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CBI of Miami 1 CBI of Miami 2 DIREITOS AUTORAIS Esse material está protegido por leis de direitos autorais. Todos os direitos sobre o mesmo estão reservados. Você não tem permissão para vender, distribuir gratuitamente, ou copiar e reproduzir integral ou parcialmente esse conteúdo em sites, blogs, jornais ou quaisquer veículos de distribuição e mídia. Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeito a ações legais. CBI of Miami 3 Fundamentação Teórica do Conceito de “Inteligência” Paulo Liberalesso Inteligência é um termo que, embora de uso frequente e rotineiro, é de difícil conceituação. Poderíamos compreendê-la como um conjunto de todas as habilidades intelectuais de um indivíduo que permitem a este raciocinar, planejar, analisar, resolver situações e problemas, compreender, abstrair e, fundamentalmente, aprender. Talvez o termo “aprender” seja um dos pontos mais marcantes quando pensamos em conceituar a “inteligência”, uma vez que a capacidade de “aprender” torna o ser humano um animal absolutamente distinto dos demais. Assim, poderíamos entender que a “inteligência” é uma das principais distinções entre seres humanos, primatas não humanos e os demais animais. Há quase dois séculos o homem tenta transformar este conceito bastante abstrato em algo numérico que possa ser medido, aferido e analisado de forma métrica. Nesse contexto, surge em meados do século XIX um pedagogo e psicólogo, de origem francesa, chamado Alfred Binet, que entraria para a história da neurociência por sua enorme contribuição no campo da psicometria. Binet é considerado o criador do primeiro teste formal para avaliar a inteligência, motivado pela necessidade de avaliar estudantes franceses com baixo rendimento escolar e acadêmico. Os anos de 1885 e 1887 foram determinantes para a vida e para a carreira de Alfred Binet, pois representam os anos de nascimento de suas duas filhas, Madeleine e Alice, respectivamente. O nascimento das meninas despertaria em Binet definitivamente o interesse pela psicologia infantil em seus aspectos educacionais e comportamentais. A evolução da sociedade, da cultura e da tecnologia apresentou grande impacto sobre as transformações no conceito de inteligência e, consequentemente, na compreensão do transtorno do desenvolvimento intelectual. Contudo, os princípios fundamentais norteados pelo conceito de “coeficiente de inteligência” seguem válidos até os dias atuais. Na história recente, uma das principais contribuições no campo do estudo da inteligência foi-nos oferecida pelo psicólogo americano Howard CBI of Miami 4 Gardner, o qual afirmou a existência de múltiplas inteligências, em um conceito muito mais pluralista do que o vigente até o final do século passado. Segundo Gardner, poderíamos considerar a existência das seguintes modalidades de inteligência: inteligência lógica / matemática, inteligência verbal / linguística, inteligência visual/espacial, inteligência corporal (motora ou cinestésica), inteligência interpessoal, inteligência intrapessoal, inteligência musical, inteligência naturalística e inteligência existencialista. Outra contribuição relevante neste campo foi oferecida por Daniel Goleman e colaboradores ao desenvolverem o conceito de inteligência emocional, colocando-a no mesmo patamar de importância da inteligência conceitual. Psicólogo, jornalista e escritor, Goleman é considerado uma referência no tema atualmente. Estudiosos da área percebem uma sobreposição entre o conceito de inteligência emocional e as inteligências intrapessoal e interpessoal previamente definidas por Gardner. Correndo o risco de sermos excessivamente simplistas, para as rotinas da prática clínica diária, poderíamos considerar como as três mais importantes modalidades de inteligência: • Inteligência conceitual ou acadêmica: capacidade de resolver problemas intelectuais e está consistentemente relacionada à capacidade de utilizar a linguagem. Inclui a noção de coeficiente de inteligência e competências escolares. • Inteligência prática: capacidade de manejar aspectos físicos da vida. Inclui as habilidades necessárias para o desenvolvimento das atividades de vida diária e de autocuidados. • Inteligência social: capacidade de entender e lidar de forma adequada com situações sociais. Inclui noções de modulação de comportamento social de forma adequada. Deixo, por fim, um ponto para nossa reflexão: “Os testes psicométricos atuais são satisfatoriamente confiáveis, no que diz respeito a aferição da inteligência conceitual ou acadêmica em populações específicas como crianças não verbais com transtorno do espectro autista? Ou precisaríamos desenvolver testes psicométricos específicos para populações específicas...”.
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