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CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 1 AAUULLA A 1 1 – – P PEES SSSOOAAS S NNA ATTU URRA AIISS, , P PEES SSSOOAAS S JJU URRÍÍDDIICCAAS S, , D DOOM MIICCÍÍLLI IOO E E BBEEN NSS Nobre concurseiro(a), seguindo o programa de Direito Civil os próximos assuntos a serem abordados são as pessoas. Tais assuntos têm como base legal o Código Civil, nos artigos 1o a 39 e 70 a 78. Dessa forma, na aula passada estudamos a Lei de Introdução ao Código Civil, que não faz parte do novo diploma legal que começará a ser estudado hoje. O Código Civil se divide em duas partes: a parte geral e a parte especial. A Parte Geral do Código Civil subdivide-se em 3 (três) livros: 1) Das pessoas: trata dos sujeitos da relação jurídica; 2) Dos bens: trata dos objetos da relação jurídica; 3) Dos atos e fatos jurídicos: trata dos atos e fatos que formam a relação jurídica entre os sujeitos e os objetos. E a parte especial em outros X livros: 1) Do direito das obrigações; 2) Do direito de empresa: assunto estudado na disciplina Direito Empresarial; 3) Do direito das coisas; 4) Do direito de família; e 5) Do direito das sucessões. Hoje estudaremos os livros 1 e 2 da parte geral do Código Civil. Vamos ao que interessa!!!!!!! No sentido jurídico, a palavra pessoa representa o titular de direitos e obrigações. Duas são as espécies de pessoas: - pessoa natural ou física: é o ser humano; e - pessoa jurídica ou moral: são organizações que visam a realização de um certo interesse. O titular de direitos e obrigações é aquele pode figurar em uma relação jurídica, conforme esquema a seguir: CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 2 RELACÃO JURÍDICA SUJ. ATIVO PRESTAÇÃO SUJ. PASSIVO (direito) (bem jurídico) (dever) A todo direito subjetivo de alguém corresponde um dever de outra pessoa. Há, na relação jurídica, pelo menos dois sujeitos: o ativo, que tem o direito, e o passivo, que tem o dever, além de uma prestação (dar, fazer e não fazer) cujo objeto representa o bem jurídico e funciona como elo de ligação na relação. Ou seja, aqueles que podem figurar como sujeito ativo ou sujeito passivo em uma relação jurídica são a pessoa natural (ou física) e a pessoa jurídica (ou moral). Imagine que eu vá a uma clínica odontológica e, após o dentista que lá trabalha realizar o procedimento necessário, eu passe a ter a obrigação de pagar o preço do serviço realizado. Nessa relação jurídica, eu (pessoa natural) sou o sujeito passivo; a clínica (pessoa jurídica) é o sujeito ativo; e o valor a ser pago é o objeto da prestação. PESSOA NATURAL CONCEITO DE PESSOA NATURAL: é o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações. Para ser uma pessoa, basta existir, basta nascer com vida, adquirindo personalidade. CAPACIDADE DE DIREITO X CAPACIDADE DE FATO: o Código Civil em seus artigos 1o e 2o nos apresenta diversos conceitos importantes. Art. 1o do CC - Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Art. 2o do CC - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Dessa forma, a pessoa natural, ao nascer com vida, adquire personalidade jurídica e passa a ser titular de direitos e deveres na ordem civil. Ou seja, a personalidade adquirida ao nascer representa o conjunto de capacidades (aptidões) referentes a uma pessoa. Duas são as espécies de capacidade: - Capacidade de Direito ou de Gozo: é adquirida junto com a personalidade e representa a aptidão para ser titular de direitos e deveres na ordem civil, conforme CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 3 dispõe o art. 1o do CC. A capacidade de Direito ou de Gozo é adquirida através do nascimento com vida. - Capacidade de Fato ou de Exercício: é a aptidão para alguém exercer por si só (sozinho) os atos da vida civil. Ou seja, representa a capacidade de praticar pessoalmente os atos da vida civil, independente de assistência ou representação. Em regra é adquirida ao completar dezoito anos de idade. Conclui-se que todas as pessoas possuem capacidade de direito ou de gozo, mas nem todas possuem a capacidade de fato ou de exercício. Esta, em regra, é adquirida ao completar 18 anos, mas também pode ser adquirida através da emancipação ou do levantamento da interdição. Apesar de não possuir capacidade de fato ou de exercício, uma pessoa pode ser titular de direitos. Como exemplo, temos a possibilidade de uma criança de dois anos ser proprietária de um apartamento, pois ela tem capacidade de direito ou de gozo. Entretanto, por ainda não ter condições de discernir sobre a prática dos atos da vida civil, tal criança possui uma deficiência jurídica. Vejamos o gráfico esquemático para que depois eu explique melhor o que vem a ser essa “deficiência jurídica”. No art. 2o do CC, o legislador colocou a salvo os direitos do nascituro (aquele que está para nascer). Art. 2o do CC - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Concluímos então que o nascituro poderá figurar em algumas relações jurídicas, tais como os dispositivos legais exemplificados a seguir: NASCIMENTO 18 ANOS AQUISIÇÃO DA CAPACIDADE DE DIREITO OU DE GOZO REGRA: AQUISIÇÃO DA CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 4 Art. 542 do CC - A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal. Art. 1.798 do CC - Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Percebe-se que a doação feita a uma pessoa, mesmo antes dela nascer, é válida. O mesmo acontece durante a sucessão hereditária, pois, se um homem morre e deixa a sua esposa grávida, o feto que ela carrega em seu ventre também participará da sucessão. Os direitos do nascituro, entretanto, estão condicionados ao nascimento com vida, ou seja, se nascer morto, os direitos eventuais que viria a ter estarão frustrados. O artigo 2o do Código Civil deu origem a duas grandes correntes sobre o início da personalidade. A primeira, denominada teoria natalista, preconiza que o início da personalidade começa a partir do nascimento com vida. A segunda, denominada teoria concepcionista, defende que, pelo fato da lei por a salvo desde a concepção os direitos do nascituro, a personalidade se divide em duas partes: a personalidade jurídica formal (adquirida através da concepção) e a personalidade jurídica material (adquirida através do nascimento com vida). Por concepção, devemos entender o momento em que o óvulo fecundado pelo espermatozóide se junta à parede do útero. Lembre-se que a teoria adotada pela doutrina majoritária é a natalista e, se a banca do seu concurso nada dispuser a respeito da teoria da concepção, então é para ser adotada a teoria natalista. Segue um quadro sobre o assunto: AAQQUIS UI SIIÇÇÃÃO O DDA A PPEERRSSOONNAALLIIDDAADDE E TEORIA NATALISTA Através do nascimento com vida. TEORIA CONCEPCIONISTA PERSONALIDADE JURÍDICA FORMAL Através da concepção PERSONALIDADE JURÍDICA MATERIAL Através do nascimento com vida. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 5 LEGITIMAÇÃO X CAPACIDADE A legitimação é a posição favorável de uma pessoa em relação a certos bens ou interesses, habilitando-a à prática de determinados atos ou negócios jurídicos. A falta de legitimação acarreta um impedimento específico para a prática de determinadosatos ou negócios jurídicos. A legitimação difere da capacidade de direito ou de gozo, pois, esta todas as pessoas possuem, ao passo que aquela é característica de apenas alguns. Como exemplo temos o art. 1.749, I do CC: Art. 1.749 do CC - Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade: I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao menor; [...]. Ou seja, pelo dispositivo legal acima, o tutor possui capacidade de direito ou de gozo, assim como a capacidade de fato ou de exercício, entretanto, não possui legitimidade para adquirir bens móveis ou imóveis do menor que ele representa. Observação: Outro exemplo de legitimidade será estudado na aula seguinte dentro do tópico direitos da personalidade. INCAPACIDADE ABSOLUTA E RELATIVA: as pessoas que possuem os dois tipos de capacidade (de direito/gozo e de fato/exercício) têm a chamada capacidade plena, e aqueles que não possuem a capacidade de fato ou de exercício são chamados incapazes, sendo portadores de uma “deficiência jurídica”. Justamente por existir tal deficiência é que os incapazes precisam ser representados ou assistidos. A incapacidade (deficiência jurídica) pode se apresentar sob duas formas: • Incapacidade absoluta: acarreta a proibição total da prática dos atos da vida civil. Tal deficiência é suprida pela representação; CAPACIDADE DE DIREITO + CAPACIDADE DE FATO = CAPACIDADE PLENA CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 6 • Incapacidade relativa: permite a prática dos atos civis, desde que o incapaz seja assistido por seu representante. Tal deficiência é suprida pela assistência. Quando a pessoa não possui capacidade de fato ou de exercício e, conseqüentemente, a capacidade civil plena, ela é considerada incapaz. Na visão da Profa. Maria Helena Diniz a incapacidade deve ser observada de forma restritiva, pois a capacidade é a regra (todos adquirem ao nascer com vida), ao passo que incapacidade é a exceção. IMPORTANTE !!! A incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil e tem como objetivo proteger os que são portadores de alguma deficiência jurídica apreciável através da graduação da forma de proteção. Dependendo da deficiência, a incapacidade gera como forma de proteção a necessidade de um representante (incapacidade absoluta) ou de um assistente (incapacidade relativa). A incapacidade absoluta é suprida pela representação. Na representação, o incapaz não esboça sua vontade em relação à prática ou não do ato ou negócio jurídico, pois esta é tomada pelo representante legal. Ou seja, o ato ou negócio jurídico é realizado de acordo com a vontade do representante. A falta de representante acarreta a nulidade do ato. Já a incapacidade relativa é suprida pela assistência. Na assistência o próprio incapaz decide se pratica ou não o ato ou negócio jurídico, esboçando, portanto, a sua vontade, limitando-se o assistente a apenas presenciá-lo durante a celebração do ato. São pessoas que, por terem algum discernimento, estão em uma situação intermediária entre a capacidade plena e a incapacidade total. A falta de assistência acarreta a anulabilidade do ato. Após saber os tipos de incapacidade, creio que você deva estar se perguntando: quem é considerado incapaz? CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 7 A resposta para essa pergunta é dada pelos arts. 3º e 4º do CC que trazem, respectivamente, o rol dos absolutamente e relativamente incapazes. Art. 3o do CC - São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Art. 4o do CC - São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. Rol dos absolutamente incapazes: - Os menores de 16 anos são chamados de menores impúberes. São os que ainda não atingiram a maturidade suficiente para participar da atividade jurídica. - Os privados do necessário discernimento por enfermidade ou deficiência mental para serem considerados absolutamente incapazes necessitam de um processo de interdição. Tal processo segue o rito do Código de Processo Civil e a sentença terá natureza declaratória de uma situação ou estado anterior devendo ser registrada em livro especial no Cartório do 1º Ofício do Registro Civil. - Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade tem nas pessoas que estão em estado de coma o clássico exemplo de incapacidade absoluta comumente cobrado em concursos. Este caso não precisa de interdição pelo fato de, teoricamente, se tratar de uma situação “passageira”. Rol dos relativamente incapazes: - Os maiores de 16 e menores de 18 anos são chamados de menores púberes e, apesar de serem relativamente incapazes, podem praticar determinados atos sem a assistência, tal como: aceitar mandato, ser testemunha, fazer testamento, etc. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 8 - Os ébrios (alcoólatras) habituais e os viciados em tóxicos (toxicômanos), quando o efeito das respectivas substâncias (álcool e entorpecente) provocar uma redução na capacidade de entendimento, não poderão praticar os atos da vida civil sem assistência de um curador, desde que interditos. - Os deficientes mentais com discernimento reduzido são fracos da mente ou fronteiriços. Dessa forma, quando a debilidade privar completamente o amental do necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil, então ele será considerado incapaz de forma absoluta. Porém, se ocorrer apenas uma redução na capacidade, teremos a incapacidade relativa. - Todos os excepcionais sem desenvolvimento mental completo, incluindo os surdos- mudos (em determinadas situações), são considerados relativamente incapazes. Para tal, deve haver uma sentença de interdição. - Os pródigos são gastadores que dissipam o próprio patrimônio de forma desvairada. Trata-se de um desvio de personalidade e não, propriamente, de um estado de alienação mental. No entanto, o pródigo só ficará privado de praticar atos que extravasam a mera administração e implicam no comprometimento de seu patrimônio, como emprestar, alienar, hipotecar, etc. (art. 1.782 do CC). Precisa de interdição. Art. 1.782 do CC - A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração. Observação: existem algumas exceções em que os relativamente incapazes podem praticar atos sozinhos, como fazer um testamento, aceitar mandato para praticar negócios, celebrar contrato de trabalho a partir de 16 anos, ser testemunha a partir de 16 anos, etc. A seguir temos mais uma tabela para sintetizar o assunto: CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 9 INCAPACIDADE ABSOLUTA RELATIVA 1 - menores de dezesseis anos; 2 - enfermos, sem discernimento; 3 - deficientes mentais, sem discernimento; e 4 - impossibilidade transitória de exprimir a vontade. 1 - maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 2 - ébrios habituais;3 - viciados em tóxicos; 4 - deficientes mentais, com discernimento reduzido; 5 - excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; e 6 - pródigos. CAPACIDADE CIVIL DO ÍNDIO: nos termos do art. 4º, § único do CC, a capacidade dos índios deve ser regulada por lei especial. Tal diploma legal é a Lei 6.001/1973 (Estatuto do Índio). O Estatuto do Índio dispõe que todo ato praticado por silvícola, sem a assistência da FUNAI, é nulo. O próprio Estatuto, no entanto, dispõe que o juiz poderá considerar válido o ato se constatar que o silvícola tinha plena consciência do que estava fazendo e que o ato não foi prejudicial a ele. Ou seja, dependendo do grau de integração com a sociedade, o índio pode ser considerado absolutamente incapaz, relativamente incapaz ou plenamente capaz. CURATELA X TUTELA A curatela é um instituto que visa a proteção da pessoa e o regimento ou administração de seus bens. Incide tal instituto sobre aqueles que não possuem capacidade para fazer a referida administração sozinhos, em razão de ausência, moléstia, ou até mesmo dos que ainda nem nasceram. A tutela visa os cuidados com a pessoa do menor ante a ausência dos pais (ex: menor órfão de pai e mãe), já a curatela visa o amparo de maiores em condições específicas onde estes, não tendo capacidade em virtude de problemas mentais, sejam ébrios habituais ou dependentes toxicológicos ou todos os que não tem condições de exprimir a sua vontade por estas ou outras causas também tem direito a um curador. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 10 Assim, para a determinação de curador para o incapaz, necessário que se faça o reconhecimento judicial da incapacidade, onde logo será declarada a interdição e estabelecida a curatela, onde o curador ficará responsável pelo interdito e administração de seus bens. TUTELA Î amparo de menores CURATELA Î amparo de maiores com “problemas” O art. 1.728 do CC trata do instituto da tutela. Art. 1.728 do CC -. Os filhos menores são postos em tutela: I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes; II - em caso de os pais decaírem do poder familiar. Já o rol do art. 1.767 do CC enumera as pessoas que estão sujeitas à interdição e, conseqüentemente, à curatela. Art. 1.767 do CC -. Estão sujeitos a curatela: I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade; III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento mental; V - os pródigos. FIM DA INCAPACIDADE O término da incapacidade (absoluta ou relativa) pode se dar de 3 (três) formas: 1. maioridade - ao completar 18 (dezoito) anos; 2. levantamento da interdição – quando a causa da interdição cessar (ex: a enfermidade deixa de existir); e 3. emancipação – aquisição da capacidade civil plena antes de completar 18 (dezoito) anos, ou seja, representa a antecipação da capacidade civil plena. Também pode ser de 3 (três) tipos: voluntária, judicial e legal. Segue gráfico esquemático: CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 11 Observação: a emancipação deve objetivar o benefício do menor, ou seja, pode ser anulada (emancipação voluntária) ou denegada (emancipação judicial) quando o menor for prejudicado com o ato. Vimos no gráfico anterior que uma das características da emancipação é a irrevogabilidade, entretanto, revogar (desfazimento de um ato válido) é diferente de anular (cancelamento de um ato inválido). Imagine uma emancipação concedida através de um documento fraudulento. É perfeitamente possível a anulação do ato. Os institutos da maioridade é da emancipação são tratados no art. 5º do CC: Art. 5o do CC - A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; EMANCIPAÇÃO É o instituto jurídico que antecipa a aquisição da capacidade plena aos menores de 18 anos. Características: - irrevogabilidade: não pode ser revogada pelos pais do menor. - perpetuidade: se o casamento for desfeito a emancipação continua. - pura e simples: não admite termo ou condição. VOLUNTÁRIA: é concedida pelos pais (os dois) mediante escritura pública, independente de homologação judicial. O menor deve ter 16 anos completos. - se um dos pais for falecido ou estiver interditado (falta de um dos pais), o outro pode conceder a emancipação. - se um dos pais se achar em local incerto, deve haver autorização judicial. JUDICIAL: é concedida por sentença judicial. O menor deve ter 16 anos completos. Duas hipóteses: 1) quando o menor estiver sob tutela; e 2) quando houver divergência entre os pais. LEGAL: se opera automaticamente, independente de ato dos pais, tutor ou sentença judicial. Hipóteses: 1) casamento (16 anos completos, em regra – arts. 1.517 e 1.520 do CC); 2) exercício de emprego público efetivo (concurso público); 3) colação de grau em curso de ensino superior (faculdade); 4) ter estabelecimento civil ou comercial que lhe propicie economia própria (16 anos completos); 5) possuir relação de emprego que lhe propicie a obtenção de economia própria (16 anos completos). CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 12 III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. É importante frisar que a emancipação não é causa de maioridade, mas sim de antecipação da capacidade de fato ou de exercício. Dessa forma, apesar de o emancipado possuir a capacidade de fato, para alguns atos a lei exige idade mínima de 18 anos, tal como, tirar carteira nacional de habilitação e poder ser responsabilizado penalmente. MORTE Para o direito civil a morte representa o fim da personalidade jurídica. Pode ser de três tipos: 1 - Morte Real – é a que pressupõe a existência de um cadáver para comprovar o óbito. 2 - Morte Civil - quando uma pessoa, embora viva, é tratada como morta, perdendo os seus direitos civis. Está prevista no art. 1.816 do Código Civil, só produzindo efeitos com relação à herança. Art. 1.816 do CC - São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão. Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens. 3 - Morte Presumida – ocorre quando não há um cadáver para provar efetivamente a morte. O Código Civil trata do assunto nos arts. 6º e 7º. Art. 6o do CC - A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Art. 7o do CC - Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações,devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 13 A morte presumida freqüentemente costuma ser alvo de questões de concursos, portanto, segue gráfico esquemático sobre o assunto: MORTE PRESUMIDA SEM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA (art. 7º do CC): são os casos de: - extrema probabilidade de morte de quem se encontrava em perigo de vida (ex: queda do avião da Air France); e - desaparecimento em campanha ou aprisionamento após 2 anos do término da guerra. COM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA (art. 6º do CC): pessoa com paradeiro desconhecido. Existe a necessidade de que alguém represente os bens do ausente. Fases: 1 - curadoria dos bens do ausente Î o curador administra os bens do ausente. 2 - sucessão provisória Î os herdeiros se imitem na posse dos bens do ausente. 3 - sucessão definitiva Î os herdeiros adquirem a propriedade dos bens do ausente. É na abertura da sucessão definitiva que o ausente é declarado morto. Já vimos que a morte presumida com decretação de ausência atravessa três fases, entretanto é necessário tecermos comentários sucintos sobre cada uma, pois a matéria é tratada de forma mais específica no Código de Processo Civil: 1) Curadoria dos bens do ausente: nesta fase o juiz, após analisar a petição inicial e se convencer do desaparecimento de certa pessoa, deverá nomear um curador para administrar os bens do ausente, caso ele não tenha deixado um procurador. A escolha do curador deverá obedecer a ordem do art. 25 do CC. Art. 25 do CC - O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 14 § 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. § 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. § 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. O juiz também arrecadará os bens do ausente, entregando a administração deles para o curador; e, mandará publicar editais durante um ano, reproduzidos de dois em dois meses, anunciando a arrecadação e chamando o ausente a entrar na posse dos bens. Após um ano da publicação do primeiro edital, ou três anos no caso de haver deixado procurador, permanecendo a ausência, avança-se para a segunda fase (art. 26 do CC). Art. 26 do CC - Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. 2) Sucessão provisória: esta fase é aberta pela sentença do juiz após o julgamento das habilitações dos herdeiros. Com exceção dos ascendentes, dos descendentes e do cônjuge, os demais herdeiros para se imitirem na posse dos bens do ausente devem prestar uma caução de garantia. Art. 30 do CC - Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. § 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia. § 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. Havendo certeza de morte ou persistindo a ausência após dez anos contados a partir do trânsito da sentença de abertura da sucessão provisória, ou então, dentro de cinco anos a contar das últimas notícias, se o ausente contava oitenta ano de idade, avança-se para a terceira fase. Art. 35 do CC - Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 15 Art. 37 do CC - Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. Art. 38 do CC - Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. 3) Sucessão definitiva: tal sentença acarreta a presunção da morte do ausente devendo ser averbada no Cartório de Registro Civil. Os herdeiros deixam de ter a posse e passam a ter a propriedade resolúvel dos bens do ausente. É resolúvel porque o retorno do ausente em até dez anos após a abertura da sucessão definitiva provoca a extinção da propriedade. Art. 39 do CC - Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal. Percebemos que, em regra, não é possível um intervalo de tempo menor que onze anos (1 + 10) entre a curadoria dos bens e a sucessão definitiva, pois deve-se publicar editais durante um ano e aguardar dez anos da sucessão provisória até a sucessão definitiva. COMORIÊNCIA: é a morte de duas ou mais pessoas, simultaneamente, sendo elas herdeiras entre si. Produz como efeito jurídico o fato de os comorientes não herdarem entre si, ou seja, não há transmissão de bens entre os comorientes. Art. 8o do CC - Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. Ex: Um casal sem descendentes e ascendentes falece em um acidente de carro. O Marido possui como único herdeiro um primo. A esposa possui como única herdeira uma irmã. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 16 1) Se ficar provado que o marido morreu primeiro (antes da esposa), este transmite sua herança para a esposa que, consequentemente, transmite para a irmã. O primo fica sem nada. 2) Se ficar provado que a esposa morreu primeiro (antes do marido), esta transmite sua herança para o marido que, consequentemente, transmite para o primo. A irmã fica sem nada. 3) Se não puder se provar quem morreu primeiro, presume-se a comoriência, ou seja, a herança do marido será transmitida ao primo e a herança da esposa será transmitida para a irmã. REGISTRO E AVERBAÇÃO A averbação difere-se do registro (principal ato ocorrido no cartório) por representar um ato secundário que modifica o teor do ato principal. O assunto tem como base legal os artigos 9º e 10 do CC. Art. 9o do CC - Serão registrados em registro público: I - os nascimentos, casamentos e óbitos; II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. Art. 10 do CC - Far-se-á averbação em registro público: I - dassentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; III – (revogado). INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL Os elementos individualizadores da pessoa natural são três: - o nome; - o estado; e - o domicílio. O nome apresenta dois aspectos: 1) aspecto individual: diz respeito ao direito que todas as pessoas têm ao nome; CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 17 2) aspecto público: é o interesse que o Estado tem de que as pessoas possam se distinguir umas das outras, por isso regulamentou a adoção de um nome por meio da Lei n. 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos - LRP). Não abordaremos o conteúdo da LRP por não constar no edital. O nome integra os direitos da personalidade (arts. 16 a 19 do CC) e é composto de 3 (três) elementos: 1) prenome (pode ser simples ou composto); 2) sobrenome ou patronímico (designa a origem familiar da pessoa); e 3) agnome (é a partícula acrescentada ao final do nome para diferenciar as pessoas da mesma família com o mesmo nome). Veja o exemplo a seguir: João Pereira Neto O estado é a soma das qualificações da pessoa na sociedade e apresenta 3 (três) aspectos: 1) aspecto individual: diz respeito ao modo de ser das pessoas. Representa as características individuais, tal como altura, peso, cor, maior, menor, etc. 2) aspecto familiar: diz respeito à posição que uma pessoa ocupa na família, tal como o estado de solteiro, casado, viúvo, etc. 3) aspecto político: diz respeito à qualificação de nacionalidade e cidadania, tal como o fato de ser brasileiro ou estrangeiro. O estado tem três características importantes: 1) irrenunciabilidade: não se pode renunciar aquilo que é característica pessoal; 2) inalienabilidade: não se pode transferir as características pessoais; e 3) imprescritividade: o simples decurso do tempo não faz com que as pessoas percam as qualificações inerentes ao estado. prenome sobrenome agnome CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 18 DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL O domicílio é a sede jurídica da pessoa, onde ela se presume presente para efeitos de direito. Ou seja, é o local onde a pessoa pratica habitualmente seus atos e negócios jurídicos e, conseqüentemente, onde responde por suas obrigações. Para chegarmos ao conceito de domicílio é necessário entendermos a diferença entre morada, residência e domicílio. - Morada: é o lugar onde a pessoa é encontrada. O normal é a idéia do recolhimento. Local onde é encontrada para dormir. - Residência: é a morada habitual. É o local onde a pessoa é encontrada habitualmente. Ex: Casa de praia. - Domicílio: é a residência com ânimo definitivo. Não é residência eterna. É o local onde a pessoa é encontrada habitualmente e não sabe quando vai sair. Ânimo definitivo é a vontade de permanecer. A pessoa pode até não ter vontade de permanecer, mas enquanto ela permanecer de modo habitual é domicílio, (Ex: morar em um bairro que não gosta). Existem duas espécies de domicílio para a pessoa natural: 1) Domicílio Voluntário - pode ser: a) comum ou geral (arts. 70 a 74 do CC): é aquele escolhido livremente pela pessoa e que poderá ser mudado por ela. Art. 70 do CC - O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. O conceito de domicílio voluntário do art. 70 do CC apresenta dois elementos: a) elemento objetivo: é a residência; b) elemento subjetivo: é o ânimo definitivo. Dessa forma, se uma pessoa vai passar o mês de férias em uma casa de praia o domicílio não estará sendo mudado, pois, como se trata de uma situação temporária, falta a intenção de permanecer definitivamente no local. Art. 71 do CC -Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. (PLURALIDADE DE DOMICÍLIOS) CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 19 No artigo 71 o Código Civil consagra a pluralidade domiciliar, ou seja, é possível que uma pessoa tenha mais de um domicílio. Como exemplo temos a pessoa que fica durante a semana no Rio de Janeiro e todo final de semana vai para São Paulo. Tal pessoa possui duas moradas habituais e, nesse caso, a lei estipulou que quando a pessoa possui mais de uma residência, qualquer uma delas serve como domicílio. Art. 72 do CC -É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. (DOMICÍLIO PROFISSIONAL) Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. (PLURALIDADE DE DOMICÍLIOS PROFISSIONAIS) Além do domicílio escolhido livremente pela pessoa ao fixar residência com ânimo definitivo, no artigo 72 do Código Civil criou-se a possibilidade da pessoa ter como domicílio o local relacionado com o seu trabalho. A situação é exemplificada pelas pessoas que trabalham em grandes centros e moram em cidades satélites, tal como a pessoa que mora na cidade de São Caetano-SP e trabalha na cidade de São Paulo-SP (capital). Art. 73 do CC - Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. (AUSÊNCIA DE RESIDÊNCIA) Todos possuem domicílio, inclusive aqueles que não têm residência. Dessa forma, o domicílio dos ciganos, dos artistas de circo (circenses) e do cacheiro viajante é o local onde forem encontrados. Art. 74 do CC - Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem. No artigo 74 do Código Civil está prevista a forma para uma pessoa mudar o seu domicílio. b) especial (art.78 do CC) - é aquele que possibilita aos contratantes estabelecer um local para o cumprimento das obrigações (foro de contrato) ou um local para dirimir quaisquer controvérsias surgidas em decorrência do contrato (foro de eleição). CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 20 Art. 78 do CC - Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. 2) Domicílio Necessário ou Legal (art. 76 do CC) - é aquele determinado pela lei em razão da condição ou situação de certas pessoas. Nesses casos a lei não permite a escolha do domicílio. Art. 76 do CC - Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. Além dos domicílios já citados, também é consagrado no art. 77 do Código Civil uma situação especial para o agente diplomático. Art. 77 do CC - O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve. Pelo fato do agente diplomático não ter residência noBrasil e, se em razão de uma demanda, tal fato for suscitado por ele, então a jurisdição competente para resolver o litígio pode ser duas: 1) o Distrito Federal; ou 2) o local do Brasil onde teve seu último domicílio. PESSOAS JURÍDICAS CCONC ON EI CE ITO DTO E PDE ESPE SOSS A JOA URÍDJU ICRÍ DI A CA A pessoa jurídica é o conjunto de pessoas naturais ou de patrimônios, que visa a consecução de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações. Para existir, são necessários três requisitos: 1) organização de pessoas ou de bens; 2) licitude de propósitos ou fins; e 3) capacidade jurídica reconhecida por norma. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 21 Dessa forma, para que o ser humano possa atingir seus fins e objetivos lícitos, ele se une a outros homens formando agrupamentos. A esses grupos a lei atribui personalidade jurídica, capacitando-os a serem sujeitos de direitos e de obrigações. Nesse sentido é que surgem as pessoas jurídicas, também chamadas de pessoas morais, pessoas coletivas, pessoas abstratas, pessoas místicas, pessoas civis ou pessoas intelectuais. CCLASSS IFICLA SI CA ÃOFI AÇ O D PEÇÃ DA ES OAA P SS A J RÍSO JU DI A UR ÍDIC CA Vários são os critérios adotados para a classificação das pessoas jurídicas, para fins de concurso, destaco os que seguem abaixo: a) Quanto à nacionalidade: as pessoas jurídicas podem ser nacionais ou estrangeiras. b) Quanto à estrutura interna: as pessoas jurídicas podem ser uma universitas personarum (conjunto de pessoas) como é o caso das corporações (associações – fins não econômicos - e sociedades – fins econômicos), ou uma universitas bonorum (patrimônio personalizado) como é o caso das fundações. c) Quanto às funções e capacidade (arts. 40 a 42 do CC): as pessoas jurídicas são de direito público (interno – art. 41 do CC - ou externo – art. 42 do CC) e de direito privado. Art. 40 do CC - As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. Art. 41 do CC - São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. Art. 42 do CC - São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Art. 44 do CC - São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 22 § 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. § 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. § 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. Fazendo um gráfico esquemático juntando as três classificações, temos, basicamente, o seguinte: ADM. DIRETA União / Est. / Territ. / D.F. / Munic. INTERNO ADM. INDIRETA Aut. e demais entid. criadas por lei. DIREITO PÚBLICO EXTERNO Estados estrangeiros e pessoas regidas pelo D.I.P. SIMPLES PESSOA SOCIEDADE JURÍDICA EMPRESÁRIA fim econômico CORPORAÇÃO ASSOCIAÇÃO un u ivni ersitave rs as it s ASSOCIAÇÃO PART. POLÍTICO DIREITO personarum PRIVADO fim não ORG. RELIGIOSA econômico FUNDAÇÃO unni er u iv sitave rs as it s bonorum A seguir vamos tratar de cada uma das pessoas jurídicas citadas: 1. As PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO são aquelas cuja atuação se restringe aos interesses e limites territoriais do país. Podem ser da Administração Direta (União, Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios) ou da Administração Indireta (autarquias, fundações públicas, associações públicas e agências reguladoras). É comum a ESAF colocar em suas provas a sigla de uma pessoa jurídica e cobrar do aluno a respectiva classificação. Como a banca em questão costuma utilizar CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 23 como base o livro da Profa. Maria Helena Diniz, seguem algumas siglas citadas pela renomada autora: - AUTARQUIAS: INSS, INCRA, INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), IPHAN (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), USP, Embratur, SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de Manaus), CVM (Comissão de Valores Mobiliários), CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica); - ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS: são consórcios públicos com personalidade jurídica de direito público, por conjugarem esforços visando atingir uma finalidade pública. Ex: COPATI (consórcio formado por municípios cortados pelo rio Tibagi, no Paraná, com o fim de preservar esse rio); - FUNDAÇÕES PÚBLICAS: surgem quando a lei individualiza um patrimônio a partir de bens pertencentes a uma pessoa jurídica de direito público, afetando-o à realização de um fim administrativo, e dotando-o de organização adequada. Ex: FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), FUNARTE (Fundação Nacional das Artes), FUNASA (Fundação Centro Brasileiro para a Infância e Adlescência); - AGÊNCIAS REGULADORAS: são autarquias federais especiais incumbidas de normatizar, disciplinar e fiscalizar a prestação de certos bens e serviços de grande interesse público por agentes econômicos públicos e privados. Ex: ANA (Agência Nacional de Águas), ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), ANCINE (Agência Nacional do Cinema), ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquáticos), ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), etc. - 2. As PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO são regulamentadas pelo direito internacional e compreendem as nações estrangeiras (Ex: Itália, França, Alemanha, Uruguai, etc.) e as pessoas regidas pelo direito internacional público tal como a Santa Sé, uniões aduaneiras com o objetivo de facilitar o comércio exterior (Ex: MERCOSUL, União Européia, etc) e organismos internacionais (Ex: ONU, OEA, UNESCO, FMI, INTERPOL, OIT, FAO – Food and Agriculture Organization, etc.). 3. As PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO são elencadas no art. 44 do Código Civil. São elas: CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 24 : são caracterizadas pela existência de seus membros. Toda - CORPORAÇÕES corporação é representada por um grupo de pessoas (naturais ou jurídicas), sendo que o patrimônio não é essencial. No Direito Romano, as corporações eram conhecidas como universitas personarum. Têm por objetivo sempre o bem-estar de seus membros, ou seja, existem para beneficiar os seus membros. O gênero corporações se subdivide em duas espécies:as associações e as sociedades. : surgem quando não há um fim lucrativo ou intenção de a) ASSOCIAÇÕES dividir o resultado, embora tenham patrimônio, formado por contribuição de seus membros para a obtenção de fins culturais, educacionais, esportivos, religiosos, beneficentes, recreativos, morais, etc. Entretanto, não perdem a categoria de associação mesmo que realizem negócios para manter ou aumentar o seu patrimônio, desde que não proporcionem ganho aos associados. (Ex: APAE, UNE, Associação de Pais e Mestres, Associação dos Advogados de São Paulo, etc.) Art. 53 do CC - Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. O documento a ser utilizado na constituição da associação é o estatuto. Tal documento deve possuir os requisitos listados no art. 54 do CC. Art. 54 do CC - Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. Além disso, como se trata de uma pessoa sem finalidade lucrativa, os associados devem ter direitos iguais, apesar de ser possível a existência de uma categoria de associados com vantagens especiais. Um exemplo comum ocorre com os associados criadores que reservam para si vantagens especiais, enquanto que os demais associados terão iguais direitos. Art. 55 do CC - Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 25 Outro conceito importante está inserido no art. 56 do CC. Art. 56 do CC - A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. Após sua análise, conclui-se que no silêncio do estatuto a qualidade de associado é intransmissível, seja por ato inter vivos (ex: doação) ou causa mortis (testamento). Entretanto, é possível a transferência de quota ou fração ideal do patrimônio da associação. Ainda sobre o associado, o art. 57 do CC prevê a possibilidade de sua exclusão: Art. 57 do CC - A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Percebe-se que para um associado ser excluído da associação deve haver um procedimento específico, com a possibilidade de direito de defesa e, também, possibilidade de recurso quanto à primeira decisão. : podem ser simples ou empresárias. A sociedade simples visa o b) SOCIEDADES fim econômico ou lucrativo, pois o lucro obtido deve ser repartido entre os sócios , sendo alcançado pelo exercício de cenas profissões ou pela prestação de serviços técnicos. Já a sociedade empresária objetiva o lucro através do exercício de atividade empresarial ou comercial. Art. 981 do CC - Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. : é um acervo de bens livres de ônus e c) FUNDAÇÕES PARTICULARES encargos (universitas bonorum) representando um patrimônio a que a lei atribui personalidade jurídica, em atenção ao fim a que se destina (fins religiosos, morais, culturais ou de assistência). O CC começa a regular a criação de uma fundação no seu art. 62. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 26 Art. 62 do CC - Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. Percebe-se que a instituição da fundação é um ato solene que depende de escritura pública ou testamento. Tais documentos deverão conter a dotação de bens a serem transferidos para a fundação, assim como a finalidade a que ela se destina. Após a escritura pública ou o testamento, deve ocorrer a elaboração do seu estatuto. Documento este que deve ser levado à apreciação do Ministério Público (responsável por fiscalizar a fundação) para depois ocorrer o registro no Cartório das Pessoas Jurídicas. Dessa forma, concluímos que a instituição de uma fundação deve atravessar as seguintes fases: 1) dotação de bens livres: é o momento em que o instituidor destina determinados bens para a criação da fundação; 2) elaboração do estatuto: pode ser própria (feita pelo próprio instituidor) ou fiduciária (quando fica a cargo de alguém de confiança do instituidor). Caso a pessoa responsável pela elaboração do estatuto não o faça no prazo estipulado, o encargo de elaborar o estatuto caberá ao Ministério Público nos termos do art. 65 do CC; Art. 65 do CC - Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. 3) aprovação do estatuto pelo Ministério Público: sendo elaborado pelo próprio instituidor ou pessoa de sua confiança, a aprovação o estatuto fica a cargo do Ministério Público (MP), entretanto, caso o MP não aprove, poderão passar pela apreciação do Juiz da comarca, de forma subsidiária, para que a aprovação do MP seja suprida pelo magistrado; no entanto, se o estatuto for elaborado pelo MP, sempre deverá passa pela aprovação do juiz; e CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 27 4) registro no Cartório das Pessoas Jurídicas: após ultrapassadas as fases anteriores, a fundação deverá ser registrada no Cartório do Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Nos termos do art. 66 do CC, também cabe ao Ministério Público Estadual (MPE) o encargo de velar pelas fundações. Art. 66 do CC - Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. § 1o Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público Federal. (Vide ADIN nº 2.794-8) § 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. A ADIN em questão, que foi julgada procedente por unanimidade, atribui o encargo de fiscalizar as fundações que funcionarem no DF ou em um Território ao Ministério Público do Distrito Federal e Território (MPDFT). Já nos termos do art. 69 do CC, as hipóteses de extinção de uma fundação são as seguintes: - quando vencer o prazo de sua duração (entretanto é raro, tendo em vista que normalmente não se dispõe prazo de duração); - quando se tornar ilícita a finalidade da fundação, o Ministério Público poderá ingressar com uma ação visando à sua extinção; e -quando se tornar impossível ou inútil a sua manutenção (a causa mais comum, nessa hipótese, é o surgimento de dificuldades financeiras). Art. 69 do CC - Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. : são associações civis defensoras do interesse do d) PARTIDOS POLÍTICOS regime democrático, da autenticidade do sistema representativo e dos direitos fundamentais definidos na Constituição Federal de 1988. Sua organização e seu funcionamento são regulados por lei específica (Lei 9.096/95). : também têm natureza de associação. Além e) ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS disso, a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 28 organizações religiosas são livres, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. Enunciado 142 do CJF, aprovado na Jornada de Direito CIvil de 2004: “Os partidos políticos, os sindicatos e as associações religiosas possuem natureza associativa, aplicando-se-lhes o Código Civil.” CCOOM MEEÇ ÇO O DDA A EEX XIISSTTÊ ÊNNC CI IAA LLE EGGA AL L DDA AS S PPE ESSS SOOA AS S JJU URÍD RÍ DIICCAAS S Enquanto a existência legal das pessoas naturais ocorre através de um fato biológico (nascimento com vida), a pessoa jurídica tem seu início legal (aquisição da personalidade) subordinado a um ato jurídico ou a uma norma. As pessoas jurídicas de direito público são criadas através de fatos históricos (Ex: independência do Brasil), de criação constitucional (ex: Estados- membros da federação brasileira), de lei especial (ex: autarquias) e de tratados internacionais, caso se trate de uma pessoa jurídica de direito público externo. Já o processo de formação das pessoas jurídicas de direito privado é diferente. Art. 45 do CC - Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Compõe-se de duas fases: 1) a elaboração do ato constitutivo: Sendo uma associação, que tem por natureza a inexistência de fins lucrativos, deve-se elaborar um estatuto como ato constitutivo. Se a pessoa jurídica tiver fins lucrativos, seja uma sociedade simples ou empresária, elabora-se um contrato social como ato constitutivo. As fundações possuem como ato constitutivo o testamento ou a escritura pública. 2) o registro do ato constitutivo: para que a pessoa jurídica de direito privado exista legalmente é necessário inscrever os contratos ou estatutos no seu registro peculiar. As sociedades empresárias devem se registrar no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial), porém, as CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 29 demais pessoas jurídicas devem se registrar no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Entretanto, algumas pessoas jurídicas necessitam de autorização do Poder Executivo para terem a constituição e o funcionamento válidos. Temos como exemplo as sociedades estrangeiras, as agências ou estabelecimento de seguros, as caixas econômicas, as bolsas de valores, as cooperativas, etc. Faz-se necessário compararmos o início da existência legal (aquisição de personalidade jurídica) das pessoas naturais e das pessoas jurídicas de direito privado. O registro, nas pessoas naturais, representa um ato meramente declaratório, pois, mesmo que uma pessoa nasça e não seja feita a certidão de nascimento, ocorre o início da personalidade jurídica. No entanto, o registro, nas pessoas jurídicas, representa um ato constitutivo, ou seja, apenas com o registro que se adquire personalidade jurídica. A personalidade não surge, simplesmente, quando se firma o contrato. Conforme o art. 45, § único do CC, havendo defeito no ato constitutivo de uma pessoa jurídica de direito privado, pode-se desconstituí-la dentro do prazo decadencial de três anos, contado este prazo a partir da publicação de sua inscrição no Registro. Segue tabela: REGISTRO CONSEQÜÊNCIA PESSOA NATURAL natureza declaratória A personalidade é adquirida antes do registro, ou seja, através do nascimento com vida. PESSOA JURÍDICA natureza constitutiva A personalidade é adquirida através do registro. FFIIM M DDA A EEX XIISSTTÊ ÊNNC CI IAA LLE EGGA AL L DDA AS S PPE ESSS SOOA AS S JJU URÍD RÍ DIICCAAS S Os mesmos fatores que dão origem a uma pessoa jurídica de direito público, também podem acarretar o seu término. Dessa forma, extinguem-se pela ocorrência de fatos históricos, por norma constitucional, lei especial ou tratados internacionais. Já a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado termina através da dissolução (ato declaratório motivado por causas supervenientes à constituição da sociedade, oriundo de deliberação dos sócios, do Poder Judiciário ou de autoridade administrativa, com a finalidade de fazer cessar as atividades) e da liquidação (objetiva a CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 30 desativação operacional da sociedade e a apuração do ativo e passivo para posterior pagamento das dívidas e partilha do patrimônio remanescente entre os sócios). Após estar encerrada a liquidação promove-se o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica no respectivo registro. Caso a pessoa jurídica esteja em funcionamento decorrente de autorização do Poder Executivo, o seu término também pode ocorrer através de um ato governamental que cassar a autorização para o funcionamento. Art. 51 do CC - Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. § 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução. § 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. § 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. DDESC ES ON CO SI NS IDERDE AÇRA ÃO ÇÃ DA O D PE A P RSER ONSO ALNA IDLI ADDA E JDE URÍDJU ICRÍ DI A CA O fato da pessoa jurídica registrar seu ato constitutivo acarreta a sua aquisição da personalidade, como já vimos. Essa personalidade jurídica é muito importante, pois ela dá origem ao princípio da autonomia da pessoa jurídica. Ou seja, A pessoa jurídica, quando personificada, não se confunde com as pessoas que a integram. Dessa forma, é a pessoa jurídica, e não seus integrantes, que participa dos negócios jurídicos de seu interesse e titulariza os direitos e obrigações dela decorrentes. Também é ela quem demanda e é demandada em razão de tais direitos e obrigações. Finalmente, é apenas o patrimônio da pessoa jurídica (e não o de seus integrantes) que, em princípio, responde por suas obrigações. Ou seja, com a aquisição da personalidade ocorre uma separação patrimonial entre os bens da pessoa jurídica e os bens dos sócios e administradores. Dessa forma, de acordo com o artigo 50 do CC, apesar de haver uma separação patrimonial entre os bens dos sóciose administradores dos bens da pessoa jurídica, é possível que em razão de atos fraudulentos e abusivos o juiz, a requerimento da parte interessada ou do Ministério Público quando couber intervir, decida estender aos bens dos sócios e administradores a execução por dívidas da pessoa jurídica. Quando este CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 31 fenômeno acontece, a doutrina diz que houve uma desconsideração da personalidade jurídica. Art. 50 do CC - Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Este fenômeno, também chamado de disregard of the legal entity, encontra fundamento no fato de a pessoa jurídica não poder servir de manto protetor aos seus representantes ou integrantes da diretoria que praticarem atos fraudulentos ou abusivos contra as demais pessoas (terceiros). O escudo que a personalidade da pessoa jurídica proporciona aos seus representantes pode ser removido e o manto protetor ser suspenso pela teoria da desconsideração da personalidade jurídica, também chamada de teoria da despersonalização ou teoria da penetração. Ou seja, o juiz (não pode ser autoridade administrativa), desde que fundamentadamente em processo legalmente estabelecido, pode afastar temporariamente a personalidade jurídica da pessoa jurídica e determinar que as pessoas naturais que a representam respondam solidariamente pelos atos e negócios jurídicos praticados em nome da mesma. Ocorrendo a quebra da personalidade, tais pessoas naturais serão incluídas no pólo passivo do processo e responderão com seus bens, em face da fraude ou abuso comprovados e praticados sob o manto protetor da pessoa jurídica. Ressalta-se que a desconsideração da personalidade não acarreta a extinção da pessoa jurídica e nem a exclusão do sócio, apenas permite, em determinada relação (episodicamente), a execução dos bens dos sócios e representantes em nome da pessoa jurídica. Segue quadro resumo sobre o assunto: CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 32 RREEPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃO O E E RRE ESSP POON NSSA ABILBI LIIDDAADDE E DDA A PPE ESSS SOOA A JJU URÍDRÍ DIICCA A Estudamos na aula passada que a capacidade da pessoa jurídica decorre de sua personalidade reconhecida pela ordem pública no momento de seu registro. Entretanto, por ser uma instituição jurídica, ela necessita de uma pessoa natural para representá-la ativa e passivamente, exteriorizando sua vontade nos atos judiciais e extrajudiciais que participar. Em se tratando de pessoa jurídica de direito público interno, (art. 12, I e II do CPC) temos o seguinte: - União, Estados, Distrito Federal e Territórios: serão representados em juízo, ativa e passivamente por seus procuradores; - Municípios: serão representados por seu prefeito ou procurador. Art. 12 do CPC - Serão representados em juízo, ativa e passivamente: I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores; II - o Município, por seu Prefeito ou procurador; [...]. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CÓDIGO CIVIL abuso da personalidade jurídica - parte interessada - Ministério Público (quando couber intervir) podem solicitar que o juiz decida sobre a extensão dos efeitos de certas e determinadas relações de obrigações da PJ aos bens particulares dos administradores ou sócios da PJ. desvio de finalidade (Ex: fundação com finalidade lucrativa) confusão patrimonial (Ex: celebrar contrato particular em nome da PJ) Pela desconsideração da personalidade jurídica fica afastado, provisoriamente, o princípio da autonomia da personalidade jurídica. A doutrina criou a desconsideração inversa da personalidade jurídica que ocorre quando o juiz decide sobre a extensão dos efeitos de determinada relação jurídica praticada pelo particular aos bens da pessoa jurídica. Como exemplo, temos os casos de separação judicial em que o marido transfere seus bens particulares para a empresa, fazendo com que, na hora da divisão dos bens, a esposa fique quase sem nada. Nesse caso o juiz pode atingir os bens sociais de forma a estabelecer uma correta divisão do patrimônio adquirido de forma conjunta pelo casal. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 33 VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores; [...]. No tocante às demais pessoas jurídicas (art. 12, V do CPC), em regra, o representante é indicado no estatuto. Caso haja omissão de tal indicação a pessoa jurídica será representada pelos seus diretores. Entretanto, os atos dos administradores, quando exercidos dentro dos limites definidos no estatuto também obrigam a pessoa jurídica (art. 47 do CC). Art. 47 do CC - Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. Caso tais administradores pratiquem desvio ou excesso de poder, deverão responder pessoalmente com o seu patrimônio pelos atos lesivos causados às pessoas com quem celebraram negócios. Caso a pessoa jurídica tenha administração coletiva (gerência colegiada), em regra, as decisões deverão ser tomadas por metade dos votos dos presentes mais um, nos termos do art. 48 do CC. Art. 48 do CC - Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. Em se tratando de sociedade, serão necessários votos correspondentes a mais da metade do capital social da empresa. Já o parágrafo único do dispositivo acima prevê a possibilidade de anulação de decisão contrária à lei e ao estatuto, ou eivada de vício de consentimento ou social. Pelo fato da pessoa jurídica precisar ser representada, ativa ou passivamente, em juízo ou fora dele, deverá ser administrada, em regra, por quem o estatuto designar. Porém, se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, caracterizando uma vacância geral, então o magistrado, nos termos do art. 49 do CC, deverá nomear um administrador provisório. Art. 49 do CC - Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 34 Sabe-se, porém, que independentemente da pessoa jurídica, ser representada por seus diretores ou por quem conste em seus estatutos ou contrato social, poderá (aquela por intermédio destes), outorgar poderes para terceira pessoa (mandatário), praticar atos e administrar interesses em seu nome (pessoa jurídica). No mandato, o mandatário atua por conta e ordem do representado. Dessa forma, a agilidade do mundo dos negócios impede muitas vezes que os representantes legais estejam presentes a todos os atos, fazendo, na maioria das vezes, se representar por mandatário especialmente nomeado. Assim como a pessoa natural pode nomear mandatário para a administração de seus bens e interesses, como, por exemplo, alguém que passará longo período fora do país, a pessoa jurídica, com muito mais razão, também pode usar do mesmo instituto. Há de se ressaltar que não podemosconfundir a figura da representação com a figura do preposto, apesar de que a pessoa jurídica tem a faculdade de fazer-se representar em juízo tanto por intermédio de preposto (funcionário credenciado), como por intermédio de mandatário (não-funcionário). Sobre a responsabilização da pessoa jurídica temos que ela pode ser penal e civil. A responsabilização penal é prevista na legislação infraconstitucional através da Lei 9.605/1998 que trata dos crimes ambientais. No caso em questão será responsabilizada tanto a pessoa jurídica como a pessoa física pela qual se exteriorizou o ato danoso. Sobre a responsabilidade civil, vamos dividi-las em duas: 1) Responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado. No âmbito civil a responsabilidade da pessoa jurídica pode ser contratual (decorrente de um contrato) ou extracontratual/aquiliana (decorrente de um delito). Veremos o assunto com mais detalhes na aula de ato ilícito. Ressalta-se que toda pessoa jurídica de direito privado, tendo ou não finalidade lucrativa, responde pelos danos causados a terceiros, qualquer que seja a sua natureza e os seus fins. 2) Responsabilidade das pessoas jurídicas de direito público interno. O assunto encontra-se positivado no art. 43 do CC: Art. 43 do CC - As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 35 No artigo em questão está consagrada responsabilidade civil objetiva onde a indenização estatal e cabível na hipótese de danos causados por comportamentos dos funcionários, a direitos de particulares, bastando a comprovação da existência de prejuízo. Por força do art. 37, § 6º da CF, as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos, respondem pelos danos que seus funcionários causem a terceiro, sem distinção da categoria do ato, seja comissivo ou omissivo; entretanto, é cabível ação regressiva contra o agente público, quando tiver havido culpa deste, de modo a não ser o patrimônio público desfalcado por sua conduta. DDOOM MIICCÍÍLLIIO O DDA A PPEESSSSOOA A JJUUR RÍÍDDIICCAA Assim como a pessoa natural, a pessoa jurídica também deve responder pelos atos referentes às relações jurídicas em que está envolvida. O assunto é tratado no art. 75 do CC: Art. 75 do CC - Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I - da União, o Distrito Federal; II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. § 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. § 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. A pessoa jurídica não possui residência, mas tem sede ou estabelecimento que a “prende” a um determinado lugar. Trata-se do domicílio especial da pessoa jurídica que pode ser livremente escolhido no seu ato constitutivo. Não havendo tal escolha o domicílio será o lugar onde funcionar as respectivas diretorias e administrações. O gráfico a seguir resume o assunto. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 36 DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO União o Distrito Federal. Estados e Territórios as respectivas capitais. Municípios o lugar onde funcione a administração municipal. DOMICÍLIO DAS DEMAIS PESSOAS JURÍDICAS Regra onde elegerem domicílio especial no seu estatutoou atos constitutivos. Na falta de domicílio especial o lugar onde funcionarem as respectivas diretoriase administrações. Havendo diversos estabelecimentos (pluralidade domiciliar) cada um dos estabelecimentos será considerado domicílio para os atos nele praticados. Se a administração ou diretoria tiver sede no estrangeiro o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. DIREITOS DA PERSONALIDADE Na conceituação da Profª. Maria Helena Diniz, “os direitos da personalidade são direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio vivo ou morto, partes separadas do corpo vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e literária); e a sua integridade moral (honra, recato, segredo profissional e doméstico, identidade pessoal, familiar e social)”. Em razão da matéria tratar de assunto bastante complexo e de significação ética essencial, o legislador preferiu enunciar no Código Civil poucas normas dotadas de rigor e clareza, cujos objetivos permitem o desenvolvimento da doutrina e da jurisprudência. Não só a pessoa natural possui tais direitos, mas também a pessoa jurídica nas situações que cabem à sua natureza (art. 52 do CC). Dessa forma, a pessoa jurídica pode titularizar os direitos personalidade no que tange à honra, à imagem e ao nome. Art. 52 do CC - Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL TEORIA E EXERCÍCIOS PROF: DICLER FERREIRA www.pontodosconcursos.com.br 37 Os direitos da personalidade são irrenunciáveis e intransmissíveis, segundo prevê o art. 11 do CC. Assim, nunca caberá afastamento volitivo (pela vontade do agente) de tais direitos, como daquele atleta que se expõe a uma situação de risco e renuncia expressamente a qualquer indenização futura decorrente de lesão ou ameaça a tais direitos. Tal declaração não valerá. Mas sem dúvidas que o valor da indenização deve ser reduzido, diante de culpa concorrente da própria vítima, nos moldes dos art. 945 do CC. Art. 11 do CC - Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Art. 945 do CC - Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. A intransmissibilidade dos direitos da personalidade não é absoluta, pois pode ocorrer em casos excepcionais, como naqueles envolvendo os direitos patrimoniais do autor, exemplo sempre invocado pela doutrina. De qualquer forma, não cabe limitação permanente e geral de direito da personalidade, como cessão de imagem vitalícia, conforme reconhece o enunciado nº 4, também aprovado na I Jornada CJF, nos seguintes termos: Enunciado 4 da I Jornada de Direito Civil do CJF: “Art.11: o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral”. Para exemplificar a regra acima, caso fosse celebrado em nosso País, não teria validade o contrato do jogador de futebol Ronaldo com a empresa esportiva Nike, pois, nesse negócio, pelo menos de forma aparente, há uma cessão vitalícia de direitos de imagem, o que representa uma limitação permanente do direito de imagem. O art. 12 do novo Código Civil traz o princípio da prevenção e da reparação integral nos casos de lesão a direitos da personalidade. Art. 12 do CC - Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo
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