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1 DEFINIÇÃO E VISÃO GERAL A DPOC é uma doença comum, heterogênea, pevinível e tratável até certo ponto. É caracterizada por sintomas respiratórios de forma crônica, isso ocorre devido a anormalidades em toda a área respiratória. As alterações de vias aéreas vem de exposição prolongada a particulas ou gases nocivos, o que leva a uma limitação/obstrução fixa e progressiva ao fluxo aéreo. Sabe-se que o paciente tem uma limitação ao fluxo aéreo fixa, através de dados espirométricos, onde VEF1/CVF pós-BD é de <0,70. ENTIDADES CLÍNICAS A DPOC apresenta padrões, sendo esses, o Bronquítico e o enfisematoso → hoje em dia essas definições não são muito utilizadas, tendo em vista que o paciente apresenta um misto das duas patologias. Padrão Bronquítico: • Tosse > 3 meses. • 2 anos consecutivos. Padrão Enfisematoso: • Aumento do volume do espaço aéreo distal. • Dado histológico. EPIDEMIOLOGIA É uma das principais causas de morbimortalidade no mundo, sendo a 3ª maior causa de mortes no mundo. Tem grande impacto socioeconômico → o paciente que exacerba tem internação. A DPOC é fator de risco independente para doenças cardiovasculares. A prevalência da DPOC no brasil, segundo o estudo PLATINO, que avaliou pacientes > 40 anos, resultou em 15,8%. FATORES DE RISCO E PROGRESSÃO AMBIENTAIS: • Tabagismo • Poluição • Metalúrgicos • Infecções • Nível socioeconômico GENÉTICOS: • Deficiência de alfa-1-antitripsina • Mulheres • Idosos • Prematuridade • Asma (12x mais risco de desenvolver DPOC) Habitualmente, a doença decorre da interação de fatores ambientais e fatores genéticos. O tabagismo é o maior fator de risco, principalmente quando a carga tabagica do paciente é de 20 maços/ano. Pacientes em contato com a queima de biomassa, infecções recorrentes e o baixo nível socioeconômico são contribuintes. Quando aos fatores genéticos, a deficiência de alfa-1-antitripsina é geralmente mais associada a pacientes que tem a DPOC precocemente (<45 anos), enfisematosos com predominância em bases (sabendo que o enfisema é mais associado as regiões apicais), com associação em cirrose hepática... Ademais, mulheres, idosos, prematuros e pacientes com histórico de asma, apresentam maior risco de desenvolvimento de DPOC. QUADRO CLÍNICO Quadro crônico de: • Tosse • Expectoração • Dispneia progressiva • Redução de atividades O paciente pode muitas vezes atribuir o cansaço a idade ou ao sedentarismo → perguntar com cautela a atitude dos pacientes aos esforços. EXAME FÍSICO Tem baixa sensibilidade e especificidade, porém alguns dados podem trazer uma ajuda: • Fase expiratória prolongada • Tórax em tonel • MV e cardíaco reduzidos • Roncos e sibilos em ausculta • Sinais de esforço respiratório (respiração com serragem nos lábios, uso de DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) 2 musculatura acessória, batimento da asa do nariz, cianose...) • Sinais de cor pulmonale (alteração de câmaras cardíacas direitas em decorrência de doença pulmonar, hipoxemia grave, edema de membros inferiores, turgência jugular, hepatomegalia...) DIAGNÓSTICO História clínica + Exposição compatível + VEF1/CVF < 0,7 Deve ser realizada a espirometria e a relação VEF1/CVF pós-broncodilatador deve ser < 0,70. A espirometria apresenta uma alça expiratória prolongada → devido à demora de expiração do paciente pela sua obstrução. EXAMES COMPLEMENTARES Os exames de imagem não são geralmente utilizados coma finalidade de realizar o diagnóstico de DPOC, mas sim de exclusão de outras hipóteses diagnósticas. • Radiografia de tórax PA e perfil: Em casos iniciais, a RX de tórax pode ser completamente normal, mas pode se apresentar em formas mais graves com sinais de hiperinsuflação pulmonar, aumento de espaços intercostais, aumento do espaço retroesternal, retificação do diafragma, afilamento do mediastino, redução da vasculatura pulmonar... • Tomografia de tórax: Pode apresentar o brônquio espessado, destruição de espaços alveolares (alterações de densidade) • Hemograma → hematócrito (aumentos acima de 55% para hipoxêmicos crônicos); eosinófilos > de 300 em sangue periférico sugere melhor resposta ao tratamento ao C.I. • Gasometria arterial → realizar em pacientes com saturação periférica igual ou < 92% • Alfa-1-Antitripsina → em DPOC precoce, doença hepática associada, enfisema em base... • Ecocardiograma → em pacientes com cor pulmonale. • Exame de escarro → para pacientes com infecções de repetição, para identificar o agente etiológico. AVALIAÇÃO DO PACIENTE É importante lembrar que esses pacientes são geralmente associados a comorbidades → associadas ao tabagismo ou a própria DPOC • Comorbidades → muitos apresentam DAC, IC, transtornos de ansiedade. • Dispneia (mMRC) • Exacerbações → nos últimos 12 meses • Gravidade (VEF1) A avaliação desses pontos ajuda em uma classificação final e na escolha do tratamento do paciente com DPOC. CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE A classificação da gravidade é feita com base no VEF1 pós broncodilatador da espirometria. O paciente pode ser GOLD (1 a 4). CLASSIFICAÇÃO DA DISPNEIA - MMRC O grau da dispneia é dito pelo paciente e nessa classificação é utilizada a escala de mMRC. 3 CAT SCORE A escala de CAT ajuda a medir o impacto que a DPOC tem no dia a dia do paciente. CLASSIFICAÇÃO DE SINTOMAS E EXACERBAÇÕES Com base na junção das avaliações e histórias de exacerbações nos últimos 12 meses, é possível colocar o paciente em uma classe e definir o manejo adequado. Segundo o GOLD-2023, a classificação é a seguinte: A. O paciente que se apresenta como pouco sintomático (mMRC de 0-1 ou CAT <10) será classificado como A se não tiver exacerbações. B. O paciente que se apresenta como muito sintomático (mMRC > 2 ou CAT >10) será classificado como B se não tiver exacerbações. E. Independente do grau de sintomas do paciente, se ele tiver apresentado pelo menos uma exacerbação nos últimos 12 meses, será considerado E, e receberá um tratamento mais potente. Essa classificação ajuda no tratamento específico e precoce do paciente. ABORDAGEM DA DPOC 1. Diagnóstico confirmado por espirometria → VEF1/CVF < 0,7. 2. Classificação da gravidade GOLD → em GOLD 1, 2, 3 ou 4. 3. Avaliação dos sintomas para classificação → CAT ou mMRC + risco de exacerbação. 4. Classificação da DPOC em A, B ou E. PATOGÊNESE DA DPOC A DPOC decorre de uma inflamação crônica em vias aéreas, parênquima e vasculatura pulmonar. Há ativação de macrófagos, linfócitos T(CD8) e neutrófilos → produção de leucotrienos B4, IL-8, TNF → ocorre então uma lesão de estruturas pulmonares e sustentam a inflamação neutrofílica. Assim, a fisiopatologia decorre de: Inflamação + desequilíbrio entre proteinases e antiproteinases + estresse oxidativo FISIOPATOLOGIA DA DPOC • Ocorre uma obstrução de vias aéreas por hipersecreção/ obstrução de pequenas vias aéreas. • Destruição do parênquima. • Anomalias vasculares pulmonares (espessamento dos vasos). Os fenômenos culminam em: hipoxemia/hipercapnia → hipertensão pulmonar → cor pulmonale. OBJETIVO DO TRATAMENTO REDUZIR SINTOMAS: • Aliviar sintomas • Melhorar tolerância ao esforço 4 • Melhorar estado de saúde REDUZIR O RISCO: • Prevenir a progressão • Prevenir e tratar exacerbações • Reduzir mortalidade TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO • Educação → o que é DPOC. Com usar os dispositivos inalatórios. • Atividade física → em DPOC mais leve. • Reabilitação pulmonar → em DPOC mais grave (B e E). • Vacinação → influenza, pneumococo, covid e bordetella pertussis • Cessar tabagismo • Oxigenoterapia (em pacientes hipoxêmicos) Em que pacientes dar a oxigenoterapia: PaO2 igual ou < 55mmHg ou saturaçãoigual ou < 88% Ou PaO2 55-59 mmHg + cor pulmonale, DC direita ou Policitemia (hematócrito > 55%) O alvo da terapia é atingir um percentual de SpO2 de 88-92%. Esses pacientes necessitam de um uso mínimo de 15h/dia. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO – GRUPO A Um broncodilatador → podendo ser de curta ou longa duração. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO – GRUPO B Paciente mais sintomático → uso de dupla broncodilatação, com B2-agonista de longa duração + antimuscarínico de longa duração. LABA + LAMA O ideal é que seja em um ÚNICO dispositivo inalatório. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO – GRUPO E Paciente com exacerbação → dupla broncodilatação (em mesmo dispositivo). LABA + LAMA Se paciente com eosinófilos > 300 células/L ou asma pode ser adicionado o corticoide inalatório: LABA + LAMA + CI QUAL O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DE ESCOLHA NA DPOC? Os broncodilatadores são a escolha, logo, o paciente só fará o uso de C.I na exacerbação com muito eosinófilo ou diagnóstico concomitante de asma. SEGUIMENTO NA EXACERBAÇÃO Paciente utilizando a dupla broncodilatação: • Tem eosinófilos >300 e/ou diagnóstico de asma → adiciono C.I. • Continua exacerbando → adiciono C.I se eosinófilos > 100. • Continua exacerbando e eosinófilos <100 → ROFLUMILASTE é uma opção → no padrão mais Bronquítico, com FEV1 <50%. • Pacientes em uso de LABA + LAMA + CI que são ex-tabagistas → adicionar a AZITROMICINA. 5 O QUE SÃO EXACERBAÇÕES Eventos agudos em que ocorrem mudanças nos sintomas habituais do paciente (dispneia, tosse e/ou expectoração). Isso justifica alterações na medicação atual do paciente, atendimento em OS e/ou internação. A principal causa de exacerbações são através de vias infecciosas (viral/bacteriana) → S. pneumoniae, H. influenzae, Moraxella catarrhalis... Geralmente o tratamento farmacológico é constituído de: 1. Broncodilatador → B2 agonista de curta duração com ou sem anticolinérgico de curta duração. 2. Glicocorticoide sistêmico → reduzem o tempo de recuperação da função pulmonar, melhoram a oxigenação e diminuem a falha terapêutica. 3. Antibióticos → para tratar o agente etiológico causador da infecção. 4. Suporte respiratório → na tentativa de manter a saturação do paciente entre 88- 92%.