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Elementos do Crime e Nexo de Causalidade

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1- Quais são os elementos caracterizadores do crime? Explique.
Fato típico, antijuridicidade e culpabilidade
2- Do nexo de causalidade (art. 13, CP), destrinchar o artigo, explicar detalhes por detalhes. 
3- Abrir a questão das tentativas – falar sobre todas elas. 
.1 São três os elementos do crime:
Fato típico: nada mais é que a conduta humana (positiva ou negativa), que provoca um resultado previsto na lei penal como crime. A título de exemplo, se A atira em B e este vem a morrer em consequência dos projéteis que o atingiu, o fato tipicamente se adequa nos moldes do art. 121 do CP “matar alguém”. Sendo assim, o fato típico se perfaz pelos seguintes elementos:
1º Conduta humana dolosa ou culposa; 
2º resultado;
3º nexo de causalidade entre a conduta e o resultado;
4ª enquadramento do fato material a uma norma penal incriminadora. 
Entende-se que ainda há um quinto elemento, a imputação objetiva adotada pelo Código Penal, devendo ser analisada depois do nexo causal. 
A antijuridicidade é a contrariedade encontrada entre o fato típico e o ordenamento jurídico. Por consequência lógica, a conduta descrita na norma penal incriminadora será ilícita quando não houver previsão expressa da sua licitude, sendo, portanto, encontrado por exclusão. Uma vez sendo considerado lícito pelas causas de exclusão da antijuridicidade (art. 23, CP) ou pelas normas permissivas previstas na parte especial ou legislação penal extravagante, o fato será típico, mas não antijurídico, não havendo o que se falar em crime, por falta de requisito genérico. 
Ademais, temos por terceiro elemento a culpabilidade, sendo esta a reprovação da ordem jurídica recaída ao homem ligado a um fato considerado típico e antijurídico. Essa reprovabilidade recaí sobre a agente. 
2. O nexo de causalidade, previsto no art. 13 do CP é o terceiro elemento do fato típico. Nele analisaremos o liame entre a conduta humana (omissiva ou comissiva) e o resultado, numa relação de causa e efeito. A relação de causalidade está intimamente ligada ao elemento psicológico do comportamento, dada a impossibilidade de separar os aspectos objetivos e subjetivos da ação, sendo melhor aceita a teoria da imputação objetiva, que de acordo com Claudio Roxin “um resultado causado pelo agente só lhe pode ser imputado quando: a conduta cria ou incrementa um risco permitido para o objeto da conduta (ação).”
O art. 13, caput, em sua 2ª parte, adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais, pois a considerou como sendo causa “a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. Sendo assim, para identificar se alguma ação é causa do resultado, basta excluí-lo da série causal, ou seja, verificar se esta exclusão faria com que não produzisse o resultado, se sim, será causa. 
A doutrina critica a teoria da equivalência dos antecedentes, pois disserta que, se levarmos a literalidade toda a linha causal até a produção do resultado, cairíamos em um “regressus ad infinitum” e todos os agentes antecedentes responderiam pelo crime. A título de exemplo, aquele que fabricou a arma responderia também pelo crime de homicídio pois contribuiu materialmente para o evento. 
Por conseguinte, excluísse da relação de causalidade os crimes formais e o de mera conduta. No primeiro, o tipo só descreve a conduta, e no segundo, não exige a produção do resultado. Já nos crimes de forma vinculada, a causa é a própria conduta do sujeito, não sendo necessário procurar os antecedentes. 
Já com relação a causalidade na omissão (art. 13, par. 2º), a doutrina predomina no entendimento de que não existe, sendo considerada sob o aspecto naturalístico, existindo somente um vínculo jurídico, diante da equiparação entre omissão e ação. Portanto, se o agente não intervém, não se pode dizer que causou o resultado, mas, como não o impediu, é equiparado ao causador do resultado. Desta feita, podemos concluir que na omissão imprópria não há nexo de causalidade, só respondendo pelo resultado aquele quem tinha o dever jurídico de agir, impedindo-o pela ação esperada.
Por fim, em análise ao § 1º do art. 13 (superveniência de causa independente), podemos extrair que outras condutas, condições ou circunstâncias podem ocorrer junto à do sujeito, podendo a causa ser preexistente (quando é absolutamente independente da conduta), concomitante (quando ocorre simultaneamente com a conduta) e superveniente (quando se manifesta depois da conduta). 
Em conclusão, quando a causa é absolutamente independente da conduta exclui-se a causalidade decorrente dela, não respondendo o sujeito pelo resultado. Se a causa preexistente, concomitante, ou superveniente produz por si só o resultado, não se vinculando com a conduta, ela não é uma causa. 
3. A tentativa (conatus), prevista no art. 14, inciso II, do Código Penal, é a execução que, uma vez iniciada, não se consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente. Sendo assim, entende-se que ocorre uma ampliação temporal da figura típica, constituindo-se uma adequação típica de subordinação mediata, aplicável também ao concurso de agente (art. 29, CP). 
O art. 14, II, CP tem a sua eficácia extensiva pois pune os atos de execução não realizados de forma completa pelo agente. Caso contrário, só seriam puníveis os crimes nos quais se consumaram, ou seja, aqueles que neles se reuniram todos os elementos de sua definição legal. 
São elementos da tentativa:
- 1) O início da execução do crime: aqui o Código Penal adotou a teoria objetiva, pois exige, necessariamente, o início da execução. Sendo assim, os atos preparatórios (compra da arma, a busca do lugar adequado, etc.) são irrelevantes para a Lei, sendo alcançáveis pela norma de extensão o efetivo início dos atos executórios (disparo do projétil, colocar veneno da alimentação da vítima, etc.). 
- 2) A não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente: neste segundo elemento o iter criminis pode ser interrompido tanto por circunstâncias alheias a vontade do agente (previsão expressa do art. 14, II), quanto por vontade própria, nos casos de desistência voluntária e arrependimento eficaz (art. 15), que são causas de exclusão da tipicidade. 
Na primeira hipótese inicia-se a fase de execução, mas não se verificou o resultado, e na segunda hipótese, embora iniciados os atos de execução, estes ficaram incompletos. 
Formas de tentativas: 
. Perfeita: a fase de execução é integralmente realizada, mas não se verifica o resultado por circunstâncias alheias a vontade do agente (crime falho por ausência de resultado). Aqui o agente realiza tudo que podia para produzir o resultado (dispara todos os projéteis, mas a vítima é levada para hospital, faz cirurgia e se recupera), ou seja, o resultado esperado não ocorre. 
. Imperfeita: tentativa propriamente dita. Quando o processo executório é interrompido por circunstâncias alheias a vontade do agente. Aqui o agente não chega a praticar todos os atos de execução necessários para a produção do resultado (após derrubar a vítima e apontar a arma para produzir os disparos alguém toma de sua mão). 
É importante ressaltar que a lei não faz distinção entre a tentativa perfeita ou imperfeita, recebendo tratamento igual na aplicação da pena em abstrato, sendo esta uma classificação doutrinária. 
Ademais, o elemento subjetivo do conatus é o dolo, vontade livre e consciente de praticar a conduta descrita no tipo penal, que neste caso não se consumará, seja por vontade própria, seja por circunstâncias alheias a vontade do agente.

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