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MATERIAL DIDÁTICO ASSISTÊNCIA À SAÚDE E PSICOLOGIA APLICADA AO SISTEMA PRISIONAL U N I V E R S I DA D E CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ............................................................................ 3 UNIDADE 2 – TRATAMENTO NOS ESTABELECIMENTOS PENAIS FEDERAIS ......................................................................................................... 6 UNIDADE 3 – PLANO NACIONAL DE SAÚDE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO (PNSSP) E A POLÍTICA DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DAS PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE NO SISTEMA PRISIONAL (PNAISP) NO ÂMBITO DO SUS ................................................. 14 UNIDADE 4 – A ASSISTÊNCIA SOCIAL E RELIGIOSA ................................ 25 UNIDADE 5 – ASSISTÊNCIA LABORAL, DESPORTIVA, LÚDICA E CULTURAL ...................................................................................................... 27 UNIDADE 6 – O SERVIÇO DE PSICOLOGIA APLICADO ............................. 32 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 60 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO É notório que todo ser humano merece ser respeitado, merece consideração e merece de cuidados quando sua saúde física, psicológica ou mental requeiram, esteja ele em liberdade ou em situação de privação de liberdade. De acordo com a Constituição Federal de 1988, saúde é um direito constitucional, assegurado a qualquer cidadão brasileiro, sendo dever do Estado oferecê-la mediante a força de seus dispositivos. Portanto, considerando um cidadão recluso como cidadão brasileiro, esse direito também lhe é inerente. Um dos conceitos mais abrangentes para o termo saúde foi elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1948, e define: “Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade”. Considerando a saúde, enquanto expressão das relações que o ser humano estabelece com o ambiente e consigo mesmo, a mesma está relacionada a variáveis biológicas, sociais e psíquicas e envolve a vida em sociedade, as condições de moradia e trabalho e o meio em que o indivíduo está inserido (SCLIAR, 2007). Podemos justificar a importância de tratar a saúde desse público por vários motivos. Vamos tomar como referência a Lei de Execução Penal e o próprio Ministério da Justiça. Vejamos: De acordo com a Lei de Execução Penal (Lei nº 7210/84) o aumento da população carcerária demanda espaços físicos para sua acomodação, mas, apesar dos esforços conjuntos dos Governos Federal e Estaduais para a construção de novos estabelecimentos prisionais, o déficit de vagas no sistema penitenciário brasileiro cresceu de 96.010, em 1997, para 173.075 nos anos subsequentes. 4 O Ministério da Justiça (BRASIL, MJ, 2011), mais recentemente, apontou que a elevação do número de presidiários é um fenômeno mundial, que como esperado, atinge também o Brasil. Do ano de 2001 para o ano de 2011, o número de presos no Brasil cresceu de 233.859 para 514.582, o que representou um crescimento de 120% aproximadamente. Esses números apontam para problemas sérios decorrentes das más condições nas quais se encontra essa parcela da sociedade. Qual a consequência disso? A desproporcionalidade entre os ingressos e as saídas no sistema penitenciário brasileiro resulta em superlotação, o que favorece o desrespeito à dignidade do preso, predispondo-o a comprometimento do processo de morbi- mortalidade, contrariando a legislação vigente de seguridade aos direitos dos presidiários. Além da CF/88, a própria Lei de Execução Penal (LEP), em seus preceitos legais, destaca que o preso tem direito à saúde, sendo este um direito social. Logo, a prática do sistema prisional brasileiro, apresenta-se bastante diferente do que está estabelecido na legislação. Há uma série de inadequações relacionadas tanto à infraestrutura quanto as condições de vida; destacando-se a falta ou escassez de transporte para presidiários em caráter de emergência, alimentação, saúde, dentre outras fatores agravantes ao à saúde dos presidiários. No âmbito da assistência à saúde no ambiente prisional, existe uma escassez de condições e recursos para um atendimento de qualidade. Isso é resultado de questões físicas e estruturais do ambiente, somadas a inexistência ou ao quantitativo ineficiente de profissionais de saúde e da área das ciências humanas para a efetivação de ações multidisciplinares e interdisciplinares para promoção de uma melhoria da saúde física e mental desses cidadãos-presos (DIUANA et al., 2008) e (MARTINS, 2009). Sendo assim, percebe-se uma contradição entre a legislação e a prática. Enquanto a Constituição Federal e a Lei de Execução Penal asseguram o direito à saúde, há uma grande lacuna para a efetivação do direito à saúde para com os presidiários (ARRUDA et al., 2013). 5 Creio que justificamos de maneira bem clara a importância dos temas a serem tratados neste módulo: a saúde física, social, biológica e mental das pessoas em condições de privação de liberdade. São estes temas que trataremos, a começar pelo lado positivo da situação: a eficiência e o comprometimento do sistema penitenciário federal. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. 6 UNIDADE 2 – TRATAMENTO NOS ESTABELECIMENTOS PENAIS FEDERAIS Relembremos que, segundo o Ministério da Justiça, do governo Federal do Brasil, o DEPEN é o órgão responsável pelo Sistema Penitenciário Federal, cujos principais objetivos são isolamento das lideranças do crime organizado, cumprimento rigoroso da Lei de Execução Penal e custódia de: presos condenados e provisórios sujeitos ao regime disciplinar diferenciado; líderes de organizações criminosas; presos responsáveis pela prática reiterada de crimes violentos; presos responsáveis por ato de fuga ou grave indisciplina no sistema prisional de origem; presos de alta periculosidade e que possam comprometer a ordem e segurança pública; réus colaboradores presos ou delatores premiados. 2.1 A Coordenação-Geral de Tratamento Penitenciário (CGTP) A Coordenação-Geral de Tratamento Penitenciário – CGTP – foi criada com o objetivo de planejar, coordenar e orientar a execução de políticas públicas voltadas ao cumprimento de penas no Sistema Penitenciário Federal – SPF –, em observância aos ditames do Estado Democrático de Direito, dos Direitos Humanos e da dignidade da pessoa humana, nos termos da Constituição Federal, Lei de Execução Penal, Regulamento Penitenciário Federal e legislação específica vigente. Ao longo dos últimos anos teve como papel nuclear fomentar a política de individualização da pena assegurando o livre desenvolvimento da personalidade dentrodo marco constitucional de respeito à dignidade do sentenciado e não em função dos anseios de punição. Sendo, ainda, um órgão de articulação e elaboração de políticas, programas e projetos nas áreas da assistência à saúde, material, jurídica, educacional, laboral, social, psicológica e religiosa aos presos custodiados nas Penitenciárias Federais. Por ter a pessoa como objeto principal de proteção, a concepção de política penitenciária que se tenta avançar se insere na inclusão do tratamento 7 penitenciário como política de garantia dos direitos humanos, fator de redução de danos e minimização de vulnerabilidades que o sistema punitivo produz. Nesta ótica, a atuação da Coordenação-Geral de Tratamento Penitenciário – CGTP –, juntamente com as Divisões de Reabilitação e Serviços de Saúde das Penitenciárias Federais, contribui para clarificar a conjuntura diferenciada deste novo Sistema Penitenciário, de forma a assegurar o exercício dos direitos não atingidos pela sentença ou pela lei, vinculando o cumprimento da pena restritiva de liberdade a um arcabouço normativo contemporâneo de humanização da pena e garantia de direitos. Vale a pena conferir o manual de Tratamento Penitenciário Integrado para o Sistema Penitenciário Federal, disponível no link: http://www.justica.gov.br/seus- direitos/politica-penal/sistema-penitenciario-federal-1/tratamento- penitenciario/anexos/2011manual_tratamento-penitenciariointegrado.pdf 2.2 As especialidades atuantes Abaixo estão elencadas e com breves explicações, as especialidades atendidas/atuantes no âmbito do Sistema Penitenciário Federal: a) Assistência Médica A Assistência Médica prestada aos presos compreende a realização de triagens objetivando melhor entendimento das condições clínicas momentâneas; desenvolvimento de trabalho de acompanhamento clínico, buscando atender às necessidades inerentes às alterações clínicas que o ambiente prisional proporciona; promoção à saúde física, visando à redução de tensões e à manutenção de um clima favorável à harmonia; atendimento e prescrição de medicamentos quando necessários e de acordo com o diagnóstico de cada paciente; encaminhamento para outros profissionais quando verificadas necessidades de intervenção por outros profissionais ou setores; procedimentos incluindo análises de radiografias, tratamento e acompanhamento dos pacientes. b) Assistência em Enfermagem 8 A Assistência em enfermagem prestada aos presos compreende, com o apoio dos demais profissionais do serviço de saúde; o planejamento de políticas de prevenção e controle da promoção à saúde, no âmbito de sua competência; realização de consultas de enfermagem e solicitação de exames complementares; prescrição de medicamentos dentro das disposições legais da profissão e demais normas complementares. O planejamento e execução de políticas de vacinação, bem como o controle de sua periodicidade. São realizadas palestras periódicas para abordar questões relacionadas a doenças, sinais e sintomas, possíveis complicações e como preveni-las. c) Assistência Social A Assistência Social prestada aos presos compreende a execução da política de assistência social, do Sistema Penitenciário Federal – SPF – nas Penitenciárias Federais; a prestação de atendimento à família do preso, no que for pertinente à execução penal; o auxílio ao preso na obtenção de documentos, de benefícios sociais e outros que lhes forem de direito; o registro, no prontuário do preso, dos dados relativos a sua área de atuação; bem como, a promoção de atividades socioeducativas, recreativas e desportivas. d) Assistência Odontológica A Assistência Odontológica prestada aos presos compreende planejamento e execução de políticas de assistência odontológica, no tocante à prevenção, ao tratamento e à reabilitação; realização de tratamento bucal, inclusive radiografias e pequenas cirurgias, no âmbito da atenção básica; prestação de primeiros socorros nas urgências e emergências odontológicas; prescrição de medicamentos dentro da sua área de atuação; realização de profilaxias, exodontias, restaurações, tratamento endodôntico, bem como, procedimentos para próteses parciais e totais removíveis. e) Assistência Psicológica A Assistência psicológica prestada aos presos compreende o planejamento e execução de políticas de atendimento psicológico, no tocante à prevenção, ao tratamento e à reabilitação; realização de atendimentos e 9 tratamentos de natureza psicológica; participação de outras atividades na sua área de atuação, no interesse da população carcerária. O acompanhamento psicológico proporciona a redução do nível de ansiedade e estresse dos presos, auxiliando no comportamento e bom cumprimento da pena, além de diagnosticar transtornos e/ou desordens psíquicas para estabelecer o tratamento necessário1. f) Assistência Farmacêutica A Assistência Farmacêutica prestada aos presos compreende a orientação sobre o modo de utilização de medicamentos e seus possíveis efeitos colaterais; supervisão do recebimento, registro, guarda, entrada e saída de medicamentos, inclusive, daqueles sujeitos a controle especial; implantação de rotinas e procedimentos relacionados ao fornecimento de medicamentos; organização e fornecimento das prescrições de enfermagem, médica e odontológica; manutenção dos medicamentos em bom estado de conservação, garantindo e controlando sua qualidade e validade. g) Assistência em Terapia Ocupacional A Assistência Terapêutica Ocupacional prestada aos presos compreende a promoção e a gestão de projetos de qualificação profissional, iniciação e aperfeiçoamento; realização de avaliação do Desempenho Ocupacional e dos Componentes do Desempenho Ocupacional; orientação e capacitação de ofícios para facilitar o aprendizado pelos participantes das oficinas, de acordo com as habilidades e limitações de cada um; registro no prontuário do preso os dados relativos a sua área de atribuição; planejamento, acompanhamento e supervisão de ações ligadas a oferta e execução do trabalho aos presos; planejamento, orientação e realização de atendimentos, encaminhamentos, oficinas terapêuticas e de geração de renda, reabilitação e reinserção social; acolhimento dos usuários, bem como suas famílias e humanização da atenção à Educação, Saúde, Trabalho e Psicossocial; desenvolvimento coletivo, com vistas à intersetorialidade, de ações que se integrem a outras políticas sociais como: educação, esporte, cultura, trabalho, lazer, dentre outras; elaboração de projetos terapêuticos 1 Sobre o atendimento Psicológico reservamos uma unidade específica. 10 individuais e coletivos, por meio de discussões periódicas que permitam a realização de ações multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares; realização de ações de promoção à saúde e prevenção de doenças para os presos e familiares; bem como, realização de outras atividades pertinentes a sua responsabilidade profissional. h) Assistência Pedagógica A Assistência pedagógica prestada aos presos compreende a execução da política de educação no Sistema Penitenciário Federal – SPF – na Unidade; a atuação na promoção e na gestão de projetos e sistemas educativos direcionados aos presos e suas famílias; participação em outras atividades na sua área de atuação, no interesse da população carcerária. 2.3 O serviço de saúde A Assistência à Saúde, de caráter integral, compreendendo ações preventivas, de cura e de reabilitação, envolvendo atendimento médico, de enfermagem, odontológico, farmacêutico, de psicologia e serviço social, é assegurada a todos os presos custodiados no Sistema Penitenciário Federal, de forma individualizada e em estrito cumprimento aos preceitos legais e éticos, nos termos do artigo 196 da Constituição Federal, e artigo 41, VII daLei de Execução Penal. Os serviços de saúde das Penitenciárias Federais estão equipados com consultórios médicos, odontológicos, psicológicos e de assistência social, bem como espaços adequados para enfermaria e farmácia, dispondo de material, instrumental e medicamentos necessários para proporcionar aos presos a devida assistência. Com a finalidade de proporcionar a efetiva prestação do direito à saúde do preso o Governo Federal, por meio da Lei nº 11.907, de 02 de fevereiro de 2009, criou os seguintes cargos da área técnica, com atribuições voltadas às atividades de classificação e assistência material, educacional, social e à saúde do preso: 11 I) Especialistas em Assistência Penitenciária nas habilitações de Serviço Social, Pedagogia, Psicologia, Odontologia, Clínica Médica, Psiquiatria, Enfermagem, Farmácia, e Terapia Ocupacional. II) Técnicos em Assistência Penitenciária, nas habilitações de Técnicos em Enfermagem e de Consultório Dentário. Ao ingressar na Penitenciária Federal, o preso é submetido à avaliação médica, dentre outras, para definir o seu perfil, por meio da realização de anamneses do seu estado físico e mental, diagnosticando também, doenças, especialmente infectocontagiosas, bem como é orientado à educação em saúde, utilizando-se do conceito em autocuidado. São realizadas consultas periódicas para diagnosticar e tratar os presos portadores de doenças crônicas e abordar questões relacionadas a doenças, sinais e sintomas, possíveis complicações e como preveni-las, bem como orientações relativas à dieta e tratamento medicamentoso. Quando os casos são de média e alta complexidade, os internos são escoltados para serem atendidos nas unidades de saúde mais próximas que prestam o serviço adequado ao caso (Artigo 14, § 2º da Lei nº 7.210/84). O serviço de saúde é de essencial importância no estabelecimento penal, compreendendo atendimento médico, psiquiátrico, odontológico e psicológico. Suas competências também estão regulamentadas na Portaria do Ministério da Justiça nº 674, de 20 de março de 2008: prestar os serviços de atendimento médico de emergência e as ações de medicina preventiva nas penitenciárias federais em conformidade com os programas aprovados; organizar e manter cadastro de dados de saúde relativos a servidores e encarcerados das penitenciárias federais; acompanhar a inclusão do preso nas penitenciárias federais; solicitar suprimento de material de consumo e permanente concernente aos serviços médicos prestados; e, 12 apoiar a Coordenação-Geral de Tratamento Penitenciário nas inspeções ordinárias e extraordinárias. Parecemos ser redundantes, mas é importante que fique bem claro o que diz a lei quanto à assistência à saúde dada aos presos e sua importância para a reintegração do interno à sociedade. Vamos às explicações de Leonardo Considera (2009), que em sua monografia de especialização trabalhou com o tema “Sistema penitenciário federal: comprometimento e eficiência em prol da sociedade”, objetivando, evidentemente, mostrar sua eficiência e eficácia no combate à criminalidade, não apenas punindo os infratores, mas, também, oferecendo-lhes oportunidades de trabalho e estudo, para que estes possam ser reinseridos na sociedade: Ainda conforme a LEP, em seu art. 14, quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento. De acordo com a legislação, a Penitenciária Federal deverá fornecer estes serviços aos internos. Isso é feito de maneira muito eficiente, visto que foi firmado um convênio, pelo DEPEN, para a contratação de serviços médico, odontológico, farmacêutico, de enfermaria e psiquiátrico. Estes profissionais atuam nas Penitenciárias Federais no tratamento dos presos, sendo que a assistência é prestada por um período de 24 (vinte e quatro) horas por dia. O convênio será mantido, até que sejam supridas as respectivas vagas, por meio de concurso público. Todo o interno, quando chega ao estabelecimento, passa por uma “bateria” de exames, no intuito de verificar se o mesmo possui lesão corporal, além de diagnosticar alguma doença, a fim de combatê-la com o máximo de brevidade possível. Desta feita, eles recebem vacinas contra gripe, febre amarela, tuberculose, malária, dentre outras. Todos estes procedimentos são realizados no interior do presídio, que conta com um ambulatório equipado para fazer pequenas cirurgias, um consultório odontológico e uma enfermaria. Todos os medicamentos utilizados pelos presos são fornecidos pelo sistema prisional. 13 Caso o interno tenha algum problema de saúde e não seja possível o tratamento no estabelecimento penal, ele é conduzido ao hospital público mais próximo para o recebimento do tratamento adequado. É claro que este procedimento envolve muito planejamento, no que se refere à escolta e até mesmo a permanência de agentes no hospital por um longo período, realizando a vigilância em todo o tempo que o preso permanecer neste local. Nota-se com isso a preocupação da Administração em fornecer uma assistência adequada a todos os presos, respeitando-os e valorizando-os como seres humanos. Frise-se ainda que este tipo de gestão é capaz de devolver a dignidade e o respeito à população carcerária. 14 UNIDADE 3 – PLANO NACIONAL DE SAÚDE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO (PNSSP) E A POLÍTICA DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DAS PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE NO SISTEMA PRISIONAL (PNAISP) NO ÂMBITO DO SUS 3.1 O PNSSP - 2004 A Portaria Interministerial nº 1777, de 09 de setembro de 2003, que instituiu o Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário, é fruto de um trabalho matricial construído com a participação de diversas áreas técnicas dos Ministérios da Saúde e da Justiça e com a participação do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde e do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. O Plano Nacional de Saúde prevê a inclusão da população penitenciária no Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo que o direito à cidadania se efetive na perspectiva dos direitos humanos. O acesso dessa população a ações e serviços de saúde é legalmente definido pela Constituição Federal de 1988, pela Lei nº 8.080, de 1990, que regulamenta o SUS, pela Lei nº 8.142, de 1990, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde, e pela Lei de Execução Penal nº 7.210, de 1984. As ações e os serviços de saúde definidos pelo Plano Nacional são consoantes com os princípios e as diretrizes do SUS. Os instrumentos de gestão do Sistema que orientam o planejamento e a tomada de decisão de gestores de saúde estão presentes nesse Plano, a exemplo do cadastramento de Unidades dos Estabelecimentos Prisionais no Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde. Esse Plano foi construído em coerência com a discussão da organização de sistemas de saúde e do processo de regionalização da atenção, que pauta o incremento da universalidade, da equidade, da integralidade e da resolubilidade da assistência. 15 As ações e os serviços de atenção básica em saúde serão organizados nas unidades prisionais e realizados por equipes interdisciplinares de saúde. O acesso aos demais níveis de atenção em saúde será pactuado e definido no âmbito de cada estado em consonância com os planos diretores de regionalização e aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES). 3.2 Os princípios do plano Acreditando que os altos índices de criminalidade não serão reduzidos apenas com a ampliação do Sistema Penitenciário, por meio da construção de mais presídios e do aumento indiscriminadode vagas, surge a preocupação de investir em políticas de atenção à saúde, à educação e à profissionalização das pessoas privadas de liberdade. O Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário foi elaborado a partir de uma perspectiva pautada na assistência e na inclusão das pessoas presas e respaldou-se em princípios básicos que assegurem a eficácia das ações de promoção, prevenção e atenção integral à saúde. Ética: não só na concepção da honra, da integridade, da credibilidade, mas, sobretudo, do compromisso. Justiça: para dar a cada um aquilo que é seu, princípio este que deve valer para todas as pessoas – brancas ou negras, ricas ou pobres, homens ou mulheres, privadas ou não de liberdade. Cidadania: na perspectiva dos direitos civis, políticos, sociais e republicanos. Direitos Humanos: ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações. Referencial constante de homens e mulheres que buscam uma vida em comum mais humana, com dignidade, sem discriminação, sem violência e sem privações. Participação: entendida como a conquista de espaços democráticos. Equidade: a virtude de reconhecer as diferenças e os direitos de cada um. 16 Qualidade: na concepção da eficiência, da eficácia e, essencialmente, da efetividade significa estar plenamente comprometido. Transparência: tida como base de uma gestão que precisa prestar contas às pessoas às quais se destinam os programas, os projetos e as ações sociais. 3.3 As diretrizes estratégicas São diretrizes estratégicas do plano nacional de saúde no sistema penitenciário: prestar assistência integral resolutiva, contínua e de boa qualidade às necessidades de saúde da população penitenciária; contribuir para o controle e/ou redução dos agravos mais frequentes que acometem a população penitenciária; definir e implementar ações e serviços consoantes com os princípios e diretrizes do SUS; proporcionar o estabelecimento de parcerias por meio do desenvolvimento de ações intersetoriais; contribuir para a democratização do conhecimento do processo saúde/doença, da organização dos serviços e da produção social da saúde; provocar o reconhecimento da saúde como um direito da cidadania; estimular o efetivo exercício do controle social. 3.4 O financiamento, os recursos humanos e sistema de informações Na realização dos censos demográficos, a população penitenciária é considerada pelo IBGE como população residente. Desta forma, esta população está contemplada nos repasses de recursos federais para atenção de básica, média e alta complexidade (BRASIL, 2004). Com o intuito de transformar o PNSSP, efetivamente, em uma estratégia de fazer chegar à população penitenciária as ações e os serviços de saúde, foi 17 criado o Incentivo para Atenção à Saúde no Sistema Penitenciário, que deverá ser compartilhado entre os gestores da saúde e da justiça das esferas de governo, cabendo ao Ministério da Saúde financiar o equivalente a 70% dos recursos e os demais 30%, ao Ministério da Justiça. Este incentivo é um componente variável do Piso de Atenção Básica, que é composto de uma parte fixa destinada à assistência básica e de uma parte variável relativa a incentivos de ações estratégicas da própria atenção básica destinada às populações específicas. Este Incentivo será repassado em conformidade com o número de equipes implantadas nas unidades prisionais, ou seja, o Incentivo destinado às unidades com mais de 100 pessoas presas, nas quais deverá ser implantada uma equipe para cada grupo de até 500 presos, corresponde a R$ 40.008,00/ano por equipe. Para as unidades com até 100 pessoas presas, o Incentivo será de R$ 20.004,00/ano por estabelecimento, em virtude de que os profissionais de saúde atuantes nestas unidades pertencerão à Secretaria Municipal de Saúde com carga horária menor à das equipes atuantes nas unidades com mais de 100 presos (BRASIL, 2004). O Fundo Nacional de Saúde procederá com o repasse dos recursos provenientes do Ministério da Saúde e do Ministério da Justiça para os Fundos Estaduais e/ou Municipais de Saúde, de acordo com a pactuação celebrada no âmbito de cada Unidade Federada, para que estes repassem para os respectivos serviços executores do Plano. O referido repasse obedecerá às regras que regulamentam a transferência de recursos financeiros a estados e municípios, estabelecidas pelo Ministério da Saúde, cabendo destacar a orientação do Manual para Organização da Atenção Básica. a) Quanto aos recursos humanos Em face da dura realidade das unidades prisionais, as equipes de saúde terão o desafio de interferir no cotidiano de desassistência, tendo por base padrões humanos e humanizantes que se traduzem em ações tecnicamente competentes, intersetorialmente articuladas e socialmente apropriadas. 18 O direito à saúde como direito legítimo de cidadania é um princípio fundamental do PNSSP. Os profissionais das equipes de saúde, convivendo com as pessoas privadas de liberdade, entendendo as representações sociais da doença, podem induzir mudanças significativas no Sistema Penitenciário Brasileiro. Essas equipes, articuladas a redes assistenciais de saúde, têm como atribuições fundamentais: 1. Planejamento das ações. 2. Saúde, promoção e vigilância. E, 3. Trabalho interdisciplinar em equipe. Nas unidades prisionais com mais de 100 presos, a equipe técnica mínima, para atenção a até 500 pessoas presas, obedecerá a uma jornada de trabalho de 20 horas semanais e deverá ser composta por: • médico; • enfermeiro; • odontólogo; • psicólogo; • assistente social; • auxiliar de enfermagem; e, • auxiliar de consultório dentário (ACD). Os estabelecimentos com menos de 100 presos não terão equipes exclusivas. Os profissionais designados para atuarem nestes estabelecimentos, com pelo menos um atendimento semanal, podem atendê-los na rede pública de saúde. Nos estabelecimentos prisionais em que já houver quadro de saúde, a equipe será complementada. Em decorrência de suas especificidades, os hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico serão objetos de normas próprias, que deverão ser 19 definidas de acordo com a Política de Saúde Mental preconizada pelo Ministério da Saúde. b) Quanto ao sistema de informação As unidades de saúde, implementadas de acordo com o Plano Nacional de Saúde, no âmbito dos estabelecimentos prisionais – presídios, penitenciárias, hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico (HCTP), colônias agrícolas –, assim como os profissionais de saúde atuantes nestas unidades, serão monitorados por meio de sistemas de informações que constituem o Sistema de Informações em Saúde do Sistema Único de Saúde. Estas unidades deverão ser cadastradas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES/SUS), conforme Portaria nº 268, de 17 de setembro de 2003, para as quais foi criado especificamente o Serviço de Atenção à Saúde no Sistema Penitenciário, código 065, com as seguintes classificações: 183 e 185 para presídios, penitenciárias, hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico, manicômios judiciários e colônias agrícolas com população de até 100 pessoas presas; 184 e 186 para presídios, penitenciárias, hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico, manicômios judiciários e colônias agrícolas com população acima de 100 pessoas presas. Com este cadastramento, os estabelecimentos prisionais que tiverem as unidades de saúde implementadas receberão um código no CNES e apresentarão o Boletim de Produção Ambulatorial (BPA) com a produção dos serviços realizados no Sistema Penitenciário. Para que ocorra o cadastramento destas unidades, é imprescindível que os profissionais estejam registrados na folha 8/14 na “ficha de cadastro de profissionais do SUS”. O cadastramento das pessoas presas será baseado nasistemática do Cartão Nacional de Saúde. Para isso, serão utilizados os mesmos instrumentos que já estão em uso nos municípios: o formulário de cadastramento, o manual e o aplicativo CadSUS. 20 O monitoramento e a avaliação das ações de saúde pertinentes aos planos operativos estaduais deverão ser realizados a partir de 2005, pelo Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) ou transitoriamente pelo SIA/SUS. Instrumentos de gestão que contribuem para a organização gerencial e operacional da Atenção Básica: Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES); SIA/SUS – Sistema de Informação Ambulatorial do SUS; SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica; Relatório de gestão aprovado no Conselho Municipal de Saúde; e, Relatório de gestão aprovado no Conselho Estadual de Saúde. Caso estes Sistemas de Informações não sejam alimentados em consonância com as orientações do PNSSP, por dois meses consecutivos ou ainda por três meses alternados, resultará na suspensão do repasse do Incentivo (PNSSP, 2004). Guarde... Em âmbito federal, é de competência do Ministério da Saúde a gestão do PNSSP. A gestão e a gerência das ações e dos serviços de saúde constantes do Plano Operativo Estadual serão definidas mediante pactuação na CIB em cada unidade federada e entre gestores Estaduais de Saúde e de Justiça e gestores Municipais de Saúde. No caso de as Secretarias Municipais de Saúde assumirem a referida gestão e/ou gerência, deverá constar no Plano Operativo Estadual a devida aprovação do Conselho Municipal de Saúde. São critérios para qualificação de estados e municípios ao plano nacional de saúde no sistema penitenciário: formalização do envio do Termo de Adesão ao Ministério da Saúde; 21 apresentação, para fins de aprovação, do Plano Operativo Estadual no Conselho Estadual de Saúde e na Comissão Intergestores Bipartite; envio do Plano Operativo Estadual ao Ministério da Saúde pelas Secretarias de Estado de Saúde; credenciamento dos estabelecimentos de saúde e dos profissionais de saúde das unidades prisionais, por meio do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES); aprovação dos Planos Operativos Estaduais pelo Ministério da Saúde como condição para que estados e municípios recebam o Incentivo para Atenção à Saúde no Sistema Penitenciário; e Publicação no Diário Oficial da União de Portaria de Qualificação. 3.5 A PNAISP – 2014 Segundo a Portaria Interministerial nº 1, de 02 de janeiro de 2014, foi instituída a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o Portal Brasil (15/1), a PNAISP consiste em uma nova estratégia para o Sistema Único de Saúde prestar serviço de avaliação e acompanhamento de medidas terapêuticas a pessoas com transtorno mental e privadas de liberdade. A Portaria Interministerial nº 1, de 2 de janeiro de 2014, também trata do atendimento pelo SUS a pacientes que estejam sob liberdade condicional. Esses novos serviços serão elaborados e coordenados por uma equipe de avaliação e acompanhamento das Medidas Terapêuticas Aplicáveis à Pessoa com Transtorno Mental em Conflito com a Lei (EAP). Pelo novo texto, a EAP coordenará a ação entre os órgãos de justiça, as equipes da PNAISP e programas e serviços sociais e de direitos de cidadania. O objetivo é garantir a oferta de um acompanhamento integral, resolutivo e contínuo a essa população (ENSP, 2015). 22 Os estados, municípios e o Distrito Federal devem aderir à política por meio da assinatura do termo de adesão e será garantida uma complementação de repasse de recursos da União a título de incentivo. Para formalizar a adesão será preciso elaborar um plano de ação para atenção à saúde dos presos. Os entes federativos terão prazo até 31 de dezembro de 2016, para efetuar as medidas de adequação de suas ações e serviços para que a política seja implementada de acordo com as regras previstas. A portaria define como pessoas privadas de liberdade no sistema prisional aquelas com idade superior a 18 anos e que estejam sob a custódia do Estado em caráter provisório ou sentenciados para cumprimento de pena privativa de liberdade ou medida de segurança. No caso do estado de Minas Gerais, temos a RESOLUÇÃO CONJUNTA SES/SEDS Nº 171, DE 16 DE SETEMBRO DE 2014 que: Institui o Grupo Condutor da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), no âmbito do Estado de Minas Gerais. O SECRETÁRIO DE ESTADO DE SAÚDE E GESTOR DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS e o SECRETÁRIO DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL, no uso das atribuições que lhes conferem o artigo 93, §1º, inciso III, da Constituição do Estado de Minas Gerais, o inciso II do art. 132 e o inciso IV do art. 222, ambos da Lei Delegada Estadual nº 180, de 20 de janeiro de 2011, e considerando: - a Lei Federal nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências; - o Decreto Federal nº 7.508, de 28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde (SUS), o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências; e, - a Deliberação CIB-SUS/MG nº 1.941, de 16 de setembro de 2014, que aprova a instituição do Grupo Condutor da Política Nacional de Atenção Integral à 23 Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), no âmbito do Estado de Minas Gerais. RESOLVE: Art. 1º Instituir o Grupo Condutor da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), no âmbito do Estado de Minas Gerais. Art. 2º O Grupo Condutor da PNAISP será composto da seguinte forma: I - 4 (quatro) representantes da Secretaria de Estado de Saúde; II - Secretaria de Estado de Defesa Social: a) 1 (um) representante do Gabinete da Superintendência de Atendimento ao Preso (SAPE); b) 1 (um) representantes da Assessoria da Comissão Técnica de Classificação (ACTC) da Superintendência de Atendimento ao Preso (SAPE); c) 1 (um) representante da Diretoria de Saúde e Atendimento Psicossocial (DSP) da Superintendência de Atendimento ao Preso (SAPE); d) 1 (um) representantes da Diretoria de Segurança Interna (DSI) da Superintendência de Segurança Prisional (SSPI); e) 1 (um) representante da Diretoria de Gestão de Vagas (DGV) da Superintendência de Articulação Institucional e Gestão de Vagas (SAIGV); f) 1 (um) representante da Diretoria de Políticas de Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) e Cogestão da Superintendência de Articulação Institucional e Gestão de Vagas (SAIGV); III - 3 (três) gestores representantes do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de Minas Gerais (COSEMS-MG); IV - pelo apoiador institucional do Ministério da Saúde. § 1º Para cada membro efetivo de que trata o caput deste artigo deverá ser indicado um membro suplente. 24 § 2º O Grupo Condutor da PNAISP será coordenado pelo membro da Coordenação de Atenção à Saúde da Pessoa Privada de Liberdade da Secretaria Estadual de Saúde. § 3º Os membros titulares e suplentes que comporão o Grupo Condutor da PNAISP deverão ser indicados, formalmente, à Coordenação de Atenção à Saúde da Pessoa Privada de Liberdade da Secretaria Estadual de Saúde, pelos dirigentes dos respectivos órgãos/entidade, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data de publicação desta Resolução. § 4º Os membros do Grupo Condutor de que trata esta Resolução serão designados por ato do Secretário de Estado de Saúde.Art. 3º O Grupo Condutor da PNAISP terá como atribuições: I - mobilizar os dirigentes do SUS e dos sistemas prisionais em cada fase de implantação e implementação da PNAISP no Estado de Minas Gerais; II - apoiar a organização dos processos de trabalho voltados para a implantação e implementação da PNAISP no Estado de Minas Gerais; III - identificar e apoiar a solução de possíveis pontos críticos em cada fase de implantação e implementação da PNAISP; e, IV - monitorar e avaliar o processo de implantação da PNAISP. Art. 4º As funções dos membros do Grupo Condutor da PNAISP não serão remuneradas e seu exercício será considerado serviço público relevante. Art. 5º Os membros do Grupo Condutor da PNAISP poderão convidar representantes de outros órgãos e entidades, públicas e privadas, sempre que entenderem necessárias a sua colaboração para o pleno alcance dos objetivos definidos nesta Resolução. Art. 6º Para o alcance pleno das suas atribuições, o Grupo Condutor da PNAISP poderá instituir grupos de trabalho para a discussão e avaliação de temas específicos relativos ao seu âmbito de atividades. Art. 7º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação (MG, 2014). 25 UNIDADE 4 – A ASSISTÊNCIA SOCIAL E RELIGIOSA Obviamente, a assistência social constitui uma das mais importantes assistências, visto que ela irá preparar o preso para o seu retorno ao convívio com a sociedade, deixando claro que todas são relevantes para a reintegração do preso. Em um trabalho conjunto com o Sistema Penitenciário Federal, o assistente social consolida a necessidade de comunicação da população carcerária das Penitenciárias Federais com o mundo exterior, colocando em prática o artigo 22 da LEP: “A Assistência Social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade.” Ciente de que a estrutura familiar é a base para que esta reinserção aconteça, o contato com a família é feito com frequência por telefonemas ou pessoalmente. Vale ressaltar também que este setor é responsável pelo cadastramento dos familiares dos presos, para a realização das visitas, fazendo a comunicação entre os internos e seus parentes. O atendimento ao preso é feito individualmente, momento em que surgem as mais diversas necessidades, tais como segunda via de documentos, certidão de nascimento de filhos, reconhecimento de paternidade e orientação para recebimento do auxílio reclusão. É ainda de responsabilidade do Serviço Social, a participação das reuniões da CTC2 (Comissão Técnica de Classificação), a elaboração de Parecer Social e a entrevista inicial (objetivando colher informações acerca do histórico do interno e sua família). Urge salientar que os internos, quando estão no pátio de recreação, possuem oportunidades de lazer, que lhes são oferecidas pela penitenciária, tais como: bola de futebol, dominó, xadrez e dama. Também é oferecida a cinemateca, preferencialmente nos finais de semana, com duração de duas horas e trinta minutos, sendo exibidos filmes de romance, comédia, ação, entre outros. A cinemateca é utilizada somente pelos presos que possuem bom comportamento. 2 Na unidade que tratará da Psicologia aplicada, o CTC será visto com mais detalhes. 26 Diante do exposto, percebe-se o grau de importância de um atendimento com qualidade e excelência aos internos. A assistência, prestada de acordo com a legislação, resgata a dignidade do ser humano, bem como seus preceitos morais e éticos. Desta forma, ao reinseri-los à comunidade, promover-se-á o reencontro deles com o dever de cidadão que atua na promoção do desenvolvimento social, contribuindo também para a manutenção da paz na sociedade (CONSIDERA, 2009). A Assistência Religiosa, com liberdade de culto, é prestada regularmente aos presos das Penitenciárias Federais por meio de parceria com Instituições Religiosas, conforme determina o artigo 5º, VI da Constituição Federal, e artigo 41, VII da Lei de Execução Penal, com vistas à valorização da pessoa humana. Nas Penitenciárias Federais é assegurada a atuação de representantes religiosos, com autorização para organizar serviços litúrgicos e fazer visita pastoral a adeptos de sua religião. É assegurado aos presos custodiados no Sistema Penitenciário Federal – SPF – a posse de livros de ritos e práticas religiosas de suas crenças. 27 UNIDADE 5 – ASSISTÊNCIA LABORAL, DESPORTIVA, LÚDICA E CULTURAL O Sistema Penitenciário Federal – SPF – proporciona aos presos das Penitenciárias Federais o direito ao trabalho, conforme estabelece a Constituição Federal, art. 6º, e a Lei de Execução Penal, art. 41, II garantindo, além da remuneração e qualificação profissional, o direito à remição da pena. São vários os programas. Vejamos! a) Programa Pintando a Liberdade O Programa Pintando a Liberdade foi desenvolvido no Sistema Penitenciário Federal de 2007 a janeiro de 2011. Ao longo dos últimos anos, qualificou e proporcionou a garantia do direito à remição da pena e a remuneração pecuniária aos presos, por meio da costura de bolas de futebol, inclusive, com guizos, destinadas aos deficientes visuais. No âmbito da Penitenciária Federal em Catanduvas/PR, Campo Grande/MS e Porto Velho/RO, este trabalho teve a seguinte estatística: presos beneficiados: 124; bolas costuradas: 2.794; remuneração para os presos: R$ 10.967,00. b) “Projeto Estopa” Na Penitenciária Federal em Catanduvas/PR, foi implantado o “Projeto Estopa”, uma iniciativa do Conselho da Comunidade, Juiz Corregedor e direção da Unidade, contemplando 118 presos com assistência laboral. O Projeto Estopa surgiu na iminência de paralisação do Pintando a Liberdade. Foi contactado uma indústria têxtil da região de Catanduvas/PR que se prontificou a fornecer toda a matéria-prima necessária (retalhos) para os trabalhos. A empresa estava com um impasse quanto às sobras de retalhos, pois não tinham nenhuma destinação para esse material, não podendo, sequer, 28 queimá-las em função de leis ambientais. Posteriormente, o projeto foi apresentado aos presos que solicitavam alguma outra atividade que substituísse a costura de bolas, a fim de não perderem o benefício da remição de pena. O diferencial desse trabalho com estopas foi o fato de não exigir nenhum tipo de ferramenta para sua execução, sendo realizado somente com as mãos, adequando-se às especificidades da Unidade relacionadas à segurança, além de não ter sido necessária a figura do instrutor em sala, em função da simplicidade dos trabalhos. Após o fornecimento da matéria-prima e o interesse dos internos, foi enviado para o Juiz Corregedor um ofício formal solicitando que patrocinasse o pagamento da produção dos presos. Com a sinalização positiva, deu-se início ao Projeto. Os pagamentos foram intermediados pelo Conselho da Comunidade da Penitenciária Federal em Catanduvas/PR, através de depósitos bancários em nome do preso favorecido. c) Projeto “Fábricas da Liberdade” Na Penitenciária Federal em Catanduvas/PR, foi implantado o Projeto “Fábricas da Liberdade” e vem beneficiando o quantitativo de 13 presos. Tal projeto contribui para a implementação de oficinas de trabalho remunerado para presos custodiados na Penitenciária Federal em Catanduvas/ PR, com objetivo de gerar ocupação, emprego, renda e remição da pena. Foi viabilizado, mediante termo de cooperação, parceria entre o DEPEN/MJ e empresa privada (Recortes Indústria de Artigos Pedagógicos e Educativos LTDA – EPP). Nesse Projeto, os presos ocupam-se da montagem de brinquedos educativos, sem riscos à segurança da Unidade. Os brinquedos são comercializados pela empresa supracitada, que remunera os presos, gerando emprego e renda para os custodiados, que usufruem deste benefício para proverassistência à família, pequenas despesas pessoais e ressarcimento ao Estado pelas suas despesas de manutenção, tudo nos termos do art. 29, § 1º, “a”, “b” e “c” da Lei de Execução Penal. 29 d) Projeto “Costura Industrial” Na Penitenciária Federal em Porto Velho/RO, foi implantado o Projeto “Costura Industrial”, após a qualificação profissional pelo SENAI. A produção visa atender principalmente a própria Unidade, com o fornecimento dos uniformes dos internos. A prática de atividades de futebol, jogos de xadrez, dama e dominó é uma realidade no interior das Penitenciárias Federais desde a implantação do Sistema Penitenciário Federal, em 2006. Especificamente, na Penitenciária Federal em Mossoró/RN, com vistas a atender a uma necessidade diagnosticada pela Unidade quanto à falta de práticas desportivas orientadas por profissionais da área de Educação Física, estabeleceu-se uma parceria com a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN –, a fim de viabilizar, de forma supervisionada, as seguintes atividades físicas: Futsal, Voleibol, Basquete e Ginástica Laboral, propiciando a melhoria da saúde e da qualidade de vida dos presos participantes. O processo de formalização com a universidade está sendo finalizado. Ademais, visando garantir a efetividade do tratamento penitenciário em consonância com a defesa dos Direitos Humanos e à Lei de Execução Penal, também são desenvolvidos nas Penitenciárias Federais projetos culturais, tais como: Sarau Literário; Vivência Musical; Informe-se; Cinemateca; Cestaria; Xeque-Mate; Remição pela leitura, “Uma janela para o mundo” – Leitura nas prisões e Oficinas de Prevenção de DST’S/AIDS. O Projeto Sarau Literário promove uma interação entre leitores e textos, em que provocados pelos que leem, ouvem e experimentam, produzem sentidos, dialogam uns com os outros, com os intertextos e com o contexto, ativando seus conhecimentos pessoais. A leitura, a escrita, o desenho, a fala, o canto, a dramatização não só despertam gostos por bons livros, boas imagens, bons diálogos, boas músicas como também contribui para despertar a valorização exata das coisas, desenvolver suas potencialidades, estimular suas curiosidades, 30 inquietarem-se por tudo que é novo, ampliarem seus horizontes, progredirem e reescreverem suas histórias. O Projeto Vivência Musical promove um espaço harmônico aos presos custodiados no Sistema Penitenciário Federal – SPF –, no qual a música é parte integrante da rotina carcerária, atuando como forma de desenvolvimento da sensibilidade e criatividade humana por meio do contato com a linguagem artístico-musical, visando à formação do sujeito capaz de contribuir positivamente com a socialização e o respeito mútuo, além de influenciar, segundo estudos científicos, em vários aspectos orgânicos do indivíduo. O Projeto Informe-se, jornal impresso, visa informar e entreter os presos custodiados no Sistema Penitenciário Federal – SPF –, além de estimular, a partir da melhoria da leitura e da escrita, a expressão oral e produção textual. As matérias publicadas incluem tipos e gêneros diversos: artigos de opinião; poesias; notícias; acrósticos; charges; dicas (saúde, esporte, trabalho, vivências); crônicas; contos; histórias em quadrinhos; resenhas (livros, filmes); adivinhações; charadas; desafios matemáticos, entre outros. O Projeto Cestaria tem como objetivo proporcionar aos presos atividades compatíveis com a necessidade, interesse e habilidades prévias dos mesmos, buscar mais possibilidade de estar diversificando as atividades de trabalho indo de encontro à proposta do Programa de Educação e Qualificação para o Trabalho que é a de preparar o preso para o mercado competitivo, criando mecanismos de qualificação profissional, realizando sondagem de aptidão e direcionando o trabalho com as reais potencialidades apresentadas. O projeto garante o treinamento supervisionado, pela Terapia Ocupacional, assegurando aos presos o direito de trabalhar com estratégias próprias de aprendizagem. O Projeto Cinemateca oferece aos presos custodiados no Sistema Penitenciário Federal – SPF –, sessões de filmes de entretenimento nos finais de semana, proporcionando assim, momentos de interação e descontração. O Projeto Xeque Mate propõe Torneio de Xadrez - Xeque Mate, o qual é divulgado diretamente nas galerias, e os presos, por meio de requerimento, solicitam participação no torneio, respeitando os seguintes critérios: Turmas de no 31 mínimo três jogadores da mesma ala, torneio realizado em no mínimo 02 e no máximo 05 dias. O Projeto Remição pela Leitura proporciona aos presos custodiados no Sistema Penitenciário Federal – SPF –, acesso ao conhecimento, à educação e à cultura, por meio da leitura e da produção de resenhas e, por conseguinte, possibilita a remição da pena, quatro dias por resenha aprovada. Tal projeto foi regulamentado por meio da Portaria Conjunta JF/DEPEN nº 276, de 20 de junho de 2012. O Projeto “Uma janela para o mundo” – Leitura nas prisões é fruto de uma parceria entre a UNESCO e os Ministérios da Justiça (MJ), da Cultura (MinC), da Educação (MEC) e do Desenvolvimento Agrário (MDA), os quais realizaram tratativas ao longo do ano de 2010 com vistas à concretização de ação voltada à formação leitora e de fomento à leitura no âmbito das Penitenciárias Federais. Após a conclusão dessa etapa, o fomento à leitura tem sido desenvolvido pelos professores regulares. Nas Oficinas de prevenção de DST´S/AIDS são realizadas palestras e orientações aos presos custodiados no Sistema Penitenciário Federal – SPF –, abordando questões relacionadas às doenças, sinais e sintomas, possíveis complicações e como preveni-las. 32 UNIDADE 6 – O SERVIÇO DE PSICOLOGIA APLICADO 6.1 Noções básicas de Psicologia enquanto ciência que estuda o comportamento humano À ciência que estuda o comportamento humano e seus processos mentais, ou seja, à área da ciência que estuda o que motiva o comportamento humano – o que o sustenta, o que o finaliza e também seus processos mentais, que passam pela sensação, emoção, percepção, aprendizagem, inteligência – denomina-se Psicologia. Essa área foi proposta como ciência no final do século XIX por Wilhelm Wundt (1832-1920) e Willian James (1842-1910) e veio se aperfeiçoando ao longo do século XX. Os conhecimentos produzidos pela Psicologia e a complexidade e capacidade de transformação do ser humano, acabaram por ampliar em grande medida sua área de atuação, possibilitando a cada área uma gama infinita de descobertas sobre o homem e seu comportamento, ou sobre o homem e suas relações. O estado psicológico humano é fundamental para desfrutar do bem individual e, por consequência, o bem comum. Assim, a psicologia busca permanentemente métodos para o desenvolvimento cognitivo, emocional e relacional dos indivíduos e sua interação social. Segundo Santos (2000), em psicologia, o termo atividade se alinha conceitualmente às diferentes abordagens que procuram explicar a natureza do comportamento e sua previsibilidade social. A busca pela elaboração de modelos que permitam compreender os comportamentos do homem, de um lado, como um sistema de recepção e tratamento da informação, e de outro lado, como um sistema de transformação de energia, produziram diferentes formulações sobre o desempenho das pessoas naquilo que elas fazem ou se proponham a fazer. A visão de “homem” movido por determinantes internas (solicitações) ou submetido a condicionantes externas (cargas de trabalho), originou, na psicologia 33 do trabalho, concepções que contemplam ambas as definições. Na verdade, o trabalho pode ser visto como um subsistema menor das coisas que fazemos para aliviar nossas tensões, mas também pode representar a atividade principal de realização objetivado ser humano. De uma forma ou de outra, o trabalho é incorporado subjetivamente no nosso modo de perceber e fazer as coisas que necessitamos. Além disso, podemos dizer que a diferença entre o trabalho formal (tarefa) e o trabalho real (atividade), elemento fundamental do estudo do comportamento do homem no trabalho, permite definir níveis da análise das atividades de trabalho, que podem servir à teoria psicológica geral. Segundo essa ótica, existem três grandes campos relativos ao estudo das atividades de trabalho e que são interdependentes: 1. As comunicações: para agir é necessário efetuar trocas de informações sobre o estado da situação na qual nos encontramos. 2. As regulações: toda ação consiste em reduzir a diferença entre um estado desejado de uma determinada situação e o estado atual no qual nos encontramos. 3. As competências: as modalidades e as possibilidades de reduzir esta diferença dependem diretamente das habilidades cognitivas e sensório- motoras que o sujeito dispõe (SANTOS, 2000). Pois bem, os psicólogos buscam estudar conceitos como a percepção, cognição, emoção, personalidade, comportamento, relacionamento interpessoal, individual e coletiva e do inconsciente, incluindo-se aqui questões relacionadas com a vida quotidiana, por exemplo, família, educação e trabalho. Focam também o tratamento de problemas de saúde mental, buscando compreender o comportamento social e a dinâmica social, ao mesmo tempo em que incorpora os processos subjacentes fisiológicas e neurológicas em suas concepções de funcionamento mental. A Psicologia do trabalho e das Organizações abrange uma grande área de conteúdos. Em termos gerais, o seu objeto de estudo é constituído pelas 34 condutas e experiências dos sujeitos numa perspectiva individual, social e grupal, em contextos relacionados com o trabalho. Podemos dizer que o seu objetivo consiste em descrever, explicar e prever os fenômenos psicossociais que ocorrem nesses contextos, assim como prever ou solucionar os possíveis problemas que aí se apresentam. O seu objetivo último consiste em melhorar a qualidade de vida no trabalho, conhecida como QVT, a produtividade e a eficácia laboral. Essa área interessa-se pelos processos numa perspectiva macro e micro e pela conduta do indivíduo. Por exemplo, estudo de suas aptidões, conhecimentos, motivações, satisfação no trabalho, estresse, rendimento, absenteísmo, dentre outros, fazem parte da perspectiva micro. Numa perspectiva macro, interessa-se pelos processos e pela conduta dos grupos, pela interação indivíduo-grupo e pelos fenômenos relacionados com a conduta e os processos individuais face aos estímulos sociais do trabalho. Como exemplo temos os grupos e equipes de trabalho, liderança, papéis, clima e cultura organizacionais, relações interpessoais, entre outros. Toledo (1986) considera a Psicologia Organizacional, não uma variante da Psicologia do Trabalho, mas uma especialidade, que trata do estudo do fator humano na organização. Este estudo abrange a atração, retenção, treinamento e motivação dos recursos humanos na empresa, assim como a criação de condições organizacionais de trabalho que auxiliem na criação de clima propício para que funcionários possam atingir suas metas de trabalho e desenvolvimento profissional. A psicologia organizacional em seu contexto mais amplo coloca ênfase nos aspectos grupais e organizacionais do trabalho. Uma vez que a Psicologia é uma ciência fundamentada na pesquisa, significa que quando os psicólogos estudam, o comportamento e os processos mentais devem usar métodos de pesquisa sistemáticos e exatos. Essa confiança em uma metodologia meticulosa e rigorosa de pesquisa faz parte da psicologia Institucional/Organizacional, bem como de todas as outras áreas especializadas do campo. Podemos definir a Psicologia I/O como a aplicação da teoria e da metodologia psicológicas aos problemas das organizações e aos problemas de grupos e de indivíduos em ambientes organizacionais. No decorrer das últimas 35 décadas, a psicologia I/O expandiu-se para incluir muitos ambientes organizacionais, além das empresas tradicionais. 6.2 A Psicologia Jurídica A psicologia jurídica é uma prática interdisciplinar, que surgiu de acordo com as demandas que foram aparecendo nas áreas destinadas às práticas jurídicas, porém, a psicologia, de acordo com Arantes (2004), ainda não se movimenta sozinha em função das exigências específicas ditadas pelo Direito, logo, a demanda psicológica é indicada pelo Direito. A relação da psicologia com o direito é uma relação que já estava prevista, pois as duas ciências estão diretamente ligadas ao comportamento humano. A Psicologia busca a compreensão do comportamento humano e o direito com as regras de condutas “certas” para que esse comportamento se enquadre no contrato social para se viver em comunidade. O Direito também age para solucionar conflitos que surgem para a mesma finalidade acima (TRINDADE, 2009). Jesus (2001) também destaca a certeza de que essa relação Psicologia e Direito teria que acontecer pela mesma razão colocada por Trindade (2009), tendo em vista o complemento que a psicologia fornece ao direito, e a importância de não querer ir além do que lhe compete: A Psicologia, por um lado, procurando compreender e explicar o comportamento humano, e o Direito, por outro, possuindo um conjunto de preocupações sobre como regular e prever determinados tipos de comportamento, com o objetivo de estabelecer um contrato social de convivência comunitária (JESUS, 2001, p. 34). Vamos a um pouco de história?! No início do século XIX, na França, os médicos foram chamados pelos juízes da época para desvendarem o ‘‘enigma’’ que certos crimes apresentavam. 36 Eram ações criminosas sem razão aparente e que, também “não partiam de indivíduos que se encaixavam nos quadros clássicos da loucura” (CARRARA, 1998, p.70). Em 1875, a criminologia surge no cenário das ciências humanas como o saber que viria dar conta do estudo da relação entre o crime e o criminoso, tendo como campo de pesquisa “as causas (fatores determinantes) da criminalidade, bem como a personalidade e a conduta do delinquente e a maneira de ressocializá-lo” (OLIVEIRA, 1992, p. 31). No Manual de Diretrizes para atuação e formação dos psicólogos do sistema prisional brasileiro (BOCK, 2007, p. 36), segundo informações contidas no trabalho Resgate histórico da Psicologia no Sistema Penitenciário do estado do Rio de Janeiro, realizado pelos psicólogos do sistema penitenciário desse estado, o ingresso dos primeiros psicólogos no sistema penal brasileiro ocorreu no Rio de Janeiro, em meados da década de 60, logo após a regulamentação da profissão no Brasil (1962). No Manicômio Judiciário Heitor Carrilho, no período de 1967 a 1976, esses profissionais faziam suas residências acadêmicas integrando o corpo técnico que trabalhava com os chamados “loucos infratores”, considerados inimputáveis diante da lei, e que cumpriam, naquele estabelecimento hospitalar, a medida de segurança. Entretanto, nos estabelecimentos prisionais do país, a presença de psicólogos ocorreu em diferentes épocas, conforme as políticas e as estruturas administrativas de cada estado. Segundo Badaró (2006), no Rio de Janeiro, por exemplo, ingressaram no fim da década de 1970, expandindo suas ações do âmbito das medidas de segurança (manicômio judiciário) para o campo das penas privativas de liberdade (estabelecimentos prisionais), participando de projetos que visavam à individualização do cumprimento das penas por meio de atividades de classificação dos apenados e acompanhamento de seu “tratamento penitenciário”. A criminologia, segundo Macedo (1977), em sua tentativa para chegar ao diagnóstico etiológico do crime, e, assim, compreender e interpretar as causas dacriminalidade, os mecanismos do crime e os móveis do ato criminal, conclui que tudo se resumia em um problema especial de conduta, que é a expressão 37 imediata e direta da personalidade. Assim, antes do crime, é o criminoso o ponto fundamental da Criminologia contemporânea. Neste momento, a Psicologia Criminal passa a ocupar uma posição de maior destaque como uma ciência que viria contribuir para a compreensão da conduta e da personalidade do criminoso. Para García-Pablos de Molina (2002, p. 253), “corresponde à Psicologia o estudo da estrutura, gênese e desenvolvimento da conduta criminal”. O crime passa a ser visto como um problema que não é apenas “do criminoso, mas também, do Juiz, do advogado, do psiquiatra, do psicólogo e do sociólogo” (DOURADO, 1965, p. 7 apud LEAL, 2008). De acordo com Bonger (1943 apud LEAL, 2008), a Psicologia Criminal é importante para todos os profissionais de Direito Penal. Para a polícia é útil saber quais são os tipos psicológicos mais suscetíveis ao cometimento de determinado tipo de delito. Também é importante que os promotores e juízes conheçam o grau de perigo para a segurança pública que é inerente a certos tipos de delinquentes, a fim de fixarem as penas e demais medidas corretivas. Por último, o conhecimento da Psicologia Criminal é de utilidade especial para todas aquelas pessoas que trabalham em presídios e manicômios. Conceitualmente, a Psicologia Jurídica corresponde a toda aplicação do saber psicológico às questões relacionadas ao saber do Direito. A Psicologia Criminal, a Psicologia Forense e, por conseguinte, a Psicologia Judiciária estão nela contidas. Toda e qualquer prática da Psicologia relacionada às práticas jurídicas podem ser nomeadas como Psicologia Jurídica (LEAL, 2008). A mesma autora explica que o termo Psicologia Jurídica é uma denominação genérica das aplicações da Psicologia relacionadas às práticas jurídicas, enquanto Psicologia Criminal, Psicologia Forense e Psicologia Judiciária são especificidades aí reconhecíveis e discrimináveis. O acadêmico que produz um artigo discutindo as interfaces entre a Psicologia e o Direito; o psicólogo assistente técnico que questiona as conclusões de um estudo psicológico elaborado por um psicólogo judiciário; como também o psicólogo judiciário que 38 elabora uma dissertação de mestrado a partir de sua prática cotidiana no Foro, todos são praticantes da Psicologia Jurídica. A Psicologia Jurídica é um dos ramos da Psicologia que mais cresceram nos últimos anos, tanto nacional quanto internacionalmente. Trata-se de um dos campos mais promissores e carentes de profissionais especializados na área. Cada vez que se folheia um jornal, ou se assiste ao noticiário na TV, há sempre uma notícia de alguma ação criminosa sem razão aparente e que, também não parte de indivíduos portadores de transtornos mentais. E, o que a Psicologia Jurídica tem a dizer sobre isso? Que contribuições a Psicologia Jurídica tem a oferecer? Altoé (2001, p. 6-7) explica que as questões humanas tratadas no âmbito do Direito e do judiciário são das mais complexas. (...) E o que está em questão é como as leis que regem o convívio dos homens e das mulheres de uma dada sociedade podem facilitar a resolução de conflitos. Aqueles que têm alguma experiência na área se dão conta que as questões não são meramente burocráticas ou processuais. Elas revelam situações delicadas, difíceis e dolorosas. A título de exemplo vejamos alguns dos motivos pelos quais as pessoas recorrem ao judiciário: pais que disputam a guarda de seus filhos ou que reivindicam direito de visitação, pois não conseguem fazer um acordo amigável com o pai ou a mãe de seu filho; maus-tratos e violência sexual contra criança, praticado por um dos pais ou pelo(a) companheiro(a) deste; casais que anseiam adotar uma criança por terem dificuldades de gerar filhos; pais que adotam e não ficam satisfeitos com o comportamento da criança e a devolvem ao Juizado; jovens que se envolvem com drogas/tráfico, ou, passam a ter outros comportamentos que transgridem a lei, e seus pais não sabem como fazer para ajudá-los, uma vez que não contam com o apoio de outras instituições do Estado (de educação e de saúde, por exemplo). Na visão de Silva (2007), a Psicologia Jurídica surge nesse contexto, em que o psicólogo coloca seus conhecimentos à disposição do juiz (que irá exercer a função julgadora), assessorando-o em aspectos relevantes para determinadas ações judiciais, trazendo aos autos uma realidade psicológica dos agentes envolvidos que ultrapassa a literalidade da lei, e que de outra forma não chegaria 39 ao conhecimento do julgador por se tratar de um trabalho que vai além da mera exposição dos fatos; trata-se de uma análise aprofundada do contexto em que essas pessoas que acorreram ao Judiciário (agentes) estão inseridas. Essa análise inclui aspectos conscientes e inconscientes, verbais e não-verbais, autênticos e não-autênticos, individualizados e grupais, que mobilizam os indivíduos às condutas humanas. Sendo a Psicologia Forense, o subconjunto em que se incluem as práticas psicológicas relacionadas aos procedimentos forenses, é aqui que se encontra o assistente técnico (LEAL, 2008). A Psicologia Forense corresponde a toda aplicação do saber psicológico realizada sobre uma situação que se sabe estar (ou estará) sob apreciação judicial, ou seja, a toda a Psicologia aplicada no âmbito de um processo ou procedimento em andamento no Foro (ou realizada vislumbrando tal objetivo). Incluem as intervenções exercidas pelo psicólogo criminal, pelo psicólogo judiciário, acrescidas daquelas realizadas pelo psicólogo assistente técnico. A Psicologia Criminal é um subconjunto da Psicologia Forense e, segundo Bruno (1967 apud LEAL, 2008), estuda as condições psíquicas do criminoso e o modo pelo qual nele se origina e se processa a ação criminosa. Seu campo de atuação abrange a Psicologia do delinquente, a Psicologia do delito e a Psicologia das testemunhas. A Psicologia Judiciária também é um subconjunto da Psicologia Forense e corresponde a toda prática psicológica realizada a mando e a serviço da justiça. É aqui que se exerce a função pericial. A Psicologia Judiciária está contida na Psicologia Forense, que está contida na Psicologia Jurídica. A Psicologia Judiciária corresponde à prática profissional do psicólogo judiciário, sendo que toda ela ocorre sob imediata subordinação à autoridade judiciária. A Psicologia Jurídica abrange as seguintes áreas de atuação: Psicologia Jurídica e as Questões da Infância e Juventude (adoção, conselho tutelar, criança e adolescente em situação de risco, intervenção junto a crianças abrigadas, infração e medidas socioeducativas); 40 Psicologia Jurídica e o Direito de Família (separação, paternidade, disputa de guarda, acompanhamento de visitas); Psicologia Jurídica e Direito Civil (interdições, indenizações, dano psíquico); Psicologia Jurídica do Trabalho (acidente de trabalho, indenizações, dano psíquico); Psicologia Jurídica e o Direito Penal (perícia, insanidade mental e crime, delinquência); Psicologia Judicial ou do Testemunho (estudo do testemunho, falsas memórias); Psicologia Penitenciária (penas alternativas, intervenção junto ao recluso, egressos, trabalho com agentes de segurança); Psicologia Policial e das Forças Armadas (seleção e formação da polícia civil e militar, atendimento psicológico); Mediação (mediador nas questões de Direito de Família e Penal); Psicologia Jurídica e Direitos Humanos (defesa e promoção dos Direitos Humanos); Proteção a Testemunhas (existem no Brasil programas de Apoio e Proteção a Testemunhas); Formação e Atendimento aos Juízes e Promotores (avaliação psicológica na seleção de juízes e promotores, consultoria e atendimento psicológicoaos juízes e promotores); Vitimologia (violência doméstica, atendimento a vítimas de violência e seus familiares); e, Autópsia Psicológica (avaliação de características psicológicas mediante informações de terceiros). No Brasil, de acordo com um levantamento realizado por França (2004), a Psicologia Jurídica está presente em quase todas as áreas de atuação. Todavia, a autora destaca que há uma grande concentração de psicólogos jurídicos atuando na Psicologia penitenciária e nas questões relacionadas à família, à 41 infância e à juventude, enquanto que na Psicologia do testemunho, na Psicologia policial e militar, na Psicologia e o Direito Civil, na proteção de testemunhas, na Psicologia e o atendimento aos juízes e promotores, na Psicologia e os Direitos Humanos e na autópsia psíquica há uma carência muito grande de psicólogos jurídicos (LEAL, 2008). 6.3 Atuação do Psicólogo no Sistema Prisional Segundo Fátima França (2004), Psicóloga Judiciária, a Psicologia Penitenciária ou Carcerária se volta para os estudos sobre reeducandos, intervenção junto ao recluso, prevenção de DST/AIDS em população carcerária, atuação do psicólogo, trabalho com agentes de segurança, stress em agentes de segurança penitenciária, trabalho com egressos, penas alternativas (penas de prestação de serviço à comunidade). No tocante ao presidiário/recluso, claro, o psicólogo no sistema penitenciário trabalha com ele! Mas não necessariamente como uma forma de terapia. A mesma autora lembra que existe situações em que o preso chama para ter uma conversa e tem indicações de depressão. O psicólogo também atua muito próximo do assistente social, para dar suporte aos presos, atendimento, fazer trabalhos em grupo, o que é muito difícil, mas possível. No trabalho, esse profissional busca fazer um resgate da essência de cada indivíduo. Os presos são viciados em drogas, doentes ou analfabetos, e nesses encontros tenta-se orientá-los e informá-los sobre as dificuldades de suas realidades. Historicamente, dentro das prisões, a ação do psicólogo sempre foi vinculada mais com a ação pericial, a atuação mais de avaliação para concessão de benefícios. É um trabalho que avalia a condição de alguma pessoa presa e que pode fazê-la viver em sociedade de novo (FRANÇA, 2010). Segundo Jesus (2001), a intervenção realizada pelo psicólogo dentro do sistema prisional está ligada a uma atuação em que se procura promover mudanças satisfatórias não só em relação às pessoas em cumprimento de pena privativa de liberdade, mas também de todo sistema. A intervenção em sistemas penitenciários implica em uma atuação planificada e dirigida a promover a 42 mudança das prisões para torná-las mais eficientes e eficazes na resolução de seus problemas. O trabalho do psicólogo dentro das instituições prisionais existe há mais de quarenta anos por meio de trabalhos informais e voluntários, mas só a partir da promulgação da LEP de 1984 que o trabalho foi reconhecido oficialmente e vem sendo objeto de estudo em vários debates e fóruns do Brasil (CARVALHO apud LAGO, 2009). O Conselho Federal de Psicologia (CFP) junto ao Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) e o Ministério da Justiça (MJ) estão em parceria nessa discussão sobre a importante atuação do psicólogo nessa área (SILVA, 2007). De acordo com a resolução do CFP 012/2011, em todas as práticas realizadas dentro do âmbito do sistema prisional, o psicólogo deverá visar fielmente os direitos humanos dos sujeitos em cumprimento de pena privativa de liberdade, procurando construir a cidadania por meio de projetos para a sua reinserção na vida social (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2011). Para Silva (2007, p.104), é importante seguir essa colocação quando menciona que a psicologia deve ocupar espaço de atuação na transdisciplinaridade, o que destacará a sua importância no processo de construção da cidadania, que deve ser objetivo permanente dos profissionais, em contraposição à cultura de primazia da segurança, de vingança social e de disciplinarização do indivíduo. A atuação do psicólogo dentro do sistema prisional é bastante abrangente, pois as demandas são muitas. Além de participar das Comissões Técnicas de Classificação (CTC), o psicólogo pode trabalhar junto aos sujeitos que estão cumprindo pena privativa de liberdade, familiares e comunidade como também dos próprios profissionais que atuam dentro da instituição (MATTOS, 2013). 6.4 A Psicologia e a Comissão Técnica de Classificação (CTC) 43 A Lei de Execução Penal (LEP) fundou as Comissões Técnicas de Classificação (CTCs), formadas por uma equipe especializada, orientada pelo diretor e composta por dois chefes de serviço, um psiquiatra, um psicólogo e um assistente social, devendo existir em cada estabelecimento (MENEZES, 2003). De acordo com artigo 9º da LEP, cada membro da comissão deve contribuir com seu saber, visando um plano de individualização da pena do indivíduo que está encarcerado para que se tenha um tratamento penal adequado, podendo entrevistar pessoas, requisitar informações a qualquer estabelecimento privado ou repartições, além de proceder a exames ou outras diligências que se fizerem necessárias. Segundo o artigo 6º da LEP, a CTC poderá elaborar o exame criminológico, com a finalidade de estabelecer um programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao indivíduo que cumpre pena privativa de liberdade. Entretanto, houve um debate sobre a realização do exame criminológico por parte dos profissionais de psicologia, pois o papel ético do psicólogo é completamente oposto ao que determina tal exame. De acordo com o Conselho Federal de Psicologia, não cabe aos psicólogos efetuarem qualquer tipo de parecer sobre a periculosidade das pessoas em cumprimento de pena privativa de liberdade e sua irresponsabilidade penal. Para Rauter (2007, p. 43), é totalmente contraditória a atuação do psicólogo no que se refere à elaboração de laudos e pareceres que “[...] vão no sentido ao contrário à ética profissional”. De acordo com o mesmo autor [...] ao psicólogo é solicitado fazer previsões de comportamento através de laudos que instruem a concessão de benefícios e a progressão de regimes, exercendo uma espécie de futurologia científica sem qualquer respaldo teórico sério. 44 Já Silva (2007), coloca que o exame criminológico “é um dispositivo que viola, entre outros, o direito à intimidade e à personalidade”. Quanto ao Exame Criminológico (EC), exigido do psicólogo, pretende inferir sobre a periculosidade do sujeito, tendendo a naturalizar as determinações do crime, ocultando os processos de produção social da criminalidade. Desnaturalizar, ouvir, incluir, respeitar as diferenças, promover a liberdade são missões do psicólogo. Classificar, disciplinar, julgar, punir são missões impossíveis para o psicólogo (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2010, p. 55). Diante do citado acima, o Conselho Federal de Psicologia, na resolução 09/2010, que regulava a atuação do psicólogo no sistema prisional, estabeleceu no Art. 4 que, de acordo com a lei nº 10792/2003: É vedado ao psicólogo que atua nos estabelecimentos prisionais realizar exame criminológico e participar de ações e/ou decisões que envolvam prática de caráter punitivo e disciplinar, bem como documento escrito oriundo da avaliação psicológica com fins de subsidiar decisão judicial durante a execução da pena do sentenciado. Porém, apesar de previsto na Resolução 09/2010, do Conselho Federal de Psicologia, o judiciário demandou a continuação da elaboração dos exames criminológicos por parte dos psicólogos. Diante da polêmica existente, o Conselho Federal de Psicologia, em sua resolução nº 19/2010, suspendeu os efeitos da resolução CFP nº 09/2010 pelo prazo de 6 meses, para a realização de
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