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Aula 12

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Ambiente rural e 
desenvolvimento sustentável I
Cynthia Roncaglio 
O mundo rural
É quase impossível pensar as transformações do mundo rural sem considerá-lo em contra-posição ao mundo urbano. Sobretudo a partir do século XIX, com a Segunda Revolução Industrial na Europa, ocorreu um grande afluxo de trabalhadores do campo para as cidades. 
Especialmente entre os trabalhadores de grandes propriedades, temporários e mal pagos, a cida-
de representava a chance de novas e melhores condições de vida. 
Mesmo para aqueles que ficaram no campo, nas relações de trabalho ocorreram transformações 
decorrentes do modo de produção capitalista. Além da crescente falta de mão de obra campesina, 
as grandes propriedades exigiam um método mais complexo de controle e organização da produ-
ção agrícola e trabalhadores assalariados mais qualificados, diferentemente da pequena propriedade 
camponesa, controlada e administrada pela unidade familiar com mais domínio dos processos de 
trabalho e menos perdas e depredações dos produtos agrícolas. Diante dos problemas colocados pelas 
impessoais relações de produção capitalistas, que substituíram as relações de compromisso e enga-
jamento das sociedades feudais, a saída para enfrentar a escassez de mão de obra foi reduzir ao mí-
nimo esta necessidade e investir na monocultura, na qual as operações agrícolas eram simplificadas 
(ROMEIRO, 1992, p. 217). Com o processo de mecanização e expansão da monocultura, investe-se 
cada vez mais em uma mão de obra barata, pouco qualificada e transitória. Portanto, naquele período, 
a industrialização causou alterações profundas na forma de viver dos camponeses, muita pobreza e 
desmoralização da vida camponesa. 
Tais circunstâncias e o desenvolvimento das sociedades 
industrializadas levaram à produção de discursos variados sobre 
a cidade e o campo. Num primeiro momento, o processo de in-
dustrialização e urbanização provocou uma rejeição da vida no 
campo. A exaltação da razão, da ciência e da técnica vinha acom-
panhada de uma exaltação das cidades e da vida urbana, fermento 
de todas as novidades, da mobilidade social, da liberdade. A vida 
rural, a ligação com o solo e o enraizamento significavam uma vida obscura, sedentária, imóvel, presa 
às tradições e à comunidade local, na qual não havia espaço para a individualidade e a autonomia. 
Mas, diante dos crescentes problemas em decorrência da vida nos centros urbanos, expressos com 
mais contundência no século XX, e marcados até então pelo afastamento da terra e pelo desenraiza-
mento, surge uma necessidade de ligação com a terra e reenraizamento e também uma idealização 
A vida rural, a ligação 
com o solo e 
o enraizamento 
significavam 
uma vida obscura, 
sedentária, imóvel.
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da vida dos camponeses e da natureza. Assim, como dizem Alphandéry, Bitoun e 
Dupont (1992, p. 159):
[...] a imagem do camponês oscila, nas nossas sociedades tecnológicas, entre a figura de 
um ser rude, limitado e egoísta e, embelezado pela história e um pouquinho nostálgico, 
a de um sábio vivendo saudavelmente e cercado pelos seus em vilarejos onde as relações 
sociais permanecem cordiais e autênticas.
Atualmente, é mais difícil demarcar as fronteiras entre o rural e o urbano, 
entre a cidade e o campo. As novas formas de assentamento humano, sinaliza-
das pela desmetropolização (redefinição do par centro-periferia), instalação de 
cidades-satélite, loteamentos de chácaras e investimentos em condomínios rurais 
pelas classes médias e altas, deslocamentos de indústrias e áreas de serviços, entre 
tantas outras modificações na configuração do espaço e do ambiente, não permi-
tem mais distinguir a morfologia urbana da rural. Qualquer previsão para o século 
XXI, como as que indicam o fim do campo (sob o argumento de que a maior parte 
da população mundial vive nas cidades) ou o fim das cidades (sob o argumento de 
que diante da era da informação as cidades perdem suas funções urbanas), corre 
o risco de se tornar obsoleta rapidamente. O afastamento ou a ligação com a terra, 
conforme Alphandéry, Bitoun e Dupont (1992), são antes de tudo modos de expres-
são de como se constituem as relações entre as pessoas e o ambiente. A reinvenção 
dos espaços e do modo de os seres humanos se relacionarem com o ambiente ainda 
depende da emergência de novos modelos de desenvolvimento humano.
Mesmo diante de um discurso sistemático sobre o fim do rural, verificou-se 
nas últimas décadas do século XX a revitalização do meio social rural ou, como 
mencionam muitos autores, percebe-se hoje a emergência de novas ruralidades. 
A ideia de que o rural estaria definitivamente submetido ao urbano, como seu 
continuum, tem sido cada vez mais contestada por muitos que estudam o rural em 
várias partes do planeta. O que a realidade vem demonstrando é que o meio rural é 
fundamentalmente um meio social, a partir do qual os homens se veem, concebem-se 
como seres sociais, ao mesmo tempo em que é o espaço a partir do qual tais homens 
veem a vida. No meio rural, há formas de relações que são específicas, mas é na inter-
relação dele com o meio urbano que se completa a noção de sociedade, ou seja, é 
impossível falar ou pensar no rural sem mencionar o urbano e vice-versa. 
Desenvolvimento rural no Brasil
Nos últimos cem anos, ocorreram algumas mudanças significativas no mun-
do rural brasileiro. No início do século XX, a economia brasileira baseava-se nas 
grandes plantações voltadas para o abastecimento dos mercados internacionais, 
particularmente Europa e Estados Unidos da América. Lavouras de café, cana-de- 
-açúcar, borracha, cacau e fumo foram responsáveis pelo desenvolvimento econô-
mico baseado no sistema de plantation, que ademais havia sido o modelo de explo-
ração agrícola desde a colonização portuguesa, sendo responsável pela devastação 
das florestas e a deterioração irreversível de vastas parcelas do solo agrário. Trata-
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va-se basicamente de uma rotação pedológica, que consiste em plantar uma única 
cultura em uma grande área até o esgotamento da terra pela erosão. Partia-se então 
para a ocupação de uma nova área virgem. A monocultura do café é um exemplo 
disso: iniciada no Rio de Janeiro no século XIX, ela se estendeu até o noroeste do 
Paraná um século depois, deixando um rastro de terras degradadas. Exemplo mais 
recente é a monocultura da soja, que apresenta semelhante perfil de amplitude 
geográfica e alcance de devastação ambiental (ROMEIRO, 1992, p. 220).
A riqueza e o poder social estiveram, portanto, desde o início da ocupação 
do território brasileiro, concentrados nas mãos de senhores de engenho, usineiros 
ou fazendeiros que estabeleceram (e em certas regiões ainda mantêm) uma relação 
de hierarquia e desigualdade social que caracteriza a origem de vários conflitos no 
campo, existentes até hoje. 
Diante da pressão internacional pelo fim da escravidão e o incentivo dado 
a políticas de imigração que substituíssem o braço escravo (negros e índios), ocu-
passem os “vazios demográficos” e possibilitassem o “branqueamento” da popu-
lação (ideologia que teve forte penetração na região Sul – Paraná, Santa Catarina 
e Rio Grande do Sul), a questão social foi ignorada, apontando para a tendência da 
elite brasileira para ver as questões socioeconômicas em termos exclusivamente 
legais, em vez de percebê-la em termos estruturais ou de classes sociais (SKID-
MORE, 2000, p. 104). Ou seja: as relações sociais no campo permaneceram du-
rante longo tempo sob o controle de grandes proprietários de terra (latifundiários). 
O desenvolvimento do campesinato só ocorreu em áreas periféricas ou marginais 
à “grande lavoura”, por influência dos imigrantes europeus, que estabeleceram 
sistemas de pequenas propriedades familiares voltadas para a subsistênciae para 
o mercado consumidor interno.
Até 1930, o Brasil continuou a ser um país predominantemente agrícola. 
Conforme o censo de 1920, havia 9,1 milhões de pessoas em atividade, sendo que 
6,3 milhões (69,7%) se dedicavam à agricultura; 1,2 milhão (13,8%), à indústria; e 
1,5 milhão (16,5%), aos serviços. A partir daí, o excedente de capital acumulado 
pela cafeicultura (principal produto de exportação) e o financiamento estrangeiro 
favoreceram o desenvolvimento das indústrias nacionais e do comércio urbano e 
a modernização das cidades (FAUSTO, 2000, p. 97-130). Em 1940, 70% da popu-
lação brasileira ainda viviam no ambiente rural. Quarenta anos depois, 70% da 
população viviam, ao contrário, nas cidades. 
O inchaço das cidades se deu, sobretudo, a partir década de 1970, quando 
os países desenvolvidos fizeram grandes investimentos em países em desenvolvi-
mento. Recursos financeiros exteriores foram deslocados para o estabelecimento 
de indústrias de bens de consumo e indústrias de bens de capitais no Brasil. A 
agricultura, incentivada pela industrialização, passou a ser mecanizada e aumen-
taram as áreas de pastagem, voltadas para a criação extensiva, expulsando grande 
quantidade de trabalhadores para as grandes cidades, em busca de novas oportu-
nidades, principalmente com a instalação de indústrias nos grandes centros. Em 
2000, apenas 22% da população residia no espaço rural.
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Atualmente, portanto, grande parte da população brasileira vive nas cidades 
e o processo de industrialização, entre 1930 e 1980, fez dos grandes centros ur-
banos o polo dinâmico da economia e dos poderes social, cultural e político. Nas 
principais metrópoles do país, ocorreu a reestruturação do Estado nacional e re-
definiram-se as suas áreas de intervenção, investiu-se na criação de universidades 
e na reorganização do sistema de ensino em bases nacionais, surgiram os partidos 
políticos e os movimentos associativos em escala especificamente nacional (GAR-
CIA; PALMEIRA, 2001, p. 41). O mundo rural não permaneceu alheio a essas 
mudanças. Ao contrário, ele incorporou estilos de vida, concepções de mundo, 
processos de decisão e de trabalho que se constroem nos meios urbanos e também 
influenciou o mundo urbano na política, por exemplo, posto que representantes 
políticos rurais ainda têm peso significativo nas decisões políticas nacionais.
Todavia, no ambiente rural brasileiro predomina um modelo político-eco-
nômico de desenvolvimento que resulta em dois processos sociais antagônicos, 
conforme Scherer-Warren (1990, p. 214): um de integração e outro de exclusão. 
A integração é resultado do incentivo dado pelo capitalismo no campo, por meio 
da agropecuária e da agroindústria, formando uma classe empresarial rural que 
se beneficia dessa política e de uma classe de agricultores familiares integrados 
que se adapta às novas condições de produção no campo. Tais agricultores fa-
miliares possuem mais autonomia, fazem uso de crédito agrícola para moderni-
zar sua produção e se apoiam em sistemas cooperativos para desenvolver seus 
negócios. Os agricultores familiares integrados à agroindústria (fumo, suínos, 
aves etc.) também se modernizam tecnicamente e têm a segurança da boa co-
locação do seu produto. Em ambos os casos, ocorre a utilização predatória dos 
recursos naturais e o abuso de agrotóxicos, em geral sem haver uma autocrítica 
acerca desse modelo de produção.
Porém, esse processo de integração do capitalismo no ambiente rural tem 
sua face igualmente excludente. Há uma parcela de agricultores familiares que 
por insuficiência de terra ou endividamento não consegue se reproduzir nas no-
vas condições de competição. Ocorre, assim, a exclusão individual ou familiar, 
que pode formar uma identidade coletiva que se organiza em movimentos sociais 
como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST)1. E há também a 
exclusão coletiva, quando comunidades inteiras de agricultores ou indígenas são 
expulsas ou deslocadas por causa da implantação de grandes projetos na área rural 
(hidrelétricas, mineração, madeireiras e agropecuária de grande escala).
Quando essas populações (agricultores, indígenas, seringueiros, ribeirinhos) 
percebem ameaçadas as suas terras, a sua fonte de sobrevivência e a sua identida-
de cultural, passam a compreender melhor a necessidade de preservação do meio 
ambiente. Ou, em outras palavras, quando defendem suas terras, as florestas e os 
rios como fonte de sua sobrevivência, percebem também que estão defendendo as 
fontes da vida planetária (SCHERER-WARREN, 1990, p. 216).
O que está em jogo, portanto, nas relações sociais que se reproduzem no 
campo, é a defesa de um modelo de desenvolvimento sustentável em que ao valor 
real da terra (quantificável) seja agregado o valor simbólico daquela terra e do 
espaço socialmente construído naquele território pela comunidade. Quando os se-
1O MST teve influência de movimentos sociais 
rurais anteriores, como as 
Ligas Camponesas, surgidas 
em 1956, em Pernambuco, 
decorrentes de pequenas 
organizações de plantado-
res e foreiros (aqueles que 
recebem pagamento por dia 
de trabalho) dos grandes en-
genhos de açúcar da Zona da 
Mata. Em poucos anos, as Li-
gas espalharam-se por todo 
o Nordeste, com apoio do 
Partido Socialista, do Partido 
Comunista e de setores da 
Igreja Católica e consegui-
ram mobilizar milhares de 
trabalhadores rurais em defe-
sa dos direitos do homem do 
campo e da reforma agrária. 
A partir de 1964, com a di-
tadura militar, o movimento 
foi enfraquecido e desarticu-
lado. O MST foi fundado em 
Cascavel (PR) em 1984, após 
ocupação de terras na região 
Sul, em São Paulo e em Mato 
Grosso do Sul. Tem apoio de 
setores da Igreja Católica, 
por meio da Comissão Pasto-
ral da Terra. 
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ringueiros (conforme exemplo citado por Scherer-Warren, 1990, p. 217), no docu-
mento final do seu 2.º Encontro Nacional defendem “modelos de desenvolvimento 
que respeitem o modo de vida, as culturas e tradições dos povos das florestas, 
sem destruir a natureza e melhorando a sua qualidade de vida”, estão articulando 
a necessidade de preservação de um modo de vida (condição de sua humanização) 
com a defesa de seu meio ambiente (condição para sua reprodução). 
O mundo rural brasileiro, como se pode observar, não vive um processo 
único e linear, e tampouco é marcado pela imobilidade. Várias mudanças sociais 
têm ocorrido e hoje coexistem várias propostas de modelo de desenvolvimento do 
mundo rural, as quais, de certa forma, disputam significados acerca do futuro do 
mundo rural, explícitos nos próprios debates entre os que defendem a agricultura 
familiar e os que defendem a agricultura empresarial e o complexo agroindustrial, 
os que defendem a agricultura convencional e os que defendem a agricultura or-
gânica. De qualquer modo, o que isso demonstra é a “intensidade da competição 
por terra, por recursos financeiros, por força de trabalho e, principalmente, pela 
legitimidade de designar o futuro das relações no mundo rural e das configura-
ções cidade-campo” (GARCIA; PALMEIRA, 2001, p. 41).
Desenvolvimento territorial 
sustentável: uma nova abordagem
Como se destacou anteriormente, há novos olhares sobre o meio rural, 
ou seja, nas últimas décadas há uma emergência de novas ruralidades. O que 
isso significa? Entre os principais significados, está o fato de que o rural já não 
pode mais ser visto somente como o lugar da produção agrícola, ou seja, o rural 
não é somente o espaço onde se produzem os alimentos, a matéria-prima da 
agroindústria. O rural não é somente um setor produtivo, conhecido como setor 
primário: é muito mais do que isso, sendo cada vez mais valorizado como o espa-
ço do ambiente natural (neleé que estão as principais áreas de preservação e con-
servação ambiental, como as distintas unidades de conservação, os mananciais 
de águas, fundamentais para o abastecimento das populações urbanas e rurais), 
como um lugar de lazer (onde predomina a valorização da estética, da paisagem 
cênica, da qualidade do ar, das sensações de tranquilidade e de silêncio), como 
um lugar que guarda formas diferentes de se viver (cada vez se busca conhecer 
mais ou se reencontrar os modos de vida característicos das populações rurais por 
aqueles que vivem nas cidades, seja pelas lembranças que trazem, seja pela busca 
de uma outra qualidade de vida).
Se o rural for visto sob o ponto de vista da produção, perceber-se-á que 
os grandes conflitos que persistem no ambiente rural brasileiro tem a ver, en-
tre outros fatores, com as disparidades existentes entre a produção agrícola para 
exportação e a que atende o mercado interno. As lavouras pequenas e voltadas 
basicamente para o mercado interno sofrem com as altas taxas de juro, que invia-
bilizam financiamentos e investimentos, e pela própria abertura comercial, que 
oferece produtos importados, inclusive tradicionais, como arroz, milho e feijão, 
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a preços competitivos. Já as lavouras voltadas para exportação se beneficiam de 
créditos concedidos por importadores, que cobram juros bem mais baixos do que 
os praticados no Brasil. 
As inovações tecnológicas a partir da década de 1990 têm sido cada vez mais 
rápidas. As regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste têm adquirido um alto pa-
drão tecnológico, investindo em máquinas modernas, insumos e fertilizantes, ao con-
trário das regiões Norte e Nordeste. Paralelamente à inovação tecnológica, cresce 
também o desemprego. Entre 1985 e 1995, houve uma redução de 23% da mão de 
obra agrícola, cerca de quatro milhões de pessoas desempregadas, engrossando o nú-
mero de pessoas e famílias marginalizadas ou subempregadas que vivem nas gran-
des cidades ou que participam dos movimentos sociais de luta pela reforma agrária.
O grande desafio no Brasil continua a ser a diminuição da desigualdade 
social, buscando soluções, quanto ao mundo rural, para os problemas da reforma 
agrária, da marginalização de milhares de famílias que vivem em condições de 
extrema pobreza, das irregularidades da ocupação territorial, dos danos causados 
ao solo por séculos de práticas agrícolas predatórias e pelas atuais formas de ex-
ploração agropecuária em larga escala.
Na perspectiva destacada anteriormente, de ver o rural para além do espaço 
da produção e em sintonia com a agenda internacional para o meio ambiente e o 
desenvolvimento (Agenda 21), no âmbito federal foi criada recentemente, ligada 
ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Secretaria Nacional de De-
senvolvimento Territorial (SDT). Ela tem como objetivos promover e apoiar os 
processos de construção e implementação dos Planos Territoriais de Desenvol-
vimento Sustentável, contribuir para o desenvolvimento harmônico de regiões 
onde predominem agricultores familiares e beneficiários da reforma e do reorde-
namento agrários, assim colaborando para a ampliação das capacidades humanas, 
institucionais e de autogestão dos territórios2.
A meta da Secretaria Nacional de Desenvolvimento Territorial é apoiar a 
organização e o fortalecimento institucional dos atores sociais locais na gestão 
participativa do desenvolvimento sustentável dos territórios rurais e promover a 
implantação e a integração de políticas públicas. Nessa perspectiva, cabe aos pró-
prios habitantes dos territórios rurais definir e gerir a execução dos projetos. A 
abordagem territorial pressupõe que os vários setores da sociedade civil e dos 
movimentos sociais ampliem a sua capacidade de mobilização e organização e 
que estabeleçam um diálogo com representantes do Estado, a fim de se planejar e 
promover o desenvolvimento rural sustentável. 
Essa proposta divide o Brasil em 98 territórios, sendo cada um deles defi-
nido como espaço geográfico caracterizado por aspectos comuns de cultura, solo, 
clima, rios, organização e coesão social, marcados pelo sentimento de pertenci-
mento dos habitantes. Nessa visão, está implícita a ideia de fortalecer a relação 
entre espaço e identidade, tornando maior a possibilidade de desenvolver ações 
conjuntas e continuadas. Uma das estratégias dessa política implementada pela 
Secretaria é o fortalecimento e o crescimento da agricultura familiar, favorecen-
do um desenvolvimento territorial descentralizado, interiorizado e participativo 
como forma de contribuir para a inclusão social e combater a pobreza.2Dados obtidos em <www.gov.br/mda>. 
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Para o professor Antonio Cesar Ortega, do Instituto de Economia da Uni-
versidade Federal de Uberlândia (UFU), os princípios de acentuar a competiti-
vidade no mercado e ao mesmo tempo promover uma eqüidade social, política 
e econômica não se contradizem. Conforme sua análise, ao longo dos anos, 
o MDA vem incentivando a formação de conselhos municipais de desenvol-
vimento rural sustentável, cuja atribuição consiste em formular um plano de 
desenvolvimento municipal3. Afirma Ortega: 
A ideia é de que um plano realizado em um município muito pequeno ou com poucas 
condições não alcança os objetivos desejados, mas reunindo alguns municípios, numa 
forma de consórcio ou qualquer forma de arranjo institucional, podemos unir forças para 
se alcançar objetivos mais amplos. 
O grande desafio de uma política de desenvolvimento territorial, segundo 
Ortega, é unir, em torno de um eixo comum, municípios que apresentam proje-
tos de desenvolvimento territorial diferentes. Para que seja possível elaborar um 
plano comum, é necessário estabelecer um espaço de discussão entre os setores 
representativos da sociedade local.
Segundo Ronaldo Weigand, consultor do Núcleo de Estudos Agrários e De-
senvolvimento Rural (Nead), ligado ao MDA, a Secretaria Nacional de Desenvol-
vimento Territorial está desenvolvendo um estudo denominado Mapeamento das 
Iniciativas de Desenvolvimento Territorial Rural Sustentável. Weigand afirma que 
há iniciativas territoriais em todo o Brasil. Trezentas delas já foram identificadas, 
mas o número pode ser bem maior, dependendo de como se define o que seja de-
senvolvimento territorial. 
São exemplos de desenvolvimento rural territorial sustentável o trabalho 
desenvolvido pela ONG Agreco junto aos agricultores que, na encosta da Serra 
Geral, em Santa Catarina, estão formulando juntos uma noção de território e a 
promoção do desenvolvimento sustentável da região; e o da Área de Proteção 
Ambiental (APA) de Itacaré, em Serra Grande, na Bahia. Como se trata de uma 
unidade de conservação de uso sustentável, em que se permite a exploração racio-
nal e controlada, as ações têm se voltado para o funcionamento de uma indústria 
turística sustentável, aos pequenos produtores sendo dado incentivo para o desen-
volvimento de projetos de artesanato, sistemas agroflorestais e recomposição de 
matas nativas. 
Essas experiências ainda se encontram em uma fase inicial, não sendo pos-
sível identificar os principais problemas que os consórcios apresentam. Mas al-
gumas questões iniciais já são vislumbradas, segundo Weigand, como as que se 
referem à aceitação dos projetos, posto que 
[...] as iniciativas territoriais arranjam o poder local de uma forma diferente, e leva um 
tempo para as pessoas se sentirem confortáveis no novo ambiente político criado pela 
iniciativa. Algumas pessoas, como os políticos mais tradicionais, devem se sentir amea-
çadas, enquanto outras (os participantes dos movimentos sociais, os políticos em ascensão 
etc.) podem sentir-se atraídas pelas oportunidades de participação e poderque são trazi-
das trabalhando de forma territorial. Chamamos esse aumento de poder dos atores locais, 
normalmente com uma promoção daqueles que não tinham muito poder anteriormente, 
de empoderamento.
3Os dados aqui apresen-tados, inclusive depoi-
mentos, foram obtidos em 
< w w w. c o m c i e n c i a . b r /
n o t i c i a s / 2 0 0 3 / 2 5 j u l 0 3 /
organizacaoterritorial.htm>.
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O desafio é harmonizar as estratégias de desenvolvimento territorial, ar-
ticulando políticas públicas nos diversos níveis de governo, em sintonia com as 
necessidades das populações dos territórios e organizações da sociedade civil, 
tendo como eixo a agricultura familiar e a reforma agrária.
Os atores do 
desenvolvimento rural sustentável
A partir do final da década de 1970, aumentou o número de manifestações 
no campo, o que representa pluralidade de atores sociais e diversidade de interes-
ses coletivos. A atitude de indignação e insatisfação face às condições de vida e 
aos caminhos da economia e das políticas públicas são expressas nos boicotes e 
bloqueios de estradas pelos trabalhadores rurais (criadores de suínos, plantadores 
de soja etc.) que exigem melhor política agrícola e fixação de preços mínimos; nas 
greves de assalariados e boias-frias (cortadores de cana e picadores de laranja) pela 
melhoria de salário e das condições de trabalho; pelos acampamentos e passeatas 
dos trabalhadores rurais sem-terra que lutam por uma reforma agrária imediata; 
no movimento das mulheres agricultoras que reivindicam direto à sindicalização 
e à previdência social (SCHERER-WARREN, 1990, p. 209-210). 
Todos esses movimentos marcam uma nova época do sindicalismo no 
campo, que se opõe ao sindicalismo assistencialista que predominou historica-
mente até então no Brasil. Trata-se de um sindicalismo combativo, que se une 
a outros movimentos sociais e a movimentos ecológicos e de defesa do meio 
ambiente, assumindo proporções regionais, nacionais e até mesmo internacio-
nais. Dentre esses movimentos, destacam-se os de agricultores que foram atingi-
dos por barragens e lutam por indenização justa ou tentam impedir a construção 
de tais obras, sob o argumento de não ser possível garantir a reprodução do seu 
grupo social em outras terras que não aquelas onde criaram raízes e estabele-
ceram sua identidade cultural; o movimento dos indígenas que foram atingidos 
por grandes obras como barragens e rodovias e lutam pela manutenção de suas 
terras, sua comunidade e identidade étnica; o movimento dos seringueiros que 
defendem a preservação das reservas extrativistas e de um modo peculiar de se 
relacionar com a Floresta Amazônica; o movimento de gênero4 que luta pelo 
reconhecimento e a valorização do papel da mulher na agricultura familiar, não 
só como “ajudante” na unidade de consumo (parte da produção voltada para a 
subsistência da família) mas também como coadjuvante na unidade de produção 
(parte da produção voltada para o mercado). 
De modo geral, até pouco tempo atrás, entre as populações rurais, não havia 
uma grande penetração da consciência ecológica, que se tornava relevante apenas 
quando se colocava de algum modo em risco a sobrevivência do grupo. Espe-
cialmente entre os agricultores familiares, a consciência ecológica é despertada 
quando, por exemplo, o uso de agrotóxicos coloca em risco a sua própria saúde. 
Mesmo assim, há aqueles que continuam a utilizá-los indiscriminadamente, para 
obter um aumento da produção e garantir a competitividade no mercado. Ou seja, 
a luta pela sobrevivência econômica obscurece possíveis lutas pelas condições de 
saúde e do meio ambiente (SCHERER-WARREN, 1990, p. 212). 
4O conceito de gênero parte do pressuposto de 
que as desigualdades entre 
homens e mulheres não são 
dadas biologicamente, mas 
sim construídas socialmente, 
a partir das definições esta-
belecidas do que sejam os 
papéis masculinos e femini-
nos. Como as desigualdades 
entre homens e mulheres 
não são determinadas pela 
natureza, as relações sociais 
entre os gêneros construídas 
historicamente podem ser 
modificadas.
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Maior importância à agricultura familiar, no entanto, vem sendo dada pelas 
políticas públicas no Brasil a partir de meados da década de 1990, em decorrência 
da reforma do Estado. Dois fatores foram fundamentais para que isso ocorresse: a 
necessidade de uma intervenção estatal frente ao crescente quadro de exclusão so-
cial e o fortalecimento dos movimentos sociais rurais. De acordo com a Secretaria 
de Agricultura Familiar, em 2002 havia 13,8 milhões de pessoas em cerca de 4,1 
milhões de estabelecimentos familiares, o que corresponde a 77% da população 
ocupada na agricultura. Cerca de 60% dos alimentos consumidos pela população 
brasileira e 37,8% do Valor Bruto da Produção Agropecuária eram então produzi-
dos por agricultores familiares5.
Espera-se que o século XXI não seja um prolongamento do século XX no 
que se refere às políticas de modernização agrícola que excluíram um vasto con-
tingente de trabalhadores rurais do acesso à terra e/ou aos meios de comerciali-
zação dos seus produtos e permitiram a especulação fundiária e a degradação da 
terra pela utilização de técnicas agrícolas hoje consideradas incompatíveis com a 
proposta de um desenvolvimento agrícola sustentável. 
Da mesma forma, espera-se que o atual século reconheça definitivamente a 
relevância do meio rural para o conjunto societário. Entendê-lo na perspectiva do 
desenvolvimento territorial torna-se essencial, pois é a partir dela que se pode pen-
sar na qualidade dos territórios, com suas identidades específicas em que se articu-
lam os meios sociais rural e urbano. Cabe às populações de tais territórios assumir 
o compromisso com a feição do desenvolvimento para as distintas regiões, articu-
lando os diversos recursos disponíveis, sejam eles econômicos, ambientais, sociais, 
culturais ou políticos, por meio da atuação nos diferentes conselhos existentes. 5Dados obtidos em <www.comciencia.br >.
Desvelando a agricultura familiar 
(ROSSETTO1, 2005)
Ainda hoje é possível identificar análises que usam como equivalentes as 
esxpressões agricultura familiar, pequena produção e agricultura de baixa 
renda, ou então que procuram caracterizar esse tipo de produtor como não pro-
fissional ou não comercial. Existem também aquelas abordagens que associam 
a produção familiar ao atraso, em oposição à modernidade. Trata-se de visões 
que podem induzir a um julgamento prévio sobre as possibilidades econômicas 
do segmento familiar no campo. [...] muitas delas condenam à marginalidade 
ou ao desaparecimento os agricultores que não possuem escala e tecnologia de 
ponta. Em vários indicadores, isso não encontra sustentação.
Estudo realizado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômi-
cas), por solicitação do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural 
do Ministério do Desenvolvimento Agrário, revela que em 2003 as cadeias 
produtivas da agricultura familiar foram responsáveis por 10,1% do PIB 
1 Miguel Soldatelli Ros-setto é o ministro do 
Desenvolvimento Agrário. 
Foi vice-governador do Rio 
Grande do Sul (1999-2002).
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nacional, o que corresponde a um valor adicionado de R$ 156,6 bilhões. A metodologia uti-
lizada parte do cálculo já realizado pela USP para o chamado agronegócio, segmento que des-
fruta de ampla divulgação nos meios de comunicação. Até então, essas apresentações, de forma 
injustificada, não consideravam a parcela que cabe à agricultura familiar, inclusive na geração 
de saldos comerciais internacionais.
Entre os anos de 2002 e 2003,a agricultura familiar apresentou maior dinamismo 
que a patronal
Os dados complementam o estudo realizado pela FAO (Organização das Nações Unidas 
para a Agricultura e Alimentação) e pelo Incra com base nas informações do Censo Agropecuário 
de 1995-96. O trabalho mostrou que, dispondo de só 30% da área, os estabelecimentos familiares 
foram responsáveis por quase 38% do valor bruto da produção agropecuária nacional. Na produ-
ção de feijão, leite, milho, mandioca, suínos, cebola, banana e fumo, essa proporção foi superior 
ou próxima a 50%.
Apesar de a área média dos estabelecimentos patronais ser quase 17 vezes maior que a dos 
familiares, a renda total por hectare/ano nesses imóveis onde predomina o trabalho familiar foi 
aproximadamente 2,4 vezes maior que a dos demais. Os estabelecimentos familiares foram res-
ponsáveis por praticamente 77% do pessoal ocupado no meio rural brasileiro.
O estudo da Fipe revela ainda que, entre os anos de 2002 e 2003, a agricultura familiar apre-
sentou maior dinamismo que a patronal. A primeira aumentou em 9,4% sua participação no PIB, 
enquanto a segunda, apenas 5,1%. O crescimento foi puxado pela agropecuária, especialmente as 
lavouras, que cresceram 18,4%, cerca de 3,8 pontos percentuais a mais que os demais empreendi-
mentos. Isso indica que a agricultura familiar foi capaz de responder com eficiência aos estímulos 
públicos e privados, inclusive em relação aos produtos voltados à exportação, como a soja.
O dinamismo da agricultura familiar no último período pode ser atribuído, em grande parte, 
ao resgate de diversas políticas públicas, especialmente o crédito subsidiado disponibilizado por 
meio do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). Na safra 2003-
2004, foram aplicados R$ 4,5 bilhões em 1,4 milhão de contratos, um crescimento de 100% e 
47%, respectivamente, em relação à safra anterior.
Da mesma forma que é equivocado homogeneizar os agentes do chamado agronegócio – 
como se todos eles produzissem com eficiência –, também não é correto ignorar que entre os 
agricultores familiares há uma considerável diversidade do ponto de vista econômico e social. Em 
ambas as situações, a ação do Estado se faz necessária para que se alcancem novos patamares de 
crescimento com distribuição de renda.
É preciso incluir agricultores que se encontram fora do circuito econômico em virtude da 
falta de acesso à terra suficiente ou do acesso precário a ela. Isso pode ser viabilizado pela re-
cuperação de ativos que não estão sendo utilizados em conformidade com a sua função social, 
consideradas as suas dimensões econômica, ambiental e trabalhista.
É fundamental também garantir condições para que os agricultores familiares tenham mi-
nimizados os riscos para produzir e comercializar, bem como assegurar os meios para viabilizar 
o financiamento, a infraestrutura, a pesquisa, a assistência técnica e a educação para desenvol-
ver o seu elevado potencial de geração de riqueza e de ocupação no meio rural. O Programa de 
Aquisição de Alimentos, o recém-criado Seguro da Agricultura Familiar e a universalização da 
assistência técnica são alguns desses instrumentos.
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O reconhecimento da importância econômica da agricultura familiar não esgota, evidente-
mente, as suas possibilidades como agente fundamental do desenvolvimento do país. A ela devem 
ser agregados os componentes de valorização social, cultural e tecnológica das populações que 
vivem e trabalham no meio rural.
A disponibilidade de boas informações e de avaliações abrangentes a seu respeito devem 
orientar as decisões dos setores público e privado. Na esfera das políticas públicas, o Plano Safra 
para Agricultura Familiar e o 2.º Plano Nacional de Reforma Agrária representam compromissos 
do governo federal com o desenvolvimento sustentável e com a justiça social do país.
 Discuta e elabore em grupo um quadro comparativo entre cidade e campo (aspectos positivos e 
negativos de cada um) e compare com as visões correntes apontadas no texto.
O cântico da terra
(Cora Coralina)
Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
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A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.
E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranquilo dormirás.
Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.
GRAZIANO, Francisco. A Tragédia da Terra: o fracasso da reforma agrária no Brasil. São Paulo: 
Iglu/Funep/Unesp, 1991.
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