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Documentário Ilegal aborda uso medicinal da cannabis no Brasil

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Nem iremos aqui também nos enveredar pelo fato de que o álcool mata muito mais que a cannabis, e 
nem por isso é proibido ou considerado droga. O assunto é outro e reflete, diretamente, o uso medicinal 
da planta. Tal uso médico voltou à tona quando a Anvisa finalmente a liberou para tratamentos de 
epilepsia – uma vitória e tanto para diversas famílias no país. 
E focando neste assunto, temos Ilegal: um documentário dirigido por Raphael Erichsen e Tarso 
Araújo que traz à tona as dificuldades de muitas mães que passaram anos lutando na justiça para terem 
direito ao tratamento alternativo e natural realizado com cannabis no Brasil. 
Já se passaram mais de dez anos desde que Anny Fisher foi a primeira pessoa a conseguir a autorização 
para usar cannabis de forma medicinal no nosso país. O ano era 2004 e até pouco tempo atrás, o assunto 
continuava marginalizado. 
 
Ilegal passou meses acompanhando a via sacra de uma garota de cinco anos diagnosticada com um tipo 
de epilepsia que a cannabis pode tratar. Na época, o tratamento era impossível pois esbarrava em leis e 
na burocracia – além da falta de vontade – em regulamentar o uso da planta. 
O caso central do filme gerou um grande movimento nacional pedindo alegalização. Vale salientar que 
tal legalização pedida era apenas a terapêutica. E para os mais extremistas, fica o lembrete: não se trata 
de dar cannabis para uma criança fumar. O uso medicinal requer uma parte específica da cannabis, 
transformada em pílulas, para os tratamentos de epilepsia, no caso. 
Assim que o documentário chegou aos cinemas, as autoridades sanitárias brasileiras finalmente 
reconheceram a prescrição médica de produtos derivados da cannabis para, inicialmente, pessoas 
epilépticas. O ato é uma vitória. Minúscula, mas ainda assim, uma vitória. Outras diversas enfermidades 
podem ser tratadas com a planta e, claro, deve ter sua regulamentação bem fundamentada justamente 
 
 
 
por se tratar de um remédio. O reconhecimento da Anvisa abre as portas para que novas doenças possam, 
em um futuro próximo, terem as mesmas respostas da vigilância sanitária. 
Em entrevista ao El País Uruguai, o diretor Tarso Araújo reconhece que a liberação recreativa ainda 
está a anos luz de distância da medicinal: 
“Acredito que deva existir uma normativa específica para os dois 
casos, a cannabis medicinal e a recreativa; e ambas compartilham 
alguns pontos em comum. O que acontece no Brasil é que estamos 
muito longe de poder levar adiante normas para o uso recreativo. 
A sociedade brasileira não está preparada para que se regule este 
uso.” 
Apesar disso, o diretor ainda afirma que pesquisas apontam uma porcentagem de 48% para o número 
de pessoas a favor da regulação medicinal. Outra grande questão é exatamente esta confusão em se 
tratar do assunto. 
 
 
O problema brasileiro envolve o tráfico e, segundo o diretor, é algo que está ligado diretamente à 
proibição. A venda ilegal acaba se tornando nociva não só para quem consome a cannabis como droga, 
como para aqueles que não têm nada a ver com isso. 
 
É preciso sim separar bem as coisas e tratar todos os pontos em separado, um de cada vez. Não podemos 
deixar que a discussão do uso recreativo contamine quem de fato necessita dos componentes da cannabis 
para levar uma vida melhor. 
“De onde a canabidiol é extraída? Se fosse no 
abacaxi, eu poderia utilizá-la. Infelizmente, é na 
planta Cannabis sativa, e ela é proibida no Brasil. 
Porém, quando eu vi a possibilidade de tratar Anny, 
fui atrás. Em dado momento, cheguei a traficar, sim, 
mas consegui dar mais qualidade de vida para a minha 
filha”, afirma Katiele, primeira brasileira a ter 
autorização judicial para usar um produto da 
Cannabis. 
 
 
 CONHEÇA A HISTÓRIA DA CANNABIS MEDICINAL 
Cannabis Medicinal na História 
2737 AC 
Os primeiros registros sobre o uso da maconha com fins medicinais são atribuídos ao imperador 
ShenNeng da China, que prescrevia chá de maconha para o tratamento da gota, reumatismo, malária e, 
por incrível que pareça, memória fraca. 
A popularidade da maconha como remédio se espalhou pela Ásia, Oriente Médio e costa oriental da 
África. Seitas hindus, na Índia, usavam maconha para fins religiosos e alívio do estresse. Médicos da 
antiguidade prescreviam maconha para tudo, desde o alívio para dor de ouvido, até para as dores do 
parto. Estes médicos também advertiam que o uso excessivo da maconha poderia provocar impotência, 
cegueira e alucinações (“ver demônios”). 
70 
O médico Pedânio Dioscórides, greco-romano, considerado o fundador da farmacologia, publicou sua 
obra “De Materia Medica”, a principal fonte de informação sobre drogas medicinais, desde o início do 
século I até o século XVIII. Dentre as mais de mil substâncias vegetais descritas e distribuídas em grupos 
terapêuticos, a maconha medicinal era indicada como tratamento eficaz para dores articulares e 
inflamações. 
 
1464 
Há séculos o uso da maconha medicinal já era estabelecido no Oriente Médio. Um dos primeiros relatos 
de casos, considerando a maconha para tratamento de epilepsia, foi de autoria de Ibnal-Badri. Em Bagdá, 
Al-Bradi descreveu um tratamento eficaz administrado por um poeta, para controle das crises epiléticas 
do filho do camareiro do Califa, com haxixe. 
1808 
A maconha foi trazida ao Brasil por escravos africanos, ainda durante o período colonial. Disseminou-
se entre os índios, e mais tarde entre brancos, tendo sua produção estimulada pela coroa. Até a rainha 
Carlota Joaquina habituou-se a tomar chá de maconha, depois que a corte portuguesa se mudou para o 
Brasil. 
1839 
A noite uma mulher bateu à porta de um médico do exército britânico, chamado William 
O’Shaughnessy, que trabalhava na Índia. Sua filha estava tendo convulsões continuas e precisava de 
ajuda. O médico tentou várias soluções disponíveis na medicina tradicional do século 19, incluindo ópio 
e sanguessugas, mas as convulsões pioravam a tal ponto que o bebê parou de comer, convulsionando 
quase constantemente. Não sabendo mais o que fazer, o médico tentou o cânhamo, que os moradores 
locais usavam como medicamento polivalente. Algumas gotas de uma tintura canábica sob a língua da 
criança e os ataques cessaram rapidamente. “A criança agora está em gozo de saúde robusta e recuperou 
o gordo natural e aparência feliz”, realatou O’Shaughnessy no artigo do jornal médico intitulado “Sobre 
a preparação de Indian Hemp ou Gunjah”, onde concluí que: a maconha medicinal é um remédio 
anticonvulsivante de maior valor. Desta forma a maconha medicinal cresce no continente europeu. 
1889 
O artigo do PhD. EA Birch na revista The Lancet, uma das principais revistas médicas do mundo, 
delineou a aplicação da Cannabis Sativa L. para o tratamento de dependência ao ópio. A erva reduziu o 
desejo do ópio e agiu como um antiemético. Nos anos seguintes a maconha consolidou-se como 
medicamento nos EUA e na Europa. 
 
Inicio do Sec. XX 
Consumida como hábito popular por árabes, chineses, mexicanos e afrodescendentes, minorias que eram 
socialmente discriminadas na época, a maconha passou a ser vista preconceituosamente por uma elite 
moralista, muitas vezes estimulada pela indústria concorrente do cânhamo (raça da espécie Cannabis 
Sativa L. que produz poucos canabinoides e alto teor de fibras). A fibra do cânhamo, natural e 
muito resistente, é forte concorrente para indústria do petróleo, algodão e das fibras sintéticas. 
Até essa época o cânhamo foi o material utilizado para confecção do tecido da maioria das telas dos 
utilizadas pelos grandes artistas. Na expansão do imperialismo, os europeu navegaram com velas e 
cordas produzidas a partir de fibras de cânhamo. 
Por outro lado, o “prazer” proporcionado pelo uso recreativo e ritualístico da maconha, além de ser 
concorrente da poderosa indústria do álcool, sofreu preconceito religioso, moralista e social. 
1905 
Circulava por aqui a ideia de que a maconhapodia ser usada para fins medicinais, o que já acontecia na 
Europa. A propaganda das cigarrilhas Grimault, em 1905, anunciava que a maconha medicinal serviria 
para tratar desde “asmas e catarros” até “roncadura e flatos”. 
 
1924 
Difundia-se, não apenas no Brasil, mas em âmbito mundial, a tese de que o consumo da maconha era 
um mal. E um médico brasileiro teve papel importante nessa história. Pernambuco Filho, em conferência 
promovida pela “Liga das Nações” em Genebra, associou o uso maconha ao danoso uso do ópio, um 
dos maiores problemas de saúde pública da época. Ele nunca havia defendido essa afirmação 
anteriormente, mas sua fala foi muito importante no proibicionismo mundial nos anos seguintes, 
segundo Prof. Dr. Elisaldo Carlini (UNIFESP) 
1961 
Em convenção, a ONU determinou que as drogas são ruins para a saúde e o bem-estar da humanidade 
e, portanto, eram necessárias ações coordenadas e universais para reprimir seu uso. Com isso o uso 
medicinal da maconha foi fortemente suprimido, deixando pacientes e cientistas longe da maconha. Essa 
proibição contribuiu para o enriquecimento da indústria bélica interessada na manutenção de conflitos 
armados e deu início à guerra contra as drogas. 
1963 
Mesmo com toda a proibição nos EUA e na Europa, o Prof. Dr. Raphael Mechoulam, do Departamento 
de Química Medicinal e Produtos Naturais, da Escola de Medicina da Universidade Hebraica de 
Jerusalém, isola o canabidiol (CBD) e no ano seguinte, o delta 9-tetrahidrocanabinol (THC). 
1981 
Grupo do Prof. Dr. Elisaldo Carlini (UNIFESP) publica no J ClinPharmacol[1981 Aug-Sep;21(8-9 
Suppl):417S-427S], respeitado periódico científico internacional, um estudo duplo cego, randomizado, 
incluindo uma pequena amostra de oito pacientes, comparados com sete controles, o efeito benéfico do 
CBD para controle de crises convulsivas. 
 
Professor Carlini com Juliana Paolinelli e Katiele Fisher, associadas da AMA+ME, no Fórum: Visões 
interdisciplinares da maconha, ocorrido em junho de 2015. 
1999 – 2000 
Sistema endocanabinoide começa a ser elucidado pela ciência. Após a descoberta dos canabinoides 
internos, produzidos pelo próprio corpo humano, anandamida (N-araquidoniletanolamida) e 2-
araquidonilglicerol (2-AG), dos receptores de canabinoides CB1 e CB2, e das enzimas relacionadas ao 
metabolismo dos mesmos, um sistema especializado se consolida. A comunidade científica focou na 
investigação do seu potencial clínico, com resultados encorajadores em muitas áreas. Os receptores 
canabinoides são identificados em várias células e sistemas, além do sistema nervoso central, e a ciência 
avança na área da imunologia e oncologia. 
2007 
Lançamento do livro Maconha, Cérebro e Saúde, dos neurocientistas Renato Malcher-Lopes e Sidarta 
Ribeiro. O livro se somou aos contínuos esforços de grupos brasileiros, sobretudo os ligados ao 
CEBRIDE, no sentido de divulgar para o público o entendimento do sistema endo canabinoide e seu 
potencial medicinal. O livro foi de grande impacto tanto no meio acadêmico quanto junto ao publico em 
geral, tendo sua primeira edição completamente esgotada, e servindo como um dos pilares para o 
desenvolvimento do roteiro do documentário Cortina de Fumaça, de Rodrigo Mac Niven. 
2010 
O documentário “Cortina de Fumaça” de Rodrigo Mac Niven roda o Brasil e o mundo em diversos 
festivais de cinema internacionais, bate mais de 300.000 visualizações no YouTube e, eventualmente, 
chega à TV a cabo. O documentário teve grande repercussão nacional e impacto politico, trouxe pela 
primeira vez no Brasil, para o grande público, uma abordagem multidisciplinar aprofundada e 
francamente inovadora sobre o uso medicinal da maconha, e sobre os problemas advindos da proibição 
da planta. A abordagem do documentário é excepcionalmente multidisciplinar e inclui depoimentos do 
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do ex-secretário nacional de justiça e diretor da SENAD, 
Pedro Abramovay; de médicos como Elisaldo Carlini, Dartiu Xavier, neurocientistas, como Renato 
Malcher-Lopes e Sidarta Ribeiro, além de juristas, antropólogos, sociólogos, historiadores, juízes e 
politicos de renome nacional e internacional. 
No mesmo ano, a prisão do baterista da banda de reggae “Ponto de Equilíbrio” levou um grupo de 
neurocientistas da diretoria da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento a iniciar na mídia 
impressa um intenso debate, com trocas de textos sobre a regulamentação dos usos da maconha. O 
episódio culminou com a realização de um debate presencial no auditório do jornal Folha de São Paulo 
no final de 2010. Participaram do debate o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, a juíza Maria Lúcia Karan e 
os neurocientistas, Sidarta Ribeiro e Renato Malcher-Lopes. O evento foi filmado por Rodrigo Mac 
Niven e disponibilizado no Youtube, onde obteve expressiva audiência. 
2011 
http://www.unicamp.br/unicamp/eventos/2015/06/02/visoes-interdisciplinares-da-maconha
http://www.unicamp.br/unicamp/eventos/2015/06/02/visoes-interdisciplinares-da-maconha
Liberação da Marcha da Maconha pelo Superior Tribunal Federal. A Marcha da Maconha foi um 
movimento vanguardista de excepcional impacto na discussão sobre as politicas que regem o uso da 
maconha no Brasil. O tema do uso medicinal sempre esteve presente neste movimento, que o levou às 
telas do programa Fantástico em 2011, onde pela primeira vez, uma enquete televisionada recebeu 
a maioria dos votos favorável à regulamentação da maconha no Brasil. 
2012 
Charlotte Figi, garotinha americana com 5 anos de idade, portadora de síndrome de Dravet (que 
determina epilepsia refratária), tem sua historia de sucesso no controle de crises convulsivas, com o uso 
de um óleo rico em CBD, produzido a partir de uma cepa de Cannabis Sativa L.,que acabou recebendo 
seu nome, amplamente divulgada pela imprensa americana. O poder da internet espalha mundialmente 
o sucesso de Charlotte. 
 
Charlotte Figi, criança residente nos EUA portadora de síndrome de Dravet, que teve uma 
raça de Cannabis Sativa L. batizada com seu nome. 
2013 
O impacto do filme “Cortina de Fumaça” não se restringiu à divulgação de informações, mas também 
conectou todos os diversos profissionais sintonizados por uma visão transformadora sobre o tema. Tal 
conexão permitiu a formação de uma rede de acadêmicos e ativistas, que em 2013 realizaram o primeiro 
Congresso Internacional de Drogas, Lei, Saúde e Sociedade, organizado por uma grande parceria entre 
a UnB, Conselho Federal de Psicologia, Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos, 
Associação Brasileira de Estudos de Psicoativos, Rede Pense Livre e a Coordenação de Saúde Mental 
do Ministério da Saúde. O congresso reuniu mais de 40 oradores vindos da Argentina, Brasil, Canadá, 
Colômbia, Espanha, Estados Unidos, Portugal e Uruguai. Além de profissionais de diversas áreas, 
ativistas, usuários e pacientes, tiveram pela primeira vez, voz e lugar de destaque num evento deste 
porte. O congresso ocorreu no Museu Nacional da República, e foi considerado o maior congresso sobre 
inovação de política de drogas já realizado na América Latina. O congresso teve enorme impacto 
político, aproximando todos os seguimentos envolvidos entre si e destes com os agentes políticos, 
abrindo espaços importantes de discussão junto ao Congresso Nacional, SENAD e Ministério da Saúde. 
Além disto, o evento contribui para a consolidação de uma rede interdisciplinar, que culminou com a 
criação da Plataforma Brasileira de Políticas Sobre Drogas, fundada formalmente em 2014. 
 
2014 
Anny Fisher, garotinha brasileira com 5 anos de idade, portadora da síndrome CDKL5 (que também 
determina um quadro de epilepsia refratária), tem sua historia de sucesso no controle de crises 
convulsivas, com o uso de um óleo rico em CBD, apresentada no programa Fantástico. Anny foi a 
primeira paciente a conseguir na justiça o direito a importação do óleo. O sucesso de Anny acabou 
contagiandooutros pais e mães pelo país, e as histórias de controle de crises convulsivas se 
multiplicaram. Um grupo de epiléticos do estado da Paraíba, liderados por Júlio Amarico e Sheila 
Dantas, conseguiu, junto ao ministério público federal, a primeira liminar favorável a um grupo de 
pessoas, para importação do óleo rico em CBD. O país passou a conviver com outras histórias de 
sucesso. Durante o ano a maconha medicinal esteve muito frequente na imprensa nacional. 
Em maio foi organizado um encontro por médicos, neurocientistas e pela SENAD, sob a gestão de Victor 
Maximiano, trazendo pela primeira vez a discussão direta entre o meio médico-científico e o corpo 
técnico da ANVISA, sobre a necessidade de reclassificação do canabidiol (CBD) e da regulamentação 
do uso medicinal da Cannabis Sativa L. 
Outras histórias de sucesso tornaram-se públicas: Juliana Paolinelli, portadora de dor neuropática; 
Gilberto Castro, portador de esclerose múltipla; Thais Carvalho, portadora de câncer de ovário, 
contribuem para conscientização do poder medicinal da maconha para a nossa sociedade. 
Aconteceu em São Paulo o IV Simpósio Internacional de Cannabis Medicinal, promovido pelo CEBRID 
(Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) – Departamento de Medicina Preventiva 
– UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo). 
 
A campanha de divulgação e informação REPENSE – Pela Regulamentação da Maconha Medicinal, 
ganha força e promove ações de conscientização pelo país. Famílias e pacientes juntam-se ao movimento 
da Marcha da Maconha pelo país, que desde 2009, traz para as ruas uma manifestação pacífica em favor 
da legalização da maconha. 
No congresso nacional, a SUG 8 , projeto de lei de origem popular com maior número de assinaturas da 
história até então, defende a regulamentação da maconha para uso medicinal, industrial e recreativo. É 
foco de debates acirrados coordenados pelo senador Cristovam Buarque. 
A maconha medicinal ganha espaço no Ministério da Justiça através da Secretaria Nacional de Políticas 
sobre Drogas (SENAD). Em reunião ordinária do Conselho Nacional de Política sobre Drogas 
(CONAD), ocorrida em 12 de novembro de 2014, no Mistério da Justiça em Brasília DF. Leandro 
Ramires e Norberto Fischer são pais de Benício e Anny, epiléticos refratários, usuários de óleo 
de Cannabis Sativa L. rico em CBD. Eles defenderam uma normatização na ANVISA e na Receita 
Federal, para por fim ao tráfico internacional praticado por algumas famílias. 
 
Leandro Ramires, presidente da AMA+ME discursa em reunião do CONAD em 12 de novembro de 
2014 (1) 
http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/116101
 
Leandro Ramires, presidente da AMA+ME, discursa na reunião do CONAD em 12 de novembro de 
2014 (2) 
O documentário ILEGAL, produzido pela equipe da revista Super Interessante, e dirigido por Raphael 
Erichsen e Tarso Araújo, é lançado e torna-se uma das melhores ferramentas na causa da maconha 
medicinal. 
 
O documentário ganha prêmios no país e projeção internacional. As mulheres, protagonistas do 
documentário, Katielle Fisher, Margarete Brito e Camila Guedes, mães de crianças epiléticas; Juliana 
Paolinelli e Thaís Carvalho, pacientes, são homenageadas em Miami, recebendo o prêmio Poder 
Awards, em reconhecimento à luta dessas mulheres em favor da maconha medicinal. 
 
A sociedade brasileira organiza-se em grupos de pacientes, que buscam seu alívio no tratamento com 
maconha medicinal. Pacientes portadores de doenças graves, muitas vezes incapacitantes, após 
superarem o preconceito em relação à maconha, descobrem a luz no fim do túnel. Portadores de 
esclerose múltipla, dores neuropáticas, transtornos psiquiátricos, doenças neurodegenerativas e 
sindrômicas (Parkinson, Alzheimer e Tourette), estagio avançado de doenças inflamatórias e autoimunes 
(Lupus, Chron, Artrites) e alguns tipos de câncer, são só alguns exemplos de pacientes que tem sua 
qualidade de vida muito favorecida com o uso da maconha medicinal. 
Pacientes canábicos unem-se ao movimento “Marcha da maconha” (movimento social legítimo de luta 
pela legalização da maconha no Brasil), que promove tradicionalmente desde 1994, uma passeata 
pacífica anual em mais de 400 cidades no país. O movimento também ocorre em vários países do mundo. 
Em dezembro nasce, no Rio de Janeiro, a Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinal 
(AMA+ME), contando com a presença de pacientes e ativistas de vários estados do país. 
2015 
Ainda numa atmosfera de ausência de estudos científicos, imposta pela proibição do cultivo e uso da 
erva, muitos médicos ainda buscam por evidências científicas sólidas, e simplesmente desprezam os 
fundamentos claros obtidos nas décadas de 70 e 80. O custo humano potencial, de ignorar a evidência 
por tanto tempo, é difícil de prever. Dos 3 milhões de pessoas nos Estados Unidos com epilepsia, um 
número estimado de 500 mil não são ajudados por medicamentos atuais, de acordo com The American 
Epilepsy Society. Cerca de 50.000 morrem a cada ano por causa das convulsões. 
A resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) restringe o tratamento somente para menores de 
18 anos. Tal atitude prejudica o acesso à receita médica para população adulta, que já utiliza óleo rico 
em CBD com sucesso. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) reclassificou o CBD, 
porém toda a burocracia para importação ainda é limitadora ao acesso, até que se tenha uma produção 
nacional. 
Visando facilitar o acesso e conscientizar a sociedade sobre os benefícios da maconha medicinal, 
consolida-se a AMA+ME, com mais de 120 pacientes associados, espalhados por 17 estados do Brasil. 
Do mesmo modo, várias associações surgem pelo país: ABRA Cannabis – Associação Brasileira para 
Cannabis, ABRACE Esperança – Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança e AMEMM – 
Associação Multidisciplinar de Estudos sobre Maconha Medicinal. 
http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2014/2113_2014.pdf
Em todo Brasil famílias e pacientes juntam-se ao movimento da Marcha da Maconha, que desde 2009, 
traz para as ruas uma manifestação pacífica em favor da legalização da Cannabis Sativa L.. 
Em outubro de 2015, acontece na ANVISA o Painel Técnico: “Evidências para o uso do Canabidiol, 
controle e riscos de suas prescrições”; com participação direta da AMA+ME, que auxiliou a ANVISA 
na elaboração do painel, indicando vários pesquisadores de universidades brasileiras, que trabalham na 
linha de pesquisa dos canabinoides. Estiveram presentes: Dr. Leandro Ramires (presidente da 
AMA+ME), Prof. Dr. Elisado Carlini (UNIFESP) e Prof. Dr. Antônio Zuardi (USP). Após o painel, 
ficou estabelecida a ampliação do uso compassivo do óleo de Cannabis Sativa L. rico em CBD, para 
tratamento de outras doenças além da epilepsia. 
Em novembro de 2015, sentença proferida pelo MM Juiz Marcelo Rebello Pinheiro, da 16ª Vara Federal 
do TRF 1ª Região, determinou que a ANVISA retirasse o ∆9-Tetra-hidrocannabinol (THC), substância 
presente na maconha, da lista de substâncias proibidas no Brasil. Pela decisão, que é provisória, está 
liberada a importação de remédios que contenham THC e CBD na fórmula. A AMA+ME colabora e 
apoia o Ministério Público Federal nesta ação. 
Em dezembro a Câmara Legislativa do Distrito Federal (DF) aprovou o projeto de Lei que garante 
a distribuição gratuita de remédios com derivados de maconha para apreciação do governador do DF 
Rodrigo Rollemberg, que vetou o Projeto alegando falta de recursos. 
2016 
Associações de pacientes participam, em algumas cidades, da Marcha da Maconha, que acontece em 
mais de 40 cidades brasileiras, movimento social pacífico, conhecido como Global Marijuana 
March; marcado por passeatas nas quais manifestantes reivindicam a regulamentação da maconha, que 
acontece uma vez por ano, em várias cidades do mundo desde o final dos anos 90. No Brasil, o 
movimento ganhou força e em 2007, quando passoua ser conhecido pelo nome: “Marcha da Maconha”. 
 
Marcha da Maconha 2016. Belo Horizonte MG. 
Deputados distritais derrubam o veto do governador e o DF passa a ser a primeira unidade da federação 
a garantir o fornecimento do óleo rico em CBD para pacientes do SUS. 
Visita ao Brasil dos grupos: MamáCultiva e Fundación Daya para palestras e troca de experiências entre 
os coletivos de pacientes canábicos. 
De um lado, uma menina de cinco anos com uma forma de epilepsia rara, grave e sem cura. Do outro, 
uma substância derivada da maconha que acaba com as convulsões da criança. Entre as duas, uma lei 
que torna o tratamento impossível. O documentário mostra a luta de um grupo de mães contra a 
burocracia e o preconceito para garantir aos seus filhos o direito à saúde, e como seu exemplo deu 
origem a um movimento nacional pela legalização da Cannabis medicinal. 
 
O projeto nasceu após uma reportagem de Tarso Araújo, jornalista e um dos diretores do filme, para a 
revista. Tarso é também o idealizador da campanha "Repense", viabilizada por crowdfunding. Após o 
início da campanha, a menina Anny Fischer, portadora de uma epilepsia rara, tornou-se a primeira 
pessoa com autorização para usar cannabis medicinal no Brasil. 
http://s.conjur.com.br/dl/decisao-maconha.pdf
http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/12/camara-aprova-distribuicao-gratuita-de-remedios-com-canabidiol-no-df.html
http://blog.marchadamaconha.net/
http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2016/03/distritais-derrubam-veto-e-mantem-no-df-distribuicao-gratuita-de-canabidiol.html
http://www.fundaciondaya.org/
 
Sobre a campanha "Repense" 
A "Repense" é uma campanha de comunicação criada para incentivar o debate e a reflexão sobre o uso 
medicinal da maconha no Brasil. A campanha começou em março de 2014 com o lançamento do 
curta-metragem Ilegal e de uma captação no site de crowfunding Catarse. As doações de 362 pessoas 
foram usadas para produzir um site sobre cannabis medicinal, cartilhas, camisetas, adesivos e canecas. 
Todo o material foi criado para dar visibilidade e oferecer informações claras e confiáveis sobre o 
assunto. 
 
Sobre os diretores 
Raphael Erichsen 
Pós-graduado em Cine Documental pela ECIB de Barcelona, dirigiu os documentários “Il.lusió” e 
“95” para o mercado espanhol, em 2008. Em Londres, escreveu, dirigiu e produziu Superstonic Sound, 
documentário sobre o lendário DJ Don Letts apresentado em mais de 30 países. Foi assistente de 
direção do documentarista britânico Julien Temple em "Rio 50º" (TvZero/BBC 2014) e participou e 
dirigiu a série "Rally Mongol" para o canal Multishow. dirigiu o documentário "Que Esse Grito Não 
Seja em Vão", tributo à banda punk "Cólera e Radical - A Controversa saga de Dadá Figueiredo"; 
além dos curta-metragens "Ilegal", "Luta" e "Dor" que podem ser assistidos no site da campanha 
"Repense". 
 
Tarso Araujo 
Tarso Araujo pesquisa e escreve sobre drogas desde 2006 e suas reportagens sobre o assunto já lhe 
renderam um "Prêmio Esso de Criação Gráfica" e um "Prêmio Abril de Jornalismo". Ex-repórter do 
jornal "Folha de S.Paulo", Tarso é colaborador de diversas revistas e editor colaborador da 
"Superinteressante". Em 2012, lançou o "Almanaque das Drogas", mais completo livro sobre o tema já 
lançado no Brasil, e em 2014 co-dirigiu os filmes "Ilegal, Luta e Dor" para a campanha "Repense".

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