vários posicionamentos cor- porais a serem desenvolvidos pelos estudantes num clima de ludicidade, arte e pertencimento? Em um dos fóruns te convidarei a produzir ou socializar uma atividade já realizada sobre esquemas corporais nas aulas de arte. d) Arte visual Ufa! Espero que você tenha compreendido os conteúdos até agora. É certo que o livro-texto, bem como o seu tutor ajudarão bastante nesses ricos momentos de aprendizagem. Continuando nosso raciocínio, falando em riqueza, iremos adentrar nas próximas laudas num tipo de lin- guagem artística que compreende todas as expressões de arte que podem ser captadas pelo olho humano ou mesmo percebidas a partir dos sentidos que substituem a visão, dentre eles o tato e a audição, no caso das pessoas com deficiência visual. 10 Podemos chamar de arte visual toda manifestação vinculada ao desenho, pintura, escultura, gravura, arquitetura, fotografia, cinema, vídeo, além das mídias visuais. O conjunto dessas é denominado Artes Visuais, sendo este o nome condizente conforme os PCN´s. As artes visuais são desenvolvidas a partir de composições. Entende-se por composição o arranjo, estru- turação ou organização de acordo com os princípios que arregimentam essa linguagem artística. Quanto à composição visual é interessante que estimulemos o interesse dos nossos estudantes pelos: elementos da linguagem visual e princípios da linguagem visual. Quanto aos elementos visuais teremos: • Ponto; • Linha; • Textura; • Cor; • Valor; • Forma; • Figura; • Espaço. Quanto aos princípios da linguagem visual relacionaremos: • Equilíbrio; • Ênfase; • Proporção; • Movimento; • Ritmo; • Padrão; • Harmonia; • Variedade. lEiturA coMPlEMEntAr Para entender melhor sobre os elementos visuais e os princípios da linguagem visual, sugiro que você acesse um rico material da educação pública carioca, contido nesse link. Certamente será de grande utilidade. Vamos lá, meu caro (a) já falamos nas unidades anteriores sobre a primazia do desenho na educação, principalmente nas primeiras etapas. É necessário que docentes se disponibilizem a aprender sobre as diversas artes visuais, possibilitando aos estudantes um repertório abrangente, tanto no aspecto quanti- tativo, quanto no qualitativo. http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/arte/elementos/mod01/02__artevisual.htm http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/arte/elementos/mod01/02__artevisual.htm 11 Posso até parecer redundante, mas é fundamental que se trabalhe com a Abordagem Triangular deAna Mae Barbosa. A mesma construiu paulatinamente e mantém em construção essa abordagem que é de- senvolvida a partir dos eixos contextualização – produção – análise. Lembre-se: A Arte educa! É técnica, é expressão, é conhecimento e humanização. e) desenvolvimento infantil através da arte e literatura Um dos primeiros contatos da criança com a arte, vem a partir das ilustrações contidas nos livros de his- tórias, contos de fadas, etc. Em tempos de smartphones, tablets e outros equipamentos eletrônicos que disponibilizam a interação através de um simples toque, as crianças estão cada vez mais se distanciando dos livros e vivenciando as narrativas através das telas dos dispositivos citados ou mesmo das TV´s. O contato com a literatura clássica e contemporânea é interessantíssimo para estimular a imaginação, a releitura, o faz-de-conta. Nas escolas geralmente disponibilizamos de um cantinho para leitura ou mesmo de uma biblioteca arrojada com espaços atrativos para a criançada. Porém as exigências do mercado, vinculado a concepção equivocada dos pais de que a criança tem que aprender a ler e escrever cada vez mais cedo, para pagar o investimento feito por eles, impossibilita o navegar lúdico e interessado sobre a literatura. Conforme os PCN´s, a Literatura está bem mais próxima da Língua Portuguesa do que das outras artes. Contradições a parte, o fato é que a Literatura saiu da dimensão formal do ensino de Arte. De todo modo, utilizamos em grande parte do nosso cotidiano a Literatura para estimular a criatividade, a expressão, a reflexão, a criticidade e a sensibilidade estética dos nossos estudantes. Uma produção artística a partir das Artes Visuais, do Teatro, da Dança ou da Música, pode ser deveras estimulada pela Literatura. Podemos afirmar que o texto literário pode apresentar: • ficcionalidade: Nem sempre as narrativas condizem com aspectos da realidade circundante; • função estética: O olhar de quem escreve traz a percepção de uma realidade; • Plurissignificação: As palavras, no texto literário, podem assumir diversos significados. • subjetividade: O modo como se concebe a realidade tem relação com a identidade de quem escreve. f) Arte Popular Antes de começarmos a polemizar, peço que leia esse texto bem curtinho clicando aqui. Parece simples, mas falar de Arte Popular envolve uma série de conceitos e preconceitos incrustrados no imaginário de nossa sociedade. Alguns estudiosos entendem que a cultura só se divide em popular e erudita, nos critérios e valores que temos no Brasil, em países que foram colônias de exploração e não de povoamento. Caro (a) estudante, por muitos séculos se fez crer que a Arte Popular seria uma manifestação e produção estética de menor valor, pois é uma arte produzida por camadas menos abastadas da sociedade, que geralmente não conseguiram ter acesso as diversas etapas da educação formal. http://www.galeriabrasiliana.com.br/blog/2009/06/o-que-e-arte-popular/ 12 Porém a Arte Popular necessita ser validada em todos os seus aspectos, tendo em vista que apresenta a representação do que Ariano Suassuna chama de 4º estado, ou seja, das classes sociais que passam despercebidas por muitos olhares governamentais, educacionais e estéticos. Essa arte popular por muitas vezes recebe a alcunha de artesanato, sendo o seu artista chamado de artesão. Atualmente existe uma corrente de artesão que desejam se legitimar como artistas provocando discussões grandiosas principalmente na academia. dicA É necessário repensar o nosso modo de abordar a arte popular. Observar que ela está diretamente vinculada a chamada cultura popular é entender que é uma arte de resis- tência, de limitações e superações. Devido à exigência de mercado, bem como a neces- sidade de sobrevivência muitos dos artistas sejam eles cênicos, visuais ou musicais se adequam às normas do capital, ora privilegiando um tipo de produção mais vendável, ora descaracterizando um dos aspectos mais fortes da cultura popular e da arte prove- niente dela: a autenticidade. vEjA o vídEo! Para reforçar a assimilação desse conteúdo sugiro que você clique aqui e assista esse vídeo “Arte Popular Brasileira; Artistas e Arteiros”, com duração aproximada de 15 minutos. O fazer, ou seja, a prática e produção da arte popular, é mais valiosa ao olhar elitista, do que o seu produto final. Mais valioso que o santo feito em argila é a prática do santeiro em assim produzi-lo. E por aí vai. O mais importante para nós ao estimularmos a produção artística dos nossos estudantes quanto à Arte Popular, é fazê-los entender usando de transposição linguística que a chamada Arte e Cultura Popular é tão importante e valiosa quanto à Arte e Cultura Erudita. Segundo Gombritch, não existe arte com “A” maiúsculo, mas por uma questão política, assim o faço para enfatizar a Arte do Povo que resiste a todas as formas de descaso e se renova em suas ações e produtos estéticos. https://www.youtube.com/watch?v=HmKOQTRf0pg 13 A MÚsicA, A criAnçA E o tEAtro nos PArquEs E cEntros dE rEcrEAçÃo lEiturA coMPlEMEntAr Caro (a) estudante, uma excelente maneira de proporcionar experiências do fazer/pro- duzir e do ver/fruir arte, é inserindo os/as estudantes nos espaços de convívio coletivo, dentre eles os parques e centros de recreação. Como se comportar como plateia? Segue um link para que possamos refletir. Voltando ao nosso raciocínio, toda a comunidade escolar precisa estar sempre atualizada sobre ativida- des, eventos, apresentações e oficinas oferecidas por esses espaços. Caso esses não existam no entorno da escola, é de fundamental importância a construção de uma representação social dessa comunidade escolar. O protagonismo social se constrói a partir de bons exemplos. Nada mais simbólico para a crian- çada do que vê a escola, pais e comunidade reunida em prol de benfeitorias para elas mesmas. Nesses espaços de socialização é interessante que pais e educadores ressaltem a importância do compor- tamento na relação com o coletivo. É necessário dar exemplo: do colocar o lixo no saquinho até respeitar os silêncios enquanto assiste uma produção artística; conservar as obras de arte públicas; valorizar a livre expressão do outro enquanto se diverte evitando apelidos, chacotas ou mesmo bullying, proporcionarão sempre uma melhoria do chamado “bem viver”. GuArdE EssA idEiA! Preparar as crianças para o que vão presenciar enquanto produção artística também é importantíssimo. Bem antes falar sobre o/a artista, sobre o que será visto, sobre o que não é legal fazer ou mesmo estimular previamente uma pesquisa da criança usando a web é algo que pode parecer preciosismo, mas tem em si um caráter educativo holís- tico. Educação e ensino podem ser desenvolvidas no binômio casa-escola, evitando a sobrecarga de atribuições e responsabilidades. No caso das crianças, cujos pais são adeptos a religiões que proíbem ou recomendam evitar espaços de convivência não-religiosos é importante salientar a todos e todas que o respeito é fundamental. Todos e todas tem o direito de ir e vir. Portanto, é sempre importante que a comunidade escolar esteja em alerta, evitando discriminações e pre- conceitos. http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/como-se-comportar-plateia-705500.shtml 14 EXPosiçõEs E concursos dE ArtE infAntil Você já assistiu o filme “A Pequena Miss Sunshine”? Nele uma garotinha de família bastante complicada convence toda família a participar de um concurso de beleza infantil. O filme extremamente premiado, traz um recorte interessantíssimo sobre como a família se mobiliza em torno de uma mostra ou concurso infantil. Devido a nossa sociedade extremamente competitiva, sendo reflexo de uma ótica e ética de mercado, por muitas vezes os pais projetam em seus filhos e filhas aspirações e frustrações enchendo-se de expectati- vas que quando frustradas podem levar a uma hecatombe familiar. Durante a escrita deste guia falamos bastante sobre como proceder frente às produçõesestéticas das crianças, porém o assunto é vasto e não se esgotará nesta unidade 3. Em exposições e concursos é fundamental que pais, professores e estudantes busquem ao máximo promover uma atmosfera lúdica e cooperativa. Por muitas vezes as crianças se indispõem a apresentar o que foi ensaiado por meses a fio. É importante ter a consciência de que isso pode acontecer e de que nenhuma ameaça ou constrangimento, muito me- nos a mínima agressão física pode ser consentida no espaço. É bom alertar os pais e responsáveis para que haja tolerância como as crianças. Independente do quanto tenha sido investido financeiramente ou emocionalmente. Entender que o ganhar ou perder “faz parte”, como dizia o ex-BBB, é condição fundamental para evitar traumas e marcas que poderão prejudicar essas vidas até o final delas. Os concursos e exposições precisam de um projeto que deve ser desenvolvido paulatinamente até a sua culminância. Toda a comunidade escolar precisa estar mobilizada e consciente sobre o que vai acontecer. Do outro modo o que ocorrerá será apenas um simulacro do que devia ser uma prática de culminância pedagógica. Pense nisso! No caso da equipe gestora e docente, é interessante que durante a produção do evento ninguém fique sobrecarregado ou mesmo detendo unicamente as informações sobre o que deve ser feito. Dois meses antes já precisa-se ter definido o tema, a data e a hora do evento. Caso precise realizar a festa fora da escola, reservar 60 dias antes também é importante. Definir a quantidade de pessoas definirá muitos itens no check-list. Manter os pais informados sobre os eventos usando o recurso Save The Date (guarde esta data) enviando por e-mail, evitará que muitos simplesmente se esqueçam e marquem compromisso trabalhistas no mes- mo dia. É bom contratar um fotógrafo profissional. Muitas vezes caímos na ilusão de que no dia estaremos registrando tudo e terminamos ficando dependentes da socialização das imagens, nem sempre de boa qualidade, por parte dos nossos colegas ou pais de estudantes. Durante toda semana anterior ao evento utilize o check-list que precisará ter itens de transporte, segurança, alimentação, conforto, higiene, deco- ração, atrações e serviços. Neste interim ligue para todos os serviços contratados evitando imprevistos, que podem levar o evento a bancarrota. 15 PAlAvrAs do ProfEssor Ufa! Muito conteúdo até o momento caro (a) estudante? Pois é! Os novos paradigmas educacionais trazem fórmulas que ao primeiro olhar de quem já está acos- tumado (a) com os ranços da educação tradicional podem parecer melindres ou detalhes. Porém é nesses detalhes que estão os grandes diferenciais para uma educação mais humanizada, lúdica, artística e es- timuladora do melhor que os seres humanos podem oferecer a si próprios, aos outros e ao meio em que vivem. Fico grato a você por estarmos juntos em mais uma etapa. Aprofunde os seus estudos a partir do livro-texto e se proponha a realizar os exercícios em tempo hábil. Em caso de dúvida, procure o seu tutor. Estaremos nos encontrando na unidade 4, quando falaremos sobre o trabalho docente em arte, com muitos links de exercícios e atividades, além de fazer um recorte frente a questão do Ensino de Arte na Educação Especial. Até lá!
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