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ARITMÉTICA E ÁLGEBRA PARA PROFESSORES UNIASSELVI-PÓS Autoria: Dra. Gislaine Donizeti Fagnani da Costa Indaial - 2020 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Copyright © UNIASSELVI 2020 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. C837a Costa, Gislaine Donizeti Fagnani da Aritmética e álgebra para professores. / Gislaine Donizeti Fagnani da Costa. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 150 p.; il. ISBN 978-65-5646-239-4 ISBN Digital 978-65-5646-235-6 1. Aritmética. - Brasil. 2. Álgebra. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 510 Impresso por: Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Jairo Martins Marcio Kisner Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 DESVENDANDO INCÓGNITAS, VARIÁVEIS, EQUAÇÕES, INEQUAÇÕES E POLINÔMIOS ......................................................7 CAPÍTULO 2 COMPREENDENDO FUNÇÕES, MATRIZES E PROGRESSÕES............................................................................55 CAPÍTULO 3 ENTENDENDO DIVISIBILIDADE,ALGORITMO DE EUCLIDES, EQUAÇÕES DIOFANTINAS LINEARES E SUAS APLICAÇÕES .................................................................... 117 APRESENTAÇÃO Diversas pesquisas têm sido divulgadas no campo da matemática. Nesse sentido, como fruto das pesquisas realizadas no âmbito do ensino e da prática escolar, a educação matemática se expande vinculada a todos os níveis da escolarização. No que diz respeito às pesquisas referentes à aprendizagem da matemática no campo escolar, tem-se, especialmente, progredido bastante, imbuindo ao ensino aprendizagem dessa disciplina novas formas de ensinar e aprender incluindo as metodologias ativas em constante evolução. Dessa forma, pode-se inferir que não se aceita mais uma matemática desvinculada da prática e sem a relação com as diversas áreas do conhecimento humano. Por essa ótica, a matemática necessita ter um cunho aplicativo, histórico e artístico que pode permear as áreas física, humana ou biológica, rompendo assim com os paradigmas disciplinares e interdisciplinares até então estabelecidos, atingindo níveis de excelência com relação a seu ensino e aprendizagem. Nesse sentido, percebe-se a necessidade de se romper com o excesso formalismo, o foco exclusivo em memorização de fórmulas, os cálculos descontextualizados e a punição para os alunos nas avaliações. Nesse panorama carente de reformas para o ensino da matemática e do melhoramento da aprendizagem do aluno, surgiu a Educação Matemática. Tendo como referência o pesquisador e educador matemático Ubiratan D’Ambrósio, a Educação Matemática surgiu com o intuito de ampliar o olhar para as dificuldades com relação ao ensino da matemática que permeavam métodos de ensino ultrapassados, direcionando-se para um ensino robusto da matemática, embasado em práticas que busquem fortalecer e efetivar o ensino aprendizagem da matemática tendo como base o conhecimento multicultural, interdisciplinar e transdisciplinar. No caso da matemática presente no modelo tradicional de educação escolar, o aluno era caracterizado como passivo dos processos de ensino, ou seja, uma caixa vazia que apenas recebia o conhecimento centrado na figura do professor, de forma inacessível e inquestionável. Dessa forma, a aprendizagem da matemática baseava-se apenas em mentalizações de fórmulas prontas e acabadas e resolução de listas de exercícios realizadas mecanicamente, levando em consideração apenas um caminho correto com procedimentos mecânicos para se chegar à solução de um determinado problema. Nas perspectivas advindas da Educação Matemática, o aluno passa a ser ativo, trazendo consigo uma bagagem cultural e uma perspectiva de conhecimento de mundo, ou seja, se torna protagonista da construção de sua própria aprendizagem, de forma reflexiva, crítica e autônoma. O professor assume o papel de mediador na organização e direcionamento da aprendizagem, adaptando-se a esse novo cenário, revendo sua própria prática, avaliando e reavaliando sua postura enquanto docente, dando continuidade a seu processo de formação contínua, dentro e fora da sala de aula. Derivada das tendências da educação matemática surge uma nova metodologia de ensino que contempla as diferentes áreas do conhecimento humano. Tal metodologia, denominada de Modelagem Matemática, assim, torna a matemática visivelmente prática transformando problemas das mais diferentes ciências ou atividades humanas em modelos matemáticos, visando assim o levantamento e estruturamento de dados estatísticos, bem como a avaliação desses dados para que se possa chegar a uma solução matemática que melhor se aplique àquela determinada situação. Por outro lado, também existe um redirecionamento da prática docente, definindo-se um novo paradigma de professor caracterizado pela tríade intelectual- reflexivo-pesquisador. A reflexão sobre a própria prática é vista como estratégia para ensinar aprender matemática. Pensar sobre o que foi planejado, na forma como foi desenvolvido, na resposta dada pelos alunos, possibilita ao professor propor situações didáticas, planejando e propondo intervenções cada vez mais ajustadas ao perfil do aluno. Tal reflexão permeada por referenciais teóricos que a fomentam e a fundamentam, pois é a partir de uma dada concepção sobre o processo ensino-aprendizagem da matemática que o professor discute, avalia, reorganiza e ressignifica a própria prática. A avaliação em matemática, por sua vez, antes caracterizada como punitiva passando a ser formativa, ou seja, passou a comtemplar todos os momentos da atividade realizada pelos alunos, valorizando e mostrando as múltiplas culturas, as condições físicas e organizacionais da escola, a afetividade, o raciocínio, a habilidade, a visão de mundo, de sociedade, de educação e de escola e, claro, os conhecimentos formais sobre a matemática e suas áreas de interdisciplinaridade. Nesse sentido, é importante o professor de matemática repensar constantemente suas próprias práticas pedagógicas, aprimorando sempre que houver necessidade. No decorrer da convivência com o aluno é necessário que o professor de matemática instaure um clima de reciprocidade inerente a sua metodologia de trabalho, tornando-se efetivamente o mediador do processo de ensino aprendizagem. Assim, no ensino da matemática, o professor deve ser um mediador ou um agente de mudanças que intervém nos processos afetivos, cognitivos e sociais do aluno, ou seja, não basta reconhecer que o aluno não teve sucesso nas atividades de ensino aprendizagem, indo além de meramente ensinar o conteúdo, propondo estratégias e estabelecendo relações. Prof.ª Gislaine Donizeti Fagnani da Costa CAPÍTULO 1 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: • Conceituar e definir as propriedades de produtos notáveis, fatoração e polinômios. • Identificar variáveis/incógnitas e resolver equações e inequações. • Definir o conceito de polinômios. • Aplicar os conceitos e propriedades dos produtos notáveis, fatoração, equações, inequações e polinômios na vida real. 10 Aritmética e álgebra para professores 11 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações,Inequações E Polinômios Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A matemática é algo que deve estar disponível para todo ser humano, para que possa fazer uso dela como uma de suas ferramentas de sobrevivência e convívio social, promovendo uma formação integral e inclusiva. As formas de pensar as características da matemática podem expandir- se para outros raciocínios, impulsionando a capacidade global de aprendizado. Ao lidar com a matemática, fundamentamos o pensamento em um conjunto de axiomas, na geração e validação de hipóteses, no desenvolvimento de algoritmos e procedimentos de resolução de problemas, estabelecendo conexões e fazendo estimativas. Dessa forma, ao analisar situações particulares inseridas na estrutura global, é possível construir estruturas de pensamento também úteis em situações não matemáticas da vida em sociedade. Tendo como referência o desenvolvimento das competências e habilidades descritas pela BNCC, temos que a: competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais) atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho (BRASIL, 2017, p. 8) Em um ambiente mundial cada vez mais competitivo e desenvolvido do ponto de vista tecnológico, é preciso tornar acessíveis a todas as pessoas as vantagens desses avanços. E é de responsabilidade também da educação escolar levar o aluno a perceber criticamente a realidade, cuja interpretação depende da compreensão de sua estrutura lógica, do entendimento da simbologia adotada no contexto, da análise das informações veiculadas por dados numéricos, imagens, taxas, indexadores econômicos entre outros. Um indivíduo com poucos conhecimentos matemáticos pode estar privado de exercer seus direitos como cidadão, por não ter condições de opinar em situação de igualdade com os demais membros da sociedade, nem de definir seus atos públicos e sociais com base em uma avaliação acurada da situação. Nesse sentido, podemos afirmar que a maior parte das sociedades de hoje depende cada vez mais do conjunto de conhecimento produzido pela humanidade, incluindo de maneira notável as contribuições da ciência matemática. Assim, no ensino da matemática, assumem grande importância aspectos como o estímulo a relacionar os conceitos matemáticos com suas representações (esquemas, diagramas, tabelas, figuras); a motivação para identificar no mundo real o uso 12 Aritmética e álgebra para professores de tais representações; o desafio à interpretação, por meio da Matemática, da diversidade das informações advindas desse mundo. 2 DESVENDANDO INCÓGNITAS, VARIÁVEIS, EQUAÇÕES, INEQUAÇÕES E POLINÔMIOS O objetivo desta seção é conceituar e definir as propriedades de produtos notáveis, fatoração e polinômios, bem como identificar variáveis/incógnitas e resolver equações e inequações. 2.1 PRODUTOS NOTÁVEIS E FATORAÇÃO Fatoração é o termo utilizado na álgebra para designar a decomposição de cada um dos elementos que integram um produto, isto é, o resultado de uma multiplicação. Por meio da fatoração busca-se a simplificação das fórmulas matemáticas em que ocorre a multiplicação, especialmente das chamadas equações. Um exemplo particular e extremamente importante é a fatoração de um polinômio, que significa transformá-lo em um produto de polinômios de graus menores ou mais simples. Dessa forma, a fatoração surge como um recurso da matemática utilizado com a finalidade de facilitar os cálculos algébricos; para que possamos conseguir resolver situações mais complexas. Existem várias aplicações e problemas relacionados, tais quais os de fatoração de números primos e criptografia. Sendo a fatoração é indispensável na resolução de equações do segundo grau ou maior. Nessa perspectiva fatorar significa transformar a soma e a subtração de expressões algébricas ou equações em um produto com fatores. Para facilitar à compreensão e o entendimento da fatoração como sendo a simplificação das sentenças matemáticas, a fatoração é dividida em casos de fatoração, que serão apresentados na sequência. 13 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 2.1.1 Fatoração por fator comum ou evidência Ao realizar a fatoração por fator comum em evidência, utilizamos a ideia de fazer grupos de polinômios, ao fatorar escrevemos a expressão na forma de produto de expressões mais simples. Nesse caso de fatoração pode ser determinada pela fórmula: ax+bx = x(a+b) O termo a ser colocado em evidência foi o x, pois ele se repete na composição do monômio ax e bx. Observe o polinômio P(x) = x² + 3x, podemos verificar que o monômio x é comum a todos os termos. Ao colocá-lo em evidência, dividindo cada termo do polinômio P(x) = x² + 3x por x, obtemos x (x + 3), permitindo a conclusão de que a forma fatorada do polinômio P(x) = x² + 3x. Veja a seguir, mais alguns exemplos de fatoração utilizando fator comum em evidência. Exemplo 1: Seja P(x) = 9x³ - 3x² + 6x, temos: Fator comum: 3x Forma fatorada: 3x (3x² - x + 2) Exemplo 2: P(a) =a6 – 4a² Fator comum: a² Forma fatorada: a² (a4 – 4) 14 Aritmética e álgebra para professores Faça a fatoração da expressão P(b) =3b12 – 6b6, utilizando fator comum em evidência. 2.1.2 Fatoração por agrupamento Agrupamento consiste no método pelo qual se pode simplificar uma expressão algébrica, agrupando os termos que são comuns ou semelhantes. A fórmula geral que estabelece o agrupamento é dada por: ax + bx + ay + by = (x + y)⋅ (a + b) Podendo ser escrita como: ax + bx + ay + by = x⋅ (a + b) + y⋅ (a + b)= (x + y)⋅ (a + b) Observe que no método do agrupamento necessita fazer uso da fatoração por termo comum em evidência. No entanto, no caso da fatoração por agrupamento não existe um fator que será comum a todos os termos, temos somente fatores que são comuns a alguns termos. Seja P(x) = 4x² + 8x + 6xy + 12y, colocando os termos em comum em evidência por agrupamento temos: 4x (x + 2) + 6y (x + 2). Observe que os termos 4x e 6y ainda possuem termos em comum. Ao colocar novamente os termos 4x e 6y temos: (4x + 6y) (x + 2). A seguir veja mais alguns exemplos de fatoração por agrupamento: Exemplo 1: Seja P(x) = 2xy – 12x + 3by – 18b Fatorando, temos: 2x (y – 6) + 3b (y – 6) Fatorando novamente: (2x + 3b) (y – 6) Exemplo 2: Seja P(x) = 6x²b + 42x² – y²b – 7y² Fatorando temos: 6x² (b + 7) – y² (b + 7) Fatorando novamente: (6x² – y²) (b + 7) 15 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 Fatore P(a)= ab + 3b + 7a + 21 usando agrupamento. 2.1.3 Fatoração: diferença de dois quadrados A fórmula geral desse caso de fatoração é igual a: a2 − b2 = (a + b) ⋅ (a − b) A fatoração pela diferença de dois quadrados, ou seja, a subtração de dois quadrados só pode ser empregada quando: • For realizada uma expressão algébrica com dois monômios (sejam binômios). • Os dois monômios sejam quadrados. • A operação entre os dois monômios for de diferença ou subtração. Observe, a seguir, um exemplo de expressão algébrica que satisfaz a exigência: a2 - 1 é uma expressão algébrica que possui apenas dois monômios, os dois estão ao quadrado e entre eles há uma operação denominada subtração. Considere a seguinte expressão algébrica: 16x2 – 25, ao extrair a raiz quadrada de ambos os membros que compõem a equação, temos: Sendo assim, a forma fatorada da equação: 16x2 – 25 será (4x – 5) (4x + 5). Exemplo 1: Ao extrair as raízes da expressão algébrica x2 – 49, obtemos respectivamente x e 7, então a sua forma fatorada é (x –7) (x + 7). 16 Aritmética e álgebra para professores Exemplo 2: Sendo a expressãoalgébrica 64x2 – 81, a raiz dos termos 64x2 e 81 é respectivamente 8x e 9. Então, a forma fatorada é (8x – 9) (8x + 9). Fatore a expressão algébrica 4x² – 81y². 2.1.4 Fatoração: trinômio do quadrado perfeito O trinômio quadrado perfeito possui representação tanto na soma como na diferença. A seguir, as suas fórmulas gerais: Diferença: a2 − 2ab + b2 = (a − b)2 Soma: a2 + 2ab + b2 = (a + b)2 O que é um trinômio? Trinômio é um polinômio que tem três monômios sem termos semelhantes. Exemplo 1: a) 5x2 + 3x + 5 b) 10x3 + 2x – 3x2 c) 5ab +6b + 2c A fatoração pelo trinômio do quadrado perfeito só pode ser utilizado quando a expressão algébrica for um trinômio, ou seja, polinômio com três monômios e esse trinômio formar um quadrado perfeito. No entanto, nem todos os trinômios apontados anteriormente podem ser fatorados utilizando o quadrado perfeito. Você sabe o que é quadrado perfeito? Um número é considerado um quadrado perfeito, quando esse número for o resultado de outro número elevado ao quadrado, por exemplo: 16 é um quadrado perfeito, pois 42 = 16. Dado um trinômio qualquer, como podemos identificar se esse trinômio é quadrado perfeito? Basta observar as seguintes regras: 17 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 • Dois termos (monômios) do trinômio devem ser quadrados. • Um termo (monômio) do trinômio deve ser o dobro das raízes quadradas dos dois outros termos. Dado o polinômio a seguir, podemos observar: Os dois membros do trinômio têm raízes quadradas e o dobro do produto das raízes obtidas é igual ao termo do meio, dessa forma, podemos dizer que o trinômio 16x2 + 8x + 1 é quadrado perfeito. Assim, podemos concluir que a forma fatorada do trinômio é 16x2 + 8x + 1 é (4x + 1)2, pois é a soma das raízes ao quadrado. Exemplo 2: Seja o trinômio 4x2 – 8xy + y2, ao extrair as raízes dos termos 4x2 e y2, obtemos respectivamente 2x e y. O dobro dessas raízes deve ser 2 . 2x . y = 4xy, é diferente do termo 8xy, então esse trinômio não pode ser fatorado usando o quadrado perfeito. Sendo o trinômio 1 + 9 a² – 6 a, obtenha a forma fatorada desse trinômio. 2.2 PRODUTOS NOTÁVEIS Na álgebra, há expressões representadas por produtos de expressões algébricas, que surgem com maior frequência. Pela relevância que representam no cálculo algébrico, tais expressões são denominadas Produtos Notáveis e 18 Aritmética e álgebra para professores são utilizados especialmente para a fatoração de polinômios e também com a finalidade de evitar erros com sinais. Os produtos notáveis são multiplicações em que os fatores são polinômios. Há cinco produtos notáveis mais importantes: quadrado da soma, quadrado da diferença, produto da soma pela diferença, cubo da soma e cubo da diferença. No entanto, antes do entendimento de um produto notável, faz-se necessário a compreensão do conceito de expressões algébricas, ou seja, expressões que possuem letras e números. Observe alguns exemplos: 2x + 3 = 4 - y + 2x + 1 = 0 z2 + ax + 2y = 3 Os produtos notáveis, por sua vez, consistem em fórmulas que facilitam a simplificação de produtos algébricos, por exemplo: (x + 2) . (x + 2) (y – 9) . (y – 9) (z + 5 ). (z – 5) Existem cinco casos diferentes de produtos notáveis, apresentados a seguir: Caso 1 – Quadrado da soma de dois termos • Quadrado significa elevar ao expoente 2. • Soma de dois termos = a + b. • Assim, o quadrado da soma de dois termos é: (a + b)2. Ao efetuar o produto do quadrado da soma, teremos: (a + b)2 = (a + b) . (a + b) = = a2 + a . b + a . b + b2 = = a2 + 2 . a . b + b2 Exemplo 1: (5 + a)2 52 + 2 . 5 . a + a2 25 + 10 . a + a2 19 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 Efetue o quadrado da soma de dois termos para a expressão (2x + y)². Caso 2 – Quadrado da diferença de dois termos • Quadrado, significa elevar ao expoente 2. • Diferença de dois termos = a - b. Assim, o quadrado da diferença de dois termos é: (a - b)2. Efetuando os produtos por meio da propriedade distributiva, temos: (a - b)2 = (a – b) . (a – b) a2 – a . b – a . b + b2 = a2 – 2 .a . b + b2 Exemplo 3: (a – 3c)2 a2 – 2 . a . 3c + (3c)2 a2 – 6 . a . c + 9c2 Efetue o quadrado da diferença de dois termos para a expressão é: (p - 2r)². Caso 3 – Produto da soma pela diferença de dois termos • Produto significa multiplicação. • Soma de dois termos, como já foi dito é igual a: a + b. • Lembrando que a diferença de dois termos é igual a: a – b. Dessa forma, o produto da soma pela diferença de dois termos é: (a + b) . (a – b). 20 Aritmética e álgebra para professores Efetuando o produto de (a + b) . (a – b), obtemos: (a + b) . (a – b) = a2 - ab + ab - b2 = a2 + b2 Obtendo o seguinte produto notável: (a + b) . (a – b) = a2 - b2 Exemplo 5: (2 – b) . (2 + b) 22 – b2 4 – b2 Efetue o produto da soma pela diferença de dois termos para a expressão (3x² – 1) . (3x² + 1). Caso 4 – Cubo da soma de dois termos • Cubo significa expoente igual a 3. • Soma de dois termos é igual a + b. Dessa forma, o cubo da soma de dois termos é igual a (a + b)3. Ao efetuar o produto por meio da propriedade distributiva, obtemos: (a + b)3 = (a + b) . (a + b) . (a + b) = (a2 + a . b + a . b + b2) . (a + b) = ( a2 + 2 . a . b + b2 ) . ( a + b ) = a3 +2. a2 . b + a . b2 + a2 . b + 2 . a . b2 + b3 = a3 +3 . a2 . b + 3. a . b2 + b3 Obtemos o seguinte produto notável: (a + b)3 = a3 + 3 . a2 . b + 3 . a . b2 + b3 21 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 Exemplo 7: (3c + 2a)3 (3c)3 + 3 . (3c)2 .2a + 3 . 3c . (2a)2 + (2a)3 27c3 + 54 . c2 . a + 36 . c . a2 + 8a3 Efetue o cubo da soma de dois termos na expressão (3x + 1)³ por meio da propriedade distributiva. Caso 5 – Cubo da diferença de dois termos • Cubo = expoente 3. • Diferença de dois termos = a - b. Assim, o cubo da diferença de dois termos é: ( a - b )3. Efetuando os produtos, obtemos: (a - b)3 = (a - b) . (a - b) . (a - b) = (a2 - a . b - a . b + b2) . (a - b) = (a2 - 2 . a . b + b2) . (a - b) = a3 - 2. a2 . b + a . b2 - a2 . b + 2 . a . b2 - b3 = a3 - 3 . a2 . b + 3. a . b2 - b3 Obtendo o seguinte produto notável: (a - b)3 = a3 - 3 . a2 . b + 3 . a . b2 - b3 Exemplo 8: (x - 2y)3 x3 - 3 . x2 . 2y + 3 . x . (2y)2 – (2y)3 x3 - 6 . x2 . y + 12 . x . y2 – 8y3 22 Aritmética e álgebra para professores Efetue o cubo da diferença de dois termos na expressão (5y - 2)³ por meio da propriedade distributiva. Nesta obra, a seguir, a autora apresenta meios para trabalhar os produtos notáveis com base no uso de material concreto: ALMEIDA, G. C. E. de. Ensino de produtos notáveis através de material concreto. Curitiba: Editora CRV, 2013. Neste livro, a seguir, é possível encontrar discussões sobre como abordar ideias da álgebra em sala de aula, envolvendo prática e teoria: COXFORD, A. F. E.; SHULTE, A. P. (org). As ideias da álgebra. São Paulo: Atual, 1994. 2.3 INCÓGNITA, EQUAÇÃO E INEQUAÇÃO Toda sentença aberta expressa uma proposta de igualdade consiste em uma equação. A palavra equação caracteriza-se pelo prefixo equa que vem do latim e significa igual. Numa equação as letras que representam os valores desconhecidos são as incógnitas. A palavra incógnita significa desconhecida. Uma equação é uma expressão matemática que possui, em sua composição incógnita, coeficientes, expoentes e um sinal de igualdade. As equações são caracterizadas de acordo com o maior expoente de uma das incógnitas. Assim como uma igualdade, uma equação possui dois membros: o primeiro membro está colocado à esquerda do sinal de igualdade e o segundo membro fica à direita do sinal de igualdadeda equação. 23 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 Exemplo: 3x + 5 = 2x – 8. Dessa forma, uma equação é uma expressão algébrica que contém uma igualdade, criada com a finalidade de encontrar soluções para problemas nos quais um número não é conhecido. 2.3.1 Equação do primeiro grau Equações de primeiro grau são sentenças matemáticas que associam relações de igualdade entre termos desconhecidos e conhecidos, representadas sob a forma: ax + b = 0 Assim, equação é toda sentença aberta, redutível e equivalente a ax + b = 0, com a ∈ R* e b ∈ R. Ou seja, a e b são números que pertencem aos conjuntos dos números reais (R), com a diferente de zero e x representa uma variável que não conhecemos (incógnita). A incógnita é o valor que precisamos achar para encontrar a solução para a equação. A variável que não conhecemos (incógnita) costumamos representá-la na equação pelas letras x, y e z. Numa equação do primeiro grau, o expoente da incógnita é sempre 1. Exemplo: 15 + x = 18. 2.3.2 Raiz de uma Equação do primeiro grau Um número é chamado raiz de uma equação quando, ao substituir a incógnita por ele, obtemos uma sentença verdadeira. A finalidade de achar a raiz numa equação de primeiro grau é achar o valor desconhecido, isto é, encontrar o valor da incógnita que torna a igualdade verdadeira. É relevante observar que a mudança de posição dos elementos deve ser realizada de forma que a igualdade continue sendo verdadeira. 24 Aritmética e álgebra para professores Quando um termo da equação mudar de lado do sinal de igual, deve-se inverter a operação. Nesse sentido, se estiver multiplicando, passará dividindo, se estiver somando, passará subtraindo e vice-versa. O procedimento de substituição da incógnita por um número consiste em verificar se esse número é ou não raiz da equação. Nessa perspectiva, raiz de uma equação é o valor da incógnita que a transforma numa sentença matemática fechada e verdadeira, assim resolver uma equação é encontra sua raiz. Exemplo 1: para verificar se o número 5 é raiz da equação x + 2 = 7, substituímos x por 5: 5 + 2 =7. 7 = 7 (verdadeira), logo, 5 é raiz da equação x + 2 = 7. 2.3.3 Raízes ou solução de equações do primeiro grau A resolução de equações do 1º grau com uma incógnita é feita transformando- se cada equação equivalente e mais simples, até que as soluções sejam obtidas. Exemplo 1: ache a raízes da equação que seguem: a) 2x - 16 = 4 Resolução: 2x = 4 + 16 2x = 20 x = 20/2 x = 10 b) 4 . (x – 1) = 2 . 4 Resolução: 4x – 4 = 8 4x = 8 + 4 4x = 12 x = 12/4 x= 3 25 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 Exemplo 2: Antônio tinha certa quantidade de balas, deu 1/3 da quantia para Ana e 1/4 da quantia para Camila, ficando com R$ 25,00. Qual era a quantia de balas que Antônio possuía? Resolução: Sendo a quantia de balas: x Um terço da quantia: 1/3x Um quarto da quantia: 1/4x Então: 1/3 x + 1/4 x + 25 = x Achando o mmc e simplificando os denominadores temos: 4x + 3x + 300 = 12x 12x – 4x – 3x = 300 12x – 7x = 300 5x = 300 x = 300/5 x = 60 Atividade 1: o triplo de um número adicionado ao seu dobro resulta em 900. Qual é o número? Atividade 2: os 38 alunos da 9ª série A de uma escola representam 25% de todos os alunos da 9ª série dessa mesma instituição. Quantos são os alunos da 9ª série dessa escola? Atividade 3: as reproduções das telas a seguir são assinadas por Eliane Montari. Eu as comprei por R$1320,00. Pela tela A, paguei o dobro do que paguei pela tela B, e pela tela C, peguei o triplo do que paguei pela B. Quanto paguei respectivamente pelas telas A, B e C? Atividade 4: Pedro e Thiago são ciclistas e decidiram percorrer uma estrada que possui um trecho de terra e outro asfaltado. Pedro percorreu o trecho asfaltado e mais 6 km do trecho de terra, retornando logo após o ponto de partida. Thiago percorreu o trecho e mais 2 km do trecho de terra, depois voltou ao ponto de partida. Ele fez esse percurso duas vezes. Quando fizeram as contas, descobriram que haviam percorrido a mesma distância. Quantos quilômetros tem o trecho asfaltado? 26 Aritmética e álgebra para professores 2.3.4 Equação do segundo grau Uma equação do 2º grau com uma incógnita é qualquer equação que pode ser escrita na forma reduzida ax² + bx + c = 0, em que a, b e c são números reais denominados de coeficientes, e x é a incógnita a ≠ 0. Quanto aos coeficientes a, b e c, a é sempre coeficiente de x², b é sempre coeficiente de x, e c é sempre coeficiente do termo independente. O que determina o grau de uma equação é o expoente (a potência) da incógnita (a letra, geralmente x e y). Nas equações de segundo grau, o maior expoente da incógnita é 2. Exemplo: a) x² – 10x + 24 = 0, em que a = 1, b = -10 e c = 24. b) - 3x² + 7x - 5 = 0, em que a = - 3, b = 7 e c = - 5. 2.3.5 Equações do segundo grau incompletas Quando pelo menos um dos coeficientes, b ou c, for igual a zero, dizemos que a equação do segundo grau é incompleta. Exemplo: a) x² - 4 = 0, em que a= 1, b = 0 e c = - 4. b) 2x2 + 3x = 0, em que a = 2 b = 3 e c = 0. c) -13x2 = 0 em que a = -13, b = 0 e c = 0. 2.3.6 Raízes ou solução de uma equação do segundo grau A solução de uma equação é chamada de raiz. O número de raízes possíveis de uma equação é igual ao seu grau. Resolver uma equação é o mesmo que achar suas raízes, ou seja, o valor ou os valores que satisfazem a equação. 27 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 As raízes da equação do 2º grau x² – 10x + 24 = 0, por exemplo, são x = 4 ou x = 6, pois: Substituindo x = 4 na equação, temos: x² – 10x + 24 = 0 4² – 10 . 4 + 24 = 0 16 – 40 + 24 = 0 – 24 + 24 = 0 0 = 0 (verdadeiro) Substituindo x = 6 na equação, temos: x² – 10x + 24 = 0 6² – 10 . 6 + 24 = 0 36 – 60 + 24 = 0 – 24 + 24 = 0 0 = 0 (verdadeiro) Essa expressão consiste num método eficiente de resolução desse modelo de equação, com base nos coeficientes numéricos. Considere a equação ax² + bx + c = 0, onde a, b e c são números reais. Acompanhe os passos para a resolução de uma equação do segundo grau, a seguir. 2.3.7 Resolução de equações incompletas a) Equações do tipo ax2 + bx = 0 Equações do tipo ax2 + bx = 0, com a ≠ 0 com b ≠ 0, tem uma solução igual a zero e outra diferente de zero. Exemplo 1: Seja a equação x2 - 6x = 0, temos a = 1, b = - 6 e c = 0. Como a incógnita aparece nos dois termos da equação, é possível colocá-la em evidência: x2 - 6x = 0 x .(x - 6) = 0 28 Aritmética e álgebra para professores Como o produto de x por x - 6 é igual a zero, pelo menos um dos fatores deve ser igual a zero. Assim, se x . (x - 6) = 0, temos que: x1= 0 ou x - 6= 0, ou seja, x2= 6. Dessa forma, as soluções dessa equação são 0 e 6. b) Equações do tipo ax2 + c = 0 Equações do tipo ax2 + c = 0, com a ≠ 0 com c ≠ 0, têm duas soluções reais opostas quando a > 0 e c < 0 ou a < 0 e c > 0 não têm soluções reais quando a > 0 e c > 0 ou a < 0 e c < 0. Exemplo 2: Seja a equação x2 - 16 = 0, temos a= 1, b= 0 e c= -16. Como a > 0 e c < 0 então a equação tem duas soluções reais. Resolvendo essa equação em duas formas temos: 1ª forma: isolando a incógnita no primeiro membro. x2 - 16 = 0 x2 = 16 x= ±√16 x=±4 Observe que (- 4)2= (4)2=16. 2ª forma: usando fatoração. O primeiro membro dessa equação é uma diferença de quadrados. Assim, fatorando essa expressão, temos: x2 - 16 = 0 x2 - 42 = 0 (x + 4) ( x - 4) = 0 Assim temos: (x + 4) = 0 x = 4 (x - 4) = 0 x = - 4 29 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações,Inequações E Polinômios Capítulo 1 Dessa forma, as soluções da equação são 4 e – 4. c) Equações do tipo ax2 = 0 Equações do tipo ax2 + bx = 0, com a ≠ 0 têm uma única solução, que é x= 0. Nesse caso, é comum que se diga que a equação tem duas soluções reais iguais à zero. Exemplo 3: Seja a equação 7x2 = 0, dividindo os dois membros da equação por 7, temos: O único número que, elevado ao quadrado, é igual a zero é o próprio zero. Logo, temos duas raízes reais e iguais à zero. As equações x² - 9 = 40 e 5x² = - 35x têm uma solução em comum. Determine-a. No livro, a seguir, o autor descreve a história do desenvolvimento das equações algébricas, apresentando não somente a matemática por trás de cada método, mas também os fatos históricos que ajudaram nesse desenvolvimento. GARBI, G. G. O romance das equações algébricas. 2. ed. São Paulo: Livraria da Física, 2003. De forma interessante e envolvente, este livro, a seguir, apresenta diversas utilidades práticas de conteúdo de álgebra. Uma importante ferramenta para o trabalho em sala de aula. IMENES, L. M. P. et al. Álgebra. 6. ed. São Paulo: Atual, 1992. 30 Aritmética e álgebra para professores 2.3.8 Resolução de equações completas a) Equações do tipo ax2 + bx + c = 0 Equações do tipo ax2 + bx +c = 0, com a, b e c ≠ 0 por meio dos seguintes métodos: fatoração (uso do trinômio do quadrado perfeito), completar quadrados (algebricamente e geometricamente) e fórmula geral (Bhaskara). Exemplo 1: fatorando para obter um trinômio quadrado perfeito. Dada a equação x2 + 2x + 1 = 0, temos a = 1, b = 2 e c = 1. Essa equação é chamada de Equação do Segundo Grau Completa, pois nenhum dos seus coeficientes é nulo. Além disso, observe que temos um trinômio quadrado perfeito no primeiro membro da igualdade. Dessa forma, fatorando o trinômio da equação temos: x2 + 2x + 1 = (x + 1)2 Então, como zero é o único número que elevado ao quadrado é igual à zero, podemos concluir que: (x + 1) = 0 x = -1 Logo, essa equação tem duas raízes reais iguais a -1. 2.3.9 Resolução de equações completas a) Equações do tipo ax2 + bx + c = 0 Equações do tipo ax2 + bx + c = 0, com a, b e c ≠ 0 por meio dos seguintes métodos: fatoração (uso do trinômio do quadrado perfeito), completar quadrados (algebricamente e geometricamente) e fórmula geral (Bhaskara). 31 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 Exemplo 1: fatorando para obter um trinômio quadrado perfeito. Dada à equação x2 + 2x + 1 = 0, temos a = 1, b = 2 e c = 1. Essa equação é chamada de Equação do Segundo Grau Completa, pois nenhum dos seus coeficientes é nulo. Além disso, observe que temos um trinômio quadrado perfeito no primeiro membro da igualdade. Dessa forma, fatorando o trinômio da equação temos: x2 + 2x + 1 = (x + 1)2 Então, como zero é o único número que elevado ao quadrado é igual à zero, podemos concluir que: (x + 1) = 0 x = -1 Logo, essa equação tem duas raízes reais iguais a -1. Exemplo 2: Completando quadrados. Considere a equação x2 + 16x - 17 = 0. Essa equação é chamada de equação do segundo grau completa, pois nenhum dos seus coeficientes é nulo. • 1º passo: escreva a equação na forma ax2 + bx = - c. x2 + 16x = 17 • 2º passo: para obtermos um trinômio quadrado perfeito no primeiro membro, adicionamos m2 aos dois membros da equação: x2 + 16x + m2 = 17 + m2 Para que o primeiro membro seja um quadrado perfeito, 2xm deve ser igual a 16x. Então: 2xm = 16x m = 16x/2x m = 8 Assim: x2 + 16x + 82 = 17 + 82 32 Aritmética e álgebra para professores (x + 8)2 = 17 + 64 (x + 8)2 = 81 • 3º passo: em seguida, resolvemos a nova equação: (x + 8)2 = 81 (x + 8) = ± √81 (x + 8) = ± 9 Logo: (x1 + 8) = 9 x1 = 9 – 8 x1 = 1 Ou (x2 + 8) = - 9 X2 = -9 - 8 x2 = -17 Dessa forma, as soluções da equação são -17 e 1. Exemplo 3: fórmula resolutiva de equação do segundo grau (Fórmula de Bhaskara). x = -b ± √Δ 2a Δ = b² - 4 ac Em que b² - 4ac é chamado discriminante da equação do segundo grau denominado pela letra grega Δ (delta). Dada a equação x2 + 4x + 3= 0, usando a fórmula resolutiva de equações do segundo grau, identificamos que a = 1, b = 4 e c = 3. Calculando o valor do discriminante temos: Δ = b² - 4 ac Δ = 4² - 4.1.3 Δ = 16 - 12 Δ = 4 Assim: x = -b ± √Δ 2a 33 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 x = -4 ± √4 2.1 x1 = -4 + 2 = -1 2 x2 = -4 - 2 = -3 2 Logo, as soluções da equação são – 3 e – 1. Atenção! Nem toda equação do segundo grau completa pode ser manipulada de modo a obter um trinômio quadrado perfeito, já a fórmula resolutiva para equação do segundo grau (Fórmula de Bhaskara) pode ser aplicada para obter a solução de qualquer equação do segundo grau, seja ela completa ou incompleta. Atividade 1: dada as dimensões do retângulo a seguir, com base nas informações indicadas, determine o valor de x para o qual a área do retângulo é igual a 56 m2 são iguais a: a) ( ) 5 e -5. b) ( ) 5 e -10. c) ( ) -10 e 10. d) ( ) -1 e 5. Atividade 2: a soma de um número racional não inteiro com o dobro do seu inverso multiplicativo é 33/4. Esse número está compreendido entre: 34 Aritmética e álgebra para professores a) ( ) 5 e 6 b) ( ) 1 e 5 c) ( ) 1/2 e 1 d) ( ) 3/10 e 1/2 e) ( ) 0 e 3/10 Atividade 3: o quadrado de um número menos o triplo do seu sucessivo é igual a 15. Qual é esse número? 2.3.10 Análise do discriminante de uma equação do segundo grau Discriminar significa perceber diferenças, na matemática, o termo discriminante é empregado para denominar um número ou uma expressão que permite classificar equações do segundo grau conforme a existência de raízes ou não. Dessa forma, existe uma relação entre valor do discriminante e a existência de raízes reais para a equação. Ao calcularmos o valor do discriminante é possível identificar se a equação do segundo grau tem ou não raízes. Observe a seguir as análises do valor do discriminante: • Δ = 0. Se o discriminante é igual à zero, a equação de 2º grau possui duas raízes reais iguais. Exemplo: Dada a equação x2 – 6x + 9 = 0, temos que: a = 1, b = – 6 e c = 9. Utilizando a fórmula resolutiva de Bhaskara: x = -b ± √Δ 2a em que Δ = b² - 4 ac, temos: Δ = (– 6)² – 4.1.(9) Δ=36 - 36 35 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 Δ= 0 x = – (– 6) ± √0 2.1 x = 6 ± 0 2 x1 = 6/2= 3 x2 = 6/2=3 A equação possui duas raízes iguais a 3, logo o conjunto solução desta equação é: S= {3}. • Δ > 0. Se o valor do discriminante é maior que zero, a equação possui duas raízes reais diferentes. Exemplo: Dada a equação x2 + 3x – 4 = 0, temos que: a = 1, b = 3 e c = – 4. Utilizando a fórmula resolutiva de Bhaskara: x = -b ± √Δ 2a em que Δ = b² - 4 ac, temos: Δ = (6)² – 4.1.(-4) Δ=9 + 16 Δ= 25 x = – (3) ± √25 2.1 x = - 3 ± 5 2 x1 = 2/2= 1 x2 = - 8/2= - 4 A equação possui duas raízes diferentes, logo o conjunto solução desta equação é: S= {- 4,1}. • Δ < 0. Quando o discriminante é menor que zero, não existem raízes reais (em R). Exemplo: 36 Aritmética e álgebra para professores Dada a equação x2 + 5x + 7 = 0, temos: a = 1, b = 5 e c = 7. Utilizando a fórmula resolutiva de Bhaskara: x = -b ± √Δ 2a em que Δ = b² - 4 ac, temos: Δ = (5)² – 4.1.(7) Δ= 25 – 28 Δ= - 3 x = – (– 6) ± √- 3 2.1 Como nos reais não existe raiz de número negativo, a equação não tem raízes reais, logo o conjunto solução desta equação é: S=ø.Assim: 2.3.11 Inequações Diferente da equação que expressa igualdade, a inequação consiste em uma expressão matemática que tem a propriedade de expressar desigualdades. Na equação, o sinal usado é o símbolo da igualdade (=), já na inequação usaremos os seguintes símbolos matemáticos que expressam desigualdades: >: (maior que); <: (menor que); ≥: (maior que ou igual) ou ≤: (menor que ou igual). A resolução de uma equação pode ser dividida em passos que, por sua vez, se assemelham aos passos de resolução de uma equação. Dados a ≠ 0 e b números reais, resolva para x (incógnita) a.x + b < 0. 37 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 2.3.12 Resolução de inequações do primeiro grau e representação na reta real A principal entre equação e inequação é basicamente que a equação representa uma igualdade e a inequação representa uma desigualdade. Nas equações do primeiro grau, busca-se encontrar um resultado único para a incógnita, e tais resultados nas inequações este resultado pode ser um conjunto aberto ou fechado de números, identificados pelos símbolos de desigualdade. A resolução de uma inequação se assemelha aos passos de resolução de uma equação. Dados a ≠ 0 e b números reais, e a.x + b, chamamos de inequação do primeiro grau toda desigualdade que, quando reduzida, possui uma das seguintes formas: • a.x + b < 0 • a.x + b > 0 • a.x + b ≤ 0 • a.x + b ≥ 0 Intervalos: significa que o conjunto possui cada número real entre dois extremos indicados, seja numericamente ou geometricamente. Notação desigualdade/tipo de intervalo: Sejam a e b números reais: • Aberto: (a,b) = {x ∈ R : a < x < b} • Fechado: [a,b] = {x ∈ R : a ≤ x ≤ b} • Semiaberto à direita: [a,b) = {x ∈ R : a ≤ x < b} • Semiaberto à esquerda: (a,b] = {x ∈ R : a < x ≤ b} • Infinito: (− ∞,+∞) = {x ∈ R : − ∞ < x < +∞} = R Exemplo 1: Dada a inequação 4x – 10 < 20 – 2x, qual o valor de x que satisfaz essa desigualdade? Represente a solução na reta real. Resolução: 38 Aritmética e álgebra para professores 4x + 2x < 20 + 10 6x < 30 x < 5, ou seja, {x Є R/ x < 5} Representação da solução na reta real: Observe a solução não inclui o número 5, portanto, a bolinha é aberta no número 5. Exemplo 2: Dada a inequação 4 < 2x – 4 < 10, qual o valor de x que satisfaz essa desigualdade? Represente a solução na reta real. Resolução: 4 < 2x – 4 < 10 4 + 4 < 2x < 10 + 4 8/2 < x < 14/2 4 < x < 7 {x Є R/ 4 < x < 7} Representação da solução na reta real: Observe a solução não inclui o número 4, em o número 7, portanto a bolinha é aberta no número 4 e no número 7. Exemplo 3: Dada a inequação 5 ≤ 2x – 3 < 7, qual o valor de x que satisfaz essa desigualdade? Represente a solução na reta real. 5 ≤ 2x – 3 < 7 5 + 3 ≤ 2x < 7 + 3 8 ≤ 2x < 10 39 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 8/2 ≤ x < 10/2 4 ≤ x < 5 {x Є R/ 4 ≤ x < 5} Representação da solução na reta real: Observe a solução inclui o número 4, mas não inclui o número 5, portanto, a bolinha é fechada no número 4 e aberta no número 5. Exemplo 4: Dada a inequação 1 ≤ 4x – 7 ≤ 13, qual o valor de x que satisfaz essa desigualdade? Represente a solução na reta real. 1 ≤ 4x – 7 ≤ 13 1 + 7 ≤ 4x ≤ 13 + 7 8 ≤ 4x ≤ 20 8/4 ≤ x ≤ 20/4 2 ≤ x ≤ 5 {x Є R/ 2 ≤ x ≤ 5} Representação da solução na reta real: Observe a solução inclui o número 2 e inclui o número 5, portanto, a bolinha é fechada no número 4 e no número 5. Dada a inequação 4x + 8 > – 2x + 2, qual o valor de x que satisfaz essa desigualdade? Represente a solução na reta real. 40 Aritmética e álgebra para professores 2.3.13 Resolução de inequações do segundo grau e representação na reta real Resolver uma inequação é determinar os valores de x que tornam a desigualdade verdadeira, ou seja, obter o conjunto-solução da inequação. Seja ax2 + bx + c uma equação do segundo grau, denominamos inequação do segundo grau toda desigualdade que, quando reduzida, possui uma das seguintes formas: • ax2 + bx + c > 0 • ax2 + bx + c < 0 • ax2 + bx + c ≥ 0 • ax2 + bx + c ≤ 0 Para resolver uma inequação do segundo grau, é interessante primeiro resolver a equação normalmente e depois determinar as condições de existência em função de suas raízes e de sua desigualdade. Exemplo 1: Resolva a equação: x2 + 5x + 6 ≥ 0. Resolução: Igualando a equação a zero temos: x2 + 5x + 6 = 0. Utilizando a fórmula resolutiva de Bhaskara: x = -b ± √Δ 2a em que Δ = b² - 4 ac, temos: Δ = (5)² – 4.1.(6) Δ= 25 - 24 Δ= 1 41 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 x = – (5) ± √1 2.1 x = - 5 ± 1 2 x1 = - 4/2= -2 x2 = - 6/2 = - 3 Logo, as raízes da equação são - 3 e - 2. Analisando as raízes da equação segundo a condição da equação dada, na qual a solução da equação deve ser maior ou igual à zero, é necessário estudar um estudo do sinal de ambas as raízes obtidas separadamente e também uma análise da representação de ambas na reta. Assim, representando na reta real temos: • Se x for maior ou igual a - 2, os valores da equação são maiores ou iguais a 0: • Se x for menor ou igual a -3 então os valores de x também serão maiores que zero: Dessa forma, o conjunto solução de nossa inequação será representado na reta real: Escrito da seguinte forma: S= { x ∈ R: x ≤ −3 ou x ≥ −2} = ]− ∞,− 3] ∈ [− 2,+ ∞[. Exemplo 2: Estude a equação: x2 + x – 2 ≤ 0. 42 Aritmética e álgebra para professores Resolução: Igualando a equação a zero temos: x2 + x - 2 = 0. Utilizando a fórmula resolutiva de Bhaskara: x = -b ± √Δ 2a em que Δ = b² - 4 ac, temos: Δ = (1)² – 4.1.(-2) Δ= 1 + 8 Δ= 9 x = – (1) ± √9 2.1 x = - 1 ± 3 2 x1 = 2/2= 1 x2 = - 4/2 = - 2 Logo, as raízes da equação são – 2 e 2. Analisando o sinal temos: • Se x ≥ 1, os valores da equação serão maiores ou igual zero. • Se x ≤ − 2, os valores também serão maiores ou iguais a zero. • Se − 2 ≤ x ≤ 1, então os valores serão menores do que zero, o que satisfaz a nossa condição de existência da equação. Escrita como: S = { x ∈ R:− 2 ≤ x ≤ 1} ou [−2,1]. Estude a equação x² − 8x + 15 > 0. 3 POLINÔMIOS Os polinômios são expressões algébricas constituídas coeficientes numéricos e letras denominadas partes literais, as quais também representam os valores 43 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 desconhecidos da expressão. Um polinômio na variável x é dado por: Em que: • , com n ∈ N são denominados os termos do polinômio (note que todos os expoentes devem ser números naturais); • são números reais denominados coeficientes; • a0 é o termo chamado independente de x; • x é a variável. Exemplo 1: a) 8ab + 2 b) - 2x3 + 6xy - 12x2y3 c) 125x2 - 49y2 Os polinômios são constituídos por termos. A operação entre os elementos de um termo é a multiplicação. Quando um polinômio possui apenas um termo, ele é chamado de monômio, por exemplo: 5x; 6abc; 2x2y3z4. Os chamados binômios são polinômios que possuem somente dois monômios (dois termos), separados por uma operação de soma ou subtração, por exemplo: 2a2 - b2; 8x + y; 2ab - 4cd2. Já os trinômios são polinômios que possuem três monômios (três termos), separados por operações de soma ou subtração, por exemplo: x2 + 3x + 7; 3ab - 4xy - 10y; m3n + m2 + n4. 3.1 GRAU DOS POLINÔMIOS O grau de um polinômio é o expoente máximo que ele possui. Se an ≠ 0, então o expoente máximo n é dito grau do polinômio e indicamosgr(P) = n. Dessa forma, o grau de um polinômio é fornecido pelos expoentes da parte literal. Exemplo 1: Dado P(x) = x3 + 4y, como o índice de maior expoente é 3, o grau do polinômio é 3. 44 Aritmética e álgebra para professores 3.2 VALOR NUMÉRICO OU RAIZ DE UM POLINÔMIO O valor numérico de um polinômio P(x), para x = a, é o número que se obtém substituindo x por a e efetuando todas as operações indicadas pela relação que define o polinômio. Assim, se o valor numérico para x = a for igual ao valor numérico zero, esse valor é denominado raiz do polinômio. Exemplo 1: Dado P(x) = 2x⁵ + x⁴ - 2x² - x, verifique os valores numéricos de P(x) para x= -2 e x=1 e diga ainda se x = - 2 e x = 1 são raízes desse polinômio. Resolução: Calculando o valor de P(x) para x = - 2, temos: P(-2) = 2(-2)⁵ + (-2)⁴ - 2(-2)² - (-2) P(-2) = 64 + 16 - 8 + 2 P(-2) = -54 Como P(-2) = -54 ≠ 0, x = -2 não é raiz do polinômio. Calculando o valor de P(x) para x= 1, temos: P(1) = 2(1)⁵ + (1)⁴ - 2(1)² - (1) P(1) = 2 + 1 - 2 - 1 P(1) = 0 Como P(1) = 0, x = 1 é raiz do polinômio. 3.3 POLINÔMIOS IDENTICAMENTE NULOS Polinômio identicamente nulo é o polinômio cujo valor numérico é igual a zero para todo valor da variável x. Assim, a condição necessária para que dois polinômios sejam iguais ou idênticos ao polinômio nulo é que os coeficientes dos termos correspondentes sejam iguais à zero. 45 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 Exemplo 1: Para quais valores de a e c o polinômio P(x) = (a² - 9)x⁴ + (2b + 1) x², é identicamente nulo. Resolução: Fazendo P(x) = 0, temos: (a² - 9) = 0 a² = 9 a = 3 ou a = -3 (2b + 1) = 0 2b = -1 b = 1/2 Assim P(x) será nulo para a= 3, ou a= - 3 e b= - 1/2. 1 Indique o grau dos polinômios: a) 2x3 – 3 b) 9x4 – 3 c) 2ab - b + 2a d) 5zk7 - 20z2k3w6 + 4x 2 Dada a figura a seguir, calcule: a) Qual o valor do perímetro da figura? b) Encontre o polinômio que representa a área da figura. 3 Fatore o polinômio a seguir: 8ab + 2a2b - 4ab2 46 Aritmética e álgebra para professores 4 Para quais valores de a e c o polinômio P(x) = (a² - 4)x⁶ + (b + 1) x³, é identicamente nulo. 5 Dado P(x) = x⁸ + 2x⁴ - 2x² - x, verifique os valores numéricos de P(x) para x = 3 e x = 1 e diga ainda se x = - 3 e x = 1 são raízes desse polinômio. 3.4 OPERAÇÕES COM POLINÔMIOS Nesta seção, abordaremos as operações com polinômios: adição, subtração, multiplicação e divisão. 3.4.1 Adição de Polinômios Considere os seguintes polinômios: M(x)= - 8x3 + 3 x2y - xy + 4y e N(x)= - 2x2y + 2xy - 8y. Ao somar os coeficientes dos termos semelhantes, ou seja, os coeficientes da mesma parte literal têm: - 8x3 + 3 x2y - xy + 4y - 2x2y + 2xy - 8y - 8x3 + x2y + xy - 4y 3.4.2 Subtração de Polinômios Sejam os seguintes polinômios: P(x)= 5x2 - 2xk + 6k e Q (x)= 2x - 3k. A diferença entre os polinômios caracteriza-se por: (5x2 - 2xk + 6k) - (2x - 3k) Ao eliminar os parênteses, juntando os termos semelhantes, temos: 5x2 - 2xk + 6k - 2xk + 3k 5x2 - 4xk + 9k 47 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 3.4.3 Multiplicação de Polinômios Dados os polinômios: A(x)= 2x2 - 5x + 8 e B(x)= - 3x + 1, multiplicando termo a termo dos dois polinômios, temos que ao multiplicar letras iguais, repetem-se e soma-se os expoentes. (2x2 - 5x + 8) . (- 3x + 1) - 6x3 + 2x2 + 15x2 - 5x - 24x + 8 - 6x3 + 17x2 - 24x + 8 3.4.4 Divisão de Polinômios Considere os polinômios: C(x)= 3x3 - 14x2 + 23x -10 e D(x)= x2 - 4x + 5. Ao efetuar a divisão de C(x) por D(x), usamos o método chave. Primeiro, faz-se a divisão entre os coeficientes numéricos e, depois, a divisão de potências de mesma base, conservando-se a base e subtraindo os expoentes. Assim, temos: 3.5 TEOREMA DO RESTO Sendo a uma constante qualquer, o resto r da divisão de um polinômio P(x) por x – a é igual a p (a), isto é, r = p(a). Demonstração: Dado que a divisão de p(x) por x − a resulta um quociente q(x) e um resto r, temos que: p(x) = (x − a)q(x) + r 48 Aritmética e álgebra para professores Ao tomar x = a, teremos que: p(a) = (a − a)q(a) + r = 0. q(a) + r = r ou seja, r = p(a). Note: ao substituir x por a, o resto r não muda, pois é um valor constante. Exemplo 1: Seja P(x) = 2x⁴ + 5x³ - x² + 8, determine o resto da divisão desse polinômio por H(x) = x + 1. Como a = - 1, teremos: P(-1) = 2(-1)⁴ + 5(-1)³ - (-1)² + 8 P(-1) = 2 - 5 -1 + 8 P(-1) = 4 Assim, o resto da divisão de P(x) = 2x⁴ + 5x³ - x² + 8 por H(x) = x + 1 é igual a 4. 3.6 DISPOSITIVO DE BRIOT-RUFFINI A divisão de polinômios pode ser feita utilizando o algoritmo da divisão. Um dispositivo prático para realizar esta divisão é denominado dispositivo de Briot- Ruffini. Tal algoritmo é utilizado para dividirmos polinômios por um binômio do tipo (x - a). Seja P(x) o polinômio a ser dividido (dividendo); e H(x) o divisor no qual H(x) = x - a. Assim, a estrutura do dispositivo fica da seguinte forma: Para entender como dispositivo funciona, considere P(x) = x² + 4x + 3 e H(x) = x+1. 49 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 Depois multiplique o termo repetido pelo divisor, o resultado será somado ao próximo termo do dividendo p(x). O processo deve ser repetido para o novo elemento, multiplicando esse número pelo divisor e somando ao próximo termo. Dessa forma, temos o resto igual a 0 e o quociente igual a Q(x) = x+3. Para verificarmos se a divisão foi feita de forma correta, podemos utilizar o algoritmo da divisão que diz o seguinte: P(x) = H(x). Q(x) + R(x) Substituindo temos que: x² + 4x + 3 = (x+1) . (x+3) + 0 = x² + 3x + 1x + 3 = x² + 4x + 3 50 Aritmética e álgebra para professores 3.7 FATORAÇÃO DE POLINÔMIOS Como visto anteriormente, fatorar consiste em representar um número ou em uma expressão como produto de fatores. Dessa forma, fatorar um polinômio significa escrevê-lo como a multiplicação de outros polinômios, conseguindo frequentemente simplificar a expressão. • Fator Comum em Evidência: ax + bx = x (a + b). Exemplo 1: 4x + 20 = 4 (x + 5). • Agrupamento: ax + bx + ay + by = x . (a + b) + y . (a + b) = (x + y) . (a + b). Exemplo 2: 8ax + bx + 8ay + by = x (8a + b) + y (8a + b) = (8a + b) . (x + y). • Trinômio Quadrado Perfeito: (Adição) a2 + 2ab + b2 = (a + b)2. Exemplo 3: x2 + 6x + 9 = (x + 3)2. • Trinômio Quadrado Perfeito (Diferença): a2 - 2ab + b2 = (a - b)2. Exemplo 4: x2 - 2x + 1 = (x - 1)2. • Diferença de Dois Quadrados: (a + b) . (a - b) = a2 - b2. Exemplo 5: x2 - 25 = (x + 5) . (x - 5). • Cubo Perfeito: (Adição) a3 + 3a2b + 3ab2 + b3 = (a + b)3. Exemplo 6: x3 + 6x2 + 12x + 8 = x3 + 3 . x2 . 2 + 3 . x . 22 + 23 = (x + 2)3. • Cubo Perfeito (Diferença): a3 - 3a2b + 3ab2 - b3 = (a - b)3. Exemplo 7: y3 - 9y2 + 27y - 27 = y3 - 3 . y2 . 3 + 3 . y . 32 - 33 = (y - 3)3. 51 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 1 Dados os polinômios P(x) = 6x⁴ 5x² -2x - 12 e G(x) = 2x³ + 7x + 13 calcule: a) p + g b) p – g c) 2. f - g 2 Fatore os polinômios a seguir: a) 4x2 - 25. b) x2 + 6x + 9 c) x3 + 6x2 + 12x + 8 d) a3 - 9a2 + 27a – 27 3 Um terreno será disponibilizado para que seja feito o plantio de plantas frutíferas. Sabendo as medidas desse terreno apresentadas na figura a seguir: a) Determine o polinômio V (x) que corresponde ao perímetro desse terreno. b) Qual o perímetro desse terreno para x = 3? 52 Aritmética e álgebra para professores O artigo a seguir apresenta uma prática que auxilia os alunos arelacionar letras e formas geométricas manipuláveis, envolvendo teoria e prática. Sugere o uso do Algeplan, que consiste na utilização de figuras geométricas planas (quadrados e retângulos), confeccionados em papel. BERTOLI, V.; SCHUHMACHER, E. Aprendendo polinômios utilizando o Algeplan: uma prática no ensino da Matemática para o Ensino Fundamental. 2013. Disponível em: http://linkte.me/fe0c0. Acesso em: 7 mar. de 2020. Neste livro, a seguir, você encontrará mais sobre polinômios, além das relações de Girard e Equações Polinomiais. LIMA, E. L. et al. A Matemática do Ensino Médio. 6. ed. Rio de Janeiro: SBM, 2006. 4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A matemática, no contexto escolar é, muitas vezes, uma disciplina temida e considerada pouco importante para grande parte de alunos que não veem relação entre o que aprendem e o mundo fora dos muros da escola. Junto às críticas ao modelo escolar vigente, muitas vezes desconfigurado e engessado, por um lado a matemática é vista como uma disciplina compartimentalizada, enquanto do outro lado temos uma sociedade altamente tecnológica que clama por inovações. Dessa forma, quando a abordagem é feita de forma exclusivamente tradicional, a Matemática escolar tende a afastar os alunos e precisa ser ‘’reinventada’’ para propiciar um ensino e uma aprendizagem significativa, criativa, prática e contextualizada de acordo com a realidade social e cultural do aluno. Para que a aprendizagem seja significativa, por exemplo, além de considerar os conhecimentos prévios dos alunos, é necessário a existência de uma predisposição positiva deles para aprender e materiais de ensino potencialmente significativos. A disposição dos alunos para aprender não depende somente de sua estrutura cognitiva, mas também da motivação e materiais disponíveis no ambiente educacional. 53 Desvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E PolinômiosDesvendando Incógnitas, Variáveis, Equações, Inequações E Polinômios Capítulo 1 Os recursos materiais correspondem ao espaço físico que circunda os alunos e aos materiais dos quais fazem uso durante a realização das atividades. Situações que envolvem o cotidiano dos alunos tendem a motivá-los para o estudo dos conteúdos matemáticos e podem constituir elementos motivacionais em sua predisposição para aprender. Ainda que a aprendizagem não seja um ato que se possa compartilhar, pois é algo individual, o trabalho em grupo favorece as interações e a negociação dos significados atribuídos aos objetos matemáticos durante a atividade. O professor mediador deve, de acordo com a faixa etária, considerando o conhecimento prévio e respeitando o ritmo e perfil cognitivo, colocar seus alunos diante de situações que propiciem o desenvolvimento da percepção, atenção, memória, do raciocínio, de fala, por exemplo, e o desenvolvimento das funções mais complexas como a leitura e a escrita, os raciocínios lógico e dedutivo, a elaboração de estratégias, entre outras. O uso de computadores, telefones celulares e tablets com fins pedagógicos, em todos os níveis de escolaridade, pode ser uma ação social de caráter motivacional que pode promover a interação entre os pares, estimula a elaboração de estratégias e de formas de representação por meio de expressões textual, gráfica e oral. As atividades matemáticas que trabalham com construções preestabelecidas podem ser consideradas situações que privilegiam a resolução de problemas. As habilidades e competências cognitivas e sociais desenvolvidas com esse tipo de atividade passam a fazer parte da estrutura mental dos alunos, que podem ser generalizadas em outras situações. Estabelecer relações entre conceitos e ideias próprias da matemática e de outros componentes curriculares, com o propósito de superar a fragmentação dos saberes, possibilita abordar uma situação-problema sob diferentes perspectivas. Os conhecimentos, de maneira geral, devem dialogar entre si. Por exemplo, ao estudar números, percebemos a concepção que os números que temos hoje são resultado de um processo sócio histórico. Explorar o tem números, por exemplo, pode favorecer a relação entre a Matemática e a História que, quando trabalhadas a partir de uma proposta de ensino integrada, possibilitam aos discentes compreenderem a importância do uso de um sistema de numeração. Assim, o ensino da Matemática precisa despertar nos alunos o prazer de aprender, e os conceitos matemáticos devem ser compreendidos como elementos que contribuirão para a vida social dos alunos. Tais conceitos, em 54 Aritmética e álgebra para professores algumas situações, podem ser desenvolvidos por meio de atividades lúdicas e desafiadoras, que favoreçam o raciocínio, a reflexão e o pensamento lógico. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Fundamentos pedagógicos e estrutural da BNCC. Brasília, 2017. Disponível em: http://portal. mec.gov.br/index.php. Acesso em: 14 maio 2020. DANTE, L. R. Tudo é Matemática. 3. ed., v. 4. São Paulo: Ática, 2008a. DANTE, L. R. Matemática: contexto e aplicações. 3. ed., v. 4. São Paulo: Ática, 2008b. DINIZ, M. I.; SMOLE, K. S. Matemática Ensino Médio. São Paulo: Editora Saraiva, 2010. PAIVA, M. Matemática: Paiva. São Paulo: Moderna, 2009. TARDIFE, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002. CAPÍTULO 2 Compreendendo Funções, Matrizes E Progressões A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: • Identificar os conceitos de plano cartesiano, funções, gráficos, sistemas lineares, matrizes, sequências e progressões. • Compreender as aplicações práticas de plano cartesiano, funções, gráficos, sistemas lineares, matrizes, sequências e progressões no cotidiano. 56 Aritmética e álgebra para professores 57 Compreendendo Funções, Matrizes E ProgressõesCompreendendo Funções, Matrizes E Progressões Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Os avanços nas teorias de aprendizagem, o aparecimento de novas tecnologias aplicadas à Educação, os progressos recentes da matemática e das demais ciências provocam alterações importantes e profundas no ensino da matemática. No entanto, muitas pessoas ainda consideram a matemática uma disciplina com resultados precisos e procedimentos infalíveis, cujos elementos fundamentais são as operações aritméticas, procedimentos algébricos e definições e teoremas geométricos. Dessa forma, o conteúdo é fixo e seu estado pronto e acabado. Assim sendo, há uma necessidade dos professores compreenderem a matemática como uma disciplina em que o avanço se dá como consequência do processo de investigação e resolução de problemas. É importante, ainda, que o professor entenda que a matemática estudada deve, de alguma forma, ser útil aos alunos, ajudando-os a compreender, explicar ou organizar a sua realidade. Inúmeros filósofos da matemática vêm desafiando a visão da matemática que predomina no ensino dessa disciplina, como uma visão absolutista em que ela se caracteriza pela lógica formal e pelo predomínio da razão absoluta. A Matemática evolui de um processo humano e criativo de geração de ideias e subsequente processo social de negociação de significados, simbolização, refutação e formalização, afirmando ainda que o conhecimento matemático evolui da resolução de problemas provenientes da realidade ou da própria construção matemática. Dessa forma, a educação matemática tem como principal desafio determinar como transferir para o ensino essa visão da matemática, visto que a sociedade em geral e também o educando, em particular, não encara a matemática como uma disciplina dinâmica que oportuniza criatividade e emoção. Dentro dessa visão, o objetivo do ensino de matemática é que os alunos tenham experiências matemáticas idênticas as dos matemáticos. Experiências essas que devem caracterizar-se pela identificação de problemas e comprovaçãoda legitimidade das soluções propostas. Nessa perspectiva, a escola é uma estrutura social pela sua capacidade transformadora e por encontrar-se inserida numa sociedade que ela reflete. Assim sendo, o seu papel é de suma importância para a vida do aluno, para a sua preparação no desenvolvimento de habilidades e capacidades que lhe possibilite 58 Aritmética e álgebra para professores integra-se a essa sociedade e com ela interagir de forma eficiente, fazendo-se necessário que a escola utilize metodologias que oportunizem ao aluno ser o sujeito da ação, o agente da construção de seu próprio conhecimento. 2 COMPREENDENDO FUNÇÕES, MATRIZES E PROGRESSÕES • Funções o Noção intuitiva de função no cotidiano Em diversas situações do dia a dia é possível identificar o conceito de grandezas que se relacionam entre si. Quando abastecemos um veículo, por exemplo, percebemos que existe uma relação direta entre as grandezas “número de litros de combustível” e “valor a pagar”. Veja, nos exemplos a seguir, como tais grandezas se relacionam: Exemplo 1: O biodiesel é um tipo de combustível obtido a partir de gorduras animais e de plantas oleaginosas, como a soja, o algodão, o girassol, e a mamona. Dentre as vantagens para a atmosfera na utilização desse combustível podemos citar a menor emissão de gases, quando comparado ao diesel comum (obtido por meio do petróleo) (EMBRAPA, 2012). A tabela a seguir apresenta entre a quantidade de mamona e a quantidade de biodiesel produzida: TABELA 1 – QUANTIDADE DE MAMONA E BIODIESEL PRODUZIDAS Quantidade de biodiesel (em litros) Quantidade de mamona (em toneladas) 1 560 2 1120 3 1680 4 224 ... ... x 560.x FONTE: Adaptado de Embrapa (2012) 59 Compreendendo Funções, Matrizes E ProgressõesCompreendendo Funções, Matrizes E Progressões Capítulo 2 Observe que há uma relação entre as grandezas “quantidade de biodiesel” (x) e a quantidade de biodiesel (q). Tal relação remete à noção intuitiva de função, ou seja, podemos escrever a quantidade em biodiesel (em litros) e a quantidade de mamona (em toneladas) por meio da seguinte relação: Quantidade de biodiesel (L) = (quantidade de biodiesel produzida com 1 tonelada de mamona) . (quantidade de mamona (t)) Chamando de (Q) a quantidade de biodiesel produzida e (x) a quantidade de mamona utilizada nessa produção, podemos escrever matematicamente essa relação: Q = 560. x Assim, utilizando a relação matemática anterior, podemos calcular quantos litros de combustível poderiam ser calculados ao utilizar 12,5 toneladas de mamona: Q = 560. 12,5 = 7 000 litros Exemplo 2: Determinada indústria fabricante de parafusos verificou que o custo C em reais de cada parafuso depende da medida x em milímetros do diâmetro da base de cada parafuso. Dessa forma, podemos concluir que o valor pago por cada parafuso depende do seu diâmetro. Sabendo-se que o valor cobrado pela indústria por cada parafuso corresponde a 0,01 do seu diâmetro acrescido de R$ 0,06. Usando a noção intuitiva de função para expressar matematicamente o preço de cada parafuso, temos: C = 0,01 x + 0,06 Assim, utilizando a expressão matemática anterior, podemos calcular o preço de um parafuso cuja base tem 3 milímetros de diâmetro: C = 0,01. 3 + 0,06 = 0,09 (preço de cada parafuso) Para calcular o preço de 500 parafusos cuja base tem 3 milímetros de diâmetro, temos: C = 500. 0,09 = R$ 45,00 60 Aritmética e álgebra para professores Podemos calcular ainda a medida, em milímetros, do diâmetro da base de um parafuso cujo preço é de R$ 0,11? Substituindo na fórmula C = 0,01. x + 0,06, temos: 0,11 = 0,01. x + 0,06 Ao isolar o valor de x na equação acima obtemos: 0,11 – 0,06 = 0,01x 0,05 = 0,01x x= 0,05/0,01 x= 5 parafusos o O conceito de função: O conceito de função é um dos mais relevantes para a matemática. Basicamente, o conceito de função é caracterizado por dois conjuntos e alguma de associação existente entre eles que faça corresponder a todo elemento do primeiro conjunto um único elemento do segundo. O uso de funções pode ser encontrado em diversos assuntos. Por exemplo: na tabela de preços de uma loja, a cada produto corresponde um determinado preço. Outro exemplo seria o preço pago e a relação existente em um posto de gasolina entre a quantidade de litros de gasolina e o preço a pagar. O valor a ser pago depende da quantidade de litros de gasolina, assim, podemos perceber que o valor do litro da gasolina é R$ 2,50. Desse modo temos que: FIGURA 1 – PREÇO DA GASOLINA FONTE: <https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/ be/e/5(10).jpg>. Acesso em: 22 maio 2020. 61 Compreendendo Funções, Matrizes E ProgressõesCompreendendo Funções, Matrizes E Progressões Capítulo 2 Dizemos que o preço a pagar é dado em função da quantidade de litros. A linguagem matemática utilizada para expressar esse tipo de situação pode ser dada da seguinte maneira: FIGURA 2 – FUNÇÃO DA QUANTIDADE DE LITROS FONTE: <https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/e/6(9).jpg>. Acesso em: 22 maio 2020. Definição: seja dois conjuntos A e B não vazios, chamamos de função a correspondência f ou relação binária entre os conjuntos A e B, nessa ordem, de forma que qualquer elemento x ∈ A possui um único correspondente y ∈ B, que é a imagem de x. Para ilustrar a definição anteriores, temos o seguinte diagrama de flechas: FIGURA 3 – DIAGRAMA DE FLECHAS FONTE: <https://matematicabasica.net/wp-content/uploads/2019/02/ funcao-1.png>. Acesso em: 22 maio 2020. 62 Aritmética e álgebra para professores Observe ainda que cada elemento do conjunto A está relacionado a um único elemento em B. Ao fazer a análise do diagrama podemos definir: • O conjunto A é denominado domínio. • O conjunto B é chamado contradomínio. • O subconjunto dos elementos de B, que estão relacionados a elementos em A é denominado de imagem da função. Definimos função como a relação entre dois ou mais conjuntos, estabelecida por uma lei de formação, isto é, uma regra geral. Os elementos de um grupo devem ser relacionados com os elementos do outro grupo, através dessa lei. Por exemplo, consideraremos o conjunto A formado pelos seguintes elementos {– 3, – 2, 0, 2, 3}, que possuirão representação no conjunto B de acordo com a seguinte lei de formação y = x². Aplicada à lei de formação, temos os seguintes pares ordenados: {(–3, 9), (–1, 1), (0, 0), (2, 4), (4, 16)}. Essa relação também pode ser representada com a utilização de diagramas de flechas, relacionando cada elemento do conjunto A com os elementos do conjunto B. Observe: FIGURA 4 – DIAGRAMA DE FLECHAS FONTE: <https://mundoeducacao.uol.com.br/upload/conteudo/ Untitled-5(36).jpg>. Acesso em: 22 maio 2020. No diagrama é possível observar com mais clareza que todos os elementos de A estão ligados a pelo menos um elemento de B, então podemos dizer que essa relação é uma função. Dessa forma, o domínio é dado pelos elementos do conjunto A, e, a imagem, pelos elementos do conjunto B. As funções possuem diversas aplicações no cotidiano, sempre relacionando grandezas, valores, índices, variações entre outras situações. Por exemplo, a inflação é medida através da função que relaciona os preços atuais com os preços 63 Compreendendo Funções, Matrizes E ProgressõesCompreendendo Funções, Matrizes E Progressões Capítulo 2 anteriores, dentro de um determinado período, caso ocorra variação para mais dizemos que houve inflação, e, havendo variação para menos, denominamos deflação. A distância percorrida por um veículo depende da quantidade de combustível presente no tanque. Ciências como a Física, a Química e a Biologia utilizam em seus cálculos as propriedades das funções para demonstrarem a ocorrência de determinados fenômenos. o Representando graficamente uma função: É comum encontrarmos a representação gráfica de uma função na divulgação de informações, seja por meios digitais(internet) ou escritos tais como jornais, boletins e revistas. A representação gráfica de uma informação ajuda na compreensão de tal informação, bem como no entendimento da relação das grandezas compreendidas no contexto dessa informação, como, por exemplo, a taxa de desemprego com relação à população economicamente ativa em determinado período de tempo. Ao construir o gráfico de uma função, devemos atribuir valores à variável que representa um valor do domínio da função para encontrar o valor que representa a imagem para aquele elemento do domínio. Antes de apresentar a representação gráfica de uma função, vamos nos remeter a um conceito extremamente necessário a representação gráfica, o conceito de plano cartesiano. O plano cartesiano caracteriza-se por um plano composto por duas retas numéricas perpendiculares, isto é, retas que tem apenas um ponto em comum, formando entre si um ângulo de 90°. Tal em ponto comum é denominado origem e representa o número zero para ambas as retas. • Conhecendo as retas numéricas: abcissa e ordenada: Uma reta numérica consiste em uma reta comum na qual foi estabelecida uma correspondência com os números reais. Dessa forma, cada ponto da reta está associado a um único número real e é esse fato que permite qualquer localização. O plano cartesiano é constituído por duas retas numéricas: uma representa a coordenada horizontal, denominada abcissa e outra representa coordenada vertical, chamada de ordenada. É usual utilizar usar as letras x para a representação da reta horizontal e y para a reta vertical. 64 Aritmética e álgebra para professores GRÁFICO 1 – PLANO CARTESIANO FONTE: <https://s3.static.brasilescola.uol.com.br/img/2016/09/ abcissa-e-ordenada.jpg>. Acesso em: 22 maio 2020. • Pares ordenados e localizações no plano cartesiano: Um par ordenado constitui-se por dois números reais que representam uma coordenada. A ordem de escrita acontece da seguinte forma: em primeiro lugar vêm as coordenadas x e, segundo, as coordenadas y, que são colocadas entre parênteses para representar uma localização qualquer. Veja na imagem a seguir a representação do ponto A, de abcissa igual a 6 e ordenada igual a 4. GRÁFICO 2 – PLANO CARTESIANO FONTE: <https://matematicazup.com.br/wp-content/uploads/2018/10/ plano-cartesiano-pares-ordenados.jpg>. Acesso em: 22 maio 2020. 65 Compreendendo Funções, Matrizes E ProgressõesCompreendendo Funções, Matrizes E Progressões Capítulo 2 No gráfico a seguir, os eixos x e y dividem o plano cartesiano em quatro quadrantes. Observe que um ponto no plano cartesiano é a associação de um valor do eixo x e outro do eixo y, esse ponto é chamado de par ordenado (x, y). GRÁFICO 3 – PLANO CARTESIANO FONTE: <https://matematicabasica.net/wp-content/uploads/2019/02/ plano-cartesiano-quadrantes.png>. Acesso em: 22 maio 2020. • Voltando à representação gráfica de uma função: Exemplo 1: Considere a função f: A → R, tal que f(x) = 2x – 1. Sendo A = [0, 4], represente-a graficamente. Resolução: Para achar os valores dos pares ordenados (x, y) do plano cartesiano, atribuímos os valores do domínio A que estão dentro do intervalo [0, 4]. Assim para: x = 0, temos: 2(0) – 1 = 0 – 1 = - 1 x = 1, temos: 2(1) – 1 = 2 – 1 = 1 x = 2, temos: 2(2) – 1 = 4 – 1 = 3 x = 3, temos: 2(3) – 1 = 6 – 1 = 5 x = 4, temos: 2(4) – 1 = 8 – 1= 7 Apresentando a associação entre os valores x e y na tabela, temos: 66 Aritmética e álgebra para professores TABELA 2 – VALORES X E Y FONTE: A autora x y 0 -1 1 1 2 3 3 5 4 7 Em que: x: é um valor do domínio da função. Y: é um valor da imagem. Ao representar os pares (x, y) no plano cartesiano obtemos o gráfico a seguir: GRÁFICO 4 – PLANO CARTESIANO FONTE: <https://matematicabasica.net/wp-content/uploads/2019/02/ funcao-4.png>. Acesso em: 22 maio 2020. o Função linear e proporcionalidade: Duas grandezas são diretamente proporcionais. Quando, ao aumentarmos o valor de uma dessas grandezas um determinado número de vezes, o valor da outra grandeza igualmente aumenta o mesmo número de vezes. Analogamente, quando diminuímos o valor de uma delas, proporcionalmente o valor da outra grandeza também diminui. 67 Compreendendo Funções, Matrizes E ProgressõesCompreendendo Funções, Matrizes E Progressões Capítulo 2 Analisando os pontos (-1, 2) e (-2, 4) pertencentes à função, notamos que se multiplicarmos as coordenadas do primeiro ponto: (-1, 2), por 2, obteremos o ponto (-2 4). De forma semelhante, ao tomar os pontos (-1, 2) e (-7/2, 7) e aplicar os mesmos procedimentos, só que agora multiplicando por 3,5, obteremos o segundo ponto. GRÁFICO 5 – FUNÇÃO FONTE: A autora Se tomarmos os pontos (-2, 4) e (-3, 6), ao calcular a razão entras as abscissas e ordenadas, temos que -2/-3 = 4/6, prevalecendo a mesma proporção. Dessa forma, dado um ponto qualquer (x, y) que pertença à função, ao multiplicarmos x e y por uma mesma constante k, encontraremos o ponto (kx, ky) também pertencente pertence à função. Assim, quando aumentamos ou diminuímos x um número de k vezes, o valor de y será igualmente aumentado ou diminuído este mesmo número de vezes, portanto k é a constante de proporcionalidade. o Função polinomial do primeiro grau: Uma função polinomial do primeiro grau é caracterizada por uma lei de formação que pode ser escrita na seguinte maneira: 68 Aritmética e álgebra para professores y = ax + b ou f(x) = ax + b Em que a e b são pertencentes ao conjunto dos números reais, e a é diferente de zero. A função do primeiro grau também é denominada função afim. As funções do primeiro grau são fórmulas que associam cada elemento de um conjunto a um único elemento de outro. O grau de uma função do primeiro grau é fornecido pelo maior expoente da variável independente e, ou seja, no caso das funções do primeiro grau, o maior expoente é 1. Exemplo 1: a) y = 3x + 2, em que a = 3 e b = 2. b) y = – 2 x – 5, em que a = – 2 e b = – 5. c) y = 0,5x, em que a = 0,5 e b = 0. • Gráfico da função polinomial do primeiro grau A representação gráfica de uma função do 1º grau é uma reta. Para elaborar essa reta é necessário achar dois pares ordenados de pontos que pertencem a essa reta, representa-los no plano cartesiano e traçar a reta que contém os dois pares ordenados. Podemos verificar que o gráfico de toda função polinomial do primeiro grau f(x) = ax + b, com a ≠ 0, é uma reta. Para isso, considere dois pontos quaisquer. A (xA, yA) e B(xB, yB) e mostrar que qualquer ponto P(x,y) dessa função pertence à reta que passa pelos pontos A e B. No plano cartesiano, temos: GRÁFICO 6 – PLANO CARTESIANO FONTE: A autora 69 Compreendendo Funções, Matrizes E ProgressõesCompreendendo Funções, Matrizes E Progressões Capítulo 2 Com relação à medida dos catetos dos triângulos ACP e PDB, indicados no gráfico, podemos escrever a igualdade: Por essa igualdade, temos que os triângulos possuem lados proporcionais e, além disso, possuem um ângulo reto. Portanto, pelo caso de semelhança LAL (lado, ângulo, lado), os triângulos ACP e PDB são semelhantes. Logo, seus ângulos correspondentes possuem mesma medida. Como AC ⁄⁄ DP, temos que med (CÂP) = med (DPB), o que é possível somente se os pontos A, B e P pertencerem à mesma reta, transversal às retas paralelas AC e DP. Portanto, todo gráfico de uma função polinomial do primeiro grau, com a ≠ 0, é uma reta. Ao analisar a lei de formação y = ax + b, notamos a dependência entre x e y, e identificamos dois números: a e b, coeficientes da função, o valor de a indica se a função é crescente ou decrescente e o valor de b indica o ponto de intersecção da função com o eixo y no plano cartesiano. Assim: <–> <–> <–> <–> ^ GRÁFICO 7 – FUNÇÃO DE PRIMEIRO GRAU FONTE: <https://static.mundoeducacao.uol.com.br/mundoeducacao/ conteudo/Untitled-2(11).jpg>. Acesso em: 22 maio 2020. 70 Aritmética e álgebra
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