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Patologia da Consciência
Apesar de ser absolutamente necessário o estudo analítico das funções psíquicas isoladas e de suas alterações, nunca é demais ressaltar que a separação da vida e da atividade mental em distintas áreas ou funções psíquicas é um procedimento essencialmente artificial. (p. 85).
Não existem funções psíquicas isoladas e alterações psicopatológicas compartimentalizadas desta ou daquela função. É sempre a pessoa na sua totalidade que adoece. 
O termo consciência origina-se da junção de dois vocábulos latinos: cum (com) e scio (conhecer), indicando o conhecimento compartilhado com outro e, por extensão, o conhecimento “compartilhado consigo mesmo”, apropriado pelo indivíduo (Zeman; Grayling; Cowey, 1997 p .88).
Tendo três definições na língua portuguesa: 1. A definição neuropsicológica; 2. A definição psicológica; 3. A definição ético-filosófica. 
Todo estado de consciência vem acompanhado de um sentimento qualitativo especial. Por fim, os estados de consciência são experimentados como um campo de consciência unificado. Assim, unidade, subjetividade e caráter qualitativo são as marcas da experiência dos estados de consciência (p.89).
NEUROPSICOLOGIA DA CONSCIÊNCIA
O conceito de sistema reticular ativador ascendente (SRAA), desenvolvido por Moruzzi e Magoun (1949), afirma que a capacidade de estar desperto e agir conscientemente depende da atividade do tronco cerebral e do diencéfalo, os quais exercem poderosa influência sobre os hemisférios cerebrais, ativando-os e mantendo o tônus necessário para seu funcionamento normal. O SRAA se origina no tronco cerebral, e sua ação se estende até o córtex, por meio de projeções talâmicas (p. 89)
Além do SRAA, também o tálamo e as regiões do córtex parietal direito e préfrontal direito têm importância estratégica para o funcionamento da consciência (p. 90)
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA
A consciência pode se alterar tanto por processos fisiológicos, normais, como por processos patológicos (p. 95). 
Alterações patológicas quantitativas da consciência: rebaixamento do nível de consciência
Em diversos quadros neurológicos e psicopatológicos, o nível de consciência diminui de forma progressiva, desde o estado normal, vígil, desperto, até o estado de coma profundo, no qual não há qualquer resquício de atividade consciente.
Os diversos graus de rebaixamento da consciência são:
1. Obnubilação ou turvação da consciência.
Trata-se do rebaixamento da consciência em grau leve a moderado. Nota-se que o paciente tem dificuldade para integrar as informações sensoriais oriundas do ambiente.
2. Sopor. 
É um estado de marcante turvação da consciência, no qual o paciente pode ser despertado apenas por estímulo enérgico, sobretudo de natureza dolorosa. Aqui, o paciente sempre se mostra evidentemente sonolento. Embora ainda possa apresentar reações de defesa, ele é incapaz de qualquer ação espontânea. A psicomotricidade encontra-se mais inibida do que nos estados de obnubilação. O traçado eletrencefalográfico acha-se globalmente lentificado, podendo surgir as ondas mais lentas, do tipo delta e teta.
3. Coma. 
É o grau mais profundo de rebaixamento do nível de consciência. No estado de coma, não é possível qualquer atividade voluntária consciente. Além da ausência de qualquer indício de consciência, os seguintes sinais neurológicos podem ser verificados:
· movimentos oculares errantes
· com desvios lentos e aleatórios,
· nistagmo,
· transtornos do olhar conjugado, 
· anormalidades dos reflexos oculocefálicos (cabeça de boneca),
· oculovestibular (calórico) e ausência do reflexo de acomodação. 
Além disso, dependendo da topografia e da natureza da lesão neuronal, podem ser observadas rigidez de decorticação ou de decerebração, anormalidades difusas ou focais do EEG com lentificações importantes e presença de ondas patológicas.
Os graus de intensidade de coma são classificados de I a IV: grau I (semicoma), grau II (coma superficial), grau III (coma profundo) e grau IV (coma dépassé).
Síndromes psicopatológicas associadas ao rebaixamento do nível de consciência
Delirium é o termo atual mais adequado para designar a maior parte das síndromes confusionais agudas (o termo “paciente confuso”, muito usado em serviços de emergência e enfermarias médicas, refere-se a tais síndromes confusionais). Cabe ressaltar que esses termos (síndrome confusional e paciente confuso) dão ênfase ao aspecto confuso do pensamento e do discurso do paciente (fala incongruente, com conteúdo absurdos e sem articulação lógica), um dos traços do delirium, mas não necessariamente o mais importante ou mais frequente. Daí a opção de utilizar o termo delirium em vez de síndrome confusional.
O delirium é uma das síndromes mais frequentes na prática clínica diária, principalmente em pacientes com doenças somáticas (emergências e enfermarias médicas) e em idosos
Não se deve confundir delirium (quadro sindrômico causado por alteração do nível de consciência, em pacientes com distúrbios cerebrais agudos) com o termo delírio (idéia delirante; alteração do juízo de realidade encontrada principalmente em psicóticos esquizofrênicos).
Estado onírico (état oniroide, dreamlike state, oneiroider Zustand) é o termo da psicopatologia clássica (Mayer-Gross, 1924) para designar uma alteração da consciência na qual, paralelamente à turvação da consciência, o indivíduo entra em estado semelhante a um sonho muito vívido (Peters, 1984). Em geral, predomina a atividade alucinatória visual intensa com caráter cênico e fantástico. O indivíduo vê cenas complexas, ricas em detalhes, às vezes terríficas, com lutas, matanças, fogo, assaltos, sangue, etc. Há carga emocional marcante na experiência onírica, com angústia, terror ou pavor. O doente manifesta esse estado onírico angustioso gritando, movimentando-se, debatendo-se na cama e apresentando, às vezes, sudorese profusa. Há geralmente amnésia consecutiva ao período em que o doente permaneceu nesse estado onírico. Tal estado ocorre devido a psicoses tóxicas, síndromes de abstinência a substâncias (com maior freqüência no delirium tremens) e quadros febris tóxicoinfecciosos.
Alterações qualitativas da consciência
Além dos diversos estados de redução global do nível de consciência, a observação psicopatológica registra uma série de estados alterados da consciência, nos quais se tem mudança parcial ou focal do campo da consciência. Uma parte do campo da consciência está preservada, normal, e outra parte, alterada. De modo geral, há quase sempre, nas alterações qualitativas da consciência, algum grau de rebaixamento (mesmo que mínimo) do nível de consciência (Sims, 1995).
Trata-se de uma área muito controversa da semiologia psiquiátrica e da psicopatologia. Os neurologistas tendem a denominar tais alterações de distúrbios focais ou do conteúdo da consciência, enquanto os psiquiatras as definem como alterações qualitativas da consciência.
Têm-se, então, as seguintes alterações qualitativas da consciência:
1. Estados crepusculares (état crepusculaire, twilight state, Dämmerzustand). É um estado patológico transitório no qual uma obnubilação da consciência (mais ou menos perceptível) é acompanhada de relativa conservação da atividade motora coordenada.
2. Estado segundo. Estado patológico transitório semelhante ao estado crepuscular, caracterizado por uma atividade psicomotora coordenada, a qual, entretanto, permanece estranha à personalidade do sujeito acometido e não se integra a ela.
3. Dissociação da consciência. 
Tal expressão designa a fragmentação ou a divisão do campo da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser humano. Ocorre com certa freqüência nos quadros histéricos (crises histéricas de tipo dissociativo).
4. Transe. 
Estado de dissociação da consciência que se assemelha a sonhar acordado, diferindo disso, porém, pela presença de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários.
5. Estado hipnótico. 
É um estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, quepode ser induzido por outra pessoa (hipnotizador).
6. Experiência de quase-morte, EQM (near death experience – NDE). 
Um estado especial de consciência é verificado em situações críticas de ameaça grave à vida, como parada cardíaca, hipoxia grave, isquemias, acidente automobilístico grave, entre outros, quando alguns sobreviventes afirmam ter vivenciado as chamadas

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