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República Federativa do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva Presidente Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Roberto Rodrigues Ministro Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Conselho de Administração José Amauri Dimárzio Presidente Clayton Campanhola Vice-Presidente Alexandre Kalil Pires Dietrich Gerhard Quast Sérgio Fausto Urbano Campos Ribeiral Membros Diretoria-Executiva Clayton Campanhola Diretor-Presidente Gustavo Kauark Chianca Herbert Cavalcante de Lima Mariza Marilena T. Luz Barbosa Diretores-Executivos Embrapa Agroindústria Tropical Francisco Férrer Bezarra Chefe-Geral Embrapa Informação Tecnológica Fernando do Amaral Pereira Gerente-Geral Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE Armando de Queiroz Monteiro Neto Presidente do Conselho Deliberativo Nacional Silvano Gianni Diretor-Presidente Luiz Carlos Barboza Diretor-Técnico Paulo Tarciso Okamotto Diretor de Administração e Finanças Vinícius Nobre Lages Gerente da Unidade de Desenvolvimento Setorial Léa Maria Lagares Coordenadora do Projeto de Desenvolvimento Agroindustrial Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Agroindústria Tropical Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Iniciando um Pequeno Grande Negócio Agroindustrial Castanha de caju Série Agronegócios Embrapa Informação Tecnológica Brasília, DF 2003 Iniciando um pequeno grande negócio agroindustrial: castanha de caju / Embrapa Agroindústria Tropical, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. – Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2003. 131p. : il. – (Série agronegócios) ISBN 85-7383-180-4 (Embrapa). – ISBN 85-7333-360-X (SEBRAE) 1. Castanha de caju. 2. Castanha de caju – produção. I. Embrapa Agroindústria Tropical. II. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. III. Série. CDD 338.7664726 (21 ed.) Copyright 2003. Embrapa/SEBRAE Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na: Embrapa Informação Tecnológica Parque Estação Biológica – PqEB Av. W3 Norte (final) Caixa Postal 040315 70770-901 Brasília, DF Fone: (61) 448-4236 Fax: (61) 340-2753 vendas@sct.embrapa.br Embrapa Agroindústria Tropical Rua Dra. Sara Mesquita, 2.270 – Pici 60511-110 – Fortaleza, CE Fone: (85) 299 1800 Fax: (85) 299 1803 www.cnpat.embrapa.br sac@cnpat.embrapa.br Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE Unidade de Desenvolvimento Setorial e Unidade de Educação e Desenvolvimento da Cultura Empreendedora SEPN – Quadra 515, BL C, Loja 32 70770-900 Brasília, DF Fone: (61) 348-7299 e 348-7206 Fax: (61) 347-4120 www.sebrae.com.br Coordenação do Projeto de Desenvolvimento Agroindustrial Léa Maria Lagares – SEBRAE Lucilene Maria de Andrade – Embrapa Informação Tecnológica Walmir Luiz Rodrigues Gomes – Embrapa Informação Tecnológica Fernando do Amaral Pereira – Embrapa Informação Tecnológica Coordenação Editorial Walmir Luiz Rodrigues Gomes – Embrapa Informação Tecnológica Lucilene Maria de Andrade – Embrapa Informação Tecnológica Projeto Gráfico, Revisão de Texto, Normalização Bibliográfica, Editoração Eletrônica e Tratamento de Fotos Via Brasil Consultoria & Marketing Ltda. Fotos Arquivo Via Brasil Consultoria & Marketing Ltda. Ilustrações Felipe Venâncio Alves 1ª Edição 1ª impressão (2003) 2.000 exemplares Todos oos ddireitos rreservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei 9.610). Dados iinternacionais dde ccatalogação-nna-ppublicação –– CCIP Embrapa IInformação TTecnológica Apresentação A agroindústria é um segmento de elevada importância econômica, por sua participação na cadeia produtiva e pelas ligações que man- tém com os demais setores da economia. Para enfrentar a competitividade nos negócios relacionados ao processamento de produtos ou matérias-primas de origem agrícola, pecuária ou florestal, é preciso encontrar soluções no âmbito da gestão e da inovação tecnológica. A Embrapa está engajada nessa meta e, em parceria com o SEBRAE, lança o Projeto de Desenvolvimento Agroindustrial, expresso na Série Agronegócios. O Projeto é voltado para empreendedores e empresários inseridos no segmento agroindustrial de pequeno porte, e tem como objeti- vo promover sua capacitação e seu desenvolvimento, a partir de uma metodologia que atenda a todos os segmentos da cadeia pro- dutiva, ou seja, conhecimento das potencialidades do mercado, da oferta de matéria-prima, da demanda do produto final, passando pela gestão, processamento, distribuição e comercialização de pro- dutos agroindustriais. O tema deste volume Iniciando um Pequeno Grande Negócio Agroindustrial de Castanha de Caju é abordado em três partes. A primeira parte – Processo de Produção – contém as várias etapas do processamento da castanha de caju, da colheita ao resultado final, bem como o controle de qualidade, a fim de oferecer um pro- duto competitivo de alta qualidade. Na segunda, Análise de Mercado, o empreendedor irá conhecer as estratégias de marketing – da pesquisa de mercado ao lançamento dos produtos – para ingressar nesse mercado promissor. A terceira parte trata da Análise Financeira, que contém um roteiro completo de um plano de negócio, iniciando com a definição do volume de produção, passando pela estimativa dos investimentos físicos, do cálculo dos custos e das despesas, e finalizando com o investimento necessário para implantar uma agroindústria de cas- tanha de caju. O usuário deste material poderá contar com assessoria preparada para esclarecer dúvidas e responder questionamentos. Espera-se, com isso, habilitá-lo a desenvolver o planejamento inicial de sua agroindústria, utilizando da melhor forma possível, os recursos de A pr es en ta çã o que dispõe e preparando-o para tomar as providências necessárias à con- cretização dessa iniciativa desafiadora e gratificante, que é ser responsá- vel pelo próprio negócio. Clayton Campanhola Silvano Gianni Diretor-Presidente da Embrapa Diretor-Presidente do SEBRAE Sumário Parte 1 – Processo de Produção 9 Capítulo 1 – O Caju 11 Patrimônio genético nacional 12 Elos partidos 14 Capítulo 2 – Castanha e Pedúnculo 17 Alimentos, bebidas e doces 18 Nos limites nacionais 20 Capítulo 3 – Minifábricas de Castanha 23 Do modelo familiar à central de produção 24 O que precisa para se montar uma minifábrica 25 Capítulo 4 – Processo de Produção 29 Etapas de produção 30 Processamento 31 Parâmetros técnicos 36 Etapas do processamento 36 Capítulo 5 – Instalações e Operações Básicas 39 Um espaço adequado 40 Localização criteriosa 40 Projete sua empresa 41 A importância de outros materiais 43 Referências 45 Parte 2 – Análise de Mercado 47 Capítulo 1 – Mercado Promissor 49 Um universo chamado mercado 50 No Brasil e além-fronteiras 51 Capítulo 2 – Pesquisa de Mercado 55 Um instrumento de decisão 56 A pesquisa sem mistérios 56 Capítulo 3 – Mercado Consumidor 59 Identificando o consumidor 60 Su m ár io Pesquisa de mercado, uma radiografia 61 Para que serve 62 Quando deve ser feita 62 Quais os métodos utilizados 62 Capítulo 4 – A Pesquisa Passo a Passo 65 Mercado amplo 66 Modelo de questionário 73 Capítulo 5 – Mercado Concorrente 81 Concorrência, conhecer para enfrentar 82 Capítulo 6 – Mercado Fornecedor 87 Fornecedores e parceiros 88 Capítulo 7 – Plano de Marketing 91 O caminho para o mercado 92 Parte 3 – Análise Financeira 95 Capítulo 1 – Planejamento Financeiro 97 O planejamento aproxima o seu sonho da realidade 98 Capítulo 2 – Volume de Produção e Investimento Físico 101 Determine quem você vai ser no mercado 102 Prepare-se na medida para o seu negócio 103 Capítulo 3 – Materiais Diretos e Mão-de-obra Direta 109 A qualidade de seu produto começa no cajueiro 110 Quanto custa manter sua equipe 112 Capítulo 4 – Custos Fixos 115 O dia-a-dia da sua indústria 116 Capítulo 5 – Custos de Produção 119 Custo das amêndoas limpas e torradas 120 Capítulo6 – Faturamento Anual 121 Vender também tem seu custo 122 O preço tem que ter medida certa 123 Veja quanto a sua agroindústria pode lhe render 125 Capítulo 7 – Resultados e Investimentos 127 Analise a empresa que você vai montar 128 Quanto vai lhe custar seu negócio? 130 Título do Capítulo Su m ár io Capítulo 1 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão O Caju "O selvagem levanta o braço, abre a mão e tira um caju ..." Os versos do poeta e compositor Caetano Veloso desenharam, no século 20, a cena que os pintores que acompanhavam as expedições portuguesas registraram em bicos-de-pena e aquarelas nos séculos 16 e 17: indígenas deliciando-se com a fruta doce e nutritiva ou com o mucororó (bebida de alto teor alcoólico, preparada com caju mascado e fermentado e utilizada por várias tribos em festas, rituais e tratamentos de saúde), apreciando seu travo tão próprio e alimentando-se da amêndoa torrada na fogueira. 12 Patrimônio genético nacional Dos alimentos que povoam nossas mesas e alimentam nossa economia, poucos são assim, tão brasileiros. O cajueiro, ou Anarcadium occidentale, como é classificado cientificamente, é uma planta nativa dos campos e das dunas do Nordeste brasileiro. De fácil adaptação em qualquer tipo de solo, mesmo os desprovidos de nutrientes, chega a medir entre 8 e 15 m de altura. (A Embrapa desenvolveu o cajueiro-anão-precoce com altura de até 6 m – Figura 1), se espalhou pelo País onde as chuvas dessem a trégua necessária à sua floração. E não tardou a cruzar oceano nas galeras portuguesas para povoar fazendas nas colônias da África e da Ásia. Hoje, especialistas estimam que a cultura do caju ocupe, no mí- nimo, 1,5 milhão de hectares de terras em todo o mundo. Além do Brasil, são significativas as plantações da Índia, de Moçambique, do Quênia, da Tailândia e, mais recentemente, de Benin, da Guiné-Bissau e da Indonésia. O que se chama de caju é o pedúnculo hipertrofiado, o suporte da ver- dadeira fruta, que é a castanha. Esse pseudofruto, carnoso e suculento, apresenta uma grande variação de tamanho (de 3 até 20 cm de compri- mento e de 3 até 12 cm), peso (entre 15 e 200 g), formato (pode ser peri- forme, cilíndrico, fusiforme, alongado ou ficóide) e cor (os tons variam do amarelo-canário até o vermelho-vinho). Em todos os casos é um alimen- to de grande valor nutritivo, rico em vitaminas (os níveis de vitamina C são, em média, cinco vezes maiores do que os encontrados na laranja) e sais minerais (especialmente ferro, cálcio e fósforo). Veja, na Tabela 1, as prin- cipais características da castanha do caju. Fig. 1. Caju-anão-precoce produzido pela Embrapa Agroindústria Tropical. Castanha de Caju 1 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 1 Processo de Produção 13 Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão É importante acrescentar que, a relação amêndoa/castanha de 29,8% apresentada na Tabela 1, corresponde ao limite máximo. Na prática, essa relação não passa de 24%. A amêndoa da castanha do caju (Figura 2), a verdadeira fruta do cajueiro, não fica atrás em termos nutricionais. É um alimento alta- mente protéico, (em média 25%) e, apesar de muito gorduroso, saudável, já que suas gorduras são compostas de ácidos graxos predominantemente monoinsaturados, como o ácido olei-co, que contribui na redução do teor de colesterol. Na sua composição também encontram-se 9 dos 10 aminoácidos essenciais. Tabela 1. Características físicas da castanha do caju do Ceará. Determinação Peso Castanha Casca Amêndoa (ACC) Relação casca/castanha Relação amêndoa/castanha Tamanho Castanha grande Castanha média Castanha pequena Castanha miúda Cajuí Média 8,19 g 5,71 g 2,44 g 69,72% 29,80% 14,80 g 9,79 g 7,40 g 4,50 g 2,30 g Variação 3,42 a 13,61 g 2,71 a 10,69 g 0,69 a 3,21 g - < 90 frutos/kg 91 a 140 frutos/kg 141 a 220 frutos/kg 221 a 300 frutos/kg > 300 frutos/kg Fig. 2. Amêndoa da castanha de caju torrada e pronta para o consumo. 14 Elos partidos Apesar de ser detentor desse patrimônio genético representado pelo caju, não foi o Brasil quem primeiro difundiu seu consumo, mas a Índia, quan- do ainda estava sob domínio inglês, que a fruta, mais especialmente a amêndoa, conquistou o paladar dos consumidores de regiôes de clima frio e se firmou como um dos produtos agrícolas de origem tropical mais bem aceitos pelos americanos, canadenses e europeus, de um modo geral. É em torno deles que gira, hoje, a agroindústria mundial da castanha de caju. Como acontece em nível mundial, também no Brasil a atividade agrícola ligada à cultura do caju apresenta uma forte concentração espacial. Mesmo no Nordeste, habitat natural dos cajueiros e região onde se pro- duz 99% da castanha de caju do País, apenas três estados mantêm uma cultura significativa: o Ceará, o Piauí e o Rio Grande do Norte, que respon- dem por cerca de 86% do produto em nível nacional. E, claro, são esses estados que se beneficiam dos resultados sócio-econômicos desse agronegócio: 35.700 empregos nos cerca de 700 mil hectares cultivados e 20 mil empregos nas indústrias de beneficiamento da castanha. Não é atoa que a castanha de caju é o segundo produto da região mais procu- rado pelo mercado internacional. Com toda a dimensão e importância que assume nas áreas em que está instalada, a agroindústria brasileira de castanha de caju ainda está muito aquém da sua potencialidade. Possui um parque processador pouco com- petitivo face aos avanços da agroindústria de alimentos, apesar de nos últimos anos ter ocorrido melhorias significativas no processamento mecanizado da castanha de caju. Isso, de acordo com análises de técni- cos e especialistas, é resultado da falta de sintonia entre as várias etapas da cadeia produtiva, o que acaba por comprometer a competitividade do produto brasileiro, seja pela perda de qualidade, seja por preços acima do mercado internacional, ou seja ainda, pela baixa lucratividade, que acaba inviabilizando o negócio. Trocando em miúdos, ao contrário do que vem sendo tradicionalmente praticado no Brasil, hoje, os agronegócios não devem estar centrados exclusivamente na atividade agropecuária. Tão importantes são os elos da cadeia produtiva anteriores à atividade agropecuária – os bens e serviços dirigidos ao mercado rural, que acontecem antes da porteira da fazenda – e os que vêm depois – o processamento e a comercialização do produ- to, seja para o mercado interno ou externo. No caso da castanha de caju, por exemplo, a qualidade e o preço com que o produto chega ao con- sumidor final começa a se definir nas pesquisas voltadas para a melhoria do fruto e o aumento de produtividade da planta e nas linhas de financiamento, passam pela implantação e manejo agrícola, seguem Castanha de Caju 1 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 1 Processo de Produção 15 Título do Capítulo I Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão pelas condições de beneficiamento e finalmente atravessam o processo de comercialização. As perdas e os ganhos registrados em qualquer uma dessas etapas vão se refletir no produto final e em todos os elos da cadeia. Essa visão moderna da agroindústria é uma das promissoras conseqüências da abertura das economias e da globalização dos mercados. As mudanças desencadeadas nas últi- mas décadas colocaram o foco do mercado como a base e o princí- pio de uma gestão estratégica, visto que é o consumidor final quem aprova ou desaprova, no ato da compra, todo o esforço desenvolvi- do nas atividades da cadeia produtiva como um todo, desde a pré- produção até a venda do produto final. É necessário, portanto, que você, no momento em que começa a planejar sua agroindústria de castanha de caju, perceba a cadeia pro- dutiva como um todo e busque trabalhar em harmonia com os demais elos – como o agricultor e o exportador – já que tem com eles uma meta comum: garantir seus lucros de forma sustentável, o que só acon- tecerá se todos, a seu tempo, garantirem a satisfação contínua do mer- cado consumidor final.Como as demais peças da cadeia produtiva do caju, a agroindústria – e esse é o objetivo desta publicação – deve produzir bem e ser bem administrada, de forma a colocar o produto no mercado com quali- dade e a preços competitivos e ao mesmo tempo lhe auferir bons resul- tados econômico-financeiros. Mas voltamos a afirmar que você não é uma unidade isolada. Precisa trabalhar em sintonia, de um lado, com o produtor, e do outro com o vendedor ou exportador. Não adianta – como não raro acontece nas safras mais abundantes, quando as indús- trias ganham poder de barganha – aviltar o preço da matéria-prima e impor prejuízos ao produtor. Ele também precisa lucrar para reinvestir e melhorar a produtividade e a qualidade da sua lavoura e lhe fornecer frutos mais homogêneos e de melhor rendimento industrial. Da mesma forma, é preciso que você esteja atento à voz do consumidor, traduzida na fase de comercialização, sem, no entanto, perder força de negociação. Técnicos, economistas e estudiosos do assunto identificam dois tipos de gargalo essenciais na cadeia produtiva do caju, no Brasil. O primeiro é tecnológico. No processo de beneficiamento, ocorre, em média, uma quebra de 45% da produção. Para se ter um parâmetro de compara- ção, na Índia, principal concorrente do Brasil no mercado internacional de castanhas, esse índice é de 15%. O segundo é a utilização exagera- da dos intermediários, tanto quando a castanha sai do produtor para a indústria como quando sai da indústria para o mercado. Esses "atra- vessadores" são responsáveis pela comercialização de 83% da casta- nha de caju no País, o que lhes dá enorme poder de manipular preços. Faça o possível para evitá-los. Capítulo 2 Castanha e Pedúnculo A industrialização do caju – considerando-se a fruta como um todo, o pendúculo e a castanha – pode ser dividida em, pelo menos, dois grandes ramos: a indústria de beneficiamento da castanha e a indústria de transformação do pedúnculo. A indústria de transformação dessa parte carnuda possui segmentos na indústria de bebidas, doces, condimentos, farinhas e ração, entre outros produtos para alimentação humana e animal. Contudo, é cena comum, nos plantios do Nordeste, a enorme área de plantio de caju forrada da polpa do caju apodrecida e pisoteada. É que pouco aproveitamento se dá aos pedúnculos, que na maioria das vezes são abandonados sob os cajueiros, depois de retirada a amêndoa que será encaminhada para a agroindústria. 17 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão Alimentos, bebidas e doces No beneficiamento da castanha de caju, o aproveitamento industrial ainda é muito limitado à produção da amêndoa inteira e salgada, para ser consumida como aperitivo, normalmente acompanhando bebidas alcoólicas, ou a amêndoa partida, utilizada como insumo nos segmentos de confeitaria e panificação. Mas seus subprodutos também podem agregar valores significativos à indústria, especialmente o líquido da casca da castanha de caju (LCC), a casca e a película (Figuras 3 e 4). Dentre esses subprodutos, o LCC é o que mais se destaca pelos diversos usos que pode proporcionar. Rico em fenol (10% cardol e 90% ácido anacárdico), a substância serve como base para o fabrico de pós de fricção e resinas. Só a título de curiosidade, a castanha do caju foi um dos pro- dutos altamente estudados durante a II Guerra Mundial como fonte alter- nativa de matéria-prima industrial. Só naquele período, registrou mais de 300 patentes de seus derivados, a maior parte pertencente aos Estados Unidos e à Inglaterra. A película – a parte que separa a amêndoa da casca – é rica em tanino, substância adstringente utilizada, dentre outras coisas, no curtimento de couros. A casca, com grande potencial de combustão, pode ser utilizada como combustível das caldeiras das próprias indústrias de beneficiamen- to da castanha, que, no entanto, devem utilizar filtros para conter a libe- ração de gases tóxicos e poluentes. 18 Fig. 3. Subprodutos deriva- dos da castanha de caju, desenvolvidos pela Metalúrgica Cobica Ltda. – Mecol. Castanha de Caju 1 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 1 Processo de Produção Fig. 4. Produtos derivados do processamento industrial do caju. 19 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão Nos limites nacionais Apesar de ser o berço do caju, e a despeito das inúmeras possibilidades que a espécie oferece, a agroindústria nacional ainda está centrada quase que exclusivamente no beneficiamento da castanha voltada para o mer- cado externo. São poucas empresas que beneficiam o pedúnculo, ou seja, o pseudo-fruto, para sucos, doces, polpas e outros subprodutos. A castanha, como vimos anteriormente, não é totalmente aproveitada. Dela é utilizada basicamente a amêndoa, para ser consumida como ape- ritivo. O Pólo Industrial de Beneficiamento da Castanha de Caju é formado por 11 fábricas de processamento mecanizado, geralmente de médio e grande porte, localizadas no Ceará, no Rio Grande do Norte e no Piauí, com capacidade anual de beneficiar 300 mil toneladas de cas- tanha e 130 minifábricas com processo manual de corte, com capaci- dade anual de beneficiar 20 mil toneladas de castanha (Figura 5). 20 Não é por acaso que o setor se organiza dessa forma. Em todo o mundo, o agronegócio do caju concentra-se em torno da amêndoa, que gera cerca de 2 bilhões de dólares anuais em nível de varejo, ocu- pando o terceiro lugar entre as nozes mais comercializadas no merca- do internacional. A demanda mundial apresenta um quadro em que os Estados Unidos absorvem em torno de 80% do total consumido. Vamos tratar desse assunto com mais detalhe na Parte 2 – Análise de Mercado, mas vale a pena, desde já, você conhecer qual o terreno onde você vai atuar. Veja, na Tabela 2, onde estão seus futuros con- sumidores, no mercado externo. Fig. 5. Indústria de beneficiamento da castanha de caju de grande porte, em Fortaleza, CE. Castanha de Caju 1 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 1 Processo de Produção O processo mecanizado de beneficiamento da castanha de caju ca- racteriza-se pela operação de descasque ou pelo corte automático da castanha. É uma operação delicada e dificultada pela estrutura da casca, que por ser elástica e dura, favorece a ocorrência de danos e a contaminação da amêndoa. Além disso, as grandes fábricas tra- balham com capacidade ociosa de até 50%, especialmente em função das entressafras, das quebras de safra, de pragas ou de intempéries climáticas, ou mesmo de cortes de investimentos dos produtores. Como vimos anteriormente, as grandes fábricas estão concentradas no Ceará e no Rio Grande do Norte, o que onera os custos de trans- porte, devido às grandes distâncias nos deslocamentos da matéria- prima das áreas de produção. Pense nisso, quando for escolher o local para instalar sua agroindústria: as pequenas fábricas, especial- mente as que operam com corte manual e cozimento da castanha com vapor saturado, podem ser implantadas em todos os estados produtores de castanha do Nordeste. Existem cerca de 130 unidades desse tipo, com capacidade anual de processar 20 mil toneladas de castanha. Mas, se o produto for de qualidade, ainda há muita demanda. E havendo demanda, pode haver produção. 21 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão Tabela 2. Castanha de caju - Exportações Brasileiras* - ranking por país destino – 2001**. Países M US$ Tonelada Estados unidos 52.736 13.206 Canadá 4.797 1.232 Itália 1.266 482 Líbano 1.804 365 Portugal 694 191 Países Baixos 290 131 França 662 251 Alemanha 1.366 345 México 1.235 272 África do Sul 904 222 Argentina 246 81 Reino Unido 621 172 Outros 1.435 383 Total 68.056 17.333 Fonte: Secex/Decex *Castanha de Caju fresca ou seca. (NCM: 0801.32.00) **de Janeiro a julho de 2001 M US$ == UUS$ 11000 FFOB Capítulo 3 Minifábricas de Castanha Atualmente, existe grande preocupação com o desenvolvimento de novas tecnologias que, além de incorporarem a otimização do processamento da castanha, já queseu custo representa 60% do custo de produção, ajuda, também, a manter o homem no campo. Uma alternativa é fazer o beneficiamento em pequena escala, proporcionando aumento da renda do produtor de caju e oferta de emprego para os trabalhadores rurais. Veja, neste capítulo, como funcionam as minifábricas de processamento da castanha de caju. 23 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão Do modelo familiar à central de produção As pequenas fábricas de castanha de caju, denominadas minifábricas, incorporam novos avanços em equipamentos e processos, permitindo a obtenção de amêndoas inteiras e brancas em maior proporção e com me- lhor qualidade e possibilitando a inserção de pequenos e médios produ- tores no agronegócio castanha de caju, com níveis de processamento adaptados às condições de pequena e média escala de industrialização. A implantação do sistema de minifábrica incentiva pequenos e médios produtores de castanha, por meio de associações, cooperativas e suas re- presentações, gerando empregos para as comunidades nas etapas de plantio, tratos culturais, colheita, processamento da castanha e na co- mercialização dos produtos obtidos no seu processamento. Os módulos fabris, cujas especificações encontram-se na Tabela 3, constam, basicamente, de uma estrutura que pode ser adaptada ao tamanho e à capacidade de cada unidade. Assim, a partir desse quadro, selecionamos três opções de agroindústrias – familiar, pequeno e médio – baseadas no volume de produção, que você vai encontrar na Parte 3 – Análise Financeira, deste volume. . 24 Tabela 3. Módulos de fábrica de castanha de caju. Tipo de Módulo Familiar Pequeno Médio Grande Central * Uma caixa equivale a 5 libras ou 22,68 kg. Consumo de Castanha (kg/dia) 110 220 550 1.650 5.500 Produção de Amêndoa (caixas/dia) 22,68 (1 caixa) 45,36 (2 caixas) 113,40 (5 caixas) 340,20 (15 caixas) 1.134,00 (50 caixas) A unidade familiar é indicada para o processamento da castanha na residência do proprietário, com pequenas adaptações na infra-estrutura física do imóvel. As pequenas e médias unidades são recomendadas para associações e cooperativas rurais e visam o aproveitamento industrial da castanha pro- duzida pelos associados. A unidade de grande porte visa atender as necessidades de empresas e coope- rativas com melhor estrutura, organização e poder de negociação (Figura 6). Castanha de Caju 1 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 1 Processo de Produção A unidade central reúne um conglomerado de minifábricas para a realização das operações de acabamento da amêndoa. O que precisa para se montar uma minifábrica O módulo para a implantação de uma minifábrica de processamen- to de castanha de caju é constituído por seis equipamentos básicos de pequeno porte, como classificador, cozedor, estufa, umidificador, máquina de corte, despeliculador e fritadeira, ajustáveis às necessi- dades de cada unidade industrial, com capacidade de processar diariamente desde 110 kg de castanha numa unidade familiar, até 5.500 kg de castanha para um módulo agroindustrial múltiplo. A seguir, apresentamos as principais características desses equipa- mentos: 1. Classificador de castanha in natura – Recomendado para separar até quatro tipos de castanha. É composto de quatro rotores com chapas perfuradas de 18 mm, 21 mm, 24 mm, 27 mm e suporte em perfil metálico em chapas de aço-carbono, com capaci- dade para 300 kg/h, com porta-rotor de madeira (Figura 7A). 2. Vaso cozedor para castanha in natura – Construído em aço carbono, em formato cilíndrico, encamisado para produção de vapor saturado, com os seguintes componentes auxiliares de operação: manômetro, visor de nível, válvula de segurança, montado em base de ferro com queimador a gás de cozinha, com capacidade para 50 kg de castanha por hora (Figura 7B). 25 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão Fig. 6. Produção de castanha de caju na Fábrica-Escola da Embrapa Agroindústria Tropical. 3. Autoclave para cozimentos das castanhas – Confeccionada em chapa preta, com capacidade individual para 40 kg em 25 minutos por ope-ração, com gerador a vapor, confeccionado em chapa de ferro, aquecido a GLP, e resistência elétrica possuindo na parte lateral, um nível d'água e uma válvula para limpeza. Este equipamento substitui o vaso cozedor do item anterior. 4. Máquina de corte manual de castanha – Construída em ferro fundido, composta de mesa bancada dupla metálica, com capacidade para duas máquinas manuais, esquadro e alavancas de comando, pedal de acionamento com sistema de navalhas em aço, para corte da castan- ha, e capacidade de cortar 100 kg de castanhas por dia por operário, com navalhas para tipo 18 mm, 21 mm, 24 mm ou 27 mm (Figura 8). 5. Bancada de mesas para despeliculagem manual – Seleção e classificação da amêndoa de castanha de caju, confeccionada em chapa metálica ou madeira de lei, apoiada em quatro pernas, revestida em fór- mica de coloração clara-opaca, apresentando as seguintes dimensões: altura 60 cm, largura 90 cm e comprimento de 3 m. 26 Castanha de Caju 1 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 1 Processo de Produção Fig. 7. (A) Peneira selecionadora de castanhas in natura. (B) Gerador a Vapor e Vaso Cozedor de castanhas in natura. Fonte: Metalúrgica Cobica Ltda. A B Fig. 8. Máquina manual de corte de castanha. Fonte: Metalúrgica Cobica Ltda. 27 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão Fig. 9. (A) Estufa para secagem de amêndoas. (B) Suporte para bandejas. Fonte: Metalúrgica Cobica Ltda. Fig. 10. Gerador a vapor, com câmara de umidificação. Fonte: Metalúrgica Cobica Ltda. A B 6. Estufa para secagem das amêndoas, aquecida a GLP – Construída em chapa metálica com porta, prateleira de perfil metáli- co para 12 bandejas em telas galvanizadas malha 4 x 20 mm, com capacidade individual para 3,35 kg de amêndoas, dotada de ter- mômetro, válvula termostática, queimadores a gás, com capacidade para 42 kg em 6 horas e com temperatura média de 65ºC, com suporte para bandeja e divisórias com prateleiras, para colocação das bandejas com amêndoas para repouso (Figuras 9A e 9B). 7. Umidificador de amêndoas – Construído em chapa metáli- ca com porta e prateleira em perfil metálico para 4 a 10 bandejas, munido de tubulação acoplada ao vaso cozedor com canalização para injeção de vapor saturado, com chave de controle de entrada de vapor e capacidade para umidificar 300 kg de amêndoas por dia. 8. Umidificador – Confeccionado em chapa zincada Compor- tando quatro bandejas, com capacidade operacional de 14 kg de amêndoas a cada 5 minutos. Este equipamento substitui o umidifi- cador do item anterior (Figura 10). 28 Castanha de Caju 1 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 1 Processo de Produção 9. Despeliculador manual – Constituído de bandeja retangular dota- da de tela metálica, para a separação da película, e escovas de cerdas, montado em suporte de madeira de lei e tremonha em chapa metáIica, com capacidade diária de despelicular 300 kg de amêndoas. 10. Despeliculador rotativo contínuo manual – Com capacidade operacional de 50 kg/hora (Figura 11A). Esse equipamento substitui o despeliculador do item anterior. 11. Conjunto de fritadeira e centrífuga para fritura da amêndoa semiprocessada e extração do excesso do óleo de fritura – Confeccionada em ferro fundido e aço-carbono, revestimento em aço inoxidável, com dois cestos compatíveis para ajuste no conjunto, com funcionamento a GLP para a fritadeira, e energia elétrica para a cen- trífuga (Figura 11B). Fig. 11. (A) Despeliculador rotativo contínuo manual. (B) Conjunto fritadeira e centrífuga para secagem das amêndoas. Fonte: Metalúrgica Cobica Ltda. A B 12. Máquina seladora de sacos de plástico ou aluminizados – Composta por caixa termostática, lâmpada-piloto, chave deslizante para funcionamento automático, barramento de solda composta de resistên- cia e barra de alumínio, protegida por pedal, com regulagem de calor e de tempo de soldagem,sem sistema de vácuo. 13. Máquina de enchimento para latas sanitárias – Com capaci- dade de 25 libras (11,34 kg), dotada de recravadeira, sistema de vácuo e injeção de CO2 (Carbono). 14. Enchedeira para latas de 25 libras – Dotada de sistema vibratório. Capítulo 4 Processo de Produção A definição do processo de produção está diretamente ligada ao tipo de produto que se pretende fabricar. E de acordo com essa definição, varia sensivelmente o volume de investimento em maquinário. 29 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão Etapas de produção As etapas para beneficiamento da castanha de caju, em escala de minifábricas (Figura 12), compreedem as seguintes operações: 30 Fonte: Copan (J. Macedo) Fig. 12. Etapas do processamento da castanha de caju. Castanha de Caju 1 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 1 Processo de Produção A tecnologia de equipamentos foi sendo desenvolvida à medida em que crescia a demanda, com o aparecimento de novas unidades industriais, a maioria de pequeno porte. E essa tecnologia foi sendo desenvolvida, em grande parte, pelas próprias indústrias metalúrgi- cas, em parceria com a Embrapa Agroindústria Tropical, que pas- saram a adaptar suas máquinas e equipamentos às necessidades e aos reclamos da agroindústria, que por sua vez traduziam a deman- da dos consumidores. A Embrapa Agroindústria Tropical, ao longo de todo esse período, realizou pesquisas tecnológicas, visando obter bons resultados no beneficiamento da castanha até o ponto de sugerir um processo de produção nos mesmos moldes do utilizado pelas grandes empresas de corte manual. No final do processo, as amêndoas têm qualidade semelhantes às do tipo exportação. Processamento Secagem da castanha A safra da castanha de caju compreende os meses de agosto a dezembro. Por isso, os beneficiadores precisam formar estoques para que as fábricas trabalhem o ano inteiro. Durante o período de estocagem, para que não haja problemas de deterioração, princi- palmente por fungos, as castanhas devem secar até obter umidade de 7% a 9%. Esse processo é feito em quadras de cimento ou terrei- ro, por um período de até 5 dias, dependendo da região (Figura 13). As castanhas devem ser amontoadas, em camadas de até 30 cm do solo, revolvidas pelo menos duas vezes por dia. À noite, as casta- nhas devem ser cobertas com lonas ou plástico, para evitar a ação de agentes externos, como chuvas. 31 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão Fig. 13. Processo de secagem em quadra de cimento. Limpeza No momento da armazenagem, as castanhas devem estar limpas, livres de folhas, pedras, areia, pedaços de pedúnculo e outras impurezas, para evitar a contaminação e a deterioração. A limpeza pode ser efetuada em peneiras manuais ou em chapas perfuradas utilizadas para a calibragem. Classificação Consiste em selecionar as castanhas por tamanhos (pequenas, médias, grandes e cajuís), por meio de uma peneira rotativa, em chapas per- furadas de calibres diversos cujos furos são de acordo com os tamanhos especificados. Esse processo pemite realizar satisfatoriamente as seguintes operações: • Cozimento das castanhas, para permitir a penetração uniforme do calor. • Corte em maquinas, de acordo com o tamanho da castanha. • Fritura das castanhas, para não queimar ou escurecer as de menor tamanho. A classificação pode ser feita em cilindro rotativo, ou em peneiras ma- nuais de malhas de arame, ou ainda em chapas perfuradas. Para o proces- so manual, utilizam-se peneiras de calibres diferentes: • Castanha grande, peneira com diametro de 27 mm. • Castanha média, peneira com diametro de 24 mm. • Castanha pequena, peneira com diametro de 18 mm. • Cajuí, peneira com diametro menor que 18 mm. Armazenagem Após os processos de secagem, limpeza e classificação, as castanhas estão aptas para o armazenamento por um período superior a 1 ano. Para o armazenamento, é recomendável o uso de sacos empilhados sobre estra- dos de madeira, em local arejado, limpo e seco, sem contato com água. As pilhas de sacos devem ficar afastadas uma das outras, para permitir a circulação do ar. Pesagem Para que se tenha uma idéia exata do volume a ser processado e da quan- tidade da matéria-prima a ser colocada na autoclave, torna-se necessária a pesagem. A pesagem também permite o controle do estoque e da qua- lidade da castanha armazenada, uma vez que isso pode indicar a neces- sidade de reumidificação. 32 Castanha de Caju 1 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 1 Processo de Produção Cozimento Como preparação para o corte, as castanhas são submetidas a uma etapa de cozimento, que pode ser feita em autoclave a 110°C/10 minutos, ou em caldeirão comum, por aproximadamente 30 minu- tos. Esse último sistema consiste de um caldeirão simples, aberto (sem pressão), colocado sobre uma fogueira no qual se dispõe uma camada de água. As castanhas são acondicionadas em saco, para facilitar a carga/descarga. As mesmas ficam isoladas da água, por meio de uma chapa perfurada, apoiada sobre armação de metal, pedaços de tijolo, etc., de modo que somente o vapor da água entre em conta- to com as castanhas. Para melhor distribuição do vapor no interior das castanhas, a chapa perfurada deve ter um tubo central, também perfurado. O caldeirão poderá ter um visor para monitorar o nível da água e uma ligação com uma caixa d’água, para suprir o caldeirão. Atualmente, estão disponíveis no mercado, equipamentos para co- zimento da castanha, denominado vaso cozedor, para atender as unidades de minifábrica, construídos em aço carbono, com capaci- dade de cozinhar até 600 kg de castanha/dia, com produção de vapor saturado, fonte combústivel a GLP, lenha ou casca de castanha. Resfriamento e secagem Após cozidas, as castanhas são colocadas em local arejado, para res- friamento e para que sequem, facilitando a quebra durante o corte. Essa operação pode ser realizada de duas formas: para o cozimento feito em sistemas caseiros, ou seja, sem pressa, as casta-nhas são colocadas para resfriamento e secagem em lugar arejado, podendo essa operação ser completada em até 6 horas, para o cozimento feito em vaso cozedor, as castanhas poderão permanecer por 20 minutos após a operação de cozimento, dentro do equipamento, sendo em seguida colocadas para resfriamento por cerca de 2 horas. Decorticação Depois de resfriadas, as castanhas são levadas à operação de corte. Essa operação realiza-se em máquinas de corte, ajustadas aos tipos classificados anteriormente e montadas em mesas apropriadas. Nas máquinas, trabalham duas operárias: uma corta, e outra, munida de estilete, retira as amêndoas que ficam aderidas à casca. Aconselha- se que essas operárias trabalhem com as mãos protegidas com óleo vegetal, para evitar a ação cáustica do LCC. 33 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão 34 Estufagem das amêndoas A secagem visa reduzir a umidade da amêndoa, de 2,5% a 3%, para que a película, até então firmemente aderida à amendoa, torne-se quebradiça, facilitando sua soltura. A secagem realiza-se em estufas com circulação de ar quente (60°C a 70°C), por um período de 6 a 8 horas. As castanhas são colocadas em bandejas teladas e devem ser aquecidas de modo que a película se solte por igual. Em muitos casos, a amêndoa é submetida a um processo de umidificação por vapor saturado (1 a 2 minutos), para facili- tar a separaçao da película da amêndoa. Resfriamento O resfriamento da amêndoa pode ser feito sobre mesas ou nas próprias bandejas, em suportes aproriados, por cerca de 2 horas à temperatura ambiente, com objetivo de preparar o produo para a retirada da película. Despeliculagem Os operários, com simples torção de dedos, conseguem separar a película da amêndoa. Em alguns casos, lança-se mão de estiletes de metal, para a retirada de partes de película mais aderentes. Muitas vezes essa “amêndoa difícil” tem que voltar à estufa para nova secagem, o que desvaloriza o pro- duto. Pode-se utilizar um cilindro despeliculadorde escovas, para aumen- tar a produtividade da operação, porém corre-se o risco de aumentar con- sideravelmente a porcentagem de quebra das amêndoas. Seleção e classificação As amêndoas devem ser classificadas basicamente pelo tamanho, integri- dade e cor, podendo também, serem divididas por bandas, batoques, pedaços, grânulos, xerém e farinha (Figura 14). A operação é realizada em mesas com bancadas revestidas de fórmica ou de tecido grosso, de cor clara. Desta maneira, as amêndoas são manuseadas em superfície macia que atua como filtro, retendo a poeira existente nelas. Castanha de Caju 1 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 1 Processo de Produção Fig. 14. Classificação comercial das amêndoas de caju. Extra Comum Comercial Popular Mista 35 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão Fritura Para comercializar as amêndoas fritas, deve-se proceder à fritura com as amêndoas já separadas por tamanho. Isso permite uni- formização da fritura. O equipamento á gás com controle de tem- peratura pode ser o mesmo utilizado para batata frita. O óleo deve ser de boa qualidade, com recomendação de uso de gordura hidro- genada, para não conferir sabor estranho à amêndoa, sendo os óleos mais utilizados o de milho ou de soja. O procedimento recomendado para a operação de fritura e salga é feito da seguinte maneira: • As amêndoas do mesmo tamanho e cor são colocadas em cestas apropriadas e imersas em óleo bem quente, no ponto de fritura. A quantidade de óleo deve ser sificiente para cobrir todas as amên- doas. • O tempo de fritura varia de 3 a 6 minutos, dependendo do volu- me de amêndoa contida nas cestas. Recomenda-se não mecher as amêndoas, para que não ocorra quebra e desuniformidade da fritura. • Após a fritura, remove-se o excesso de óleo do produto, derra- mando o conteúdo da cesta sobre superfície plana recoberta por papel absorvente ou saco de estopa limpo. Melhor resultado obtém- se com o uso de uma centrífuga. • A salga é feita com as amêndoas ainda quentes, utilizando-se sal refinado de boa qualidade, seco e sem impurezas, na quantidade de 1% a 2% em relação ao peso da amêndoa. Embalagem As embalagens utilizadas no acondicionamento das amêndoas de castanha de caju devem ser novas, limpas, secas, impermeáveis, isentas de chumbo, fechadas hermeticamente e sem qualquer reves- timento de papel. As embalagens devem ainda ser suficientemente resistentes, de modo a garantir a integridade do produto durante os embarques normais e nos armazenamentos. Produto beneficiado As amêndoas devem ser acondicionadas em sacos aluminizados, com capacidade de 22,68 kg, em peso líquido do produto, equiva- lente a 50 libras/peso ou em dois sacos aluminizados com capacidade para 11,34 kg, em peso líquido do produto, equivalente a 25 libras/peso. Recomenda-se também o uso de latas de flandes com capacidade para 11,43 kg em peso líquido ou 25 libras/peso. Em ambos os casos o produto deve ser colocado em caixas de papelão novas e devidamente fechadas. 36 Produto processado Após a fritura e a salga, as amêndoas podem ser embaladas em latas de flandes, alumínio ou fibrolatas, com peso variando de 100 a 400 g. Outro tipo muito utilizado para acondicionamento é a embalagem em saco de plástico, ou ainda em embalagens cartonadas e metalizadas. Veja na Figura 15, a seguir, as etapas necessárias para a fritura e a salga da amêndoa de caju. Castanha de Caju 1 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 1 Processo de Produção Fig. 15. Etapas de fritura da amêndoa do caju. Parâmetros técnicos De acordo com a Embrapa Agroindústria Tropical, para a implantação de uma minifábrica com capacidade diária de processar 550 kg de castanha, são considerados os coeficientes técnicos mostrados na Tabela 4. Etapas do processamento Nas etapas do processamento da castanha, mostradas na Tabela 5, são consideradas para efeito de determinação do tempo necessário para as etapas do beneficiamento, a quantidade de matéria-prima utilizada no processo, as especificações técnicas e a funcionalidade do equipamento. Os resultados obtidos nas Tabelas 5, 6 e 7, referem-se a uma planta indus- trial, com equipamentos e processos desenvolvidos pela Embrapa Agroindústria Tropical, em parceria com a iniciativa privada. 37 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão Tabela 5. Tempo necessário para as etapas do beneficiamento. Etapas Cozimento Secagem da castanha Repouso da castanha Corte da castanha Estufagem da amêndoa Umidificação Repouso da amêndoa Despeliculagem mecânica Despeliculagem manual Quantidade (kg) 50 50 50 100 30 30 30 32 13 Tempo A cada 20 minutos A cada 20 minutos 2 horas 5 horas 6 horas 5 minutos 1 hora 1 hora 8 horas Tabela 6. Máquinas e equipamentos para cinco caixas de amêndoa por dia. Especificação Classificador manual com rotores Vaso cozedor para castanha Máquina de corte manual Estufa a gás com bandejas Umidificador para amêndoa Despeliculador manual com tela e escova Mesa para seleção e classificação Fritadeira a gás com cestos em aço inox Centrífuga para extração de óleo Suporte para bandejas em madeira Recravadeira com sistema de injeção a gás Quantidade 1 1 7 3 1 1 5 1 1 3 1 kg/dia 550 550 550 114 114 114 114 114 114 114 - Produto Castanha Castanha Castanha Amêndoa Amêndoa Amêndoa Amêndoa Amêndoa Amêndoa Amêndoa Amêndoa Mão-de-obra (homem/dia) 0,8 0,5 10 0,2 0,3 0,6 4,0 0,2 0,2 0,2 0,3 Tabela 4. Parâmetros técnicos utilizados no beneficiamento da castanha. Parâmetro Técnico Capacidade de processamento do módulo Rendimento do processo Amêndoas inteiras obtidas no processo Rendimento do operário no corte da castanha Rendimento do operário na classificação da amêndoa Rendimento do operário na despeliculagem manual Unidade Kg/castanha/dia Percentual Percentual Kg/castanha/dia Kg/amêndoa/dia Kg/amêndoa/dia Valor 550 21 80 a 85 34 37 13 38 Tabela 7. Insumos para produção de cinco caixas de amêndoas. Discriminação Castanha de caju Sacos diversos Óleo vegetal Gás para diversas operações Gás (CO2 ou N2) para conservação da amêndoa/ano Energia elétrica Unidade Quilo Saco Litro Quilo Tubo Kwh Quantidade 550 6 3 26 1 16,15 Castanha de Caju 1 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 1 Processo de Produção Capìtulos 5 Instalações e Operações Básicas Para um bom aproveitamento do espaço físico de uma minifábrica de castanha, é preciso reservar locais específicos para o armazenamento das castanhas e para as amêndoas embaladas. As instalações físicas e operações básicas necessárias para o beneficiamento da castanha serão os assuntos tratados neste capítulo. 39 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão Um espaço adequado As operações básicas de beneficiamento da castanha podem ser desen- volvidas em quatro etapas distintas: 1. A limpeza, a classificação por tamanho e o cozimento da castanha real- izam-se em área externa, coberta por um toldo. As operações de limpeza e de classificação podem, também, ser efetuadas no galpão de armazenagem. A secagem das castanhas para o corte é feita sob o sol, em terreiro cimentado. 2. No descasque ou corte, deve-se reservar um espaço para a estocagem das cascas, que serão utilizadas para a extração do líquido ou para ali- mentar o forno e a fornalha. 3. Para a despeliculagem e seleção, exige-se um local higiênico, pois a amêndoa, semiprocessada já se encontra exposta ao ambiente. Essa área deve ser isenta de roedores e insetos, visto que o material não embalado pode ter que ficar estocado de um dia para o outro. As operações requerem, também, um ambiente bem iluminado, para facilitar o traba- lho. 4. Fritura e embalagem – No caso de amêndoas cruas, a embalagem poderá ser feita na mesma área da seleção. Já no caso de amêndoas tor- radas, a operação de fritura deve ser efetuada em ambiente separado. Nessa área, as mesmas condições de luminosidade e de higiene devemser observadas. Localização criteriosa O local onde deve ser montada a agroindústria de processamento de cas- tanha de caju deve ser escolhido criteriosamente. Depois de dimensionar o espaço necessário, é hora de sair a campo e procurar um lugar para a futura empresa. O imóvel pode ser alugado ou construído, dependendo dos recursos disponíveis pelo empresário. De qualquer maneira, na hora de avaliar o imóvel, é preciso analisar todos os fatores que possam ser decisivos nos seus custos. Assim, é importante observar os seguintes aspectos: 1. Vias de acesso – O ideal é que exista uma boa rede viária para o escoamento da produção. Do contrário, os custos do transporte vão pesar no preço final do produto. 2. Localização – A proximidade dos consumidores e dos fornecedores de matéria-prima também reduz os custos de transporte. 40 Castanha de Caju 1 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 1 Processo de Produção 3. Condições da região – Verificar se existe disponibilidade de mão-de-obra na região, bem como seu nível de formação (rede escolar e principalmente, escolas técnicas) e organização (sindi- catos). É importante pesquisar o salário médio pago aos trabal- hadores e o custo de vida. 4. Imóvel – Avaliar a conveniência de comprar ou alugar o imóvel. Normalmente o aluguel é mais vantajoso para empresas que estão começando, desde que o contrato preveja cláusulas seguras de re- novação. É importante também verificar se existe possibilidade de expansão. 5. Energia – Este é um dos principais critérios para determinar a localização de uma agroindústria de processamento de castanha de caju. É necessário verificar a capacidade da rede elétrica existente e se ela suporta as instalações de transformadores e extensões. 6. Água – Conferir a fonte de abastecimento de água (fonte natu- ral, poço artesiano ou rede hidráulica) e verificar se ela atende suas necessidades. 7. Integração – Qualquer empresa moderna deve considerar os aspectos sociais de sua instalação. Ela deve estar integrada com a comunidade na qual está situada, e estabelecer com ela uma relação de troca, oferecendo benefícios e recebendo apoio e colaboração. Projete sua empresa Depois de observados todos esses aspectos e escolhidos o local, é hora de projetar sua indústria no papel. Você verá que no projeto do galpão (Figura 16), numa área de 102 m², foram reservados um espaço para armazenamento da castanha in natura, para o escritório, para o beneficiamento e área de corte e repouso das cas- tanhas autoclavadas. A área administrativa - escritório - possui uma recepção, um escritó- rio e uma sala destinada ao atendimento da clientela. A área de produção é dividida em três setores básicos: seleção, bene- ficiamento e corte/repouso. Seguindo uma seqüência de produção, na área de seleção, fica a peneira selecionadora; na área de benefi- ciamento, ficam a câmara de umidificação, suporte de bandejas, es- tufa a gás, despeliculador rotativo, mesa de seleção, seladora para sacos, conjunto para fritura e secagem, e mesa de beneficiamento; e na área de corte/repouso, as bancadas de corte e o gerador. 41 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão Layout 2,50 m 2,00 m 2,00 m 7,50 m 2,50 m 2,50 m6,00 m 2,00 m 2,00 m Fig. 16. Planta baixa de uma pequena agroindústria de processamento de castanha de caju. 42 Fonte: Mecol – Metalúrgica Cobica Ltda. Castanha de Caju 1 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 1 Processo de Produção Os revestimentos de todo os ambientes devem ser de fácil limpeza. O piso da área de produção deve ser de boa resistência a impactos e a cargas pesadas. A área de produção deve ter uma única entrada e saída para possibilitar um maior controle, sendo esse setor volta- do para local de fácil acesso a carros e caminhões. O projeto arquitetônico optou pela não divisão da área de beneficiamento em pequenos ambientes, como depósitos ou separação das máquinas ou setores, o que facilita a organização e a disposição de toda a pro- dução, alêm de deixar a área mais flexível e de fácil localização dos equipamentos. A importância de outros materiais Além dos equipamentos descritos neste estudo, outros materiais diversos são necessários para o adequado processamento. A seguir, relacionamos esses materiais, divididos em grupos: recebimento da castanha; cozimento; corte; seleção e classificação; fritura, centrifu- gação e embalagem; e apoio administrativo. Como você pode verificar neste estudo, o processo de beneficiamen- to da castanha é bastante simples, se comparado com outros tipos de agroindústria. Ele também guarda uma característica bastante interessante que é a de se adaptar aos mais diferentes volumes de produção. O processamento das amêndoas dispensa o trato cuida- doso de mãos humanas, guardando, mesmo nas maiores empresas, um certo espírito artesanal. O que é sinônimo de emprego e de importância social em regiões normalmente carente de oportu- nidades. 43 Pa rt e 1 – Pr oc es so d e Pr od uç ão Referências PAIVA, F. F do A.; SILVA NETO, R. M. da, PAULA PESSOA, P. F. A. de. Minifábrica de processamento de castanha de caju. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2000. 22p. (Embrapa Agroindústria Tropical. Circular Técnica, 7). PAIVA, F. F. DO A; GARRUTI, D. dos S; SILVA NETO, R. M. da. Aproveitamento industrial do caju. Fortaleza: Embrapa – CNPAT/EMPAT/SEBRAE, 2000. 88p. (Embrapa – CNPAT. Documentos, 38). Agrianual 2002: anuário da agricultura brasileira. São Paulo: FNP, 2002. 45 Título do Capítulo Pa rt e 1 – Po ce ss o de P ro du çã o Capítulo 1 Mercado Promissor A produção e a comercialização de amêndoas de caju pode ser um negócio de lucro razoável, desde que bem administrado. O mercado para esse produto, tanto no Brasil como no exterior, é muito promissor. Nos últimos anos, o consumo per capita tem aumentado cada vez mais, e ainda há muito espaço para novos empreendimentos no setor. Contudo, para conquistar este mercado é importante, além de tudo o que já falamos até agora, que o empreendedor conheça bem o terreno onde vai pisar. É exatamente esse o objetivo deste capítulo, apresentar informações importantes desse universo complexo e diversificado chamado mercado. 49 Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do 50 Um universo chamado mercado O mercado, no linguajar empresarial, significa um conjunto de pessoas e empresas que compõe o universo de um determinado segmento da economia. Você já deve saber, mas nunca é demais repetir, que o merca- do pode ser dividido em três grandes grupos. Mercado Consumidor – Universo de pessoas físicas ou jurídicas com potencial para comprar um determinado produto. Mercado Fornecedor – Formado pelo conjunto de pessoas ou empre- sas – fábricas, atacadistas, produtores – que fornecem produtos, mer- cadorias, matérias-primas, equipamentos, serviços ou insumos utilizados por uma outra empresa. Mercado Concorrente – Constituído de empresas que atuam no mesmo ramo de atividade, na mesma região geográfica voltadas para o mesmo tipo de clientela. Essas definições são fundamentais para desenvolvermos o estudo que estamos iniciando agora. O estudo da viabilidade mercadológica de uma indústria de processamento de castanha de caju, assim como em qual- quer ramo de atividade, é um dos pilares para o bom desempenho da empresa. Só através dele o empresário saberá onde está pisando e terá condições de tomar decisões acertadas. Veja como as coisas se desenvolvem como num círculo: sem saber quem serão os compradores, o empresário não poderá sequer definir as carac- terísticas do seu produto. Um produto só é comprado se agradar o con- sumidor. E como vamos agradar alguém que não se sabe quem é? Se precisar saber quem vai comprar o seu produto, o produtor de cas- tanha de caju também não pode deixar de conhecer quem serão os seus parceiros, quem entrará na sua empreitada. Sim, porque os fornecedores, tanto de equipamentos como, principalmente, de matéria-prima, devem estar no mesmo barco do industrialque processa a castanha. Do bom fornecedor – e isso, no caso da matéria-prima, é sinônimo de qualidade e regularidade na entrega do produto – depende a qualidade do produto final da agroindústria e sua rotina de produção. Finalmente, se o empresário desconhecer ou desprezar o mercado con- corrente pode, como diz o ditado popular, "dar com os burros n'água". Corre riscos de entrar num mercado já saturado ou não conseguir com- petitividade em preço e qualidade por pura ignorância sobre o que os ou- tros empresários que atuam no ramo estão fazendo. Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado 51 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do O conhecimento de cada uma das parcelas do universo que chamamos de mercado é etapa essencial no planejamento de uma empresa. E não se trata de o empresário assumir uma atitude, vamos dizer, passiva, diante das informações que recolher. O empresário deve ser sempre um agente com capacidade de intervir no universo em que atua, de oferecer alguma coisa que o consu- midor almeja ou possa vir a desejar e que ainda não tem, de induzir a melhoria de produtividade do seu fornecedor, cobrando mais qua- lidade e menor preço do produto, e até forçando o aperfeiçoamen- to dos concorrentes, elevando o nível de competitividade do setor. No Brasil e além-fronteiras Uma rápida análise sobre o consumo da amêndoa de caju já é capaz de demonstrar que se trata de um mercado com grande potencial de crescimento dentro e fora do Brasil. Hoje, a produção de amên- doas está quase que diretamente associada à exportação, uma vez que cerca de 90% dos produtos beneficiados no Brasil destinam-se ao mercado externo. Os países europeus e os Estados Unidos são os maiores consumi- dores da amêndoa de caju brasileira, mas cada lugar com seu tipo de preferência. Segundo o pesquisador Lucas Antonio de Souza Leite, o consumo mundial de nozes, inclusive da amêndoa de caju, apresenta uma configuração geográfica que tem muito a ver com requisitos econômicos, ou seja, de poder aquisitivo dos consumidores. Ele ressalta ainda que não podem ser desprezados elementos culturais. Veja como é o padrão de comportamento de consumo do produto no mundo: A amêndoa de caju é utilizada basicamente como tira-gosto, nor- malmente para acompanhar bebidas alcoólicas, ou como insumo para padarias e confeitarias. Nos Estados Unidos, cerca de 75% do consumo está no primeiro caso (as amêndoas torradas e salgadas como tira-gosto). Os europeus preferem acompanhar a cerveja e o vinho com amendoins, avelãs e amêndoas. A maior parte da amên- doa de caju importada por aqueles países acaba misturada a pães, biscoitos e bolos. Assim, ainda segundo Souza Leite, "pode-se dividir o mercado de amêndoas de castanha de caju em dois segmentos: o que exige amêndoas inteiras, brancas e totalmente isentas de manchas ou de marcas provocadas por insetos; e outro menos exigente com relação à qualidade, calcado nos tipos quebrados, tostados ou mesmo manchados. No primeiro, há uma definição clara no tocante à qualidade do produto e o seu consumo está associado à preferência pelo sabor específico desse tipo de noz, o que, sob esse ponto de vista, a torna uma especiaria. No segundo caso, é mais evidente a concorrência via preços, ou seja, a uti- lização da amêndoa de caju como insumo nos produtos de confeitaria e padaria deve-se ao preço relativo de outras nozes. Isso condiciona esse segmento à sistemática de um mercado de commodity, onde os custos de produção/processamento são essenciais para participar do mercado. Uma análise dos destinos e valores das exportações brasileiras de amên- doas de castanha de caju, apresentados na Tabela 1, a seguir, confirma o raciocínio do pesquisador. Tabela 1. Exportações brasileiras de amêndoa de castanha de caju. Blocos Nº Países Peso (kg) Preço (US$) Valor (US$-FOB) América do Norte 3 34.002.853 3,89 132.374.554 (89,3%) (101,3%) (90,4%) Europa 10 2.757.015 3,10 8.537.768 (7,2%) (81,6%) (5,9%) Outros 12 1.336.735 4,14 5.528.825 (3,5%) (107,8%) (3,7%) Total 25 38.096.603 x = 3,71 146.441.147 Fonte: Banco do Brasil, Decex/Ctic 52 Informações mais recentes dão conta de que as exportações brasileiras de castanha de caju fresca ou seca no primeiro semestre de 2001, foram de 17.333 toneladas, perfazendo um total de US$ 68.056 milhões. Os Estados Unidos foram o país que mais importou o produto, como pode ser observado na Tabela 2. No mercado interno, o maior consumo das amêndoas inteiras e salgadas está nas regiões Sul e Sudeste, enquanto o Nordeste é o grande consu- midor do produto como insumo de confeitaria e padaria, além do uso do produto na culinária. A produção brasileira de amêndoa de caju, em 2001, foi de 186.437 t, toda ela oriunda da Região Nordeste, sendo que o Ceará concentra mais de 50% da produção, como pode ser observado na Tabela 3. Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado 53 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Título do Capítulo Tabela 3. Produção brasileira de amêndoa de castanha de caju – 2001. Estado Produção em toneladas Maranhão 4.864 Piauí 41.827 Ceará 101.037 Rio Grande do Norte 38.709 Brasil 186.437 Fonte: IBGE Apesar de ser o berço da espécie, a castanha de caju brasileira enfrenta hoje, uma forte concorrência de produtores especialmente da Índia e alguns países asiáticos. Conta-se nas lendas e histórias que cercam o caju que os índios, na época da colonização, já tinham consciência do patrimônio que a fruta suculenta, saborosa e nutritiva representava e fizeram tudo para evitar que ela fosse levada para fora de seus territórios. Como em praticamente todo o resto da sua história a resistência indígena foi em vão. As mudas levadas pelos portugueses, inicialmente para as regiões indianas de Goa e da costa de Malabar, no estado de Kerela proliferaram-se e o Brasil perdeu para a Índia a primazia da produção – hoje aquele país tem quase 60% do mercado mundial de castanha, contra pouco mais de 33% do Brasil – e está em pelo menos no terceiro lugar em produtividade. Os pomares Tabela 2. Castanha de caju - Exportações Brasileiras* – ranking por país destino – 2001**. Países M US$ Tonelada Estados unidos 52.736 13.206 Canadá 4.797 1.232 Itália 1.266 482 Líbano 1.804 365 Portugal 694 191 Países Baixos 290 131 França 662 251 Alemanha 1.366 345 México 1.235 272 África do Sul 904 222 Argentina 246 81 Reino Unido 621 172 Outros 1.435 383 Total 68.056 17.333 Fonte: Secex/Decex *Castanha de Caju fresca ou seca. (NCM: 0801.32.00) **de Janeiro a julho de 2001 MUS$ == UUS$ 11000 FFOB mais produtivos estão no Vietnã, onde colhem-se 750 kg de castanhas por hectare plantado. Na Índia, a média é de 550 kg por hectare e no Brasil é de 250 kg por hectare. As estatísticas sobre a produção mundial de amêndoa de caju são ainda bastante limitadas. A produção mundial é estimada pelo Fundo das Nações Unidas para a Agricultura – FAO, em 362 mil toneladas. Desse total, a Índia e o Brasil participam, respectivamente, com 32% e 24%. Em seguida, aparece a Tanzânia com 9%, e Moçambique, com 2,5%. A par- ticipação dos países emergentes tem crescido significativamente nos últi- mos anos, com destaque para o Vietnã. O Brasil pode promover a diversificação do mercado externo, atualmente concentrado nos Estados Unidos. Nesse aspecto, é importante levar em consideração as preferências e hábitos alimentares. Nos Estados Unidos, a preferência é por amêndoas torradas e salgadas, servidas geralmente acompanhando bebidas alcoólicas. Na Europa, o consumo de amêndoas de castanha de caju está mais associado ao recheio de bolos, chocolates e na culinária. Por sua vez, o mercado interno é ainda muito pouco explorado, ensejan- do um elevado potencial a ser conquistado. A ampliação desses mercados depende fundamentalmente do padrão de qualidade do produto associ- ado a campanhas de marketing que divulguem as vantagens terapêuticas e nutricionais da amêndoa da castanhade caju. Além do concorrente externo, o empresário brasileiro que pretende entrar no ramo de beneficiamento de castanha de caju terá que dividir mercado com empresas brasileiras de pequeno, médio e grande portes que, juntas, produzem 161 mil toneladas de castanha por ano, são responsáveis pela geração de US$ 142 milhões em divisas e por 36 mil empregos diretos no campo. Somente, o segmento industrial processador de amêndoa de caju emprega cerca de 15 mil pessoas. No processo de comercialização da amêndoa de caju, ainda predomina a venda mediante atravessadores. De acordo com o IBGE, 80% da comer- cialização da amêndoa de caju ocorre via intermediação. Estes são apenas alguns dados genéricos e preliminares sobre o mercado brasileiro e mundial da amêndoa de caju, que lhe permitirão começar a pensar sobre o assunto. Mas isso é pouco, muito pouco. Para trilhar sua rota empresarial com segurança, você precisará conhecer o seu próprio caminho. A cada passo, observe e pesquise. Essas serão suas principais ferramentas. Saiba como utilizá-las. 54 Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado Capítulo 2 Pesquisa de Mercado Anualmente, muitos empresários brasileiros não conseguem manter seus empreendimentos funcionando e encerram suas atividades. Outros apenas mantêm seus negócios sobrevivendo. Estima-se que no Brasil, aproximadamente 80% de todos os empreendimentos fecham suas portas nos primeiros 2 anos e muitos não chegam nem mesmo a completar 1 ano de atividade. O que leva tantas empresas à extinção? O que faz com que outras tantas organizações apenas continuem sobrevivendo, sem cumprir os objetivos fixados? São vários os motivos que levam a esses desfechos. Um dos mais sérios é o desconhecimento, por parte dos empresários, do mercado em que ele atua. Para que sua indústria de processamento da castanha de caju não venha passar por esses problemas, apresentamos neste capítulo, um roteiro simples, prático e eficaz de pesquisa, que você pode e deve utilizar para conhecer os mercados consumidor, fornecedor e concorrente do seu futuro empreendimento. 55 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Um instrumento de decisão De uma forma simplificada, podemos dizer que mercado é a relação entre a oferta – pessoas ou empresas que desejam vender bens e serviços – e a procura – pessoas ou empresas que querem comprar bens ou serviços. Assim, toda situação em que estão presentes a compra e venda, real ou potencial de alguma coisa, é uma situação de mercado. Neste sentido, fala-se, por exemplo, em mercado de cereais, mercado imobiliário, mercado de serviços de saúde, mercado de trabalho, merca- do financeiro e outros. Como vimos no início deste volume, o universo pelo qual o empresário transita, pode ser dividido em três segmentos: o consumidor, o fornece- dor e o concorrente. E numa agroindústria de amêndoas de caju não é diferente. Tudo que o empresário fizer no dia-a-dia da sua indústria, será, direta ou indiretamente, em função de um deles. Ou seja, o empreende- dor e o empreendimento existem e atuam em função do mercado. Só isso já dá medida da sua importância e denuncia a necessidade de conhecê- lo, sob pena de caminhar no escuro e correr riscos muitas vezes desneces- sários. Para quem produzir e vender amêndoas de castanha de caju? Para o Mercado Consumidor. Quem já produz e vende amêndoas da castanha de caju que você pre- tende produzir e vender também? O Mercado Concorrente. Quem produz e oferece classificadores de castanha, vasos cozedores, autoclaves, umidificadores, despeliculadores, estufas e outros equipa- mentos, além da castanha in natura e outros materiais? O Mercado Fornecedor. Entenda cada uma das questões acima como equações matemáticas, em que as respostas – mercado consumidor, mercado concorrente e merca- do fornecedor – são "o x do problema". E é a pesquisa de mercado quem vai lhe responder o que significa "x". A pesquisa sem mistérios Hà pouco, quando falamos em milhares de empresas, poderíamos ter sido bem mais precisos e citar as 7.507.947 empresas constituídas entre 1985 a 2000 e as 871.902 empresas que fecharam as portas no mesmo período. E para completar a informação, somente em 2000, foram cons- tituídas 460.934 empresas, das quais 48,8% foram registradas como firma individual e 50,2% como sociedades limitadas. 56 Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado E mais, naquele mesmo ano, exatas 100.017 empresas foram extin- tas, a maioria (53,16%) no Sudeste do Brasil. É possível que a precisão destes dados cause surpresa para muitos. Serão verdadeiros ou não passam de especulação? Afinal, como eles foram obtidos? Não, não se trata de adivinhação ou do famoso "chute". Para se saber quantas pessoas existem numa cidade deter- minada ou num bairro, ou até quantas empresas de um determina- do ramo existem no Brasil, basta recorrer à pesquisa. Todas essas informações e centenas de outras estão disponíveis em órgãos ou instituições públicas ou privadas, em sindicatos, bibliotecas, associ- ações de classe, etc. E as informações que ainda não existem podem ser conseguidas por meio de pesquisa. Talvez a palavra pesquisa assuste um pouco. Não é raro ela ser asso- ciada a complicação e grandes despesas. Mas nem sempre uma pesquisa bem feita custa muito ou é complexa. Antes de se estabelecer e, depois, periodicamente, uma agroindús- tria de processamento de castanha de caju, como qualquer indús- tria ou comércio, deve conhecer, por meio da pesquisa, os mercados onde irá atuar. Mas o que se costuma, usualmente, chamar de pesquisa de mercado, é o instrumento capaz de influenciar na co- mercialização de seu produto, direcionando-o às necessidades e anseios dos consumidores. 57 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do 59 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Capítulo 3 Mercado Consumidor O consumidor – nunca é demais relembrar – é o principal dos três segmentos do mercado. É em função dele que são montados todos os negócios. É a ele que as empresas têm que agradar e servir. E como pode-se agradar a alguém que não se conhece, ignorando do que precisa e não sabendo do que gosta? No caso das agroindústrias de amêndoas de caju, sabe-se, com base em experiências de empresários que atuam no setor, que a maior parte dos clientes se concentra em cidades de médio e grande portes e está situada nas classes econômicas de médio e alto poder aquisitivo. Contudo, isso ainda é muito pouco. Para que o empreendedor possa definir com menor margem de erro sua linha de produção de amêndoas de caju e se lançar no mercado, precisa saber muito mais sobre o seu consumidor. E é isso o que pretendemos mostrar neste capítulo. 60 Identificando o consumidor O mercado consumidor da amêndoa de caju pode ser entendido como um conjunto de pessoas ou empresas situadas numa determinada região, capaz de consumir determinada quantidade do nosso produto em deter- minado espaço de tempo. Vale ressaltar que o mercado consumidor não é uma coisa fixa, estática. Ao contrário, ele muda bastante em função da área geográfica, do tempo ou da capacidade econômica de consumo. Para a amêndoa de caju, o mercado consumidor também muda, por exemplo, quando a economia do País entra em recessão, a tendência é de queda de consumo para esse tipo de produto, pois ele pode ser considerado supérfluo para o nosso público-alvo. Assim, se você está querendo lançar esse produto no mer- cado, é preciso saber para quem vender, quanto compram, quais suas preferências, ou seja, quem é o comprador do produto e o que ele quer. Para tanto, em primeiro lugar é preciso considerar que o mercado não é um todo compacto. Ele é formado por um conjunto de partes menores, diferentes uma das outras, como se fossem fatias que compõe um todo. Cada uma das partes ou fatias que compõem o mercado consumidor é chamado de segmento. Segmento de mercado é uma parcela do mercadocomposta de pessoas ou empresas que têm características comuns: consomem ou tendem a adquirir os mesmos produtos ou serviços semelhantes. Diante disso, se quisermos colocar no mercado nossa amêndoa de caju, devemos desco- brir qual o segmento de mercado que está interessado em nosso produ- to. A partir desse conhecimento, ele vai concentrar esforços de vendas exatamente nesse segmento. Para segmentar o mercado, é importante conhecer alguns aspectos que, além de possibilitar a divisão do mercado em partes menores, facilitarão a identificação do segmento em que o produto terá maior aceitação. As principais formas para segmentar o mercado consumidor são: • Área geográfica – País, região, estado, cidade ou bairro que se pretende atingir. • Classe econômica – Alta, média ou baixa – que o produto pre- tende atingir. • Faixa etária – A idade do consumidor – bebê, criança, jovem, adul- to ou velho – a quem o produto interessa. • Sexo – Masculino, feminino ou ambos – que produto concentra maior poder de atração. Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado 61 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do • Aspectos culturais – Usos, costumes, nível de instrução, hábitos alimentares, etc. • Profissões do consumidor – Empresário, médico, profes- sor, estudante, que profissional ou profissionais tendem a adquirir mais o nosso produto. • Características físicas – Altura, cor, peso, tamanho do pé, etc. que determinam a linha dos produtos que a empresa vai oferecer. Assim, descobrir o segmento de mercado e suas necessidades para poder projetar para ele nossos produtos, equivale a dizer que vamos criar uma empresa voltada para o segmento de mercado adequado. O instrumento ideal para segmentar o mercado e determinar com precisão a fatia que o seu produto deverá atingir é a pesquisa de mercado. Mas nem sempre os pequenos empresários, mesmo conscientes da importância de fazer esse tipo de investimento, não dispõem de recursos necessários para financiar uma pesquisa ampla e eficaz. O que não deve impedir um estudo sério e analítico sobre o segmento de mercado que lhe interessa. Pesquisa de mercado, uma radiografia Já sabemos que nossos consumidores são pessoas de classes econômicas média e alta e concentram-se em cidades de portes maiores. Por sua vez, sabemos também que uma agroindústria de processa- mento de amêndoa de caju pode comercializar seus produtos dire- tamente para o consumidor ou atingir seu público por meio do comércio varejista. Assim, como nosso negócio não dispõe de recursos suficientes para fazermos uma pesquisa ampla, ou seja, diretamente com o con- sumidor final, vamos buscar conhecer nosso futuro cliente, por meio das empresas que comercializam ou venham a comercializar nossa amêndoa de caju. Não é difícil saber que empresas são essas: os supermercados, as mercearias e as delicatessen. Veja bem, se através de uma análise simples, já identificamos, em princípio, a área geográfica e a classe social dos nossos futuros clientes, por meio de uma pesquisa de mercado vamos ficar saben- do, em detalhes, quem são nossos clientes potenciais, quais os seus desejos e necessidades, o que pensam dos produtos oferecidos por ou- tras empresas, se gostariam de que eles sofressem alguma modificação. Enfim, recolhe todas as informações de que necessita, para atender bem nossa clientela e para poder oferecer o que ela espera. Uma pesquisa de mercado pode atingir nossos objetivos sem ser, obriga- toriamente, muito dispendiosa. Os pequenos empresários podem realizar pesquisas, como vimos acima, de qualidade e baixo custo. Basta que este- jam interessados em aperfeiçoar o processo de vendas. Agora, vamos definir melhor para que vamos realizar uma pesquisa, quando e como esse instrumento deve ser utilizado. Para que serve A pesquisa de mercado é a melhor forma de conhecer, com segurança e detalhes, o universo onde o empresário pretende atuar. Por meio dela é possível saber quem é o nosso consumidor potencial e o que ele espera do produto. Mas não é só isso. Na área de vendas, a pesquisa serve: • Para conhecer as tendências do mercado. • Conhecer a opinião dos consumidores sobre os mais diversos aspectos. • Diminuir os riscos da decisão sobre os planos de vendas. • Decidir a melhor maneira de motivar o consumidor para a compra. Quando deve ser feita A pesquisa deve ser feita em qualquer época. Entretanto, há alguns mo- mentos oportunos para sua realização: • Quando é preciso identificar problemas ou tirar dúvidas. • Antes do lançamento de um produto no mercado. • No momento da implantação ou de expansão de um negócio. • Quando é necessário certificar-se da receptividade dos serviços ou produtos. Quais os métodos utilizados Existem basicamente quatro métodos mais utilizados na pesquisa: Entrevista Consiste na abordagem, por entrevistador, da pessoa a ser pesquisada. Seguindo um roteiro especialmente elaborado para este fim, o pesquisador 62 Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado conduz a entrevista com o propósito de obter, do entrevistado, informações detalhadas sobre o assunto que está sendo pesquisado. Inquérito Caracterizado por perguntas orais simples e objetivas ao pesquisa- do, de modo a obter respostas orais também simples e objetivas. Observação Neste método, um pesquisador observa e anota o comportamento das pessoas pesquisadas em determinado local. Com isso, a pessoa que está sendo observada não percebe que está sendo pesquisada. Simples e barata, a pesquisa pela observação é um método eficaz para se obter informações sobre um problema ou resposta a uma dúvida que a empresa tenha. Questionário Método que consiste em pesquisar a opinião de pessoas por meio de questionário escrito, a ser respondido também por escrito, pela própria pessoa pesquisada. Também não é um método caro, espe- cialmente porque pode dispensar a figura do entrevistador, já que os questionários podem ser entregues no próprio estabelecimento ou enviados pelo correio. Já sabemos para que serve a pesquisa, quando e onde ela deve ser realizada e quais os métodos utilizados. Agora, vamos analisar esses aspectos, especificamente, para nossa agroindústria de amêndoa de caju: Nossa pesquisa pretende: • Conhecer a opinião dos consumidores sobre o produto a ser lançado no mercado. • Ser feita no momento da implantação do negócio e antes do seu lançamento no mercado. • Ser feita junto as empresas que comercializam o mesmo tipo de produto que iremos fabricar. • Utilizar o método da entrevista, a partir de um roteiro especial- mente elaborado para esse fim. 63 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Capítulo 4 A Pesquisa Passo a Passo Como um pequeno empresário pode fazer a pesquisa do seu mercado consumidor sem gastar muito? Isso não é tão difícil como parece à primeira vista. Confira, nas páginas a seguir, o roteiro da pesquisa do mercado consumidor – simples e de baixo custo – que desenvolvemos para nossa agroindústria de castanha de caju. 65 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Mercado amplo Já conhecemos todo o processo de produção necessário para a fabricação da amêndoa de caju e constatamos sua viabilidade tecnológica (Processo de Produção), no qual levantamos informações sobre as máquinas e equipamentos utilizados no processo de fabricação e estimamos o volume de produção. Agora, precisamos saber se o negócio tem viabilidade mercadológica, ou seja, se existe consumidores para o nosso produto. A questão ”Existe mercado para nossa amêndoa de caju?” aliada à neces- sidade de identificar problemas e tirar dúvidas se existe público suficiente para consumir o produto, justifica a pesquisa. Em princípio, de acordo com informações coletadas em diversos órgãos do governo e em grandes empresas de processamento de amêndoa de caju e de fabricação de equipamentos, sabemos que o mercado é bas- tante amplo. Na verdade, os dados revelamque a procura pelo produto é maior que a oferta, tanto no mercado interno como no externo. Assim, o problema não está centrado na existência ou não de mercado consumidor. O que precisamos é saber quem é este consumidor, como ele prefere a amêndoa de caju, que tipo de embalagem é a mais adequada, qual o preço que ele está disposto a pagar, qual a periodicidade que ele compra o produto, entre outras dúvidas. Mesmo simples e de baixo custo, uma boa pesquisa deve ter um roteiro. Veja, a seguir, o roteiro que preparamos para pesquisar o mercado consu- midor de nossa empresa. Primeiro passo Definição da área de abrangência Definir a região de atendimento da empresa e sua população-alvo é o primeiro passo do nosso roteiro. Assim, é necessário escolher a cidade ou grupo de cidades em que se pretende vender os produtos. Como já vimos, podemos aplicar a pesquisa junto ao consumidor final ou aos reven- dedores. No caso de nossa agroindústria de processamento de amêndoa de caju, optamos por pesquisar o universo dos supermercados e das delicatessens, por considerarmos que eles podem nos dar orientação mais precisa sobre a colocação do nosso produto no mercado. Assim, para continuar desenvolvendo nosso roteiro, suponhamos que ele- gemos como área de abrangência a cidade de Brasília, no Distrito Federal e como público-alvo os supermercados e delicatessens desta cidade. 66 Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado Segundo passo Quantificação do mercado consumidor Definidas a região e a clientela, vamos pensar agora como quanti- ficar esse mercado, ou seja, vamos identificar quantos consumidores existem na área de abrangência. Para fazer isso, devemos recorrer à coleta de dados secundários. Dados secundários são informações já disponíveis e catalogadas em livros e publicações. Nosso objetivo é determinar a quantidade de empresas existentes em Brasília, com as características já definidas, ou seja, supermercados e delicatessens. Para isso, consultamos as instituições que normalmente coletam e armazenam os dados sobre esse segmento empresarial: Junta Comercial do Distrito Federal, onde são registradas todas as empre- sas da cidade, Associação Comercial do Distrito Federal, que repre- senta a classe comercial da cidade e a Associação dos Supermerca- dos do Distrito Federal, que representa especificamente a classe dos supermercados na cidade. Na Junta Comercial, não foi possível obter informações sobre a quantidade de supermercados e delicatessens existentes na cidade, pois os dados são organizados por tipo jurídico (firma individual, sociedade limitada, etc) e por região geográfica, não especificando o ramo de atividade. Conseguimos as informações na Associação Comercial do Distrito Federal. Assim, nosso mercado consumidor foi quantificado em 247 empre- sas, sendo 235 supermercados e 12 delicatessens. Se você não conseguir informações para quantificar sua clientela em instituições similares de sua cidade, pode recorrer à lista telefônica, quando esse serviço for eficiente. Terceiro passo Delimitação da amostra O número de empresas potenciais na nossa região de abrangência não significa o volume total de clientes potenciais do negócio, mas é uma informação imprescindível para se chegar a esse resultado. Agora, que já sabemos reconhecer nosso consumidor e temos uma idéia clara do tamanho do nosso mercado, é hora de conhecê-lo "por dentro", identificar a personalidade do consumidor. Isso é importante, pois mesmo dois consumidores com perfis similares podem ter preferências diferentes. 67 Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Para tanto, é preciso conhecer mais sobre as preferências do nosso con- sumidor e isso só é possível conversando com ele. Chegou a hora de cole- tar os dados primários. Dados primários são as informações que ainda não estão disponíveis sobre o mercado e que são, geralmente, as mais importantes. Esses dados devemos buscar diretamente na fonte. Mas como podemos saber qual é o tamanho ideal da amostra? Como nos certificarmos de que não incluímos entrevistados a mais ou a menos na nossa pesquisa? E como utilizar o processo de amostragem numa pesquisa de verdade? Em primeiro lugar, é importante ter em mente que uma pesquisa por amostragem deve ser feita quando a população a ser pesquisada for maior que cem elementos. Para realizar nosso processo de amostragem, foi essencial identificar qual a população-alvo da nossa pesquisa – o que já fizemos um pouco atrás. Mas vamos exercitar a utilização dessa prática com nosso exemplo: uma agroindústria de amêndoa de caju que se prepara para lançar no mercado amêndoas de caju torrada e salgada. Assim, a população a ser pesquisada seria formada de empresas varejistas de gêneros alimentícios (supermerca- dos e delicatessens), que comercializam amêndoas de caju no varejo. A partir daí, a próxima etapa para retirar uma amostra desse universo, seria compor uma listagem com todas as empresas da cidade, incluindo nome, endereço e telefone. Depois, bastaria selecionar sistematicamente uma amostra, como veremos mais adiante. Na impossibilidade de se conseguir essa listagem, outra opção seria rela- cionar todos os supermercados e delicatessens da cidade e compor uma amostra, dividida por bairros. As cotas da amostra devem refletir as mes- mas. Não é preciso conversar com todos os potenciais consumidores. Veja bem, quando queremos provar uma torta de maçã, não precisamos comer a torta inteira, para saber se ela está gostosa ou não; basta um pequeno pedaço. Da mesma forma, se quuisermos conhecer as opiniões de um conjunto de pessoas com características semelhantes, não precisamos conversar com o grupo inteiro, basta conversarmos com alguns dos seus integrantes. Um grupo inteiro é chamado de população, que é um conjunto de indi- víduos ou empresas com uma ou mais características similares. Cada "pedaço" do grupo é chamado de amostra, que é uma parcela represen- tativa da população. 68 Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado Mas como podemos saber qual o tamanho ideal da amostra? Como nos certificarmos de que não incluímos entrevistados a mais ou a menos na nossa pesquisa? E como utilizar o processo de amostragem numa pesquisa de verdade? Na impossibilidade de se conseguir essa listagem, outra opção seria relacionar todos os supermercados e delicatessens da cidade e com- por uma amostra, dividida por bairros. As cotas da amostra devem refletir as mesmas proporções de incidência de empresas no universo da pesquisa. Assim, se 30% das empresas estão localizadas no bairro "x" e 70% no bairro "y", a amostra deve ser composta respeitando-se essa proporção. O ideal é que esse procedimento seja feito de forma sistemática. Isso significa que os intervalos na listagem da pesquisa devem ser iguais. Suponhamos, por exemplo, que pretendemos retirar uma amostra de 50 casos (veremos como calcular o número de casos mais adi- ante) a partir de uma listagem de 500 empresas. Primeiramente, dividimos as 500 empresas por 50. O resultado é 10. Então fazemos um sorteio de um número entre 1 a 50 e, a partir deste, conta-se de 10 em 10, até percorrer toda a listagem. Assim, se o número sortea- do for 15, serão entrevistados o décimo-quinto, o vigésimo-quinto, o trigésimo-quinto da lista, e assim por diante. Cada pesquisa trata de problemas diferentes e de populações dife- rentes. Assim, é preciso utilizar uma boa dose de criatividade e bom- senso, para manter critérios satisfatórios para a seleção da amostra. Quarto passo Definição do tamanho da amostra O cálculo do tamanho da amostra depende de diversas variáveis que têm impacto na sua formulação. Algumas são de cunho científico, mas a maioria depende apenas de bom senso. Na nossa pesquisa, vamos trabalhar com as seguintes: • Tamanho da população – Quanto maior a população, maior será a amostra. • Quantidade tolerável de erro amostral – O erro amostral identifica o quanto os resultados de uma pesquisa pode variar. Um erro amostralde 5% mostra que os porcentuais de respostas obtidas – também chamados de freqüências – podem variar para mais 5% ou menos 5%. • Variação da população em relação às características de interesse da pesquisa – Quanto mais homogênea 69 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do (menos variada) é a população, menor é a amostra necessária para representá-la. Vejamos, por exemplo, a diferença entre pesquisar as condições socioeconômicas de um bairro de alto padrão de renda e pesquisar uma cidade inteira. Mesmo que ambos tenham populações residentes iguais, é necessária uma amostra menor no bairro de alto padrão (porque o nível de renda é semelhante) do que a utilizada para pesquisar uma cidade inteira (que possui pessoas de todas as faixas de renda). Utilizando a Tabela 4, calculamos o tamanho da nossa amostra para um nível de confiança de 95%. O nível de confiança é uma medida estatísti- ca que indica a probabilidade de os resultados obtidos se repetirem se a pesquisa for realizada novamente. O patamar de 95% é normalmente uti- lizado em pesquisas de mercado e, por isso, foi escolhido para o nosso exemplo. Para cada margem de erro, existem duas colunas com o tama- nho da amostra: uma com split de 50/50 e outra com split de 80/20. O split indica o nível de variação das respostas, ou seja, o grau de homo- geneidade da população. Assim, 50/50 indica muita variação entre as respostas dos entrevistados (população mais heterogênea) e 80/20, indi- ca menor variação (população mais homogênea), ou seja, grande parte dos entrevistados vêem a questão da mesma forma. Aplicando-se nesta tabela a quantidade de consumidores da região de abrangência por nós definida, ou seja, 247 empresas e utilizando o erro amostral de +/- 5% com split 80/20 – uma vez que nossa população-alvo e mais homogênea – encontramos o tamanho da amostra ideal para nossa pesquisa de mercado: 124 empresas. Tabela 4. Determinante do tamanho da amostra nível de confiança de 95%. Tamanho da Erro amostral Erro amostral Erro amostral população de +/– 3% de +/– 5% de +/– 10% Split Split Split Split Split Split 50/50 80/20 50/50 80/20 50/50 80/20 100 92 87 80 71 49 38 250 203 183 152 124 70 49 500 341 289 217 165 81 55 750 441 358 254 185 85 57 1.000 516 406 278 198 88 58 2.500 748 537 333 224 93 60 5.000 880 601 357 234 94 61 10.000 964 639 370 240 95 61 25.000 1.023 665 378 243 96 61 50.000 1.045 674 381 245 96 61 100.000 1.056 678 383 245 96 61 1.000.000 1.066 682 384 246 96 61 100.000.000 1.067 683 384 246 96 61 70 Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado 71 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Agora, façamos uma pequena pausa para lembrar quais foram os passos que avançamos até agora: • Definimos nossa área de abrangência: Brasília, DF. • Determinamos exatamente o público-alvo para nosso futuro negócio: supermercados e delicatessens. • Quantificamos esse público: 247 empresas. • Delimitamos a amostra para ser utilizada na pesquisa: 124 empresas. A partir de agora, vamos nos dedicar à elaboração do instrumento de pesquisa, ou seja, o questionário que será aplicado aos entrevis- tados da amostra. Quinto passo Elaboração do questionário O processo de elaboração de um questionário é muito importante. Um instrumento para coleta de dados bem elaborada é essencial para o sucesso da pesquisa, pois irá garantir que todas as infor- mações de que precisamos serão realmente obtidas no trabalho. O segredo para se elaborar um questionário adequado é utilizar o bom-senso. Vários fatores são importantes no desenvolvimento do questionário, mas o fundamental é criar um instrumento de pesquisa que possa ser respondido sem dificuldade ou impaciência. O questionário pode ser dividido em três partes e deve ser prepara- do respeitando-se a seguinte ordem: • Dados demográficos – São as primeiras perguntas do ques- tionário, que avaliam se o entrevistado realmente pertence ao grupo que pretendemos entrevistar. • Dados objetivos – São as respostas de que realmente pre- cisamos no questionário. • Dados de checagem – São os dados que identificam o entrevistado – nome, telefone, por exemplo – e que permitirão um eventual contato posterior para obter outras informações ou, no caso de utilização de pesquisadores contratados, checar se as entrevistas foram realmente feitas. É importante que o questionário completo não seja muito extenso e possua questões claras e específicas. Não existe regra básica para elaborar um bom questionário, uma vez que cada pesquisa requer um instrumento diferenciado e específico de coleta de informações. Mas é possível enumerar alguns cuidados que devemos ter quando de sua elaboração: • Dar preferência a perguntas que busquem saber o que as pessoas são e o que fazem. Assim, é bom evitar questões que procuram levantar valores, crenças e atitudes do entrevistado. É sempre melhor pergun- tar o que o entrevistado faz em vez de perguntar o que ele pensa. • Perguntas fechadas que pedem respostas do tipo sim/não ou que pedem uma escala de respostas, devem ser mais freqüentes do que as abertas – do tipo "qual a sua opinião sobre..." • Ser específico nas perguntas, tendo o cuidado para não incluir mais de um assunto numa só pergunta. • Usar palavras simples na redação das perguntas e nas alternati- vas das respostas, para evitar problemas de compreensão por parte dos entrevistados. • Ser cortez com os entrevistados, tratando-o por "senhor" ou "senho- ra", com polidez e paciência. • Fazer perguntas curtas, pois é melhor ter um questionário com mais perguntas do que um questionário mais curto com perguntas longas. • Começar o questionário com uma pergunta simples e interessante. • Evitar o uso de perguntas jornalísticas, aquelas que dão ao entrevis tado informação que a maioria da população não conhece, do tipo: "Sabendo que ..., o que você pensa a respeito de ...?" Conforme foi sugerido antes, é importante incluir um maior número de questões fechadas que pedem uma escala de respostas. Os principais tipos de escala de respostas são: • Escala nominal – É aquela que atribui nomes ou números às va- riáveis pesquisadas, com o objetivo simplesmente de contar as respostas obtidas. Exemplo: Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino. • Escala ordinal – Também atribui nomes ou números às variáveis pesquisadas, mas incorporando um sentido de ordem entre as respostas. Por meio dessa escala é possível, por exemplo, determinar se um produto é melhor ou pior que outro, na opinião do entrevis- tado. Por exemplo: Como você classifica o produto? ( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo. • Escala de intervalo ou de razão – Nestas, são atribuídos valores numéricos às variáveis, permitindo ao entrevistado perceber a 72 Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado diferença entre as medições e, assim, estabelecer o grau de diferença entre uma medição e outra. A diferença entre as escalas ordinais e as de razão é bastante sutil: no primeiro tipo, o "ponto de partida" não é absoluto; no segundo, o "ponto de partida" é absoluto e igual a zero. Por exemplo: Que nota você atribui para o desempenho do produto x? ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5. Com essas informações, podemos elaborar nosso questionário. Mas antes disso, vamos contar um último segredo para que sua pesquisa traga bons resultados. Antes de aplicar o questionário com o públi- co-alvo, aconselhamos testá-lo com pessoas de confiança, pois com certeza, vão surgir dúvidas e novas idéias que não haviam sido observadas. 73 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Modelo de questionário Boa Tarde! Meu nome é João Batista de Souza e estou realizando uma pesquisa sobre os hábitos dos consumidores de amêndoas de caju. Asseguro-lhe que os dados aqui obtidos serão tratados como sigilosos, anexados a outros e processados conjuntamente, sendo que os dadosindividuais ou isolados não serão utilizados. A entre- vista dura menos de 5 minutos. Posso contar com sua atenção? 1. Qual a área de atuação da empresa? a - ( ) Supermercado. b - ( ) Delicatessem. 2. Quantas lojas tem a empresa a - ( ) Uma. b - ( ) 2 a 4. c - ( ) 4 a 6. d - ( ) Mais de 6. 3. Esta unidade é? a - ( ) Matriz. b - ( ) Filial. 4. Quantos empregados tem esta unidade? a - ( ) Menos de 3. b - ( ) Entre 3 a 6. c - ( ) Entre 7 a 10. d - ( ) Mais de 10. 74 5. Qual o faturamento médio mensal desta unidade? a - ( ) Menos de R$ 50 mil. b - ( ) Entre R$ 50 mil a R$ 100 mil. c - ( ) Entre R$ 100 mil a R$ 200 mil. d - ( ) Acima de R$ 200 mil. 6. Há quanto tempo esta unidade está no mercado? a - ( ) Menos de 1 ano. b - ( ) Entre 1 a 3 anos. c - ( ) Entre 3 a 5 anos. d - ( ) Acima de 5 anos. 7. Sua empresa comercializa amêndoas de amêndoa de caju? a - ( ) Sim. b - ( ) Não. Nota: Se a resposta for positiva, pule para a questão 9 e se for negativa, faça a per- gunta 8 e encerre a entrevista. 8. Se não comercializa, qual a razão? a - ( ) Não tem interesse pelo produto. b - ( ) Nunca foi procurado por fornecedores. c - ( ) A clientela não consome o produto. d - ( ) A margem de lucro é muito baixa. 9. Com que linha de amêndoas de caju sua empresa trabalha? a - ( ) Castanha de primeira, tipo exportação. b - ( ) Castanhas de segunda, com preço mais acessivel. c - ( ) Com as duas linhas. 10. Quantos quilos de amêndoas de caju, em média, sua empresa vende por mês? a - ( ) Menos de 10 kg. b - ( ) Entre 10 a 20 kg. c - ( ) Entre 20 a 30 kg. d - ( ) Acima de 30 kg. Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado 11. Qual o tipo de embalagem que tem mais saída? a - ( ) Lata de alumínio. b - ( ) Recipiente de vidro. c - ( ) Recipiente de plástico. d - ( ) Pacote de plástico transparente. 12. Como sua empresa expõe o produto? a - ( ) Em prateleiras da empresa. b - ( ) Em gôndolas da empresa. c - ( ) Em expositores especiais, desenvolvidos pelo fornecedor. d - ( ) Em expositores comuns da empresa. 13. Qual o peso que tem mais saída? a - ( ) 100 g. b - ( ) 250 g. c - ( ) 500 g. d - ( ) 1 kg. 14. Qual a faixa de preço de venda por quilo das amêndoas de caju oferecidas por sua empresa? a - ( ) Abaixo de R$ 18,00. b - ( ) Entre R$ 18,00 a R$ 22,00. c - ( ) Entre R$ 23,00 a R$ 25,00. d - ( ) Acima de R$ 25,00. 15. O que seu consumidor procura, quando vai comprar amêndoas de caju? (Esta questão permite mais de uma resposta). a - ( ) Preço. b - ( ) Qualidade. c - ( ) Marca. d - ( ) Embalagem. 16. Quais os pontos fortes da marca líder de vendas? (Esta questão permite mais de uma resposta). a - ( ) Preço. 75 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do b - ( ) Prazo de entrega. c - ( ) Qualidade. d - ( ) Embalagem. e - ( ) Publicidade. f - ( ) Prazo de pagamento. 17. Quais os pontos fracos da marca líder de vendas? (Esta questão permite mais de uma resposta). a - ( ) Preço. b - ( ) Prazo de entrega. c - ( ) Qualidade. d - ( ) Embalagem. e - ( ) Publicidade. f - ( ) Prazo de pagamento. 18. Como você escolhe seus fornecedores de amêndoas de caju? (Esta questão permite mais de uma resposta). a - ( ) Entre os que visitam a empresa. b - ( ) Por catálogos. c - ( ) Os que oferecem as marcas procuradas pelo consumidor. d - ( ) Pelas condições de preço e prazo de pagamento que oferecem. 19. Você compra estes produtos: a - ( ) Direto do fabricante. b - ( ) De distribuidores. c - ( ) De fabricantes e distribuidores. 20. O que faria você comprar uma nova marca de amêndoa de caju? (Esta questão permite mais de uma resposta). a - ( ) Bom preço. b - ( ) Prazo de pagamento adequado. c - ( ) Embalagem prática e sugestiva. d - ( ) Embalagem sofisticada. e - ( ) Sabor e qualidade. f - ( ) Boa publicidade. 76 Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado Nome do entrevistado: Telefone para contato: Muito obrigado por sua atenção. Sua ajuda é muito importante. Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Sexto passo Tabular os resultados Com os questionários respondidos, é necessário proceder a análise crítica de cada um deles, para verificar a coerência entre as respostas. Essa é uma fase difícil e trabalhosa, mas muito importante para a confiabilidade do resultado final. Para tanto, podemos recorrer a programas de computador, desen- volvidos especificamente para esse fim ou fazer uma tabulação ma- nual das respostas. Assim, vamos formar uma "opinião média" da amostra que deve valer para toda a população. Para facilitar nossa contagem, vamos utilizar a Tabela 5 – Tabulação do Questionário e depois, transformar as respostas iguais obtidas, em porcentuais. Tabela 5. Tabulação do Questionário. Questões a b c d e f 1. Qual a área de atuação da empresa? 118 6 95% 5% 2. Quantas lojas tem a empresa? 90 30 4 73% 24% 3% 3. Esta unidade é? 120 4 97% 3% 4. Quantos empregados têm 100 15 5 4 nesta unidade? 81% 12% 4% 3% 5. Qual o faturamento médio mensal 102 15 5 2 desta unidade? 82% 12% 4% 2% 6. Quanto tempo esta unidade 40 60 18 6 está no mercado? 32% 48% 15% 5% 7. Sua empresa comercializa 90 34 amêndoa de castanha caju? 73% 27% 77 78 Tabela 2. Continuação. Questões a b c d e f 8. Se não comercializa, qual a razão? 5 20 5 4 (Atenção! O número de respostas para 15% 59% 15% 12% esta questão é 34, ou seja, número de entrevistados que informaram que não comercializavam o produto). 9. Com que linha de amêndoas de caju 70 15 5 sua empresa trabalha?(Atenção! 78% 17% 5% A partir deste item, o número de entrevistados cai para 90, ou seja, aqueles que responderam sim à questão 7). 10. Quantos quilos de amêndoas 30 50 8 2 de caju, em média, 33% 56% 9% 2% sua empresa vende por mês? 11. Qual o tipo de embalagem que 5 10 5 70 tem mais saída? 6% 11% 6% 77% 12. Como sua empresa 10 10 60 10 expõe o produto? 14% 14% 68% 14% 13. Qual o peso que tem mais saída? 65 20 5 72% 22% 6% 14. Qual a faixa de preço de venda 70 20 por quilo das amêndoas de 78% 22% caju oferecidas por sua empresa? 15. O que seu consumidor 80 60 30 80 procura quando vai comprar 32% 24% 12% 32% amêndoas de caju? 16. Quais os pontos fortes da 40 60 50 40 30 50 marca líder de vendas? 15% 22% 19% 15% 11% 18% 17. Quais os pontos fracos 60 30 40 30 50 40 da marca líder de vendas? 24% 12% 16% 12% 20% 16% 18. Como você escolhe seus 90 40 80 fornecedores de amêndoas de caju? 43% 19% 38% 19. Você compra estes produtos: 80 10 89% 11% 20. O que faria você 90 90 80 10 80 60 comprar uma nova marca de 22% 22% 19% 2% 20% 15% amêndoa de caju? Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do É importante lembrar que o porcentual é calculado utilizando-se o número de respostas em cada item da questão sobre o total das respostas. Assim, no caso específico do nosso exemplo, para calcu- lar o porcentual da questão que permite somente uma resposta do entrevistado, divide-se a quantidade de respostas do item pelo total de respostas. Por exemplo, na questão 1, o item "a" obteve 118 respostas de um total de 124 entrevistados. Assim, o seu porcen- tual é igual a 95% (118 : 124 x 100). Quando a questão permite mais de uma resposta, o raciocínio é o mesmo, basta dividir a quan- tidade de respostas do item pelo total de respostas. Por exemplo, na questão 20, onde o número de respostas do item "a" foi de 90 e o total foi de 410, o porcentual de respostas para este item é igual a 22% (90 : 410 x 100). Sétimo passo Analisar os resultados Com as respostas dos questionários tabuladas, procedemos a sétima e última etapa da nossa pesquisa: análise dos resultados. Esses resul- tados vão proporcionar informações importantespara que pos- samos definir com maior clareza o produto que vamos lançar no mercado. A pesquisa pode dar indicadores imediatos e dados mais complexos, com o cruzamento das respostas. Vamos analisar as respostas apuradas pela pesquisa e listadas na Tabela 2 – Tabulação do Questionário. 1. Observamos que a grande maioria (95%) das empresas pesquisadas são supermercados; têm uma única loja (90%); sendo a maioria matriz (97%); empregam menos de três pessoas (81%); faturam menos de R$ 50 mil (82%); e estão no mercado entre 1 a 3 anos (48%), mas uma boa parte tem menos de 1 ano de exis- tência (32%). 2. Das empresas pesquisadas 73% vendem amêndoas de caju e somente 27% não comercializam. Entretanto, 59% das empresas que não vendem o produto pesquisado, informam que não o fazem porque nunca foram procurados pelos fornecedores. 3. 78% das empresas comercializam a amêndoa de primeira, tipo exportação. 4. Podemos deduzir, a partir das respostas, que são comercializadas por mês, no mínimo 1,2 mil quilos de amêndoas no mercado de Brasília, se considerarmos, somente o número de empresas pes- quisadas vezes a quantidade média de amêndoas vendidas por mês. 79 80 5. A embalagem que a maioria dos consumidores prefere é o pacote de plástico transparente (77%) e a forma de exposição dos produtos no salão de vendas mais aceita são os expositores especiais desenvolvidos pelo fornecedor. 6. Os consumidores preferem comprar em embalagens de 100 g (72%) e, um porcentual menor, em embalagens de 250 g. A faixa de preço no varejo está entre R$ 18,00 a R$ 22,00 o kg para 78% dos entrevistados e entre R$ 23,00 a R$ 25,00 o kg para 22%. 7. O preço, a embalagem, ambos com 32% e a qualidade (24%) são os fatores mais importantes para os consumidores. 8. Na opinião dos entrevistados, os principais pontos fortes da marca líder são: prazo de entrega (22%), qualidade (19%) e prazo de pagamento (18%); e os pontos fracos são: preço (24%), publicidade (20%), qualidade e prazo de pagamento (ambos com 16%). 9. Os fornecedores são escolhidos dentre aqueles que visitam a empresa (43%) e os que oferecem melhores condições de preço e prazo de paga- mento (38%). 10. As compras são realizadas em sua grande maioria direto do fabricante (89%) e o preço (22%), o prazo de pagamento (22%), o sabor, a quali- dade (20%) e uma embalagem prática e sugestiva (19%) são os principais fatores que fariam com que os entrevistados escolhessem nova marca de amêndoa de caju. Assim, a partir dos resultados de nossa pesquisa, podemos concluir que: O produto a ser comercializado pela Agroindústria de Processamento de amêndoa de caju terá o seguinte formato: amêndoas de primeira, tipo exportação; embaladas em sacos de plástico transparentes, com 100 g (75%) e 250 g (25%), com preço entre R$ 18,00 a R$ 22,00 o quilo. A clientela do nosso produto tem o seguinte perfil: supermercados e de- licatessens de pequeno e médio portes, com faturamento médio mensal abaixo de R$ 50 mil e com três empregados, em média. A estratégia de marketing sinaliza para a formação de uma equipe de vendedores da própria indústria, que irão visitar os consumidores. Além disso, a empresa deve desenvolver expositores especiais para destacar o produto no salão de vendas. A pesquisa indica ainda que o produto deve ser comercializado por um preço abaixo da concorrência – pelo menos, num primeiro momento – e investir em publicidade. Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado 81 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Mercado Concorrente Quando encarada de forma correta e corajosa, a concorrência é que impulsiona a economia e faz as empresas crescerem. Portanto, o mercado concorrente será sempre um parâmetro para a empresa. Seja no preço ou na qualidade do produto, na estratégia de venda, na embalagem ou nos resultados gerenciais. Não podemos desconhecer a concorrência, mas também não devemos nos assustar com ela. Mesmo disputando o consumidor com outros tantos produtores, uma nova agroindústria de amêndoa de caju pode procurar um nicho de mercado próprio e imprimir diferenciais ao seu produto. Capítulo 5 82 Concorrência, conhecer para enfrentar O consumidor é nosso principal alvo e a quem devemos dedicar maior atenção. Mas não é só ele quem compõe o que chamamos de mercado. Para planejar nosso negócio, precisamos conhecer também a concorrência. Durante o processo de análise do mercado consumidor, utilizamos o método da análise quantitativa, ou seja, demos ênfase na quantidade de entrevistas realizadas, com informações padronizadas de forma a serem contadas e fornecerem porcentuais de respostas que representam a opinião da população. Para analisar nosso mercado concorrente, vamos passar a utilizar outro método: o método da análise qualitativa. Na análise qualitativa, a ênfase está na qualidade – profundidade – dos dados obtidos, com informações diferenciadas e exaustivas sobre cada tema abordado. Uma pergunta qualitativa exige uma resposta muito mais longa, profunda e rica em termos de informações que uma per- gunta quantitativa. Por isso, não devemos nos preocupar em fazer um volume muito elevado de entrevistas, mas em entrevistar as pessoas cer- tas, que conhecem bastante sobre o tema em questão, ou seja, o ge- rente (responsável) pelas compras de alguns supermercados, os gerentes de produção e de vendas (marketing) de fábricas de amêndoas de caju. A observação é outra modalidade de pesquisa qualitativa muito eficaz que devemos utilizar na análise do mercado concorrente. A observação bem estruturada feita em agroindústrias similares à que pretendemos montar, permitirá o levantamento de informações relevantes sobre suas estratégias, métodos operacionais, política de vendas, entre outras. Podemos obter ainda informações importantes sobre o padrão de fun- cionamento do nosso concorrente, como o número médio de fun- cionários, processo de produção, formatos da embalagem, etc. É também importante quantificar o volume total de concorrentes situa- do na região de atuação da empresa. No caso específico de nossa agroindústria de amêndoas de caju, a região de atuação é todo o ter- ritório nacional. São muitas as informações que podemos obter através da observação dos nossos concorrentes. Inicialmente – e antes de abrir nosso negócio – precisamos levantar dados qualitativos sobre o posicionamento de nos- sos competidores no mercado, como eles trabalham, quais seus pontos fortes e fracos. Castanha de Caju 2 SSÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado 83 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Mas não é só observando nossos concorrentes que obtemos infor- mações importantes para a tomada de decisão. Na pesquisa do mercado consumidor, desenvolvida no capítulo anterior, obtivemos muitas informações sobre nossos concorrentes. Por exemplo: ficamos sabendo que os prazos de entrega e de pagamento e o for- mato da embalagem são seus pontos fortes. Por sua vez, preço, publicidade e qualidade são sos pontos fracos dos concorrentes. Ficamos sabemos ainda, que eles vendem, no Distrito Federal – o mercado consumidor que elegemos para o nosso empreendimento – uma média de 1.200 kg de amêndoas por mês. A embalagem mais utilizada é o saco de plástico transparente, de 100 g. Contudo, a pesquisa qualitativa requer a elaboração de um roteiro e neste instrumento devemos reservar espaço para a observação infor- mal do trabalho dos concorrentes. É bom lembrar que a observação informal é uma forma desestruturada de pesquisa, que se baseia exclusivamente em observar e anotar as principais características dos concorrentes. Assim, devemos escolher algumas agroindústrias de processamento de amêndoas de caju que tenham o tamanho e o nível de sofisticação semelhantes aos que imaginamos. A partir daí, vamos visitá-los e anotar as características mais relevantes do negó- cio. A localização é boa? O processo de produção e os equipamen- tos são adequados? Que tipos de amêndoasde caju produzem e comercializam? Como são realizadas as vendas e as entregas? Qual a política de marketing utilizada? Quais as peculiaridades que dife- renciam a empresa das outras? Um item importante a considerar é que a análise dos nossos con- correntes deve possibilitar pelo menos a identificação clara de seus pontos fortes e fracos. Essas informações vão nos auxiliar na formu- lação das vantagens competitivas, ou seja, os pontos do trabalho de nossa futura empresa que serão imbatíveis. As vantagens competiti- vas podem estar no preço; nos prazos de entrega e no pagamento; na qualidade, beleza e funcionalidade dos produtos, dentre outras. O que importa é determinar alguma vantagem exclusiva para nossa empresa – e aprender o máximo com as outras. Na Tabela 6, no verso desta página, desenvolvemos um roteiro de análise do mercado concorrente da nossa agroindústria de proces- samento de amêndoas de caju. Como cada negócio tem suas próprias características e peculiaridades, mesmo empreendimentos do mesmo ramo, provavelmente você precisará adaptar esse roteiro as suas necessidades. 84 Item Principais pontos fracos 1 2 3 Atribua nota de 0 a 5 à empresa concorrente, conforme a escala de classificação abaixo, em relação a cada um dos itens listado a seguir. 5 4 3 2 1 0 Ótimo Bom Indiferente Ruim Péssimo Não se aplica Itens Nota 1. Preços 2. Prazos 3. Qualidade do atendimento 4. Mix de produtos 5. Velocidade do atendimento 6. Flexibilidade às suas necessidades 7. Importância de sua empresa para ele 8. Conceito junto ao mercado 9. Comparação em relação a concorrentes Total Item Principais pontos fortes 1 2 3 Tabela 6. Roteiro para análise do mercado concorrente. Empresa: Posição relativa no mercado: % do mercado: Tempo de funcionamento: Nº de empregados: Principais produtos: Produção anual: Ano de referência: Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado Observações: 85 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Capítulo 6 Mercado Fornecedor Assim como o conhecimento do consumidor e do concorrente, também é importante para o sucesso da empresa, o maior número de informações possíveis sobre os fornecedores. Neste capítulo, você vai aprender tudo sobre o mercado fornecedor e os cuidados que devemos observar na seleção desses parceiros. 87 Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do 88 Fornecedores e parceiros Normalmente, a importância de um bom relacionamento com os fornece- dores é subestimada pelos pequenos empresários. É bom lembrar que os fornecedores são a garantia de estabilidade no processo operacional de um empreendimento. E o ponto de partida para alcançar boas margens de lucros para nosso produto final é realizar negociações igualmente boas com os fornecedores, que só são possíveis com uma relação de confiança e de parceria. Por isso, é preciso escolher muito bem nossos fornecedores antes de começar a trabalhar com eles, pois a troca de um fornecedor na instalação da empresa e durante seu processo operacional, joga por terra todo o tra- balho de desenvolvimento de uma parceria, além de atingir os clientes, em função das conturbações comuns a uma mudança desse tipo. Uma agroindústria de processamento de castanha de caju tem dois gru- pos distintos de fornecedores: de equipamentos e de matérias-primas. São muitas as informações que devemos obter junto aos possíveis fornecedores da nossa agroindústria de castanha de caju: • Costumam trabalhar com empresas de pequeno e médio portes? • São flexíveis quanto a prazos de pagamento e descontos para paga- mentos à vista? • Costumam ter problemas de fornecimento – falta de produtos ou demora na entrega? • A qualidade dos seus produtos – equipamentos e matérias-primas – é boa? Mais uma vez, vamos adotar o método qualitativo de pesquisa. Mas com uma importante diferença em relação à pesquisa do mercado concor- rente: enquanto os concorrentes farão o possível para "esconder" infor- mações, os fornecedores se sentirão no dever de dar informações sobre qualquer dúvida que tivermos. Isso significa que nossa pesquisa não irá precisar basear-se apenas na obtenção de respostas aos pedidos de infor- mações que já havíamos elaborado. Poderemos contar, também, com as respostas de nossos futuros fornecedores às novas dúvidas e necessidades que tivermos. Para localizar nossos fornecedores de equipamentos, existem catálogos especializados com a lista completa, incluindo informações sobre as mar- cas e características das máquinas e equipamentos que eles produzem ou representam. Também podemos obter informações nas entidades de classe, como sindicatos empresariais e associações. Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado Devemos escolher fornecedores de acordo com o projeto da fábrica que pretendemos montar. Nele estarão especificados os modelos e a capacidade das máquinas que nossa agroindústria de processa- mento de castanha de caju necessita. A seguir, apresentamos o roteiro que vamos utilizar na pesquisa de nosso mercado fornecedor. É importante considerar que o mercado fornecedor é formado por várias empresas e indivíduos, que deverão prover todos os insumos – equipamentos, máquinas, matéria-prima e materiais secundários, etc. – de que nosso negócio vai necessitar para poder funcionar adequadamente. Assim, vamos analisar pelo menos três empresas para cada um dos insumos necessários. 89 Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Item Principais pontos fracos 1 2 3 Item Principais pontos fortes 1 2 3 Tabela 7. Roteiro para análise do mercado concorrente. Empresa: Posição relativa no mercado: % do mercado: Tempo de funcionamento: Nº de empregados: Principais produtos: Produção anual: Ano de referência: Atribua nota de 0 a 5 à empresa concorrente, conforme a escala de classificação abaixo, em relação a cada um dos itens listados a seguir. 5 4 3 2 1 0 Ótimo Bom Indiferente Ruim Péssimo Não se aplica 90 Itens Nota 1. Preços 2. Prazos 3. Qualidade do atendimento 4. Mix de produtos 5. Velocidade do atendimento 6. Flexibilidade às suas necessidades 7. Importância de sua empresa para ele 8. Conceito junto ao mercado 9. Comparação em relação a concorrentes Total Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado 91 Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Capítulo 7 Plano de Marketing A estratégia de lançamento de um produto no mercado deve estar inserida dentro de um plano de marketing global, que é a técnica de criar, desenvolver e fixar a imagem de uma empresa junto a seus consumidores. Esse trabalho de envolvimento do consumidor começa com a escolha do nome do produto e vai até às campanhas publicitárias, passando pelas instalações e até pela definição da melhor forma de atendimento ao público. Neste capítulo, mostramos de maneira resumida, o projeto de marketing da nossa agroindústria de amêndoas de caju, para o qual você deverá ficar atento quando for trabalhar no planejamento de sua empresa. O caminho para o mercado Até agora, vimos a importância da pesquisa dos mercados consumidor, concorrente e fornecedor para nossa agroindústria de amêndoas de caju; elaboramos um roteiro prático de pesquisa; levantamos os dados, analisamos os resultados e, com isso, conhecemos mais profundamente o nosso público-alvo; identificamos os prováveis concorrentes; e final- mente definimos mais claramente o produto que pretendemos lançar no mercado. Acreditamos que nossa agroindústria de amêndoas de caju pode ser um negócio lucrativo, se for bem administrado. Em Brasília, o mercado – como ficou comprovado no resultado da nossa pesquisa – é viável. Podemos pressupor, também, de acordo com informações levantadas em publicações técnicas e por meio de informações de empresários do setor, que o mercado brasileiro e o mercado externo são bastante promissores. Também ficamos cientes de que apesar disso ele é muito competitivo. Assim, podemos concluir que entrarnesse mercado e disputar uma fatia dele não é tarefa fácil, mesmo que ofereçamos amêndoas de caju de boa qualidade e preço adequado. Acompanhe, a partir de agora, o roteiro que seguimos para desenvolver nosso plano de marketing. Escolha do nome Como foi dito na abertura deste capítulo, o primeiro passo é a escolha do nome da empresa. Ele deve sugerir um sentimento positivo e ser de fácil fixação. Escolhemos a palavra ‘Extra’, um nome curto, fácil de pronunciar, que dá uma idéia do negócio, que promove uma associação imediata com os produtos que vamos oferecer e que transmite uma idéia de qua- lidade excepcional. Muitos empresários preferem dar seus nomes a seus estabelecimentos, ou um nome que lhes traga boas lembranças. Esta pode ser uma boa alter- nativa, desde que seja fácil de pronunciar e decorar. O nome do empresário sugere um negócio personalizado, assim como sua relação com a clientela. Nesse caso, ele pode basear todo o seu projeto de marketing neste con- ceito. Mas é bom observar se o nome escolhido tem uma boa sonoridade. Definição da logomarca Definido o nome, a etapa seguinte é elaborar sua apresentação visual, ou seja, a logomarca. É através dela que nossa agroindústria de amêndoas de caju será conhecida. A logomarca vai estampar a imagem da empresa e deve promover uma associação imediata com o estabelecimento. 92 Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado Ela pode ter um desenho que sugira o tipo de negócio, ou ser ape- nas uma forma de apresentar o nome do estabelecimento, com uma tipologia rústica, como a utilizada na literatura de cordel, que promove uma associação imediata com o Nordeste, área de maior produção de caju, ou como no caso da nossa agroindústria, o desenho da própria amêndoa, seguido do nome da Empresa, com destaque na marca: ‘Extra’. A logomarca é a identificação visual da empresa. Uma forma figu- rativa que, antes mesmo de ler o que está escrito, o consumidor associará a uma determinada empresa ou produto. Ela deve estar presente na fachada, nas embalagens, nos cartões de visita, nos papéis de carta, nos envelopes, enfim, em tudo que se relaciona com o estabelecimento. Quanto mais ela for repetida, mas se fixará na cabeça do consumidor. Desenvolvimento da embalagem A forma de apresentação do produto é fundamental na estratégia de marketing. É como a roupa de uma pessoa. Ela deve obedecer tanto às normas técnicas – de garantir a proteção e conservação da amên- doa – como exigências mercadológicas. Deve conter as quantidades procuradas pelo consumidor, ser fácil de armazenar e ser atraente, destacando o produto entre outros que estão dispostos nas prateleiras dos supermercados e delicatessens, por exemplo. A Figura 1 apresenta a embalagem criada especialmente para nossa marca. 93 Título do Capítulo Pa rt e 2 – A ná lis e de M er ca do Amendôa de caju TORRADA E SALGADA Ingredientes: amêndoa de caju, óleo de girassol e sal. isento de Registro no M.S. “Para saborear as amêndoas de caju extra, fresquinhas e crocantes, você sempre encontra um bom motivo: assistindo TV, bebendo com os amigos, ou simplesmente dando uma parada no agito do dia a dia...” experimente. Amendôa de caju extra cada 100g deste produto contém em média: Energia 637Kcal Proteinas 12,8g Glicídios 31,7g Lipídios 51,0g mono mono mono mono mono mono mono mono mono mono mono mono mono mono mono . Conservar em local seco e fresco Fig. 1. Exemplo de embalagem (A - frente, B - verso) para amêndoas de caju tostadas e salgadas. A B Lançamento do produto Finalmente, chegou a hora de lançar o produto no mercado. É um momento crucial para o futuro do nosso negócio. Não adiantaria tanto esforço para implantar nossa fábrica, se nossos consumidores não soubes- sem da sua existência. Devemos tocar cornetas e rufar tambores para avis- ar ao mercado que chegamos. O plano de propaganda do lançamento de um produto ou empresa depende da verba disponível. Ele pode ser caro – se utilizar, por exemplo, a mídia televisiva. A propaganda na tv é, sem dúvida, a de maior alcance e, se bem feita e atraente, dá retorno garantido com a conquista de con- sumidores para o produto anunciado. Mas há opções bem mais baratas que também podem ser bastante eficientes, como a que utilizamos na nossa agroindústria. Sabemos que o primeiro desafio de nossa agroindústria de amêndoas de caju é colocar o produto nas prateleiras dos supermercados e delicatessens. Como nossa verba de propaganda é pequena, fizemos um plano de divul- gação direcionado especificamente a esses estabelecimentos, que con- seguisse atingir proprietários, gerentes e responsáveis pelas compras. Assim, montamos um folder atraente, disponibilizando este material dentro dos estabelecimentos. Além disso, desenvolvemos as prateleiras expo- sitoras e contratamos promotores de vendas – devidamente uniformiza- dos – para promover a degustação, oferecimento de amostra-grátis e propaganda boca-a-boca. Isso tudo foi desenvolvido por uma agência de publicidade de pequeno porte, contratada por nossa empresa, a partir da definição de uma verba pré-definida por nossa agroindústria. Se você não dispõe de capital e não pode contratar uma agência de pro- paganda para desenvolver a campanha de lançamento de seu produto no mercado, utilize os dois únicos instrumentos capazes de substituir o dinhei- ro: disposição e criatividade. Só não vale ficar parado. Mostre a que veio. Finalmente, é importante dizer que, depois de definido o nome, logo- marca e embalagem, sugerimos proceder o registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI. Outra coisa, antes de proceder a regu- larização da sua empresa na Junta Comercial de sua cidade, leia com atenção o texto ‘Entenda o Simples’, a seguir, para saber se vale a pena enquadrar sua empresa nesse sistema de pagamento de impostos e con- tribuições. 94 Castanha de Caju 2 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 2 Análise de Mercado Capítulo 1 Planejamento Financeiro "O dinheiro faz o mundo girar". Este ditado é muito conhecido no meio dos profissionais do mercado financeiro do mundo inteiro. Pensando bem, esta expressão guarda uma verdade indiscutível. Sendo assim, este espaço é dedicado à análise financeira de nossa agroindústria de amêndoa de caju. Investimentos, produção, custos, receitas e resultados operacionais, são os principais itens que compõem a análise financeira de um empreendimento agroindustrial, que o empreendedor precisa conhecer profundamente para ter segurança no seu negócio. 97 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra O planejamento aproxima o seu sonho da realidade No momento em que você abriu esta publicação e iniciou sua leitura, demonstrou disposição de refletir profundamente sobre o seu empreendi- mento ou a empresa que você pretende montar. Por melhores que sejam as perspectivas mercadológicas – como ficou demonstrado na Parte 2 deste volume – uma Agroindústria de Amêndoa de Caju exige um plane- jamento cuidadoso, com estudo detalhado de custos e receitas que per- mita uma projeção realista dos resultados financeiros. Os estudos para o desenvolvimento da Análise Financeira de uma Agroindústria de Amêndoa de Caju começa com o plano de produção, que é a identificação do volume de amêndoas de caju que se pretende pro- duzir; depois deve-se analisar o investimento físico, ou seja, definição dos equipamentos e instalações necessárias para o cumprimento das metas de produção, onde se relacionam as máquinas, equipamentos, veículos e obras civis necessários ao cumprimento da meta de produção, com os respectivos valores; passa-se, a seguir, para o cálculo dos custos, onde se consideram o preço da matéria-prima e outros materiais diretos, as despe- sas da mão-de-obra direta e respectivos encargos sociais, os custos fixos de funcionamento do negócio, os índices de comercialização, entre outros; depois, projeta-se as receitas, que é a estimativa de quanto a indústria pode faturar e obter com a venda daquele volumede produção identifica- do; em seguida são calculados os resultados operacionais, onde são proje- tados o lucro, ponto de equilíbrio e tempo de retorno do investimento físi- co, índices que indicam a viabilidade financeira do empreendimento por meio dos quais pode-se verificar se o retorno financeiro da agroindústria que se está planejando é compensador comparado com os investimentos e custos que ela exige – ou, em bom português, se ela é um bom negócio. Finalmente, monta-se o quadro de investimento inicial, que é o volume de recursos que o empreendedor terá de injetar na agroindústria para ela começar a funcionar. Os procedimentos e cálculos que propomos a seguir, não eliminarão os riscos inerentes a qualquer atividade empresarial. Por isso, a capacidade de assumir riscos será tão importante no perfil dos empreendedores. Mas reduzirão, ao mínimo, as possibilidades de erro e permitirão que o empresário assuma riscos calculados. Como já dissemos, o desenvolvimento da Análise Financeira vai aprofun- dar as reflexões do empreendedor sobre o seu atual ou futuro negócio. Pensando melhor sobre cada uma das fases de implantação de uma 98 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira agroindústria de amêndoa de caju, ele vai aprimorar a idéia do negócio, tornando-a clara, precisa e de fácil entendimento; vai procurar e obter informações completas e detalhadas sobre esse tipo de indústria, e vai ser capaz de identificar os pontos fortes e fra- cos do empreendimento. Isso lhe proporcionará uma bagagem de conhecimento que permitirá negociar melhor com fornecedores de equipamentos, de matéria-prima e outros materiais, bem como com agentes financeiros e até mesmo com futuros sócios. Os roteiros e planos que apresentaremos a seguir são, portanto, não apenas um passo inicial, mas fundamental para quem deseja abrir ou aumentar a eficiência de uma Agroindústria de Amêndoa de Caju. As informações, valores e situações que utilizamos no desenvolvi- mento dos roteiros e planos a seguir, apesar de terem sido basea- dos em pesquisas junto a empresas do ramo, devem ser utilizados apenas como exemplos, já que é impossível, num manual deste tipo utilizar números reais. Primeiro, porque eles variam de acordo com a realidade sócio-econômica de cada região do País e das caracterís- ticas de cada empreendimento. Depois, porque a economia brasileira ainda não atingiu um nível de estabilidade que permita projeções financeiras de longo prazo, com os preços e tarifas sujeitos a constante flutuação. Assim os conceitos, cálculos matemáticos e processos de desen- volvimento da Análise Financeira, apesar de identificarem o tipo de empresa, devem ser adaptados às necessidades de cada situação específica. Para isso, será necessário que o empresário proceda a uma pesquisa cuidadosa e identifique os valores reais, no seu caso, para os diferentes itens da Análise Financeira. A partir do próximo capítulo, você acompanhará o desenvolvimento da Análise Financeira em três exemplos de agroindústrias de amên- doas de caju de diferentes portes, de acordo com o volume de produção. Os valores foram calculados em R$ 1,00 (excluímos os centavos) e foram arredondados para mais aqueles iguais ou acima de R$ 0,50 e para menos, os abaixo de R$ 0,50. 99 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra Capítulo 2 Volume de Produção e Investimento Físico Para projetar o volume de produção de uma agroindústria de amêndoa de caju e definir o investimento físico – máquinas, equipamentos, instalações e demais materiais permanentes – necessário ao seu funcionamento, é preciso pesquisar muito e fazer uma série de operações matemáticas. 101 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra Determine quem você vai ser no mercado O ponto de partida para o planejamento de uma agroindústria de amên- doa de caju é a definição de quanto se pretende produzir. E essa não é uma definição aleatória, mas que depende do mercado que se quer atin- gir, da disponibilidade de matéria-prima, da concorrência que se vai enfrentar, (como já vimos na Parte 2 deste volume, sobre a Análise de Mercado), e da disponibilidade de capital. O mercado de castanha de caju, tanto o interno como o externo, é muito bom. O que se produz com qualidade é facilmente comercializado. O problema, na verdade, está relacionado mais com a carência da matéria-prima e, muitas vezes, com a sua qualidade. Definido o volume de produção que se deseja atingir passa-se a identificar as necessidades de matéria-prima, equipamentos, estrutura física, mão- de-obra e outros itens necessários ao cumprimento da meta estabelecida para saber o que isso vai custar. Neste estudo, utilizamos três exemplos com diferentes volumes de pro- dução: no primeiro, que se caracterizaria como uma agroindústria fa- miliar, estimamos a produção de 42 kg de castanha in natura por dia; no segundo caso, a produção é de 105 kg/dia e no terceiro exemplo já teríamos uma agroindústria de médio porte produzindo 210 kg de amên- doas de caju por dia. Mas os cálculos da análise financeira de uma agroindústria de amêndoa de caju – bem como das demais agroindústrias, já que são unidades de transformação que dependem da safra e têm um forte componente de sazonalidade – devem considerar a produção anual, e não a capacidade instalada de produção diária (Tabela 1). Neste caso, no entanto, vamos considerar o volume de produção diária como o da média, e calcular, com base neles a produção anual con- siderando que o mês tem 24 dias úteis e o ano 12 meses. Assim, por exemplo, considerando a produção diária de 42 kg, tem-se o seguinte resultado para uma produção anual: Produção anual = 42 kg x 24 dias x 12 meses Produção anual = 12.096 kg Para cada quilo de amêndoas produzido, são nacessários, aproximada- mente, uma média de 4,76 kg de castanha in natura. Assim, para pro- duzir diariamente 42 kg de amêndoas (no primeiro caso) são necessários 200 kg de castanha in natura (42 x 4,76 = 200 kg arredondados). 102 Castanha de Caju 3 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira 103 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra Tabela 1. Volume de produção. Caso 1 (kg) Caso 2 (kg) Caso 3 (kg) Castanha Amêndoa Castanha Amêndoa Castanha Amêndoa 1 Produção diária 200 42 500 105 1.000 210 2 Produção mensal 4.800 1.008 12.000 2.520 24.000 5.040 3 Produção anual 57.600 12.096 144.000 30.240 288.000 60.480 Prepare-se na medida para o seu negócio Nesta etapa da Análise Financeira, você vai começar a calcular quan- to precisará gastar na montagem da sua agroindústria. Isso inclui a "planta industrial" – que é o nome técnico do conjunto formado pela estrutura física (o imóvel onde ela vai se instalar) e as máquinas e equipamentos utilizados na produção – ferramentas, veículos, mobi- liário e outros materiais permanentes. Chama-se a esse conjunto de "investimento físico" porque são gastos feitos uma só vez e que ficam agregados ao patrimônio da agroindústria. A correta definição da planta industrial é fundamental para o bom resultado de uma agroindústria de amêndoa de caju. Ela deve ser bem dimensionada para a produção que se pretende, bem como possibilitar uma futura expansão do negócio. O caminho natural de um bom empreendimento – você sabe! – é crescer. E ele não pode ser obstruído por uma máquina demasiadamente lenta ou uma parede fora do lugar. Um bom parâmetro é você dimensionar a planta industrial para uma capacidade quatro vezes superior à sua produção inicial, especial- mente no que diz respeito a espaço físico e aos equipamentos mais caros, em que valha mais a pena você manter uma capacidade ociosa por algum tempo do que ter que comprar outra máquina se precisar aumentar a produção. Como você viu na Parte 1 deste volume , sobre o processo de produção da castanha de caju, o maquinário básico para uma agroindústria desse tipo é composto de classificador, autoclave, umidificador, despeliculador,estufa, máquina de corte, conjunto para fritura e máquina seladora. A escolha desses equipamentos é determinante para o desempenho da agroindústria. Na hora da compra dos maquinários considere, sim, o preço de cada equipamento. Mas não deixe de avaliar a qualidade e confirmar se Item Discriminação cada um dos equipamentos é realmente o mais indicado para o seu pro- jeto. Confirme, por pesquisa junto a outros empresários e a órgãos de defesa do consumidor, a idoneidade do fabricante e do seu representante, caso vá utilizar um intermediário na compra. Assegure-se também de que eles lhe garantam assistência técnica rápida e eficiente. Imagine o prejuí- zo de uma máquina parada durante dias, interrompendo todo o seu processo de produção! A máquina de corte é o equipamento básico para se definir o volume de produção de uma agroindústria de processamento de castanha de caju. Cada máquina é operada por duas pessoas, geralmente mulheres – a “cortadeira” e a “tiradeira” – que cortam e tiram da máquina, diaria- mente, uma média de 200 kg/dia de castanha in natura, que é a matéria- prima que será processada. Algumas indústrias conseguem grandes ga- nhos de produtividade, chegando a aumentar em até 50% o volume de produção nas máquinas de corte através, apenas, da regulagem do equipamento e do treinamento de pessoal. Entretanto, para efeito do nosso estudo, vamos considerar a produção diária mais modesta, em torno de 100 kg. O peso médio da amêndoa, que é o nosso produto final, equivale a aproximadamente 20% do peso da castanha in natura, como visto anteriormente. A produção média de uma máquina de corte é de 21 kg de amêndoas/dia. Nos exemplos que estamos utilizando, portanto, precisaremos de no mínimo duas máquinas por unidade de produção, no caso da produção diária 42 kg/dia. No caso 2, que utilizamos como exemplo, de produção diária de 105 kg, serão necessárias 5 máquinas e no caso 3 (produção diária de 210 kg), dez máquinas. Os demais equipamentos estão relacionados na Tabela 2 deste estudo, com as respectivas especificações. De um modo geral, os fabricantes dos equipamentos fornecem as especi- ficações técnicas das obras civis necessárias para a instalação das máquinas. A partir delas o procedimento ideal é encomendar a um profis- sional especializado – arquiteto ou engenheiro – as plantas baixa, hidráuli- ca (dos encanamentos de água e esgoto) e elétrica (das fiações) do imó- vel que atendam às especificações tanto para a área de produção como para as áreas de armazenamento e administração. Para uma pequena indústria de amêndoas de caju, o ideal é que o empresário parta do plano de produção e do leiaute, separando as seções nas áreas de recepção da castanha in natura, processamento e despacho. Além dos equipamentos mais pesados que relacionamos acima, uma agroindústria de amêndoas de caju utilizará diversos outros materiais no processo de produção. Veja, a seguir, a relação: 104 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira No recebimento da matéria-prima: • Lata de folha-de-flandres para operações diversas. • Saco de juta para acondicionamento da castanha classificada. • Agulha e barbante para costura de saco. • Estrado de madeira para empilhamento de sacos de castanha. • Balança para pesagem da castanha. • Lona para cobertura da castanha na secagem e no armazenamento. • Empilhadeira para operação de carga e descarga da castanha. • Carro de mão, pá, monobloco e caixas. No cozimento da castanha: • Carro de mão para carga e descarga da castanha. • Luva de amianto para a operação de descarga da castanha autoclavada. • Cavalete para auxílio na operação de carga da autoclave ou cozedor. • Saco de juta ou estopa. • Combustível tipo gás de cozinha ou lenha para alimentação das autoclaves. • Extintor, fósforo e água. No corte da castanha: • Estilete para retirada da amêndoa. • Óleo vegetal para proteção do operário. • Estopa para limpeza da bancada de corte. • Esmeril para afiar laminas de corte de castanha. • Monobloco para separação da casca. • Jogo de chaves. • Colírio, álcool e quite de primeiros-socorros. • Óculos protetores. Na seleção e na classificação da amêndoa beneficiada: • Balança para pesagem da amêndoa. • Estilete para operação da despeliculagem manual. • Álcool para limpeza das bancadas. 105 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra • Bacia de plástico para separação de amêndoas classificadas. • Luvas, batas e toucas para uso dos operários. • Saco aluminizado para acondicionamento de amêndoas classificadas. • Bombona de plástico para acondicionamento de amêndoas. • Caderneta para anotações diversas. Na fritura, centrifugação e embalagem: • Óleo vegetal ou gordura hidrogenada para fritura das amêndoas. • Balança para pesagem das amêndoas. • Luvas, batas e toucas para os operários. • Saco aluminizado para acondicionamento de amêndoas fritas. • Lata sanitária de folha-de-flandres para acondicionamento das amêndoas. • Gás de cozinha para fritura de amêndoas. • Etiquetas, sacos de plástico e fita gomada. • Sal de cozinha. Para a área de apoio administrativo: • Microcomputador com impressora. • Aparelho de telefone e fax. • Armário e arquivo para documentos gerais. • Mostruário dos tipos de amêndoas produzidos pela fábrica. • Cadeiras, armários, mesas e birôs. • Material de expediente e de uso nos setores da fábrica. Como você verá na Tabela 2, na página ao lado, o investimento fixo de uma pequena agroindústria de amêndoas de caju, com uma produção anual de 12.096 kg de amêndoas – que é o caso do primeiro exemplo do nosso estudo – está estimado em R$ 39.861,00, incluindo os custos de construção do galpão de 60 m² onde será instalada a fábrica. Para calcu- lar o custo de construção do galpão, consideramos o valor de R$ 450,00 o metro quadrado. Caso o empreendedor disponha do imóvel ou em vez de construir prefira alugá-lo, o valor do investimento fixo cai para R$ 9.238,00. Mas, atenção! Caso você faça a opção pelo aluguel, é necessário incluir o custo da locação do imóvel nos custos fixos do empreendimento, que veremos mais na frente. Acompanhe, na Tabela 2, quais são os investimentos físicos necessários para a instalação de agroindústrias em cada um dos casos que estamos usando como exemplo. 106 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira 107 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra Tabela 2. Investimento físico. Caso 1 Caso2 Caso 3 Qtd. R$1,00 Qtd. R$1,00 Qtd. R$1,00 1 Máquinas e equipamentos 1.2 Classificador de castanha in natura, 1 993 1 993 1 1.200 capacidade operacional 300 kg/h, nos tamanhos 18 a 25 e de 26 ao tamanho gigante, sistema contínuo manual, confeccionado em chapa furada, de acordo com os tamanhos acima dimensionados, montado sobre estrutura em cantoneiras. 1.3 Vaso cozedor, confeccionado em chapa de 1 882 1 882 2 1.764 ferro, aquecido a gás e resistência elétrica, possuindo na parte lateral um nível de água e uma válvula para limpeza. 1.4 Autoclave para cozimento das castanhas, 1 680 1 680 2 1.362 confeccionado em chapa, com capacidade para 40 kg em 25 minutos por operação. 1.5 Umidificador, confeccionado em 1 680 1 680 1 680 chapa zincada, comportando 4 bandejas, com capacidade operacional de 14 kg de amêndoas a cada 5 minutos. 1.6 Despeliculador rotativo contínuo manual, 1 937 1 937 1 937 para despeliculagem das amêndoas, com capacidade operacional de 50 kg/h. 1.7 Estufa metálica para secagem das 1 2.041 3 6.123 6 12.246 amêndoas aquecida a gás, comportando por operação 42 kg/amêndoas a cada 6 horas, com estrutura em metalon, revestida em chapa preta na parte interna e externa, com isolamento em lã de rocha, controlador de temperatura (termômetro), acendedor automático (elétrico), comportando 12 bandejas confeccionada em cantoneira e tela galvanizada malha 4 x 20 mm com capaci- dade individual para 3,5 kg de amêndoas. 1.8 Suporte para bandejas, confeccionado 1 270 3810 6 1.620 em metalon e cantoneira, com capacidade para 12 bandejas. Item Discriminação 108 Tabela 2. Continuação. Caso 1 Caso 2 Caso 3 Qtd. R$1,00 Qtd. R$1,00 Qtd. R$1,00 1.9 Máquina manual de corte da castanha, 2 397 6 1.191 10 1.985 confeccionada em ferro fundido, com navalhas de corte em aço, pedal e maçaneta. 1.10 Bancada dupla metálica, com capacidade 1 520 3 1.559 5 2.599 para duas máquinas manuais, confeccionadas em cantoneira de 1/8 x1 polegada e chapa de ferro preto. 1.11 Conjunto para fritura das amêndoas, 1 1.588 1 1.588 1 1.800 composto de 1 fritador GLP e uma centrífuga motorizada para secagem das amêndoas, com estrutura em cantoneiro. 1.12 Máquina seladora para embalagens de 1 250 1 250 1 450 plástico até 30 cm. 2 Soma 9.238 15.693 26.643 3 Obras civis Construção de galpão 60 m2 27.000 90 m2 40.500 120 m2 54.000 4 Subtotal 36.238 56.193 80.643 5 Reserva técnica (10%) 3.623 5.619 8.064 6 Total geral 39.861 61.812 88.707 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira Item Discriminação Capítulo 3 Materiais Diretos e Mão-de-obra Direta No vocabulário dos negócios, materiais diretos são a matéria-prima e todos os demais insumos utilizados nos vários estágios do processo de fabricação de um produto, até a embalagem em que ele vai chegar ao consumidor final. No caso da amêndoa de caju, é a castanha in natura, o óleo para proteção e fritura, o álcool, a estopa, a água sanitária, o sal e a embalagem, formam a lista dos materiais diretos. Já mão-de-obra direta são os recursos humanos que estão diretamente envolvidos no processo de produção. 109 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra A qualidade de seu produto começa no cajueiro Antes de colocar os números no papel e iniciar os cálculos dos custos dos materiais diretos, o empreendedor que pretenda se dedicar ao processa- mento da castanha de caju deve estar consciente de que está entrando num mercado altamente competitivo onde o consumidor exige alto padrão de qualidade. O Brasil, como um todo, assim como cada empresário do ramo, de maneira particular, precisa enfrentar o desafio de concorrer, no mercado internacional – especialmente na Europa e Estados Unidos, onde estão os maiores importadores e consumidores do produto – com a castanha de caju da Índia, de alguns países da África e recente- mente da Tailândia, do Vietnã e da Indonésia, que implantaram, nos últi- mos anos, vastas áreas de plantio de cajueiros e estão entrando com força no mercado de castanha, o que tem acelerado a corrida rumo à melhor qualidade por menor preço. Embora não tão rigorosos como os europeus e americanos, que valorizam sobremaneira a aparência e o tamanho das amêndoas, as exigências por qualidade também crescem no mercado interno na mesma proporção em que cresce a demanda pelo produto especialmente nas faixas de consumidores de maior poder aquisitivo. E pelas regras básicas de mercado, quem não atender às exigências do con- sumidor ficará fora desse mercado. Você descobriu por que fizemos, aqui, este parêntese? Porque a qualidade do produto final estará praticamente definida na hora da compra da matéria-prima. É elementar! E nós usamos a palavra "praticamente" porque um processamento mal feito pode estragar uma excelente matéria-prima. Mas não há tecnolo- gia ou processo de produção capaz de transformar um fruto ruim em amêndoa de boa qualidade. Seria alguma coisa parecida com o que Jesus Cristo fez com o vinho naquela festa de casamento. Mas como a nós não foi dado o dom de fazer milagres, é preciso muito cuidado no momento de escolher o fornecedor. Não é exagero dizer que seu suces- so depende dele. Além da qualidade da matéria-prima, é importante que seu fornecedor garanta constância no fornecimento, sob pena de você ser obrigado a interromper sua produção. Idoneidade e confiabilidade são requisitos básicos de quem quer que você escolha para lhe fornecer castanha in natura. Como já vimos anteriormente, o consumo da castanha in natura é igual a, aproximadamente, cinco vezes o volume de amêndoas que você vai 110 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira produzir. Sabendo disso, não é difícil calcular a quantidade de matéria-prima na hora de realizar o plano de viabilidade financeira desse tipo de agroindústria. O mesmo não se pode dizer dos valores, que variam de acordo com a época do ano e a safra disponível. Para realizar a análise financeira nos três casos que estamos utilizan- do como exemplo nesta publicação, os preços foram baseados naqueles que estavam sendo praticados em setembro de 2001, em Fortaleza, CE, que era de R$ 0,60 por quilo da castanha in natura. Assim, para calcular, por exemplo, o custo anual da matéria-prima (castanha in natura), necessária para produzir 42 kg de amêndoas por dia (como no Caso 1 do nosso estudo) serão necessários 200 kg de castanha por dia. Anualmente, serão necessários 57.600 kg (200 kg x 24 dias x 12 meses). Multiplicando-se a quantidade anual da matéria-prima (57.600 kg) pelo preço de mercado (R$0,60), encontramos o custo anual da matéria-prima (R$ 34.560,00). De acordo com as informações levantadas em diversas agroindús- trias de amêndoas de caju, também na Região de Fortaleza – uma das principais produtoras do País – o custo dos materiais secundários – óleo, álcool, gás liqüefeito, estopa, água sanitária e embalagem – equivale a 15% do valor da matéria-prima, o que, considerando os valores de setembro de 2001, correspondem a R$ 0,09 para cada quilo de castanha a ser processado. Na Tabela 3, você pode acompanhar o cálculo do custo anual dos materiais diretos em cada um dos três casos que estamos utilizando como exemplo. 111 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra Caso 1 Caso 2 Caso 3 Quantidade R$ 1,00 Quantidade R$ 1,00 Quantidade R$ 1,00 1 Castanha in natura 57.600 34.560 144.000 86.400 288.000 172.800 2 Outros materiais 5.184 12.960 25.920 (óleo de proteção, álcool, estopa, água sanitária, embalagem, gás liqüefeito, etc.) 3 Total 57.600 39.744 144.000 99.360 288.000 198.720 Tabela 3. Custo anual dos materiais diretos. Item Discriminação Quanto custa manter sua equipe Como em qualquer empresa, os recursos humanos são fundamentais para o sucesso de uma agroindústria de amêndoas de caju. É claro que nesse tipo de negócio, você não sofrerá com um problema muito comum em outras atividades industriais, que é a falta de mão-de-obra qualifica- da, já que você não necessitará de profissionais de alto nível, mas de operários que poderão ser treinados na própria fábrica. O que não diminui a importância do seu quadro de pessoal nem o cuidado que você deve ter, tanto na hora da contratação, quanto na manutenção da equipe. Você verá que, neste capítulo, não trataremos de todos os funcionários da sua empresa, mas apenas daqueles que trabalham diretamente no setor de produção. Essa divisão pode ser uma novidade para você, mas é feita para permitir um melhor planejamento e administração da empresa. Isso porque o trabalho dos operários está diretamente relacionado ao volume de produção de uma agroindústria, o que não acontece com o pessoal que trabalha na área administrativa. Uma secretária, por exemplo, tra- balha oito horas por dia, quer a agroindústria esteja produzindo 100 ou 100 mil kg de amêndoas. É dos operários, ou dos funcionários que trabalham diretamente na área de produção, que estamos tratando neste capítulo. Eles compõem o que cha- mamos de mão-de-obra direta de uma agroindústria de amêndoas de caju. As atividades desses operários são bastante simples: secagem da casta- nha em quadras de cimento ou terreiros; limpeza, na hora da armazenagem, as castanhas devem estar limpas, livres de folhas, pedún- culo e outras impurezas; classificação, ou seja, seleção das castanhas por tamanho; e outros serviços rotineiros. Existem duas atividades na área de produção que requerem treinamento: corte da castanha para a retirada da amêndoa e despeliculagempara eliminação por raspagem manual de parte da película que permaneceu na amêndoa. Geralmente, essas atividades são executadas por mulheres, que têm um jeito mais suave de trabalho. Entretanto, isso não descarta o homem desse tipo de serviço. É importante observar que a experiência e a prática, adquiridas dentro da própria fábrica, podem melhorar consideravelmente os índices de produ- tividade dos operários das agroindústrias de amêndoas de caju. Por isso, o empresário deve empenhar-se em manter sua equipe proporcionando um bom ambiente de trabalho e investindo na satisfação pessoal e na qualidade de vida de cada um dos seus funcionários. Isso não só faz parte apenas 112 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira de suas funções sociais, mas é também essencial para o desempe- nho da agroindústria. Considerando-se que uma dupla de cortadeira e tiradeira, com pouca habilidade, produza, em média, 21 kg de amêndoas por dia, para o Caso 1, por exemplo, serão necessárias duas duplas de cor- tadeiras e tiradeiras para fabricarem os 42 kg de amêndoas por dia (21 kg x 2). Além desses profissionais, são necessários mais três operários para executar as outras atividades da área de produção e um gerente de produção responsável pela coordenação de todas as atividades de produção da fábrica. O salário mensal desse pessoal varia de região para região. Consideramos, para efeito do nosso estudo, o salário mensal de R$ 200,00 correspondente a um salário mínimo, para as cortadeiras e tiradeiras e R$ 240,00, ou seja, um salário mínimo mais 20% para operários semi-especializados. Além do salário propriamente dito, são incluídos nos custos da mão- de-obra direta, os encargos sociais. Para calcular os encargos sociais, utilizamos o porcentual de 74,80%. Este índice é composto das seguintes contribuições: 113 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra É importante informar que alguns destes índices são variáveis como o número de faltas justificadas, o índice de rotatividade dos emprega- dos, das férias, do número de feriados por ano, do índice de acidente de trabalho e de auxílio-doença, entre outros. Contribuição da empresa 20,00% FGTS 8,00% Sesc 1,50% Senac 1,00% Incra 0,20% SEBRAE 0,03% Salário-educação 2,50% Seguro Acidente de Trabalho 2,00% Férias 13,67% Feriados 4,00% Auxílio-enfermidade 0,60% Aviso prévio 1,20% Faltas justificadas 3,00% 13º salário 12,20% Dispensa sem justa causa 4,90% Total 74,80% Na Leitura Complementar desta parte, apresentamos um estudo completo sobre os encargos sociais que incidem sobre a folha de pagamento. Veja, na Tabela 4, a seguir, o custo anual da mão-de-obra direta. 114 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira Tabela 4. Custo anual da mão-de-obra direta. Caso 1 Caso 2 Caso 3 Qtd. R$ 1,00 Qtd. R$ 1,00 Qtd. R$ 1,00 1 Cortadeiras 2 4.800 4 9.600 7 16.800 2 Tiradeira 2 4.800 4 9.600 7 16.800 3 Operários 1 2.880 1 2.880 3 8.640 4 Soma 5 12.480 9 22.080 17 42.240 5 Encargos sociais – 9.335 – 16.516 – 31.596 6 Total 5 21.815 9 38.596 17 73.836 Item Discriminação Capítulo 4 Custos Fixos Acompanhando este estudo, você já definiu o volume anual de produção de amêndoas de caju, o investimento físico que terá que fazer para concretizar sua produção, a quantidade e o custo anual de matéria-prima e de materiais secundários necessários ao volume de produção previsto, e à composição do custo da mão-de-obra direta. Agora, vamos saber quanto vai custar a manutenção da agroindústria de amêndoa de caju, isto é, os custos fixos, como são conhecidos, em linguagem técnica, esses gastos. 115 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra O dia-a-dia da sua indústria O custo de manutenção de uma agroindústria de amêndoa de caju, ou seja, os custos fixos, são aqueles custos que não estão associados às quan- tidades de produtos fabricados, mantendo-se dentro de um mesmo patamar independentemente do aumento ou da queda da produção ou das vendas. Esses custos ocorrem mesmo que a empresa não venda ou produza nenhum bem, sendo necessários para a manutenção do negócio em funcionamento, daí serem também denominados de custos de fun- cionamento ou de custos de estrutura. Geralmente, os custos fixos são compostos pelos salários e pelos encargos sociais do pessoal administrativo (secretárias, contínuos, vigilantes, gerente-administrativo, etc); dos gastos com locação do imóvel e respec- tivas taxas; tarifas de água e de telefone; energia elétrica, quando se trata de uma pequena empresa cujo gasto com essa conta não sofre flutu- ações, pois geralmente paga a tarifa mínima; retirada de pró-labore dos sócios; materiais de limpeza e de conservação; combustíveis e lubrifi- cantes; transporte; serviços de terceiros; serviços profissionais; honorários contábeis; depreciação dos equipamentos; etc. Para fins do nosso estudo, que se baseia em três exemplos típicos de negócios de micro e pequeno portes, utilizamos uma média de valores para os custos fixos, já que eles variam muito de região para região. Eles dependem também do estilo gerencial que o empresário imprime no seu negócio e do nível de simplicidade ou de sofisticação da empresa. Não consideramos os custos relacionados com aluguel do imóvel, uma vez que nos três casos as empresas teriam sede própria. Mas caso sua agroindústria seja montada em imóvel alugado, é necessário prever no quadro dos custos fixos, os gastos com aluguel e taxas. Como você pode observar na Tabela 5, na página ao lado, o que mais pesa nos custos fixos são os custos, do pessoal administrativo e a retirada de pró-labore. Assim, se a empresa puder tocar os negócios sem precisar contratar parte desse pessoal e fazer retiradas dos sócios mais modestas, poderá reduzir bastante esses custos e aumentar o lucro operacional do negócio. Os gastos com depreciação, manutenção e seguros correspondem a um porcentual sobre os custos das obras civis, máquinas e equipamentos, como pode ser observado na Tabela 6, também na página ao lado. 116 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira 117 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra Tabela 5. Custos fixos anuais. Caso 1 Caso 2 Caso 3 Qtd. R$ 1,00 Qtd. R$ 1,00 Qtd. R$ 1,00 1 Pessoal administrativo 1.1 Secretária 1 2.592 1 2.592 1 2.592 1.2 Auxiliar-Administrativo – – 1 2.592 1 2.592 2 Soma 1 2.592 – 5.184 2 5.184 3 Encargos sociais – 1.939 – 3.878 – 3.878 4 Subtotal 1 4.531 2 9.062 3 9.062 5 Gastos administrativos – – – – – – 5.1 Tarifas de água, luz e telefone – 180 – 3.600 – 5.400 5.2 Despesas de manutenção – 360 – 540 – 1.080 5.3 Material de escritório – 180 – 270 – 540 5.4 Limpeza e conservação – 160 – 240 – 360 5.5 Retirada pró-labore – 3.600 – 7.200 – 12.000 5.6 Honorários contábeis – 1.900 – 3.600 – 5.760 5.7 Depreciação – 2.331 – 3.772 – 5.886 5.8 Manutenção – 821 – 1.326 – 2.009 5.9 Seguros – 593 – 954 – 1.473 6 Subtotal – 10.125 – 21.502 – 34.508 7 Total 1 14.656 – 30.564 – 43.570 Tabela 6. Cálculo dos custos de depreciação, manutenção e seguros. Item Discriminação % Caso 1 (R$) Caso 2 (R$) Caso 3 (R$) 1 Depreciação – – – – 1.1 Obras civis 3,5 945 1.418 1.890 1.2 Máquinas e equipamentos 15,0 1.386 2.354 3.996 2 Soma – 2.331 3.772 5.886 3 Manutenção – – – – 3.1 Obras civis 1,5 405 609 810 3.2 Máquinas e equipamentos 4,5 416 707 1.199 4 Soma 821 1.326 2.009 5 Seguros – – – – 5.1 Obras civis 1,0 270 405 540 5.2 Máquinas e equipamentos 3,5 323 549 933 6 Soma – 593 954 1.473 Item Discriminação Capítulo 5 Custos de Produção Só neste ponto do planejamento financeiro é que temos condições de saber qual o custo de produção da nossa agroindústria de amêndoas de caju. Sim, porque ele requer um cálculo mais completo do que grande parte dos empresários iniciantes no ramo industrial supõem. Acompanhe, a seguir, os principais fatores que compõem o custo de produção da nossa agroindústria de amêndoas de caju. 119 Títulodo Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra Custo das amêndoas limpas e torradas É muito freqüente se considerar que os custos de produção de um deter- minado bem são compostos exclusivamente pela matéria-prima e outros materiais utilizados esquecendo-se de agregar àqueles preços outros cus- tos, como o da mão-de-obra direta e os custos fixos. De acordo com especialistas do setor agroindustrial (empresários e técni- cos), muitos negócios como o da amêndoa de caju fecham porque os proprietários não souberam projetar corretamente o que teriam que gas- tar. Há uma tendência muito grande de simplificar. O cidadão pensa que comprando a castanha in natura por "x" e vendendo por "x+y", que é o preço de mercado, está tendo lucro. Para não incorrer no mesmo erro, lembre-se de que o custo de pro- dução (CP) é, por definição, igual à soma dos custos dos materiais dire- tos (MD) com os custos fixos (CF) e os custos da mão-de-obra direta (CMo), (Tabela 7). Assim, se você quiser saber quanto vai lhe custar produzir cada quilo de amêndoas, deve somar esses três itens e dividir o resultado pelo volume de produção (VP), encontrados na Tabela 1 (página 117), ou seja: CP = (CF + CMo + MD) : VP Ao aplicar essa fórmula nos casos dos nossos exemplos, teremos: Caso 1 CP = (R$ 14.656,00 + R$ 21.815,00 + R$ 39.744,00) : 12.096 kg CP = R$ 76.215,00 : 12.096 kg = R$ 6,30 Caso 2 CP = (R$ 30.564,00 + R$ 38.596,00 + R$ 99.360,00) : 30.240 kg CP = R$ 168.520,00 : 30.240 kg = R$ 5,57 Caso 3 CP = (R$ 43.570,00 + R$ 73.736,00 + R$ 198.720,00) : 60.480 kg CP = R$ 316.126,00 : 60.480 kg = R$ 5,23 120 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira Tabela 7. Custos de produção. Caso 1 Caso 2 Caso 3 Unit. Anual Unit. Anual Unit. Anual R$ R$ 1,00 R$ R$ 1,00 R$ R$ 1,00 1 Materiais Diretos 3,29 39.744 3,29 99.360 3,28 198.720 2 Mão-de-obra Direta 1,80 21.815 1,27 38.596 1,23 73.836 3 Custo Fixo 1,21 14.656 1,01 30.564 0,72 43.570 4 Total 6,30 76.215 5,57 168.520 5,22 316.126 Item Discriminação Capítulo 6 Faturamento Anual Você já sabe quanto lhe custa produzir cada quilo de amêndoa de caju embalada e pronta para consumo. Mas isso ainda não é suficiente para definir o preço de venda de seu produto e o seu faturamento. Para tanto, é preciso encontrar o índice de comercialização e a taxa de marcação. Vamos ver como chegamos a tudo isso? 121 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra Vender também tem seu custo Para projetar o faturamento anual de nossa agroindústria, teremos que conhecer os custos de comercialização, calcular a taxa de marcação e o preço de venda de cada quilo de amêndoa de caju. Os custos de comercialização são aqueles relacionados ao processo de comercialização e incidem sobre o faturamento da empresa. Ou melhor dizendo, são aqueles que só ocorrem no momento em que se procede à venda da amêndoa de caju. Esses custos correspondem a porcentuais sobre o preço de venda e a soma desses porcentuais compõem o que chamamos de Índice de Comercialização (IC). Os itens que compõem o IC são, basicamente, os impostos e obrigações que incidem sobre o produto, os custos de distribuição e as comissões sobre as vendas. Esse índice apresenta muitas peculiaridades, diferencian- do-se de empresa para empresa. Primeiro porque os tributos variam de produto para produto e de região para região. Os outros itens, por sua vez, dependem da política de vendas da empresa. Nas empresas industriais, como é o caso de nossa agroindústria de amên- doa de caju, o índice de comercialização é composto, geralmente, dos seguintes itens: ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – Imposto estadual que incidente sobre as operações de venda mercantil. A alíquo- ta varia de acordo com a política estadual. Em muitos estados, ela é de 17%, havendo alguns produtos isentos de tributação ou com alíquotas diferenciadas. Nas compras ou vendas interestaduais, deve-se observar a origem ou destino das mercadorias, pois esse tipo de operação tem alíquotas diferenciadas, dependendo do estado de onde se originam ou para onde estão sendo enviadas. No caso específico deste estudo, vamos considerar a alíquota de 17% para o ICMS. Cofins – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Tributo federal, tem uma alíquota de 3% e incide sobre o total do faturamento da empresa. PIS – Plano de Integração Social. Este tributo federal foi criado com o objetivo de promover uma melhor distribuição de renda no País, já que é recolhido das empresas e distribuído, anualmente, entre os trabalhadores de baixa renda. Sua alíquota é de 0,65% sobre o total do faturamento da empresa. Comissão – Este já é um dos itens que dependem da política de vendas da empresa. Se a empresa é nova e ainda não tem uma carteira de clientes 122 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira significativa, precisará oferecer melhores comissões, porque exigirá mais trabalho do vendedor. Outras empresas, que já fazem volumes razoáveis de vendas e têm clientes certos, podem pagar comissões mais baixas que serão compensatórias ao vendedor. Nos casos dos nossos exemplos, fixamos as comissões de venda em 5%. Divulgação – Este também é um item que depende totalmente da política de vendas da empresa. Não vamos aqui, nos aprofundar no assunto, porque ele já foi tratado em detalhes na Parte 2 deste Volume. No caso do nosso estudo, consideramos o índice de 5%. Acompanhe na Tabela 8, a seguir, os índices de comercialização para os três exemplos de nosso estudo. 123 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra Tabela 8. Índice de comercialização. Item Discriminação Caso 1 (%) Caso 2 (%) Caso 3 (%) 1 ICMS 17,00 17,00 17,00 2 PIS 0,65 0,65 0,65 3 Cofins 3,00 3,00 3,00 4 Comissões 5,00 5,00 5,00 5 Imposto de Renda 15,00 15,00 15,00 6 Divulgação 5,00 5,00 5,00 7 Total 45,65 45,65 45,65 O preço tem que ter medida certa A taxa de marcação (TM) é uma fórmula matemática que permite identificar qual será o preço que o produto deve chegar ao consu- midor final. Essa fórmula utiliza duas informações que você já co- nhece – os custos de produção (CP) e o índice de comercialização (IC) – e um terceiro dado que você terá, agora, que definir: a mar- gem de lucro da sua agroindústria. A margem de lucro (ML) é o porcentual que, incidindo sobre o preço de venda, produz como resultado o lucro operacional do empreendi- mento. Nesse tipo de indústria, a margem de lucro varia bastante, principalmente de acordo com o porte e a política de vendas da empresa. Mas não é só isso que determina qual margem de lucro que iremos adotar. Devemos considerar, também, e com muito cuidado, o preço que está sendo praticado no mercado. Afinal, não adianta que- rer lucrar muito com um produto que depois vai ficar encalhado nos depósitos porque custa muito caro em comparação com outros produtos. Geralmente, os pequenos negócios não praticam a mesma margem de lucro das grandes empresas do ramo, principalmente aquelas que comer- cializam seus produtos no mercado externo. Além disso, é preciso ter flexibilidade para aumentar ou reduzir essa margem de acordo com o mercado, com a concorrência e até mesmo com a necessidade de caixa. A margem de lucro, como você percebeu, também é um importante instrumento de política de vendas de uma empresa, especialmente quando ela trabalha com um setor tão restrito, principalmente em relação à oferta de matéria-prima. Adotamos, para os exemplos de agroindústrias do nosso estudo, uma margem de lucro variável de 15%, 20% e 22%, para os Casos 1, 2 e 3, respectivamente. Conhecido o índice de comercialização e definida a margem de lucro, podemos calcular a taxa de marcação, em duas etapas a saber: 1 – Somando-se os índices de comercialização à margem de lucro. 2 – Aplicando-se a fórmula a seguir, desenvolvida e testada por técnicos do setor empresarial, para o cálculo da taxa de marcação: TM = [100 - (IC + ML)] : 100 Assim, parao primeiro caso do nosso estudo, a taxa de marcação é igual a: TM = [100 - (45,65 + 15,00)] : 100 TM = [100 - 60,65] : 100 TM = 39,35 : 100 TM = 0,3935 Veja na Tabela 9, a seguir, como ficaram as taxas de marcação de cada um dos exemplos do nosso estudo. 124 Tabela 9. Taxa de marcação. Item Discriminação Caso 1 Caso 2 Caso 3 1 Índice de Comercialização 45,65 45,65 45,65 2 Margem de Lucro 15,00 20,00 22,00 3 Taxa de Marcação 0,3935 0,3435 0,3235 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira Veja quanto a sua agroindústria pode lhe render Pesquisando bem o mercado, você verá que existe, no Brasil, uma variação muito grande de preços praticados na comercialização de amêndoas de caju. Essas diferenças se devem, em primeiro lugar, à variação dos preços das matérias-primas, mas estão bastante rela- cionadas, também, aos custos operacionais de cada indústria, ao seu grau de satisfação, à embalagem escolhida e ao mercado para o qual está voltada. De qualquer maneira, praticar preços justos e competitivos e, ao mesmo tempo, obter bom resultado em termos de lucratividade, depende da boa administração da empresa e do bom-senso do empresário, além de informações e projeções corretas. O faturamento de uma empresa não pode ser uma coisa aleatória. O empresário tem que ter em mente, de forma muito clara, quanto é que precisa ganhar vendendo o que produziu. Se, para chegar nesse valor, ele tiver que vender muito mais caro que os concor- rentes, alguma coisa está errada. Se sua amêndoa estiver muito mais barata, ele está deixando de ganhar dinheiro. É claro que sempre existe uma diferença, conforme a qualidade do produto e das exigências do consumidor. Mas existe um parâmetro geral, um preço médio, pelo qual todos têm que se guiar. A projeção do faturamento anual (FA) ou receita operacional de uma agroindústria de amêndoas de caju permite ao empresário adaptar seus preços ao mercado, sem comprometer a lucratividade do negócio. Essa projeção é feita em duas etapas: 1 – Definição do preço unitário de venda (PV): dividindo o custo unitário de produção pela taxa de marcação ( TM ), ou seja: PV = CP : TM 2 – Cálculo do faturamento anual (FA): multiplicando-se o volume de produção anual (VP) de amêndoas pelo preço unitário de venda (PV), isto é: FA = VP x PV Acompanhe, na Tabela 10 (na página seguinte), como ficou o fatu- ramento anual de cada um dos exemplos de nosso estudo. 125 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra 126 Tabela 10. Faturamento anual. Item Discriminação Caso 1 Caso 2 Caso 3 1 Índice de Comercialização 45,65 45,65 45,65 2 Margem de Lucro 15,00 20,00 22,00 3 Taxa de Marcação 0,3935 0,3435 0,3235 4 Custo Unitário de Produção 6,30 5,57 5,22 5 Preço Unitário de Venda 16,01 16,22 16,14 6 Produção Anual de Amêndoa 12.096 30.240 60.480 7 Faturamento anual R$ 193.657,00 R$ 490.493,00 R$ 976.147,00 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira Capítulo 7 Resultados e Investimentos Nesta fase da análise financeira de nossa agroindústria de amêndoa de caju, podemos avaliar, com objetividade, qual será o resultado do negócio que estamos projetando e quanto vai custar sua implantação. Vamos saber, seguramente, se o que vamos faturar é o suficiente para cobrir todo e qualquer custo da empresa e ainda dar um lucro que atenda às nossas expectativas. Afinal, o objetivo de qualquer empresa é o lucro para seus proprietários. Do contrário, não seria empresa. 127 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra Analise a empresa que você vai montar Como você vai acompanhar, a planilha dos "resultados operacionais" utiliza todas as informações já obtidas neste planejamento financeiro, à exceção dos investimentos físicos, que não são considerados neste momento. Assim, para montar o quadro de resultados, temos de transcrever os dados que apuramos até aqui: o faturamento anual; os custos variáveis compos- tos dos custos anuais da matéria-prima, materiais secundários da mão-de- obra direta e de comercialização. Como até agora só conhecemos o índice de comercialização de 45,65% que encontramos na Tabela 8, devemos cal- cular o seus valores em Real. Para tanto, basta aplicar este porcentual sobre o faturamento anual. Assim, no Caso 1, o custo de comercialização é igual a 45,65% de R$ 193.657,00, ou seja, R$ 88.404,00. Depois, transcrevemos na tabela, os valores dos custos variáveis para cada caso e calculamos o custo total, adicionando a esses valores a soma dos custos fixos. Para o primeiro caso do nosso exemplo, o custo total é igual a R$ 149.663,00 mais R$ 14.656,00 igual a R$ 164.619,00. Deduzindo da receita operacional o custo total, encontramos o lucro operacional, que no Caso 1 é igual a R$ 29.038,00, resultado da diferença entre R$ 193.657,00 menos R$ 164.619,00. Mas esse ainda não é o dinheiro que vai retornar, na forma de ganho, ao empreendedor. Dele ainda terão que ser descontados 10% relativos à Contribuição Social sobre o lucro e depois deduzidos 3% no Caso 1, 3,5% no Caso 2 e 4,5% no Caso 3, referentes ao Imposto de Renda. O resulta- do, este sim, será o lucro líquido. Assim, para o primeiro caso, a operação é a seguinte: 10% de R$ 29.038,00 é igual a R$ 2.904,00. Deduzindo-se este valor (R$ 2.904,00) do lucro operacional (R$ 29.038,00) obtemos o subtotal de R$ 26.134,00. Depois, aplicando-se a alíquota de 3% sobre o subto- tal (R$ 26.134,00) obtemos o valor de R$ 784,00 referente ao Imposto de Renda. Deduzindo-se este valor do subtotal, obtemos um lucro líquido de R$ 25.350,00. A margem de contribuição é encontrada pela diferença entre a receita operacional e a soma dos custos variáveis, ou seja, no primeiro caso é igual a R$ 193.657,00 menos R$ 149.963,00 igual a R$ 43.694,00. Finalmente, calculamos o ponto de equilíbrio, que é a relação porcentual entre o custo fixo e a margem de contribuição. No Caso 1, por exemplo, o 128 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira 129 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra ponto de equilíbrio é igual a (R$ 14.656,00: R$ 43.694,00) x 100 o que resulta em 34%. Aplicando-se este porcentual sobre a receita operacional, temos o valor de R$ 63.952,00. A análise dos resultados, que você verá a seguir, indica que os valores do lucro operacional dos Casos 1, 2 e 3 de 15%, 20% e 22%, respectivamente, são excelentes. E eles podem melhorar ainda mais, à medida que as vendas cresçam e os custos fixos se reduzam. Outros dois fatores que influenciam o resultado da empresa são o custo de aquisição dos materiais diretos e o custo de comercializa- ção. Assim, se a empresa conseguir negociar com seus fornecedores condições mais adequadas de compra e reduzir alguns índices de comercialização – como as comissões e verba de publicidade – ela pode apresentar um resultado bem mais satisfatório. O ponto de equilíbrio indica que a empresa do Caso 1, por exemplo, deve vender pelo menos 34% da sua produção para "empatar", ou seja, quando a agroindústria realizar vendas abaixo desse índice, estará tendo prejuízo. Ao contrário, quando a empresa conseguir vender acima do ponto de equilíbrio, ela estará tendo lucro. Confira na Tabela 11, os resultados operacionais dos nossos exemplos. Tabela 11. Resultados anuais Caso 1 Caso 2 Caso 3 R$1,00 % R$1,00 % R$1,00 % 1 Faturamento anual 193.657 100 490.493 100 976.147 100 2 Custos Variáveis – – – – – – 2.1 Materiais Diretos 39.744 20 99.360 21 198.720 21 2.2 Mão-de-obra Direta 21.815 11 38.596 8 73.836 7 2.3 Comercialização 88.404 46 223.910 45 445.611 47 3 Soma 149.963 77 361.866 74 718.167 74 4 Custos Fixos 14.656 8 30.564 6 43.570 4 5 Custos Totais 164.619 85 392.430 80 767.737 78 6 Lucro Bruto 29.038 15 98.063 20 214.410 22 7 Contribuição Social 2.904 – 9.806 – 21.441 – 8 Subtotal (6 - 7) 26.134 – 88.257 – 192.969 – 9 Imposto de Renda 784 – 3.089 – 8.683 – 10 Lucro Líquido (8 - 9) 25.350 – 85.168 – 184.286 – 11Margem de Contribuição 43.694 – 128.627 – 257.980 12 Ponto de Equilíbrio – 34 – 24 – 24 13 Lucratividade – 13 – 17 – 19 Item Discriminação Quanto vai lhe custar seu negócio? Já fizemos todas as contas necessárias para calcular a quantia que vamos precisar para montar nossa agroindústria de amêndoas de caju. O inves- timento inicial é composto, basicamente, do investimento físico mais o investimento financeiro. Considera-se investimento financeiro ou capital de giro, os recursos necessários para a aquisição do estoque inicial, para o pagamento dos primeiros custos administrativos (custos fixos) e da folha de pagamento (custos da mão-de-obra direta) e de despesas diversas, como registro e regularização da empresa, publicidade e marketing, e outras que não foram previstas. No caso de nossa agroindústria, o investimento financeiro deve dar cober- tura aos custos relativos ao estoque inicial de matéria-prima e materiais secundários previstos para três meses de produção, as despesas com a mão-de-obra direta e com os custos fixos, também para os primeiros três meses de funcionamento da empresa e os custos de comercialização, estes para o primeiro mês de funcionamento. Além disso, foram previstas verbas para registro e regularização da empresa, promoção da campanha publicitária para o desenvolvimento e lançamento do produto no merca- do e diversos, para dar cobertura a outras despesas que não foram pre- vistas no quadro de investimento inicial. Com esses dados, podemos calcular o tempo de retorno do investimento inicial. Ou seja, em quanto tempo iremos recuperar o investimento inicial que empregamos no negócio. Descobre-se dividindo-se o investimen- to inicial pelo lucro líquido anual que encontramos na Tabela 12. No primeiro caso, por exemplo, o retorno do dinheiro investido acontecerá dentro de 3 anos. O tempo de retorno foi encontrado dividindo-se o investimento inicial (R$75.869,00), pelo lucro líquido (R$25.350,00). Confira, na Tabela 12, na página ao lado, como o investimento físico do Caso 1 representa 53% do investimento inicial, o investimento financeiro 34% e outros custos 13%. Assim, se conseguirmos preços e prazos com nossos fornecedores, o que não é fácil no início do negócio, a necessidade de investimento financeiro ou capital de giro fica reduzida. Além disso, pode-se minimizar a necessi- dade de capital, economizando-se na compra de equipamentos e de instalações ou alugando-se o imóvel onde irá funcionar a empresa em vez de construir a sede própria. 130 Castanha de Caju 3 SÉRIE AGRONEGÓCIOS Parte - 3 Análise Financeira Uma boa negociação com fornecedores e economia na compra do investimento físico resulta também num maior lucro operacional e na redução do tempo de retorno. 131 Título do Capítulo Pa rt e 3 – A ná lis e Fi na nc ei ra Tabela 12. Investimento inicial. Item Discriminação Caso 1 Caso 2 Caso 3 R$ 1,00 % R$ 1,00 % R$ 1,00 % 1 Investimento Fixo 1.1 Máquinas e Equipamentos 9.238 12 15.693 11 26.643 11 1.2 Obras Civis 27.000 36 40.500 29 54.000 23 1.3 Reserva Técnica 3.623 5 5.619 4 8.064 3 2 Soma 39.861 53 61.812 44 88.707 38 3 Capital de Giro 3.1 Materiais-Diretos 9.936 13 24.840 18 49.680 21 3.2 Mão-de-obra Direta 5.453 7 9.649 6 18.459 7 3.3 Custo Fixo 3.664 5 7.641 6 10.892 5 3.4 Custos de Comercialização 7.155 9 18.257 13 36.283 15 4 Soma 26.208 34 60.387 43 115.314 48 5 Outros Custos 5.1 Registro e Regularização 1.800 2 3.000 2 5.000 2 5.2 Publicidade 5.000 7 10.000 7 20.000 9 5.3 Diversos 3.000 4 5.000 4 8.000 3 6 Soma 9.800 13 18.000 13 33.000 14 7 Total 75.869 100 140.199 100 237.021 100 8 Tempo de Retorno (anos) 3,0 ano 1,6 ano 1,3 ano Endereços da Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Parque Estação Biológica – PqEB Av. W/3 Norte (final) – Edifício-Sede 70770-901 – Brasília, DF Fone: (61) 448-4433 Fax: (61) 347-1041 presid@sede.embrapa.br Assessoria de Comunicação Social – ACS Parque Estação Biológica – PqEB s/nº - Edifício-Sede 70770-901 – Plano Piloto – Brasília, DF Fone: (61) 448-4207 Fax: (61) 347-4860 chefia.acs@embrapa.br Unidades Descentralizadas Embrapa Acre Rodovia BR-364, Km 14 Caixa Postal: 321 69908-970 – Rio Branco, AC Fone: (68) 212-3200 Fax: (68) 212-3284 www.cpafac.embrapa.br sac@cpafac.embrapa.br Embrapa Agrobiologia Rodovia BR 465, Km 47 Caixa Postal: 74.505 23851-970 – Seropédica, RJ Fone: (21) 2682-1500 Fax: (21) 2682-1230 www.cnpab.embrapa.br sac@cnpab.embrapa.br Embrapa Agroindústria de Alimentos Av. das Américas, 29.501 – Guaratiba 23020-470 – Rio de Janeiro, RJ Fone: (21) 2410-7400 Fax: (21) 2410-1090 www.ctaa.embrapa.br sac@ctaa.embrapa.br Embrapa Agroindústria Tropical Rua Dra. Sara Mesquita, 2.270 – Pici 60511-110 – Fortaleza, CE Título do Capítulo Fone: (85) 299 1800 Fax: (85) 299 1803 www.cnpat.embrapa.br sac@cnpat.embrapa.br Embrapa Agropecuária Oeste Rodovia BR 163, Km 253,6 Caixa Postal: 661 79804-970 – Dourados, MS Fone: (67) 425-5122 Fax: (67) 425-0811 www.cpao.embrapa.br sac@cpao.embrapa.br Embrapa Algodão Rua Oswaldo Cruz,1.143 – Centenário 58107-720 – Campina Grande, PB Fone: (83) 341-3608 Fax: (83) 322-7751 www.cnpa.embrapa.br sac@cnpa.embrapa.br Embrapa Amapá Rodovia Juscelino Kubitschek, Km 5 Caixa Postal: 10 68903-000 – Macapá, AP Fone: (96) 241-1551 Fax: (96) 241-1480 www.cpafap.embrapa.br sac@cpafap.embrapa.br Embrapa Amazônia Ocidental Rodovia AM 010, Km 29 Estrada Manaus – Itacoatiara Caixa Postal: 319 69011-970 – Manaus, AM Fone: (92) 621-0300 Fax: (92) 621-0322 www.cpaa.embrapa.br sac@cpaa.embrapa.br Embrapa Amazônia Oriental Trav. Dr. Enéas Pinheiro s/nº – Marco 66095-100 – Belém, PA Fone: (91) 276-6333 Fax: (91) 276-0323 www.cpatu.embrapa.br sac@cpatu.embrapa.br Embrapa Arroz e Feijão Rodovia Goiânia – Nova Veneza, Km 12 Caixa Postal: 179 75375-000 – Santo Antônio de Goiás, GO Fone: (62) 533-2110 Fax: (62) 533-2100 www.cnpaf.embrapa.br sac@cnpaf.embrapa.br Embrapa Café Parque Estação Biológica – PqEB s/nº Edifício-Sede, Sala 321 70770-901 – Plano Piloto – Brasília, DF Fone: (61) 448-4378 Fax: (61) 448-4425 www.embrapa.br/cafe sac.cafe@embrapa.br Embrapa Caprinos Estrada Sobral – Groaíras, Km 4 (Fazenda Três Lagoas) Caixa Postal: D-10 62011-970 – Sobral, CE Fone: (88) 677-7000 Fax: (88) 677-7055 www.cnpc.embrapa.br sac@cnpc.embrapa.br Embrapa Cerrados BR 020, Km 18 – (Brasília – Fortaleza) 73301-970 – Planaltina, DF Fone: (61) 388-9898 Fax: (61) 389-9879 www.cpac.embrapa.br sac@cpac.embrapa.br Embrapa Clima Temperado Rodovia BR 392, Km 78 Cxaixa Postal: 403 96001-970 – Pelotas, RS Fone: (53) 275 8100 Fax: (53) 275-8221 www.cpact.embrapa.br sac@cpact.embrapa.br Título do Capítulo Embrapa Florestas Estrada da Ribeira, Km 111 Caixa Postal: 319 83411-000 – Colombo, PR Fone: (41) 666-1313 Fax: (41) 666-1276 www.cnpf.embrapa.br sac@cnpf.embrapa.br Embrapa Gado de Corte Rodovia BR 262, Km 4 Caixa Postal: 154 79002-970 – Campo Grande, MS Fone: (67) 368-2000 Fax: (67) 368-2150 www.cnpgc.embrapa.br sac@cnpgc.embrapa.br Embrapa Gado de Leite Rua Eugênio do Nascimento, 610 – Dom Bosco 36038-330 – Juiz de Fora, MG Fone: (32) 3249-4700 Fax: (32) 3249-4701 www.cnpgl.embrapa.br Embrapa Hortaliças Rodovia BR 060, Km 9 (Brasília – Goiânia) Caixa Postal: 218 Fazenda Tamanduá 70359-970 – Brasília, DF Fone: (61) 385-9000 Fax: (61) 556-5744 www.cnph.embrapa.br sac.hortalicas@embrapa.br Embrapa Informação Tecnológica Parque Estação Biológica – PqEB Av. W/3 Norte (final) 70770-901– Brasília, DF Fone: (61) 448-4162 Fax: (61) 272-4168 www.sct.embrapa.br sac@sct.embrapa.br Embrapa Informática Agropecuária Cidade Universitária Zeferino Vaz Campus da Unicamp – Barão Geraldo Caixa Postal: 6041 13083-970 – Campinas, SP Fone: (19) 3789-5700 Fax: (19) 3789-5711 www.cnptia.embrapa.br sac@cnptia.embrapa.br Embrapa Instrumentação Agropecuária Rua XV de Novembro, 1452 – Centro 13561-160 – São Carlos, SP Fone: (16) 274-2477 Fax: (16) 272-5958 www.cnpdia.embrapa.br sac@cnpdia.embrapa.br Embrapa Mandiocae Fruticultura Rua Embrapa, s/nº 44380-000 – Cruz das Almas, BA Fone: (75) 621-8000 Fax: (75) 621-1118 www.cnpmf.embrapa.br sac@cnpmf.embrapa.br Embrapa Meio Ambiente Rodovia SP 340, Km 127,5 Tanquinho Velho Caixa Postal: 69 13820-000 – Jaguariúna, SP Fone: (19) 3867-8700 Fax: (19) 3867-8740 www.cnpma.embrapa.br sac@cnpma.embrapa.br Embrapa Meio-Norte Av. Duque de Caxias, 5.650 Bairro Buenos Aires Caixa Postal: 1 64006-220 – Teresina, PI Fone: (86) 225-1141 Fax: (86) 225-1142 www.cpamn.embrapa.br sac@cpamn.embrapa.br Embrapa Milho e Sorgo Rodovia MG 424, Km 65 Caixa Postal: 151 Título do Capítulo 35701-970 – Sete Lagoas, MG Fone: (31) 3779-1000 Fax: (31) 3779-1088 www.cnpms.embrapa.br sac@cnpms.embrapa.br Embrapa Monitoramento por Satélite Av. Dr. Júlio Soares de Arruda, 803 Parque São Quirino 13088-300 – Campinas, SP Fone: (19) 3256-6030 Fax: (19) 3254-1100 www.cnpm.embrapa.br sac@cnpm.embrapa.br Embrapa Transferência de Tecnologia Parque Estação Biológica – PqEB Edifício-Sede – Térreo 70770-901 – Plano Piloto – Brasília, DF Fone: (61) 448-4522 Fax: (61) 347-9668 www.embrapa.br/snt/ sac.snt@embrapa.br Embrapa Pantanal Rua 21 de Setembro, 1880 Caixa Postal: 109 79320-900 – Corumbá, MS Fone: (67) 233-2430 Fax: (67) 233-1011 www.cpap.embrapa.br sac@cpap.embrapa.br Embrapa Pecuária Sudeste Rodovia Washington Luiz, Km 234 Caixa Postal: 339 13560-970 – São Carlos, SP Fone: (16) 261-5611 Fax: (16) 261-5754 www.cppse.embrapa.br sac@cppse.embrapa.br Embrapa Pecuária Sul Rodovia BR 153, Km 595 Caixa Postal: 242 Vila Industrial – Zona Rural 96400-970 – Bagé, RS Fone: (53) 242-8499 Fax: (53) 242-4395 www.cppsul.embrapa.br sac@cppsul.embrapa.br Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Parque Estação Biológica – PqEB Av. W5 Norte (final) 70770-900 – Brasília, DF Fone: (61) 448-4700 Fax: (61) 448-3624 www.cenargen.embrapa.br sac@cenargen.embrapa.br Embrapa Rondônia Rodovia BR 364, Km 5,5 Caixa Postal 406 78970-900 – Porto Velho, RO Fone: (69) 216-6500 Fax: (69) 216-6543 www.cpafro.embrapa.br sac@cpafro.embrapa.br Embrapa Roraima BR-174, Km 8 – Distrito Industrial Caixa Postal: 133 69301-970 – Boa Vista, RR Fone: (95) 626-7125 Fax: (95) 626-7104 www.cpafrr.embrapa.br sac@cpafrr.embrapa.br Embrapa Semi-Árido Rodovia BR 428, Km 152 – Zona Rural Caixa Postal: 23 56300-970 – Petrolina, PE Fone: (87) 3862-1711 Fax: (87) 3862-1744 www.cpatsa.embrapa.br sac@cpatsa.embrapa.br Embrapa Soja Rodovia Carlos João Strass (Londrina – Warta) Caixa Postal: 231 Acesso Orlando Amaral – Distrito de Warta Título do Capítulo 86001-970 – Londrina, PR Fone: (43) 3371 6000 Fax: (43) 3371 6100 www.cnpso.embrapa.br sac@cnpso.embrapa.br Embrapa Solos Rua Jardim Botânico, 1024 22460-000 – Rio de Janeiro, RJ Fone: (2l) 2274-4999 Fax: (21) 2274-5291 www.cnps.embrapa.br sac@cnps.embrapa.br Embrapa Suínos e Aves Rodovia BR 153, Km 110 – Vila Tamanduá Caixa Postal: 21 89700-000 – Concórdia, SC Fone: (49) 442-8555 Fax: (49) 442-8559 www.cnpsa.embrapa.br sac@cnpsa.embrapa.br Embrapa Tabuleiros Costeiros Av. Beira Mar, 3.250 Caixa Postal: 44 49025-040 – Aracaju, SE Fone: (79) 226-1300 Fax: (79) 226-6145 www.cpatc.embrapa.br sac@cpatc.embrapa.br Embrapa Trigo Rodovia BR 285, Km 174 Caixa Postal: 451 99001-970 – Passo Fundo, RS Fone: (54) 311-3444 Fax: (54) 311-3617 www.cnpt.embrapa.br sac@cnpt.embrapa.br Embrapa Uva e Vinho Rua Livramento, 515 95700-000 – Bento Gonçalves, RS Fone: (54) 451-2144 Fax: (54) 451-2792 www.cnpuv.embrapa.br sac@cnpuv.embrapa.br Endereços do SEBRAE SEBRAE NACIONAL SEPN 515 - Bloco C - Lote 3 70770-900 - Brasília, DF Fone: (61) 348-7100 - Fax: (61) 347-4120 SEBRAE ACRE Rua Rio Grande do Sul, 109 - Centro 69903-420 - Rio Branco, AC Fone: (68) 223-2100 - Fax: (68) 223-1926 SEBRAE ALAGOAS Rua Dr. Marinho de Gusmão, 46 - Centro 57020-565 - Maceió, AL Fone: (82) 2161600 - Fax: (82) 216-1725 SEBRAE AMAPÁ Av. Ernestino Borges, 740 - Bairro Laguinho 68908-010 - Macapá, AP Fone: (96) 214-1400 - Fax: (96) 214-1428 SEBRAE AMAZONAS Rua Leonardo Malcher, 924 - Centro 69010-170 - Manaus, AM Fone: (92) 622-1918 - Fax: (92) 233-9569 SEBRAE BAHIA Travessa Horácio César, 64 Largo dos Aflitos 40060-350 - Salvador, BA Fone: (71) 320-4300 - Fax: (71) 321-5096 SEBRAE CEARÁ Rua Antônio Augusto, 290 - Meireles 60110-370 - Fortaleza, CE Fone: (85) 255-6600 - Fax: (85) 255-6808 SEBRAE DISTRITO FEDERAL SIA - Trecho 3, Lote 1580 71200-030 - Brasília, DF Fone: (61) 362-1600 - Fax: (61) 234-3631 SEBRAE ESPÍRITO SANTO Rua Jerônimo Monteiro, 935 - Centro 29010-003 - Vitória, ES Fone: (27) 331-5500 - Fax: (27) 331-5616 SEBRAE GOIÁS Av. T-3, N.º 1000 - Setor Bueno 74210-240 - Goiânia, GO Fene: (62) 250-2000 - Fax: (62) 250-2300 SEBRAE MARANHÃO Av. Prof. Carlos Cunha, s/n - Bairro Jaracaty 65076-820 - São Luiz, MA Fone: (98) 216-6166 - Fax: (98) 216-6142 SEBRAE MATO GROSSO Av. Rubens de Mendonça, 3999 - CPA 78055-500 - Cuiabá, MT Fone: (65) 648-1222 - Fax: (65) 644-1057 SEBRAE MATO GROSSO DO SUL Av. Mato Grosso, 1661 - Centro 79002-231 - Campo Grande, MS Fone: (67) 389-5555 - Fax: (67) 389-5592 SEBRAE MINAS GERAIS Av. Barão Homem de Melo, 329 Bairro Nova Suíça 30460-090 - Belo Horizonte, MG Fone: (31) 3371-9060 - Fax: (31) 3371-8974 SEBRAE PARÁ Rua Municipalidade, 1461 Umarizal 60050-350 - Belém, PA Fone: (91) 3181-9000 - Fax: (91) 3181-9035 SEBRAE PARAÍBA Av. Maranhão, 983 - Bairro dos Estados 58030-261 - João Pessoa, PB Fone: (83) 218-1000 - Fax: (83) 218-1111 SEBRAE PARANÁ Rua Caeté, 124 - Prado Velho 80220-300 - Curitiba, PR Fone: (41) 332-1006 - Fax: (41) 332-1143 SEBRAE PERNAMBUCO Rua Tabaiares, 360 - Madalena 50750-230 - Recife, PE Fone: (81) 3227-8400 - Fax: (81) 3227-8505 SEBRAE PIAUÍ Av. Campos Salles, 1046 - Centro 64000-300 - Teresina, PI Fone: (86) 216-1300 - Fax: (86) 216-1390 SEBRAE RIO DE JANEIRO Av. Calógeras, 15 - 6º, 7º e 9º Andar - Castelo 20030-070 - Rio de Janeiro, RJ Fone: (21) 2215-9200 - Fax: (21) 2262-1316 SEBRAE RIO GRANDE DO NORTE Av. Lima e Silva, 76 - Lagoa Nova 59062-300 - Natal, RN Fone: (84) 215-4900 - Fax: (84) 215-4930 SEBRAE RIO GRANDE DO SUL Rua Sete de Setembro, 555 90010-190 - Porto Alegre, RS Fone: (51) 3216-5000 - Fax: (51) 3211-1959 SEBRAE RONDÔNIA Av. Campos Sales, 3421 - Olaria 78902-080 - Porto Velho, RO Fone: (69) 224-3877 - Fax: (69) 224-3326 SEBRAE RORAIMA Av. Major Williams, 578 - São Pedro 69301-110 - Boa Vista, RR Fone: (95) 623-1700 - Fax: (95) 623-4001 SEBRAE SANTA CATARINA Av. Rio Branco, 611 - Centro 88015-203 - Florianópolis, SC Fone: (48) 221-0800 - Fax: (48) 221-0807 SEBRAE SÃO PAULO Rua Vergueiro, 1117 - Paraíso 01504-001 - São Paulo, SP Fone: (11) 3177-4500 - Fax: (11) 3177-4600 SEBRAE SERGIPE Rua Paulo Henrique Pimentel, 170 - QD. C Distrito Industrial 49040-240 - Aracaju, SE Fone: (79) 216-7700 - Fax: (79) 216-7755 SEBRAE TOCANTINS ACSU - NE-10 Conj. 2 - Lote 1 - Av. LO - 4 77054-970 - Centro - Palmas, TO Fone: (63) 215-1449 - Fax: (63) 215-1340 Impressão e acabamento Embrapa Informação Tecnológica Série Agronegócios reúne as principais informações sobre como iniciar um pequeno negócio agroindustrial, somando a experiência de consultores com a vivência de pequenos empresários do setor. Apresentado de forma clara e objetiva, e utilizando exemplos práticos, o conteúdo da Série abrange os diversos segmentos da cadeia produtiva, como conhecimento das potencialidades do mercado, oferta de matéria-prima, demanda do produto final, processo de produção, gestão do negócio, cálculo dos custos e das receitas, análise dos resultados operacionais, investimentos, estratégia de marketing e proces- so de distribuição e comercialização dos produtos agroindustriais. A