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Geologia de Barragens - Geologia de Engenharia

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BARRAGENS 
um dos campo de maior aplicação da Geologia de 
Engenharia no Brasil, sendo responsável pela 
criação e desenvolvimento de fundamentos, 
métodos e técnicas específicas. 
Estatísticamente, 1% das barragens sofreu ruptura total e 
2% tiveram acidentes sérios, dos quais 40% foram causados 
por fatores geológicos. 
 
10% das barragens apresentaram “surpresas geológicas”. 
As barragens são classificadas em: 
a) Barragens de concreto: barragens de concreto-gravidade; 
barragens de gravidade aliviada e de contrafortes e 
barragens em arco. 
b) Barragens de aterro – barragens de terra e barragens de 
enrocamento. 
Fatores Geológicos na 
Construção de Barragens 
- FATORES GEOLÓGICOS CONDICIONANTES 
2.1 – Cobertura de solos e rocha decomposta 
 
 
2.2 – Maciço Rochoso 
 
 
2.3 – Feições Estruturais 
Fatores Geológicos 
 Cobertura de solo e rocha alterada constitui um fator 
importante para a definição do tipo de barragem 
 Transição solo-rocha 
 Características geotécnicas dos solos e rochas 
 Permeabilidade 
 Estruturas 
 
Condicionantes Geológicas 
 Cobertura de solo e rocha decomposta: 
 Fator importante para a definição do tipo de barragem que 
deve ser construída 
 Outros fatores: transição solo-rocha, origem do solo, 
características geotécnicas, permeabilidade, etc. 
 Paleocanais aluvionares 
 Barragens de concreto devem ser apoiadas em fundações em 
rocha 
 A cobertura de solo e rocha alterada deve ser removida 
 Nas ombreiras de uma barragem de concreto ou 
enrocamento o solo e rocha decomposta também deve ser 
removida 
 Execução de ensaios in-situe de laboratório para 
determinação da resistência mecânica para fundações e 
permeabilidade 
 
Condicionantes Geológicas 
 Maciço rochoso 
 
 Barragens construídas sobre fundações em rochas são 
mais estáveis e com vantagens construtivas grandes 
 Estruturas mais esbeltas 
 Principal problema de barragens sobre rocha é a geologia 
 estrutural (falhas e fraturas) e cavidades em rochas 
calcáreas 
 Campo de tensões é extremamente importante 
 Parâmetros geomecânicos como resistência à compressão 
do maciço, deformação do maciço rochoso, resistência ao 
cisalhamento, permeabilidade, etc. 
Condicionantes Geológicas 
Condicionantes Geológicas 
 As características de um maciço rochoso dependem muito das 
suas características estruturais (juntas, fraturas e falhas): 
 
 Estratificação, xistosidade, diaclases, falhas, fraturas, juntas e contatos 
 Essas estruturas podem ser tratadas com contenções como concreto 
projetado, tirantes ou chumbadores 
 Quando existe a percolação de água, faz-se necessário a injeção de calda de 
cimento ou resina 
 Falhas e fraturas são tratadas individualmente pelo seu porte e extensão 
 Podem formar blocos individualizados de rochas que sofrem deslocamentos 
quando aplicada uma carga 
 
Condicionantes Geológicas 
 Fraturas e juntas de descompressão ou alívio são zonas formadas durante a 
erosão de um vale, como decorrência da redução de esforços verticais e da 
modificação do campo de tensões 
 
 São fraturas abertas e com graus de intemperismo alto 
 
 Fraturas sub-horizontais, principalmente em basaltos, devem ser estudas em 
sua extensão e abertura 
 
 Maciços metamórficos e sedimentares com estratificação e camadas 
intercaladas, mais e menos resistentes e dobradas, podem causar cisalhamento. 
Depende muito da orientação das camadas. 
 
 Contatos em rochas com comportamentos geomecânicos diferentes 
constituem planos de fraqueza e percolação de água 
 
 
Barragens de Concreto-Gravidade: 
 estabilidade assegurada pelo peso elevado e bases largas, 
adequados à resistência da fundação 
 Problemas: Deslizamentos e tombamentos devido à 
presença de camadas de baixa resistência ao cisalhamento 
próximas ao contato concreto-rocha; defeitos sub-verticais 
que criam zonas de permeabilidade; recalque diferencial. 
Barragem de St. Francis, CA (1928) 
Pc = peso do concreto ; Hm = pressões de água no 
paramento de montante; Hj = pressões de água no 
paramento de jusante.; Paj = peso da água sobre o 
paramento de jusante; U = subpressão. 
http://web.umr.edu/~rogersda/dams/046.jpg
Barragens de Gravidade Aliviada e de Contra-Forte: 
 
. estabilidade assegurada pela área da base (bem menor que a 
de concreto-gravidade,) que reduz a sub-pressão; 
Maiores esforços de compressão, que dependendo da altura e 
geometria, podem chegar a valores bastante altos; 
Economia de material e exigência de melhores fundações; 
Problema: deslizamentos devidos à Recalque diferencial; 
camadas de baixa resistência ao cisalhamento. 
Barragem de contrafortes tipo massive head - principal de Itaipu 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Itaipu-barragem.jpg
Barragens em Arco: 
 
A estabilidade é garantida pela forma curva da barragem que 
faz com que as pressões da água sejam transferidas para 
as ombreiras. 
 Instaladas em vales estritos e regulares 
 Exigência de escavações mais profundas nas ombreiras e 
no leito. 
Ex.: Barragem de Morrow Point, 
EUA, com 143m de altura, largura da 
base de 18m e crista de 3,66m 
•Esforços atuantes: Os esforços de compressão 
tendem a ser mais elevados do que nos outros 
tipos de barragens. 
•Mecanismo de ruptura: 
Deslizamento 
•Defeitos geológicos 
prejudiciais: Defeitos 
suborizontais, subverticais 
e inclinados podem 
associar-se para compor 
cunhas instáveis. 
•Exigências: 
Barragens de Terra: 
 Taludes pouco inclinados e bases alargadas; 
 Compactação de solo em camadas delgadas de 
baixa permeabilidade; 
 Comportamento determinado pelas poro-
pressões no interior; 
 Poucos esforços transmitidos à fundação, que 
podem ser em solo ou rocha; 
 Problemas: galgamento, deslizamento, 
fissuramento e pipping. 
 
 São construídas com solos de granulometria 
fina a grossa, permeabilidade baixa, cujo 
comportamento é condicionado pelas 
poropressões. 
•Homogêneas Zoneadas 
•Esforços transmitidos às fundações são baixos, de modo que 
elas podem ser construídas sobre fundações de solo. 
•Mecanismos de ruptura: 
 
 Os mecanismos de ruptura mais comuns são: 
 
• Galgamento; 
• Deslizamento de taludes; 
• Erosão interna e 
• Fissuramento. 
•Defeitos geológicos prejudiciais: 
 
• Camada superficial de argila mole; 
• Horizonte de baixa resistência sob outro mais resistente; 
• Camada permeável sob outra impermeável e 
• Topo da rocha sob uma camada de solo. 
•Exigências: 
Barragens de Enrocamento 
 
Enrocamento é um aterro feito com fragmentos de rochas ou 
cascalho compactado em camadas com rolos pesados. Deve ser 
livremente drenante, não contendo fino disseminados na massa. 
As barragens de enrocamento mais comuns são 
1) núcleo interno de argila e 
2) com face de concreto 
Barragem de enrcamento com núcleo inclinado Barragem de enrocamento com face de concreto 
1.5 – Barragens de Enrocamento: 
 Aterro com fragmentos de rocha ou cascalho, compactados em 
camadas; 
 Elevado ângulo de atrito  menos deslizamentos; 
 Fundações em zonas resistentes ou rocha pouco alterada (desde 
que a deformabilidade e a resistência ao cisalhamento sejam 
consistentes); 
 
Ex.: Furnas 
 
•Mecanismos de ruptura: 
•Defeitos geológicos prejudiciais: 
•Descontinuidades (planos menos permeáveis) e 
 
• Rochas muito fraturadas com vazios francamente abertos 
que carregam os finos para esses vazios. 
•Exigências: 
 Devem ser construídas sobre fundações resistentes, mas 
também podem ser implantadas sobre rocha alteradas, 
saprolitos densos, aluviões compactos e outros materiais que 
tenham deformabilidade e resistência ao cisalhamento 
compatíveis com a deformabilidade e resistência dos materiais 
usados na barragem. 
2 – Estruturas Auxiliares 
Obras de Desvio  constam de condutos (canais, galerias de 
concreto, adufassob uma estrutura de concreto, túnies), por onde 
passam as águas dos rios durante a construção da barragem, 
complementados por ensecadeiras. 
 
Por serem obras provisórias, são construídas de forma mais 
econômica possível, assumindo-se riscos maiores. As ensecadeiras 
são projetadas para chuvas de 5 - 500 anos e os túneis, em geral não 
possuem revestimento. 
 
2 – Estruturas Auxiliares 
Vertedouros  são construídos de concreto de acordo com 
rigorosos critérios hidrológicos. Projetados para descarregar cheias 
de 10.000 anos. 
 
Nas barragens de concreto, é comum encontrá-lo sobre a estrutura 
principal, enquanto que em barragens de terra eles estão situados 
nas encostas. 
 
Podem ou não possuir estruturas de controle (comportas). 
2 – Estruturas Auxiliares 
Estrutura de Adução  Canal ou túnel que direciona a água para 
geração de energia propriamente dita. 
 
Tomada D’água  construídas acima da casa de força. 
 
Condutos Forçados  podem ser subterrâneos ou a céu aberto. 
 
Barragem de Vaiont 
 
Região do Rio Piave (Tyrolean Alps – NE Itália) 
Maior barragem de concreto em arco do mundo 
Região já havia sido foco de deslizamentos 
 
Histórico da Barragem: 
1943 – SADE (Adriatic Society for Electricity) 
1948 – projeto aprovado (ilegalmente) 
1956 – camponeses desalojados + Carlo Dal Piaz 
Jan 1957 – início das obras de construção 
Abr 1957 – novo projeto / nova altura / 3x volume água 
 Jun 1957 – comitê 
1958 – fissuras e pequenos terremotos / Tina Merlin 
1959 – conclusão das obras de construção / início enchimento da bacia de 
drenagem / deslizamentos 
1960 – reservatório até 636m acima do nível do mar 
04 de novembro de 1960 – deslizamento + morte 
1962 – SADE permissão para aumentar nível do reservatório para 700m 
08 de julho de 1962 – sinal de alerta 
1963 – grandes chuvas / diminuição do nível d’água do reservatório 
09 de outubro de 1962 – deslizamento 
 
Desastre 
 Um bloco de 2km de comprimento, 1.5 km de largura e 
centenas de metros de espessura, V=250 milhões de 
m³, deslocou-se 500m a uma velocidade de 30m/s, 
criando uma onda de 100m e mobilizando 115 milhões 
de m³ de água, que deixaram 2600 mortos e alguns 
vilarejos destruídos, tais como Longarone, Pirago, 
Villanova, Rivalta e Fae. 
Área Atingida pelos Deslizamentos 
Causas do Deslizamento 
Fatores geológicos 
Inclinação (~28°) 
 Planos de fraturamento mergulhavam na base do vale 
 Rochas calcáreas com planos de fraturamento 
 Água subterrânea saturando camada de argila entre as rochas 
 Períodos de chuva 
 Aumento da poropressão em toda a lateral da encosta 
 
 
Causas do Deslizamento 
Causas do Deslizamento 
Acontecimentos 
Fig. 1: Deslizamento de Vaiont. 
Fig. 2: Vista do vale Fig. 3: Vista de jusante 
Fig. 4: Vista de jusante Fig. 5: Vista de jusante 
Fig. 6: Vista de montante. 
Fig. 7: A barragem vista de Casso 
Fig. 8: Crista da barragem 
Fig. 9: Crista da barragem 
Fig. 10: Vista de Casso + deslizamento 
Fig. 11: Seção leste do deslizamento 
Fig. 12: Área do deslizamento e cicatriz 
Fig. 13: Cicatriz do deslizamento Fig. 14: Deslizamento 
Fig. 15: Cicatriz do deslizamento 
Causas Ruptura da 
Barragem Camará 
(PB) 
Dados da Obra 
 Rio Riachão, afluente do Rio Maranguape, entre 
Alagoa Nova e Areia, a 162km de João Pessoa (PB). 
 Geologia: migmatitos heterogêneos, com 
xistosidade perpendicular ao eixo do barramento, 
com mergulhos para a ombreira direita. Na 
ombreira esquerda, a xistosidade tem mergulho da 
ordem de 30º a 35º. O leito do rio, na área do 
vertedor, é cortado por “diques” de granito, de 
granulação fina a média. 
Dados da Obra 
 Barragem de concreto compactado a rolo (CCR), embora, 
inicialmente, tinha sido previsto que fosse de terra, segundo o 
projeto básico, devido a execução de sondagens a percussão e 
rotativas. 
 
 Fraturas de alívio (aproximadamente paralelas à superfície 
topográfica) controlam a permeabilidades na fundação, 
exigindo tratamento específicos, mas o local foi considerado 
apto, tanto para barragens de terra como para enrocamento ou 
mesmo de concreto compactado a rolo. 
Aspectos da Fundação 
 Grande falha detectada por 3 sondagens rotativas extras 
na Ombreira Esquerda, poateriormente tratada com o 
preenchimento de solo com cerca de 30 cm de 
espessura 
 Foram realizadas e acompanhadas 4 perfurações com 
perfuratriz (rock drill) no sentido da extensão lateral do 
preenchimento de solo da fratura e foram anotadas as 
profundidades máximas de 3m e mínima de 1,6m. 
 
 
Modelo Geológico 
Medidas de Tratamento da OE 
Algumas medidas foram sugeridas para o tratamento da ombreira 
esquerda, em função da presença da falha, como: 
 Limpeza e proteção da superfície da OE com ênfase para os 
planos de xistosidade perpendiculares ao eixo da barragem com 
preenchimento de +/- 30cm. 
 Proteção da zona de preenchimento da OE para posterior 
execução do plano de injeções adensado e com controle 
específico, através de muro de concreto. 
 
 
Medidas de Tratamento da OE 
 Retirada do material de preenchimento e sua substituição por 
concreto. Sugere-se a retirada de seções de 3m de comprimento 
por desmonte hidráulico e preenchimento com concreto 
projetado em trechos sucessivos ou alternados. 
 Proteção a montante da barragem na interseção da zona de 
preenchimento com apoio do maciço em CCR, através de solo 
ou concreto projetado. 
 
Medidas de Tratamento da OE 
 Em resumo, entende-se que, com as perfurações realizadas, se 
tratava de uma fratura com preenchimento de solo, cuja 
profundidade máxima na ombreira seria de 3m. Dessa forma, 
acreditava-se que a remoção e substituição por concreto do solo 
da fratura, conforme recomendação acima, seria medida 
apropriada e suficiente. Entende-se que o muro de concreto 
proposto teria a função de evitar o deslizamento da placa de 
rocha situada acima do preenchimento da falha, para fins de 
segurança durante os serviços de tratamento da mesma. 
 
Orientação para injeções de cimento complementares ao tratamento 
da falha da OE, notando-se também o muro de proteção em concreto. 
 
 
 Aspecto geral da Ombreira Esquerda durante a 
construção. 
 
 
 
Aspecto da falha aflorando nas escavações da OE. 
 
 
 
 CAUSAS DA RUPTURA DA BARRAGEM DE CAMARÁ 
 O histórico da barragem apresenta uma sucessão de julgamentos inadequados, que superpostos uns ao outros 
causaram a ruptura da barragem. 
 É também aspecto incomum o solo de preenchimento da falha apresentar-se com alto teor de mica biotita, 
auferindo baixa resistência ao cisalhamento. Essa resistência teria sido ainda mais diminuída por pequenos 
deslocamentos (imperceptíveis a olho nu e na escala da obra) devidos ao alívio de tensões pelas escavações, 
aproximando-se ou atingindo valores de resistência residual. A ruptura da laje de rocha a jusante aumentou o 
gradiente hidráulico (pela diminuição da distância de percolação) intensificando a erosão interna que o solo de 
preenchimento da falha sob a barragem vinha sofrendo, acabando por remove-lo completamente. Nessas 
condições, o bloco de rocha superior à falha e que servia de fundação à barragem teria ficado suspenso, preso à 
base da barragem pela aderência entre concreto e a rocha. A livre passagem de água sob o bloco de rocha e a 
alta carga hidrostática atuante teria finalmente causado sua expulsão, causando a ruptura da fundação da 
barragem. 
 A ruptura se deu pela fundação e não pelo corpo da barragem. A presença da galeria inclinada junto à base da 
barragem na ombreira esquerda, representando uma zona de fraqueza, propiciou que parte do concreto fosse 
junto ao bloco de rocha expulso. O arco de rocha que restou sobre a zona rompida permaneceu por 11 dias 
nessa situação, vindo então a romper, indicando boas características do concreto. 
 A falha subvertical paralela ao rio existente noleito do mesmo junto à margem esquerda, não teve 
aparentemente nenhum papel condicionador na ruptura. É possível que a conjugação e intersecção dessa falha 
com a zona de cisalhamento tenha causado a surgência de água no pé da barragem junto ao muro esquerdo da 
bacia de dissipação. 
 O restante da barragem aparentemente não sofreu nenhum dano, passível de verificação por inspeção 
detalhada. Acredita-se que a obra pode ser recuperada, principalmente porque a feição adversa representada 
pela falha da OE já foi removida na ruptura. Sua recuperação requer projeto detalhado. 
Aspectos de tratamento da falha da OE 
 
 
 
 
Aspecto de tratamento da falha da OE 
 
 
 
 
Após a Ruptura 
Face de montante da barragem, 
vendo a ruptura pela OE e a clara 
marca do NA da represa. 
 
 
 
Detalhe da OE rompida a 
montante da barragem. 
 
 
 
Após a Ruptura 
Vista da ruptura, de jusante, 
notando-se a extensa laje de rocha 
sã exposta. 
 
 
 
Aspecto da ruptura da fundação da 
barragem, vista de jusante. 
 
 
 O arco formado após a ruptura, como na foto, desabou 11 dias 
após a ruptura da fundação 
Observações no Local 
Montagem fotográfica, mostrando o desmoronamento do arco 
de concreto, notando-se a boa continuidade das camadas de CCR. 
 
Observações no Local 
Montagem fotográfica com vista geral da ruptura da OE. Nota-se a laje de 
rocha sem fraturas, e a zona de cisalhamento preenchida na parte superior 
(indicada por flecha). 
 
 
Observações no Local 
 
Montagem fotográfica da superfície de ruptura da OE tomada de baixo 
para cima, notando-se a integridade da laje de rocha e a camada alterada, 
denominada “falha da OE”. Aproximadamente no local indicado pela 
flecha foram obtidas amostras de solo da falha. 
 
 
Observações no Local 
 Na ocasião da visita solicitamos a coleta de solo do 
preenchimento da zona de cisalhamento 
 As 2 amostras amolgadas (de aproximadamente 1kg cada 
uma) foram enviadas posteriormente, as quais foram 
encaminhadas para o Laboratório de Mecânica dos Solos da 
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde se 
realizaram ensaios de caracterização (granulometria com 
sedimentação e limites de Atterberg) e ensaios de 
cisalhamento direto com interface rígida, a fim de obter-se o 
ângulo de atrito residual 
 
 
 
 
Aspectos Geológicos 
Parte terminal da superfície de ruptura, onde podem 
ser observadas diversas feições geológicas estruturais. 
 
 
Aspectos Geológicos 
Pelas fotos acima, podemos observar o seguinte: 
 A rocha é formada por migmatito com bandamento, alternando 
camadas claras (neossoma lecocrático, mais quarto feldspático e 
mais resistentes) com camadas escuras (paleossoma mesocrático, 
biotítico), orientadas na mesma direção do rio, 
aproximadamente. 
 A xistosidade do migmatito tem a mesma orientação do 
bandamento, N40oE, com mergulho de cerca de 35o para SE, 
portanto inclinada em direção ao rio. 
 
 
 
 
Aspectos Geológicos 
 A rocha exposta corresponde ao plano inferior da chamada 
“falha” da OE, que se constitui em zona de cisalhamento 
(ZC), preenchida com solo de alteração, de natureza arenosa 
fina micácea. 
 A alternância de camadas claras e escuras e as condições do 
metamorfismo (dúctil/rúptil) provocaram “ondulações” 
perpendiculares ao bandamento, com inclinações importantes, 
indicando que a zona de cisalhamento possui ondulações na 
forma de “amêndoas”, portanto não tendo suas paredes 
perfeitamente paralelas, mas com ondulações no sentido 
perpendicular ao rio. 
 
 
 
Aspectos Geológicos 
 Existem fraturas de “alívio de tensões” ou de “alívio de 
carga”, aproximadamente paralelas à superfície topográfica 
original, abertas, e preenchidas em diferentes graus por 
produtos de alteração. 
 Na margem esquerda do rio ocorrem outros tipos de rocha 
(xisto, granito), com orientações diferentes da rocha da 
ombreira esquerda, indicando a existência de falha paralela ao 
rio e intrusão posterior. 
 A ombreira direita apresenta a mesma rocha da ombreira 
esquerda, porém com xistosidade com maior mergulho, em 
conseqüência da falha existente no rio. 
 
 
 
 
 
Aspectos Geológicos 
 
Representação esquemática do modelo geológico do local da barragem. 
 
 
Conclusões 
 A razão de tal ruptura reside no fato de que com o alteamento do 
NA do reservatório, estabeleceu-se um regime de percolação de 
água ao longo da zona de cisalhamento, de montante para jusante, 
com gradativa perda de carga. Nota-se que a laje de rocha 
remanescente é praticamente isenta de fraturas. O mesmo deve 
ocorrer com a laje superior deslocada com a ruptura, pois os blocos 
de rocha no leito do rio correspondem à laje superior deslocada, não 
apresentando fraturas naturais, mas sim fraturas frescas de rocha sã, 
que se formaram no momento da ruptura. Portanto, a percolação 
ocorreu ao longo de toda a extensão da fratura. 
 
 
Conclusões 
 Trata-se de situação de exceção, causada pelas peculiares 
condições geológicas do local. Em geral, e como norma, os cálculos 
de estabilidade de fundação de barragem de gravidade adotam a 
premissa da existência de fendas verticais junto à face de montante 
e junto ao pé de jusante. No presente caso, a fenda a jusante ocorre 
a grande distância do pé da barragem propiciando a atuação de 
maior subpressão na base da laje de rocha. 
 Adicionalmente, nas escavações certamente ocorreu alívio de 
tensões, que teria provocado ligeiro deslocamento da falha, 
suficiente para reduzir grandemente a resistência ao cisalhamento 
do material. 
 
 
 
Conclusões 
 Pode-se concluir pela análise que a elevada subpressão (resultante das 
pressões hidrostáticas atuantes sob a laje) e o baixo ângulo de atrito 
disponível na falha, causaram condições de instabilidade, 
comprovando que a ruptura iniciou-se na laje a jusante da barragem, 
provocando o seu deslocamento e fraturamento em grandes blocos. 
 
 O processo de erosão interna já instalado no preenchimento da falha 
sob a barragem desenvolveu-se com maior intensidade, pois o 
gradiente hidráulico aumentou muito, causando a erosão completa do 
preenchimento. Isto deu passe livre à água do reservatório pela fratura 
lavada. Nessa situação, acredita-se que o bloco de rocha da parte 
superior da fratura ainda estava ligado à base da barragem, pela 
aderência entre o concreto e a superfície da rocha, estando suspenso, 
pois sua base havia sido erodida. Com a livre passagem de água 
induzindo tensões cisalhantes na base do bloco e a alta carga 
hidráulica atuante, o bloco de rocha ligado à barragem não resistiu às 
forças atuantes, e rompeu. 
 
 
 
 
 
Conclusões 
 A laje de rocha remanescente na ombreira esquerda a jusante da 
barragem, apresenta-se sem fraturas em larga extensão, fato 
incomum em tal rocha metamórfica com vários eventos tectônicos. 
Esse fato, aparentemente favorável geologicamente, contribuiu para 
a ruptura da barragem. 
 
 É também aspecto incomum o solo de preenchimento da falha 
apresentar-se com alto teor de mica biotita, auferindo baixa 
resistência ao cisalhamento. Essa resistência teria sido ainda mais 
diminuída por pequenos deslocamentos (imperceptíveis a olho nu e 
na escala da obra) devidos ao alívio de tensões pelas escavações, 
aproximando-se ou atingindo valores de resistência residual. 
 
 
 
 
Conclusões 
 A falha subvertical paralela ao rio existente no leito do mesmo junto à 
margem esquerda, não teve aparentemente nenhum papel condicionador 
na ruptura. É possível que a conjugação e intersecção dessa falha com a 
zona de cisalhamento (falha da OE) tenha causado a surgência de água no 
pé da barragem junto ao muro esquerdo da bacia de dissipação. 
 Houve julgamento inadequado na interpretação geológica da extensão da 
falha. Pelas investigações por furos de roto-percussão se concluiu que o 
“bolsão” de solo se estendiaapenas cerca de 3m para o interior do maciço. 
O julgamento inadequado pode ser explicado no aspecto que agora se 
conhece, pela exposição ampla da superfície de ruptura, de que a mesma 
apresenta ondulações (“amêndoas”), fazendo com que o preenchimento 
apresente grande variação na sua espessura, inclusive com espessura não 
detectável por algumas das perfurações feitas. Isso levou a crer que haviam 
removido todo o solo de preenchimento e que a fratura não se estendia 
mais para o interior do maciço. Foram realizados tratamentos consistindo 
de remoção do solo, substituição por concreto, injeções de contacto com 
caldas de cimento, e construção de muro de gravidade. 
 
 
 
 
June 29, 2006 (ENS) - The recently completed Campos Novos Dam in southern 
Brazil failed last week, releasing all the water impounded behind the 626-foot 
(202-meter) tall structure. Aerial photographs show major cracks at the base of 
the dam, suggesting irreparable damage. The US$671 million Campos Novos 
Dam is located on the Canoas River. It is the power behind a 880 megawatt 
hydroelectric generating station. Campos Novos is the world's third tallest dam 
built with a concrete face filled in with rock. 
The dam was built by a consortium led by Camargo Correa and engineering 
consultants Engevix. Campos Novos' 35 year build and operate concession was 
awarded in 1998. Almost as soon as the reservoir started filling up with water in 
October, it slowly began leaking. Engineers blamed a faulty diversion tunnel. 
The reservoir suddenly emptied, falling over 160 feet (53 meters) in a few days. 
That water raced down the parched riverbed and into the reservoir of a dam 
downstream that was almost empty due to a severe regional drought. Tthe dam 
itself was not threatened because the reservoir draining occurred through a 
diversion tunnel which "is an isolated structure" from the dam. But aerial 
photographs taken on June 24 suggest that the tunnel failure has seriously 
undermined the dam's structural integrity. 
Cracks show clearly in the wall of the Campos Novos Dam after it released all 
the water in its reservoir last week. (Photo courtesy Friends of the Earth) 
http://www.foe.org/
Fracture lines are evident in the concrete face of the Campos 
Novos dam. (Photo courtesy Friends of the Earth) 
barragem de enrocamento com paramento de concreto (a barragem de 
Campos Novos é uma das maiores do mundo desse tipo)

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