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Suspensão condicional da pena

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Explicações preliminares
1. Sursis quer dizer suspensão.
2. Permite que o condenado não se sujeite à execução de pena privativa de liberdade de pequena duração. Funciona assim:
· Notificado pessoalmente, o réu comparece à audiência de advertência (ou admonitória). Na audiência, o juiz lê ao réu a sentença respectiva, advertindo-o das consequências de nova infração penal e da transgressão das obrigações impostas (LEP, art. 160). 
· Da data da audiência admonitória começa o período de prova, que varia de dois a quatro anos (CP, art. 77, caput). Isso significa que o juiz, em vez de determinar a execução da sanção imposta na sentença, concede a “suspensão condicional da execução da pena” (sursis). 
· O réu não inicia o cumprimento da pena, ficando em liberdade condicional por um período, chamado período de prova, que varia de dois a quatro anos. Se o juiz marca o prazo de dois anos, quer dizer que o condenado ficará durante esse período em observação. 
· Se não praticar nova infração penal e cumprir as condições impostas pelo juiz, este, ao final do período de prova, determinará a extinção da pena que se encontrava com sua execução suspensa. Se durante o período de prova houver revogação do sursis, o condenado cumprirá a pena que se achava com a execução suspensa.
3. O juiz não tem a faculdade de aplicar ou não o sursis: se presentes os seus pressupostos, a aplicação é obrigatória. O sursis é tratado no CP (arts. 77 a 82) e na Lei de Execução Penal (arts. 156 e s.).
Formas
O sursis apresenta duas formas: 
· suspensão simples: previsto no art. 77 do CP. 
· suspensão especial: disciplinado no art. 78, § 2°
Requisitos
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: 
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; 
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.  
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício. 
§ 2° - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.
1. A prisão simples também admite o sursis, nos termos do art. 11 da LCP: “Desde que reunidas as condições legais, o juiz pode suspender, por tempo não inferior a um ano nem superior a três, a execução da pena de prisão simples”. 
2. Um dos requisitos de ordem objetiva diz respeito à quantidade da pena privativa de liberdade: não pode ser superior a dois anos, ainda que resulte, no concurso de crimes, de sanções inferiores a ela (ex.: duas penas de um ano e meio cada uma).
3. Na hipótese de o sujeito cometer novo crime depois de cinco anos do cumprimento ou da extinção da pena anterior, não sendo considerado reincidente (CP, art. 64, I), é permitido o sursis.
Art. 64 - Para efeito de reincidência: 
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. 
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48). 
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente:
a) proibição de frequentar determinados lugares; 
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; 
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. 
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à multa. 
Revogação obrigatória
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: 
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; 
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; 
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código.  
Revogação facultativa
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
Prorrogação do período de prova
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo. 
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. 
Cumprimento das condições
1. A suspensão compreende os efeitos secundários da condenação? Não. Tanto que o não cumprimento de um dos efeitos secundários da condenação, qual seja, a reparação do dano (CP, art. 91, I), causa revogação obrigatória do sursis, desde que o condenado, embora solvente, frustre a reparação (CP, art. 81, II).
2. E se houve extinção da punibilidade em relação ao crime anterior? Depende. Se a extinção da punibilidade ocorreu antes da sentença final, não havendo sentença condenatória anterior com trânsito em julgado, em relação ao crime posterior o réu pode obter o sursis, se presentes os outros requisitos. Se, porém, a extinção da punibilidade ocorreu após a sentença condenatória irrecorrível, esta permanece para efeito de impedir o sursis, sendo dolosos os dois delitos, salvo nos casos de abolitio criminis e anistia, que rescindem a condenação irrecorrível anterior
3. A extinção da punibilidade pela prescrição retroativa em relação ao delito anterior impede o sursis? Não há impedimento à concessão. Isso porque se trata de forma de prescrição da pretensão punitiva, pelo que a sentença condenatória deixa de produzir efeitos.
4. E se a sentença anterior, por prática de crime, concedeu ao agente o perdão judicial? Pode ser aplicado o sursis, tendo em vista que a sentença que o impõe, embora condenatória, não gera a reincidência (CP, art. 120). 
5. E se o condenado cumpriu integralmente as condições do sursis? Vindo a praticar outro crime, poderá obter a medida penal? Depende. O término do período de prova sem revogação opera a extinção da punibilidade (art. 82), mas não exclui a condenação anterior irrecorrível, salvo a hipótese do art. 64, I, do CP. 
Nota: No sistema atual, em face do art. 64, I, nada obsta a que ao sujeito sejam concedidos dois sursis sucessivos. Ex.: O sujeito pratica novo crime cinco anos e dois meses após o início do período de prova concedido em face do delito anterior. A sentença condenatória anterior, dado o decurso do prazo do art. 64, I, do CP, não impede a concessão da nova medida penal. O mesmo ocorre quando o sujeito comete dois crimes culposos, ou um culposo e outro doloso, ou vice-versa. 
6. E se o condenado, mediante graça ou indulto parcial, obtém redução ou comutação da pena? Preenchido o requisito quanto à qualidade e quantidade da pena, pode ser concedido o sursis? Pode, desde que se encontrem também presentes as condições de ordem subjetiva. Suponha-se que o réu tenha sido condenado a três anos de detenção. Não pode obter o sursis. Por meio de indulto parcial, a pena é diminuída para dois anos de detenção. A ele pode ser concedida a medida.
7. A imposição de pena restritiva de direitosnão é incompatível com o sursis. Condenado o réu a pena privativa de liberdade e restritiva de direitos, nada impede que ele obtenha o benefício em relação à primeira.
8. Permanecem suspensos os direitos políticos durante o período de prova do sursis.
Período de prova e condições
1. Durante esse lapso de tempo deve cumprir determinadas condições, sob pena de ver revogada a medida e ter de cumprir a sanção privativa de liberdade. Essas condições são: 
a) legais: impostas pela lei (arts. 78, § 1º, e 81);
b) judiciais: impostas pelo juiz na sentença (art. 79). 
2. No sursis simples (art. 77, caput), no primeiro ano do prazo o condenado deve: 
· prestar serviços à comunidade, nos termos do art. 46 (art. 78, § 1º, 1° parte); ou
· submeter-se à limitação de fim de semana, de acordo com o art. 48, §1°, 2° parte. 
Nota: A escolha cabe ao juiz.
3. Tratando-se de sursis especial (art. 78, §2°), satisfeitos os seus requisitos, as condições alternativas da prestação de serviços a comunidade e a limitação de fim de semana são substituídas por 
· Proibição de frequentar determinados lugares;
· Proibição de ausentar-se o condenado da comarca onde reside, sem autorização judicia;
· Comparecimento pessoa e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades (art. 78, §2°, a a c).
As condições leais do sursis, previstas no art. 78, §2°, a, b e c, devem ser impostas cumulativamente. 
4. A sentença que concede o perdão judicial, durante o período de prova, revoga o benefício?
Suponha-se que o sujeito, durante o sursis, pratique uma lesão corporal culposa e, afinal, obtenha o favor do perdão judicial (CP, art. 129, § 8º). Há revogação do sursis? Cremos que não. Embora seja condenatória a sentença concessiva do perdão judicial, ela não gera a reincidência (CP, art. 120). Não impedindo o sursis futuro (CP, art. 77, I), não deve também revogá-lo.
5. A Lei de Execução Penal prevê mais um caso de revogação obrigatória. Nos termos do art. 161, se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 dias, o réu não comparecer à audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será executada imediatamente a pena, salvo prova de justo impedimento.
6. O fato de o condenado praticar infração durante o período de prova revoga o sursis? Não, uma vez que o CP exige, para a revogação, sentença condenatória com trânsito em julgado. Qual a consequência de o condenado cometer infração durante o período de prova? Nos termos do art. 81, § 2º, se “o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo”.
7. O período de prova é prorrogado até que transite em julgado a sentença em relação ao segundo crime, podendo a prorrogação ultrapassar o máximo de quatro ou seis anos. Se o réu vier a ser condenado, haverá revogação obrigatória: terá de cumprir a pena que estava suspensa e a nova sanção. Se absolvido, o juiz aplicará o disposto no art. 82: determinará a extinção da pena que se encontrava suspensa.
8. A prorrogação ocorre por força da prática de nova infração ou em face de novo processo? No sursis a prorrogação se dá em face do novo processo. Assim, cremos que a prorrogação legal deve ocorrer por força do início da nova ação penal, e não pela prática da nova infração penal ou pela instauração de inquérito policial.
Extinção da pena
Se o período de prova termina sem que haja ocorrido motivo para a revogação, não mais se executa a pena privativa de liberdade (art. 82).
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade.   
Referências:
JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte geral – arts. 1 ao 120 do CP. Vol 1. Atualizador: André Estefam. 37 ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

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