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PPCP AULA 1 Prof. Roberto Pansonato CONVERSA INICIAL Repare a sua volta e veja quantos objetos manufaturados fazem parte de nossa vida: desde o notebook, PC ou smartphone, no qual você está lendo este material, até a cadeira, sofá ou outro mobiliário que você está confortavelmente instalado: todos tiveram que passar por um processo de industrialização, por meio da transformação de matérias-primas e componentes em produtos acabados. Para que esses processos de fabricação efetivamente tenham sucesso, é necessário que alguém se encarregue de planejar, programar e controlar a produção, e esse alguém é o profissional de PPCP. Geralmente, dentro das empresas, o setor responsável pelas atividades apresentadas anteriormente é o de Programação e Controle da Produção (PCP); no entanto, para nossos estudos, vamos utilizar também o termo PPCP. Um dos grandes desafios das empresas é manter o equilíbrio entre a capacidade e a demanda. A falta desse equilíbrio pode propiciar consequências desastrosas para a organização, tanto em termos econômicos quanto em termos de qualidade. O PPCP tem como uma das atribuições buscar esse equilíbrio, junto à integração com outros setores, como, por exemplo, o marketing, a produção, a logística, recursos humanos e o departamento financeiro. Vamos aos principais tópicos: 1. sistema integrado de produção; 2. conhecimentos introdutórios sobre o planejamento da produção; 3. natureza do PPCP; 4. importância do PCP no desempenho das empresas; 5. estrutura geral do sistema de PPCP. CONTEXTUALIZANDO Não há como produzir bens sem que haja o mínimo de planejamento, programação e controle das atividades. Voltando aos primórdios da humanidade, grandes embarcações, que proporcionaram ao ser humano a oportunidade de cruzar oceanos e conquistar novos continentes, tiveram, de alguma forma, um planejamento, uma programação e um controle da produção. Matérias-primas, componentes, recursos humanos e tempo de produção já eram levados em consideração para manufatura das grandes embarcações. Provavelmente, havia responsáveis pelos processos de planejamento, programação e controle da produção, talvez, não nos moldes atuais, mas, com certeza, algo bem próximo. Se fizermos um paralelo com os estaleiros atuais, certamente haverá muitas atividades similares. Reparem que esse tipo de processo de produção é diferente de um processo de produção de um automóvel, por exemplo. A partir do início do século XX, Henry Ford, com o auxílio das técnicas de Frederick Taylor, sistematizou o processo de produção em massa, o que, de certa forma, criou uma complexidade para o planejamento, programação e controle da produção. Dessa época para os dias atuais, a dinâmica de mercado tem exigido cada vez mais ciência e técnicas para estruturação dos recursos de produção, e os departamentos de PCP têm evoluído constantemente para atender aos objetivos e metas propostos. Mas o PCP, tal qual outras funções, precisa se integrar com outras áreas para que possa, efetivamente, atender aos objetivos. TEMA 1 – SISTEMA DE PRODUÇÃO INTEGRADO Conforme descrito anteriormente, para que o PPCP atinja seus objetivos, as suas funções devem estar integradas com outras funções que estão envolvidas no sistema de produção. Crédito: tynyuk/Shutterstock. Mas o que significa a expressão sistema de produção? Conforme Bezerra (2013, p. 17), sistema de produção é um conjunto de operações inter- relacionadas, cujo objetivo é atender à demanda do mercado, ao menor consumo de recursos possível. De uma forma geral, os sistemas de produção compreendem os processos desde a entrada de matéria-prima em uma indústria, por exemplo, até a saída de produtos e serviços. Com relação aos processos, os que possuem como resultado ser um produto tangível são chamados de processos de conversão. No que diz respeito aos processos que têm como resultado final um serviço, ou algo intangível, são conhecidos como processos de transferência. Conforme Tubino (2000), citado por Bezerra (2013, p. 17), em um contexto organizacional, um sistema de produção envolve, basicamente, quatro funções: 1. produção: área responsável pela administração dos recursos utilizados diretamente na obtenção de bens ou serviços. Entre os recursos utilizados, pode-se destacar a matéria-prima, mão de obra direta, máquinas e equipamentos para manufatura; 2. marketing: tem como principal atributo desenvolver o mercado para venda e distribuição dos produtos obtidos pela função produção. Entre as atividades exercidas pelo marketing, destacam-se: definição da demanda, estabelecimento de preços, desenvolvimento de clientes, promoção, publicidade e pós-venda. 3. finanças: tem a função de disponibilizar recursos e controlar o orçamento necessário para a produção de bens e serviços em acordo com o plano de produção; 4. recursos humanos: área responsável pela contratação, treinamento e alinhamento dos talentos com a cultura e com os objetivos da organização, para que tenham a motivação necessária para execução do plano de estabelecido. Uma das funções do PPCP é se integrar a essas quatro funções para o desenvolvimento do plano estratégico de produção. Em se tratando de um novo desenvolvimento, seja ele para produto ou serviço, o plano estratégico de produção é responsável, entre outras funções, pela definição do atendimento à demanda, que desdobrará as atividades de localização de instalações (centros de distribuições e galpões industriais), criação de produtos e/ou serviços e os respectivos projetos dos processos de produção. Com relação à estratégia, Slack, Jones e Johnston (2020, p. 80) dizem que há um vínculo forte entre as estratégias e as operações militares. Ainda segundo os autores, as estratégias militar e empresarial podem ser descritas de modo similar e abrangem alguns dos itens a seguir: estabelecer objetivos amplos que direcionam uma empresa à sua meta global; planejar o caminho (em termos gerais, não específicos) para se chegar a essas metas; enfatizar os objetivos a longo e não a curto prazo; lidar com o quadro amplo, em vez de enfatizar atividades isoladas; manter-se afastado e acima da confusão e distrações das atividades do dia a dia. Quando se aborda a estratégia de produção, é comum relacionarmos às operações. Conforme Slack, Jones e Johnston (2020, p. 82), “produção” ou “operação” diz respeito aos recursos que criam produtos e serviços. Ainda segundo os autores, os professores Hayes e Wheelwright, da Harvard University, desenvolveram um modelo de quatro estágios, que pode ser usado para avaliar o papel e a contribuição da função produção, conforme figura a seguir: Figura 1 – Quatro estágios de Hayes e Wheelwright sobre a contribuição das operações Fonte: Slack; Jones; Johnston, 2020, p. 82. O modelo de quatro estágios pode ser utilizado para avaliar o papel e a contribuição da função produção, traçando o caminho da função produção, desde o papel fortemente negativo das operações do estágio 1 até tornar-se o elemento central da estratégia competitiva nas excelentes operações do estágio 4. TEMA 2 – CONHECIMENTOS INTRODUTÓRIOS SOBRE O PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO Para compreendermos melhor como funciona o PCP (ou PPCP), é importante definir o que é um sistema produtivo. Segundo Tubino (2017, p. 2), as empresas geralmente são estudadas como um sistema que transforma, via processamento, entradas (insumos) em saídas (produtos) úteis aos clientes. Este sistema é chamado de sistema produtivo. 2.1 NÍVEIS DE PLANEJAMENTO Para que esse sistema produtivo funcione de forma eficiente e eficaz, é necessário planejamentos em prazos diferenciados, ou seja, a longo, médio e curto prazos. Durante o nosso curso, embora detalhemos melhor esses planejamentos, é importante que, desde já, tenhamos o conhecimento de como esses prazos funcionam em relação ao planejamento. longo prazo: refere-se ao planejamento que ocorre no nível estratégico. Os sistemas de produção devemter um plano de produção com base na previsão de longo prazo, que, de uma forma geral, deve ter um horizonte de mais de um ano até cinco ou 10 anos. A longo prazo, a função desse planejamento é preparar os recursos para a capacidade produtiva projetada em função das demandas previstas. médio prazo: trata-se de um desdobramento do planejamento de longo prazo no nível tático. Após o plano de produção ser estruturado pelo nível estratégico, é necessário a elaboração do chamado plano mestre de produção (PMP), que tem a função de adequar a capacidade instalada às previsões de vendas de médio prazo e/ou pedidos firmes ( já negociados com os clientes). curto prazo: após ter definido o sistema produtivo no nível estratégico e o plano mestre de produção no nível tático, chega-se ao planejamento de curto prazo no nível operacional, que tem como objetivo operar o sistema de acordo com a tática concebida. Refere-se ao planejamento semanal e/ou diário para sincronizar os níveis tático e operacional. De acordo com Tubino (2017, p. 3), um sistema produtivo será tão ou mais eficiente quanto consiga sincronizar a passagem de estratégias para táticas e de táticas para operações de produção e venda dos produtos solicitados. A figura a seguir apresenta um resumo dos prazos, atividades e objetivos e a relação com os níveis hierárquicos na administração: estratégico, tático e operacional. Figura 2 – Prazos, atividades e objetivos para a tomada de decisão nas empresas Fonte: Tubino, 2017, p. 3. 2.2 INTEGRAÇÃO Muitas vezes atrelado ao departamento de logística, o departamento de PCP é responsável pela coordenação do planejamento, programação e controle dos recursos produtivos, conforme definido nos planos nos níveis estratégico, tático e operacional. Para que as ações do PPCP sejam eficientes e eficazes, há a necessidade da integração com outras áreas e com um fluxo de informações preestabelecido. Suponha que estamos em uma empresa que fabrique notebooks. O marketing apresenta as previsões de demanda em longo, médio e curto prazos. A engenharia de produto é responsável pela lista de materiais que compõe o produto, nesse caso, o notebook. O PCP utiliza essa lista para programar os processos internos e os processos terceirizados (fornecedores). A engenharia de produção fornece os roteiros e os tempos de ciclos para que o PPCP possa programar os processos internos. O departamento de manutenção fornece os planos de manutenção com as informações das paradas programadas para manutenção preventiva. O departamento de compras informa sobre o andamento dos pedidos. A participação do PPCP se dá nos três níveis hierárquicos: estratégico, tático e operacional. Cada um deles com previsões de demanda diferenciadas, conforme visto anteriormente. Com relação aos níveis hierárquicos, são realizados os seguintes planejamentos: nível estratégico: nesse nível, é elaborado o planejamento estratégico da produção, que apresenta uma previsão a longo prazo, podendo variar de um ano a cinco ou 10 anos, dependendo da empresa. Tem como objetivo principal preparar os recursos macros que deverão ser utilizados na manufatura, tais como novos equipamentos, compra ou locação de galpões, recrutamento de mão de obra, entre outros. nível tático: nível em que é elaborado o plano mestre de produção (PMP). Trata-se de um desdobramento do planejamento estratégico da produção, reduzindo a previsão para médio prazo. O PMP utiliza os roteiros de fabricação e os tempos de ciclos gargalos fornecidos pela engenharia de produção e as estruturas dos produtos oferecidos pela engenharia de produto. nível operacional: com base no PMP, é elaborada a programação da produção. Trata-se de um planejamento a curto prazo que estabelece quanto e quando fabricar, montar ou comprar cada item necessário à composição do notebook. A figura a seguir sintetiza muito bem a integração e o fluxo de informações. Figura 3 – Fluxo de informações e integração com o PCP Fonte: Tubino, 2013, p. 3. Além de planejar e controlar, o PPCP também é responsável pelo controle da produção, por meio da coleta e análise dos dados obtidos na produção. Com base nos dados coletados, que são transformados em informações, é possível tomar as decisões necessárias para atender aos objetivos e metas propostos. TEMA 3 – NATUREZA DO PLANEJAMENTO NO PCP Há uma frase atribuída a John L. Beckley que diz: “A maioria das pessoas não planeja fracassar, fracassa por não planejar”. Tal qual o planejamento realizado nas residências familiares, em que é necessário balancear os recursos financeiros com os gastos necessários para atender às necessidades humanas da família, um bom planejamento no PPCP deve balancear os recursos produtivos, de forma a atender à demanda proposta e aos objetivos e metas a serem alcançados. Conforme Corrêa, Gianesi e Caon (2007), “planejar é entender como a consideração conjunta da situação presente e da visão de futuro influencia as decisões tomadas no presente para que se atinjam determinados objetivos no futuro.” De acordo com Souza (2017, p. 7), com relação ao planejamento referente ao PPCP, deve-se considerar: caso não haja desvios, segue-se executando e controlando; mesmo sem a ocorrência de desvios, pode-se analisar os processos buscando melhorias contínuas por meio da implementação de ações preventivas; caso ocorram desvios, deve-se tentar identificar as possíveis causas e implementar ações corretivas, para que tais desvios não mais voltem a ocorrer; qualquer operação produtiva requer planos e controle: algumas são mais difíceis de planejar, especialmente as que têm um alto nível de imprevisibilidade; outras são mais difíceis de controlar, como é o caso das que têm um alto grau de contato com os consumidores (pela natureza de suas operações). Embora o planejamento seja algo essencial para toda e qualquer atividade, ele não representa um atestado de que o que foi efetivamente planejado irá acontecer da mesma forma como previsto; no entanto, o planejamento é uma declaração de intenção de que o que foi planejado realmente aconteça. No âmbito do PPCP, para que se obtenha os objetivos e metas almejados, é necessário a combinação do planejamento com outras atividades gerenciais de suma importância: a organização, a execução e o controle. No planejamento, são estabelecidas as metas do sistema produtivo a serem atingidas e como atingi-las. Com relação à organização, a gerência deve definir as pessoas e os recursos necessários para o atingimento das metas. Na execução, o papel dos gerentes é o de acompanhar, suportar e motivar as pessoas envolvidas no processo produtivo. No controle das atividades, o gerente consegue identificar se o sistema produtivo está atingindo as metas e deve propor as eventuais correções para possíveis desvios que possam surgir. Figura 4 – Relação do planejamento com outras funções Fonte: Pansonato, 2022. Vale ressaltar que, em um sistema produtivo, as ações anteriores devem ser realizadas em um ciclo contínuo de melhoria. Conforme Santos (2015, p. 14), ao longo do tempo, a qualidade dessas ações deve ser melhorada, pois, com a padronização e o aprendizado obtido ao longo dos ciclos, os erros tendem a ser reduzidos. TEMA 4 – IMPORTÂNCIA DO PCP NO DESEMPENHO DAS EMPRESAS Nas grandes empresas, principalmente as do setor industrial, é comum ter a área de produção como responsável por transformar matérias-primas e componentes em produtos acabados. A área de logística, por meio da logística interna, é responsável pelo abastecimento interno das linhas de produção. Bom, até aí tudo bem, porém, como saber o que produzir, quando produzir e qual a quantidade a ser produzida de forma eficaz? A produção, teoricamente, poderia fazer esse trabalho, ou seja, a função de se autoprogramar, porém, certamente se desviaria da principal função, que é a de produzir bens a partir das matérias- primas, dos insumos, e dos recursos materiais (máquinas e equipamentos) e humanos (mão de obra)disponíveis. O mesmo ocorre com o setor de logística, que, além das atividades relacionadas com o recebimento, armazenamento e controle de estoque de matéria-prima e componentes e abastecimento das linhas de produção (montagem), também tem que se encarregar de armazenar e controlar o estoque dos produtos acabados e a posterior distribuição (transporte etc.). Para resolver esse impasse, uma terceira função foi adicionada a esse processo: o PPCP (ou apenas PCP). Muitas vezes subordinado ao setor de logística, o PCP tem uma função importantíssima para criar um sincronismo eficiente entre vários setores internos de uma empresa por meio do planejamento, programação e controle da produção. Conforme Santos (2015, p. 16), pode-se afirmar que o PCP tem grande importância para o sucesso da execução dos processos e das operações que envolvem o sistema produtivo, pois só podemos controlar o que foi anteriormente planejado. De acordo com Gehbauer et al. (2002) citado por Santos (2015, p. 17), o planejamento pode ser classificado em duas dimensões: Dimensão horizontal: refere-se às etapas pelas quais o processo de planejamento e controle é realizado. Tem relação com as etapas pelas quais o processo de planejamento e controle é realizado e geralmente ocorre no nível gerencial. Envolve o planejamento do processo, coleta de informação, preparação dos planos, divulgação da informação e avaliação do processo de planejamento. Figura 5 – Exemplo de dimensão horizontal Fonte: Santos, 2015, p. 17. Dimensão vertical: refere-se a como as etapas definidas na dimensão horizontal são vinculadas entre os diferentes níveis gerenciais de uma organização. Tem relação direta com a divisão do processo de planejamento em níveis hierárquicos (longo, médio e curto prazos). Figura 6 – Dimensão Fonte: Pansonato, 2022. Pelas duas dimensões apresentadas, percebe-se que o PPCP tem como característica agir nos diferentes níveis hierárquicos de uma organização e também entre eles. TEMA 5 – ESTRUTURA GERAL DO SISTEMA DE PPCP Como mencionado anteriormente, a função (ou setor) de planejamento, programação e controle da produção (PPCP) deve possuir autonomia para exercer suas atividades. Geralmente, o setor de PPCP está subordinado à diretoria industrial ou diretoria de operações, embora essa configuração possa ser diferente, a depender da empresa. No passado, era comum as empresas possuírem um setor de administração de materiais, que se reportava à direção industrial e tinha sobre o seu comando os setores de produção, compras, logística e o PCP. No entanto, essas configurações foram se alterando em função de novas técnicas de gestão e, hoje em dia, não é muito comum existir um departamento específico de administração de materiais. Com o avanço dos processos ligados à gestão da cadeia de suprimentos (supply chain management), as atividades da administração de materiais foram redistribuídas para outros setores. De qualquer forma, todas as possibilidades que possamos destacar nesse momento deve levar em consideração a estrutura organizacional. A seguir, alguns exemplos. Estrutura funcional: como o próprio nome faz menção, refere-se a uma estrutura organizacional que divide a empresa em funções, ou departamentos, com foco na valorização da especialização. Trata-se de uma das estruturas organizacionais mais utilizadas pelas empresas. A figura a seguir exemplifica, resumidamente, um trecho de um organograma com a participação do PCP. Figura 7 – Exemplo de estrutura funcional Fonte: Pansonato, 2022. Estrutura matricial: utilizada em estruturas em que equipes se formam para trabalhar em projetos especiais, muitas vezes de forma temporária. A cada projeto, as equipes são reajustadas. Figura 8 – Exemplo de estrutura matricial (resumo) Fonte: Pansonato, 2022. Embora haja mais tipos de estruturas organizacionais, as duas apresentadas mostram como a ação do PCP é diferente para cada uma delas. No caso da funcional, o PCP tem como principal objetivo atender ao planejamento, a programação e ao controle da produção de montagem e fabricação (usinagem, fundição etc.), geralmente com ocorrência constante (diária, semanal, mensal). No caso da estrutura matricial, o planejamento e a programação, principalmente de matéria-prima e insumos, são realizados de forma gradativa e não possui a mesma constância da estrutura funcional. Conforme Tubino (2000), citado por Paranhos Filho (2012, p. 257), planejar e controlar as atividades de uma empresa que produz produtos padronizados para estoque é algo bastante diferente de planejar e controlar produtos sob encomenda. No planejamento de um produto padronizado com produção em série, a previsão da demanda é mais clara, os processos produtivos mais conhecidos, bem como os materiais e os fornecedores. No caso de uma produção por encomenda, apresentada na estrutura matricial, há a necessidade de se aguardar as determinações do cliente para que se possa efetivar o planejamento e a programação. Vamos ver como ficaria um fluxo básico de informações utilizadas pelo PPCP? Figura 9 – Fluxo básico de informações Fonte: Elaborada por Pansonato, baseado em Paranhos, 2012, p. 258. Independentemente do tipo de estrutura organizacional, do tipo do produto ou da demanda, é de suma importância que o profissional de PPCP tenha a compreensão de como funcionam os fluxos de informações inerentes ao seu trabalho. Conhecer as funções que suportam o trabalho do profissional de PCP proporcionará o planejamento, a programação e o controle da produção mais eficazes. Saiba mais Quer saber mais sobre PPCP sob o ponto de vista de uma das maiores empresas de software do Brasil? Acesse o link disponível em: <https://www.totvs.com/blog/gestao-industrial/ppcp>. Acesso em: 17 jul. 2022. https://www.totvs.com/blog/gestao-industrial/ppcp TROCANDO IDEIAS O primeiro “P” da sigla PPCP refere-se ao planejamento. Embora, muitas vezes, seja comum ouvir que determinada empresa, cidade, estado e até um país não se desenvolve porque faltou planejamento. Mas será que empresas, cidades estados e países que, por algum motivo, não atingiram seus objetivos porque não fizeram planejamento algum? Utilizando-se de uma frase atribuída a Peter Drucker, escritor, professor e consultor administrativo, considerado o pai da administração moderna, que diz que “não existem países subdesenvolvidos. Existem países sub- administrados.”, nos faz refletir que o planejamento, tem sim, total influência no sucesso ou insucesso de qualquer empreendimento. NA PRÁTICA Conforme apresentado na seção “Trocando ideias”, fica claro a importância do planejamento para o PPCP; no entanto, não haverá sucesso em nenhuma empresa se ocorrer o planejamento e não for cumprido o planejado. Acesse o livro Planejamento, Programação e Controle da Produção, de Adriana de Paula Lacerda Santos, leia o estudo de caso na página 17 e reflita sobre o questionamento a seguir: O que faltou para que a empresa do setor de eletroeletrônicos mencionada no estudo de caso obtivesse sucesso nos negócios? FINALIZANDO Finalizamos com foco no planejamento e elementos teóricos acerca do PPCP. Compreendemos que o PCP deve se integrar a diversas funções para o desenvolvimento do plano estratégico de produção. Nesse momento, você é capaz de identificar os níveis de planejamentos quanto aos prazos (longo, médio e curto) e quanto aos níveis hierárquicos (estratégico, tático e operacional). Conhecemos a natureza do planejamento no PPCP e sua importância no desempenho das empresas. Finalizamos com a estrutura geral do sistema de PPCP, o que te proporcionou o entendimento da atuação do PPCP em função da estrutura organizacional e do tipo de processo. Até a próxima! REFERÊNCIAS BEZERRA, C. T.; Técnicas de planejamento, programação e controle da produção. Curitiba, Intersaberes, 2013. CITAÇÕES e frases famosas. Disponível em: <https://citacoes.in/citacoes/566939-peter-drucker- nao-existem-paises-subdesenvolvidos-existem-paise>.Acesso em: 26 jun. 2022. DESCUBRA os benefícios do PPCP para a indústria. TOTVS, 25 mar. 2020. Disponível em: <https://www.totvs.com/blog/gestao-industrial/ppcp>. Acesso em: 26 jun. 2022. PARANHOS FILHO, M. Gestão da produção industrial. Curitiba: Intersaberes, 2012. PENSADOR. Disponível em: <https://www.pensador.com/frase/MTM3NzgwNQ>. Acesso em: 26 jun. 2022. SANTOS, A. P. L.; Planejamento, programação e controle da produção. Curitiba: Intersaberes, 2015. SLACK, N.; JONES, A. B.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2020. TUBINO, D. F.; Planejamento e controle da produção: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2017.