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RINITES AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - É a inflamação da mucosa nasal, associada aos seguintes sintomas: · Obstrução nasal/Congestão nasal · Rinorreia · Espirros · Prurido - Está presente em cerca de 30% da população mundial. É a doença crônica mais comum do mundo - Dividida em dois subgrupos · Infecciosas · Não infecciosas · Alérgicas · Não alérgicas - Classificação · Quanto ao tempo · Persistente – mais de 4 dias/4 semanas · Intermitente – menos de 4 dias/4 semanas · Gravidade · Leve – não compromete a qualidade de vida · Moderada/grave – compromete atividades diárias RINITE ALÉRGICA - Rinite alérgica – é uma inflamação eosinofílica da mucosa nasal e dos seios da face resultante de uma reação mediada por IgE. - São divididas em · Sazonal – quando os sintomas estão presentes apenas em determinada época do ano e relacionadas aos antígenos sazonais (pólens) · Perene – sintomas mais duradouros e estão relacionados a antígenos perenes, como os ácaros Allergic Rhinitis and Impact on Asthma (ARIA) - A classificação deve ser dada pela duração, e à gravidade dos sintomas, incluindo o impacto na qualidade de vida do paciente, independente do antígeno. - Quanto à duração dos sintomas · Intermitente – sintomas estão presentes por menos de 4 dias por semana ou menos de 4 semanas por ano · Persistente – sintomas estão presentes por mais de 4 dias por semana e mais de 4 semanas por ano - Quanto à intensidade dos sintomas · Leve – nenhum dos seguintes itens está presente · Moderada/grave – um ou mais dos seguintes itens estão presentes: · Distúrbio do sono · Impacto em atividades diárias, lazer ou esporte · Impacto na escola ou no trabalho · Sintomas presentes incomodam Fisiopatologia - A reação de hipersensibilidade mediada por IgE a alérgenos específicos ocorre em indivíduos geneticamente predispostos e sensibilizados · Pai ou mãe com rinite alérgica, a criança terá 30% de chance de ter rinite alérgica · Pai e mãe com rinite alérgica, a criança terá 80% de chance de ter rinite alérgica - O inicio do processo dá-se quando os alérgenos depositados na mucosa nasal são processados pelas células de Langerhans e outras células apresentadoras de antígenos. · Assim, tais são transformados em peptídeos de 7 a 14 aminoácidos que se ligam a receptores denominados moléculas de complexo de histocompatibilidade maior classe II · Essas células apresentadoras da antígenos + antígenos ativam linfócitos Th2, que via interleucina 4 e 13 estimulam o linfócito B a se transformar em plasmócitos produtor de imunoglobulina E (IgE). - A sintomatologia inflamatória é resultado do contato de células imunes com moléculas de adesão inespecífica (P-selectinas e E-selectinas) e específicas (ICAM e VCAM-1) do endotélio da mucosa nasal. · A invasão da mucosa nasal resulta na liberação de interleucinas e leucotrienos que resultam nos sinais inflamatórios de rubor, calor e tumor · A vasodilatação é o cerce na rinite Quadro clínico - A presença de pacientes asmáticos com rinite alérgica pode chegar aos 100% - O diagnóstico da rinite é essencialmente clínico - Prurido – não se limita somente ao nariz, em alguns casos envolvem palato, olhos, faringe, laringe e ouvidos - Rinorreia – clara, sendo anterior, posterior ou ambos - Obstrução nasal – que normalmente é bilateral - Sintomas sistêmicos como · Mal-estar geral · Cansaço · Irritabilidade · Insônia - Questionar quando a história familiar de atopia e do meio ambiente · Questionar asma, eczema, urticária e alergia intestinal Diagnóstico - É essencialmente clínico, e, portanto, deve-se avaliar: · Idade de inicio · Sintomas · Tempo de evolução · Ambiente, habitação e trabalho · História pessoal e/ou familiar de doenças atópicas · Uso de medicamentos - São exames feitos para confirmar as hipóteses diagnóstica: · Teste alérgico · Teste cutâneo/prick test (em resumo, se for pedir, pede esse segundo a professora associado a exame clínico) · Determinação sérica de IgE específica · Exame citológico nasal · Testes objetivos de permeabilidade nasal - Exames laboratoriais · Aumento de eosinófilos séricos · Dosagem de IgE – lembrar que a IgE total não tem boa sensibilidade/especificidade para o diagnóstico. Por isso dosa o IgE específico. - Exames de imagem – são utilizadas apenas para confirmar suspeitas que não foram sanadas após exame físico e nasofibroscopia e há uma obstrução nasal importante Tratamento - Pilar do tratamento – Higiene ambiental, tratamento medicamentoso e imunoterapia - A prevenção é o primeiro passo para o tratamento. - Não existindo contato com o alérgeno, os sintomas melhoram, ocasionando a redução até mesmo a suspensão do uso de medicações. Tratamento não medicamentoso da Rinite - Lavagem nasal com solução salina – idealmente solução isotônica (0,9%) · Solução salina 2-3% é reservada para situação de obstrução nasal importante ou rinossinusite - Medidas a serem adotadas para reduzir a chance de sensibilização – prevenção primária (costuma cair em prova as prevenções) · Evitar tabagismo durante a gravidez e a infância · Aleitamento materno exclusivo até 6 meses de idade · Evitar ambientes úmidos e com poluentes internos · Eliminar substâncias irritantes do meio ambiente - Medidas a serem adotadas para prevenir ou minimizar as crises – prevenção secundária · Redução de poeira doméstica e ácaros – lavar a roupa de cama semanalmente, encapar travesseiros e colchões, usar aspiradores de pós com filtro HEPA, usar pano úmido para limpeza, remover carpetes e brinquedos de pelúcia, colocar colchões, tapetes e travesseiros ao sol (por pelo menos 3 horas). · Medidas para reduzir antígenos de animais domésticos – não permitir entrada de animais domésticos em casa, se possível encontrar um novo lar para eles. · Medidas para evitar contato com bolor – utilizar desumidificadores, fazer manutenção frequente de equipamentos de ar condicionado, consertar vazamentos de água. Tratamento medicamentoso da Rinite - Inclui: · Anti-histamínicos · Clássicos agonistas inverso H1 – não são mais utilizados · Não clássicos ação anti-H1 – efeitos anti-inflamatórios, usados 1x/dia ou 2x nas crises – loratadina, levocetirizina e ebastina · Tópicos – 1jato 2x/dia · Descongestionantes – usados para a crise, num curto intervalo de tempo · Naridrin tópico 5-7 dias 1jato/5gotas 2x/dia · Allegra D 2x/dia ou Aviant 1x/dia são sistêmicos · Anticolinérgicos · Corticosteroides – sintomas irritativos e prurido · Corticoide tópico Busonid/ Nasonex/ Avyms 1-2 jatos 1x/dia ou 12/12h · A longo prazo pode ser usado por mais tempo · Contraindicação – glaucoma mal controlado · Cromoglicato dissódico – estabilizador de mastócito 1jato 2-4x/dia · Antileucotrienos – efeito anti-inflamatório e broncodilatador · 1x/dia uso em paciente com rinite com asma ou intolerante a AINEs · Montelucaste sódico - A imunoterapia tem como objetivo reduzir o grau de sensibilização e reatividade aos antígenos · Indicada apenas para paciente com Rinite alérgica comprovada por testes cutâneos ou IgE sérico · É a única terapia capaz de alterar a história natural da doença RINITE ALÉRGICA LOCAL - Os pacientes costumam desenvolver sintomas após a exposição a um alérgeno específico que vai desenvolver uma resposta com produção local de IgE específica e o paciente costuma desenvolver espirros, rinorreia, prurido e obstrução nasal. - O diagnóstico é dado através do teste de provocação nasal com alérgenos e sem a realização de testes cutâneos. · Esse teste é considerado padrão ouro para o diagnóstico de RAL, contudo não é um teste realizado de rotina, os alérgenos mais comuns são ácaros, pólens e fungos e afeta tanto adultos quanto crianças. - Estudos observaram que mais de 47% dos casos de rinite não alérgica podem ser consequências da produção de IgE específica apenas na mucosa nasal. - Os pacientes com RAL possuem os mesmos sintomas clássicos da rinite alérgica, sendo que os agentes mais envolvidos são os ácaros, pólens e os fungos. - Tratamento não difere da rinite alérgica, e também respondem bem com imunoterapia específica RINITES INFECCIOSAS AGUDAS- São causadas pelo vírus Rinovírus, Coronavírus, Parainfluenza Vírus, Adenovírus, Enterovírus, Influenzae e Vírus Sincicial Respiratório e outros. - A transmissão ocorre por contato e não é acompanhada de febre ou complicações, apresentando resolução espontânea o tratamento deve ser sintomático - A rinite causada pelo vírus influenza provoca sintomas de mais gravidade sendo acompanhada de Febre, Cefaleia e Mal-estar. RINITE BACTERIANA AGUDA - Geralmente inicia-se após uma rinite viral. E os principais agentes envolvidos são S. aureus, S. pneumoniae e S. pyogenes RINITE INFECCIOSA AGUDA - São divididas em específicas, decorrentes das chamadas doenças ulcerosas e granulomatosas como Leishmaniose, Hanseníase, Tuberculose e Sífilis. - Já o tipo inespecífico é um subtipo extremamente raro RINITE NÃO ALÉRGICA - É um diagnóstico de exceção em relação à rinite alérgica, apresentam os mesmos sintomas, porém não são mediadas por reação de hipersensibilidade do tipo 1 (IgE) Rinite idiopática - Caracterizada pela hiper-reatividade de origem idiopática, que causa sintomas como coriza, obstrução nasal, prurido e espirros - Diagnóstico se da pela história clínica de edema, hipertrofia de cornetos e secreção aquosa - Por ser não alérgica, não há IgE específico - Tratamento · Descongestionante sistêmico e tópicos · Anticolinérgicos · Corticosteroides · Cirurgia de conchas nasais Rinite eosinofílica não alérgica (RENA) - Caracteriza-se pela presença de eosinofilia nasal, associada a testes alérgicos cutâneos e níveis de IgE normais - Acomete indivíduos acima de 20 anos - Os sintomas são perenes e desencadeados por irritantes inespecíficos – Espirros, Rinorreia e Prurido nasal - Fisiopatologia não está definida - Tratamento é a base de corticoides nasais - É recomendado EVITAR o uso de AAS (ácido acetilsalicílico) e AINH (anti-inflamatórios não hormonais) Rinite Hormonal e Gestacional - A rinite hormonal é descrita na gravidez, durante a menstruação, como uso de contraceptivos orais e hipotireoidismo - Algumas mulheres tem obstrução nasal durante a menstruação por uso de contraceptivos hormonais com dosagens elevadas de estrógeno, eles atuam sobre o trofismo nasal e também sobre o sistema parassimpático desencadeando espirros, rinorreia e congestão. - Rinite Gestacional é caracterizada por obstrução nasal que ocorre comumente entre 2-3º trimestre de gestação - A progesterona relaxa a musculatura lisa dos vasos nasais e o estrógeno tem predomínio parassimpático causando edema de mucosa - Tratamento – Lavagem nasal e corticoides tópicos (budesonida) Rinite Induzida por Drogas e Medicamentos - É caracterizada por congestão nasal ocasionada pelo uso de drogas sistêmicas, especialmente os anti-hipertensivos, anti-inflamatórios não hormonais - A rinite medicamentosa ocorre devido ao uso prolongado de descongestionantes tópicos nasais e consequentemente efeito de rebote pela vasodilatação. - Possibilidade de tratamento · Lavagem nasal · Corticoides tópicos · Descongestionantes sistêmicos · Cirurgia nasal – quando indicada - Tratamento para uso de descongestionante crônico · Algumas fontes recomendam – Desmame do descongestionante (diluir descongestionante em soro fisiológico reduzindo progressivamente a dose) + CTC nasal Rinite por irritantes - É aquela cusada exclusivamente por um agente ou mais agentes irritantes, em que está excluído o mecanismo alérgico - Eles atuam sobre terminações nervosas da mucosa, provocando vasodilatação e obstrução nasal - Tratamento · Corticoterapia tópica e sintomático · Descongestionantes nasais · Afastar o agente irritante · Algumas fontes recomendam: Afastar irritante + CTC nasal + antihistamínico oral Rinite gustativa - É algo raro, mas que causa um desconforto no paciente. Geralmente acomete individuos com rinite idiopática, que manifestam rinorreia aquosa em contato com alimentos quentes e condimentados - Tratamento – anticolinérgicos tópicos diário (ipatrópio) são a primeira opção · Não Brasil, o ipatropio não está disponível, nesse caso podemos optar por um antihistamínico com descongestionante. Rinite do idoso - Raramente tem causas alérgicas, geralmente são causadas por mecanismos não alérgicos, como desequilíbrio autonômico. - Sintomas de secreção nasal e retronasal são comuns principalmente ao ingerir alimentos quentes e ao deitar a noite. Além disso, drogas como betabloqueadores e IECA podem causar rinite. - Tratamento · Anticolinérgicos tópicos · Anti-histamínicos de 2º geração Rinite no esporte - Apesar do exercicio ser um potente vasoconstritor, em atletas é detectável um efeito de rebote, especialmente em corredores e ciclistas Rinite atópica - Pode ser primárias ou secundárias · Primária – apresenta atrofia moderada da mucosa nasal assintomática, sem comprometimento ósseo ou cartilaginoso, sem formação de crostas · Secundária – decorre de uma doença infecciosa ou sistemica, habitualmente granulomatosa, de cirurgia prévia ou trauma nasal. · É uma condição que apreesenta crosta, porém sem fetidez - A rinite ozeonosa é uma atrofia osteomucosa das conhacas nasais, que ocorre a formação de crostas e secreção fétida. · Hiposmia, obstrução nasal e epistaxe podem estar presentes, sendo atribuída a infecção por Klebsiella ozeannae - Tratamento clínico · Lavagem nasal com antibióticos ou estrogeno · Cirurgias para estreitar a cavidade nasal
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