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Conceito de punibilidade 1. A punibilidade não é requisito do crime, mas sua consequência jurídica. Os requisitos do crime, sob o aspecto formal, são o fato típico e a antijuridicidade. Assim, a prática de um fato típico e ilícito, sendo culpável o sujeito, faz surgir a punibilidade. Condições objetivas da punibilidade 1. Ocorre que, às vezes, a punibilidade ou pretensão punitiva pode estar sujeita a determinadas circunstâncias, denominadas condições objetivas de punibilidade. 2. Possuem duas características: a) situam-se fora do crime; b) estão fora do dolo do agente. Ex.: art. 7º, § 2º, b e c, do CP. Na extraterritorialidade condicionada da lei penal brasileira, as circunstâncias de “ser o fato punível também no país em que foi praticado” e “estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição” constituem condições objetivas de punibilidade. Elas se encontram fora do crime praticado pelo agente e a sua ocorrência não depende do dolo. Causas extintivas da punibilidade Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Trata-se de rol exemplificativo. Escusas absolutórias 1. Escusas absolutórias são causas que fazem com que a um fato típico e antijurídico, não obstante a culpabilidade do sujeito, não se associe pena alguma por razões de utilidade pública. São também chamadas “causas de exclusão” ou “de isenção de pena”. 2. Distinguem-se das causas excludentes da antijuridicidade e da culpabilidade. As excludentes da ilicitude excluem o crime; as excludentes da culpabilidade excluem a censurabilidade da conduta do sujeito, isentando-o de pena. As escusas absolutórias, entretanto, deixam íntegros o crime e a culpabilidade. O fato permanece típico e antijurídico; o sujeito, culpável. Contudo, por razões de utilidade pública, fica isento de pena. Suponha-se, por exemplo, que o filho subtraia dinheiro do pai. Fica isento de pena, incidindo uma escusa absolutória (CP, art. 181, II). Entretanto, o fato é ilícito e censurável a conduta do sujeito. Momento de ocorrência das causas extintivas da punibilidade 1. Se a causa extintiva da punibilidade ocorrer antes da sentença final, vindo o sujeito a praticar outro crime, não será considerado reincidente. Se, porém, a causa extintiva da punibilidade ocorrer depois do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, em regra, o sujeito, vindo a cometer novo delito, será considerado reincidente. 2. Há duas exceções. · A primeira é a abolitio criminis, que pode ocorrer antes da sentença final ou depois da sentença condenatória irrecorrível. Neste último caso, a lei nova supressiva de incriminação rescinde a condenação irrecorrível. · A segunda exceção encontra-se na anistia, que pode ocorrer antes da sentença final ou depois da condenação irrecorrível. Nesta última hipótese, a anistia rescinde também a condenação irrecorrível. Nota: abolitio criminis é quando uma lei posterior deixe de considerar como infração um fato que era anteriormente punido. Efeitos da extinção da punibilidade 1. Em regra, as causas extintivas da punibilidade só alcançam o direito de punir do Estado, subsistindo o crime em todos os seus requisitos e a sentença condenatória irrecorrível. 2. Possuem efeito ex tunc a anistia e a lei nova supressiva de incriminação; as outras causas têm efeito ex nunc. 3. Em caso de concurso de agentes, as causas extintivas da punibilidade são comunicáveis ou incomunicáveis? · Estendem-se a todos os participantes: a abolitio criminis, a decadência, a perempção, a renúncia do direito de queixa, o perdão em relação aos acusados que o aceitaram, a retratação no caso do art. 342, § 2º (para os que admitem o concurso de agentes no falso testemunho). · São incomunicáveis: a morte do agente, o perdão judicial, a graça, o indulto e a retratação, no caso do art. 143 do CP. A anistia, em regra, é extensiva a todos os autores do fato, salvo quando expressamente exclui alguns. Análise do art. 108 do CP Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. O dispositivo apresenta quatro regras: · A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto de outro não se estende a este. Ex.: furto e receptação (arts. 155 e 180). A extinção da punibilidade em relação ao furto não se estende à receptação. · A extinção da punibilidade de crime que é elemento de outro não se estende a este: A regra cuida do crime complexo, no caso em que um delito funciona como elementar de outro. · A extinção da punibilidade de crime que é circunstância qualificadora de outro não se estende a este. · Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão: Ex.: suponha-se que o agente, para assegurar a execução de um crime de estupro, mate a pessoa que tem a guarda da vítima. Responde por dois crimes: homicídio qualificado pela conexão teleológica (art. 121, § 2º, V, 1ª figura) e estupro. Passados alguns anos sem que o fato seja descoberto, verifica-se a prescrição quanto ao crime de estupro (CP, art. 107, IV). A extinção da punibilidade em relação ao estupro não exclui a qualificadora do homicídio. Referências: JESUS, Damásio de. Parte geral – arts. 1 ao 120 do CP. Vol 1. Atualizador: André Estefam. 37 ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020
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