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1 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA 2 Marcelo Guimarães Silva Doutor em Engenharia Mecânica e Ciência pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2016). Mestre em Engenharia Mecânica e Ciência pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2012). Graduado em Educação Física pela Escola Superior de Educação Física de Cruzeiro (2003). Atualmente faz Pós-Doutorado em Engenharia Mecânica e Ciências pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. É membro da Sociedade Brasileira de Biomecânica e membro titular do comitê de Ética e Pesquisa. PRÁTICA PEDAGÓGICA DESPORTIVA: ESPORTES COLETIVOS I 1ª edição Ipatinga – MG 2021 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva Bruna Luiza Mendes Leite Carla Jordânia G. de Souza Guilherme Prado Salles Rubens Henrique L. de Oliveira Design: Brayan Lazarino Santos Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Luiza Filgueiras Taisser Gustavo de Soares Duarte © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br 4 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos.Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científicos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 5 SUMÁRIO O PROCESSO EVOLUTIVO DA PRÁTICA DO HANDEBOL.......................... 7 1.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................7 1.2 O PROCESSO DE CRIAÇÃO E A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO HANDEBOL......... 7 1.3 HANDEBOL COMO EXPRESSÃO DA CULTURA CORPORAL DO MOVIMENTO . 10 1.4 PANORAMA SOBRE A PRÁTICA DO HANDEBOL NO BRASIL E NO MUNDO .... 13 FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................... 18 FUNDAMENTOS TÉCNICOS DO HANDEBOL ........................................... 23 2.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 23 2.2 A IMPORTÂNCIA DO GESTO TÉCNICO APLICADO AO HANDEBOL ................ 24 2.3 OS FUNDAMENTOS TÉCNICOS UTILIZADOS NO HANDEBOL ............................ 25 2.4 HABILIDADES TÉCNICAS ESPECIFICAS DOS JOGADORES DE LINHA E DO GOLEIRO............................................................................................................. 26 FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................... 36 SISTEMAS DE JOGO NO HANDEBOL....................................................... 42 3.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 42 3.2 OS FUNDAMENTOS TÁTICOS DO HANDEBOL.................................................... 43 3.3 AS TÉCNICAS DE ATAQUE E DEFESA NO HANDEBOL ....................................... 45 3.4 ESQUEMAS TÁTICOS OFENSIVOS E DEFENSIVOS NO HANDEBOL.................... 52 3.5 SISTEMAS TÁTICOS DO HANDEBOL ................................................................... 54 3.5.1 Sistemas Ofensivos.......................................................................... 54 3.5.2 Sistemas Defensivos ....................................................................... 55 FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................... 58 A PEDAGOGIA DO HANDEBOL .............................................................. 64 4.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 64 4.2 AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DESPORTIVAS APLICADAS AO ENSINO DO HANDEBOL.......................................................................................................... 64 4.3 OS JOGOS PRÉ-DESPORTIVOS E GRANDES JOGOS COMO FERRAMENTA DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NO HANDEBOL ..................................... 68 4.4 O HANDEBOL E SEUS ASPECTOS SOCIAIS, DE INCLUSÃO E PARTICIPAÇÃO .. 73 FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................... 78 REGULAMENTAÇÃO E ARBITRAGEM NO HANDEBOL ............................ 83 5.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 83 5.2 AS PRINCIPAIS REGRAS DO HANDEBOL............................................................ 84 5.3 A ARBITRAGEM NO HANDEBOL......................................................................... 92 5.4 A SÚMULA DE JOGO NO HANDEBOL................................................................ 96 FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................. 102 O HANDEBOL ENQUANTO PRÁTICA ESPORTIVA DE ALTO RENDIMENTO ............................................................................................................... 107 6.1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 107 6.2 PREPARAÇÃO TÉCNICA, TÁTICA, PSICOLÓGICA E FÍSICA NO HANDEBOL . 107 6.3 A ORGANIZAÇÃO, O CONTROLE E A AVALIAÇÃO DE EQUIPES DE HANDEBOL .......................................................................................................................... 113 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 UNIDADE 05 UNIDADE 06 6 6.4 ANÁLISE DE DESEMPENHO NO HANDEBOL..................................................... 115 FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................. 120 INTRODUÇÃO AO BASQUETEBOL ........................................................ 124 7.1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 124 7.2 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO BASQUETEBOL ................................................. 125 7.3 CARACTERIZAÇÃO DOS JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS ........................... 131 7.4 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO BASQUETEBOL ...................................... 135 FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................. 139 METODOLOGIA DO ENSINO DO BASQUETEBOL ................................. 144 8.1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 144 8.2 PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM ESPORTIVA..................................... 144 8.3 PRINCÍPIOS E NOÇÕES DE PROGRESSÕES DE APRENDIZAGEM .................... 147 8.4 CARACTERIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DOS EXERCÍCIOS E TAREFAS............. 148 8.5 ABORDAGENS PEDAGÓGICAS DO ENSINO DO BASQUETEBOL.................... 151 FIXANDO O CONTEÚDO..................................................................................157 FUNDAMENTOS BÁSICOS E SISTEMAS OFENSIVOS E DEFENSIVOS DO BASQUETEBOL ................................................................................................. ............................................................................................................... 163 9.1 FUNDAMENTOS TÉCNICOS DO BASQUETEBOL ............................................... 163 9.2 SISTEMAS BÁSICOS DE DEFESA E DE ATAQUE NO BASQUETEBOL.................. 169 FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................................................... 176 REGULAMENTAÇÃO BÁSICA DO BASQUETEBOL: NOÇÕES DAS REGRAS BÁSICAS E ARBITRAGEM DO JOGO DE BASQUETEBOL ....................... 182 10.1 NOÇÕES DAS REGRAS BÁSICAS E ARBITRAGEM DO JOGO DE BASQUETEBOL .......................................................................................................................... 182 FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................................................... 204 O BASQUETEBOL ADAPTADO .............................................................. 211 11.1 O BASQUETEBOL COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO SOCIAL ....................... 211 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 215 O BASQUETEBOL ENQUANTO PRÁTICA ESPORTIVA DE ALTO RENDIMENTO......................................................................................... 220 12.1 PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E PSICOLÓGICA NO BASQUETEBOL .......................................................................................................................... 220 12.2 A ORGANIZAÇÃO, O CONTROLE E A AVALIAÇÃO DE EQUIPES DE BASQUETEBOL................................................................................................... 225 12.3 ANÁLISE DE DESEMPENHO NO BASQUETEBOL................................................ 230 FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................. 236 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................. 242 REFERÊNCIAS......................................................................................... 244 UNIDADE 07 UNIDADE 08 UNIDADE 09 UNIDADE 10 UNIDADE 11 UNIDADE 12 7 O PROCESSO EVOLUTIVO DA PRÁTICA DO HANDEBOL 1.1 INTRODUÇÃO O esporte é considerado um fenômeno sociocultural que movimenta algo que vai muito mais além do que a prática de alguma modalidade em si, uma vez que é capaz de trazer consigo algo que é inerente ao ser humano: as emoções que envolvem o jogo nos mais diferentes âmbitos, seja no lazer, educacional ou mesmo de rendimento. Nesse contexto, encontra-se uma das modalidades mais competitivas que se conhece quando se fala em prática desportiva, os esportes coletivos, como exemplo, o handebol. Particularmente, no Brasil, embora ainda sofra com a não valorização dos veículos de comunicação (exemplo: transmissão de jogos pela televisão aberta) e estando ainda um pouco longe da popularidade do vôlei e do basquete, é a segunda modalidade mais praticada nas escolas brasileiras, atrás somente do futsal. E além do mais, é notório seu crescimento quando comparado há décadas atrás. O handebol pode ser considerado uma prática esportiva que aos poucos vêm ganhando espaço em nosso país, sobretudo a sua já reconhecida expansão mundial, tanto entre os homens quanto entre as mulheres, o handebol traz interessantes desafios em sua prática e pode ser desenvolvido com diferentes fins, do pedagógico ao competitivo. É importante destacar em relação a sua origem e evolução que embora praticado com as mãos, é considerado uma modalidade esportiva revolucionária de certa maneira, pois apresentou uma nova maneira de fazer o gol, ou seja alcançar a meta adversária, por meio de aspectos similares ao futebol/futsal e ao basquetebol, ambos modalidades consideradas “esportes de invasão” porém com a dinâmica de jogo desenvolvida a partir das especificidades que carregam a modalidade desde a sua concepção e consolidação em cenário nacional e mundial. 1.2 O PROCESSO DE CRIAÇÃO E A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO HANDEBOL UNIDADE 01 8 Embora existam diferentes visões a respeito do início/origem do handebol, assim como outras modalidades esportivas, existem muitas sugestões divergentes acerca do surgimento do handebol, entretanto, pode-se entender que o handebol surgiu a partir da modificação de outros jogos disputados com as mãos em contato com a bola. Para Almeida e Dechechi (2012) o handebol pode ser descrito como um jogo coletivo, jogado com as mãos, cujo objetivo é marcar mais gols que o adversário. De forma global, podemos considerar o handebol um tanto quanto parecido com o futebol, mais precisamente o futsal, por serem modalidades desenvolvidas em quadras, com a diferença obvia que o handebol é jogado com as mãos e, por isso, recebe este nome em inglês (handball): hand = mão e ball = bola. Em relação a sua criação, os primeiros relatos ocorreram na Grécia Antiga (600 a.C.), em que um jogo conhecido como “Urania”, descrito por Homero na Odisseia, era praticado com uma bola do tamanho de uma maçã, com as mãos e sem balizas. E ainda, o médico Claudius Galenus relatou que em Roma (130-200 d.C.) se praticava um jogo com as mãos denominado Harpaston (ALMEIDA; DECHECHI, 2012). Na Idade Média também temos exemplos de jogos de bola com as mãos, como o Fangballspiel (jogo de pegar a bola), que aparece nos versos do poeta lírico alemão Walther von der Vogelweide, entre os anos 1170 e 1230. Um fato histórico interessante acerca da prática do handebol, ocorreu na França (1494-1533), onde o escritor Rabelais citou o Esprés Jouaiant à Balle, à la Paume. No final do século XVIII, os inuítes da Groenlândia jogavam um jogo similar ao handebol, conforme descreve Tenroler (2004). Até chegar-se ao formato que conhecemos atualmente, o handebol passou ainda por algumas transformações, sendo reconhecido em toda Europa já no formato mais atualizado, inicialmente na Áustria e na Suíça e, depois, na Alemanha, onde se tornou oficial em 1920, após sua introdução feita por Karl Schellenz, em 1915. De acordo com Almeida e Dechechi (2012), a prática do handebol de campo pode ser considerada como a primeira manifestação da prática do handebol, e que foi oficializada pouco tempo depois, tornando-se popular graças aos professores alemães de ginástica que utilizavam o jogo como alternativa para o futebol, principalmente para as mulheres. Essa modalidade era disputada por onze jogadores em cada equipe, em um campo com dimensões semelhantes às do futebol. O professor Schellenz, além de oficializar a modalidade, foi também responsável por 9 divulgar o handebol de campo, uma vez que havia muitos estrangeiros que praticavam, e estes consequentemente, difundiram suas regras por diversos países, conforme destaca (ALMEIDA; DECHECHI, 2012). Porém, o handebol de campo se estabeleceu completamente quando Carl Diem, diretor da Escola Superior de Educação Física Alemã, reconheceu oficialmente o jogo como esporte, em 1920. Em 1925, foi disputada a primeira partida internacional de handebol, entre Alemanha e Áustria, vencida pelos austríacos por 6 a 3 (CONFEDERAÇÃO INTERNACIONAL DO HANDEBOLL, 2010). A partir de 1927, as regras alemãs foram consideradas, então, as oficiais a serem aplicadas ao redor do mundo, além de ter sido solicitada a inclusão do esporte no programa olímpico, o que se deu em 1934, por meio do Comitê Olímpico Internacional – COI (TENROLER, 2004). Já em 1936, o handebol alcançou um dos momentos mais marcantes de sua trajetória histórica, quando tornou-se de fato uma das modalidades esportivas presentes nas Olimpíadas de Berlim. Vale destacar que ainda naquele período, a modalidade era praticada em campos, porém, em 1938, também na Alemanha, foi disputado o primeiro campeonato mundial, tanto no campo quanto no salão (quadra). E em 1946, criou-se a Federação Internacional de Handebol– IHF (em inglês), cuja sede atual está localizada na Suíça. Em adição, uma outra modalidade do handebol, o de quadra, originado do Haandbold dinamarquês, como é praticado atualmente, começou a ganhar muitos adeptos desde então, devido a duas razões principais: a primeira, pelas condições climáticas dos países escandinavos, e a segunda, por ser mais veloz e não concorrer pelo espaço do campo com o futebol. Entretanto, conforme detalha Almeida e Dechechi (2012) sua prática ficou limitada aos países escandinavos, devido ao inverno rigoroso, tinham que buscar algo para exercitarem-se mesmo nesses períodos, e então o handebol surgiu como uma excelente alternativa. Vale destacar acerca das regras que estas foram unificadas e internacionalizadas somente em 1934, a partir do Congresso da FIHA, em Estocolmo, Suécia. Aos poucos, de acordo com Almeida e Dechechi (2012), passou-se a praticar o handebol apenas no salão/quadra, possivelmente, devido ao clima do inverno europeu rigoroso, em que manteve-se o campo para a prática do futebol, e as quadras, pelas características do piso serem mais adequadas à prática do handebol, sobretudo pelo quicar da bola, e a velocidade necessária para o desenvolvimento 10 das partidas. E isso corroborou para que de fato, em 1966, suspendeu-se a realização de campeonatos de campo, mantendo-se somente a prática em quadras, e após um período sem participações nas Olimpíadas, o handebol voltou a ser uma das modalidades presentes nos Jogos Olímpicos de Montreal (1976), com regras reformuladas e partidas disputadas apenas em quadra (FRANKE, 2018; TENROLER, 2004). 1.3 HANDEBOL COMO EXPRESSÃO DA CULTURA CORPORAL DO MOVIMENTO A cultura corporal do movimento é entendida como uma maneira de produzir, reproduzir e criar a cultura de um povo por meio dos movimentos corporais, podendo ser apresentadas com diversas roupagens e formas. Assim, as práticas corporais são apresentadas como fenômeno de estudo e como formas de expressão (BRASIL, 1998): [...] Dentro desse universo de produções da cultura corporal de movimento, algumas foram incorporadas pela Educação Física como objetos de ação e reflexão: os jogos e brincadeiras, os esportes, as danças, as ginásticas e as lutas, que têm em comum a representação corporal de diversos aspectos da cultura humana. São atividades que ressignificam a cultura corporal humana e o fazem utilizando ora uma intenção mais próxima do caráter lúdico, ora mais próxima do pragmatismo e da objetividade. De fato, o ser humano sempre produziu cultura; sua história é uma história de cultura, conforme é mencionado nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs (BRASIL, 1998). Neste sentido, é de esperar-se que a cultura esteja associado a um conjunto de fazeres com sentido, significado e relevância, no qual a cultura é constantemente transformada de acordo com o contexto. Portanto, cultura pode ser definida como o produto da sociedade, da coletividade a qual o indivíduo pertence. E ainda de acordo com os PCNs (1998), cabe ao homem transformar-se a partir de suas relações sociais buscando adaptar-se em condições/situações diferentes. E por 11 fim, o documento traz uma importante contextualização, a qual está associada à fragilidade de recursos biológicos encontradas na antiguidade, o que mostrou a necessidade de reinventar-se, cujo contexto histórico nos apresenta um “homem” que buscava constantemente novos recursos para suprir as insuficiências do período, por meio de diferentes aspectos, dentre os quais: a busca por uma maior eficiência na execução dos movimentos, uma melhor amplitude e domínio do uso de espaço, além de aperfeiçoamento relacionado às tecnologias de caça, pesca e agricultura, seja por razões religiosas, comemorativas ou lúdicas. Nota-se, que todo essa transformação que vem ocorrendo desde o início dos tempos está em constante evolução, assim como a humanidade em geral, deixando claro que essas em representações podem, de fato, serem chamadas de cultura corporal do movimento. A partir deste contexto, entender o handebol como modalidade esportiva coletiva que cresce e tem se tornado referência em diferentes cenários, torna-se fundamental, sobretudo por tratar-se de uma prática dinâmica, capaz de desenvolver vários aspectos sociais, cognitivos e motores, tais, como cooperação, sociabilização e inclusão, lateralidade, agilidade e flexibilidade, além de habilidades como correr, saltar e arremessar, conforme descreve Gallati (2004), e que representam a cultura corporal do movimento, conforme pode ser visto pela evolução ocorrida na modalidade ao longo dos tempos. É importante também pensarmos no handebol e suas possibilidades, inseridas no contexto sócio-cultural esportivo, tendo em vista sua representatividade alcançada no ambiente educacional. Tendo em vista que o fenômeno “esporte” está esporte presente na vida dos indivíduos, este deve ser trabalhado nos conteúdos curriculares, haja vista sua enorme contribuição para a formação do indivíduo, preparando-o para a sociedade, e que tem na Educação Física Escolar, um dos melhores mecanismos de fazê-lo de forma real, transformadora e significativa. Assim, a sua presença na escola tem como objetivo a formação do cidadão para atuação direta na sociedade, assim como outras modalidades esportivas, jogos, brincadeiras, entre outros possuem um papel significativo dentro deste contexto (GALLATI, 2010; PAES, 2002). 12 De acordo com Galatti et al. (2010), os esportes coletivos possuem diversas características importantes que devem ser exploradas pelo professor dentro do contexto das aulas, que resgatem diversos valores diretamente conectados à formação do cidadão de forma integral. Reforça-se a ideia de complementaridade, de agregar-se às atividades práticas propostas pelo professor de Educação Física, por meio de um vasto material associado as questões técnicas, táticas, de regras, e valores morais que não se restringem somente a sala de aula. Uma maior organização no processo de ensino e aprendizagem destas modalidades, faz-se necessário, dando a estas um caráter pedagógico mais direcionado ao que deve ser tratado como formal, usufruindo da prática em todas as suas possibilidades. Desta forma, é possível estender sua presença na escola, visando ampliar aspectos relacionados ao lado afetivo, psicomotor e cognitivo dos alunos (GALATTI et al., 2010). Neste sentido, cabe ao professor de educação física buscar uma prática pedagógica pautada na cultura corporal do movimento, assim como descreve Daolio (2004), que, além da ludicidade e das diferentes experiências motoras, possibilite a construção de valores como cooperação, integração, respeito aos adversários, favorecendo a análise e a construção crítica do conhecimento, buscando atender as necessidade e expectativas do grupo, e a ferramenta handebol apresenta de fato, os requisitos necessários para que este desenvolvimento ocorra da forma mais eficaz o quanto possível. Para explicar seu raciocínio com relação à ressignificação do conceito de cultura na Educação Física a partir do início dos anos de 1980, Daolio (2004, p. 41) afirma que: A discussão de cultura estaria libertando a educação física dos chamados elementos da ordem, a subjetividade, o indivíduo e a história, para permitir sua transformação em elementos de desordem, a intersubjetividade, a individualidade e a historicidade. 13 Enfim, a cultura corporal tem a intenção de ser socialmente compartilhada, como uma prática ativa e valorizada pela sociedade; assim, figura-se como um objeto de estudo e apreciação. Tendo em vista que a cultura corporal pode ser entendida como um amplo espectro de conhecimento, como ginástica, condicionamento físico para a saúde, motricidade, esporte e manifestações corporais tradicionais, é mais do que evidente a compreensão do handebol como uma das possibilidades de modalidades esportivas coletivas que podem explorar de forma positiva esse aspecto. 1.4 PANORAMA SOBRE A PRÁTICADO HANDEBOL NO BRASIL E NO MUNDO De fato o handebol enquanto jogo desportivo propriamente dito, com todas as especificações que conhecemos, passou por várias modificações, a destacar que passou de uma prática inicial realizada em campo para o que é praticado atualmente, em quadra. O handebol de campo foi a primeira forma da modalidade a ser oficializada e tornou-se popular graças aos professores alemães de ginástica que utilizavam o jogo como alternativa para o futebol, principalmente para as mulheres. Max Heiser desenvolvia um jogo ao ar livre para as operárias da fábrica Siemens, que era derivado do Torball, sendo que, em 1917, elaborou as primeiras regras oficiais do handebol para mulheres. Em 1919, Karl Schellenz reformulou as regras para os homens, publicando-as pela Federação Alemã de Ginástica conforme descreve (FRANKE, 2018). No que tange o handebol, enquanto modalidade esportiva mundialmente reconhecida, um dos aspectos considerados fundamentais para esse “status”, de acordo com Souza (2012), foi a sua inclusão pelo COI – Comitê Olímpico Internacional, como modalidade integrante do quadro de modalidades esportivas 14 olímpicas, fato que ocorreu em 1936, nos Jogos Olímpicos de Berlim. Naquela edição das Olimpíadas, a modalidade ainda exclusiva para os homens, foi representada por apenas seis países, os quais participaram do torneio, tendo a Alemanha conquistado a medalha de ouro ao vencer a Áustria por 10 a 6 na final, partida esta que foi disputada no Olympia Stadium diante de um público de 100 mil pessoas. Como fato histórico, é importante ressaltar que durante a competição, a Federação Internacional de Handebol (FIHA) realizou um congresso que reuniu quarenta representantes de nações filiadas no intuito de discutir o futuro da modalidade e sua expansão a outros países ao redor mundo (INTERNATIONAL HANDBALL FEDERATION, 2010). Por outro lado, a estreia do handebol de quadra em jogos olímpicos aconteceu, de fato, em 1972, na cidade de Munique, Alemanha, com o handebol masculino, e em 1976, na cidade de Montreal, Canadá, o handebol feminino (FERREIRA [s.d.] apud FRANKE, 2018). Por essa razão, podemos considerar que o handebol é uma modalidade esportiva que se espalhou pelo mundo e atualmente existem diversas competições que ocorrem a nível nacional e internacional, dentre as quais merecem destaque o Campeonato Mundial de Handebol nas categorias feminina e masculina. Outro aspecto importante a destacar é a fundação, em 1999, da IHFA – International Handball Federation (em inglês), com sede na Basileia, Suíça, foi fundada em 11 de julho de 1946. Esse órgão é responsável pelo esporte a nível mundial, e de acordo com os números recentes, é praticado em mais de 180 países do mundo. No Brasil, apesar de ser uma modalidade que não possui o mesmo reconhecimento se comparado à outras modalidades esportivas de quadra, percebe-se um crescimento da modalidade, principalmente no meio escolar, ocupando atualmente o segundo lugar na preferência dos estudantes (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOLL, 2018), embora a divulgação da modalidade ainda careça de maior espaço na mídia, haja vista encontra-se abaixo do voleibol, bem como do futebol, o que é considerado um fator complicador para que o crescimento seja mais significativo ainda. A história do handebol é considerada recente em nosso país, principalmente em comparação a outros esportes coletivos. Apesar disso, podemos perceber sua ascensão, com um aumento vertiginoso em relação à sua prática em escolas e clubes, além de sua consequente popularização na nossa sociedade (FRANKE, 15 2018). De acordo com Almeida e Dechechi (2012) a prática do handebol no Brasil teve início na década de 1930, devido a inúmeros imigrantes europeus, mais precisamente, alemães, que se estabeleceram nas regiões sul e sudeste do Brasil, os quais praticavam o handebol de campo. Um fato histórico marcante acerca do handebol o Brasil foi a fundação da Federação Paulista de Handebol (FPH) considerada pioneira da modalidade a ser instituída no país, em 1940, presidida na época por Otto Schemelling. É importante destacar que naquele período, jogava-se ainda o handebol de campo. Entretanto, em 1954, disputou-se o Primeiro Torneio Aberto de Handebol de Quadra no Brasil, organizado pela FPH – Federação Paulista de Handebol, sendo realizado no Esporte Clube Pinheiros. A modalidade agradou tanto os praticantes que a CBD, órgão que regia nacionalmente o desporto amador na época e foi precursor do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), criou o departamento de handebol, responsável pela organização de campeonatos em várias categorias no território nacional, conforme mantém-se até os dias atuais (Confederação Brasileira de Handebol, 2010) Por muitos anos, a prática do handebol limitou-se ao estado de São Paulo, até que um professor de origem francesa, chamado Augusto Listello, apresentou o esporte (durante um encontro internacional para profissionais da área na cidade de Santos) a outros professores que ministravam aulas em outros estados do Brasil, os quais, por sua vez, introduziram o esporte em suas respectivas escolas e estados (ALMEIDA; DECHECHI, 2012). De acordo com Tenroler (2004) e Franke (2018), outro importante acontecimento que auxiliou na promoção do handebol no Brasil consistiu na sua inclusão entre as modalidades que faziam parte dos Jogos Estudantis Brasileiros (JEB) e dos Jogos Universitários Brasileiros (JUB). Isso se deu no ano de 1971 por uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC), o que culminou em uma maior disseminação do handebol pelo país, com resultados positivos e títulos conquistados por diferentes estados. Almeida e Dechechi (2012) destacam que ainda na década de 1970, mais precisamente em 1979, foi fundada a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) o que deu à modalidade um caráter de maior profissionalismo e a condição de esporte, de fato, não estando restrita sua prática somente no âmbito 16 informal/amador. E então, em 1980, realizou-se na cidade de São Paulo, a primeira edição da Taça Brasil de Clubes. Em relação à participação da seleção brasileira em âmbito mundial, temos os Jogos Olímpicos, competição considerada a mais importante de todas, na qual o Brasil participou pela primeira vez em 1992 (Barcelona) com a seleção masculina e ficou na 12ª colocação. Um fato importante a destacar é que a vaga da seleção brasileira, e consequentemente sua participação nessa Olimpíada foi possível somente pelo fato da seleção cubana, dona da vaga pan-americana naquele momento, ter desistido de participar daquela edição dos Jogos. Em 1996, nas Olimpíadas de Atlanta, o Brasil disputou a competição sob a mesma condição de 1992 (a desistência de Cuba) e ficou com 11ª colocação. Nos Jogos Pan-americanos de Winnipeg, em 1999, o Brasil conquistou a medalha de prata com a seleção masculina e a medalha de ouro com a seleção feminina. Esse resultado garantiu à seleção brasileira feminina uma vaga para disputar sua primeira olimpíada, em Sydney, em 2000, a qual terminou em oitavo lugar (ALMEIDA; DECHECHI 2012). Portanto vemos que com o passar dos anos, o Brasil vem alcançando posições mais representativas no cenário mundial, embora muito aquém do que obtém os países europeus, onde se encontra a hegemonia da modalidade. No continente americano, todavia, o Brasil estabeleceu hegemonia graças à conquista da medalha de ouro com as seleções masculina e feminina no Pan de Santo Domingo, em 2003, repetindo-se o feito no Pan do Rio de Janeiro em 2007. No Campeonato Mundial Masculino Adulto, disputado em 2009 na Croácia, o Brasil ficou em 21º lugar. No feminino, o Brasil foi o 15º colocado no Mundial da China, também em 2009 (ALMEIDA; DECHECHI, 2012). Em 2010, o handebol brasileiro teve um momento de destaque no cenário mundial quando obteve excelentes resultados nos Jogos Olímpicos da Juventude em Singapura, conquistando a medalha de bronze no feminino e a quarta colocaçãono masculino (COB, 2010 apud ALMEIDA; DECHECHI, 2012). Em 2016, no Campeonato Pan-Americano, em Buenos Aires, o Brasil superou o Chile e conquistou o tricampeonato continental da modalidade. Em Olimpíadas, o melhor resultado do handebol masculino adulto foi o 7º lugar conquistado nas Olímpiadas disputadas no Rio de Janeiro (2016), além do 9º lugar obtido no último Mundial disputado na Alemanha/Dinamarca. No feminino, o melhor desempenho foi obtido nas Olímpiadas do Rio de Janeiro (2016) com o 5º lugar; e em mundiais, o 17 handebol feminino brasileiro alcançou a maior conquista em 2013 (Sérvia), onde sagrou-se campeã, conquistando o tão sonhado ouro inédito (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOLL, 2019). 18 FIXANDO O CONTEÚDO 1. A história do handebol é considerada recente em nosso país, principalmente em comparação a outros esportes coletivos. O handebol de quadra amplamente praticado, desde então, sofreu inúmeras contestações até a sua afirmação como modalidade esportiva de fato, destacando-se importantes fatos históricos, os quais foram marcantes para o reconhecimento da modalidade, como esporte formal, em nosso país. Neste sentido, assinale a alternativa que apresente um fato histórico que ajudou a alavancar a prática do handebol de quadra no Brasil. a) A organização do Primeiro Campeonato Brasileiro Juvenil de Handebol Masculino, feita pela CBD, no ano de 1979, na cidade do Rio de Janeiro. b) A fundação da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), ocorrida em fevereiro de 1974, na cidade de Porto Alegre. c) A participação pela primeira vez das seleções masculina e feminina do Brasil em Olimpíadas, ocorrida em Sidney (2000). d) Inclusão, no ano de 1971, do handebol como uma das modalidades que faziam parte dos Jogos Estudantis Brasileiros (JEB) e dos Jogos Universitários Brasileiros (JUB). e) A realização em 1949 do Primeiro Torneio Aberto de Handebol de quadra no Brasil, organizado pela FIHB e realizado no Esporte Clube Pinheiros. 2. Embora existam diferentes visões a respeito da origem do handebol, alguns pesquisadores consideram que a modalidade surgiu a partir da modificação de outros esportes ou jogos, remontando a muitos séculos passados, desde a criação da bola e de jogos de pontaria com as mãos. Neste sentido, assinale a alternativa que apresente alguns destes fatores preponderantes para a modificação do ambiente de jogo do handebol. a) Em virtude, possivelmente, do inverno americano rigoroso, e da preferência em utilizar o campo para a prática do críquete. b) Visando otimizar uma característica fundamental no jogo de handebol que pôde joser Realce joser Realce 19 ser otimizada na quadra – a velocidade, além da preferência em utilizar o campo para a prática do futebol. c) Em virtude, possivelmente do número de espectadores considerado reduzido quando as partidas eram realizadas no campo, além do inverno europeu rigoroso. d) Devido a uma intervenção da federação internacional de handebol que exigia que os esportes coletivos deveriam ser praticados em quadras, além de explorar uma das características fundamentais encontradas no handebol – a velocidade e a resistência. e) Visando alcançar um número maior de praticantes ao redor do mundo, sobretudo, na ásia, além de estimular a sua prática entre as crianças e adolescentes, pois as dimensões da quadra eram menores, se comparadas ao de um campo de jogo. 3. A origem do handebol é algo que gera algumas contradições, haja vista muitos consideram seu surgimento remontando a muitos séculos passados, a partir da modificação de outros esportes ou jogos, cujo objetivo era o manuseio da bola, com o objetivo de acertar um determinado alvo. Mesmo não se tratando do handebol enquanto prática esportiva, pode-se considerar este período como o princípio do que vemos desenvolvido atualmente na modalidade. Considerando a evolução histórica do handebol, avalie as afirmações a seguir. I. Para as mulheres, o jogo de handebol era utilizado como alternativa à prática do futebol. II. No final do século XV, os sulinos da Groenlândia jogavam um jogo similar ao handebol. III. O handebol, em 1934, torna-se, de fato uma das modalidades esportivas presentes nas Olimpíadas de Berlim, praticada por homens e mulheres. É correto o que se afirma somente em: a) I. b) III. c) I e II. d) II e III. e) I, II e III. joser Realce joser Realce 20 4. A cultura corporal do movimento é algo que deve ser desenvolvido não somente em ambiente escolar, como muitos pensam. Trata-se de uma maneira de produzir, reproduzir e criar a cultura de um povo por meio dos movimentos corporais, podendo ser apresentadas com diversas roupagens e formas. Neste sentido, pode ser representada por diferentes mecanismos, dentre os quais: o esporte, e neste caso específico, os coletivos, onde se encaixa o handebol como representante das práticas corporais, que apresentam como fenômeno de estudo e como formas de expressão, o movimento humano por meio dos esportes. Tendo por base a afirmação acima, é correto afirmar que: a) A cultura corporal do movimento está presente somente nas brincadeiras e jogos. b) O handebol é capaz de ressignificar a cultura corporal humana. c) Por meio dos esportes é difícil de trabalhar-se a cultura corporal do movimento. d) O handebol em sua prática formal representa a cultura corporal do movimento. e) A cultura corporal do movimento está indiretamente ligada às práticas corporais. 5. O handebol como modalidade esportiva coletiva deve ser entendido não apenas como uma modalidade esportiva, sobretudo no âmbito educacional, em que representam de forma evidente a cultura corporal do movimento, uma vez que o esporte está presente na vida dos indivíduos, nada mais significante ele estar inserido na escola, mais especificamente na disciplina Educação Física. Assim, a sua presença na escola tem como objetivo direto: a) Colaborar para a inserção dos cidadãos no mercado de trabalho, de forma direta, por meio da prática da modalidade. b) Orientar as escolas para receberem alunos-atletas, oferecendo-lhes o melhor mecanismo de preparação possível neste contexto. c) Formar os cidadãos para suas atuações diretas na sociedade, como seres ativos, participativos e transformadores do processo. d) Transformar vidas por meio da prática esportiva, e neste caso, o handebol enquanto lazer ou de rendimento seriam consideradas os eixos mais adequados de trabalho. e) Implementar conceitos acerca da aplicação do aprendizado desta modalidade joser Realce joser Realce 21 na vida em sociedade, sobretudo dos fundamentos técnicos e táticos. 6. Um dos episódios mais importantes na consolidação do handebol no Brasil foi a criação da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb). Em que ano isso ocorreu? a) 1973. b) 1980. c) 1982. d) 1979. e) 1970. 7. No contexto brasileiro, o handebol, apesar de ser uma modalidade que não possui o mesmo reconhecimento se comparado à outras modalidades esportivas de quadra, percebe-se um crescimento da modalidade, principalmente no meio escolar, ocupando atualmente o segundo lugar na preferência dos estudantes (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOLL, 2018), embora a divulgação da modalidade ainda careça de maior espaço na mídia, haja vista encontra-se abaixo do voleibol, bem como do futebol, o que é considerado um fator complicador para que o crescimento seja mais significativo ainda. Neste sentido, analise as assertivas a seguir, e assinale aquela que representa o fator preponderante para a inserção do handebol no contexto brasileiro? a) Competições de handebol em países vizinhos. b) A participação do Brasil em Jogos Para-Olímpicos. c) Redução dos praticantes de voleibol. d) Colonização de países escandinavos. e) Imigração alemã. 8. O handebol é considerado uma modalidade esportiva que se espalhou pelo mundo, sendo que vem crescendo ao longo dos anos no Brasil. Existem diversas competições que ocorrem a nível nacional e internacional, dentreas quais joser Realce joser Realce 22 merecem destaque o Campeonato Mundial de Handebol nas categorias feminina e masculina. O órgão responsável pela administração do handebol a nível mundial, é o: a) CbHb. b) IHFA. c) AHA. d) FIFA. e) IHF. joser Realce 23 FUNDAMENTOS TÉCNICOS DO HANDEBOL 2.1 INTRODUÇÃO Antes de falar sobre os fundamentos técnicos do handebol, é importante destacar a técnica, que de acordo com Almeida e Dechechi (2012) é o procedimento ou o seu conjunto, que têm como objetivo obter um determinado resultado, seja no campo da ciência, da tecnologia, das artes ou no esporte, como no caso do handebol, por exemplo. Vieira e Freitas (2007) descrevem a técnica no handebol como um elemento fundamental que viabiliza toda a concepção do jogo, e serve de apoio ao plano tático, uma vez que está apoiada nos fundamentos técnicos. Trata-se, neste sentido, da execução dos movimentos ou dos fundamentos técnicos do jogo, e depende de alguns aspectos importantes, a destacar: as capacidades físicas e as habilidades motoras gerais e específicas dos participantes, além dos aspectos cognitivos, muito utilizados nas tomadas de decisões e estratégias a serem adotadas da equipe. De fato, a fundamentação técnica também se baseia no processo de aprendizagem e desenvolvimento de algumas competências mínimas e específicas para o desempenho da modalidade, conforme descreve Abreu e Bergamaschi (2016), mostrando a importância do refinamento da técnica como elemento primordial para a execução otimizada do gesto técnico de cada jogador. É importante entender que os fundamentos técnicos de uma modalidade esportiva podem ser considerados os elementos que trazem à modalidade o status de prática esportiva, mesmo que não-formal, a execução destes fundamentos básicos deve ser implementada, no intuito de buscar-se o melhor desenvolvimento do jogo em si. De fato, o êxito durante um jogo depende da correta execução de movimentos por parte de cada um dos jogadores, e tratando-se de esportes coletivos, como é o caso do handebol, os jogadores desempenham funções específicas dentro de uma mesma equipe, o que torna mais complexo ainda o processo, pois um acaba dependendo do outro, e o sucesso da equipe passa por Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 24 esse importante ajuste no âmbito técnico. Vale destacar que Bayer (1986) apud Almeida e Dechechi (2012) menciona que a técnica representa todo um repertório de gestos, desenvolvidos individualmente, de acordo com a especificidade da ação no jogo, sendo este fruto da história e da evolução de cada jogo esportivo coletivo e baseado na experiência acumulada e continuamente enriquecida pelas gerações precedentes de desportistas. Neste capítulo, você conhecerá os principais fundamentos técnicos necessários à prática do handebol, independentemente de sua manifestação social: educacional, participativa ou competitiva. 2.2 A IMPORTÂNCIA DO GESTO TÉCNICO APLICADO AO HANDEBOL O handebol é uma modalidade coletiva, desenvolvido por meio de ações individuais e coletivas. No decorrer do andamento de uma partida serão desenvolvidas ações técnicas individuais, como passes, arremessos, dribles, fintas etc., e em alguns momentos ocorrerão ações coletivas. No caso do jogo de handebol ocorrem em sucessivas ações de ataque e defesa, e para vencer uma partida de handebol é necessário que a equipe alcance o maior número de gols do que a equipe adversária. Desse modo, enquanto uma equipe realiza o ataque, a outra equipe defende. O objetivo final durante um ataque é fazer o gol, já o da equipe que está defendendo é defender. Por isso é que durante uma partida ocorrerão várias ações de ataque e defesa alternadas, dependendo de quem estiver com a posse de bola (FRANKE, 2018). Reis (2006) destaca que os fundamentos básicos do handebol são desenvolvidos por meio de movimentos que são executados segundo um determinado gesto técnico, descrito biomecanicamente, os quais oportunizam a execução de um movimento com menor gasto energético, rapidez e velocidade, resultando em maior eficácia. Neste sentido, o autor ainda destaca que esses fundamentos básicos estão também associados aos fundamentos técnicos, considerados, os gestos que individualmente cada jogador realiza a partir de movimentos específicos do handebol para desenvolvero jogo. No caso do handebol, os gestos são determinados pelas limitações que as regras oficiais impõem tanto aos jogadores como ao próprio 25 contexto do jogo. Por isso que em alguns casos os gestos são limitados e adequados de acordo com as situações que o jogo demanda. 2.3 OS FUNDAMENTOS TÉCNICOS UTILIZADOS NO HANDEBOL Franke (2018) destaca que as ações dos jogadores no handebol diferem de acordo com a situação de jogo, basicamente de quatro formas: I. Situação de ataque: uma das equipes tem a posse da bola e busca a progressão, trocar passes, infiltrar-se e fazer arremates contra o gol adversário; II. Situação de defesa: uma das equipes busca preencher os espaços, defender o gol e tenta interceptar passes ou tomar a bola do adversário para atacar; III. Situação de ataque-defesa: fase de transição para a defesa, na qual uma das equipes realizou o arremate ou perdeu a posse da bola e precisa postar- se defensivamente, buscando evitar um contra-ataque; IV. Situação de defesa-ataque: fase de transição para o ataque, na qual uma das equipes sofreu o arremate ou recuperou a posse da bola e precisa postar-se ofensivamente, buscando um contra-ataque. Além das quatro situações de jogo apresentadas, destaca-se uma outra, conhecida como – situação de bola parada – que corresponde ao reinício do jogo, por exemplo, após a marcação de uma infração/penalidade pelo árbitro, em que a bola se encontra parada, sendo colocada em ação (movimento), por meio de um “tiro” correspondente à situação ocorrida (ex: tiro livre, sete metros, lateral, de canto). Vieira e Freitas (2007) descrevem que no handebol, os fundamentos técnicos se dividem entre aqueles que são utilizados no ataque ou na defesa. Neste sentido, é importante destacar que o êxito da equipe e dos jogadores, está associado ao alcance de metas, das quais são necessárias como base, o desenvolvimento das 26 habilidades técnicas, além das táticas. Por exemplo, para conservar a bola consigo, o jogador deve se deslocar a fim de evitar a marcação, dar bons passes para os companheiros de equipe e receber adequadamente a bola, evitando que o adversário intercepte a jogada, conforme descreve Menezes (2012). Em adição, na progressão, a manutenção da posse de bola de bola é fundamental, executando- se os fundamentos básicos e táticos, tanto individuais quanto coletivos. Para alcançar o gol, todos os passos anteriores devem ser realizados, procurando arremessar de posições favoráveis (FRANKE, 2018). Por outro lado, nos aspectos defensivos, a equipe precisa de muita concentração e disciplina tática para portar-se corretamente no sistema de defesa, além de velocidade e elevado tempo de reação para buscar retomar a posse de bola, seja por meio de uma interceptação, seja por meio de um desarme por parte de um jogador. (FRANKE, 2018; MENEZES, 2012). É importante ressaltar, todavia, que junto à fundamentação técnica da modalidade, deve-se atentar para o fato de como todo o processo de aprendizagem e desenvolvimento de algumas competências mínimas e específicas para o desempenho da modalidade podem ser desenvolvidos. A seção seguinte abordará as habilidades técnicas específicas dos jogadores de linha e também do goleiro, lembrando que existem fundamentos técnicos que são associados tanto aos jogadores de linha quanto ao goleiro, exceto o fato de que, no handebol, o goleiro pode utilizar os pés para realizar defesas, conforme destacado mais a frente nas regras oficiais do handebol. 2.4 HABILIDADES TÉCNICAS ESPECIFICAS DOS JOGADORES DE LINHA E DO GOLEIRO Vieira e Freitas (2007) destacam que antes de iniciar qualquer treinamentode 27 algum fundamento ou habilidade técnica, faz-se necessário trabalhar-se o controle de corpo, sendo este um fundamento que está presente tanto nas ações ofensivas quanto nas defensivas, tanto para os jogadores linha como para o goleiro, sendo uma característica encontrada em modalidades esportivas onde é necessário que o praticante domine seu próprio corpo durante a realização dos movimentos específicos, ou gestos técnicos da modalidade, como vemos no handebol, o passe e/ou arremesso que dependem do equilíbrio e o domínio corporal, e que também são elementos muito úteis para a execução de jogadas, neste caso, para as saídas rápidas, as paradas bruscas, as mudanças de direção, os deslocamentos, os saltos, as aterrissagens e etc. Ainda de acordo com os autores, no handebol, a importância que se dá ao domínio do corpo deve ser considerada, haja vista, ser considerada, haja vista a execução de muitos fundamentos estarem atreladas a um bom domínio corporal. E por tratar-se de uma modalidade dinâmica, deve ser desenvolvido sempre na intencionalidade de maximizar as ações defensivas e/ou ofensivas. As técnicas de ataque, são aquelas cujo objetivo é direcionado à progressão ao gol, e para tal deve-se utilizar os fundamentos mais adequados para tal. É considerado a maneira como os companheiros de equipe trabalham a jogada (a bola), visando dar continuidade ou fluidez ao lance (TENROLER, 2004; VIEIRA e FREITAS, 2007). Neste sentido, o passe e a recepção, ganham destaque no handebol, pois constituem-se como elementos fundamentais da condução de bola entre os companheiros, além de permitir a preparação da jogada para as finalizações, tanto para os jogadores de linha, como para o goleiro. Este fundamento é descrito pela maneira de enviar e dirigir a bola ao companheiro, de forma correta, com finalidade de facilitar a continuidade do jogo. O passe, junto com a recepção, é considerado elemento fundamental na condução da bola, entre os companheiros e na preparação da finalização (ZAMBERLAM, 1999 apud ALMEIDA; DECHECHI, 2012). Ainda de acordo com Almeida e Dechechi (2012), independentemente do tipo de passe utilizado, a bola pode descrever a trajetória reta – cujo objetivo é fazer com que a bola chegue o mais rápido possível ao colega de equipe; parabólica – em que visa lançar a bola por cima de um defensor que se coloque entre dois atacantes; quicada – onde o objetivo é lançar por baixo de um defensor que se coloque entre dois atacantes. Todos os tipos de passe que serão apresentados a 28 seguir podem ser executados com o jogador parado, em deslocamento ou em suspensão. Existem cinco tipos de passes, dentre os quais: passe de ombro, por trás do quadril, por trás da cabeça, em pronação, o pendular e suas variações). Franke (2018) destaca que o trabalho orientado para a iniciação deve ser focado nos aspectos mais simples progredindo gradativamente até atingir níveis mas complexos. Destacam-se, então, dois tipos de situações metodológicas que podem ser adotadas: o tipo simples, onde o trabalho inicial se realiza com pequenos grupos de 2 a 3 alunos, com uma bola e sem defensor; e o tipo complexo, onde também se trabalha com grupos de 2 a 3 alunos, porém com maior número de bolas e defensores em igualdade numérica. Vale ressaltar que no tipo simples deve ser aplicado quando o objetivo é orientado ao aprendizado do fundamento, sem a preocupação excessiva com as ações defensivas, em um primeiro momento; e no caso do tipo complexo, faz-se necessário intensificar o objetivo, no sentido de aplicá- lo em diferentes situações, dentre as quais, a partir de um contexto em que prevaleça as situações de pressão espaço-temporal, na presença de defensores (VIEIRA e FREITAS, 2007). A figura 1 mostra ainda dois outros tipos de passes diferentes e que são muito utilizados no handebol, o passe de ombro (Figura 1 a) e o passe em pronação (Figura 1 b). Figura 1: Tipos de passes no handebol (a) de ombro; (b) em pronação. Fonte: Almeida e Dechechi (2012, p. 59-60) Em paralelo, aos passes, temos ainda, as recepções, fundamento este que de acordo com Tenroler (2004) significa o ato de receber e controlar a bola, sendo considerada técnica básica da modalidade, em que o objetivo principal é fazer 29 com que o jogador consiga um domínio amplo/controle sobre a bola a ele passada. É importante destacar que as recepções visam também reter a bola, protegendo-a do adversário e enquadrando o corpo em condições de se executar outros movimentos (VIEIRA; FREITAS, 2007). De toda maneira, as recepções são considerados gestos específicos de receber, amortecer e reter a bola de forma assertiva, tendo em vista as diferentes posições e situações dos jogadores, em quadra, onde tem-se o foco de preparação para as finalizações e ainda, na manutenção da posse de bola. Almeida e Dechechi (2012) destaca que tecnicamente, a recepção deve ser feita com as mãos paralelas, ligeiramente côncavas e com as palmas das mãos voltadas para frente. Porém, recentemente os atletas tendem a realizar este gesto utilizando apenas uma mão. No handebol existem seis tipos de recepções: recepção alta, média, baixa, em deslocamento, em suspensão e recepção no solo (FRANKE, 2018; VIEIRA e FREITAS, 2007). Entretanto, é importante ressaltar que no processo de iniciação esportiva, recomenda-se que os seis tipos de recepções sejam desenvolvidos em conjunto com os passes, sendo que a ênfase inicial do trabalho deve ser no domínio correto sobre a bola, de modo que a mesma não saia da posse de sua equipe, conforme descreve Tenroler (2004). A empunhadura, trata-se de um importante fundamento o qual está associado à recepção, ao passe, enfim, muito importante para a execução de um gesto técnico no handebol. De acordo com Franke (2018) é considerado o principal fundamento do handebol, e base para os demais fundamentos, a empunhadura consiste na forma de segurar com uma das mãos a bola de handebol. Sem uma empunhadura adequada, dificilmente serão realizados os demais fundamentos, como receber, passar, arremessar, driblar e fintar (ALMEIDA; DECHECHI, 2012). A empunhadura pode ser realizada com o jogador parado ou em movimento (Figura 2). De acordo com Vieira e Freitas (2007) este fundamento está associado ao ato de receber a bola e livrar-se dela, de forma orientada, explorando a técnica do manuseio, que pode ser executado com uma ou ambas as mãos, segurando-a com as falanges distais dos cinco dedos abertos e com a palma da mão em uma posição ligeiramente côncava, podendo ser realizada com o jogador parado ou em movimento e nos diferentes planos do corpo. 30 Figura 2: Empunhadura no handebol. Fonte: Almeida e Dechechi (2012, p. 58) O arremesso é considerado um dos fundamentos técnicos mais importantes, e que possibilita ao jogador fazer o gol na equipe adversária. Vieira e Freitas (2007) destacam que existem três tipos de arremessos no handebol, a destacar: o arremesso básico; com salto; e ainda, o arremesso com queda. Almeida e Dechechi (2012) descreve que este é um meio técnico realizado sempre em direção ao gol. É a maneira de enviar e dirigir a bola em direção ao alvo, de forma correta, com finalidade de facilitar a anotação do gol. Para cumprir os objetivos ofensivos do jogo de handebol, o praticante deverá estar preparado para arremessar a bola em diferentes situações. Por isso, o arremesso pode ser realizado com o jogador apoiado no solo, após a bola ter perdido contato com a mão do arremessador, a perna que estava posicionada atrás deverá ser levada à frente, seguindo o movimento do tronco (Figura 3 a) ou em suspensão (saltando), o qual deve ser realizado em deslocamento frontal e vertical simultaneamente, podendo ser mais vertical em arremesso de longa distância e mais frontal em arremessos de curta distância, a fim de obter maior tempo de vôo/em suspensão (Figura 3 b). 31 Figura 3: Tipos de arremessos no handebol (a) apoiado; (b) em suspensão. Fonte: Almeidae Dechechi (2012, p. 58) As progressões, de acordo com Vieira e Freitas (2007), é considerada um fundamento técnico, em que o principal objetivo é dar ao jogador condições necessárias para a sua progressão em direção à quadra adversária, em posse de bola, no intuito de conseguir o melhor posicionamento possível dentro das variantes ambientais que o jogo oferece, buscando a meta adversária (gol). No handebol existem dois tipos de progressões: o drible e o ritmo (trifásico e o duplo trifásico). No caso específico do ritmo trifásico, Tenroler (2004) destaca que este é constituído por três passadas consecutivas em que o jogador, em posse da bola, pode realizar, independentemente da perna utilizada. Cabe ao jogador identificar, 32 como executar o ritmo trifásico de acordo com as possibilidades da situação da partida. As seguintes possibilidades podem ser desenvolvidas, como por exemplo: esquerda + direita + esquerda; esquerda + direita + direita; esquerda + esquerda + direita; direita + esquerda + direita; direita + esquerda + esquerda; direita + direita + esquerda, conforme descreve (VIEIRA e FREITAS, 2007). Os autores descrevem a possibilidade de uma variação interessante, na qual pode ser executada o chamado “duplo ritmo trifásico” ou a dupla passada, constituído da realização de sete passos pelo jogador em posse da bola (VIEIRA e FREITAS, 2007) e também independentemente da perna utilizada, verificando aspectos fundamentais da técnica, em que os três primeiros passos podem ser executados com a posse de bola, imediatamente após sua recepção, e, simultaneamente à execução do quarto passo, onde o jogador terá que driblar a bola no solo uma vez, tornar a empunhá-la e executar mais três passos, com ela dominada, onde ao final do sétimo deve passá-la a um companheiro ou arremessá- la em direção ao gol, conforme descreve Tenroler (2004). Em relação aos dribles, Franke (2018) define este fundamento como o ato de quicar a bola com uma das mãos contra o solo, parado ou em movimento, deve ser feito com a mão em cima da bola, e, durante o deslocamento, deve-se deixar preferencialmente a bola em posição lateral e à frente do corpo. Esse fundamento é importante quando a equipe/atleta visa a progressão em quadra, mantendo-se a posse de bola. De fato, pode ser muito utilizado em situações de contra-ataque, para fintar a defesa, sair de marcações, em jogadas individuais e para buscar uma posição favorável para o arremesso. De acordo com Almeida e Dechechi (2012) existem dois tipos de dribles no handebol: o drible alto, utilizado para deslocamentos em grande velocidade, sendo fundamental para um bom contra-ataque; e o drible baixo, utilizado basicamente para a proteção de bola. Temos ainda as fintas, as quais constituem-se no ato de fingir, do particípio passado fintar (VIEIRA e FREITAS, 2007). É importante destacar que este gesto (fundamento) é muito utilizado no handebol, devido a sua função de tentar de alguma maneira "ludibriar" o adversário, buscando-se livrar-se de uma marcação, por exemplo. O objetivo deste fundamento é fazer com que o adversário acredite em uma determinada ação técnica ofensiva, que não acontecerá, levando-o a tomar uma postura, posição ou atitude ineficiente diante do ataque, sendo que, logo após isto, o atacante realiza outro fundamento técnico qualquer, diferente 33 daquele proposto na finta (ALMEIDA e DECHECHI, 2012). De fato, existe uma enorme quantidade de possibilidades de realização das fintas, dentre as quais destacam-se: a finta de arremesso, de drible, de passe, de mudança de direção (com ou sem bola), de marcação, de desmarcação, de ataque, de velocidade, de corpo, etc. No caso específico dos fundamentos técnicos de defesa, existe a posição básica defensiva; o deslocamento básico defensivo; o bloqueio defensivo; a marcação por impedimento e as diferentes técnicas de goleiro (ALMEIDA; DECHECHI, 2012; SIMÕES, 2002) as quais estão associadas sobretudo aos goleiros, ou aos jogadores de linha em situação defensiva, como na formação de uma barreira à frente da área do gol, por exemplo. Franke (2018) menciona que a posição básica defensiva é definida como aquela que favorece todos os deslocamentos dos defensores para se realizar a marcação, a partir de posições anatômicas de seus atletas, de forma especifica para tal. Por outro lado, no deslocamento básico defensivo, o defensor desloca-se em direção ao seu atacante correspondente, com ou sem a bola, ou ainda, desloca-se em direção ao espaço proporcionado por outro defensor em fase de marcação. Almeida e Dechechi (2012) e Simões (2002) descrevem que o bloqueio defensivo, por sua vez, é um fundamento técnico utilizado para interceptar a bola lançada ao gol, sendo considerado como o recurso final de um defensor de linha. E por fim, a marcação por impedimento consiste na maneira pela qual o defensor evita as ações do atacante, segurando o braço de arremesso do ofensor com uma das mãos e o quadril com a outra. Em relação às habilidades específicas do goleiro (fundamentos), apesar de as características de cada jogador serem distintas na quadra de jogo, de modo geral todos têm funções semelhantes. Contudo, o jogador que mais difere com relação aos fundamentos é o goleiro, cujo treinamento, nesse sentido, também deve ser diferenciado, embora, muitas vezes, esse aspecto seja negligenciado em algumas equipes. Por isso, a importância de se conscientizar que o goleiro precisa de um treinamento de técnicas e fundamentos específicos no processo didático- pedagógico (FRANKE, 2018; MENEZES, 2012). As técnicas de goleiro, devem ser muito bem executadas, pois exige alguns pré-requisitos, como por exemplo, um reflexo apurado, para que as defesas tenham alguma chance de serem realizadas, dada a pouca distância e a grande força que os atacantes empreendem no momento de se tentar um arremesso ao gol. Sendo 34 assim, as defesas são realizadas dentro de uma pequena fração de segundo, disponível para o goleiro, conforme destaca Simões (2002). Franke (2018) menciona que as técnicas de defesa do goleiro são variadas, porém existem três consideradas as mais tradicionais: a defesa alta, consiste na intenção de interceptação de bolas que os atacantes arremessam acima da linha dos ombros dos goleiros. Esse tipo de defesa deve ser executada com uma ou ambas as mãos, saltando ou não. Vale ressaltar um outro tipo de defesa, classificado como “meia altura”, a qual é derivada das bolas arremessadas pelos atacantes entre a linha do joelho e a linha dos ombros dos goleiros, podendo ser realizada com as mãos, pernas e/ou quadris. E por fim, temos a defesa baixa deriva das bolas arremessadas abaixo da linha do joelho, podendo ser realizada com os pés, as mãos alternadas ou simultaneamente, conforme apresentado na Figura 4 (a, b, c). Figura 4: Tipos de defesas no handebol. (a) alta; (b) meia altura; (c) baixa. Fonte: Almeida e Dechechi (2012, p. 73-74) E, por fim, a defesa em “X”, pode ser realizada sempre que as bolas forem arremessadas por pivôs ou atacantes, em fase de contra-ataque, quando a intenção do goleiro for diminuir os espaços em arremessos realizados entre a linha dos ombros e dos quadris. É um tipo de defesa que é desempenhada por meio de 35 um salto, seguido de um movimento de abdução de ombros e quadris, simultaneamente, proporcionando o alinhamento dos braços na linha do ombro e das pernas na linha do quadril, onde a defesa pode ser realizada com qualquer parte do corpo (SIMÕES, 2002). 36 FIXANDO O CONTEÚDO 1. As ações dos jogadores no handebol diferem de acordo com a situação de jogo. Neste sentido, para que os jogadores consigam atingir essas metas, são necessárias habilidades técnicas e táticas, como por exemplo, para conservar a bola consigo, o jogador deve se deslocar a fim de evitar a marcação, dar bons passes para os companheiros de equipe e receber adequadamente a bola, evitando que o adversário intercepte a jogada. Baseado nessaafirmativa, assinale a opção que apresente as quatro formas ou situações referentes à atuação técnica e tática de um jogador de handebol. a) Situação de ataque, Situação de transição, Situação de flutuação e Situação de defesa-ataque. b) Situação de defesa, Situação de ataque, Situação de ataque-defesa e Situação de defesa-ataque. c) Situação de defesa-ataque, Situação de ataque-defesa, Situação de transição e Situação de resolução de problemas. d) Situação de ataque, Situação de defesa, Situação de infiltração e Situação técnico-tática. e) Situação de defesa, Situação de ataque, Situação técnico-tática e Situação de defesa-ataque. 2. O handebol é decorrente de sucessivas ações de _________ e ___________, e para vencer uma partida é necessário que a equipe alcance o maior número de gols do que a equipe adversária. O objetivo final durante um __________ é fazer o gol, já o da equipe que está defendendo é defender. Por isso é que durante uma partida ocorrerão várias ações de ataque e defesa alternadas, dependendo de quem estiver com a posse de bola Assinale a alternativa que apresente os termos que preencham de forma correta as lacunas: a) Ataque – defesa – lançamento. joser Realce 37 b) Defesa – estratégia – sistema. c) Tática – técnica – ataque. d) Ataque – defesa – ataque. e) Recuo – posse de bola – ataque. 3. (Concurso público UFRJ/2004 – adaptado) Dentre os fundamentos técnicos do handebol, de ataque e/ou de defesa, aquele que fornece base para o aprendizado dos demais fundamentos do jogo é: a) O arremesso. b) O drible. c) A cobrança de faltas. d) A defesa. e) O passe. 4. O controle do corpo é um fundamento que deve ser desenvolvido/trabalhado ao longo do processo, sobretudo na iniciação do handebol, haja vista tratar-se de um elemento que está presente tanto nas ações ofensivas quanto nas defensivas, tanto para os jogadores linha como para o goleiro, e se caracteriza no fato de que em toda modalidade esportiva é necessário que o praticante domine seu próprio corpo durante a realização dos movimentos específicos que envolvem a prática, a exemplo do equilíbrio e o domínio corporal necessários as saídas rápidas, as paradas bruscas, as mudanças de direção, os deslocamentos, os saltos, as aterrissagens e etc. A partir do excerto acima, e considerando seus conhecimentos sobre o tema, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. O ato de dominar o corpo, é de suma importância sobretudo em modalidades dinâmicas, como é o handebol, em que as ações defensivas e/ou ofensivas são constantes ao longo da partida. PORQUE joser Realce joser Realce 38 II. O indivíduo que consegue manter seu corpo em equilíbrio durante as ações ou fundamentos técnicos, como por exemplo, o passe, dificilmente conseguirá êxito em uma determinada situação de jogo (um passe mais longo, por exemplo). A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: a) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. b) As asserções I e II são falsas. c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. e) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. 5. (IFB/2017 – adaptado) Em relação aos fundamentos técnicos utilizados no handebol e suas aplicações durante o jogo, analise as afirmativas abaixo. I) O passe é a ação de tomada de contato com a bola, controlando-a para realizar na continuação outra ação. II) A finta é a ação técnica que oferece ao jogador o máximo de possibilidades de progressão espacial com a bola. III) O arremesso é a ação de aplicar um impulso à bola de forma que percorra uma distância determinada em direção ao gol, procurando superar o goleiro e conseguir o gol. IV) Uma troca de passes em velocidade no ataque é capaz de provocar um desequilíbrio defensivo em determinada situação de jogo. V) Um drible pode ser entendido como uma ação realizada pelo jogador com bola que, por meio de um engano, tenta iludir uma marcação em proximidade do oponente direto. Neste sentido, assinale a alternativa que apresenta somente as afirmativas CORRETAS. a) III e IV. joser Realce 39 b) II e III. c) I, III e IV. d) I, IV e V. e) III, IV e V. 6. O handebol, como qualquer outro esporte coletivo, repleto de imprevisibilidade e aleatoriedade, exige de seus jogadores constantes adaptações às situações que emergem em busca dos seus objetivos. O número de ações possíveis do atacante com a posse de bola é grande e ele deve ser capaz de identificar a ação correta, como por exemplo, driblar, passar a bola, fintar o adversário e/ ou arremessar a gol. Da mesma forma, o defensor precisa reagir e decidir o que deve ser feito para retomar a posse da bola. Para tanto, ambos devem saber executar os fundamentos do handebol e saber aplicá-los nos momentos propícios. Neste sentido, marque V para verdadeiro ou F para falso, no que tange as características de alguns dos principais fundamentos do handebol. ( ) A finta é considerada o principal fundamento do handebol, e considerado como base para todos os outros fundamentos. ( ) O passe é utilizado para dar sequência ao jogo e elaborar jogadas, sendo capaz de alterar a velocidade do jogo. ( ) O arremesso é o fundamento utilizado em uma situação de jogo de ataque, executado para fazer o gol. ( ) O drible é o fundamento realizado quando um jogador sem posse de bola ameaça fazer um movimento na quadra, mas em seguida muda de direção, com o intuito de enganar o adversário. ( ) A recepção deve ser feita com as duas mãos paralelas, com a palma das mãos posicionadas de forma côncava e voltada para frente, na direção em que a bola está vindo. Agora, assinale a alternativa que apresente a sequência CORRETA. a) V - F - V - F - V. b) F - V - V - F - V. joser Realce joser Realce 40 c) F - V - F - V - F. d) F - F - V - V - F. e) V - F - F - F - V. 7. (Concurso público Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba – 2013 – questão 45) O handebol é um esporte dinâmico, bastando uma bola e alguns jogadores para sua realização. Disputado entre duas equipes, seu objetivo é a marcação do maior número de gols possível, algo que a cultura brasileira tanto admira no futebol. Durante um jogo de handebol, caso você segure a bola ao driblar, suas funções ficarão limitadas a: I. Repetir o drible. II. Passar a bola. III. Deslocamento em até três passos. Considerando a jogada descrita no enunciado, está(ão) CORRETA(S) as funções apresentadas em: a) I apenas. b) II apenas. c) I e III apenas. d) I e II apenas. e) II e III. 8. Sobre os fundamentos técnicos de base de um goleiro de handebol, como deslocamento, postura, posição e tipos de defesa, pode-se afirmar que cada técnica aplica-se a uma situação. Neste sentido, em que situação o goleiro deve utilizar uma posição adiantada? a) Para diminuir o ângulo de ataque do adversário. b) Quando há um ataque da sua equipe. c) Quando os atacantes estão armando a jogada. joser Realce joser Realce 41 d) Para ter mais tempo para reagir a um ataque. e) Para aumentar o ângulo de ataque do adversário. 42 SISTEMAS DE JOGO NO HANDEBOL 3.1 INTRODUÇÃO A compreensão dos sistemas táticos de jogo é algo fundamental quando o handebol é entendido a partir de sua concepção formal, sobretudo. Tanto na iniciação (ambiente escolar, por exemplo) como no alto rendimento (equipes profissionais) os sistemas táticos são os responsáveis não somente por determinar a movimentação da própria equipe, e de seus jogadores, como também a estratégia de jogo a ser adotada pelo adversário mediante uma situação surgida dentro da partida, de ataque, defesa, contra-ataque, etc. Enfim, quando se busca a prática de um esporte, muitas vezes, não se imagina a complexidade que tal prática pode exigir de seus praticantes, portanto, o compreensão dos aspectosque cerceiam as particularidades dos fundamentos técnicos e táticos, apoiados numa metodologia de ensino organizada em seus diversos aspectos, pode fazer com que o trabalho desenvolvido seja, de fato relevante. É importante destacar alguns conceitos atrelados à prática dos esportes coletivos, no que tange a estruturação tática de uma equipe, neste caso, do handebol. Destacam-se alguns temas importantes de serem conceituados a fim de compreendê-los quanto a sua aplicação prática, principalmente. De acordo com Greco e Fernández (2015), tática está associada “ao fazer”, ou seja, a compreensão das formas de organização, preparação e finalização das jogadas (ações de ataque e defesa) que podem ser executadas de forma individual ou coletiva, dividindo-se em individual, de grupo, e de equipe, conforme menciona Almeida e Dechechi (2012). Em adição, temos ainda, as estratégias de jogo, que estão ligadas às táticas, porém aqui o foco está na organização e/ou como os jogadores ou equipe irão colocar em prática as ações planejadas desde a organização até a finalização de uma jogada, por exemplo, podem ser conhecidas também como estratégias táticas de jogo. Os sistemas táticos do handebol estão associados aos meios e recursos que são empregados pela equipe, no intuito de alcançar um resultado favorável. No Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 43 handebol são usados diferentes sistemas ofensivos e/ou defensivos, dentre os quais: 3x2x1, 5x1, 6x0, 4x2, 3x3 e 1x5, conforme descreve Almeida e Dechechi (2015), e que serão discutidos ainda neste capítulo. Destaca-se ainda os esquemas táticos, considerados elementos essenciais para a adequação do sistema tático da equipe, sendo considerados fundamentais para a estruturação da equipe, uma vez que é por meio deles que os jogadores conseguem realizar determinadas ações, em posições específicas, ofensivas e defensivas, tendo como aplicação prática destas ações, os sistemas táticos. 3.2 OS FUNDAMENTOS TÁTICOS DO HANDEBOL Os fundamentos táticos aparecem nas situações jogadas, aparecendo problemas de quando e como se colocar no espaço de jogo. É no jogo que se vivenciará e compreenderá que suas técnicas estão balizadas nas mudanças do movimento dos colegas e adversários que ocorrem no espaço e tempo durante o jogo, dando-se assim sua iniciação tática, pois o jogo propicia emoções verdadeiras. De acordo com Garganta (1998) ações coordenadas podem ser construídas visando impedir a progressão da equipe adversária, que esteja com a posse de bola do campo de defesa para o ataque, além de buscar o objetivo básico, neste caso, que é o de impedir o gol do adversário. Por outro lado, com a posse de bola, faz-se necessário realizar movimentos que permitem a manutenção da posse de bola, no intuito de superar (ultrapassar) todas as linhas de defesa da equipe adversária, bem como atingir a meta – gol adversário. Esses movimentos são considerados ações individuais e coletivas, as quais buscam manter o jogo de ataque (sistema ofensivo). A prática do handebol tem muitas variações táticas que podem ser implantadas em diferentes contextos ao longo de uma partida. É fundamental que jogadores mais experientes ou especializados na prática esportiva conheçam os conceitos e a estruturação dos mais variados sistemas ofensivos e defensivos, bem como saibam fazer transições de um sistema para outro, de acordo com a necessidade da partida (FRANKE, 2018). Para Bayer (1994) e Garganta (1998), existem princípios gerais que norteiam o jogo de ataque e de defesa das equipes nas modalidades esportivas coletivas. Esses princípios são ações individuais e coletivas de ataque durante a disputa destas modalidades que objetivam a conservação da posse da bola, progressão dos 44 alunos/atletas de uma equipe com a posse da bola até a meta defendida pela equipe adversária, com a finalidade de marcar um ponto/gol. Franke (2018) cita ainda que além de conhecer a forma como a equipe deve postar-se nos sistemas táticos, defensivos ou ofensivos, é importante conhecer as características básicas que norteiam os conceitos táticos, ou seja, o que cada jogador busca para que a equipe responda bem coletivamente dentro de um determinado sistema. De acordo com Garganta (1998), as modalidades esportivas coletivas acontecem dentro de um cenário permanente de mudanças de situações e em um contexto imprevisível no qual o praticante deve responder. Mahlo (1970) apud Garganta (1998) menciona que a ação tática é realizada em três fases: (1) Percepção e análise da situação (identificação do problema); (2) Solução mental do problema (elaboração da solução); (3) Solução Motora do problema (execução do gesto motor). Neste sentido, um bom desempenho tático por parte dos praticantes das modalidades esportivas coletivas está diretamente ligado com o desenvolvimento de competências específicas nas três fases acima mencionadas, obtidas por meio de atividades específicas (vivências) relacionadas aos jogos coletivos. E de acordo com 45 Almeida e Dechechi (2012) no handebol, a existência de três táticas diferentes estão presentes de forma contínua, a saber: I. Tática Individual: consideradas as ações adequadas e econômicas do jogador com o objetivo de derrotar o adversário. Pode ser ainda, a ação de um jogador, na qual procure uma situação (1×1), sem uma ação direta do seu companheiro de equipe para alcançar o objetivo almejado, ou seja, depende muito do “talento” ou capacidade individual, neste caso. II. Tática de grupo: compreende as ações de grupos de jogadores em ataque e defesa, a colaboração direta, respectivamente, de dois ou vários jogadores, executada de forma eficaz e com o mínimo de esforço e máximo desempenho/performance possível. Envolve parte da tática coletiva para a sua execução. III. Tática de equipe: classificado como o conjunto de ações e medidas orientadas para um objetivo que essa equipe utiliza com a finalidade de vencer o adversário. A base deste tipo de tática, é construída a partir da tática individual associada à e tática de grupo. Neste caso específico, a colocação de ações individuais deve ter um conceito comum a toda equipe, buscando trabalhar-se dentro de um mesmo propósito a ser lançado em prática durante a partida. 3.3 AS TÉCNICAS DE ATAQUE E DEFESA NO HANDEBOL Almeida e Dechechi (2012) descreve que no handebol, temos as linhas ofensivas, as quais referem-se à divisão da quadra de ataque em sua profundidade, tomando como referência a área dos 9 metros, conforme mostrado na Figura 5. 46 Figura 5: Divisão da quadra de ataque em linhas. Fonte: Almeida e Dechechi (2012, p. 17) Destaca-se a primeira linha ofensiva, conhecida como um espaço que fica entre a linha central e a linha da área de tiro livre (9 metros). Essa linha é ocupada pelos jogadores “de armação”. No caso da segunda linha ofensiva, esta pode ser compreendida como o espaço compreendido entre a linha da área de tiro livre e a linha da área de gol (6 metros). Essa é uma linha ocupada pelos jogadores “de finalização” do handebol. Ainda de acordo com Almeida e Dechechi (2012), temos as zonas ofensivas que são as divisões da quadra de ataque na sua largura, tomando como referência as linhas laterais. Em relação ao posicionamento de jogo, Ehret et al. (2002) apud Almeida e Dechechi (2012) defendem que este é caracterizado pela ação de cada jogador em um determinado setor ofensivo. Neste sentido, a posição do jogador dentro da quadra ofensiva determina sua função específica de ataque. Pode-se dizer que a distribuição dos jogadores nas linhas e zonas de ataque lhes conferem funções, como por exemplo: armadores e finalizadores, funções utilizadas nos sistemas ofensivos ou de ataque da equipe. A partir destes pontos ou zonas específicas de ataque, Almeida e Dechechi (2012), descrevem as fases do ataque, na qual são fases que se iniciam a partir do momento que a equipe recupera a posse de bola. Vale ressaltar que a recuperação da possede bola se dá normalmente, quando o adversário comete um erro técnico (ex: erro de passe, de recepção ou de arremesso), uma infração (ex: invasão da área 47 de gol, drible ilegal, sobrepassos, falta de ataque etc.), ou ainda associada à marcação de um gol. A fase ofensiva (de ataque) está dividida em: Transição ofensiva: É a passagem da quadra de defesa para a quadra de ataque a partir do momento que a equipe recuperou a posse de bola, até quando a defesa adversária esteja devidamente organizada. Organização: Período em que os jogadores ocupam suas posições específicas de ataque. Após um contra-ataque sem sucesso executado pela equipe ou em reposições de bola em jogo, utilizando o tiro livre de saída, são os momentos em que o contra-ataque mais ocorre durante a partida. Ataque em sistema: Caracteriza-se pelo momento que ocorre após a ocupação das respectivas posições de ataque, onde os jogadores buscam uma organização por meio de algum sistema e ainda realizam ações táticas, na tentativa de criar-se condições favoráveis para o arremesso eficiente à meta adversária. É importante destacar também na elaboração das táticas ofensivas, os meios táticos individuais e de grupo. No caso dos meios táticos individuais, Almeida e Dechechi (2012) mencionam os seguintes: Contra-ataque direto: Representa a transição ofensiva rápida com o objetivo de chegar à quadra de ataque com superioridade numérica, e neste sentido, buscar o gol, ao enfrentar uma defesa adversária taticamente desorganizada. l. Infiltração: Trata-se da aproximação aos 6 metros, com posse de bola, passando por entre dois adversários, objetivando a finalização. Muito utilizada no handebol, permite variação de jogadas e a “quebra” do sistema defensivo adversário. Fixação: Representa a aproximação aos 6 metros, com posse de bola, indo em direção ao adversário. É uma busca em manter o adversário o mais fixo possível na sua posição defensiva, facilitando as movimentações de ataque, bem como buscar atrair sua atenção para que acompanhe a trajetória do atacante, promovendo o abandono da sua posição defensiva inicial, desestabilizando o setor defensivo de certa maneira. Par-Ímpar: Caracterizada pela aproximação em profundidade buscando espaços, em direção aos correspondente defensores direto e indireto. Par: Aproximação em profundidade em direção ao defensor direto; e Ímpar: 48 Aproximação em profundidade em direção ao defensor responsável em marcar um colega de equipe (defensor indireto). Finta: É um tipo de movimentação onde o jogador utiliza a estratégia de induzir o adversário ao erro, por meio de uma tomada de decisão equivocada, provocada de forma intencional pelo atacante. Com isso, busca-se uma vantagem momentânea em relação ao defensor numa trajetória com ou sem a posse de bola. Por outro lado, Almeida e Dechechi (2012) mencionam ainda a existência dos meios táticos de grupo, os quais são caracterizados por um conjunto de ações realizadas de comum acordo entre dois ou mais jogadores, que permitem ao atacante arremessar de forma mais “livre” sem interferência da barreira, por exemplo. Trata-se de uma condição onde a superioridade numérica ganha destaque, haja vista, surge a partir do momento em que um dos atacantes consegue atrair a marcação de dois defensores e, consequentemente, outro atacante fica livre de marcação, facilitando a tentativa do arremesso à meta adversária. No caso destes meios táticos de equipe, é importante entendermos a distribuição dos jogadores em quadra no ataque, considerando-se a ocupação de uma mesma zona e mesma linha, simultaneamente, por dois jogadores da mesma equipe, parece ser pouco apropriada para realização do ataque. De acordo com Almeida e Dechechi (2012), alguns tipos de ataque buscam manter o equilíbrio por meio de movimentações específicas, conforme apresentado a seguir: • Jogo Posicional: Nesse tipo de ataque, os jogadores realizam as movimentações ofensivas segundo o princípio da manutenção dos postos específicos, já que cada jogador não troca de posição com o outro, mesmo quando ocorre a invasão do espaço de outro jogador após uma movimentação, cabe ao jogador retornar a sua posição inicial, buscando manter-se a equipe o mais organizada quanto possível a partir do sistema posicional definido pelo treinador. • Combinado: A combinação do ataque posicional com o ataque em circulação configura-se quando parte dos jogadores mantém-se nos seus postos específicos e a outra parte realiza trocas de posição. E para as tática de defesa, Almeida e Dechechi (2012) descrevem a organização dos jogadores na defesa torna-se elemento crucial para o sucesso da 49 equipe, estando diretamente associada aos diferentes espaços que os jogadores de defesa podem ocupar. É importante destacar que esses espaços ou áreas são divididos em função das linhas e zonas da quadra. Outro ponto a destacar, de acordo com Almeida e Dechechi (2012) são as fases da defesa, as quais iniciam-se no momento que a equipe que está atacando perde a posse de bola, quando comete um erro técnico (erro de passe, de recepção ou de arremesso), uma infração (invasão da área de gol, drible ilegal, sobrepassos, falta de ataque etc.), ou marca um gol. Estas fases estão divididas em: Transição defensiva: é a passagem da quadra de ataque para a quadra de defesa a partir do momento que a equipe perdeu a posse de bola, até que a defesa esteja devidamente organizada. Defesa temporária: é o prolongamento da transição defensiva. Nessa situação, o defensor que volta para sua quadra de defesa rapidamente tende a retornar em linha reta, mas, muitas vezes, chega à defesa fora de sua posição original ou de maior rendimento individual preestabelecido. Organização: período em que os jogadores ocupam suas posições específicas de defesa. Ocorre imediatamente após um contra-ataque sem sucesso da equipe que recuperou a posse de bola, ou quando esta equipe repõe a bola em jogo por meio do tiro de saída, com a defesa já posicionada. Defesa em sistema ou posicionada: depois de ocuparem suas respectivas posições de defesa, os jogadores se organizam em sistema e realizam as ações táticas e técnicas com o objetivo de impedir ou dificultar o arremesso ao gol. E como meios táticos individuais, Almeida e Dechechi (2012) destacam os seguintes elementos: Marcação: o objetivo é evitar que um adversário ocupe um determinado espaço ou realize qualquer ação ofensiva com ou sem bola. A marcação é 50 uma ação técnico-tática que objetiva impedir, ou pelo menos dificultar, a progressão do atacante e, consequentemente, o gol da equipe adversária. Flutuação: nesse meio tático, o defensor deve estar posicionado na direção do atacante correspondente, e no momento que o atacante recebe o passe, ele deve deslocar-se com o objetivo de impedir/dificultar a progressão do atacante em direção à meta. Antecipação: o objetivo é prever a ação do adversário e interferir de tal maneira a provocar mudança de atitude na ação técnica, ou mesmo recuperando a possa de bola. Cobertura: consiste no defensor ocupar o espaço, ou parte desse espaço, se o defensor ao seu lado precisar deslocar-se para realizar a marcação de um atacante, buscando ocupar o espaço proporcionado por tal deslocamento executado. Por outro lado, temos os meios táticos de grupo, os quais dividem-se, de acordo com Almeida e Dechechi (2012) em: Equilíbrio defensivo: é a transição defensiva rápida com o objetivo de dificultar a ação de contra-ataque. O equilíbrio defensivo ou balanço defensivo normalmente é realizado pelos jogadores que não participaram diretamente da jogada que possibilitou a posse de bola para o adversário. Eles procuram impedir o desenvolvimento do contra-ataque na parte da quadra que provavelmente será explorada pelo adversário. Triângulo defensivo: consiste na realização simultânea dos meios táticos individuais de flutuação e cobertura. No momento em que um defensorirá realizar a cobertura, indo ao encontro do atacante com a bola, os defensores mais próximos a ele devem ficar atentos para auxiliá-lo na marcação. Assim, 51 irão se aproximar do defensor que flutuou, posicionar o tronco lateralmente em direção as bolas em descuidar-se, porém, do atacante direto pelo qual é responsável a marcação. Em adição, temos os meios táticos de equipe, os quais de acordo com Almeida e Dechechi (2012) estão associados à diferentes tipos de defesas, a destacar: Em linha de arremesso: uma forma de diminuir os espaços nas proximidades da primeira e da segunda linha defensiva. O defensor responsável por determinada zona deverá posicionar-se entre o atacante, estando esse com ou sem bola, e o gol. Quando o atacante está com a bola, o defensor pode flutuar para limitar as ações do adversário. Nesse tipo de defesa, é importante que o defensor mantenha seu posto específico defensivo, realizando trocas de marcação apenas nas zonas em que se encontra o pivô (Figura 6). Figura 6: Representação da defesa em linha de arremesso Fonte: Almeida e Dechechi (2012, p. 45) Em bloco: Esse tipo de defesa funciona baseado na utilização do triângulo defensivo, no local onde o atacante está com bola. O objetivo da defesa em bloco é diminuir as possibilidades de finalização do atacante com bola, pois um defensor direto flutua para afastá-lo dos 6 metros e os dois defensores que estão ao seu lado se posicionam em função dos ângulos curto e longo de arremesso 52 (Figura 7). Figura 7: Representações de defesa em bloco Fonte: Almeida e Dechechi (2012, p. 46). Neste contexto, é importante ainda entendermos a função do goleiro nestes sistemas táticos, tano defensiva quanto ofensivamente, levando-se em consideração alguns aspectos, de acordo com Tenroler (2004), dentre os quais: o posicionamento, aspecto este em que o goleiro deve estar extremamente concentrado; quanto a suas propriedades motoras, procurar ser veloz, flexível e ágil. Deve posicionar-se entre 50 e 80 centímetros da região dos 3 metros em um arco de referência, e ainda, dependendo da sua estatura, altura e envergadura, movimentos de membros inferiores e quadril devem ser rápidos, braços ágeis, ombro em extensão, cotovelo a 45° e tronco levemente inclinado. Vale destacar também que no handebol de alto nível, o goleiro joga muito próximo à linha de gol, possibilitando diminuir o ângulo no arremesso. Neste sentido, o goleiro deve encontrar o “centro tático” do gol, o qual proporcionará maior possibilidade para efetuar as defesas (ALMEIDA; DECHECHI, 2012). 3.4 ESQUEMAS TÁTICOS OFENSIVOS E DEFENSIVOS NO HANDEBOL O esquema tático é fundamental no jogo de handebol e é por meio dele que os jogadores conseguem realizar determinadas ações, em posições específicas, de acordo com o seu rendimento, sendo diretamente ligado ao sistema de jogo adotado pela equipe. Um esquema tático ou formação da equipe, considerado de qualidade é aquele que consegue aproveitar da melhor maneira possível os pontos fortes da 53 equipe, por meio de situações de ataque e defesa alinhadas com a proposta da equipe, e executadas em equilíbrio. Neste sentido, temos no handebol, com em qualquer outro esporte coletivo, os sistemas ou esquemas táticos ofensivos e defensivos, estruturados com o intuito de propiciar uma organização da equipe para as ações ofensivas e defensivas, respectivamente, conforme Franke (2018). Em cada sistema, são delimitadas as áreas de atuação dos jogadores e/ou são apontados os adversários a serem marcados, no sistema defensivo, por exemplo. Menezes (2010) apud Franke (2018) cita a importância que a equipe deve dispender à dinâmica do sistema, bem como de cada jogador em compreender o motivo do seu posicionamento ou das atitudes que devem ser tomadas em quadra durante a partida. Em esquemas ofensivos, é fundamental oportunizar a prática de vivências, as quais possibilitem ao praticante vivenciar situações reais de jogo, para que, dessa forma, desenvolva estratégias e a criatividade a fim vencer a marcação adversária e buscar progredir em direção à meta adversária (FRANKE, 2018). Os esquemas defensivos estão associados à preocupação acerca das situações de jogo que possibilitem o desenvolvimento de princípios e capacidades técnico-táticas do aluno. E neste caso, faz-se necessário compreender de forma clara os principais conceitos básicos de defesa, como recuperação da bola (desarme ou interceptação), impedimento de progressão ofensiva e proteção da meta, serão utilizados espontaneamente por meio da observação, do combate, da aproximação e de coberturas, conforme menciona Franke (2018). É importante destacar ainda que no handebol, as táticas grupais e coletivas são mais importantes do que as questões individuais. Por isso, a escolha do esquema e consequentemente do sistema a ser adotado pela equipe deve ser considerado, já que depende da observação do sistema que a equipe adversária utilizará, além de considerar as características individuais de seus jogadores. Franke (2018), descreve que os princípios defensivos e ofensivos correspondem, respectivamente a: (1) Recuperar a posse de bola - manter a posse de bola; (2) Impedir a progressão do adversário - progredir em direção ao gol adversário; (3) Evitar o gol - marcar o gol. Quanto aos aspectos ofensivos, ressalta-se que das formas de atacar no handebol, destacam-se três, as quais são consideradas as mais conhecidas: • Ataque em circulação: os jogadores se movimentam a todo o momento, 54 mudando seu posicionamento na quadra e buscando confundir a defesa e dificultar a marcação. • Ataque posicionado: os jogadores têm posição fixa na quadra, e a bola circula entre os jogadores. • Ataque combinado: é a mistura dos dois sistemas citados anteriormente, já que alguns jogadores têm posições fixas em quadra, enquanto outros se movimentam e trocam de posição. Quanto aos aspectos defensivos, Franke (2018) destaca que o sistema a ser ensinado na iniciação esportiva para crianças é o sistema defensivo individual, em que cada jogador é responsável por marcar um jogador específico na quadra. Por outro lado, segundo o autor, o sistema defensivo zonal, inserido posteriormente no processo de ensino-aprendizagem, é quando o jogador tem responsabilidade de marcação do jogador que se encontra na sua zona. Ele pode ser formado por uma, duas ou mais linhas de marcação, como o 6:0, 1:5, 3:3, 3:2:1, 4:2 e 5:1. Além disso, os sistemas podem ser divididos quanto ao tipo de defesa, que pode ser alta, como nos sistemas 3:3, 4:2 e individual, mista, como no sistema 3:2:1, e baixo, como nos sistemas 5:1 e 6:0 (MENEZES, REIS e MORATO, 2016 apud FRANKE, 2018). 3.5 SISTEMAS TÁTICOS DO HANDEBOL O sistema de jogo, item indispensável da tática coletiva, é a maneira como os jogadores se posicionam na quadra durante o jogo (MENEZES, 2010 apud FRANKE, 2018). O sistema de jogo pode ser ofensivo, quando os jogadores estão com a posse da bola e o principal objetivo é fazer o gol, e defensivo, quando a equipe está em posição de defesa da meta e sem a posse da bola. A seguir será apresentado os principais sistemas táticos ofensivos e defensivos aplicados no handebol, bem como suas características de maneira resumida. 3.5.1 SISTEMAS OFENSIVOS Estes sistemas têm a particularidade de posicionarem seus jogadores o mais próximo possível da meta adversária, e para tal, devem em cada um deles ser estabelecidas estratégias próprias para sobretudo evitar-se jogadas de contra- ataque, caso o adversário retome a posse de bola, atacando-se de forma equilibrada, por meio de ações individuais e coletivas coordenadas, que 55 demandam treinamento. • Sistema 6:0 No sistema 6:0, todos os jogadores se posicionam lado a lado para atacar, buscando ocupar toda a área do tiro livre. É o mais fácil e simples dos sistemas ofensivos no handebol. Não há presença do pivô nem a realização das infiltrações, comuns nos outros sistemas de jogo. Dessaforma, os arremessos são realizados à longa distância, geralmente, e os ataques armados com intensa troca de passes para diminuir o bloqueio da defesa (FRANKE, 2018; TENROLER, 2004). • Sistema 5:1 Neste sistema, de acordo com Franke (2018) temos a participação do pivô posicionado à frente dos outros 5 companheiros de equipe, geralmente na área central para se infiltrar e ter um melhor ângulo de arremesso. Os outros jogadores armam as jogadas para que o jogador que estiver livre de marcação possa finalizar. Os pontas, nesse sistema, auxiliam o pivô na finalização das jogadas (ALMEIDA; DECHECHI, 2012; TENROLER, 2004). • Sistema 3:3 Este é o sistema mais utilizado na iniciação esportiva, já que é mais fácil de ser assimilado pelos atletas com pouca experiência e vivência do jogo. A configuração da equipe é feita com uma linha de três armadores, dois pontas e um pivô. A equipe ganha amplitude e versatilidade na troca de passes em frente à área, pois é um sistema que permite variações de jogadas e formatações, sendo uma boa alternativa para enfrentar equipes fechadas e bem postadas defensivamente (FRANKE, 2018; TENROLER, 2004). • Sistema 4:2 No sistema 4:2, o time se posiciona com dois armadores próximos à linha de 9 metros, dois pontas mais recuados e dois pivôs mais próximos à área, configurando as duas linhas postadas. Nesse sistema, os pivôs procuram atrair a marcação para o centro da área, liberando espaços nas laterais para infiltrações dos pontas ou oferecendo uma linha de passe central para os armadores, buscando proteger a bola e girar para finalizar (FRANKE, 2018; TENROLER, 2004). 3.5.2 SISTEMAS DEFENSIVOS O objetivo principal destes sistemas é o de oferecer a máxima proteção à 56 equipe, e evitar-se que o adversário avance em direção a sua meta. Cabe ressaltar também a importância tática de cada um destes sistemas, pois ao recuperar-se a posse de bola, um ciclo de jogadas tende a ser iniciado, portanto, as ações não ficam restritas somente à defesa em si, mas nas estratégias a serem tomadas a partir da recuperação da bola, por exemplo. • Sistema 6:0 Esse sistema é um dos mais utilizados no handebol competitivo, e de acordo com Franke (2018), um dos sistemas mais utilizados e base para os demais sistemas, sendo considerado um sistema de defesa baixa, visto que todos os jogadores se posicionam de forma recuada, próximo à área do goleiro por diminuir os espaços para infiltrações, além de dificultar as movimentações do pivô e reduzir os espaços para arremessos das pontas; porém, permite arremessos da segunda linha defensiva (ALMEIDA;DECHECHI, 2012). • Sistema 5:1 Esse sistema, conta com um jogador que se posiciona de maneira avançada à frente da segunda linha defensiva, e com isso busca dificultar a troca de passes entre os armadores. O intuito é fazer com que a troca de passes entre os atacantes adversários se torne mais lenta, facilitando a recuperação de bola pela equipe, e ainda buscando a melhor forma de organizar a defesa. Um aspecto importante que deve ser destacado neste tipo de sistema é que ele deixa mais vulnerável a defesa, por meio do enfraquecimento da primeira linha defensiva, fazendo com que as jogadas desenvolvidas pelo adversário sejam mais eficientes, dentre as quais: infiltrações e os deslocamentos do pivô (ALMEIDA; DECHECHI, 2012). Este sistema é considerado de defesa baixa, sendo que um jogador apenas se posiciona à frente da linha de 9 metros para interceptar a bola. Tem como pontos fortes um forte bloqueio defensivo, como na defesa 6:0, mas tem como interferência na armação das jogas, visto que só um jogador se posiciona à frente, e a saída para contra- ataque é lendo como no 6:0. • Sistema 4:2 De acordo com Almeida e Dechechi (2012) esse sistema conta com dois jogadores avançados na segunda linha defensiva, dificulta ainda mais a troca de passes entre os armadores e, assim, pode tornar a troca de passes entre esses atacantes bastante lenta. Porém, deixa também a primeira linha defensiva mais vulnerável para infiltrações e deslocamentos do pivô. 57 Também considerado um sistema de defesa alta como o 3:3, que veremos a seguir, esse é um tipo de sistema defensivo em que dois jogadores se posicionam à frente da linha de 9 metros para marcar os armadores laterais (FRANKE, 2018). Os sistemas de defesa alta são utilizados geralmente quando a equipe tem jogadores rápidos que podem posicionar-se à frente com o intuito de perturbar o ataque, dificultar a elaboração das jogadas e interceptar a bola. • Sistema 3:3 Nesse sistema, com três jogadores em cada linha defensiva, a troca de passes em lateralidade e os arremessos da segunda linha defensiva ficam prejudicados. Porém, por dificultar as coberturas no caso de falhas individuais na defesa, proporciona uma grande vulnerabilidade à primeira linha defensiva (ALMEIDA; DECHECHI, 2012; FRANKE, 2018). Ainda de acordo com os autores, é um tipo de sistema de defesa alta, em que três jogadores se posicionam à frente dos outros três defensores que ficam atrás, próximo à área do goleiro e abaixo da linha de 9 metros. Os três defensores posicionados à frente da linha de 9 metros marcam os armadores da equipe atacante. Esse sistema, bem como o 4:2, que será explicado em seguida, tem como vantagens facilitar a saída para o contra-ataque e a facilidade para interceptar arremessos longos e médios, bem como dificultar a formação do ataque adversário. • Sistema 3:2:1 É um tipo de sistema de defesa mista, pois um jogador central posiciona-se à frente da linha dos 9 metros, fazendo uma defesa alta, dois deles se posicionam próximo à linha de 9 metros, realizando uma defesa média, e três se posicionam próximo à área do goleiro para fazer uma defesa baixa. Esse tipo de defesa é utilizado quando existem jogadores com diferentes perfis (FRANKE, 2018). Franke (2018) destaca ainda que neste sistema, um jogador mais rápido será posicionado à frente para dificultar o ataque, dois um pouco mais atrás, que também podem auxiliar na interceptação da bola, e três que cobrirão a defesa. Esse sistema tem como ponto positivo a facilidade para o contra-ataque, visto que a defesa já está posicionada à frente (FRANKE, 2018; TENROLER, 2004). 58 FIXANDO O CONTEÚDO 1. No jogo de handebol, para construir-se ações coordenadas, é necessário desenvolver ações ou estratégias de jogo, sejam de caráter ofensivo ou defensivo, de acordo com a situação da partida. Contudo, quando se tem a posse de bola, são realizados movimentos que permitem a manutenção dessa posse, para superar (ultrapassar) todas as linhas de defesa da equipe adversária e atingir o objetivo (meta) dos jogos coletivos. Analise as assertivas a seguir e assinale a que apresente de forma CORRETA as ações que visam desenvolver o jogo de ataque (sistema ofensivo). a) Grupais e pessoais. b) Individuais e coletivas. c) Táticos e pessoais. d) Individuais e passivos. e) Defensivas e ofensivas. 2. O handebol é um esporte dinâmico e de movimentação complexa, por isso conhecer os sistemas de jogo do handebol é muito importante para um bom desempenho nesse esporte, onde as ações ofensivas e defensivas, e suas transições são constantes durante uma partida. Neste sentido, analise as assertivas a seguir, e assinale a opção correta sobre os sistemas de jogos defensivos. a) O primeiro sistema a ser ensinado na iniciação esportiva para crianças é o defensivo individual. b) No sistema zonal cada jogador é responsável por marcar um jogador específico na quadra. c) O sistema defensivo depende das características da equipe, e não do sistema ofensivo do time adversário. d) Deve-se priorizar o ensinamento dos sistemas zonais na iniciação esportiva para crianças. joser Realce joser Realce 59 e) O sistema defensivo é adotado pela equipe quando os jogadores estão com a posse da bola e tem como principal objetivo fazer o gol. 3. (IFB – 2017) Em relação aos sistemas defensivos adotados no handebol, propostosna obra de Rose Júnior (2006), associe a segunda coluna com a primeira. (I) Sistema defensivo Zonal (II) Sistema defensivo Combinado (III) Sistema defensivo Individual ( ) É um tipo de sistema que utiliza a marcação por pressão o tempo todo, com o objetivo de desajustar o ritmo de jogo, dificultar os passes e os deslocamentos ofensivos. ( ) Um tipo de defesa empregado contra equipes que possuam jogadores atacantes dotados de habilidades individuais diferenciadas tanto em nível de arremesso quanto na capacidade de organização de jogo ofensivo, podendo ser utilizado com cinco jogadores na primeira linha de defesa e um exercendo marcação individual. ( ) É utilizado em função dos procedimentos táticos individuais e coletivos ofensivos empregados pelas equipes de handebol, sendo que toda formação defensiva desta natureza é caracterizada por ser organizada por seis postos específicos, no qual cada defensor é responsável por determinado posto. ( ) Neste sistema, em determinada situação, quando se está em inferioridade numérica, por exemplo, os cinco defensores devem estar ligados aos conceitos táticos que visam proteger o semicírculo espacial central da defesa. Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA de associação, de cima para baixo: a) I, II, I, III. b) II, III, I, I. c) III, II, I, II. d) III, II, I, I. e) II, II, III, I. joser Realce 60 4. Um bom desempenho tático por parte dos praticantes das modalidades esportivas coletivas está diretamente ligado com o desenvolvimento de competências relacionadas aos jogos coletivos. No handebol, vemos de forma clara três táticas diferentes que são consideradas bases para os esquemas táticos tanto ofensivos quanto defensivos adotados pelas equipes. Analise as assertivas a seguir, e assinale a que represente as características da tática de grupo. a) É parte da tática de grupo e compreende todas as ações adequadas e econômicas individuais, por setores ou zonas, em que há a colaboração direta, respectivamente, de um ou vários jogadores. b) É o conjunto de ações e medidas orientadas para um objetivo que essa equipe utiliza com a finalidade de vencer o adversário. A base da tática de equipe é constituída por tática individual. c) É parte da tática coletiva e compreende todas as ações adequadas e econômicas de grupos de jogadores em ataque e defesa, a colaboração direta, respectivamente, de dois ou vários jogadores. d) Referem-se às ações adequadas e econômicas do jogador com o objetivo de vitória sobre o adversário, ou ainda, toda ação de um jogador, na qual procure uma situação 1×1, sem uma ação direta do seu companheiro. e) É o conjunto de ações e medidas econômicas orientadas para um objetivo que essa equipe utiliza com a finalidade de vencer o adversário. A base da tática de equipe é constituída por tática individual e tática de grupo. 5. Enumere a segunda coluna a partir das características marcantes relacionadas ás fases do ataque, de acordo com Almeida e Dechechi (2012). Posteriormente, marque a sequência correta: 1. Transição ofensiva 2. Organização 3. Ataque em sistema joser Realce 61 ( ) Ocorre imediatamente após um contra-ataque sem sucesso ou quando a equipe repõe a bola em jogo por meio do tiro de saída, com a equipe adversária já posicionada. ( ) Depois de ocuparem suas respectivas posições de ataque, os jogadores se organizam em sistema e realizam ações táticas, com o objetivo de criar condição favorável para uma finalização eficiente. ( ) É a passagem da quadra de defesa para a quadra de ataque a partir do momento que a equipe recuperou a posse de bola, até quando a defesa adversária esteja devidamente organizada. ( ) Período em que os jogadores ocupam suas posições específicas de ataque, caracterizado pelo momento em que a equipe repõe a bola em jogo por meio do tiro de saída, com a equipe adversária já posicionada. a) 3, 2, 3, 1; b) 2, 2, 1, 3; c) 1, 3, 3, 2; d) 3, 3, 1, 2; e) 2, 3, 1, 2. 6. Uma partida de handebol ocorre sempre entre duas equipes. Essas equipes, no decorrer do desenvolvimento da partida, deverão realizar ações ofensivas e defensivas. Considerando as ações defensivas, analise as assertivas a seguir, assinalando V para as verdadeiras e F para as falsas: ( ) O bloqueio somente pode ser efetuado durante uma ação ofensiva. ( ) O sistema defensivo 3:3 é um sistema aberto. ( ) Durante o deslocamento lateral devo efetuar o cruzamento das pernas para maior eficiência. ( ) O sistema defensivo 4:2 é um sistema combinado. Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) F – F – V – F. b) ( ) V – F – F – V. joser Realce 62 c) ( ) V – V – F – F. d) ( ) F – V – V – V. e) ( ) F – V – F – F. 7. O sistema de jogo, item indispensável da tática coletiva, é a maneira como os jogadores se posicionam na quadra durante o jogo, e este podendo ser ofensivo, quando os jogadores estão com a posse da bola e o principal objetivo é fazer o gol, e defensivo, quando a equipe está em posição de defesa da meta e sem a posse da bola. Em relação ao sistema defensivo 6:0, quais são as suas vantagens? a) Menor desgaste físico e fácil troca de marcação. b) Saída rápida em contra-ataques. c) Interferência nas jogadas dos atacantes. d) Dificulta os arremessos de longa distância dos atacantes. e) Grande mobilidade dos defensores. 8. O sistema 4:2 é considerado ofensivo, pois têm como particularidade a dos jogadores posicionarem-se o mais próximo possível da meta adversária, e para tal, devem ser estabelecidas estratégias próprias para sobretudo evitar-se jogadas de contra-ataque, caso o adversário retome a posse de bola, atacando-se de forma equilibrada, por meio de ações individuais e coletivas coordenadas, que demandam treinamento. Neste sentido, caracterize o sistema ofensivo 4:2. a) Nesse sistema, os arremessos são realizados à longa distância e os ataques armados com intensa troca de passes para diminuir o bloqueio da defesa. b) Nesse sistema, os pivôs procuram atrair a marcação para o centro da área, liberando espaços nas laterais para infiltrações. c) Nesse sistema, a equipe ganha amplitude e versatilidade na troca de passes em frente à área, pois é um sistema que permite variações de jogadas e formatações. d) Nesse sistema, existe a participação dos pontas posicionados à frente dos outros 4 companheiros de equipe. joser Realce joser Realce joser Realce 63 e) Nesse sistema, é o sistema mais utilizado na iniciação esportiva, já que é mais fácil de ser assimilado pelos atletas com pouca experiência e vivência do jogo. 64 A PEDAGOGIA DO HANDEBOL 4.1 INTRODUÇÃO Praticar um esporte, seja ele coletivo ou individual, é sempre prazeroso para os amantes de práticas esportivas, pois, para estes, os benefícios vão além do físico. Muitas vezes, as vantagens transcendem para questões psicológicas, proporcionando, assim, equilíbrio físico e emocional aos seus praticantes. Ao pensar acerca da pedagogia do esporte, mais especificamente do handebol, é importante compreender como proceder quanto ao processo ensino- aprendizagem, neste sentido, o desafio em reconstruir a manifestação esportiva no ambiente escolar torna-se mais evidente na busca pela ampliação do cabedal teórico e motor dos alunos para além das quatro linhas da quadra, ou seja, entender as inúmeras possibilidades que o esporte (handebol) pode proporcionar. Portanto, repensar a importância do esporte na escola passa por entendê-lo como um elemento da cultura corporal de movimento, conforme descreve Darido (2012) e que, como tal, sua implementação nas aulas de educação física está vinculada à complementariedade a outras práticas corporais a fim de enriquecer o arcabouço teórico e motor do aluno. 4.2 AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DESPORTIVAS APLICADAS AO ENSINO DO HANDEBOL O esporte é a ação de praticar atividades físicas de maneira coletiva ou individual, gerando bem-estar físico e emocional a todas as pessoas que o envolvem, sendoconsiderado um dos fenômenos socioculturais mais importantes no final do último século. [...] o esporte é entendido como uma atividade competitiva institucionalizada que envolve esforço físico vigoroso ou o uso de habilidades motoras relativamente complexas, por indivíduos, cuja participação é motivada por uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos (BARBANTI, 2008, p. 57) Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 65 Ainda de acordo com o autor, para que tenhamos uma definição precisa do que é o esporte, é necessário considerar a especificidade da atividade em questão, suas condições para que ela ocorra e a orientação subjetiva dos participantes envolvidos. Tubino (1999) classificou o esporte em manifestação sociais: esporte educação, esporte participação e esporte performance, que englobam tantos os esportes individuais quanto os coletivos, como é o caso do handebol (Figura 4). Figura 7: Manifestações sociais do esporte a. educacional b. lazer c. rendimento Fonte: Acervo Pessoal do Autor (2021) Você verá a seguir essas manifestações do esporte, e como elas podem ser desenvolvidas tendo como premissa central a prática do esporte, embora sob estruturações ou níveis organizacionais que as diferenciam, todas apresentam uma enorme contribuição para a formação e desenvolvimento do cidadão. ESPORTE EDUCAÇÃO O principal objetivo do esporte é gerar cultura, manifestações sociais e democratização por meio do movimento. A partir do esporte educação, socializamos com pessoas de nosso convívio, desenvolvendo senso crítico, cidadania, fazendo com que os alunos tenham consciência da importância da inclusão e para desenvolver a competitividade de maneira saudável, conforme descreve Paes (2002) e Tubino (1999). O handebol educação parte do pressuposto que a inserção do handebol como conteúdo curricular deve estar direcionado à democratização do acesso à manifestação da cultura de movimento de uma sociedade por meio do seu desenvolvimento nas escolas, pois é pela escola que todos terão a oportunidade de socialização do movimento, tendo em vista que o esporte é oferecido em outros 66 ambientes de socialização, mas que nem todas as pessoas têm um efetivo acesso, por exemplo: em praças ao ar livre, academias, escolas de esporte, etc. Para Darido e Rangel (2005), o esporte como meio de educação acontece nas escolas por meio do desenvolvimento de atividades de maneira coletiva e individual com o intuito de formar cidadãos preparados para as adversidades cotidianas. No caso do handebol, ao pensar em uma determinada atividade, na qual um aluno tem uma habilidade maior nessa atividade e o outro não. O aluno que tem maior habilidade deve ajudar ao colega com menor habilidade a desenvolver a tarefa proposta. Por exemplo, o objetivo da aula é aprender a fazer o arremesso ao gol. A atividade será em dupla e cada aluno deve fazer o arremesso a gol, sendo que o aluno mais habilidoso pode dar dicas ao colega de como ele pode arremessar de maneira eficaz. Dessa maneira, os alunos desenvolvem senso de compreensão e respeito ao nível de aprendizagem do colega, podendo entender que as habilidades podem ser trabalhadas e aprendidas com calma. ESPORTE PARTICIPAÇÃO OU LAZER Neste tipo de esporte, Tubino (1999) descreve que o foco principal está centrado no aspecto lúdico. O esporte participação ocorre em espaços formais e não formais e é praticado por pessoas de todas as faixas etárias e condições. Paes, 67 (2002) descreve que geralmente, esse tipo de esporte acontece no tempo de lazer, desenvolvendo a interação social, o bem-estar físico e mental, a diversão e o desenvolvimento pessoal. No caso do handebol, entende-se que o jogo em si possui alguns propósitos bem definidos, tais como: a descontração, a diversão, o desenvolvimento pessoal e o relacionamento com as pessoas, e que são constantemente desenvolvidos. É importante destacar ainda que, as regras para esta manifestação esportiva, tornam- se flexíveis e podem ser adaptadas de acordo com os participantes que possuem “liberdade” para fazê-lo, uma vez que o que menos importa nessa manifestação esportiva é o resultado. De forma geral, o esporte-participação, apresenta uma dimensão mais ligada aos aspectos sociais, em que se busca por exemplo, por meio de projetos sociais, a inclusão e participação de todos, e o handebol, como modalidade esportiva pode ser facilmente desenvolvido, devido as suas características. Paes (2002) destaca que é possível presenciar o momento em que os indivíduos formam coletivos para alguma prática coletiva, mesmo que o esporte seja individual, como a corrida, o ciclismo e a natação, sendo que o importante é a participação do indivíduo, bem como a sua socialização. Em geral, os locais ocupados por eles são espaços públicos de lazer, clubes particulares, condomínios, ruas, parques, praças, praias e montanhas. É possível perceber que a prática do handebol com o viés da participação ou do lazer tem o poder de transformar os indivíduos devido a sua capacidade de interação, causando bem-estar físico, psíquico e social, melhorando o ambiente e promovendo ações que modifiquem o cotidiano. ESPORTE RENDIMENTO OU PERFORMANCE Também conhecido como esporte de rendimento, Tubino (1999) descreve que o esporte performance visa ao êxito de vitória sobre o adversário. As modalidades são regidas por federações, ligas e comitês a níveis regionais, nacionais e internacionais. De forma global, o esporte performance tem regras universais, a fim de integrar todos os participantes que o praticam, podendo ser mais justos e possibilitar uma interação, tendo em vista que existem competições a níveis internacionais. 68 Paes (2002) menciona que os seus praticantes se diferem completamente dos praticantes do esporte educação e do esporte participação, mas é possível que, por meio desses esportes, eles cheguem ao esporte performance. No alto rendimento, a prática fica restrita aos talentos esportivos descobertos na maioria das vezes em escolas de base esportiva específica de alguma modalidade, como ocorre com o handebol, e que geralmente é promovida pelos clubes com o foco de encontrar o próximo campeão, deixando claro que muitas vezes o foco dessa manifestação esportiva é a vitória. Darido e Rangel (2005) descrevem de forma detalhada o esporte rendimento como aquele que traz consigo os propósitos de novos êxitos e vitórias sobre os adversários. Um outro aspecto que merece atenção nesta manifestação do esporte é que essas modalidades são representadas por estruturas organizacionais ou hierárquicas, dentre as quais: ligas, federações, confederações, comitês olímpicos, que dão a essa manifestação do esporte o perfil mais “formal”, associando-o ao rendimento, ou seja, ao atleta. Barbanti (2008) e Tubino (1999) descrevem outra importante característica do esporte performance, que é a profissionalidade com que são tratadas as modalidades: é necessário um corpo de profissionais altamente qualificados para se alcançar resultados expressivos. Então, os profissionais da área geralmente são especializados de acordo com os objetivos de cada área de atuação e também trabalham em grupo. 4.3 OS JOGOS PRÉ-DESPORTIVOS E GRANDES JOGOS COMO FERRAMENTA DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NO HANDEBOL O handebol é um jogo de equipe e, ao tratar de jogos pré-desportivos e ainda dos grandes jogos como ferramenta do processo ensino-aprendizagem da modalidade, temos essa prática desenvolvida no âmbito educacional, sobretudo. Neste caso o handebol desempenha um papel importante na educação social dos alunos, onde o objetivo em geral é fazer com que os jogadores/participantes aprendam a cooperar entre si, conforme destaca Franke (2018). 69 De toda forma, o handebol nas escolas é, entendido como uma atividade que deve ser inserida no conteúdo curricular, mediante suas possibilidades de desenvolvimento, onde o professor pode explorar diferentes aspectos, não somente o motor, mas o cognitivoe ainda o afetivo-social. Cabe aos professores entenderem esse propósito e ao planejarem suas atividades, pensem em algo que vai muito mais além que os aspectos motores naturais: correr, pular, pegar e jogar. Vale explorar aspectos táticos, de tomada de decisão, e ainda as regras da modalidade, pois cada uma destas carrega consigo sua importância para a formação do aluno enquanto cidadão participativo, reflexivo e crítico para atuar na sociedade. O ensino eficaz do handebol envolve combinar o ensino do entendimento tático com o desenvolvimento de habilidades. Pensando nisso, o ensino do handebol pode ser visto por duas grandes abordagens distintas: abordagem analítica e abordagem global, conforme destaca (MENEZES, 2012; TENROLER, 2004). E antes de apresentarmos os jogos pré-desportivos e/ou outras possibilidades de trabalhar-se o handebol, em seus aspectos técnicos e táticos, é importante entender o tipo de abordagem que será adotada, pois é ela quem norteará o caminho a ser conduzido pelo professor durante o processo ensino-aprendizagem. Greco (2007) se posiciona não favorável à adoção de um único método de ensino- aprendizagem-treinamento, independente de qual método for adotado, uma vez que é importante oferecer ao aluno diferentes possibilidades/variabilidade de ações, tomada de decisões e compreensão parcial e global do jogo, por exemplo. Neste sentido, temos a abordagem analítica, que de acordo com Franke (2018) parte do pressuposto de que o desenvolvimento das habilidades motoras é o elemento mais importante. Faz-se importante que os professores de educação física incluam em seu programa de treinamento, aspectos associados ao desenvolvimento de habilidades motoras gerais na prática do handebol, conforme descreve Tenroler (2004), em que elementos como: agilidade, velocidade, força, coordenação, equilíbrio, flexibilidade e resistência, essências na prática do handebol, sejam colocados em evidência. Além disso, Franke (2018) destaca a 70 importância dessa abordagem, a qual prioriza também o ensino pela técnica, visando o desenvolvimento das habilidades motoras específicas da modalidade em questão. Franke (2018) descreve que aulas planejadas a partir dessa perspectiva de ensino incluem diversos exercícios, visando a aprendizagem da técnica. Evoluindo em grau de complexidade, por exemplo, uma aula com objetivo de ensino do fundamento passe pode iniciar com dois alunos trocando passes a uma curta distância e, conforme obtiverem sucesso na atividade, aumentará a distância entre eles. É possível ainda estimular diferentes formas de passar a bola, como passe a meia altura, passe quicando, passe com trajetória parabólica, etc. Por outro lado, temos ainda a abordagem global é baseada em jogos e visa desenvolver um processo de ensino com o aluno no centro das atividades em situações que exigem a solução de problemas para ensinar o handebol, conforme descreve Franke (2018). Um aspecto interessante dessa abordagem é que ela difere daquelas consideradas tradicionais, uma vez que essa abordagem, primeiramente, enfatiza a compreensão, a apreciação e o aprendizado tático do jogo para resolver os problemas que surgem ao longo da atividade e, depois, ensina a como fazê-lo. De maneira global, nessa abordagem, o professor é desafiado a identificar e priorizar os problemas e as habilidades táticas do jogo a serem focados estabelecendo tarefas de aprendizado apropriadas para melhorar a competência de jogo dos alunos. No entanto, observa-se ainda, por meio de estudos realizados para identificar as metodologias de ensino e ações pedagógicas que os professores aplicam nas suas aulas na escola, a predominância da abordagem de ensino tradicional. Nesse sentido, evidencia-se a importância de refletir criticamente durante a formação dos profissionais de Educação Física sobre as metodologias de ensino e romper com a abordagem tradicional (ROMÃO et al., 2017). No caso específico da metodologia pautada pelo uso de jogos, atividades de preparação que iniciam um evento ou preparam o caminho para o próximo nível de jogos, como jogos reduzidos, formas parciais de jogo e formas básicas de jogo). Incluem jogos de recepção, jogos de revezamento, jogos baseados em queimada ou combinação, por exemplo, são bem-vindas dentro do processo ensino- aprendizagem do handebol. Você verá a seguir uma breve descrição dessas atividades: 71 • Jogos reduzidos: são uma forma genérica para jogos com poucos jogadores competindo em um campo de tamanho menor, sem a necessidade de ter todos os principais elementos de jogo para estruturar o handebol. Pode ser um jogo de passe 3v3, por exemplo. • Jogos parciais: são situações de jogo, porém mais simples que a forma básica do jogo, mantendo a dinâmica do jogo de handebol (cooperação versus oposição). Podemos manipular as restrições de jogo para resolver um problema específico do jogo (por exemplo, 2v2, em meia quadra com torcedores nas laterais). • As formas básicas de jogo: são versões modificadas do jogo de handebol completo (7vs7), mas ainda mantêm suas características únicas de relação de cooperação e oposição. As modificações podem incluir alterações nas regras de número de jogadores, tamanho da quadra e do gol, formato da área do gol, características da bola, restrições defensivas e equipamentos alternativos. De forma global, Franke (2018) menciona que as modificações nos jogos, a complexidade tática e de desempenho do jogo completo pode ser reduzida ou modelada de acordo com as necessidades de ensino. É importante destacar que uma das ferramentas mais utilizadas neste sentido, o mini-handebol, pode ser amplamente utilizado como mecanismo onde se desenvolve aspectos da modalidade, de forma lúdica, sendo um bom exemplo de uma forma de jogo modificada. Podemos destacar como exemplo a ser trabalhado em aula, um jogo cujo objetivo é trocar passes por 10 vezes consecutivas. Ao longo da atividade, os alunos elaboram estratégias para atingir o objetivo e impedir que a equipe adversária o atinja, estimulando a tomada de decisão, e a tática é evidenciada. E para evitar que a equipe adversária complete os passes, os alunos podem pensar em se distribuir pela quadra, visando marcar o adversário que poderia receber um passe, estimulando o aprendizado de aspectos técnicos e táticos de jogo. Diante dessa situação, o aluno com a posse de bola deve pensar em diferentes soluções para fazer com que a bola chegue até o colega que está marcado (problema). E então, as possibilidades aparecem de forma natural, e um exemplo a ser adotado pode ser passar a bola de forma forte e direta, para evitar que seja interceptada, com um passe quicado, para que a bola vá por baixo do marcador, ou ainda com um passe 72 de trajetória parabólica, para passar sobre o adversário. O ensino de modalidades esportivas, nas aulas de Educação Física, ou ainda em escolas de formação, deve estar voltado para uma ação pedagógica que respeite as características individuais. Sendo, mais importantes, de acordo com Leonardo (2008), as experiências motoras de habilidades, do que buscar a execução perfeita do movimento. Greco (2007) afirma que a organização pedagógica das aulas deve ser dinâmica, evitando-se a repetibilidade de ações que estejam mais próximas do treinamento, ou seja, na formação de atletas. Cabe ao professor verificar este aspecto, onde todos os alunos consigam participar de forma participativa, fazendo parte do processo como elementos fundamentais do mesmo. Garganta (1998) e Paes (2002) afirmam que a estruturação pedagógica consiste em etapas definidas de forma clara, e que visam uma sequência estrutural, dentre as quais: organização, sistematização, aplicação e avaliação dos procedimentos pedagógicos envolvidos nos processos de ensino-aprendizagem, além daqueles associados ao treinamento esportivo. Cabe ainda enfatizar as múltiplas inteligências e especialmente tratando-se dos jogos esportivos coletivos, como é o casodo handebol, é importante considerar três aspectos fundamentais: a) imprevisibilidade - as ações nunca se repetem; b) criatividade - não fazer somente o óbvio; e c) complexidade – deve-se considerar os diferentes elementos, inerentes ao contexto da pedagogia do esporte (PAES, 2002). Enfim, o processo de ensino-aprendizagem do handebol na iniciação deve acontecer preferencialmente, através de jogos e exercícios de aprendizagem com clima lúdico e de intensa socialização, estes conceitos devem ser trabalhos concomitantemente, sendo eles: atividades de oposição, automatismos inconscientes e jogar para aprender. E complementando, Bayer (1994) deixa claro 73 que nos ensino dos esportes coletivos, é importante que os participantes sejam estimulados a vivenciar atividades que os permitem compreender a estrutura, a lógica e a dinâmica desses esportes, evitando com isso, a ocorrência da especialização precoce e da automatização recortada e descontextualizada dos gestos motores no modelo tecnicista. 4.4 O HANDEBOL E SEUS ASPECTOS SOCIAIS, DE INCLUSÃO E PARTICIPAÇÃO O esporte como fenômeno social tem importante papel na sociedade visto que ele abrange vários setores, dentre os quais: da saúde e da educação. A prática do esporte, em particular do handebol, envolve a aquisição de habilidades físicas e sociais, valores, conhecimentos, atitudes e normas. O papel do esporte e da atividade física nos projetos sociais é valorizado na sociedade, seja os elementos constituintes ou os elementos de socialização e promoção da saúde de adolescentes e crianças. Observamos nos último anos um crescimento da possibilidade de acesso à diferentes programas sociais, onde o esporte é visto como elemento central. De toda forma, ainda carece de maiores investimentos, e uma maior variabilidade de ofertas relacionadas aos esportes, entendendo que no caso do handebol ainda vemos uma lacuna no que tange projetos sociais direcionados a essa prática esportiva, direcionado ao social, à formação do cidadão, dentre outros aspectos. Portanto, ao falamos em handebol e seus aspectos de inclusão, é importante destacar o handebol feminino, e dentre os fatos históricos, destacam-se, o primeiro Campeonato Mundial de Handebol Feminino de Campo, realizado em 1949, na Hungria, que contou com sete seleções. Em 1957, foi realizado o primeiro Campeonato Mundial Feminino de Handebol de Quadra, na Iugoslávia, contando com nove seleções (DACOSTA, 2005). No Brasil, o handebol feminino teve destaque a partir de 1973, ano em que foi disputado o IV JEB, em Maceió - AL, contou com a participação de 16 equipes femininas. Neste ano, foi criado o primeiro Campeonato Brasileiro de Handebol Feminino. Franke (2018) destaca que para a seleção brasileira, um dos fatos mais importante da história do handebol feminino brasileiro é a sua primeira participação nos Jogos Olímpicos em 2000. A seleção ficou em oitavo lugar. Após essa primeira participação nos jogos de Sidney, a seleção feminina brasileira de handebol esteve 74 presente em todos os outros jogos: Atenas (2004) em sétimo lugar, Pequim (2008) em nono lugar, Londres (2012) em sexto lugar e Rio de Janeiro em quinto lugar, mostrando sua constante evolução, e por tratar-se de uma modalidade desenvolvida a pouco tempo para o público feminino, conseguiu tornar-se expoente quanto à pratica para este público. Destaca-se ainda, como acontecimento para o handebol feminino brasileiro o Campeonato Mundial, conquistado em 2013, a destacar que nesse campeonato, a seleção brasileira ganhou todos os seus jogos na competição, tonando-se a segunda seleção não europeia e a primeira sul americana a conquistar o título de tal maneira. Enfim, Franke (2018) destaca que o avanço do handebol feminino brasileiro ao longo dos anos é, sem dúvida, de uma constante evolução. No entanto, como em outros esportes femininos, sofre com a falta de políticas e incentivos que possam difundir sua prática de maneira mais profissional, o que qualificaria ainda mais o esporte. E uma das estratégias fundamentais para que o handebol feminino continue a crescer no Brasil é a sua inclusão no ambiente escolar, por meio de aulas de Educação Física que privilegiem sua prática também para as meninas. O handebol e seus aspectos sociais e de inclusão devem ainda estar associados a um outro público específico, os deficientes físicos, por meio da prática do handebol para cadeirantes. Quando desenvolvida para este público-alvo, entende-se que o handebol deve atuar como agente transformador do cidadão, mesmo que o objetivo não seja o esporte em seu caráter competitivo, aqui é notório a necessidade de aliar o esporte à inserção do indivíduo na sociedade de forma verdadeiramente integradora e participativa, no intuito de desenvolver aspectos educacionais, de participação e inclusão. De fato, percebe-se um crescimento de pessoas com algum tipo de incapacidade ou deficiência física envolvidas em programas esportivos, sendo estes uma excelente ferramenta que trabalha os aspectos cognitivos, motores e afetivo- sociais. A prática esportiva, é uma interessante oportunidade de testar os limites e potencialidades, prevenir as enfermidades secundárias decorrentes da deficiência e ainda promover a integração social do indivíduo, por isso torna-se uma excelente opção para este público (MELO e LÓPEZ, 2002). Neste sentido, vemos o aparecimento do handebol em cadeira de rodas, considerada uma modalidade ainda pouco conhecida, e que ainda carece de maior divulgação, sobretudo da mídia. 75 Criado em 2005, pelos professores Décio Roberto Calegari, José Irineu Gorla e Ricardo Alexandre Carminato, o handebol para cadeirantes já possui uma grande adesão no país todo. Vale ressaltar como fato histórico marcante, a fundação da primeira federação da modalidade, a Federação Paranaense de Handebol em Cadeira de Rodas (FPRHCR), fundada em maio de 2007, na cidade de Toledo-PR. Trata-se de uma modalidade voltada para que pessoas com deficiência física pudessem ter a oportunidade e a vivência da prática do handebol, e para isto foram desenvolvidas duas formas diferentes: o Handebol Sete (Handball Seven ou HCR7) e o Handebol Quatro (Handball Four ou HCR4). No caso específico do HCR7, a disputada ocorre em uma quadra oficial da de handebol, mantendo-se alguns aspectos em comum, tais como: o tempo de jogo, as principais regras, o número de jogadores, as substituições, sendo estas similares ao que é praticado no handebol convencional. Um fator interessante nesta prática adaptada é que todos os jogadores podem atuar como goleiro a qualquer momento do jogo, desde que não estejam na área atuando como goleiro dois defensores ao mesmo tempo, caso ocorra pode gerar uma sanção à equipe que cometeu a falta, e consequente tiro de sete metros concedido ao adversário (CALEGARI et al., 2005). A outra possibilidade de prática do handebol adaptado é o HCR4, e de acordo com Calegari et al. (2005) possui uma similaridade maior com o handebol de praia, embora seja pratico em quadra assim como o HCR7, e o handebol convencional, trata-se de uma prática menos desenvolvida em nosso país. Neste caso, sua área de disputa utiliza as linhas da quadra de basquete, sendo disputado por quatro jogadores em cada equipe, com um goleiro e três jogadores de linha, mantendo-se as regras para o goleiro da mesma forma que o HCR7. O jogo é disputado em dois sets de quinze minutos cada com cinco minutos de intervalo e o placar volta a zero ao final de cada set. Em caso de empate será disputado um tempo extra de dez minutos para decidir o vencedor do jogo. O desempate no set é feito através do gol de ouro. Assim como no handebol de areia, o HCR4 tem o gol espetacular que é o gol feito em condições especiais (após um giro de 360º, por exemplo) deve ser considerado como se valesse dois gols. É importante destacar que as regras gerais do handebol convencional valem também para o HCR4 ou HCR7, ou seja, não é permitido conduzira bola, dar duas saídas, deve permanecer no máximo 3 s em posse da bola sem driblar, o trifásico 76 também é permitido e o limite dos “três passos” é substituído pelos toques na cadeira. Um aspecto interessante a ser destacado é que na modalidade adaptada, torna-se proibida a condução de a bola sobre as pernas, diferente do que acontece no basquete sobre rodas, uma outra modalidade possível de ser praticada por cadeirantes. Abreu e Bergamaschi (2016) relatam que assim como na prática de outras modalidades esportivas adaptadas, para o handebol, há uma classificação definida, de acordo com o desempenho e habilidades específicas da modalidade, tais como: driblar, passar, empurrar a cadeira, arremessar. Neste sentido, os autores descrevem essas classes como: 1.0, 1.5, 2.0, 2.5, 3.0, 3.5, 4.0 e 4.5. É importante ressaltar que para cada jogador há uma determinada atribuição de valor representada pela sua classificação. E neste sentido, temos no HCR7, cada equipe deve ter sete atletas somando 18 pontos dentro de quadra. Já no HCR4, cada equipe deve somar 14 pontos. No caso do HCR7, as regras são as mesmas do handebol de quadra (CALEGARI et al., 2005). Entretanto, algumas adaptações fazem-se necessárias, dentre as quais: a trave, que possui sua dimensão reduzida para dois metros de largura e dois metros de altura. Destaca-se também a possibilidade de rodízio entre os atletas que exercem a função de goleiro, sendo que não há um goleiro fixo como no handebol convencional, e neste caso, torna-se o goleiro aquele jogador que, de fato, assumir a função primeiro que o companheiro, retornando à área do goleiro o mais rápido possível, devendo sempre ter somente um nesta área. O HCR4 acompanha as características do handebol de areia (CALEGARI et al., 2005). Aqui o diferencial está centrado no fato de que, embora a quadra de jogo tenha as mesmas dimensões e delimitações de uma quadra oficial de basquetebol, a área do goleiro segue um prolongamento da linha de lance livre até a linha lateral. Outro aspecto que diferencia esta prática da convencional é a adaptação no tempo de jogo, a qual é reduzida para dois tempos de 15 minutos com intervalo de cinco minutos, sendo realizada uma contagem independente de gols em cada período, muito em função obviamente da quantidade de jogadores, total de 04 em cada equipe (Handebol em cadeira de rodas, 2008, site oficial). Quanto às violações, faltas e punições, estas seguem as mesmas regras do handebol convencional, devendo, todavia, saber-se que a cadeira de rodas deve ser considerada uma parte do jogador. No caso da progressão, deve-se levar em 77 conta o impulso à cadeira (CALEGARI et al., 2005). Tratar a inclusão por meio do esporte é algo que muitos vêm tentando, porém há ainda uma carência, principalmente devido à falta de informações sobre o tema “esporte adaptado” que está em pleno crescimento, mas necessita ainda de maior entendimento. Devemos entender a importância do esporte como fator de inclusão social, e neste sentido, o handebol surge como uma excelente ferramenta para impulsionar esta ideia e desenvolver diferentes habilidades ou competências em seus praticantes. Compreender o handebol muito além do aspecto da disputa, do jogo em si, é algo fundamental a ser desenvolvido. 78 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O processo ensino-aprendizagem do handebol envolve elementos importantes à serem considerados, os quais devem estar associados ao desafio de buscar a reconstrução da manifestação esportiva. No âmbito educacional, esse processo torna-se mais evidente, sobretudo na busca pela ampliação do cabedal teórico e motor dos alunos para além das quatro linhas da quadra, ou seja, entender as inúmeras possibilidades que o esporte (handebol) pode proporcionar. Analise as assertivas a seguir e assinale a que apresente de forma CORRETA um objetivo associado ao handebol educacional. a) A formação de cidadãos fisicamente capacitados para a sociedade. b) A oportunização de momentos de lazer sem o compromisso com o aprendizado. c) A formação de cidadãos preparados para serem futuros atletas. d) A cultura do movimento colocada em evidência. e) A análise do desempenho na análise e coleta de dados dos alunos. 2. Ao planejar aulas práticas, é fundamental que esta seja baseada em uma sequência lógica, a fim de garantir maior interesse e assimilação de conteúdo por parte do aluno. Para isso, boa parte do planejamento já deve estar estabelecido, lembrando que alterações são sempre viáveis e úteis, quando direcionadas à melhora da aprendizagem do aluno. Em relação às etapas de uma aula prática, é correto afirmar que: a) Um jogo ou uma adaptação fazem parte da aula. b) O aquecimento deve seguir um padrão durante todas as aulas. c) A conexão entre as tarefas e o jogo é dispensável. d) As regras do esporte sempre devem ser implantadas nas aulas. e) Não é necessário fazer adaptações ou decomposições dos lances. 3. A estruturação pedagógica consiste em organizar, sistematizar, aplicar e avaliar procedimentos pedagógicos nos processos de ensino-aprendizagem e treinamento joser Realce joser Realce 79 esportivo, sendo preciso ainda, enfatizar as múltiplas inteligências e especialmente tratando-se dos jogos esportivos coletivos, como é o caso do handebol, considerar alguns aspectos fundamentais. Analise as assertivas a seguir e assinale V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) O melhor aprendizado deve ser feito a partir de atividades repetitivas. ( ) A decomposição do jogo auxilia no aprendizado. ( ) Desafios não são necessários, apenas a apresentação e o ensino do conteúdo. ( ) A complexidade da proposta das atividades deve ser considerada pelo professor. A ordem correta de cima para baixo é: a) V,V,F,F. b) F,F,V,F. c) F,V,F,V. d) V,F,V,F. e) V,V,V,F. 4. O esporte pode ser entendido como a ação de praticar atividades físicas de maneira coletiva ou individual, gerando bem-estar físico e emocional à todas as pessoas que o envolvem, sendo considerado um dos fenômenos socioculturais mais importantes no final do último século. Neste sentido, temos o esporte de rendimento, cujos aspectos singulares o diferenciam dos jogos e das brincadeiras e fazem com que o esporte tenha um caráter formal e profissional. Entre as alternativas, qual é um aspecto do esporte de rendimento? a) O esporte de rendimento é exclusivo para adultos. b) O esporte de rendimento não pode ter suas regras alteradas. c) O esporte de rendimento é praticado em âmbito escolar. d) O esporte de rendimento não apresenta ligas e campeonatos. e) O esporte de rendimento é praticado em âmbito escolar. joser Realce joser Realce 80 5. Desenvolver e evoluir um esporte é de suma importância para sua sobrevivência e, principalmente, para que ele possa se perpetuar como uma prática esportiva. Pensar no esporte em um âmbito social e de inclusão deve direcioná-lo para aspectos que vão muito mais além do jogo em si, compreendendo-o como ferramenta de atuação, inserção e mudança de pensamento de uma sociedade, por meio da inserção de determinados públicos-alvos que passam a atuar como protagonistas do processo, como ocorre com as mulheres, ao tratar-se do handebol feminino. Nesse sentido, é correto afirmar que diferentes estratégias podem ser criadas para que o handebol feminino possa ser alavancado. Quais estratégias de desenvolvimento e difusão poderão auxiliar o handebol feminino brasileiro? a) Ensinar o handebol exclusivamente nas escolas privadas, por meio da disciplina Educação Física. b) Venda de ingressos mais baratos ao público feminino, a crianças, a adolescentes, a jovens e a idosos, para assistirem aos jogos de equipes profissionais. c) Realizar torneios dentro da escola e entre escolas que visem à prática do handebol feminino para adolescentes. d) Criar ações entre escola e família que possam proporcionar a prática do handebol entre meninas e suas mães dentro do espaço escolar. e) Incentivo público-privado para as mulheresque busquem se profissionalizar como atletas de handebol, por meio de patrocínio. 6. No handebol, assim como no ensino de qualquer outra modalidade esportiva, individual e/ou coletiva, é importante entender o tipo de abordagem ensino- aprendizagem que será adotada, pois é ela quem norteará o caminho a ser conduzido pelo professor durante todo o processo. A busca pela variabilidade de métodos torna-se bem-vinda em muitos casos, pois permite à criança/adolescente que vivencie situações as mais diversificadas quanto possível. Neste sentido, acerca da abordagem global entende-se que: I. a mesma é baseada em jogos. joser Realce 81 II. enfatiza a compreensão, apreciação e aprendizado tático do jogo. III. o professor é visto como centro do processo ensino-aprendizagem. IV. o desenvolvimento das habilidades motoras é o foco da atenção. Analise as assertivas e assinale a opção que contemple as Corretas. a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) II e III, apenas. d) I, II e III, apenas. e) I, II, III e IV. 7. A prática esportiva enquanto ferramenta de inclusão social, tem se destacado, pois a cada dia, um número maior de pessoas com algum tipo de incapacidade física está envolvido em diferentes programas que visam a inclusão por meio da prática de atividades físicas e esportes, independente do nível, devido sobretudo aos benefícios que estes proporcionam e, também, pela oportunidade de testar seus limites e potencialidades, prevenir as enfermidades secundárias à sua deficiência e promover a integração social do indivíduo, conforme proporcionado pelo handebol. Neste sentido, vemos o aparecimento do handebol em cadeira de rodas, uma modalidade ainda pouco conhecida, porém que vem crescendo desde a sua criação de maneira acentuada. Analise as assertivas a seguir e assinale V (verdadeiro) e F (falso) quanto à prática do handebol para cadeirantes em sua classificação HCR 4. ( ) É disputado em quadra, seguindo as mesmas regras do handebol convencional. ( ) Cada equipe é composta por seis jogadores, sendo um goleiro e cinco jogadores de linha. ( ) Assemelha-se ao handebol de areia, sendo disputada em uma área que utiliza linhas da quadra de basquete. ( ) O jogo é disputado em dois sets de quinze minutos cada com cinco minutos de intervalo e o placar volta a zero ao final de cada set. joser Realce 82 A ordem correta de cima para baixo é: a) F,F,V,V. b) V,V,F,F. c) F,F,V,F. d) V,F,F,V. e) F,V,F,V. 8. No caso específico da metodologia pautada pelo uso de jogos, atividades de preparação que iniciam um evento ou preparam o caminho para o próximo nível de jogos, como jogos reduzidos, formas parciais de jogo e formas básicas de jogo), é importante entendermos como estas atividades propostas podem estar inseridas no contexto ensino-aprendizagem de forma a facilitar a compreensão como um todo pelos alunos. Neste sentido, entende-se os Jogos Parciais como: a) Jogos com poucos jogadores competindo em um campo com tamanho menor, como por exemplo um jogo de passe 4v4. b) Versões adaptadas de jogos clássicos, onde a cooperação é colocada em prova contra a competição, tendo o formato similar ao do jogo parcial. c) Jogos que exploram as situações de jogo, mais próximas do real, porém de uma maneira mais simplificada. d) Uma forma genérica para jogos com sete jogadores em cada equipe, sem a necessidade de ter, porém, todos os elementos de um jogo tradicional. e) Versões modificadas do handebol 4v4, com adaptações feitas nas regras, na estrutura global do jogo, e ainda na dinâmica, podendo ser disputado na areia. joser Realce joser Realce 83 REGULAMENTAÇÃO E ARBITRAGEM NO HANDEBOL 5.1 INTRODUÇÃO De fato, toda modalidade esportiva, individual ou coletiva, que apresente a característica formal de jogo, deve obrigatoriamente obedecer um conjunto de regras estabelecidas, para que o mesmo possa ser praticado de maneira organizada, coerente, respeitando-se o regulamento vigente da competição. Em relação ao handebol, há um conjunto de regras bem definido, as quais foram revisadas pela Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) em 1º de julho de 2016, e que continuam em vigência para as competições de âmbito nacional, estando a mesma alinhada às regras internacionais, o que mostra a importância da esportivização dessa modalidade, bem como sua expansão como prática esportiva reconhecida ao redor do mundo. Neste sentido, é importante que esse conjunto de regras seja mesmo que não trabalhado de forma integral, desenvolvido em diferentes âmbitos da prática do handebol, como por exemplo, no educacional ou ainda no esportivo/alto rendimento, onde é essencial o seu desenvolvimento. Trabalhar-se as regras desde a iniciação no handebol, mostra a preocupação que se tem de compreender o esporte e sua importância no processo ensino-aprendizagem para a formação do indivíduo, uma vez que o ensino das regras não se restringe somente à sua aplicação durante o jogo, mas à todo contexto no qual está atrelada, e os valores que a ela se conectam. E por fim, além de conhecer as regras que regem uma modalidade, torna-se fundamental compreender a atuação do árbitro, os seus gestos ao longo de uma partida, a participação dos demais agentes reguladores do jogo (ex: auxiliares, secretário e cronometrista), bem como a sinalização dos aspectos da partida e a conduta ética com todos esses participantes, os quais é parte-chave no processo de ensino-aprendizagem do handebol. Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 84 5.2 AS PRINCIPAIS REGRAS DO HANDEBOL Modalidade composta por dezoito regras, o handebol, assim como qualquer outro esporte formal, tem esse “status” a partir da inserção das regras normatizadoras, especificas para cada modalidade. Nesse tópico, será apresentado um resumo das principais considerações acerca das regras do handebol, de acordo com o modelo apresentado por Franke (2018), baseando-se nas principais regras oficiais da modalidade, as quais foram atualizadas pela CBHb, em 1º de julho de 2016. Regra 1 - Quadra de jogo De acordo com a Confederação Brasileira de Handeboll (2019), a quadra é um retângulo de 40 m de comprimento e 20 m de largura. As balizas são colocadas no centro da linha de fundo, medindo 2 m de altura e 3 m de largura. As linhas de gol devem ter 8 cm de largura entre os postes da baliza e as outras linhas, 5 cm de largura. A distância entre a baliza e a linha de área de gol é de 6 m, da baliza até a linha de tiro livre 9 m (linha tracejada) e da baliza até a linha de 7 m (onde se executa o tiro de 7 m) (Figura 8). 85 Figura 8: Quadra de jogo e suas medidas Fonte: Confederação Brasileira de Handebol – CBHb (2016, p. 7) Regra 2 - Duração da partida, sinal de término e time-out Franke (2018) destaca que no handebol, a duração da partida depende da faixa etária, sendo que o intervalo do jogo para todas as faixas etárias é, em geral, de 10 min, sendo o máximo permitido de 15 min, sendo divididos da seguinte maneira, conforme o autor: 1) Igual ou acima de 16 anos: 2 tempos de 30 min; 2) Entre 12 e 16 anos: 2 tempos de 25 min; 3) Entre 8 e 12 anos: 2 tempos de 20 min. Destaca-se ainda que havendo a necessidade de prorrogação, considerado um tempo-extra dado quando o jogo em seu tempo normal termina empatado, começa após 5 min de intervalo, com a duração de 2 tempos de 5 min e um intervalo de 1 min. Se o jogo continuar empatado, joga-se uma nova prorrogação com intervalo de 5 min., se, ainda assim, o empate se mantiver, é importante verificar as regras da competição. E aqui vale destacar ainda, que a prorrogação somente é colocada em prática, caso esteja no regulamento prévio da competição/torneio, 86 não sendo obrigatória para todos os casos (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOLL, 2019). E ainda segundo as regras oficiais (Confederação Brasileira de Handeboll) caso haja necessidade de cobrança de tiro de 7 m, o equivalente às cobranças de pênaltis no futebol, escolhem-se cinco jogadoresde cada time para a cobrança. As cobranças são alternadas entre as equipes. Em caso de empate, nomeiam-se cinco jogadores novamente, mas o jogo termina quando houver a diferença de 1 gol entre as equipes. Regra 3 – A bola Acerca do material, este deve ser de couro ou algum outro material sintético, esférica e não pode ser brilhante ou escorregadia. A bola, quanto as suas características, deve ser diferentes para as categorias, sendo que para jogadores adultos; a bola utilizada pelas mulheres deve ter entre 54 e 56 cm de circunferência e pesar entre 325 e 375 g (tamanho 2) e a dos homens, entre 58 e 60 cm e de 425 a 475 g (tamanho 3). Vale ressaltar ainda que a bola tamanho 1 (50 a 52 cm; 290 a 330 g) é a utilizada nas categorias de iniciação da modalidade, neste caso, para meninas entre 8 e 14 anos e meninos entre 8 e 12 anos (ALMEIDA; DECHECHI, 2012). Regra 4 - Equipe, substituições, equipamentos e jogadores lesionados Uma equipe é formada por até 14 jogadores, sendo o número máximo em quadra de 7 jogadores e o mínimo 5 para iniciar a partida (esse número pode diminuir durante o jogo). As substituições podem ocorrer a qualquer momento e repetidamente sem a necessidade de um aviso prévio ao cronometrista e devem ser feitas sempre na área de substituições (ALMEIDA; DECHECHI, 2012; FRANKE, 2018). As substituições podem ocorrer a qualquer momento e repetidamente sem a necessidade de um aviso prévio ao cronometrista e devem ser feitas sempre na área de substituições. Uma falta de substituição é penalizada por um tiro livre para o adversário e exclusão de 2 min para o infrator. Se um jogador excluído entrar antes do tempo de 2 min, será punido com mais 2 min de exclusão e mais um jogador deverá cumprir o tempo que faltava da primeira exclusão (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOLL, 2019). Sobre os uniformes dos jogadores da mesma equipe, estes devem ser idênticos, sendo que a camisa do goleiro deve ser obrigatoriamente de cor diferente dos seus companheiros de equipe, bem como de seus adversários, evitando-se desta maneira confundir os árbitros e os próprios jogadores. É importante ressaltar que todos os 87 uniformes podem ser numerados de um a vinte, incluindo dos jogadores titulares e reservas. É proibido usar pulseiras, relógios, anéis, colares ou qualquer objeto que possa colocar em perigo os jogadores (ALMEIDA; DECHECHI, 2012). Jogadores que estiverem sangrando devem ser retirados da quadra. Em caso de lesão, duas pessoas podem entrar na quadra para prestar o atendimento. Em seguida, o jogador deve sair da quadra e entrar somente depois do intervalo ou de três ataques da sua equipe (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOLL, 2019). Regra 5 – Goleiro O goleiro pode se tornar jogador de quadra a qualquer momento, e vice- versa, desde que esteja identificado como tal. No entanto, fora da área de gol, o goleiro deve respeitar as regras impostas para os jogadores de quadra. Ele pode tocar a bola com qualquer parte do corpo na área do gol, mover-se dentro da área com a posse de bola, sair da área de gol sem a bola para participar das jogadas, sair da área de gol com a bola e jogá-la de novo na área de jogo se não tiver o seu controle completo. O goleiro não pode colocar em perigo o adversário, sair da área de gol com a posse da bola, tocar na bola que está parada ou rolando no solo do lado de fora da área de gol ou levar a bola de fora para área de gol, se estiver dentro dela, entrar na área de gol com a posse da bola e sair da linha de 4 m antes da cobrança do tiro de 7 m (FRANKE, 2018). Regra 6 – Área do gol De acordo com a Confederação Brasileira de Handeboll (2019), compreende uma área em que somente o goleiro tem a permissão de ficar. Se um jogador de quadra pisar na área de gol, deve ser marcado: 1) Um tiro de meta, caso um atacante entre na área de gol ganhando vantagem ao fazer isso (com ou sem a bola); 2) Um tiro livre, caso um defensor entre na área de gol ganhando vantagem ao fazer isso; 3) Um tiro de 7 metros caso um defensor entre na área de gol e impeça uma chance clara de gol. Caso um jogador jogue a bola para a sua própria área de gol e ela fique dentro dessa área ou toque no goleiro, deve ser marcado um tiro livre; já no caso de a bola sair pela linha de fundo, deve ser marcado um tiro lateral (FRANKE, 2018). Regra 7 – Manejo da bola e jogo passivo 88 É permitido segurar a bola no máximo 3 s e dar no máximo três passos com a bola. O jogador pode quicar a bola, parado ou correndo, e agarrá-la e arremessá- la de uma mão a outra. Porém, não se pode tocar a bola mais de uma vez depois que ela foi controlada ou tocá-la com o pé. Caracteriza-se o jogo passivo quando um jogador mantém a posse da bola sem realizar nenhuma tentativa reconhecível de ataque ou arremesso a gol, ou atrasa repetidamente a execução de um tiro de saída, tiro livre, tiro lateral ou de meta de sua própria equipe. A penalização consiste em um tiro livre no lugar onde a bola estava quando o jogo foi interrompido contra a equipe com a posse da bola (ALMEIDA; DECHECHI, 2012; FRANKE, 2018). Regra 8 – Faltas e Condutas antidesportivas De acordo com Almeida e Dechechi (2012) para violações ou faltas menores, um tiro livre é concedido para o adversário no ponto exato em que ocorreu. Se a violação ou falta ocorrer entre a linha de 9 e de 6 metros, a falta será cobrada fora da linha de 9 metros, mas na mesma direção em que a falta ocorreu; o executante deverá manter um pé em contato com o chão e, em seguida, passar ou arremessar a bola. É anotado um tiro de 7 metros quando: 1) Uma falta impede uma chance clara de gol; 2) O goleiro, de posse da bola e fora de sua área, a carrega para dentro desta; 3) Um jogador de linha lança a bola deliberadamente para dentro de sua área de gol, e o goleiro a toca; 4) Um jogador de defesa entra em sua área de meta para ganhar uma vantagem sobre um jogador atacante, de posse da bola. Todos os jogadores devem estar atrás da linha de 9 metros quando da cobrança do tiro de 7 metros. O cobrador não pode ultrapassar o tempo de 3 segundos para cobrar o tiro. Regra 9 – Gol Será considerado gol quando um jogador arremessar a bola (e nenhuma infração tenha sido cometida logo antes ou no momento desse arremesso) e esta ultrapassar completamente a linha da meta. O gol é confirmado pelo árbitro com dois apitos curtos e um sinal com o braço direito elevado (FRANKE, 2018). Regra 10 – Tiro de saída Serve para iniciar o jogo ou reiniciá-lo após um gol ou em períodos de prorrogação. No início de algum período, cada equipe deve estar concentrada em 89 sua metade da quadra. No caso de um reinício após um gol, os jogadores da equipe adversária podem permanecer em ambas as metades da quadra, desde que respeitem uma distância de 3 m para o executante do tiro de saída. Este deve manter um dos pés em contato com a linha central e o outro sobre essa mesma linha ou atrás dela, permanecendo nessa posição até que a bola saia de sua mão. Os companheiros do executante não têm permissão para invadir a metade da quadra adversária antes do tiro de saída. Por fim, o tiro de saída é autorizado por um sinal do árbitro, devendo ser realizado em até 3 s para qualquer direção do centro da quadra (tolerância para os lados de 1,5 m) (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOLL, 2019; FRANKE, 2018). Regra 11 – Tiro lateral De acordo com Franke (2018) é realizado quando a bola sai da quadra de jogo pela linha lateral (cobrado no local em que a bola saiu), pela linha de fundo (cobrado na interseção das linhas lateral e de fundo) ou, ainda, quando toca o teto ou um objeto suspenso (cobrado no local mais próximo em que a bola tocou o teto ou o objeto suspenso). Não tem necessidade de ser autorizado pelo árbitro e o executante deve manter um dos pés em contato com a linha lateral (sem limite de posicionamento para o outro pé), permanecendo na posição correta até que a bola tenha saído da sua mão. Os adversários, porsua vez, precisam manter uma distância inferior a 3 m do executante, a menos que estejam imediatamente fora da linha da sua própria área de gol. Regra 12 – Tiro de meta De acordo com a Confederação Brasileira de Handeboll (2019) e Franke (2018), pode ser concedido nas seguintes situações: (1) um adversário arremessou a bola e ela foi diretamente para fora ou foi tocada para fora pelo goleiro; (2) um adversário invadiu a linha da área de gol; (3) o goleiro controlou a bola dentro da sua área; (4) um adversário tocou a bola parada ou rolando dentro da área de gol. O tiro de meta em si é executado pelo goleiro, sem necessidade de autorização do árbitro, para fora e sobre a linha da área. Regra 13 – Tiro livre É concedido quando uma das equipes viola as regras de jogo, resultando em uma paralisação por parte do árbitro, desde que este observe com atenção uma possível lei da vantagem. Normalmente, é executado sem sinal de apito do árbitro e no local onde a infração ocorreu, salvo algumas ocasiões especiais (FRANKE, 2018). 90 Ressalta-se que os tiros livres nunca podem ser executados dentro da área de gol da própria equipe ou ainda, dentro da linha de tiro livre da equipe adversária. Os jogadores da equipe do executante não podem tocar nem cruzar a linha de tiro livre da equipe adversária antes de sua execução. Caso o tiro livre tenha sido realizado com um apito do árbitro e os jogadores tenham tocado ou cruzado a linha antes de a bola sair da mão do executante, o árbitro deverá marcar um tiro livre para a equipe defensora. Os adversários precisam manter uma distância de 3 m do executante, a menos que o tiro livre esteja sendo executado dentro da própria linha de tiro livre da equipe defensora (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOLL, 2019; FRANKE, 2018). Regra 14 – Tiro de 7 metros De acordo com Franke (2018) existem diferentes situações em que um tiro de 7 m é concedido: 1) Quando uma clara chance de gol for impedida ilegalmente em qualquer local da quadra; 2) Quando houver um sinal de apito (que não seja do árbitro) em um momento de chance clara de gol; 3) Quando houver queda de luz em uma chance clara de gol; ou, ainda, se a equipe defensora retardar o jogo nos últimos 30 s, impedindo a criação de uma possível chance clara de gol. Esse lance deve ser executado como um arremesso ao gol em até 3 s após o apito do árbitro, devendo o executante posicionar-se atrás da respectiva linha de tiro de 7 m, não ultrapassando 1 m desse ponto e não tocando ou ultrapassando a linha de 7 m até que a bola tenha saído de sua mão. Após um tiro de 7 m, a equipe não pode tocar a bola até que ela tenha sido tocada por um defensor ou uma baliza. Por fim, caso o goleiro ultrapasse a linha de limitação (4 m) e defenda a cobrança, o tiro de 7 m deverá ser cobrado novamente. Regra 15 - Instruções gerais para a execução dos tiros As instruções para a execução de tiros (de saída, lateral, de meta, livre e de 7 m) envolvem o executante, seus companheiros, os defensores, o sinal do árbitro e possíveis punições, conforme apresentado por Franke (2018): • Executante: deve manter a posição correta até que a bola saia de sua mão (um pé sempre tocando o solo, exceto em tiros de meta), não pode tocar na bola após um tiro (a menos que ela toque na baliza ou em um adversário), pode marcar um gol diretamente de qualquer tiro, exceto em casos de gol contra em tiros de 91 meta. • Companheiros do executante: devem manter a posição correta até que o tiro tenha sido executado, além de não poderem tocar na bola durante a execução do tiro. • Defensores: também devem manter suas posições corretas até que o tiro tenha sido executado. Em casos em que a equipe infratora tem desvantagem, os árbitros não devem corrigir o posicionamento, já que o erro não resultou em um benefício direto para a equipe. • Apito: o árbitro deve sempre apitar para reiniciar a partida em casos de tiro de saída e tiro de 7 metros. Em tiros laterais, tiros de meta ou tiros livres, o árbitro deve apitar para dar reinício após um time-out, após uma interrupção sem violação, quando houver demora na execução, após a correção de posição e após uma advertência verbal. Entretanto, caso julgue necessário e apropriado, pode fazê-lo em qualquer situação de reinício de jogo, quando os jogadores têm até 3 s para colocar a bola em jogo. • Punições: normalmente estão relacionadas a posições incorretas durante o tiro, devendo ser corrigidas pelo árbitro. Caso o tiro tenha sido precedido por um apito, a equipe sofrerá punição em vez de o árbitro apenas corrigir os erros e autorizar uma nova cobrança. Regra 16 – Punições disciplinares De acordo com Franke (2018), as punições dividem-se em advertências, exclusão e desqualificação, podendo ser dadas pelo árbitro antes, durante ou depois o jogo se o jogador tiver uma postura inapropriada. 1) Advertência: punição adequada para ações ou condutas antidesportivas que devam ser sancionadas progressivamente. Nesse caso, o árbitro precisa mostrar o cartão amarelo. 2) Exclusão por 2 minutos: punição adequada para uma substituição incorreta, se o jogador já havia recebido o número máximo de advertências, se ignora o perigo a que expõe seu adversário ou por conduta antidesportiva. Cada jogador pode receber até duas exclusões, sendo a terceira uma desqualificação. Se o jogador não cumpriu todo o tempo de exclusão e a prorrogação acaba empatada, ele não poderá cobrar tiro de 7 m. 3) Desqualificação: conduta adequada para infrações e condutas antidesportivas graves ou extremas, pela terceira exclusão de um jogador. Essa 92 punição é cobrada por um cartão vermelho. Uma desqualificação será dada para todo o restante do tempo de jogo. Após 2 min, outro jogador poderá entrar no lugar do jogador desqualificado. Regra 17 – Árbitros Os árbitros são os responsáveis por monitorar a conduta dos jogadores e dos demais membros da equipe durante todo o tempo em que estiverem em quadra. São dois árbitros com igual autoridade, auxiliados por um secretário e um cronometrista. Eles devem inspecionar as condições da quadra, das bolas, das balizas e suas redes, dos uniformes das equipes, além do número de atletas e membros da comissão (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOLL, 2019). Ainda, precisam assegurar o bom andamento da partida pelo cumprimento das regras de jogo, penalizando ações que as violem. Caso um árbitro se machuque, o outro deve conduzir a partida sozinho. Se os árbitros marcam uma infração, mas discordam quanto à sua gravidade, prevalece a mais pesada. Já se os árbitros discordam entre si de uma marcação, devem realizar uma breve consulta para chegar a uma decisão conjunta. Caso não cheguem a essa decisão, prevalece a marcação do árbitro central. Ambos os árbitros devem controlar o tempo de jogo, o placar, as advertências, as exclusões e as desqualificações, além de preencher corretamente a súmula após o jogo (ALMEIDA; DECHECHI, 2012; FRANKE, 2018). Regra 18 – Secretário e cronometrista O secretário é o responsável por controlar a lista de jogadores, a entrada de jogadores que chegaram após a partida ter começado, a entrada de jogadores que não estão autorizados a participar e, também, a súmula de jogo. Já o cronometrista deve controlar o tempo de jogo, os time-outs e os tempos de exclusão dos jogadores. As saídas e entradas de jogadores suplentes, bem como o número de indivíduos na área de substituição são de responsabilidade de ambos (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOLL, 2019). Na ausência de um placar eletrônico, o cronometrista precisa manter as equipes informadas sobre o tempo de jogo, os tempos de exclusão e sinalizar o término do período e o término da partida (ALMEIDA; DECHECHI, 2012). 5.3 A ARBITRAGEM NO HANDEBOL O árbitro esportivo é a autoridade máxima durante o jogo, cuja função 93 consiste em fazer com que as regras sejam cumpridas por todos os participantes e que a disputa se realize de acordo com determinadocódigo de ética esportivo (RIGHETO, 2016 apud FRANKE, 2018). É importante destacar que existem dois árbitros em quadra, durante a partida, que atuam em conjunto tanto nos lances de defesa quanto de ataque de ambos os times. O posicionamento, de acordo com Franke (2018), se dá da normalmente da seguinte forma: um árbitro se situa na linha de fundo, de um lado da quadra, e o outro na linha de meio de quadra, do outro lado da quadra. Esses árbitros devem atuar em sincronia (cooperando) por meio de um suporte efetivo, onde toda observação deve ser de fato considerada para a fluidez da partida, o respeito às regras oficiais e aos atletas e equipes adversárias. De acordo com Santos (2017) cabe ao árbitro verificar se as regras estão sendo aplicadas de forma correta, e seguidas pelas equipes, garantindo a realização da partida de acordo com os preceitos éticos e legais que regem a modalidade, visando um bom desenvolvimento e preservando a integridade dos atletas participantes. Todas as regras apresentadas a seguir têm como respaldo o livro de Regras da Federação Internacional de Handebol, disponível no site da Confederação Brasileira de Handeboll (2019). A seguir você conhecerá um pouco mais sobre a mecânica da arbitragem e os sinais/gestos executados pelo árbitro para cada infração ou penalidade assinalada durante a partida (Figura 6 a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q). Figura 9: Sinais da arbitragem handebol 94 Invasão da área do gol Duplo drible Sobrepassos ou (> 3s) com a bola Deter, Segurar ou Empurrar Golpear Falta de ataque Tiro de lateral (direção) Tiro de meta Tiro livre (direção) Manter a distância de 3m 95 Jogo passivo Gol Advertência, Desqualificação e Informação de relatório escrito Exclusão (2 minutos) Time-Out Permissão para duas pessoas entrarem na quadra de jogo durante um time-out Sinal de pré-passivo Fonte: Confederação Brasileira de Handeboll (2019, p. 64 - 69) 96 5.4 A SÚMULA DE JOGO NO HANDEBOL Súmula é um documento oficial da partida. Por meio da súmula, é possível identificar inúmeros itens anotados em uma partida de handebol, como um histórico da partida, dentre os quais destacam-se: nome e número do jogadores, faltas cometidas, duração da partida, nome dos árbitros, etc. É considerado o histórico da partida, pois qualquer situação ocorrida e que esteja associada à partida deve estar relatada na súmula. Neste sentido, sempre que o árbitro julgar necessário deve fazer as anotações diretamente na súmula, como forma de comprovação do que de fato aconteceu (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOLL, 2019). O principal objetivo desta seção será compreender a importância deste documento fundamental para garantir a legalidade de uma partida, neste caso, dar- lhe o caráter oficial, bem como entender um pouco mais acerca das instruções básicas para o seu correto preenchimento, e para tal, a proposta pedagógica de instrução adotada por Santos (2017), em que o documento, dividido em seis partes, considerando a categoria de informação que deverá ser registrada nos campos: (1) informações sobre o campeonato e jogo de handebol; (2) informações sobre a 97 partida e as equipes; (3) informações técnicas sobre a partida; (4) informações sobre os jogadores de cada equipe; (5) informações sobre os oficias das equipes; e (6) informações sobre o corpo de arbitragem. A primeira parte ou superior, pode ser visualizado o(s) campo(s) destinado(s) às informações gerais acerca do campeonato e da partida em si. Confore mostra a Figura 7, nesse espaço, encontram-se os logotipos da Confederação Brasileira de Handeboll, do Campeonato e dos patrocinadores do evento (itens opcionais). Em seguida, pode-se visualizar encontram-se os campos para o preenchimento das informações sobre os aspectos fundamentais da partida: a natureza do campeonato, a categoria dos atletas, e se a partida será composta por atletas masculinos ou femininos. Figura 10: Informações sobre o campeonato e jogo de handebol. Fonte: Adaptado de Confederação Brasileira de Handeboll (2019) Na segunda parte da súmula, conforme mostra a Figura 11, devem ser preenchidas informações das equipes, bem como do local da partida. Durante o preenchimento dessa parte, o árbitro deve verificar com atenção as equipes (A e B) por exemplo, a mandante e a visitante. Observando ainda a Figura 11, pode-se identificar campos destinados a informações em relação ao local em que a partida está ocorrendo, sendo: cidade, local (nome do ginásio), data (no formato: xx/xx/xxxx), hora de início da partida (no formato: xx:xx h) e duração da partida. Figura 11: Informações sobre a partida e as equipes. Fonte: Adaptado de Confederação Brasileira de Handeboll (2019) A terceira parte da súmula deve ser preenchida durante o desenvolvimento da partida, pois contém os campos destinados para as informações técnicas das equipes, dentre as quais: o horário do 1º e 2º tempo, as punições e os gols marcados, conforme mostra a Figura 12. Figura 12: Informações técnicas sobre a partida. 98 Fonte: Adaptado de Confederação Brasileira de Handeboll (2019) Já na quarta parte da súmula, o objetivo é preenchê-la em ordem numérica ou alfabética com os respectivos números e nomes do uniforme dos integrantes de cada equipe. Neste caso, a atenção deve estar voltada para a inserção somente dos jogadores listados na súmula, os quais devem estar no banco de reservas, sendo estes os únicos autorizados a entrar em jogo durante a partida, mediante as substituições. Nos espaços em branco que aparecem nesta parte da súmula, o correto é deixá-las com um traço (–). Em adição, cada linha da súmula deve ser preenchida com o nome de um jogador e as ações que este realizou em quadra. Faz-se saber para as ações, as seguintes anotações: gols (G), advertências (A), exclusões de dois min (2’), desqualificação (D) e desqualificação mais expulsão com relatório (D+R), conforme mostra a Figura 13. Figura 10: Informações sobre os jogadores de cada equipe. Fonte: Adaptado de Confederação Brasileira de Handeboll (2019) Outro aspecto importante a ser verificado em uma súmula diz respeito às informações sobre os oficiais técnicos de equipe (Figura 11). Da mesma forma que executado com os atletas, os oficiais de equipe podem ser sancionados com advertências, exclusões de dois minutos, desqualificações e desqualificações com relatório. Cabe ressaltar que o técnico de cada equipe é a figura/membro responsável por fornecer as informações ao secretário sobre os oficiais de equipe na ordem de preenchimento da súmula de jogo. Elas deverão ser inseridas nos campos: Of. A, Of. B, Of. C e Of. D, conforme mostra a Figura 11. Figura 11: Informações sobre os oficiais das equipes. 99 Fonte: Adaptado de Confederação Brasileira de Handeboll (2019) E por fim, chegamos à última parte do preenchimento de uma súmula oficial (Figura 12). Neste caso, esta parte deverá ser preenchida com as informações do corpo de arbitragem: o nome dos árbitros responsáveis pela partida, nome do secretário e nome do cronometrista, respectivamente, com suas assinaturas. Deve-se também completar com o nome e a assinatura do representante da federação organizadora (caso o jogo seja por uma liga federada) e a assinatura do delegado técnico da CBHb (em jogos e/ou campeonatos oficiais chancelados por ela). Figura 12: Informações sobre o corpo de arbitragem. Fonte: Adaptado de Confederação Brasileira de Handeboll (2019) Relatório de jogo De acordo com Santos (2017) cabe somente ao cronometrista fazer o preenchimento do relatório, o qual deve ser executado durante a partida. preenchido Algumas das informações encontradas nesse documento serão idênticas às encontradas na súmula, ao passo que outras informações servirão como subsídio para o preenchimento da súmula de jogo. O relatório de jogo foi dividido em três partes, seguindo a organização estabelecida por Santos (2017). O primeiro campo, representado pela Figura 12, seguirá asmesmas orientações do preenchimento e a extração de informações apresentadas para a Figura 13. Figura 13: Informações sobre a partida. 100 Fonte: Adaptado de Confederação Brasileira de Handeboll (2019) O segundo campo do relatório de jogo, representado pela Figura 14, será preenchido exclusivamente durante o desdobramento da partida de handebol. Para facilitar o preenchimento do documento durante a partida, os jogadores serão identificados com as numerações de seus uniformes. Figura 14: Informações técnicas e pontuais sobre os atletas e oficiais técnicos. Fonte: Adaptado de Confederação Brasileira de Handeboll (2019) No terceiro campo do relatório de jogo, representado pela Figura 15, será registrado o placar da partida momento a momento e a informação sobre o número tiros de 7 metros ocorridos durante o jogo. Ao encerrar o primeiro tempo da partida, o cronometrista deverá informar ao secretário o placar parcial para o preenchimento do primeiro campo da súmula (Figura 15). Figura 15: Informações sobre o placar. 101 Fonte: Adaptado de Confederação Brasileira de Handeboll (2019) 102 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O handebol é atualmente um dos esportes coletivos mais praticados no Brasil, principalmente nas escolas. O esporte trabalha com movimentos que, para serem realizados, exigem habilidades motoras fundamentais como correr, saltar e lançar. Neste sentido, observa-se no handebol um conjunto de regras bastante fáceis, além da utilização de acessórios simples: uma bola e duas traves ou objeto semelhantes para a marcação dos gols. Como todo esporte, o handebol também tem suas próprias regras, as quais buscam torná-lo cada vez mais dinâmico e, ao mesmo tempo, igualitário em condições de disputa pelas equipes. Segundo as regras básicas que tangem a atuação do goleiro no handebol, analise as afirmações a seguir: I. Usar qualquer parte do corpo para defender dentro da sua área de gol. II. Sair da área de gol com a bola controlada. III. Deslocar-se em posse de bola dentro de sua área de gol sem submeter-se às regras que se aplicam a outros jogadores nesta mesma situação. IV. Usar apenas as mãos para defender dentro da sua área de gol. Neste sentido, leia atentamente as assertivas a respeito das regras relacionadas ao goleiro no handebol, e indique quais são as afirmações corretas. a) I e II b) II e IV c) I, II e III d) I e III e) I, II, III e IV 2. Diferentemente do que ocorre em outras modalidades esportivas, no handebol, temos a duração ou tempo de partida definido pela categoria dos participantes (faixa etária), sendo que apresentam diferenças marcantes entre si. joser Realce 103 Neste sentido, analise as assertivas a seguir, e assinale a opção correta acerca do tempo ou duração em partidas oficiais para a categoria adulta. a) 2 tempos de 25 minutos. b) 2 tempos de 15 minutos. c) 2 tempos de 30 minutos. d) 2 tempos de 20 minutos. e) 2 tempos de 40 minutos. 3. De acordo com as regras básicas do handebol estabelecidas pela Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), as quais foram atualizadas em 1º de julho de 2016, analise as afirmações a seguir: I. O intervalo do jogo para todas as faixas etárias é, em geral, de 10 min, sendo o máximo permitido de 15 min. II. Uma falta de substituição é penalizada por um tiro livre para o adversário e exclusão de 1 min para o infrator. III. É permitido segurar a bola no máximo 3 s e dar no máximo dois passos com a bola. IV. O tiro lateral não tem necessidade de ser autorizado pelo árbitro e o executante deve manter um dos pés em contato com a linha lateral. É correto o que se afirma em: a) III, apenas. b) I e IV c) II e III, apenas. d) I, II e III, apenas. e) I, II, III e IV. 4. No handebol, as punições dividem-se em advertências, exclusão e desqualificação, podendo ser dadas pelo árbitro antes, durante ou depois o jogo se o jogador tiver uma postura inapropriada. joser Realce joser Realce 104 Em relação às advertências, analise as assertivas e assinale V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) Cada jogador pode receber até duas exclusões, sendo a terceira uma desqualificação. ( ) Punição adequada para ações ou condutas antidesportivas que devam ser sancionadas progressivamente. ( ) Conduta adequada para infrações e condutas antidesportivas graves ou extremas. ( ) Punição está associada à expulsão do jogador advertido com o cartão vermelho. Neste sentido, a ordem correta de cima para baixo é: a) F,V,F,F. b) F,F,V,V. c) V,V,F,F. d) F,V,V,F. e) F,F,F,V. 5. A regra 8 (Regras Oficiais CBHb) trata das faltas e condutas antidesportivas. De acordo com essa regra, violações ou faltas menores, demandam a execução de um tiro livre, o qual é concedido para o adversário no ponto exato em que ocorreu a falta/lance. Se a violação ou falta ocorrer entre a linha de 9 e de 6 metros, a falta será cobrada fora da linha de 9 metros, mas na mesma direção em que a falta ocorreu; o executante deverá manter um pé em contato com o chão e, em seguida, passar ou arremessar a bola. Neste sentido, um tiro de 7 metros é anotado quando: ( ) uma falta que não impede uma chance clara de gol. ( ) um adversário arremessou a bola e ela vai diretamente para o gol. ( ) um adversário toca a bola parada ou rolando dentro da área de gol. joser Realce 105 ( ) um jogador de defesa entra em sua área de meta para ganhar uma vantagem sobre um jogador atacante, sem a posse da bola. ( ) uma clara chance de gol for impedida ilegalmente em qualquer local da quadra. 6. (IHF – 2017) Quando um jogador é desqualificado, a equipe é reduzida por um jogador na quadra por 2 minutos, exceto se a desqualificação for dada por: a) Conduta antidesportiva séria durante o intervalo. b) Uma infracção fora da quadra. c) Antes do jogo começar. d) Insultar os árbitros. e) Ameaçar a torcida adversária. 7. (IHF – 2017) Em caso de dúvida, quem decide sobre a precisão do tempo do jogo? a) O cronometrista e o secretário. b) Os dois árbitros chegam a uma decisão conjunta. c) O cronometrista. d) Os dois árbitros e o cronometrista chegam a uma decisão conjunta. 8. De acordo com a CBHb, a súmula é um documento oficial da partida, onde são anotados nome e número do jogadores, faltas cometidas, duração da partida, nome dos árbitros, etc. É considerado o histórico da partida, pois qualquer situação ocorrida e que esteja associada à partida deve estar relatada na súmula. Neste sentido, sempre que o árbitro julgar necessário deve fazer as anotações diretamente na súmula, como forma de comprovação do que de fato aconteceu. Neste sentido, Santos (2017) propõe uma sequência pedagógica de instrução para seu correto preenchimento, sendo esta dividida em 06 etapas, visando facilitar a compreensão de todos os envolvidos, conforme pode ser visto a seguir. 1. informações sobre o campeonato e jogo de handebol; 2. informações sobre os jogadores de cada equipe; joser Realce joser Realce joser Realce 106 3. informações sobre o corpo de arbitragem; 4. informações sobre a partida e as equipes; 5. informações técnicas sobre a partida; 6. informações sobre os oficiais das equipes. A sequência pedagógica correta é a seguinte: a) 1-4-5-2-6-3. b) 2-3-4-1-6-5. c) 3-2-1-4-5-6. d) 1-2-3-5-4-6. e) 6-5-4-3-2-1. joser Realce 107 O HANDEBOL ENQUANTO PRÁTICA ESPORTIVA DE ALTO RENDIMENTO 6.1 INTRODUÇÃO A preparação física é um componente essencial do desempenho esportivo. No handebol, assim como em outros esportes coletivos, a capacidade física dos atletas influencia na organização tática da equipe e no desempenho técnico dos atletas. Dessa forma, identificar as características físicas dos atletas, como estatura, peso, porcentagem de gordura e porcentagem de massa magra, assim como conhecer as vias metabólicas predominantes e as capacidades físicas mais exigidas durante uma partida, são conhecimentos básicos necessários para a elaboração de um planejamento adequado. Como qualquer esporte, o handebol tem aspectostécnicos, táticos e normativos específicos da sua modalidade. Sendo assim, é muito importante que você tenha a capacidade de planejar atividades que facilitem o entendimento e o aprendizado de seus alunos em determinada prática esportiva. O handebol tem características muito peculiares sobre capacidades físicas, fundamentos técnicos e conceitos táticos. Como em qualquer modalidade esportiva, acompanhar, controlar e avaliar aspectos presentes no jogo e no desempenho dos atletas são quesitos fundamentais para que seja possível evoluir e buscar melhores resultados, assim como progredir no processo de ensino- aprendizagem do esporte. 6.2 PREPARAÇÃO TÉCNICA, TÁTICA, PSICOLÓGICA E FÍSICA NO HANDEBOL Para elaborar uma periodização adequada, o preparador físico deve conhecer as características físicas de seus atletas. Para isso, precisa elaborar uma bateria de testes, que vão fornecer as informações necessárias para nortear todo o trabalho. Além disso, o profissional deve conhecer as demandas fisiológicas de uma partida de handebol, para saber quais serão as necessidades físicas dos atletas e das Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 108 equipes. Com essas duas informações, o profissional, junto à comissão técnica, deve elaborar o planejamento de treinamento. Franke (2018) descreve os aspectos técnico, tático, psicológico e físico como imprescindíveis para o desenvolvimento dos atletas e das equipes, sendo que este último, quando bem treinado, pode influenciar positivamente no resultado da partida. Conhecer as variáveis do treinamento e seus aspectos torna-se fundamental para a prescrição do treinamento físico e tático, já que cada posição no handebol exige medidas específicas. Na preparação técnica, o foco deve estar direcionado aos fundamentos técnicos de jogo, os quais facilitarão ainda o desenvolvimento da tática de forma adequada. De forma prática, busca-se nesta etapa desenvolver nos atletas conceitos acerca dos fundamentos de ataque e de defesa, e sobretudo a definição de qual fundamento deve ser melhor aplicado em cada situação de jogo. Franke (2018) destaca que os treinamentos desses fundamentos deve começar nas categorias de base, onde desde cedo os alunos começam a entender as necessidades das combinações dos elementos fundamentais que compõem o jogo. Vale destacar que as atividades propostas para o aprendizado têm que facilitar a automação dos fundamentos mais frequentes, porém se o professor mantiver uma rotina padrão dos treinamentos, certamente os alunos não terão uma pré-disposição adequada para praticar o exercício proposto. As aulas devem ter como objetivos, desenvolver as capacidades táticas e técnicas dos alunos durante o jogo, a ocupação de espaço, o desenvolvimento das habilidades dentro do contexto do jogo e a satisfação do praticante (MENEZES; REIS; TOURINHO FILHO, 2015). Tenroller e Merino (2006), descrevem os principais métodos utilizados na preparação técnica do handebol, dentre os quais: método analítico ou parcial, global e misto. O método analítico, consiste em ensinar os fundamentos por partes e repetição do exercício, aperfeiçoando a habilidade do aluno, levando-o a uma progressão na meta prevista. O método global ou método complexo requer em ensinar os fundamentos a partir de vários jogos, onde podem ser observados os fundamentos técnicos dentro do jogo. E por fim o método misto que associa os métodos global e parcial no jogo, permitindo a execução e depois a correção dos fundamentos, sendo preciso a voltar na forma correta de realizá-lo. A preparação tática consiste em desenvolver diferentes estratégias individuais e coletivas que estejam atreladas às concepções dos esquemas e sistemas a serem 109 adotados pelo treinador, tanto para as fases ofensivas quanto defensivas do handebol. Entendendo a tática como o planejamento e a execução racional da disposição dos jogadores em quadra, dentro de um determinado sistema, cabe ao treinador preparar então sua equipe de acordo com a melhor formação que julga possível para o momento (MENEZES; REIS; TOURINHO FILHO, 2015). De forma global, o desenvolvimento da parte tática de uma equipe está diretamente ligado à evolução física e técnica, à experiência e, principalmente, ao nível de compreensão do jogo por parte dos atletas, sendo considerados elementos que funcionam como alicerce para a aplicação das atividades táticas estipuladas pelo treinador. É importante destacar ainda que o treinamento tático deve partir do mais simples para o mais complexo, trabalhando-se nessa preparação, conceitos teóricos representados por disposições táticas a serem apresentadas aos atletas, e que serão aplicados na prática. O fator psicológico, assim como o físico e ainda o técnico contribuem muito para o entendimento tático do jogo, e o melhor aproveitamento das situações decorrentes da partida. A preparação psicológica, assim como a preparação física, técnica e tática, precisa também passar por etapas de periodização e treinamento, respeitando-se a(s) estratégia(s) estabelecida(s) pela comissão técnica. Platonov (2004) destaca que um dos principais temas das investigações psicológicas é o estudo da personalidade integral do atleta, a qual é compreendida como a união da atividade do organismo: componente morfológico, bioquímico, fisiológico e bioquímico. E ainda de acordo com o autor, os diferentes tipos de atividades (motoras, sensoriais, intelectuais, emocionais, volitivas e sociais, entre outras), derivadas da preparação e da competição em diferentes esportes, determinam as particularidades da adaptação e formação da personalidade integral dos atletas, as quais podem influenciar direta ou indiretamente o nível de preparação e consequentemente, os resultados obtidos. Platonov (2004) destaca que no sistema de preparação psicológica do atleta, convém destacar as seguintes características: Formação da motivação para a prática do esporte; Preparação volitiva; Treinamento ideomotor; Aperfeiçoamento das reações; 110 Aperfeiçoamento das habilidades especializadas; Regulação da tensão psíquica; Aperfeiçoamento da tolerância ao estresse emocional; Direcionamento dos estados no início da competição. Em relação à preparação física, destaca-se que o foco está centrado na preparação das capacidades físicas gerais e específicas envolvidas nas partidas de handebol, e sobre isso, Eleno, Barela e Kokubun (2002) destacam as seguintes valências e/ou capacidades físicas: Força máxima, importante para suportar o contato com outros jogadores. Potência de membros inferiores e superiores, para a realização de saltos e arremessos respectivamente. Velocidade, para o posicionamento rápido da defesa e para o contra- ataque. Velocidade de reação, para o manuseio da bola e deslocamentos. Agilidade, para as mudanças de direção. Resistência muscular localizada, para suportar a demanda dos movimentos repetitivos. Resistência aeróbia, para a manutenção do desempenho na partida com rápida recuperação entre esforços intensos. Potência anaeróbia, para realizar esforços de alta intensidade repetidas vezes. Flexibilidade, para uma maior amplitude de movimentos e aperfeiçoamento técnico. Alves (2010) e Rosa (2001) destacam o fato que no processo de elaboração da periodização, o preparador físico deve conhecer o calendário de competições da equipe, para determinar os seguintes períodos: 111 Preparatório: fase destinada à melhoria da aptidão física, momento em que as capacidades físicas são desenvolvidas e aperfeiçoadas. É dividido em duas etapas: preparação geral e preparação específica. Na preparação geral, o principal objetivo é formar a base para o treinamento específico. Para isso, é preciso melhorar a forma física geral dos atletas, que estão vindo de um período de recesso de treinamento (transitório). Esse período é caracterizado pelo aumento do volume e da intensidade de treinamento. Os exercícios utilizados desenvolvema resistência geral e a força. Na preparação específica, a ênfase do treinamento está nas capacidades físicas determinantes da modalidade. O volume de treino baixa, e a intensidade aumenta. Nesse período, a preparação física deve estar aliada com os treinos técnicos e táticos. Competitivo: fase destinada à manutenção da forma física. É um período que varia de acordo com a duração da competição. No caso do handebol, que possui um calendário cujas competições são de duração longa, entre 3 e 6 meses. Nesse caso, o preparador físico deve estar atento à duração do torneio e à frequência de jogos, já que, nessa fase, o objetivo é a manutenção do desempenho das capacidades físicas adquirido durante o período anterior. Para isso, o volume geral das cargas deve ser estabilizado, e a intensidade dos treinos deve ser reduzida. Transitório: fase entre temporadas ou entre competições. É entendido como o momento de descanso dos atletas. Podem ser realizadas atividades de baixa intensidade, apenas para que o desempenho físico não reduza muito. Esse período é importante, sobretudo, para a recuperação psicológica, já que, durante a temporada, a pressão para que os atletas tenham um bom desempenho é muito alta. As partidas de handebol são caracterizadas por intercalarem momentos de baixa e alta intensidade, sendo os momentos mais intensos determinantes de resultados. A preparação física deve ter como principal objetivo a rápida recuperação dos atletas após momentos de intensidade durante as partidas, além de tornar os atletas tolerantes a acidez muscular, não prejudicando o seu desempenho técnico e tático (FRANKE, 2018). Reconhecendo o nível de condição física dos atletas no início de temporada 112 e as necessidades fisiológicas das partidas, o preparador físico pode elaborar um caminho para preparar os jogadores fisicamente. A periodização, portanto, é necessária. Um elemento crucial é conhecer a magnitude da carga, ou seja, saber o quanto a sessão e o acúmulo de treinos ao longo das semanas irá afetar o organismo do atleta. O Quadro a seguir, apresentado por Sainz (2002) mostra de forma breve como os componentes/fatores psicológicos podem intervir na preparação do atleta, neste caso de alto rendimento. Quadro 1 Priorização dos componentes psicológicos dentro de cada preparação do atleta de alto desempenho. Preparação do atleta Componentes psicológicospriorizados Outros aspectos importantes a considerar dentro da preparação 1. Preparação Física Motivação Vontade Atenção Controle de estados desfavoráveis. Formações da personalidade. Coesão grupal. 2. Preparação Técnica Atenção Sensações Proprioceptivas Percepções Especializadas Representação motora Pensamento e linguagem Motivação Vontade Visão Periférica Controle de estados desfavoráveis Formações da personalidade Coesão grupal. 3. Preparação Tática Pensamento e linguagem Capacidade de observação Visão Periférica Reações de antecipação Atenção Modelos conceituais Motivação Vontade Controle de estados desfavoráveis Formações da Personalidade Coesão Grupal 4. Treinamento de Cargas máximas Motivação Vontade Controle de tensões psíquicas excessivas Atenção Formações da personalidade Coesão Grupal. 5. Pré-competição e competição. Motivação (Nível de aspirações individuais e coletivas). Vontade Controle de tensões psíquicas desfavoráveis Formações da personalidade. Coesão grupal. Fonte: Adaptado de Sainz (2002). 113 6.3 A ORGANIZAÇÃO, O CONTROLE E A AVALIAÇÃO DE EQUIPES DE HANDEBOL É indiscutível que o conhecimento e o aprendizado dos fundamentos técnicos, táticos e normativos do handebol são imprescindíveis para que um jogo realizado adequadamente (FRANKE, 2018). Portanto, o professor deve ter como objetivo realizar atividades que permitam ao aluno internalizar esses conceitos de maneira clara e aplicá-los durante a prática. O aprendizado técnico é fundamental para a iniciação esportiva, mas, isoladamente, não tem um objetivo próprio, pois precisa ser empregado durante o jogo de modo bem-sucedido. Cada jogador deverá saber reconhecer a situação de jogo, escolher qual fundamento técnico utilizar e qual variação será necessária. No entanto, nunca um jogador agirá sozinho e da maneira que quiser, já que as suas decisões individuais dependem de diversas ações da equipe e dos adversários. Estas devem ser tomadas de forma inteligente e contextualizadas ao cenário técnico- tático (MENEZES; REIS; TOURINHO FILHO, 2015). Além disso, cada jogador precisa analisar as situações de jogo, levando em consideração a tática da equipe. De acordo com Franke (2018) para desenvolver a capacidade de jogo, é preciso considerar: comportamento tático individual; comportamento tático em grupo; comportamento tático coletivo básico. De fato, esses três componentes principais dependem de alguns fatores fundamentais cujo aperfeiçoamento devem ser sempre estimulados pelo professor, como a capacidade de percepção e de decisão e a criatividade. Assim, o professor 114 precisa desenvolver atividades que propiciem o desenvolvimento dessas capacidades para o aperfeiçoamento da equipe. Menezes, Reis, Tourinho Filho (2015) destacam que no decorrer do jogo de handebol, podemos identificar principalmente duas fases — a ofensiva e a defensiva —, conforme as quais o comportamento da equipe muda, visto que há regras de ação específicas em cada momento e a adaptação dos jogadores e a rápida resposta contribuirão para o sucesso da equipe. Na fase ofensiva, por exemplo, a equipe visa a manter a posse da bola, avançar em direção ao gol e marcar o ponto, enquanto na defensiva a preocupação consiste em recuperar a posse de bola, dificultar ou impedir a progressão da equipe adversária e proteger o gol ou evitá-lo. De forma global, Leonardo (2009) apud Franke (2018) cita que para uma equipe ter sucesso, é preciso haver uma atuação coletiva, com ações sincronizadas. A estratégia consiste no conjunto de especificações estabelecidas para fundamentar as ações de uma equipe. Neste sentido, o planejamento das ações, apesar de suscetível a modificações pela ampla possibilidade de comportamentos, tem como objetivos promover a incerteza em relação ao adversário, dificultar as suas ações futuras e inibi-lo quanto à realização do gol. A periodização, o planejamento do treinamento, é considerada essencial para alcançar os melhores resultados (PASCHOALINO; SPERETTA, 2011). Vale ressaltar a importância de monitorar e avaliar o rendimento dos alunos ou atletas de uma modalidade esportiva, fundamentais para identificar dificuldades e atestar a evolução dos indivíduos dentro do contexto técnico-tático da modalidade. Em virtude da importância desse controle, os professores e treinadores desenvolveram estratégias para controlar e avaliar as suas equipes de handebol, por meio de testes específicos e planilhas de observação de uma partida, conforme descreve Franke (2018). Neste sentido, existem inúmeros testes físicos que podem ser realizados com o intuito de atestar o nível condicionante de determinada valência física, bem como a sua evolução ao longo do treinamento, por exemplo, dentre outros que podem ser desenvolvidos. E ainda, esses testes utilizados no intuito de avaliar cada valência, sendo ainda possível realizar a análise prática da execução dos fundamentos no jogo de handebol (técnico, tático e físico) nas diferentes fases do jogo (ofensiva, defensiva e transição). Paschoalino e Speretta (2011) deixam claro que não há como identificar ou medir todos os fatores que determinam o desempenho esportivo, tampouco 115 determinar quem se tornará ou não um atleta de sucesso, pois o rendimento esportivo não pode ser diretamente mensurável. Por outro lado, é possível conhecer um conjunto de variáveis que, se apresentadas pelo indivíduo, indicam uma maior probabilidade de ter sucesso no esporte. Em geral, os fatores condicionantes são variados e divergem entre os autores. Porém, Franke (2018)descreve que há um consenso na literatura de que existam características físicas, como as variáveis morfológicas e de composição corporal (exemplo: estatura, massa corporal, IMC e envergadura), e de capacidades funcionais (exemplo: força, velocidade, agilidade, resistência e flexibilidade). Componentes hereditários e genéticos também são importantes para o desempenho, mas mais difíceis de mensurar e geralmente não considerados para avaliar o desempenho. Aspectos psicológicos, técnica e tática também têm também um papel importante. 6.4 ANÁLISE DE DESEMPENHO NO HANDEBOL A análise do jogo, em qualquer desporto, é uma função imprescindível do treinador. É unanime a ideia de que, para avaliar e planejar os treinamentos, é necessário acessar dados que informam o rendimento individual e coletivo. Franke (2018) destaca que o objetivo principal das análises é extrair dados a respeito do desenvolvimento e execução nos eventos. Portanto, esses dados podem ser números (quantitativo) ou palavras (qualitativo). E de acordo com Greco et al. (2015)a partir deles, o profissional analisa os pontos fracos e erros cometidos pelos jogadores e equipe, para então planejar ações de modo a diminuí-los em um próximo evento. Analisar um jogo é uma tarefa difícil, em razão da grande quantidade de elementos a serem observados, das mudanças de comportamentos e ações durante os jogos e da multiplicidade dos critérios analisados (GRECO et al., 2015). Nos esportes coletivos e, principalmente no handebol, espera-se dos jogadores e da equipe uma organização tática ou um modelo de jogo que sirva de exemplo para determinar o comportamento individual. Diante disso, as equipes geralmente utilizam a análise de desempenho por três motivos: analisar a equipe adversária, identificar talentos nas equipes de base e analisar o desempenho da própria equipe para nortear o planejamento de treinos (FRANKE, 2018). A análise de desempenho contribui para o sucesso esportivo do treinador e 116 da equipe. Percebe-se a influência das bases metodológicas de pesquisa, que devem ser rigorosamente seguidas. Todo sistema de observação deve ser organizado por sua função, nível em que deseja observar, âmbito da realidade a que o objeto observado pertence e situação em que ele ocorre. As análises bem- estruturadas contribuem para a eficácia ofensiva e defensiva com a variação das ações e comportamentos dos jogadores. Além disso, é possível determinar um padrão de desempenho, seja motor seja tático, que irá conduzir o planejamento do treinador durante toda a temporada (RUSSOMANNO, 2011 apud FRANKE, 2018). Menezes e Reis (2010) apresentam um esquema de um processo sistemático de análise de jogo, com as etapas definidas, conforme você pode ver a seguir (Figura 16). Figura 16: Sistematização do processo de análise de jogo e a interação com o treinamento Fonte: Menezes e Reis (2010, p. 46) E ainda acerca da análise do desempenho de atletas/equipes de handebol, Greco e Fernandez (2015) mencionam que existem muitos elementos a serem 117 analisados de maneiras diferentes. Com o intuito de diminuir a confusão de conceitos e tipos de análises, esses autores propõem que a análise de desempenho seja determinada dentro de parâmetros específicos, como: espaço, tempo, regulamento, tarefa técnico-tática, organização técnico tática. Para Menezes e Reis (2010), as análises de desempenho no handebol, se comparado a outros esportes coletivos, além de menor número, está escassa, devido a uma possível baixa produção científica dessa modalidade, como a falta de rigor e clareza científica. Na maioria das vezes, os dados são coletados por meio de observações, entretanto, esse modo de obter as informações pode não refletir a realidade do jogo, pois as observações são carregadas de subjetividade. Ao observar, o profissional que analisa o jogo pode inserir opiniões pessoais sobre os dados. Neste sentido, Russomano (2011) apud Franke (2018) destacam que embora a observação seja um ato essencial na prática profissional, o treinador deve ter em mãos um instrumento que norteie os elementos a serem observados. Greco (2000) apud Greco et al. (2015) acredita que os modelos de análise ou elementos a serem avaliados variam de acordo com a necessidade de cada treinador, porque devem estar relacionados ao treinamento do time. Neste sentido, o autor apresenta os procedimentos de análise de jogos de handebol, os quais se dividem em: Scout de observação (sequência de jogo): essa ferramenta oferece ao treinador informações a respeito do desenvolvimento da equipe e diagnóstico da equipe adversária. Com informações referentes às ocorrências nos jogos, as ações são registradas minuto a minuto. Scout técnico (somatória de ações do jogo): permite registrar todas as situações do jogo, tanto individuais quanto coletivas. São contabilizadas faltas, gols, passes, etc. Scout de observação tática: permite identificar a localização e as ações dos jogadores envolvidos nas jogadas, desde ações individuais, como uma finta, até ações em grupo, como bloqueios e penetrações. Scout de observação de gols e atuação de goleiro: possibilita mapear todos os gols da equipe. Por exemplo, onde os jogadores mais lançam a bola a gol e de que posição da quadra eles realizam os arremessos. Quando esses dados são coletados da equipe adversária, auxiliam o goleiro a focar em 118 determinados pontos na defesa. Scout tático de contra-ataque: possibilita analisar a eficácia dessas ações nas definições, assim como a média de contra-ataques por jogo, por tempo e qual a estratégia mais usada pela equipe. É necessário compreender que as análises devem ser conduzidas com uma observação sistematizada, com objetivos e instrumentos específicos para cada elemento a ser analisado. O professional que fará a análise deve ter conhecimentos necessários sobre o que será observado e sobre os métodos de observação. Nesse sentido, a tecnologia tem ajudado as equipes na análise, no tratamento, no armazenamento e na interpretação das informações obtidas nas competições. Esse avanço tecnológico é observado pelo aumento do conhecimento sobre a organização do jogo, maior eficácia nos métodos de treinamento e, consequentemente, uma análise mais fidedigna da evolução da modalidade (GRECO; FERNÁNDEZ, 2015). 119 Em contrapartida, para evitar erros na análise, tem sido recomendado o uso de câmeras para gravar as partidas e treinos. Desse modo, a análise é feita sem a influência de fatores externos, como situação do jogo, pressão da torcida, etc. As análises desses métodos, conforme descreve Franke (2018) envolvem a filmagem da partida por câmeras, em que são quantificadas a distância percorrida e a velocidade dos jogadores. Além disso, a partir da análise cinemática, esse método é capaz de identificar as trajetórias de todos os jogadores e estão diretamente relacionados ao padrão tático e ao condicionamento físico. Na prática, na perspectiva Técnica e Tática, o foco deve estar na análise das habilidades técnicas, com o propósito de analisar o repertório técnico dos jogadores durante uma partida. E ainda, a análise técnico-tática, a fim de analisar aspectos e comportamentos táticos de jogadores e do time e, a partir dessas informações, estabelecer ações mais eficazes. Por outro lado, na perspectiva Ataque/Defesa, o foco deve estar na análise da atividade física dos jogadores, com o objetivo de caracterizar os aspectos físicos dos jogadores desenvolvidos durante uma partida. Além do mais, a análise do tempo-movimento das tarefas motoras, com o objetivo de identificar perfis de jogo, deve ser levada em consideração. Enfim, as análises dos jogos devem identificar o maior número de variáveis relevantes para compreensão e monitoramento da qualidade do indivíduo e da equipe. Deve partir de processos sistemáticos para cada uma das etapas do jogo e na sequência de procedimentos dos jogadores. Vale destacar que o processo de análise do jogodeve ser constantemente retroalimentado. Neste sentido, a coleta dos dados obtidos com as observações e a aplicação nos treinos necessita de uma reavaliação e uma reaplicação no processo. Por isso, todo o processo é analisado: as variáveis, os instrumentos, o modelo, os dados e o treinamento. Em síntese, a análise do jogo deve ter precisão naquilo queobjetiva coletar. As informações coletadas devem estar em consonância com os objetivos de treinamento e, consequentemente, com aquilo que o treinador espera de sua equipe. 120 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Ao planejar o calendário de treinamentos, o preparador físico deve ter conhecimento de quanto tempo terá de preparação, de competição e de descanso. Dessa forma, ele consegue ajustar as cargas de treinamento para atingir o máximo desempenho do atleta no momento certo. Seguindo a proposta do Modelo Tradicional de Periodização, o planejamento anual é dividido em três períodos. Assinale a alternativa correta. a) Introdutório, específico e competitivo. b) Preparatório, competitivo e transitório. c) Preparatório, pré-competitivo e competitivo. d) Introdutório, ordinário e transitório. e) Preparação geral, pré-competitivo e competitivo. 2. No handebol, os aspectos técnico, tático, psicológico e físico são vistos como imprescindíveis para o desenvolvimento dos atletas e das equipes, sendo que este último, quando bem treinado, pode influenciar positivamente no resultado da partida. Conhecer as variáveis do treinamento e seus aspectos torna-se fundamental para a prescrição do treinamento físico e tático, já que cada posição no handebol exige medidas específicas. Neste sentido, analise as assertivas a seguir, e assinale V (verdadeiro) e F (falso) para as assertivas que tratam das valências/capacidades físicas importantes para o jogador de linha no handebol. ( ) a força máxima é importante para suportar o contato com outros jogadores. ( ) a agilidade está associada ao posicionamento rápido da defesa e para o contra-ataque. ( ) a resistência muscular localizada é a responsável pela manutenção do desempenho na partida com rápida recuperação entre esforços intensos. ( ) a potência anaeróbia é utilizada para realizar esforços de alta intensidade repetidas vezes. Neste sentido, a ordem correta de cima para baixo é: joser Realce 121 a) V,F,F,V. b) V,V,V,F. c) F,V,F,V. d) V,V,F,F. e) F,F,V,V. 3. A preparação física, técnica e tática são essenciais para a formação do jogador de handebol, entretanto, esses elementos devem estar conectados aos fatores psicológicos, os quais exercem influência direta na estruturação/planejamento e resultados dos atletas ao longo de uma temporada. Neste sentido, analise as assertivas a seguir e assinale a que melhor representa os componentes psicológicos priorizados durante a preparação técnica dos jogadores de handebol. a) Atenção, visão periférica e reações de antecipação. b) Controle dos estados desfavoráveis, atenção e tomada de decisão. c) Pensamento/linguagem, vontade e motivação. d) Sensações proprioceptivas, representação motora e atenção. e) Percepções especializadas, atenção e modelos conceituais. 4. No handebol, existem diferentes testes que avaliam componentes da aptidão física dos jogadores, os quais podem influenciar nos fatores condicionantes, e serem determinantes para o êxito ou fracasso da equipe, pois é um dos elementos da preparação considerados básico, devido a sua importância. No caso específico da análise voltada para a preparação física, analise as assertivas a seguir e assinale a que melhor represente testes que podem avaliar a velocidade e a potência de membros inferiores. a) Teste do quadrado e salto horizontal. b) Salto horizontal e shuttle run. c) Corrida de 20 metros e salto vertical. d) Salto vertical e arremesso de medicine ball. e) Banco de Wells e teste de Cooper. joser Realce joser Realce joser Realce 122 5. A análise do jogo, em qualquer desporto, é uma função imprescindível do treinador. É unanime a ideia de que, para avaliar e planejar os treinamentos, é necessário acessar dados que informam o rendimento individual e coletivo. De acordo com o conceito de scouts e as possibilidades de trabalho a partir dessa ferramenta, temos diferentes tipos de scouts que podem ser realizados. Analise as assertivas a seguir e assinale V (verdadeiro) e F (falso) no que tange características associadas ao scout de observação tática. ( ) Serve como base para a estruturação do sistema de jogo a ser adotado pela equipe a partir de dados obtidos dos adversários e da maneira específica de jogo. ( ) Permite identificar a localização e as ações dos jogadores envolvidos nas jogadas, tanto em ações ofensivas como em ações defensivas. ( ) Oferece ao treinador informações a respeito do desenvolvimento da equipe e diagnóstico da equipe adversária. ( ) Se refere ao somatório das ações do jogo, que permite registrar todas as situações do jogo, tanto individuais quanto coletivas. A ordem correta de cima para baixo é: a) F,F,F,V. b) V,F,V,F. c) F,F,V,V. d) V,V,F,F. e) V,V,V,F. 6. A análise do jogo no handebol é uma atividade extremamente importante para a evolução dos jogadores e do time. Por meio dela, é possível obter dados sobre os pontos fortes e fracos, auxiliando os treinadores a planejarem os treinos. Para realizar a análise do jogo de handebol, os dados devem ser coletados por meio: a) Da técnica da percepção. joser Realce 123 b) Da análise clínica. c) Da análise de conteúdo. d) Da subjetividade objetiva. e) Da técnica da observação. 7. A análise dos jogos e dos treinos de handebol é um processo dinâmico e parte da observação das situações dos jogos. Com o avanço tecnológico, houve melhora na qualidade das análises de desempenho. Diante do exposto, qual é a principal contribuição da análise de desempenho no handebol? a) Fornecer dados para o treinamento. b) Realizar a gestão interpessoal da equipe. c) Classificar os atletas de acordo com seus desempenhos. d) Determinar o campeão do torneio. e) Motivar os atletas. 8. As análises dos jogos devem ser realizadas de forma sistemática, ou seja, organizada em etapas planejadas com o objetivo de obter dados corretos a respeito do desempenho das equipes e dos jogadores. Acerca das análises de desempenho no handebol, analise as afirmações a seguir: I. O primeiro procedimento é identificar as datas de avaliação. II. O primeiro procedimento é definir os parâmetros que serão avaliados. III. O primeiro procedimento é entrevistar os jogadores sobre as suas necessidades. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. joser Realce joser Realce joser Realce 124 INTRODUÇÃO AO BASQUETEBOL 7.1 INTRODUÇÃO Modalidade originada no final do século XIX, o basquetebol faz parte do contexto educacional norte-americano. De fato, trata-se de um esporte coletivo que ganhou muitos adeptos ao redor do mundo, e teve como importante marco histórico, os Jogos Olímpicos de Roma, ocorrido em 1936. Considerado uma das principais modalidades esportivas praticadas no mundo, tendo 213 países vinculados à Federação Internacional de Basquetebol, conforme documento apresentado pela Federação Internacional de Basquetebol – FIBA. Ao longo dos anos, o basquetebol vem ganhando notoriedade ao redor do mundo e o número de adeptos expandindo-se cada vez mais, rompendo fronteiras, tendo a sua prática expandida para as mulheres, para cadeirantes, permitindo a participação e inclusão por meio do esporte. No Brasil vemos um esforço das Instituições em divulgar e promover a modalidade, mas é na base que este trabalho deve ser iniciado. É na escola onde tudo começa, cabendo a todos os envolvidos no processo (escola – professor – alunos) entenderem a importância desta modalidade. Diversos são os motivos para acreditar na expansão do basquetebol em território nacional, e entender essa modalidade como ferramentana promoção do desenvolvimento na infância e na adolescência, torna o “produto” basquetebol mais fácil de ser comercializado, o que gera ganhos em visibilidade. No que tange o processo de iniciação do basquetebol, a proposta pedagógica tem um importante valor, e quatro pontos fundamentais devem ser considerados: diversidade, inclusão, cooperação e autonomia, todas associadas às fases do desenvolvimento da criança/adolescente. É evidente, portanto, que a formação e o processo ensino-aprendizagem não podem voltar-se somente ao treinamento dos aspectos motores ou técnicos, em que a aprendizagem tático-cognitiva e das habilidades do jogo (técnicas) vem ganhando cada vez mais espaço nesta proposta de ensino mais dinâmica. UNIDADE 01 125 Considerado uma modalidade que trabalha diferentes aspectos do ser humano, o basquetebol além de desafiador, devido ao seu grau de complexidade, estimula o desenvolvimento das habilidades motoras, as mais variadas possíveis. Neste capítulo você verá um pouco mais acerca do histórico e evolução da modalidade, além do processo ensino-aprendizagem envolvidos nesta modalidade, e por fim compreender a importância e como trabalhar da melhor maneira possível, aspectos associados aos fundamentos técnicos do basquete 7.2 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO BASQUETEBOL De acordo com Gonçalves e Romão (2019) o basquetebol se resume em um jogo em que duas equipes, compostas cada uma por cinco jogadores, devem arremessar a bola em uma cesta suspensa, e o objetivo é fazer o maior número de cestas possíveis, sendo declarada a equipe vencedora, a que converter maior número de acertos (cestas) que podem ser de 02 ou 03 pontos, os arremessos, e lances livres de 01 ou mais pontos, dependendo. A origem do basquete se deu no final do século XIX, graças ao professor de Educação Física norte-americano, James Naismith, que em 1891, propôs um novo jogo frente às possibilidades encontradas à época (CBB, 2020). o Naismith tinha uma forte ligação com as atividades esportivas, e sempre foi um incentivador de sua prática, sobretudo em âmbito escolar. Ele nasceu na cidade de Almonte, no Canadá, em 1861, e tinha formação acadêmica em Teologia, sendo que sua primeira atividade profissional exercida foi como instrutor de atividades físicas na Escola Internacional de Treinamento da Associação Cristã de Moços (ACM), que veio a ser chamada, mais tarde, de Springfield College, localizada na cidade de Springfield, no estado de Massachusetts, na Região Nordeste dos Estados Unidos, conforme descreve Gonçalves e Romão (2019). Ao assumir o Departamento de Educação Física do colégio norte-americano, em 1891, o professor Naismith se deparou com algumas situações conflitantes, dentre as quais, as condições climáticas (o inverno rigoroso) de Springfield, o que afastava a prática esportiva em locais “abertos” pelos estudantes daquela instituição, que eram ávidos por esportes e jogos que tinham como elementos principais a competição e a recreação. O professor Naismith percebeu que as poucas opções de atividades físicas em 126 locais fechados se restringiam às aulas de ginástica, que pouco interessavam aos alunos, devido as suas características, e o perfil do estudante da época. E de acordo com CBB (2020) foi esse o momento- chave para que Naismith pudesse introduzir a modalidade (basquetebol) naquela Instituição. O diretor do Springfield College, colégio internacional da Associação Cristã de Moços (ACM), Luther Halsey Gullick , confiou uma missão ao professor Naismith, que era pensar em algum tipo de jogo sem violência que estimulasse seus alunos durante o inverno, mas que pudesse também ser praticado no verão em áreas abertas, conforme descreve Gonçalves e Romão (2019). Ciente da resistência inicial que enfrentaria, Naismith pensou neste jogo sendo desenvolvido com as mãos, ao invés dos pés, como já tínhamos, no caso do futebol de campo. E para melhorar ainda mais a dinâmica do jogo, propôs como objetivo inicial, a bola não permanecer retida por muito tempo e nem ser batida com o punho fechado, para evitar socos acidentais nas disputas de bola, conforme destaca CBB (2020). E outra preocupação ocorrida estava em relação ao alvo (cesta), e neste caso, Naismith inicialmente pensou em colocá-lo no chão, mas já havia outros esportes assim, como o hóquei e o futebol. Foi então que ele pensou em algo inovador para a época, que foi a elevação do alvo, a partir do nível do solo, que deveria ficar a 3,5 m de altura, onde imaginava que nenhum jogador da defesa seria capaz de parar a bola que fosse arremessada em direção ao alvo. E desta forma, essa proposta levantada por Naismith aumentou o grau de dificuldade do jogo, que era um dos objetivos principais do professor, sem entretanto, perder-se o interesse pela sua prática, devido ao grau de dificuldade encontrado. Em relação à cesta no basquetebol, vale a penas destacar um fato, no qual ao comparar-se os “alvos” do inicio da prática da modalidade com o que se tem na atualidade, muito foi modificado, a partir por exemplo, do material utilizado. No início, Gonçalves e Romão (2019) destacam que as “cestas” utilizadas na época, tratavam- se de duas caixas ou cestos de pêssego, as quais foram fixados na parte superior de duas pilastras, a 3,05 m, uma em cada lado do ginásio. As primeiras regras do esporte, escritas por James Naismith, continham 13 itens, tendo sido colocadas em um papel em menos de uma hora. Este foi um dos marcos fundamentais para a origem e evolução do basquete que vemos hoje em dia, e serão apresentadas na seção mais a frente deste capítulo, que trata da evolução da 127 modalidade. Registros não oficiais apontam que em dezembro de 1891 ocorreu a primeira partida de basquetebol. De acordo com CBB (2020), Naismith selecionou dois capitães (Eugene Libby e Duncan Patton) e pediu-lhes que escolhessem os lados da quadra e seus companheiros de equipe, em seguida, selecionou dois dos jogadores mais altos (um de cada time/equipe) e jogou a bola para cima. Por não haver regras bem definidas ainda, esse primeiro jogo foi marcado por muitas faltas, que eram punidas colocando-se seu autor na linha lateral da quadra até que a próxima cesta fosse feita. E uma curiosidade desta partida foi a limitação apresentada pela própria cesta, onde a cada vez que um arremesso era convertido, um jogador tinha que subir até a cesta para apanhar a bola, sendo que a solução encontrada na época, é a que perdurou desde então, a de cortar a base do cesto, o que permitiria a rápida continuação da partida, similar ao que vemos atualmente (Figura 1). Figura 1: A cesta do basquetebol (oficial) Fonte: Disponível em: https://shutr.bz/3Oj0w9e. Acesso em: 15 mar. 2021. No Brasil, o basquete tem sua origem em 1896, trazido por um milionário norte- americano chamado Auguste F. Shaw, sendo praticado pela primeira vez na Associação Cristã de Moços (ACM), no Rio de Janeiro, em um pequeno recinto onde duas colunas situadas no meio do salão atrapalhavam um pouco a movimentação dos praticantes. 128 No ano de 1912, ocorreu a primeira partida de basquete no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, no Ginásio da famosa rua da Quitanda, fato que deve ser destacado, devido a sua importância dentro de um contexto social e histórico da época. Outro importante aspecto a destacar acerca da modalidade, conforme descreve Gonçalves e Romão (2019), foi a participação das mulheres, uma vez que as características do basquetebol impulsionaram a prática para este público, e por consequência, gerou um aumento da resistência machista quanto a essa inserção na modalidade. De acordo com Guedes (2009) citado por Gonçalves e Romão (2019) o crescimento do número de praticantes na década de 1920 acarretou o aumento do número de times de basquetebol feminino na década de 1930, reflexo também da disseminação da modalidade entre as mulheres na Europa e nos EUA. Ocorreram vários eventos em que as mulheres tiveram a oportunidadede participar. Em 1930, ocorreu o primeiro campeonato feminino de bola ao cesto, como era chamada a modalidade. Com o passar do tempo, os brasileiros foram tomando gosto pelo esporte e com o aumento do número de adeptos e a cobrança por uma estrutura mais profissional. Nesse contexto, surgiram as entidades responsáveis e posteriormente as ligas regionais, que vem se tornando a cada ano que passa referência na Américado Sul. De fato, desde que foi criado por James Naismith, em 1891, o basquetebol tem evoluído consideravelmente tanto no que se refere à modificação e à atualização das regras quanto à execução dos fundamentos e à aplicação dos sistemas de jogo, conforme descreve De Rose Jr., e Tricoli (2017). 129 Ao pensar na dinâmica do futuro jogo, Naismith imaginou algo que limitasse o contato e não permitisse ao praticante o controle absoluto sobre a bola, levando o jogo a um conceito coletivo diferente do que vinha sendo praticado pelo futebol americano e pelo futebol (soccer), nos quais o atleta em posse da bola podia se deslocar sem qualquer restrição. Para isso, ele definiu cinco normas básicas: (1) Seria jogado com as mãos e com uma bola “redonda”; (2) Não seria permitido caminhar com a bola sem quicá-la (drible); (3) Os jogadores poderiam se posicionar como e quando quisessem no terreno de jogo; (4) Não seria permitido o contato pessoal; (5) O arremesso seria executado para cima. (ROSE JR., e TRICOLI, 2017, p.3). Ao tratar da evolução da modalidade, enquanto esporte coletivo organizado, o foco foi centrado nas “regras” da modalidade, e em 1892, Naismith elaborou as primeiras regras do basquetebol que, ao longo do tempo, foram modificadas e aperfeiçoadas. Gonçalves (2019) destaca que o objetivo do jogo recém-criado era colocar a bola dentro do goal adversário fazendo-se arremessos de qualquer parte do campo e obedecendo-se às treze regras criadas por Naismith, destacadas por Naismith (1941) e descritas por De Rose Jr., e Tricoli (2010; 2017, p. 5): 1.A bola poderia ser lançada em qualquer direção, com uma ou com as duas mãos; 2.A bola poderia ser golpeada com uma ou duas mãos em qualquer direção, mas nunca com os punhos; 3.Os jogadores não poderiam correr com a bola nas mãos. Deveriam lançá-la a partir da mesma posição de onde a receberam. Poderia ser concedida certa tolerância a um jogador que recebe a bola em movimento; 4.A bola poderia ser segurada por uma ou por duas mãos, mas os braços e nenhuma outra parte do corpo poderiam ser utilizados para retê-la; 5.Seria proibido golpear o adversário com os ombros, puxar, empurrar ou impedir sua movimentação. Toda infração a essa regra seria considerada falta. Em caso de repetição, o jogador reincidente seria eliminado até que fosse marcada uma nova cesta. Se houvesse a intenção de lesionar o adversário, o jogador seria eliminado por todo o jogo, sem que se permitisse sua substituição; 6.Golpear a bola com os punhos seria considerado falta, como as violações descritas nas regras 3 e 4, e se aplicaria a penalidade descrita na regra 5; 7.Se uma equipe cometesse três faltas consecutivas (sem que a outra equipe tivesse cometido falta no mesmo intervalo de tempo), 1 ponto seria anotado em favor da equipe adversária; 8.Seria considerado ponto quando a bola fosse lançada ao cesto e nele entrasse, caindo no solo. Se a bola tocasse o aro e os defensores movimentassem esse aro, seria marcado 1 ponto para a equipe atacante; 9.Quando a bola saísse do campo, ela deveria ser reposta no meio do campo pelo mesmo jogador que a tocasse para fora. Se houvesse dúvida, o árbitro deveria lançá-la ao alto no interior do campo de jogo. O jogador teria 5 segundos para repor a bola em jogo. Se retivesse a bola por mais tempo, a reposição seria dada à equipe adversária. Se uma equipe retardasse intencionalmente o reinício do jogo, seria penalizada com uma falta; 10.O árbitro principal julgaria as ações dos jogadores e marcaria as faltas. Quando um jogador cometesse a terceira falta, poderia ser desclassificado, aplicando-se as 130 penalidades da regra 5; 11.O segundo árbitro tomaria as decisões relacionadas à bola e indicaria quando ela estava em jogo, quando saía e a quem devia ser entregue. Ele seria o cronometrista e decidiria se houvesse ponto. Seria também o responsável pela contagem dos pontos; 12.A partida seria disputada em dois tempos de 15 minutos, com intervalo de 5 minutos; 13.A equipe que marcasse o maior número de pontos seria declarada vencedora. Em caso de empate, a partida, em comum acordo entre os capitães, poderia ser prorrogada até que novo ponto fosse marcado. Em relação à evolução do basquetebol, uma das mais marcantes é em relação às regras, entretanto, destaca-se também a estrutura de jogo, no que tange os sistemas táticos, e características dos jogadores. Ressalta-se que a multifuncionalidade dos jogadores aliada às características do jogo levaram à necessidade de um ajuste e uma nova adequação da carga de treinamento com suas especificidades, elaborada a partir de um planejamento que leve em consideração também o calendário de competições, a infraestrutura disponível e os recursos humanos que compõem a equipe multidisciplinar, que deve estar preparada para sua execução (DE ROSE JR., e TRICOLI, 2017). O sucesso do basquetebol ao redor do mundo é tão grande que atualmente, o esporte é praticado por mais de 300 milhões de pessoas no mundo inteiro, nos mais de 170 países filiados à FIBA (FIB, s/d). De Rose Jr., e Tricoli (2010) destacam a presença da modalidade em Jogos Olímpicos como um claro sinal da evolução do basquetebol, solidificando seu papel na sociedade, cuja potencialidade é cada vez mais evidenciada. De fato, se analisarmos desde a primeira aparição nos jogos de 1936 até as Olimpíadas de Tóquio, Japão, que deveria ocorrer em 2020, porém devido à pandemia da Covid- 19, ocorreu em 2021, vimos o basquete contar com a participação de aproximadamente 60 países. É importante neste sentido, destacar que os primeiros jogos em Berlim e Londres tiveram a participação de 21 e 23 equipes, respectivamente. Atualmente a FIBA e o Comitê Olímpico Internacional (COI) delimitaram o número para 12 equipes, tornando ainda mais difícil para países do continente americano e europeu se classificarem. Porém, isso também torna possível a expansão da modalidade em países dos continentes africano e asiático, em que o nível competitivo é menor. É notória a supremacia norte-americana, seja no basquetebol masculino ou no feminino. No entanto, podemos perceber que outros países têm um número elevado de participações, como o Brasil, que, no basquete masculino, é a segunda 131 seleção que mais participou e, no feminino, é a quarta equipe que mais esteve presente nos jogos olímpicos. 7.3 CARACTERIZAÇÃO DOS JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS Partindo do pressuposto que os jogos esportivos coletivos devem ser entendidos a partir da ontologia do jogo, de acordo com Leonardo et al. (2009), e o principal aspecto que sustenta essa afirmação é sua natureza como atividade caracterizada pelo seu caráter livre, delimitada, regulamentada, incerta, improdutiva e fictícia. De fato, é importante destacar que à medida em que o jogador está em estado de jogo, sua mobilização quanto aos recursos necessários para a execução das ações pertinentes serão cada vez mais evidenciadas, e as competências e habilidades colocadas em prova, numa dinâmica constante, em que as ações serão reproduzidas a partir do contexto em que se desenvolve tal jogo/esporte. Assim como em qualquer esporte, individual ou coletivo, a presença da tática de jogo é algo essencial para o sucesso das ações tomadas ao longo da partida. Leonardo et al. (2009) descrevem a ação de jogar e sua intencionalidade, sobretudo em alcançar uma meta e/ou objetivo, atrelado à lógica do jogo, ou seja, sua estrutura em várias etapas, como um “quebra-cabeça”. Ao tratarmos dos jogos esportivos coletivos, dentre os quais, o basquetebol, a atenção deveestar direcionada à diferentes aspectos, e um dos problemas que surgem, de acordo com Reverdito et al. (2009) é o fato de tratar-se de uma prática recorrente à sistematização de currículos. Portanto, quando feito é baseado na simplificação e descontextualização das partes do jogo: fundamentos, gestos técnicos, táticas (como sinônimo de sistema/esquema de jogo) e condicionantes físico-motoras. E aqui fica evidente que ao aprender as partes de um jogo, ficaria mais evidente o aprendizado do jogo, o que não pode ser considerado uma regra “fechada” haja vista a grande variabilidade de ações presentes em um jogo, sobretudo aqueles considerados coletivos. Scaglia et al. (2013) evidencia a importância das habilidades, que devem ser devidamente trabalhadas, haja vista tratar-se de um elemento muito mais amplo do apenas motoras, e que estão conectadas ao saber fazer, ou seja, entender o jogo em sua plenitude, o jogar a partir de um objetivo estabelecido. Esses autores 132 descrevem ainda que o jogo, caracterizado pelos esportes coletivos, consiste em saber fazer cada vez melhor o que se pode fazer no jogo, compreendendo as ações individuais que levam ao conjunto de ações desenvolvidas em equipe (grupo) determinantes para o êxito e/ou fracasso da equipe. Nos jogos esportivos coletivos, alguns elementos devem ser considerados, de acordo com Scaglia et al. (2013, p. 232): [...] estruturar-se no espaço coletivo, confluindo ações individuais com as coletivas, em relação ao posicionamento dos adversários e a estratégia pré-estabelecida coletivamente, configurando-se as circunstâncias contextuais do jogo; estas devem ser lidas pelos jogadores à medida que se ampliam suas respectivas habilidades de interpretação da lógica do jogo, aliada ao seu amadurecimento cognitivo e ampliação contextualizada de seus esquemas de ação, comunicando-se por meio de suas ações com os demais jogadores; além de, ao mesmo tempo, manter uma adequada e eficiente relação com a bola (ou implemento), de modo a conseguir executar as ações motrizes requeridas, sempre com o objetivo de ganhar o ponto. Cada jogo, por ser único, irredutível, casual e por natureza ontológica, tendendo ao caos, apresenta uma lógica particular (FREIRE, 2002; SCAGLIA, 2005 citados por SCAGLIA et al., 2013). Neste sentido, a leitura do jogo, a compreensão dos aspectos que o cerceiam são fundamentais, e o ato de aprender a jogar pressupõe aprender a se comunicar, compreendendo a lógica interna de cada jogo, a partir da interpretação de seu padrão de organização, em meio ao seu processo organizacional sistêmico (SCAGLIA, 2013). O futebol (Figura 2), é um exemplo de esporte coletivo em que a proposta de jogos são bem definidas e quando colocadas em prática evidenciam o quão importante é desenvolver o jogo coletivo, por meio de aspectos, dentre os quais: a organização, a consciência tática dos jogadores, o trabalho em equipe, e a busca por um objetivo definido a partir de uma proposta definida de jogo, conforme defende Scaglia (2013). 133 Figura 2: Um exemplo da iniciação esportiva – o jogo esportivo coletivo (futebol) Fonte: Disponível em: https://shutr.bz/3tWwyzB. Acesso em: 15 mar. 2021. Garganta (1995) descreve um importante aspecto acerca dos jogos esportivos coletivos, em que as competências essenciais são definidas a partir da congruência do conflito de objetivos inerentes ao jogo e da capacidade do jogador. Portanto, ainda de acordo com o autor, para elucidar a lógica do jogo, configurando uma circunstância a qual demanda: a) estruturação do espaço; b) comunicação da ação; c) relação com a bola (ou implemento). A partir dessa configuração apresentada por Garganta (1995) podemos entender que os jogos esportivos coletivos dependem desses três fatores que se integram em diferentes momentos ao longo da execução do jogo em si. De fato, a estruturação do espaço está ligada à compreensão das ações a serem feitas, da tomada de decisões mediante o espaço físico, a partir da concepção que um jogo desenvolvido em dimensões menores (quadra) deve ser adaptado quando é desenvolvido em um campo, cujas dimensões oficiais são maiores. No que tange a comunicação da ação, está ligada a uma comunicação corporal, que acontece à medida que os jogadores aprendem a linguagem do jogo. Aprendem a se comunicar no jogo, por meio de um posicionamento individual, de grupo e coletivo, adequado frente às situações do jogo. E por fim, a relação com a bola (ou implemento), a terceira competência essencial, não pode se resumir em adestramento técnico. Neste sentido, pensando em um processo de 134 aprendizagem considerado “aberto”, busca desenvolver habilidades em contextos de jogo, em que a imprevisibilidade esteja presente, sendo essa uma das principais características dos jogos esportivos coletivos. Scaglia et al. (2013) apresentam uma proposta de sistematização que pode ser aplicada aos jogos esportivos coletivos, visando fornecer mecanismos evidentes aliados a uma metodologia que privilegie as competências essenciais, em meio ao jogo e suas peculiaridades - como o ambiente de jogo -, em que as competências essenciais devem ser ordenadas de tal maneira que sua aplicabilidade seja relevante ao longo do processo de ensino e aperfeiçoamento. Neste sentido, as competências essenciais gerais são as manifestações comuns das competências que podem ser encontrada em todos os jogos coletivos. Trata-se de uma competência que pode ser aplicada ao futebol e ao handebol, por exemplo, ao mesmo tempo, sem prejuízos no processo, devido as suas exigências semelhantes, o que nos remete ao fato de que os jogos esportivos coletivos podem pertencer a um mesmo grupo/família, conforme descreve Leonardo et al. (2011). Por outro lado, as competências específicas são as ma infestações específicas das competências essenciais em decorrência das especificidades requeridas por cada jogo coletivo. Assim, as competências específicas, diferentemente das gerais, que partem das semelhanças entre os jogos, elas se preocupam com as diferenças. E por fim, como descreve Scaglia et al. (2013) temos as competências contextuais, que são as manifestações das competências essenciais em meio às 135 competições regulamentadas do esporte. Assim, as competências essenciais contextuais estão conectadas às competições formais, que também devem ser entendidas como conteúdo(s) a serem ensinados ao longo de todo o processo de ensino-aprendizagem-treinamento. 7.4 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO BASQUETEBOL O basquetebol é caracterizado por ser um esporte cujas disputas envolvem duas equipes que têm como objetivo principal somar pontos passando a bola entre um aro suspenso, evitando que a equipe adversária faça o mesmo. Atualmente, existem duas modalidades oficiais de basquete: o 5x5 (também chamado de basquete formal) e o 3x3. De modo geral, ambas as modalidades apresentam fundamentos técnicos muito parecidos, entretanto, a intensidade e a frequência desses movimentos tendem a se modificar em cada uma das variações da modalidade. Por ser classificado como modalidade coletiva de invasão, suas características do jogo são marcadas por ações intermitentes de ataque/defesa, que apresentam um elevado dinamismo. Essa relação ataque/defesa é constante e inevitável, e descreve de forma clara o confronto direto entre oponentes, o que cria condições específicas para que cada uma das partes tenha o sucesso desejado – no caso do ataque, a cesta; em relação à defesa, a proteção da meta, conforme descreve De Rose Jr. e Tricoli (2017). E dentro deste contexto, vemos para cada setor de quadra, de ataque ou defesa, diferentes funções a serem exercidas pelos jogadores, a partir das concepções táticas estabelecidas para a equipe. No que tange o jogo em si, o aspecto evolutivo dobasquetebol é evidente, e vale ressaltar três fatores fundamentais, a partir deste contexto, conforme descreve De Rose Jr., e Tricoli (2017): Cooperação e oposição. Criação e diminuição de espaços. Imprevisibilidade. O Quadro a seguir mostra de forma detalhada cada um destes fatores destacados pelos autores. 136 Quadro 1: Os fatores fundamentais para o desenvolvimento do basquetebol Fatores Fundamentais Descrição Cooperação e Oposição De fato, a cooperação é nítida e necessária para que se possa enfrentar de forma organizada a oposição imposta pelo adversário, seja ela na defesa ou no ataque. Uma das principais características da cooperação é que pode ocorrer a partir da elaboração dos sistemas de ataque e defesa ou mesmo por meio de situações fracionadas do jogo, como na sincronização de movimentos entre dois, três ou quatro jogadores, até que se chegue à situação real (“cinco contra cinco”, ou 5×5). Por outro lado, a oposição, está intrinsecamente ligada à relação ataque/defesa, situação esta compreendida como constante e inevitável no basquetebol. Criação e Diminuição dos espaços Ambos elementos são decorrentes da organização tática das equipes ou mesmo de ações individuais que levam em consideração a habilidade de cada atleta para atacar ou defender. Neste sentido, no ataque, as equipes devem ter como objetivo as melhores opções de finalização com base na busca de posições em que essa finalização possa oferecer maiores probabilidades de acerto ou a exploração da qualidade e da habilidade de determinado jogador. E na defesa, ocorre o processo inverso. Os sistemas defensivos são criados para diminuir ou eliminar os espaços criados pelo ataque, fazendo com que os arremessos sejam executados em regiões de pouco percentual de acertos ou por jogadores com pouca habilidade para finalizar. Imprevisibilidade No basquetebol, a imprevisibilidade é muito decorrente do espaço reduzido para se realizar as ações; regras relacionadas a tempo de posse de bola, tempo para passagem da defesa para o ataque e tempo de retenção de bola por um atacante quando marcado de perto; e ações de um companheiro de equipe ou de um adversário. A leitura de jogo é a interpretação de sinais relevantes oferecidos pelo adversário e que levam à tomada de decisões adequadas e no momento correto. Fonte: Adaptado de Rose Jr. e Tricoli (2017, p. 1,2) Ferreira e De Rose Jr. (2003) destaca alguns dos principais movimentos básicos característicos do basquetebol. A partir da execução destes movimentos, a parte técnica pode ser bem conduzida. Portanto, o treinamento influencia diretamente na qualidade/performance da execução dos movimentos que serão apresentados a seguir: 1. Posição corporal: é a maneira que o executante se posta dentro de quadra quando não está de posse da bola. De fato, uma boa posição corporal demanda que os joelhos estejam levemente flexionados, de forma a facilitar o movimento rápido dos membros inferiores durante o jogo. Da mesma forma, os cotovelos devem estar levemente flexionados e as mãos devem sempre estar a postos, prontas para 137 receber, bloquear ou arremessar a bola, estando, portanto, à frente ou acima do corpo, com as palmas viradas predominantemente para o local e/ou indivíduo em que a bola está. 2. O giro: caracterizado como uma mudança corporal a partir do deslocamento sobre apenas um ponto de contato realizado com os pés. Isto é, um dos membros inferiores age como um eixo, e o restante do corpo desliza sobre esse eixo, mudando a direção em que o jogador se encontra. 3. Mudanças de direção: As mudanças de direção são as variações negativas ou positivas na velocidade em que um jogador se desloca, modificando a sua direção. Esse fundamento é muito essencial no basquete, uma vez que a movimentação tática é um importante fator e possibilita que a equipe chegue à vitória. As mudanças de ritmo podem ser classificadas em fase de freada, de giro e de saída. As fases de freada buscam reduzir drasticamente a velocidade de deslocamento do jogador; a fase de giro consiste, como o nome sugere, em realizar o giro descrito anteriormente com uma amplitude suficiente para posicionar o corpo na direção desejada; a fase de saída consiste em buscar novamente a velocidade por meio do recrutamento dos diversos músculos corporais e da coordenação corporal, possibilitando que a saída ocorra de forma explosiva. 4. Saltos: importante movimento dentro do basquete. Muitas vezes, a bola encontra-se no alto após um arremesso e durante um passe ou longe do jogador, neste sentido, é necessário que os jogadores saltem de modo a recuperar o mais rápido possível a bola, evitando que os jogadores adversários tomem sua posse. De acordo com o autor, existem dois tipos de salto, os saltos em altura e os saltos em longitude. A Figura 3 apresenta algumas das ações encontradas em um jogo de basquetebol, caracterizado pelo dinamismo e muitas vezes a multifuncionalidade de seus atletas, o que torna o jogo imprevisível em termos de resultados. 138 Figura 3: Algumas das ações encontradas em um jogo de basquetebol Fonte: Disponível em: https://shutr.bz/3QYy927. Acesso em: 15 mar. 2021. 139 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (Q578737 - CETRO - 2013 - SESI-DF - Professor - Educação Física). Sobre a história do Basquetebol, assinale a alternativa correta. a) O Basquetebol foi criado por um americano, em uma escola do Canadá, em 1891. b) O Basquetebol foi criado porque havia necessidade de se criar um jogo para ambientes fechados que melhorasse os problemas de indisciplina dos alunos. c) James Naismith, ao criar o basquetebol, pensou que o jogo deveria ser adaptável a qualquer espaço, envolver vários jogadores, ser fácil de aprender e não violento. d) Na primeira versão do Basquetebol, os pontos eram marcados colocando-se a bola em caixas, que ficavam no chão, uma de cada lado do espaço demarcado para a partida. e) Na primeira versão do Basquetebol, cada equipe era formada por 20 jogadores, e os cestos ficavam a 2,50m do solo. 2. (IPEFAE - 2020- Adaptada). O basquete (ou basquetebol) é um esporte em que duas equipes de cinco jogadores competem para ver qual marca mais pontos acertando a bola numa cesta que fica no alto. Vence a equipe que encestar mais bolas ao longo de quarenta minutos, divididos em dois ou quatro tempos. É um jogo muito popular nos Estados Unidos, onde começou em 1891. Ele também se tornou popular no Brasil e em muitos outros países. O basquetebol é uma modalidade coletiva de invasão com interação. Uma das principais técnicas do basquetebol é o drible. Podemos afirmar sobre o drible. a) É o ato de recuperar a bola após um arremesso. b) É quando jogador se aproxima da cesta, segura a bola, realiza dois passos e salta em direção a cesta, lançando a bola. c) É um movimento que o jogador realiza para enganar ou desequilibrar o joser Realce 140 adversário, através de mudança de direção ou giro, com a bola ou sem ela. d) É a condução da bola com uma das mãos ou de forma alternada, batendo a mesma no chão, podendo haver variações de velocidade, sentido e direção. e) É o ato de esquivar-se do adversário, batendo a bola contra o solo uma ou mais vezes seguidamente. 3. Os jogos esportivos coletivos são uma excelente oportunidade de trabalhar-se diferentes competências que surgem como essenciais para a formação do indivíduo, tendo em vista as diferentes fases do jogo, e as características de cada uma delas, que demanda ações específicas. Neste sentido, um dos aspectos a ser analisado dentro do processo é a estruturação do espaço, a qual diz respeito a(o): a) Compreensão das ações a serem feitas, da tomada de decisões mediante um determinado espaço físico. b) Espaço em que o jogador tem para progredir em quadra, o que difere do campo, uma vez que são espaços diferentes. c) Ambiente de análise de cada jogada executada pela equipe, entendendo-se que independente da dimensão do espaço, o jogo é o mesmo. d) Processo de aprendizagem atreladoao conhecimento da quantidade de jogadores que podem participar de uma partida, oficial ou não. e) Ambiente de execução do jogo, das dificuldades encontradas e como os participantes podem buscar as melhores estratégias de execução de uma jogada. 4. O basquetebol é caracterizado por ser um jogo dinâmico e de ocupação de espaços, onde os jogadores devem se movimentar de maneira a evitar ao máximo a marcação adversária e buscar posições mais adequadas ao arremesso. De Rose Jr., e Tricoli (2017) apontam três fatores fundamentais para o desenvolvimento do basquetebol, neste sentido, analise as alternativas a seguir e correlacione as colunas. (A) Criação e Diminuição dos espaços (B) Cooperação e Oposição (C) Imprevisibilidade joser Realce joser Realce 141 ( ) associada à leitura de jogo, a interpretação de sinais relevantes oferecidos pelo adversário e que levam à tomada de decisões adequadas e no momento correto. ( ) decorrentes da organização tática das equipes ou mesmo de ações individuais que levam em consideração a habilidade de cada atleta para atacar ou defender. ( ) ação necessária para que se possa enfrentar de forma organizada a oposição imposta pelo adversário, seja ela na defesa ou no ataque. A ordem correta é: a) A-B-C. b) B-A-C. c) A-C-B. d) C-B-A. e) C-A-B. 5. Ao longo dos anos, o basquetebol vem ganhando notoriedade ao redor do mundo e o número de adeptos expandindo-se cada vez mais, rompendo fronteiras, tendo a sua prática expandida para as mulheres, para cadeirantes, permitindo a participação e inclusão por meio do esporte. Em relação ao processo histórico da modalidade podemos afirmar que: a) o basquetebol é uma modalidade esportiva coletiva com origem no início do século XIX no contexto escolar norte-americano. b) em Olimpíadas, teve sua inclusão oficial no quadro de modalidades, em Roma, no ano 1936. c) James Naismith, em 1891, após retornar da França, trouxe consigo uma nova maneira de praticar o futebol. d) a origem da modalidade ocorreu no Canadá, a partir da necessidade de criar- se uma modalidade onde os ricos e os pobres pudessem participar. e) a busca pela prática esportiva em locais alternativos fez o basquete crescer em número de praticantes, sobretudo entre os professores. joser Realce joser Realce 142 6. Ferreira e De Rose Jr. (2003) destaca alguns dos principais movimentos básicos característicos do basquetebol. A partir da execução destes movimentos, a parte técnica pode ser bem conduzida., sendo os treinamentos, uma parte essencial que influencia diretamente na qualidade/performance da execução dos movimentos. Sobre os movimentos básicos executados no basquetebol, analise as alternativas a seguir, e assinale V (verdadeiro) e F (falso). ( ) a posição corporal é entendida como a maneira que o executante se posta dentro de quadra quando não está de posse da bola. ( ) o giro é feito para tentar se desvencilhar da marcação adversária, sendo caracterizado como uma mudança corporal a partir do deslocamento sobre apenas um ponto de contato realizado com os pés. ( ) as mudanças de direção são as variações alternadas de velocidade que ocorrem na organização defensiva, em que um jogador se desloca, modificando a sua direção, dentro ou fora do garrafão. ( ) os saltos são considerados importantes movimentos que buscam a recuperação de modo a recuperar o mais rápido possível a bola, evitando que os jogadores adversários façam a cesta de 03 pontos. A sequência correta é: a) V-V-F-F. b) F-F-V-F. c) V-V-F-V. d) V-V-V-V. e) F-F-V-V. 7. Por ser uma modalidade esportiva coletiva, o basquetebol possui características próprias deste tipo de jogo, neste sentido, muitas vezes sua prática deve ter a atenção direcionada à diferentes aspectos, e um dos problemas que surgem, de acordo com Reverdito et al. (2009) é o fato de tratar-se de uma prática recorrente à sistematização de currículos. Sabendo da importância do joser Realce 143 basquetebol como um jogo esportivo coletivo, analise as alternativas a seguir, e assinale a que represente algum elemento que deve ser considerado nesse processo: a) Estruturar-se no espaço coletivo, confluindo ações individuais com as coletivas, em relação ao posicionamento dos adversários e a estratégia pré- estabelecida coletivamente. b) Analisar cada detalhe da partida, fazendo com que o jogo flua da melhor maneira possível, e seja direcionada aos aspectos motores, entendendo-se sua importância sobre a concepção lógica do jogo em si. c) Configurar as circunstâncias contextuais do jogo, em que a leitura do jogo é feita sucessivamente pelos jogadores, sem a participação efetiva da equipe, em um trabalho isolado, que rende resultados expressivos. d) Compreender a concepção do jogo em seus diferentes aspectos, colocando-se à disposição para o aprendizado das técnicas e das regras, com a tática sendo uma consequência do que foi aprendido nas fases anteriores. e) Ampliar-se os esquemas de ação, comunicando-se por meio de suas ações com os demais jogadores, o que gera uma organização técnica defensiva superior ao que se implementa em situações de reação de uma jogada. 8. (CONSESP -2018). A respeito da história oficial do Basquetebol, analise as alternativas e assinale a correta. a) O Basquetebol foi criado pela necessidade de um jogo sem violência que estimulasse os alunos durante o inverno, mas que pudesse também ser praticado no verão em áreas abertas. b) Após passar as regras criadas para o papel, James Naismith aplicou-as em uma turma escolar contendo 24 jogadores. c) Na primeira versão do Basquetebol, os cestos ficavam em contato com o solo. d) O esporte foi criado por um professor americano em 1981. e) Criado no Canadá, rapidamente teve sua expansão a outros países da América do Sul, dentre os quais, o Brasil, que teve a primeira equipe de basquetebol feminina do mundo. joser Realce joser Realce 144 METODOLOGIA DO ENSINO DO BASQUETEBOL 8.1 INTRODUÇÃO Reconhecidamente um fenômeno sociocultural, o esporte vem conquistando, ao longo dos anos, mais adeptos e uma maior expansão das diversas modalidades, que não somente o futebol. O esporte coletivos, o caso do basquete, requerem a participação de duas ou mais pessoas contra uma equipe adversária, podendo ser também chamado de esporte em grupo ou em equipe e necessita da utilização de um determinado objeto como por exemplo, a bola. O processo ensino-aprendizagem no basquetebol centra-se nos componentes técnicos e táticos da modalidade, tendo em vista a(s) fase(s) do aprendizado, do desenvolvimento dos alunos, e dos objetivos a serem desenvolvidos. De fato, o processo de iniciação esportiva, em qualquer modalidade, tem como premissa básica seu desenvolvimento em âmbito escolar, uma vez que é onde as crianças/adolescentes podem vivenciar experiências que transcendam o simples ato de jogar. É evidente que a inclusão do basquetebol desde as fases iniciais (primeira e segunda infância) propiciam um melhor desenvolvimento das crianças, uma vez que está diretamente associada ao desenvolvimento de habilidades físico- mentais, como: consciência corporal, coordenação, flexibilidade, ritmo, agilidade, equilíbrio, percepção espaço-temporal em uma atmosfera de descontração, dinamismo e ludicidade, conforme descreve Paes e Oliveira (2005). 8.2 PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM ESPORTIVA Neste sentido, Greco (1998) indica que na iniciação esportiva, os jogos populares surgem como mecanismos mais assertivos para o treinamento dos diferentes esportes. Na fase de iniciação esportiva, tornar o treinamento muito específico, a partir do que demanda, por exemplo, cada posição em quadra (especificidade técnica e tática) pode limitar o desenvolvimento global da criança, além de afastá-la do lúdico, do prazer de jogar, entendendo aos poucos o que deve Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 145 ser o jogo desenvolvido de forma adequada. De fato, o processo ensino-aprendizagemé pautado em torno de três métodos de ensino-aprendizagem (tradicionais), considerados básicos, e reconhecidamente aplicados desde a iniciação, a especialização e a formação no esporte, em geral, os seguintes métodos: analítico-sintético (analítico-parcial), situacional (global-funcional) e misto (integrado). Greco (1998) descreve os métodos, iniciando pelo método analítico-parcial, o qual tem como principal objetivo o ensino dos fundamentos técnicos, tendo como principal forma de trabalho uma série de exercícios. Ainda segundo o autor, a principal vantagem desse método é o desenvolvimento da técnica correta, possibilitando maior êxito na vivência e a correção é fácil de ser realizada. Por outro lado, suas desvantagens são: a demora para o exercício chegar no “todo”, visto que o movimento é treinado em separado, a aula se torna monótona e pouco atraente e não possibilita a satisfação do desejo de jogar. De acordo com Perfeito (2009) apud Gonçalves e Romão (2019), esse método ainda prevalece em muitas escolas e clubes brasileiros, amparado pela crença da necessidade do domínio total da técnica para ter sucesso no jogo. Em seguida, temos o método global-funcional, o qual tem como princípio de que só se aprende o jogo jogando, sendo assim, a técnica e os demais elementos relacionados ao futebol e ao futsal serão aprendidos durante o jogo formal (GRECO, 1998). Por esse método, a aula consiste em distribuir dois times para que joguem e, quando necessário, o professor faz as correções sobre a técnica, a tática e os demais elementos. Vale ressaltar, todavia, que não se trata do “jogar por jogar” mas a figura do professor/treinador é essencial na condução do processo, estabelecendo diretrizes para que esse jogo tenha um significado dentro do processo ensino-aprendizagem da turma (Figura 4). As principais vantagens desse método está o prazer de jogar, a motivação, a aprendizagem de todos os elementos desde o começo e a simplificação da organização da aula. No entanto, por receber inúmeras informações, o aluno pode não assimilar todas e o tempo para correções pode ser pouco (GRECO, 1998). 146 Figura 4: O método global, caracterizado pela prática do jogo (situacional) Fonte: Disponível em: https://shutr.bz/3OmlNie. Acesso em: 20 mar. 2021. E por último, o método misto, que segundo Gonçalves e Romão (2019) pode ser definido como uma união entre os dois métodos anteriormente apresentados. Dessa forma, o professor iria trabalhar primeiramente os fundamentos do futebol e do futsal (condução, domínio, chute, drible, passe, etc.) para, após atingir um nível adequado, haver o jogo como sugere o método global-funcional (GRECO, 1998). Esse método permite que o professor utilize na mesma aula os exercícios e o jogo, independentemente de ordem ou quantidade estabelecidas, sendo possível o professor tanto realizar correções nos exercícios mais técnicos quanto dar o feedback no jogo. A metodologia mista é considerada a mais completa das tradicionais (GONÇALVES e ROMÃO, 2019; GRECO, 1998). Além dos métodos tradicionais, Garganta (1995) apresenta dois métodos chamados de contemporâneos, mais utilizados nas escolinhas, nas categorias de base e nos clubes profissionais de futebol e futsal. Esses modelos são considerados sistêmicos e visam às capacidades cognitivas como elementos-chave da aprendizagem, buscando, sobretudo, desenvolver a inteligência do praticante durante o jogo. Como exemplo, temos os jogos condicionados e o método situacional, os quais apresentam muitas semelhanças respectivamente, com os métodos misto e global-funcional, ambos estudados nesta seção. 147 8.3 PRINCÍPIOS E NOÇÕES DE PROGRESSÕES DE APRENDIZAGEM De forma geral, o ensino dos esportes ainda é pautado em uma pedagogia considerada tradicional, em que as técnicas esportivas são consideradas o eixo central de todo o processo de aprendizagem. Giménez (1999) traz um interesante levantamento acerca do ensino dos esportes, em que as propostas associadas à situações-modelo onde a experiência real, de jogo se faz ativa, é considerada um importante meio de trabalhar-se a evolução do aprendizado nos esportes, haja vista um dos modelos mais adotados atualmente, conhecido como Jogos Esportivos Coletivos (JEC). De fato, por tratar-se de um modelo mais dinâmico de ensino, os JEC prioriza não somente partes fragmentadas do ensino e aplicação de uma determinada habilidade específica de jogo, mas a melhor compreensão sobre as diferente concepções de ensino, e cabe ressaltar, a importância de progredir os aspectos do processo ensino-aprendizagem em uma perspectiva mais aberta, e que estimule a visão do participante como um todo. Um aspecto que deve ser destacado no ensino dos esportes sob uma visão mais sistêmica está sua fundamentação pautada em propostas de experiências lúdicas vinculadas ao contexto real do jogo, mostrando que o jogo quando jogado de forma “livre” possui importantes aspectos que podem melhor direcionar a atuação do professor. Scaglia et al. (2013) explicam que para que o praticante desenvolva aspectos do jogo de forma consciente e lógica, a progressão deve ser tal que as informações apresentadas ao longo de um jogo, por exemplo, estimulem tomada de decisão a ser executada, bem como a utilização da decisão mental para então 148 colocar em prática a ação motora. Neste sentido, fica evidente que a estrutura de um jogo desenvolvida por meio do modelo tradicional, a partir de uma perspectiva tecnicista tende a fazer com que o processo de aprendizado se torne muitas inócuo ao aluno, e desconecte-o do que deve, de fato, aprender por meio dos jogos e/ou esportes coletivos. 8.4 CARACTERIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DOS EXERCÍCIOS E TAREFAS De acordo com Platonov (2008) os meios de treinamento influenciam direta e/ou indiretamente o aperfeiçoamento para alcançar o alto desempenho desportivo, constituindo a base do processo pedagógico da preparação, e que podem ser considerado um mecanismo estável em que as diferentes ações se repetem de alguma maneira, a fim de interligarem-se visando encontrar soluções para determinadas tarefas. Um dos aspectos que devem ser considerados no processo de seleção dos exercícios e tarefas esportivas são os aspectos do desenvolvimento humano, em que não apenas o motor deve ser considerado, mas o cognitivo e o afetivo-social, atuando de forma integrada na construção de uma estrutura sólida e que seja desenvolvida ao longo dos anos, não pensando apenas na formação do atleta, e sim, compreendendo os diferentes mecanismos que as atividades esportivas podem proporcionar. Em contrapartida, Galatti et al. (2012) descreve que com o passar dos anos e com a evolução do basquetebol, tem evidenciado como fator predominante, no que tange a formação dos atletas, os aspectos de ordem motora. E ainda de 149 acordo com os autores, cabe ao treinador procurar sempre as devidas melhorias nos métodos de ensino das habilidades (técnica e tática) da modalidade, buscando aperfeiçoar meios e métodos que possam ser aplicados também a outras modalidades esportivas cujas habilidades básicas sejam similares. Wilmore e Oliveira (2005) trazem alguns aspectos básicos do exercício, em que destacam o treinador como figura central da condução de um processo de treino organizado e estruturado. Neste sentido, ainda de acordo com os autores, para obter-se uma intervenção eficaz, a elaboração e estruturação dos exercícios (tarefas) necessitam estabelecer alguns elementos de forma marcante, dentre os quais: o objetivo, o conteúdo, a estrutura e o nível de desempenho, conforme você verá mais detalhadamente a seguir: Objetivo: Está associado ao diagnóstico que se faz do nível de performance dos atletas, tendo como mecanismo de análise/avaliação, os resultados obtidos em exercícios anteriores ou avaliação de diagnóstico/inicial. Na prática, é importante entender a multifuncionalidade do exercício, em que exercícios semelhantes podem ter objetivos diferentes,sendo da responsabilidade do treinador a hierarquização dos mesmos. Conteúdo: Tratam dos fatores de rendimento (técnicos, tácticos, físicos e psicológicos) desenvolvidos, quer pelos jogadores ou pela equipe, em situações de jogo ou exercícios. Neste caso, é importante considerar ainda, os fatores de jogo, suas ações, as quais são essenciais para que tanto os objetivos quanto os conteúdos sejam desenvolvidos de maneira satisfatória com a proposta. Estrutura do exercício: Importante ressaltar a relação que existe entre a atividade proposta e desenvolvida pelos jogadores associada aos aspectos fundamentais dentro do contexto em que se estabelece o jogo, por meio de situações dinâmicas e reais de jogo, a destacar: o ataque – a defesa – o contra- ataque. Nível de desempenho: Diz respeito ao resultado obtido pelos alunos/atletas após a operacionalização das atividades propostas. Estas informações confrontadas com os objetivos previamente definidos, resultam num conjunto de conclusões acerca do sucesso/insucesso da atividade e permite o reforço ou reorganização dos aspectos básicos do exercício. Castelo (1996) citado por Wilmore e Oliveira (2005) levanta ainda dois aspectos a serem considerados na estruturação de exercícios e tarefas do jogo, a incluir o basquetebol, conforme apresentado a seguir: 150 Racionalização: a procura da redução do número de exercícios de treino e, o aumento do número de repetições do mesmo, tendo como objetivo principal implicitamente melhoria do rendimento dos praticantes, e consequentemente da equipe. Modelação: processo através do qual se procura correlacionar o exercício de treino com as exigências específicas da competição, com base nos índices mensuráveis dos componentes de rendimento. Ainda de acordo com o autor, as componentes estruturais do exercício devem ser consideradas no plano fisiológico e no plano técnico – táctico, conforme mostrado na Figura a seguir. Figura 5: Componentes estruturais do exercício Fonte: Castelo (1996) citado por Wilmore e Oliveira (2005, p.3) A de considerar-se ainda a classificação dos exercícios, cujo fator de treino é um dos aspectos mais predominante no conteúdo do exercício, conforme descreve Wilmore e Oliveira (2006), e os seguintes exercícios merecem maior atenção: técnicos, táticos e físicos. E complementando, o grau de identidade do exercício merece destaque, haja vista as diferentes possibilidades que surgem para o desenvolvimento do exercício, a saber: os exercícios de competição, os especiais, e os gerais. 151 8.5 ABORDAGENS PEDAGÓGICAS DO ENSINO DO BASQUETEBOL A prática do basquetebol na escola deve ir além dos aspectos metodológicos e técnicos: possibilitar a integração dos envolvidos, centrada numa proposta pedagógica embasada por uma filosofia que vise à educação e à formação integral dos praticantes. O planejamento do conhecimento a ser trabalhado é base para o desenvolvimento do esporte na escola, devendo ser coerente com o seu projeto pedagógico, de forma a aproximar a Educação Física das demais disciplinas, tornando os conteúdos significativos e formadores. Gallati et al. (2012) descrevem que a maior parte das pesquisas relacionadas aos jogos esportivos coletivos destaca a abordagem da pedagogia do esporte para o seu ensino nas escolas de esportes, visto que contribui para a educação das crianças e adolescentes, proporcionando reflexões a respeito de aspectos como cooperação, convivência, participação, inclusão, solidariedade, autonomia, entre outros, conforme descreve ainda Paes e Oliveira (2005). Bento (2006) afirma que o professor deve levar para a situação de ensino uma formação objetivada em competências sociais, culturais, pedagógicas e metodológicas, para, dessa forma, construir uma prática embasada e responsabilizada pela teoria, circundada por princípios e valores teóricos, espirituais, éticos e morais. A capacidade de impulsionar as ações humanas em busca de um mundo melhor há de estar atenta às orientações curriculares voltadas à educação básica, conforme descreve Freire (1996), e a ação pedagógica é o elemento central capaz de nortear as necessárias opções metodológicas na organização e desenvolvimento dos conteúdos de ensino, dentre os quais, podemos destacar o dos esportes coletivos, mais precisamente, do basquetebol. Freire (1996, p.26) complementa: Nas condições de verdadeira aprendizagem, os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador igualmente sujeito do processo. Neste sentido, o ensino pautado pelo constructo qualitativo no âmbito pedagógico nos remete à concepção do professor atuando de forma ativa, buscando construir o conhecimento que aproxime o aluno da realidade, compreendendo o que foi apresentado em aula, e transportando esse aprendizado (troca constante de saberes entre professor-aluno) em sua atuação na sociedade. 152 Isso permite ao aluno a possibilidade de atribuição de um novo sentido, gerando novas e interessantes possibilidades de aprendizado a partir de diferentes contextos que lhe são apresentados. Um dos aspectos criticados por Freire é a chamada “educação bancária” e aqui o autor se depara com situações as quais o professor não está, de fato, comprometido com o valor da aprendizagem. É importante, atrelar o conhecimento do conteúdo a algo que seja assimilado de maneira significativa e transformadora, pelo aluno. O próprio ensino dos jogos e esportes coletivos permitirá ao professor despertar em seus alunos, uma maior consciência crítica e um maior discernimento acerca das questões sociais, a partir das mais diversas situações que são vivenciadas nessas práticas. Galatti et al. (2012) descrevem o ensino dos esportes coletivos, sendo realizados a partir de metodologias de ensino que visam alcançar determinados objetivos como, por exemplo, melhora da técnica em determinada modalidade esportiva, criando situações particulares de jogo com crescente complexidade para que posteriormente seja obtido o êxito quando se estiver em situação real de jogo. Neste sentido, complementando o que foi apresentado na seção 2.1 existem métodos de ensino tradicionais (Parcial, Global e Misto) e métodos de ensino contemporâneos (Iniciação Esportiva Universal, Jogos Desportivos Coletivos, Método Situacional e Teaching Games For Understanding). Não há dentre as diferentes possibilidades de ensinar o basquetebol, um método que se sobreponha a outra em termos de eficiência do ensino- aprendizagem, sendo responsabilidade do professor conduzir o trabalho/planejar-se de acordo com as características que vão desde o(s) objetivo(s) da aula, até as características da turma, que podem influenciar diretamente essa tomada de decisão. Reverdito, Scaglia e Paes (2009) entendem a pedagogia do esporte, enquanto área de intervenção, responsável por investigar as práticas esportivas corporais, bem como os sujeitos condicionantes de sua existencialidade. Esses autores trazem como contribuição de um estudo feito acerca de algumas das principais palavras-chave da resultante conceitual das principais abordagens em pedagogia do esporte, as quais mostram como o esporte pode ser desenvolvido a partir de diferentes perspectivas, conforme você verá a seguir (Quadro 2). 153 Quadro 2: Imagem que representa as principais palavras-chaves da resultante conceitual das principais abordagens em pedagogia do esporte Autores e Obras Caracterização Estratégia-Metodologia Fundamentação Paes (2001); Balbino (2001) Pedagogia; Formação crítica e consciente; Inclusão; Cooperação; etc. Complexidade do jogo; Jogar; Jogo possível; Ambiente fascinante. Pensamento sistêmico; Construtivismo; Teoria das Inteligências múltiplas; Capacidades potenciais; Totalidade. Scaglia (1999, 2003); Freire (2003) Princípios pedagógicos; Sujeito; Motivações intrínsecas; Humanitude; Ensinar; Autonomia e Criticidade; Cultura Corporal; Diversidade Jogo; Compreensão do jogo; Capacidade tática (cognitiva) Especificidade técnica (motora específica); Jogos e Brincadeiras populares; Cultura infantil; Jogo-trabalho. Abordagens interacionista; Pensamento sistêmico- complexo; Teoria do jogo; Produções culturais. Garganta (1995); Graça (1995) Jogo; Formativo; Cooperação; Inteligência; Cultura esportiva; Natureza aberta das habilidades; Equipe; Conhecimentos em pedagogia. Garganta (1995): Jogos condicionados; Unidades funcionais; Compreensão do jogo; Especificidade técnica; Princípios comuns do jogo; Formas jogadas acessíveis. ___________ Graça (1995): Habilidades básicas; Capacidade de jogo; Atividades simplificadas e modificadas; Formas de jogos; Transferibilidade; Caráter multidimensional. Teoria dos Jogos desportivos coletivos; Abordagem fenômeno-estrutural; Prática transferível; Sistêmica; Compreensão; Totalidade complexa; 154 Kroger e Roth (2002) Ação pedagógica; Cultura do jogar; Escola da bola; Universal a todos os esportes. Jogos coletivos; Jogos situacionais; Aprendizagem incidental; Capacidade de jogo; Capacidades coordenativas; Determinantes da motricidade; Habilidades; Construção de movimentos. Ciências biológicas e pedagógicas; Teorias de controle e aprendizagem motora; Psicologia geral e cognitiva; Aprendizagem formal e incidental. Greco e Benda (1998); Greco (1998) Iniciação esportiva universal; Aprendizagem incidental; Capacidades coordenativas. Capacidades coordenativas; Aprendizagem motora; Treinamento da técnica; Capacidade de jogo; Treinamento tático; Jogos funcionais e situacional; Determinantes da motricidade. Ciências biológicas e pedagógicas; Teorias de controle e aprendizagem motora; Psicologia geral e cognitiva; Aprendizagem formal e incidental Fonte: Reverdito, Scaglia E Paes (2009, p. 606). Mais especificamente, Paes e Oliveira (2005), destacam o treinamento do basquetebol que pode ser dividido em duas fases distintas: fase de iniciação ao jogo e fase de treinamento especializado. A proposta sugerida por esses autores estabelecem o desenvolvimento das capacidades físicas, aprendizagem tático- cognitivas e habilidades do jogo, as quais podem ser subdivididas em três fases, conforme descrevem os autores: A fase de iniciação I – marca os primeiros contatos da criança da primeira à quarta série do ensino fundamental, com idades entre 7 e 10 anos. Nesta fase o aprendizado dos fundamentos e o desenvolvimento das capacidades podem se dar de maneira recreativa, por meio de jogos com alterações nas regras, e nos objetivos, adaptando-os à realidade de cada cenário e as necessidades dos alunos, observando a disponibilidade de recursos materiais e humanos. Nesta fase, o indivíduo começa a combinar e a aplicar habilidades motoras fundamentais ao desempenho das habilidades motoras especializadas no esporte e em ambientes recreacionais. O objetivo neste estágio, deve ser o de ajudar as crianças a aumentar o controle motor e a competência motora em inúmeras 155 atividades, conforme descreve Paes e Oliveira (2005). Em adição, Paes (2009) ressalta que os jogos reduzidos, pré-desportivos, e as brincadeiras podem ser utilizados como facilitadores do ensino, pois possibilitam adequar as atividades à vivência motora dos alunos ou praticantes e podem ser realizados na escola, no clube ou em qualquer lugar, em função da sua ação recreativa. A fase de iniciação II – o processo de desenvolvimento, deve ocorrer aproximadamente aos 11 e 12 anos de idade; os pré-adolescentes deverão estar cursando a quinta e a sexta séries do ensino fundamental, corresponde ao aprendizado inicial dos sistemas técnico e tático do jogo associados aos conteúdos da fase anterior do aprendizado. E é nesta fase que as experiências tendem a tornar o indivíduo capaz de tomar inúmeras decisões de aprendizado e de participação baseadas em muitos fatores da tarefa, individuais e ambientais. A fase de iniciação III – tem como alvo os alunos da sétima e oitava séries do ensino fundamental, com idade aproximada de 13 a 14 anos. Esta é uma fase marcada pela melhor assimilação dos conteúdos das etapas anteriores, em que a automatização e o refinamento se sobressaem, no que tange a aprendizagem de um gesto motor (esportivo). Os fundamentos individuais são constituídos coletivamente, realizados no tempo e espaço e deverão ser adequados as ótimas capacidades do jogo moderno (PAES e OLIVEIRA, 2005). E por fim, é importante ressaltar a contribuição de Balbino e Paes (2005), que definem quatro princípios filosóficos a serem seguidos no ensino de basquetebol, visando objetivar a integração e a aquisição de valores na criança, neste caso, de estudantes na faixa etária até 13 anos. Participação – o foco é o jogar para aprender; Cooperação – o objetivo é o jogo “com” substituindo o jogar “contra”; Coeducação – um modelo em que aluno e professor jogam e aprendem juntos, uns com os outros; Convivência – ligado ao princípio do respeito às diferenças. 156 Enfim, os jogos esportivos coletivos são compostos por muitas modalidades, que evoluem e mudam suas regras e regulamentos todos os anos. Eles possuem características comuns e específicas que, ao serem trabalhadas de forma adequada, auxiliam no desenvolvimento motor, cognitivo e social do indivíduo. 157 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Reconhecidamente um fenômeno sociocultural, o esporte possui elementos que o tornam importante em diferentes contextos, e contribui para a formação da sociedade. Os esportes coletivos, praticados em forma de jogo, requerem a participação de duas ou mais pessoas contra uma equipe adversária, podendo ser também chamado de esporte em grupo ou em equipe e necessita da utilização de um determinado objeto como por exemplo, a bola, como ocorre com o basquetebol. Tendo em vista a importância do basquetebol na formação do indivíduo desde a base ou iniciação, analise as alternativas a seguir e assinale a que represente aspectos ou habilidades físico-mentais, que são desenvolvidas por meio da prática desta modalidade. a) Coordenação, força, agilidade e descontração. b) Fadiga, stress, coordenação e flexibilidade. c) Interesse, técnica, reflexão e ritmo. d) Consciência corporal, aptidão social, agilidade e equilíbrio. e) Coordenação, flexibilidade, agilidade e equilíbrio. 2. Os Jogos Esportivos Coletivos (JEC) são uma excelente ferramenta para desenvolver-se aspectos multifatoriais de seus praticantes, além de serem utilizadas como importantes mecanismos a serem inseridos em programas de treinamento, que vão da base até as categorias adultas/profissionais. Neste sentido, analise as alternativas a seguir e assinale V (verdadeiro) e/ou F (falso) no que tange aspectos ligados ao JEC. ( ) prioriza o ensino e forma ampla, sem atrelar-se somente ao aprendizado das habilidades específicas da modalidade/jogo. ( ) por ser uma perspectiva considerada mista, é importante entender que o ensino tem sua potencialidade nos aspectos motores e lúdicos. ( ) o participante aprende o jogo como um todo, e trabalha de forma dinâmica para buscar a conexão entre as partes que formam o todo. joser Realce 158 ( ) a progressão é vista como fundamental nesta concepção, e as informações apresentadas em cada parte do processo se interligam em algum momento. A ordem correta de cima para baixo é: a) V-F-V-F. b) V-F-V-V. c) F-F-V-F. d) V-F-V-F. e) F-F-V-V. 3. O basquetebol é uma prática importante e que desperta muito interesse em crianças e adolescentes de diferentes faixas etárias. Tendo em vista a importância desta modalidade inserida como conteúdo curricular das aulas de Educação Física, assinale qual seria o principal foco/objetivo de uma aula de basquetebol em um ambiente escolar? a) Deveria ter como foco a utilização de estratégias e jogos lúdicos,oportunizando o aprendizado do jogo de uma forma global. b) Deveria ter como foco somente o ensino técnico dos fundamentos do jogo, focando na iniciação e no preparo de novos atletas. c) Deveria ter como foco somente o ensino das regras oficiais do jogo, os sistemas táticos e a técnica o aluno aprenderia fora da escola. d) Deveria ter como foco o ensino das regras oficiais do jogo e os sistemas táticos da modalidade, uma vez que são aspectos de formação. e) Deveria ter como foco, exclusivamente, a iniciação esportiva ao voleibol, ensinando as técnicas e táticas da modalidade com o objetivo de formar equipes competitivas. 4. Existem diferentes metodologias de ensino dos esportes, com características e objetivos específicos. Analise as afirmativas na sequência e assinale a alternativa que melhor define o método analítico-sintético de treinamento esportivo. a) É a metodologia que tem como foco o ensino das técnicas esportivas por meio joser Realce joser Realce 159 de jogos e brincadeiras lúdicas. b) É a metodologia que tem como base o ensino a partir do jogo, da prática do esporte propriamente dita (global). c) É a metodologia que tem como foco o ensino das técnicas esportivas da modalidade, sendo ensinadas separadamente, uma a uma. d) É o método que prioriza o trabalho físico do treinamento esportivo, buscando agregá-lo ao ensino das táticas. e) É o método que prioriza o trabalho tático do treinamento esportivo, assim como das regras e dos fundamentos de jogo. 5. (FUNDEP -2020). Método de ensino é a ação do professor ao dirigir e estimular o processo de ensino em função da aprendizagem dos alunos, quando utiliza intencionalmente um conjunto de ações e condições externas procedimentais, visando o melhor entendimento do discente. Com relação às metodologias de ensino dos esportes coletivos na iniciação esportiva escolar, assinale com V as afirmativas verdadeiras e com F as falsas. ( ) O método analítico-sintético é caracterizado pelas diversas experiências de jogo, para uma melhor aprendizagem da técnica. ( ) O método global está centralizado no desenvolvimento das habilidades técnicas, por meio da análise de jogadas e técnicas já existentes, trabalhando de forma gradual para se obter o nível mais elevado da técnica em si. ( ) O método misto é a junção dos métodos analítico sintético e global funcional. Esse método possibilita a prática de exercícios isolados, bem como a iniciação ao jogo por meio das formas jogadas dos esportes coletivos. ( ) O método misto permite que o professor utilize dentro da mesma aula exercícios e jogos, independentemente da ordem ou da quantidade de atividades estabelecidas, mais jogos ou mais exercícios. Assinale a sequência correta. a) V-F-F-V. b) F-F-V-V. c) V-V-F-F. joser Realce 160 d) F-V-V-F. e) V-F-F-V. 6. Existem diferentes metodologias que podem ser aplicadas ao basquetebol e que estão diretamente ligadas ao público-alvo e aos objetivos que se tem com a modalidade. As metodologias e estratégias de ensino são muito importantes, pois proporcionam que os objetivos possam ser atingidos e as propostas iniciais que se tem com a modalidade alcancem êxito. Neste sentido, leia atentamente as afirmativas a seguir e assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. I. O professor, nas suas aulas de Educação Física na escola, deve procurar trabalhar de forma que possa formar novos atletas, estimulando assim o aspecto competitivo da modalidade. II. Tanto no ambiente escolar como no esporte para o rendimento, o professor pode diversificar as estratégias de ensino, utilizando as diferentes metodologias. III. O método global-funcional tem como referência o trabalho dos fundamentos técnicos da modalidade de forma individualizada, proporcionando assim um melhor aprimoramento da técnica e especialização do atleta/aluno. IV.Os objetivos que se tem com o jogo e a prática dos fundamentos técnicos do voleibol no ambiente escolar e competitivo são os mesmos, diferindo-se somente que no esporte de rendimento a exigência da eficiência técnica é maior. Assinale a alternativa correta. a) Apenas I é verdadeira. b) Apenas II e III são verdadeiras. c) I, II, III e IV são verdadeiras. d) Apenas I, II e III verdadeiras. e) Apenas II é verdadeira. 7. Um dos aspectos que devem ser considerados no processo de seleção dos exercícios e tarefas esportivas são os aspectos do desenvolvimento humano, em que não apenas o motor deve ser considerado, mas o cognitivo e o afetivo-social, joser Realce joser Realce 161 atuando de forma integrada na construção de uma estrutura sólida e que seja desenvolvida ao longo dos anos. Neste sentido, podem ser considerados elementos que tratam da estrutura do exercício, o(a): a) Fatores de rendimento do exercício, tático, fisiológico e psicológico, os quais visam adequar-se ao contexto do jogo, tendo em cada jogador, características essenciais para a equipe. b) Relação existente entre a atividade proposta e desenvolvida pelos jogadores associada aos aspectos fundamentais dentro do contexto em que se estabelece o jogo. c) Aspectos relacionados à dinâmica do jogo, às situações reais de jogo e suas diferentes vertentes, atreladas ao desenvolvimento de aspectos que transformam a equipe em vencedora. d) Informações confrontadas com os objetivos previamente definidos, as quais resultam num conjunto de conclusões acerca da atividade, como um feedback constante do jogo em si. e) Fatores de jogo, e suas ações, as quais são essenciais para que tanto os objetivos quanto os conteúdos sejam desenvolvidos paralelamente, e se conectem na formação do atleta. 8. De acordo com Paes e Oliveira (2005), o treinamento do basquetebol pode ser dividido em duas fases distintas: fase de iniciação ao jogo e fase de treinamento especializado. Ambas são fundamentais para a formação do jogador, e devem ser respeitadas durante o processo de formação. Essa proposta está diretamente atrelada ao desenvolvimento das capacidades físicas, aprendizagem tático- cognitivas e habilidades do jogo, as quais podem ser subdivididas em três fases. Analise as alternativas a seguir e assinale a que represente aspectos ligados às fases de iniciação do basquetebol: a) Na fase de iniciação III, o processo de desenvolvimento, deve ocorrer aproximadamente aos 11 e 12 anos de idade, período em que a execução desses princípios deixa de ter um caráter individual, transformando-se em ações coletivas, nas quais o movimento realizado por um jogador/ aluno traz benefícios joser Realce 162 aos companheiros de equipe. b) Na fase de iniciação II, que marca os primeiros contatos da criança da primeira à quarta série do ensino fundamental, com idades entre 7 e 10 anos, é caracterizado como o período em que os jogos reduzidos, pré-desportivos, e as brincadeiras podem ser utilizados como facilitadores do ensino, pois possibilitam adequar as atividades à vivência motora dos alunos ou praticantes e podem ser realizados na escola. c) Na fase de iniciação I, o aprendizado dos fundamentos e o desenvolvimento das capacidades podem se dar de maneira recreativa, por meio de jogos com alterações nas regras, e nos objetivos, adaptando-os à realidade de cada cenário e as necessidades dos alunos, observando a disponibilidade de recursos materiais e humanos. d) Na fase de iniciação I, o indivíduo começa a combinar e a aplicar habilidades motoras fundamentais ao desempenho das habilidades motoras especializadas no esporte e em ambientes recreacionais. O objetivo neste estágio, deve ser o de ajudar as crianças a aumentar o controle motor e a competência motora em inúmeras atividades. e) Na fase de iniciação II, os fundamentos individuais são constituídos coletivamente, realizados no tempo e espaço e deverão ser adequados as ótimas capacidades do jogo moderno, em que os participantes se revezam em funções as mais diversas quanto possíveis em quadra. joser Realce 163 FUNDAMENTOS BÁSICOS E SISTEMASOFENSIVOS E DEFENSIVOS DO BASQUETEBOL Nesta Unidade, abordaremos os fundamentos técnicos básicos do basquetebol, levando-se em consideração que o seu processo de aprendizagem e desenvolvimento se baseia no aprendizado específico de algumas competências, mínimas e específicas, para o desempenho da modalidade. As concepções táticas são essenciais para que uma equipe consiga obter o êxito em uma partida. Para saber qual concepção adotar, mais do que dispor de jogadores habilidosos, é necessário identificar e considerar diversos outros fatores. Além disso, o treinamento e o entrosamento da equipe nas formas assumidas em seus sistemas defensivos e ofensivos também se mostram relevantes. De certa maneira, para que sejam efetivadas, as ações táticas de uma equipe de basquetebol, o que pode ser visto tanto em ações ofensivas quanto defensivas, é necessário bastante tempo de treinamento e entrosamento entre os jogadores. No entanto, por mais que as equipes estejam treinadas, alguns elementos podem ditar o modo como as equipes se postam e agem em quadra, o que demanda dos treinadores a leitura de jogo e a tomada de decisão correta frente às inúmeras situações possíveis encontradas na modalidade. 9.1 FUNDAMENTOS TÉCNICOS DO BASQUETEBOL Modalidade constituída por duas equipes, com 5 jogadores em cada uma, cujo objetivo principal é arremessar a bola dentro da cesta da equipe oponente e não permitir que os adversários detenham a posse e o controle de bola ou marquem pontos. De acordo com Gonçalves e Romão (2019), a bola pode ser arremessada, passada “tapeada”, rolada ou driblada em qualquer direção, desde que as regras sejam respeitadas. E em relação à pontuação, vence a equipe que marcar mais pontos ao final do quarto período do jogo, ou ao final do tempo extra, se houver (CBB, 2020) Ainda que uma equipe tenha um jogador de extrema habilidade técnica e de exímia condição física, são as características coletivas que determinarão o Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 164 rendimento do time. Assim, as técnicas individuais, como o arremesso, os giros e o drible, por exemplo, ainda que sejam fundamentais em um jogo de basquete, devem estar acompanhadas de um bom desenvolvimento técnico coletivo. Nesse sentido, as técnicas podem ser entendidas como os movimentos cujos resultados são obtidos a partir de ações mais econômicas e efetivas (FILIN, 1996 citado por GONÇALVES, 2019). Como técnicas coletivas, portanto, Gonçalves e Romão (2019) entende que são aqueles movimentos que visam o resultado e que necessitam da participação de dois jogadores. Como o basquetebol constitui-se de um desporto coletivo, que reúne uma série de habilidades técnicas chamadas de fundamentos ou gestos técnicos, e que constituem a base para a prática do jogo, deve-se obedecer aos princípios, às diretrizes pedagógicas e às regras de aprendizagem que sejam consequência de uma teorização da problemática por parte de quem ensina, sob a influência de parâmetros que condicionam a eficiência do movimento humano (FERREIRA e DE ROSE JR., 2010). Oliveira (2012) destaca a importância do refinamento da técnica, mecanismo esse primordial à execução de uma boa performance e a habilidade específica de cada jogador, em cada posição/função na quadra, no momento de uma partida. Neste sentido, Ferreira e De Rose Jr. (2010) destacam os fundamentos básicos do basquete, dentre os quais: Controle de corpo; Manejo de bola; Recepção; Drible; Passe; Rebote; Arremesso; Posição básica de defesa; Deslocamentos. O controle de corpo representa o domínio da execução de gestos específicos no basquete, sendo representado por corridas para frente, para trás e em sentido lateral; corridas com mudanças de direção. Consideram ainda, as ações que requerem técnicas específicas nas suas execuções, como fintas (tentativa de enganar o defensor), giros (movimento feito com as pernas, para ficar livre do 165 defensor), paradas bruscas (interrompe o deslocamento do atacante, dificultando a defesa); bem como, as saídas rápidas e saltos com impulso de uma ou ambas as pernas. Dominar o corpo, portanto, é de suma importância para a realização dos gestos do basquetebol, e caracteriza-se pela capacidade de realizar movimentos, específicos, exigidos pela dinâmica do jogo, sempre na intencionalidade de maximizar as ações defensivas e/ou ofensivas do praticante (FERREIRA e DE ROSE JR., 2010). O manejo da bola está relacionado com todos os fundamentos que exigem o seu manuseio, e também está associado ao contato com a bola nas diversas possibilidades de movimentos dentre as quais: rolar, tocar, quicar, segurar, lançar, enfim permitir o manuseio nos diversos planos do corpo, conforme descreve Oliveira (2012) conforme mostra a Figura a seguir. Figura 6: A técnica do manejo de bola Fonte: Disponível em: https://shutr.bz/3nh9CHS. Acesso em: 20 mar. 2021. E ainda de acordo com o autor, em relação ao modo de segurar a bola, algumas técnicas devem ser aplicadas para que o manejo da bola seja executado de forma correta, a destacar: A utilização de ambas as mãos na parte lateral e posterior; A posição dos dedos, que devem estar entreabertos; O toque da parte “calosa” dos dedos; Os cotovelos próximo ao corpo. A recepção pode ser entendida como o primeiro controle que um jogador tem sobre a bola em qualquer condição, como, por exemplo, após um rebote, um 166 arremesso, um passe ou na tentativa de salvá-la após um lance acidental em que ela tome uma direção qualquer (RÍO, 2003 citado por GONÇALVES e ROMÃO, 2019). Gonçalves e Romão (2019) descreve que a recepção pode ser classificada em dois grupos principais: a recepção do tipo estática e a recepção em movimento. A recepção estática, portanto, ocorre quando o jogador está com os dois pés fixos no solo, sem movimentá-los, o que acaba sendo a mais comum, pelo nível de dificuldade mais baixo (coordenação) e é sobretudo muito aplicada na iniciação desse esporte, nas categorias de base Já a recepção dinâmica ocorre durante o deslocamento do atleta, seja por meio da corrida ou durante um salto, por exemplo. Maroneze (2013) menciona que as recepções podem ocorrer também, utilizando-se apenas uma ou ambas as mãos. A recepção com apenas uma das mãos permite ao jogador deslocar a bola rapidamente para baixo, em direção ao solo, possibilitando que os dribles sejam feitos. Por outro lado, a recepção com as duas mãos coloca o jogador em uma posição vantajosa para realizar um arremesso rapidamente ou para passar a bola com mais força e ter maior controle sobre a bola. O drible é um fundamento com a bola e é a forma pela qual o aluno se desloca pela quadra com a sua posse, sem infringir as regras do jogo. O drible é o ato de bater bola, impulsionando-a contra o solo com uma das mãos, e tem como objetivos, os seguintes: livrar-se do adversário, melhorar a posição para o passe, infiltrar na defesa adversária, etc. Em relação à técnica de execução deste fundamento, pode ser descrita da seguinte maneira: a mão do drible é apoiada sobre a bola; com os dedos apontando para a frente; tronco ligeiramente inclinado à frente; pernas em afastamento ântero-posterior, sendo que à frente se coloca a perna oposta à mão do drible (drible com a mão direita – perna esquerda à frente) (OLIVEIRA, 2012). De acordo com Oliveira (2012) os dribles são classificados em dois tipos: Alto ou de velocidade: utilizado para se deslocar em velocidade ou quando não sofre marcação. A bola é impulsionada à frente do corpo e lateralmente. Baixo ou de proteção: utilizado quando o jogador recebe uma marcação e há a necessidade de proteção. Maior flexão das pernas e a bola deve ser protegida com o corpo. O passe é uma ação coordenada entre dois jogadores de mesma equipe e ocorre quando um deles transfere o controle da bola para o outro (RÍO, 2003 apud GONÇALVES e ROMÃO, 2019). Esses autores destacam que existem diferentes tipos 167 de passes,e cada um deles apresenta suas próprias características, o que permite classifica-los quanto ao tipo. Entre os passes com o uso de uma mão, destacam-se: o passe picado, à altura do ombro, por baixo e tipo gancho. Com o uso de duas mãos, existem as variações de passes à altura do tórax, picado, acima da cabeça e por baixo (FERREIRA e DE ROSE JR., 2010). O rebote é o ato de recuperação da posse de bola, após o arremesso não convertido. Durante o jogo de basquete, quando a bola é arremessada em direção ao aro, os jogadores devem posicionar-se próximo à cesta para recuperar a bola caso ela não atinja o objetivo. Com isso, o ato de recuperar a bola após um arremesso em que a bola não entrou na cesta e não saiu de quadra é chamado de rebote. Como você pode imaginar, a bola pode ser recuperada por um jogador da equipe que efetuou o arremesso ou pela equipe que tentava defender a sua cesta. Assim, os rebotes podem ser considerados de ataque ou de defesa (DE ROSE JR., e TRICOLI, 2017). O arremesso é um fundamento de ataque com a bola, com objetivo de fazer a cesta. Depende da posição do aluno/jogador na quadra, oponente mais próximo e da sua velocidade no deslocamento. Os arremessos mais utilizados são: a bandeja (arremesso próximo à cesta, com ou sem posse de bola), o arremesso com uma das mãos (arremesso é finalizado com forte impulsão da bola com o punho, de cima para baixo e para o lado), jump (difere do arremesso com uma das mãos, porque, ao final, a impulsão da bola acontece com as duas mãos, no ponto mais alto do salto) e o gancho (arremesso com a mão direita acima e atrás da cabeça) (FERREIRA e DE ROSE JR., 2010). Dentre os arremessos mais utilizados no basquete, destacam-se os seguintes: Bandeja: é um tipo de arremesso executado quando o atacante se encontra em deslocamento e nas proximidades da cesta adversária. A bandeja se caracteriza pela execução de dois tempos rítmicos e impulsão numa só perna. Com posse de bola (driblando). Pelo lado direito: ao se aproximar da cesta, numa região que varia conforme a amplitude de sua passada, o atacante segura a bola com o pé direito à frente (primeiro tempo rítmico) e executa um passo à frente com a perna esquerda (segundo tempo rítmico) preparando-se para a impulsão. 168 Sem posse da bola: quando o atacante se aproxima da cesta sem a posse de bola, deverá recebê-la com a perna direita à frente (primeiro tempo rítmico), no caso da bandeja pelo lado direito. A partir daí o movimento segue a mesma descrição acima. Arremesso com uma das mãos: outra forma de concluir o ataque é por meio do arremesso com uma das mãos. Esse tipo de arremesso é realizado quando o atacante estiver em deslocamento a qualquer distância da cesta. Arremesso do tipo “jump”: o termo “jump”, de origem inglesa, significa saltar, pular. Esse tipo de arremesso é o mais utilizado e um dos mais eficientes no basquetebol moderno. Sua principal característica é que o momento do arremesso coincide com o momento mais alto do salto. O “jump” pode ser realizado tanto partindo de uma posição estática quanto em deslocamento. A posição básica de defesa é aquela na qual o aluno/jogador estará preparado para deslocamentos rápidos em várias direções, dificultando o drible, o passe ou arremesso, como também posicionado para o rebote. Essa posição muda de acordo, por exemplo, com posição defensiva em função do atacante driblando ou em posição de arremesso (OLIVEIRA, 2012). Os autores descrevem que a posição básica de defesa deve permitir ao jogador estar preparado para várias funções, tais como: deslocar-se rapidamente em várias direções (lateralmente, para frente e para trás); dificultar o drible, o passe ou arremesso; interceptar um passe, bloquear um arremesso; e posicionar-se para o rebote. Os deslocamentos são os movimentos que o defensor faz com postura e a velocidade necessária para que o atacante adversário não realize o que planejou. Um deslocamento eficaz requer muita atenção e comprometimento tático individual e da equipe integrados. Quando falamos dos deslocamentos da posição básica de defesa, estes podem ser realizados em sentido lateral, para frente e para trás, conforme mencionado anteriormente. 169 9.2 SISTEMAS BÁSICOS DE DEFESA E DE ATAQUE NO BASQUETEBOL De acordo com Gonçalves e Romão (2019) as situações táticas de jogo envolvem em sua grande maioria dois ou mais jogadores de uma mesma equipe. Portanto, o entrosamento entre os jogadores é fundamental para que, durante o jogo, sejam elaboradas estratégias para se chegar à vitória. Essas combinações entre jogadores podem ser feitas a partir dos treinos de uma equipe, nos quais as combinações táticas ganham forma. As combinações táticas são estratégias definidas a priori para que uma equipe ataque e defenda com eficiência. Formações e Concepções defensivas As formações de defesa são ações coletivas que buscam impedir que a equipe adversária realize cestas e, consequentemente, some pontos. Para elaborar um bom sistema defensivo, é preciso levar em consideração as especificidades técnicas e físicas de cada jogador. Além disso, a disciplina coletiva e o entrosamento devem estar apurados, uma vez que cada atleta desempenha papel fundamental na organização de todo o time – ou seja, a displicência de um único jogador pode comprometer o objetivo coletivo da equipe. De modo geral, as formações defensivas se classificam em individual, zona, pressão, mistas ou combinadas, as quais serão discutidas a seguir. Defesa individual Nesse formato defensivo, ocorre a predominância de atuação de um defensor sobre um atacante específico. Ou seja, os embates técnicos e físicos ocorrem no sistema um contra um, havendo uma predeterminação sobre qual atacante cada um dos defensores deverá conter. Os princípios para os defensores seguem regras básicas, ou seja, deverão ficar entre o atacante e a cesta, mantendo-se a uma distância próxima, obrigando-o a conduzir a bola para o lado da quadra em que tem menor habilidade, de modo a forçar suas ações limitadas (MARONEZE, 2013). Defesa por zona De acordo com Gonçalves e Romão (2019) na defesa por zona, os defensores não se preocupam com apenas um jogador adversário, especificamente, mas, sim, com um determinado local da quadra que devem proteger. Ou seja, a quadra de defesa é dividida em cinco quadrantes, nos quais cada um dos jogadores de defesa é responsável por conter os jogadores atacantes que nela adentrarem. Nesse formato, várias disposições são possíveis, tais como definir quantos 170 jogadores estarão mais próximos da cesta, quantos estarão no interior da área demarcada, etc. Entre as mais comuns, encontram-se a 2-1-2, a 3-2 e a 1-3-1 (FERREIRA e DE ROSE JR., 2010). Para definir a melhor disposição de jogadores na defesa, é preciso levar em consideração suas características. De acordo com Gonçalves e ROMÃO (2019) geralmente, os jogadores mais próximos da cesta são os mais altos, impedindo os arremessos dos pivôs adversários e recuperando rebotes defensivos. Mais distante da cesta, encontram-se aqueles mais rápidos e ágeis, com a função de impedir os arremessos de longa distância, os dribles e as fintas dos adversários, além de estarem preparados para iniciar um contra-ataque. Defesa pressão As principais características da defesa pressão são a presença de dois defensores marcando um atacante adversário e a agressividade na marcação, conforme descreve Gonçalves e Romão (2019). Esse tipo de defesa é comumente utilizado quando se deve buscar reverter uma diferença significativa de pontos ou na tentativa de realizar a mudança de ritmo de jogo adversário. Os jogadores devem ter um excelente preparo físico, uma vez que devem manter-se em constante deslocamento para realizar a marcação dupla. Defesa mista A defesa mista reúne elementos da defesa individual e por zona. Ou seja, enquanto um defensor marca um jogador individualmente, os outros defensores tentam guarnecer locais específicos daquadra, sem que estejam necessariamente preocupados com algum jogador em específico. Nesse formato de defesa, são comuns três tipos de variação: a defesa do tipo box and one, a defesa do tipo diamante e a defesa do tipo triângulo (FERREIRA e DE ROSE JR., 2010). Na defesa box and one, um defensor realiza a marcação de forma individual à frente da linha demarcada e os outros quatro posicionam-se em duas linhas de dois defensores à frente da cesta (em configuração com forma de quadrado), marcando por zona. Na defesa do tipo diamante, também há um defensor realizando a marcação do tipo individual à frente da linha demarcada e quatro defensores por zona. No entanto, a disposição dos defensores à frente da cesta se modifica, formando três linhas com um, dois e um defensor (em configuração com forma de losango). Por sua vez, a formação triângulo consiste em dois jogadores realizando as marcações de forma individual e três defensores, próximos a cesta, realizando marcações por zona 171 (em configuração com forma de triângulo). Defesa combinada A defesa combinada também se utiliza de dois ou mais modelos de defesa. Esse tipo de formação defensiva necessita de um grande entrosamento da equipe e uma disciplina tática excepcional dos jogadores. Na formação combinada, as ações defensivas variam durante a jogada de ataque adversária (MARONEZE, 2013). Gonçalves e Romão (2019) cita como exemplo prático deste tipo de defesa quando uma equipe está marcando por zona; após um passe ou um movimento de um dos atacantes adversários, a equipe rapidamente transforma sua formação para a defesa individual. Contra-ataques Os contra-ataques são as situações nas quais uma equipe, após uma situação de defesa, recupera a bola e progride em direção à cesta adversária. Para caracterizar o contra-ataque, é fundamental que haja maior número de atacantes do que de defensores - por exemplo, uma situação em que existam três atacantes e dois defensores (3x2) (MARONEZE, 2013). Nesses eventos, os jogadores devem buscar efetuar passes e dribles de forma rápida, para manter a superioridade numérica até chegar o momento de arremesso (GONÇALVES e ROMÃO, 2019). Transição defesa-ataque Conhecida como subfase ofensiva, ou seja, um momento de adequação e transição do time na sua mudança de postura, a transição defesa-ataque parte de uma situação em que deveria defender a sua cesta em direção ao ataque à cesta adversária. 172 Essa fase é chamada de transição defesa-ataque, o momento em que inicia a partir de diversas situações: após a recuperação da bola; após roubá-la de um adversário; após a recuperação da bola em um rebote defensivo; após a equipe adversária perder a posse de bola, com um passe ou arremesso malsucedido; ou a partir da reposição da bola na linha de final, após uma cesta sofrida (GONÇALVES e ROMÃO, 2019; OLIVEIRA, 2012). As transições entre a defesa e o ataque de uma equipe seguem padrões básicos. Elas devem ser realizadas o mais rápido possível, evitando a organização da defesa adversária, devem ser desenvolvidas de forma organizada, evitando erros de passes e movimentação entre os jogadores de mesma equipe, e devem ser feitas de forma segura, de modo que sejam dificultados os roubos de bola pela equipe adversária e não colocando o time em transição em uma situação defensiva desfavorável. De acordo com Gonçalves e Romão (2019) seguindo esses três aspectos importantes para o êxito da transição entre a defesa e o ataque, podemos destacar, ainda, alguns elementos importantes a serem observados para alcançar a eficiência dessa ação: A marcação que a equipe adversária vinha desempenhando antes de realizar um ataque; Os trajetos percorridos pelos atletas; A finalização do contra-ataque. Concepções táticas ofensivas No basquete, a tática surge como uma forma de facilitar que os objetivos do jogo sejam alcançados por meio da utilização da soma das capacidades e habilidades individuais e coletivas dos jogadores (OLIVEIRA, 2019). Existem inúmeros formatos táticos, que devem ser adaptados de acordo com a potencialidade de cada equipe. Deve-se levar em consideração na elaboração de um sistema de ataque, alguns princípios básicos, os quais, devem reger a movimentação e as articulações entre os jogadores da equipe (FERREIRA e DE ROSE JÚNIOR, 2010), conforme mostra o quadro a seguir: 173 Quadro 3: Princípios básicos necessários na elaboração de um sistema tático Princípios Básicos Descrição Organização Para definir o tipo de ataque a ser adotado, é fundamental conhecer o tipo de defesa que o time enfrentará. A seguir, define- se a quantidade de pivôs que será necessária para superar a defesa adversária. Definidos os pivôs, as outras posições (alas e armadores) também são identificadas. A partir da definição de um formato básico a ser adotado pela equipe, é necessário identificar as qualidades dos jogadores a fim de colocá-los em posições que privilegiem o uso de suas potencialidades. Movimentação ordenada Após definir a organização da equipe, é necessário estabelecer as funções e os deslocamentos de cada atacante em quadra. O objetivo da etapa de definição de uma movimentação ordenada é identificar as melhores condições para que os atacantes estejam aptos a realizar as cestas. Rebote de ataque Seguindo o planejamento ofensivo, é necessário que os jogadores que disputarão os rebotes de ataque, após o arremesso de um dos atacantes, também estejam definidos. Equilíbrio defensivo Junto ao rebote de ataque, também é necessário identificar quais atacantes estarão preparados e incumbidos da tarefa de voltar para a defesa, prevenindo os contra-ataques adversários. Como o jogo de basquete é muito dinâmico, muitas vezes, a equipe que estava defendendo rapidamente passa a atacar, seja por meio da recuperação de um rebote ou pela rápida colocação da bola em jogo após uma cesta convertida. Continuidade Nem sempre as movimentações ofensivas resultam em cestas. Assim, é necessário que a equipe continue suas movimentações durante todo o jogo, permitindo ações táticas ofensivas planejadas e ordenadas e aumentando as chances de obtenção de resultados. Fonte: Adaptado de Ferreira e Rose Jr. (2010) Além desses aspectos mais coletivos, a organização ofensiva também depende bastante do perfil físico e técnico da equipe. De acordo com Gonçalves e Romão (2019) é possível perceber que existem muitas formas de disposição dos atacantes em quadra. Do mesmo modo, as movimentações também são múltiplas, uma vez que variam com as características de cada jogador, da equipe e do sistema defensivo adversário. Dentre essas inúmeras possibilidades, você verá as principais características de cada uma delas a seguir. Sistema de acordo com o número de pivôs De acordo com Gonçalves e Romão (2019) em relação ao ataque, os formatos ofensivos variam de acordo com o número de pivôs, de maneira que uma equipe pode atuar com apenas um, dois, ou três pivôs ou em um formato de rotatividade, em que cada um dos atacantes pode assumir a posição de pivô. 174 Destaca-se também, que os formatos ofensivos assumem as suas formas de acordo com a disposição inicial dos atacantes, sendo mais comuns as formações 2-2-1, 1-2- 2 e 2-3. Sistemas de ataque contra defesa Além das disposições dos jogadores em quadra, as formações ofensivas variam de acordo com a defesa da equipe adversária, sendo classificadas em ataques contra individual, contra zona, contrapressão e contra mista ou combinada, podendo assumir, também, um formato que privilegie os contra-ataques (GONÇALVES e ROMÃO, 2019). Nos ataques contra um formato de defesa individual, geralmente, utilizam-se esquemas com um ou dois pivôs. As marcações individualizadas sugerem que a movimentação se realize predominantemente com movimentos de corta-luz e de servir-e-ir (RÍO, 2003 citado por GONÇALVES, 2019). O treinador deve organizar as posições do time previamente, assim como estabelecer a movimentação dos atacantes. Ao enfrentaremos sistemas de defesas por zona, os atacantes, ao obterem a posse de bola, devem procurar avançar rapidamente ao campo de ataque, a fim de realizar o arremesso antes que os defensores se posicionem em suas respectivas zonas. Muitas vezes, os sistemas defensivos conseguem ter êxito em fechar os caminhos à cesta (FERREIRA e DE ROSE JR., 2010). Em situações nas quais seja necessária a superação de uma marcação sob pressão, os atacantes devem procurar ficar pouco tempo com a posse da bola. O passe rápido minimiza as chances de ficar sob marcação dupla. Nas situações em que enfrentam defesas de formações mistas ou combinadas, os atacantes devem procurar identificar quais são os formatos adotados por cada jogador em cada momento da partida (MARONEZE, 2013). A leitura do jogo por parte do coletivo é fundamental para que se evitem os fatores surpresa e se minimizem as chances de perder a posse da bola. Enfim, a dedicação às técnicas tanto defensivas quanto ofensivas por parte do atleta, deve constar sempre nos treinamentos deste esporte, e ser desenvolvida ao longo do processo, desde a iniciação. O atleta também deve estar preparado no que tange aos aspectos táticos, físicos e psicológicos do jogo, para poder tomar a melhor decisão acerca dos aspectos táticos, durante uma partida. Os aspectos táticos estão intimamente inseridos no processo de ensino- 175 aprendizagem da modalidade, e cabe a cada professor/técnico encontrar a metodologia mais assertiva que garante ao praticante o desenvolvimento das habilidades táticas do jogo, além da técnica. 176 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O basquete é constituído por duas equipes, com 5 jogadores em cada uma. De acordo com Melhem (2004) o objetivo do jogo é arremessar a bola dentro da cesta da equipe oponente e não permitir que os adversários detenham a posse e o controle de bola ou marquem pontos. Analise as afirmações a seguir e assinale a que melhor represente os fundamentos técnicos desta modalidade. a) Drible, passe, condução e cabeceio. b) Arremesso, rebote, manejo de bola e drible. c) Rebote, condução, drible e cortada. d) 3x3, arremesso, manejo de bola, salto. e) 2x1x1, ataque, defesa e arremesso. 2. Os fundamentos técnicos podem ser resumidos no “como fazer”, e dependem de uma série de atributos pessoais, como as capacidades físicas e as habilidades motoras gerais e específicas que o praticante tem desenvolvidas, além de aspectos cognitivos, fundamentais, para o entendimento do desporto. Portanto, a técnica no Basquetebol é o elemento que viabiliza toda a concepção do jogo, pois ela apoia à tática; é a execução dos movimentos através dos fundamentos do jogo. Neste sentido, analise a imagem a seguir e assinale a alternativa que apresente os fundamentos técnicos envolvidos na ação desta jogada do basquetebol. joser Realce 177 a) Recepção – manejo de bola – passe. b) Manejo de bola – posição de ataque – deslocamento. c) Controle de corpo – drible – deslocamentos. d) Recepção – drible – bloqueio. e) Passe – controle de corpo – condução de bola. 3. A recepção pode ser entendida como o primeiro controle que um jogador tem sobre a bola em qualquer condição, como, por exemplo, após um rebote, um arremesso, um passe ou na tentativa de salvá-la após um lance acidental em que ela tome uma direção qualquer (RÍO, 2003 citado por GONÇALVES, 2019). Trata- se de um fundamento técnico importante para a condução e/ou progressão de uma jogada. Analise as afirmações a seguir e assinale a que represente as características deste fundamento técnico. a) Quando em movimento, demanda do jogador uma ótima noção espaço- temporal de seu deslocamento e da bola que receberá do companheiro de equipe. b) Pode ser classificada em dois grupos principais: a recepção do tipo semiestatiza e a recepção flutuante. Ambas podem ser usadas ao mesmo tempo durante uma partida, dependendo do lance ou jogada a ser executada. c) Quando efetuada com apenas uma das mãos permite ao jogador deslocar a bola em uma posição vantajosa para realizar um arremesso rapidamente, e com duas mãos, possibilita que os dribles sejam feitos de forma rápida, devido ao controle. d) Quanto à execução, a mão deve estar apoiada sobre a bola, com os dedos apontando para a frente; tronco ligeiramente inclinado à frente, e pernas em afastamento ântero-posterior. e) No caso da recepção flutuante, o jogador deve se deslocar em velocidade ou quando não sofre marcação, sendo que a bola é impulsionada à frente do corpo e lateralmente, numa espécie de movimento ‘pendular’. 4. (IMA- 2015- Adaptada). São fundamentos do basquetebol: I. Fintas: são os movimentos que os jogadores fazem com a bola, cujo objetivo é o joser Realce joser Realce 178 de enganar o adversário. II. Jump: é um tipo de arremesso feito a partir de um salto. Isso ocorre para dificultar que o marcador impeça o lance. III. Rebotes: quando se erra um arremesso, há a oportunidade de reaver a bola para sua equipe: isso é chamado de rebote. IV.Bandeja: esse arremesso é executado correndo em direção à cesta. A quantidade de assertivas corretas é: a) 0 b) 1 c) 2 d) 3 e) 4 ( ) (IFB - 2017). No basquetebol, a tática coletiva é expressa pelos sistemas de ataque e defesa que são elaborados a partir de diversos aspectos, dentre eles os sistemas utilizados pelas equipes, as peculiaridades de uma determinada equipe, as situações momentâneas do jogo, dentre outras (ROSE JÙNIOR, 2006). Em relação a estes aspectos, é INCORRETO afirmar que: a) Um dos sistemas de ataque é o ataque posicionado que ocorre quando a defesa está toda estabelecida na sua quadra defensiva e exige ações individuais e criativas dos atacantes em detrimento de uma maior organização tática do ataque. b) O sistema de defesa por zona caracteriza-se pela marcação de setores da quadra, dependendo da movimentação da bola, sendo que as coberturas dos espaços criados pela movimentação do ataque e movimentação dos defensores devem ser uma constante. c) O sistema de defesa individual caracteriza-se pela marcação de cada atacante por um defensor, procurando equiparar as características físicas e técnicas desses jogadores. d) O contra-ataque é uma ação ofensiva executada em velocidade que procura aproveitar situações de superioridade numérica do ataque em relação à defesa, joser Realce joser Realce 179 para tentar um arremesso rápido e próximo à cesta. e) Nas ações de um contra um, o defensor deve tentar provocar o erro do atacante, através de suas habilidades defensivas, dificultando a recepção da bola, e, caso o atacante já estiver com a bola, tentar conduzi-lo para regiões da quadra onde sua ação seja dificultada, como os cantos e laterais. 6. O arremesso é um fundamento de ataque com a bola, com objetivo de fazer a cesta. Essa ação é dependente da posição do aluno/jogador na quadra, do oponente mais próximo e da sua velocidade no deslocamento. Os arremessos mais utilizados são: a bandeja, o arremesso com uma das mãos, jump e o gancho. Em relação ao arremesso com uma das mãos, I. É realizado quando o atacante estiver em deslocamento a qualquer distância da cesta. II. Possui características similares ao arremesso do tipo “jump”. III. Devido a sua complexidade, não deve ser estimulado o seu ensino na fase de iniciação esportiva. IV.Tipo de arremesso empregado nos “lances livres”. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I, II e IV, apenas. e) I, III e IV, apenas. 7. De acordo com De Rose Jr., e Tricoli (2010) os conteúdos técnico-táticos podem ser divididos entre: técnicas ou fundamentos de defesa (posição defensiva; deslocamentos na posição defensiva; rebote de defesa), técnicos ou fundamentos de ataque (drible; passes; arremessos; rebote de ataque), controle do corpo, táticas individuais de ataque e defesa (condutas possíveis dentro da estrutura funcional 1x1), táticas grupais de ataque (servir e ir; bloqueio direto; joser Realce 180 bloqueioindireto) táticas grupais de defesa (ajudas; trocas de marcação; saídas do bloqueio), táticas coletivos de ataque e defesa (sistemas de ataque e defesa). A partir do excerto acima, e considerando seus conhecimentos sobre o tema, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. No basquete, o conhecimento dos fundamentos técnicos e táticos devem ser aprimorados desde a fase de iniciação na modalidade, passando pelos fundamentos executados em ações individuais, ou em grupo/coletivo, em situações de ataque ou defesa. PORQUE II. Ambas, técnica e tática, formam a base de qualquer modalidade esportiva, e devem, portanto, serem desenvolvidas e aprimoradas simultaneamente, já que estão presentes em diversas situações do jogo, especialmente na elaboração de jogadas, sejam elas de ataque ou defesa, e quanto mais eficaz a sua execução maiores serão as chances de êxito da equipe. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 8. No basquete, um dos aspectos a ser considerado é a tática, que surge como uma forma de facilitar que os objetivos do jogo sejam alcançados por meio da utilização da soma das capacidades e habilidades individuais e coletivas dos jogadores, conforme descreve Oliveira (2019). Dentre os princípios básicos necessários na elaboração de um sistema tático temos: a) A organização; cuja principal função é identificar as melhores condições para que os atacantes estejam aptos a realizar as cestas. joser Realce 181 b) A movimentação ordenada; necessária nos lances de arremesso e rebote, em que os jogadores permanecem atentos à “sobra de bola”. c) O equilíbrio defensivo; que está atrelada à capacidade de organização da equipe, em que os atacantes contribuem com a marcação, e recomposição em quadra. d) O sistema de jogo, necessário para que a equipe continue suas movimentações durante todo o jogo, permitindo ações táticas ofensivas planejadas e ordenadas. e) A continuidade; que se refere às marcações implementadas pela equipe, e os sucessivos contra-ataques organizados de forma coordenada entre os jogadores. joser Realce 182 REGULAMENTAÇÃO BÁSICA DO BASQUETEBOL: NOÇÕES DAS REGRAS BÁSICAS E ARBITRAGEM DO JOGO DE BASQUETEBOL As regras em todos os esportes são estabelecidas com o intuito de buscar uma disputa mais justa entre as equipes, bem como um ambiente de boa esportividade. No basquete, assim como em qualquer oura modalidade esportiva, é de vital importância que todos os jogadores que queiram participar, obtenham os recursos que precisam para aprender e aderir às regras. 10.1 NOÇÕES DAS REGRAS BÁSICAS E ARBITRAGEM DO JOGO DE BASQUETEBOL As regras que serão apresentadas a seguir são as aplicadas nas principais ligas do mundo, e apesar de sua importância, que legitima o esporte/modalidade, enquanto prática formal, entende-se as diferentes possibilidades de adaptação que podem surgir, sobretudo na iniciação esportiva, em que os jogos pré-desportivos e/ou adaptados ganham um destaque considerável, é necessária uma flexibilização das regras oficiais, mantendo-se, entretanto, o seu ensino, mesmo que de forma menos rígida, quando vemos na formação de atletas. Portanto, os objetivos e finalidades da prática orientarão o caráter de rigidez/formalidade aplicados ao jogo, que de um forma ou outra terá sempre a base apoiada em algum tipo de regra que permita a prática dessa modalidade de forma mais justa, ética e apoiada em princípios morais que devem reger os esportes. Objetivo de jogo, quadra e tempo No basquete, o objetivo principal é fazer cestas, e isto ocorre quando a bola atravessa o interior de um aro localizado em uma tabela a uma altura de 3,05 m do solo, convertendo, assim, pontos para a equipe que alcançou tal feito. De fato, vence a partida, a equipe que conseguir marcar o maior número de pontos possível, evitando que a equipe adversária faça o mesmo. Cada equipe é composta por cinco jogadores titulares e até sete reservas. Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 183 Em relação à área de jogo, no basquete, a quadra oficial de basquete possui várias demarcações que delimitam os espaços a serem ocupados pelos jogadores. O garrafão ou área restritiva (retângulo em laranja) é uma zona em que os atacantes não podem permanecer por mais de 3 segundos. A extremidade do garrafão oposta à cesta marca o local onde os jogadores realizam o lance livre. A linha que circunda o lance livre é utilizada para restringir o acesso de jogadores ao seu interior durante a realização de um lance livre por algum jogador. O semicírculo maior (linha de três pontos) reflete o valor dos pontos durante os arremessos. Em seu interior, os arremessos convertidos valem 2 pontos. Em seu exterior, os arremessos convertidos valem 3 pontos. O círculo central limita o acesso aos jogadores que não fazem parte da disputa de bola ao ar, ao início do jogo. A Figura 7 mostra algumas dessas características da quadra de basquete. Figura 7: Dimensões oficiais da quadra de jogo Fonte: Regras Oficiais CBB (2018, p. 7) De modo geral, os arremessos nos lances livres valem 1 ponto e, dentro da área limitada pela linha de 3 pontos, os arremessos convertidos valem 2 pontos. No seu exterior, como o nome sugere, valem 3 pontos. Ainda que o campo de jogo oficial seja em um retângulo de 28 m x 15 m, algumas competições não oficiais podem apresentar quadras que variam o seu comprimento entre 22 m e 28 m e a largura 184 entre 13 m a 15 m (CBB, 2018). O início do jogo assume formas diversas, seja a partir de cara e coroa, disputas de par ou ímpar ou com a equipe que acertar o primeiro lance livre. O tempo de jogo oficial estabelecido pela FIBA é de 40 minutos, divididos em 4 tempos de 10 minutos. Em caso de empate, as equipes jogam duas prorrogações de 5 minutos até que uma das equipes vença. Em competições não oficiais, como as escolares, é comum que o jogo dure menos, muitas vezes em 2 períodos de 10 minutos, possibilitando que uma maior quantidade de times e jogadores possam experimentar o esporte e as competições não se tornem demasiadamente longas (GONÇALVES e ROMÃO, 2019). Início e Desenvolvimento do jogo De acordo com CBB (2018) o jogo de basquete é iniciado com a bola sendo lançada ao ar pelo árbitro, no centro da quadra, entre dois jogadores, um de cada equipe. Os atletas que disputarão o lance devem tentar tapear a bola quando ela estiver em trajetória descendente. O restante dos jogadores deve permanecer fora do círculo central da quadra. Após o lance inicial, o jogador com a posse da bola pode efetuar o drible, passar ou arremessar a bola. Os jogadores podem movimentar-se pela quadra livremente sem a bola. Com a bola em suas mãos, podem permanecer na posição em que estão ou efetuando até dois passos por até 5 segundos, tendo que passá-la, arremessá-la ou driblar o adversário. Efetuando o drible, o atleta pode mover-se com a bola sem que haja um limite definido de passos. De acordo com CBB (2018) o jogo é desenvolvido entre as quatro linhas das 185 extremidades da quadra. É importante destacar que essas linhas não fazem parte do campo de jogo. Ou seja, se a bola toca as linhas laterais ou finais, ela é considerada fora de jogo. O mesmo ocorre quando a bola toca o solo além dessas linhas. Do mesmo modo, o jogador de posse da bola não pode pisar nas linhas das extremidades ou além delas. Enquanto a bola estiver no ar, ainda que tenha ultrapassado a distância demarcada pelas linhas laterais ou finais, a bola é considerada em jogo. Caso dois jogadores agarrem a bola simultaneamente (bola presa), não havendoa possibilidade de definir a sua posse, a bola é lançada ao ar pelo árbitro no círculo mais próximo de onde a bola presa ocorreu. Além disso, os jogadores podem ser substituídos em qualquer momento do jogo; no entanto, apenas quando o jogo estiver interrompido (bola morta), conforme descreve Gonçalves e Romão (2019). Faltas De acordo com CBB (2018) citado por Gonçalves e Romão (2019) o basquete é um jogo bastante dinâmico e com diversas corridas e saltos que resultam no contato direto dos jogadores. Assim, quando um jogador encosta de forma não proposital em um adversário, o lance geralmente é interpretado como uma jogada normal. No entanto, é vedado agarrar, empurrar ou impedir os movimentos de um jogador adversário utilizando-se de braços ou pernas. Quando uma falta ocorre sobre um jogador que não está realizando o ato de arremesso, o jogo é paralisado e recomeça na linha mais próxima do local onde a falta ocorreu, seja na linha lateral ou linha final (exceto diretamente atrás da tabela). Quando a falta ocorre sobre um jogador que está efetuando um arremesso, são concedidos lances livres de acordo com as seguintes situações: Se a cesta for convertida, a sua pontuação será válida e o jogador que sofreu a falta tem direito a um lance livre, podendo somar mais um ponto para a sua equipe. Se a cesta não foi convertida, o jogador que sofreu a falta tem direito a efetuar dois ou três lances livres, conforme o local em que a falta foi realizada (dentro ou fora do semicírculo da linha de 3 pontos). Cada lance livre vale 1 ponto, de modo que o jogador pode somar até 3 pontos ao final dos arremessos. Gonçalves e Romão (2019) em sua obra, descreve a regulamentação do basquetebol divididos em duas modalidades: o basquete 3x3; e o basquete formal (regido pelas regras da FIBA – Federação Internacional de Basketball. 186 As regras do basquete 3x3 Mesmo pouco difundido como esporte oficial, o basquete 3x3 tem mais de 50.000 jogadores registrados pela FIBA (Federação Internacional de Basquete), e em torno de 250 milhões de adeptos por quadras ao redor do mundo, fato que a transformou em uma das mais novas modalidades olímpicas, incluídas no quadro de modalidades, para as Olimpíadas de Tóquio (2020), que ocorreram no ano de 2021, devido à pandemia da COVID-19. A modalidade, muito popular pela acessibilidade (já que em seu formado amador pode ser jogada em praticamente qualquer quadra com uma cesta), começou a se tornar profissional no final da década de 80. Como o nome sugere, no 3x3 cada equipe é composta por três jogadores em quadra, mais um substituto. O jogo é disputado em uma área menor (15 m x 11 m) que funciona como metade da quadra padrão, com uma só cesta, mantendo as marcações originais. As regras, no entanto, mudam: o que em um jogo normal é uma bola que vale três pontos, no 3x3 são pontuados dois. Ganha a equipe que marcar 21 pontos primeiro ou a que estiver com maior número de cestas feitas ao final de 10 minutos. As faltas, o drible e as possibilidades de se deslocar são praticamente as mesmas do basquete formal (FIBA, 2016). Cada uma possui 12 segundos para executar suas jogadas e marcar sua pontuação, que pode variar entre lances de dois pontos (atrás da linha demarcada), e um ponto (dentro da linha ou lances livres, semelhantes ao do basquete convencional). Em caso de empate, a disputa vai para uma prorrogação, onde a primeira equipe a marcar dois pontos é a vencedora. Por se tratar de apenas uma tabela, as equipes, após recuperarem a bola no interior da linha demarcatória, devem fazer com que ela chegue até o seu exterior antes de fazer uma nova investida de ataque em direção à cesta (NAE, 2014 citado por GONÇALVES e ROMÃO, 2019). Os pontos também mudam: aqueles realizados dentro da linha demarcatória valem apenas um ponto e as cestas realizadas em seu exterior valem dois pontos. No Brasil, a ANB 3x3 (Associação Nacional de Basquete 3×3) é a maior organizadora de torneios oficiais da modalidade. Três campeonatos oficiais da organização classificam para as etapas do FIBA 3x3 World Tour, o Mundial do esporte. O primeiro evento teste de 3x3 organizado pela FIBA aconteceu em 2007, durante os Asian Indoor Games (Jogos Asiáticos em Local Coberto, na tradução livre), em 187 Macau, na China. Vale ressaltar que a FIBA permite que atletas profissionais do basquete convencional participem dos torneios de 3x3, ainda que nenhuma grande estrela tenha participado até o momento. As regras são feitas para tornar o jogo mais rápido e empolgante. A atmosfera com muita música e cultura urbana ajuda a atrair o público jovem. O 3x3 é a oportunidade para novos jogadores, organizadores e países levarem o basquete das ruas para o “Palco Mundo” (CBB, 2020). Você verá a seguir, as principais regras que regem os principais campeonatos nacionais e internacionais do basquete formal, praticado por 5 jogadores em cada equipe (em quadra) e que possui um grande número de adeptos ao redor do mundo, com destaque ao basquetebol norte-americano, considerado o mais “poderoso” do mundo, tendo a liga cuja representatividade expande fronteiras, a National Basketball Association (em inglês) mais conhecida como NBA. Por outro lado, é importante ressaltar que as ligas possuem algumas particularidades em suas regras, consideradas oficiais, e que diferem, como por exemplo: o tempo de jogo para partidas oficiais no Brasil, homologadas pelo NBB – Novo Basquete Brasil, é de 4 tempos (quartos) de 10 minutos cada, enquanto na NBA, este tempo sobe para 12 minutos em cada quarto, mantendo-se o total de 04. As regras do jogo formal De acordo com Gonçalves e Romão (2019) as regras promulgadas por essas instituições devem ser adotadas por todos os jogos e equipes que participam de seus torneios. A começar, o jogo só tem seu início com a presença de alguns equipamentos obrigatórios: tabelas e respectivos suportes; bolas de basquete; cronômetro de jogo; 188 placar; relógio de 24 segundos; cronômetro ou dispositivo adequado (visível), e que não seja o cronômetro de jogo, para cronometrar os tempos debitados; 2 sinais sonoros independentes, altos e claramente distintos, um para o operador do relógio de 24 segundos e outro para o cronometrista; súmula de jogo; marcadores de faltas de jogadores; marcadores de faltas de equipe; seta de posse alternada; piso de jogo; quadra de jogo; iluminação adequada. Esses itens são fundamentais para que o jogo se desenvolva em alto nível, e para que todas as marcações de infrações sejam devidamente sinalizadas pelos árbitros, cronometristas e anotadores (GONÇALVES e ROMÃO, 2019). Você verá a seguir um resumo das principais regras oficiais do basquete, regulamentadas pela CBB (versão 2018) e adaptadas por Gonçalves e Romão (2019), incluindo as sinalizações executadas pelos árbitros e seus respectivos significados e a súmula (modelo) utilizada em partidas oficiais da modalidade. Equipes Os membros da equipe só são autorizados a entrar em quadra quando seus nomes estão devidamente relacionados na súmula do jogo. As equipes podem ser compostas por até 12 jogadores, um técnico, um assistente técnico e até sete acompanhantes da equipe (gerente, médico, fisioterapeuta, estatístico, intérprete, etc.). Os uniformes dos jogadores devem ser iguais, variando apenas a sua numeração, que pode ser representada pelos números 0 e 00 e entre 1 e 99. Regulamentos de jogo O tempo regulamentar de jogo é de 40 minutos, divididos em quatro tempos. Entre o primeiro e o segundo tempo e entre o terceiro e quarto tempo, o intervalo é de dois minutos. No meio tempo da partida, o intervalo é de 15 minutos. O início do jogo começa quando o árbitro lança a bola ao alto e ela atinge o ponto máximo de altura, podendo ser disputada pelos jogadores. Os inícios dos outros tempos ocorrem a partir da reposição lateral. 189 Violações As violações são as infrações às regras de jogo sem que hajao contato corporal irregular entre adversários. A equipe que pratica uma violação sofre uma penalidade em que a bola será concedida aos adversários para uma reposição nas linhas extremas da quadra, no local mais próximo à infração, exceto diretamente atrás da tabela. O Quadro 2 mostra as violações que caracterizam o basquete formal. Quadro 4: Violações do basquete formal Situação Descrição Jogador fora da quadra e bola fora da quadra Um jogador está fora da quadra quando qualquer parte do seu corpo está em contato com o piso, ou qualquer outro objeto que não seja um jogador em cima, sobre ou fora da linha limítrofe. A bola está fora da quadra quando ela toca: um jogador ou qualquer outra pessoa que está fora da quadra; o piso ou qualquer outro objeto em cima, sobre ou fora da linha limítrofe; ou o suporte da tabela, a parte posterior da tabela ou qualquer objeto acima da quadra de jogo. Drible Um jogador não deverá driblar pela segunda vez, após seu primeiro drible ter terminado, a menos que, entre os 2 dribles, ele tenha perdido o controle da bola na quadra de jogo devido a um arremesso para uma cesta de campo; ou um toque na bola por um adversário; ou um passe ou “fumble” (perder o controle da bola) que tenha tocado ou sido tocado por outro jogador. 3 segundos Um jogador não deverá permanecer na área restritiva dos adversários por mais de 3 s consecutivos enquanto sua equipe está com o controle de uma bola viva na quadra de ataque e o cronômetro de jogo está ligado. Jogador marcado de perto (5 segundos) Um jogador marcado de perto (menos de 1 m de distância de um adversário) deve passar, arremessar ou driblar a bola dentro de 5 s. 8 segundos Quando um jogador ganha o controle da bola na quadra de defesa ou, em uma reposição, a bola toca ou é legalmente tocada por qualquer 190 jogador na quadra de defesa e a equipe do jogador que está fazendo a reposição permanece com o controle da bola na sua quadra de defesa, esta equipe deve fazer a bola ir para a sua quadra de ataque (metade da quadra onde se encontra a cesta adversária) dentro de 8 s. 24 segundos Quando um jogador obtém o controle da bola na quadra de jogo ou, durante uma reposição, a bola toca ou é legalmente tocada por qualquer jogador na quadra de jogo e a equipe deste jogador que está fazendo a reposição permanece com o controle da bola, esta equipe deve tentar um arremesso para uma cesta de campo dentro de 24 s. Bola retornada para a quadra de defesa Quando a bola ultrapassa a linha demarcatória da metade da quadra em direção ao ataque, ela não pode ser retornada para a quadra de defesa. Tendência de cesta e interferência Uma violação é cometida quando um jogador toca a cesta ou a tabela enquanto a bola está em contato com o aro; após um lance livre que será seguido por lance(s) livre(s) adicional(is), um jogador toca a bola, a cesta ou a tabela enquanto houver a possibilidade de aquela bola entrar na cesta; quando um jogador alcança a bola através da cesta, por baixo, e toca a bola; quando um jogador defensor toca a bola ou a cesta enquanto a bola está dentro da cesta, impedindo, assim, que a bola passe através da cesta; quando um jogador faz com que a cesta vibre ou agarra a cesta de maneira que, no julgamento de um oficial, a bola seja impedida de entrar na cesta ou faça com que a bola entre na cesta; ou quando um jogador agarra a cesta para jogar a bola. Fonte: Gonçalves e Romão (2019, p. 14 e 15) Adaptado de CBB (2017). Faltas De acordo com Gonçalves (2019) as faltas são infrações às regras que estão relacionadas ao contato pessoal ilegal com algum adversário ou a um comportamento antidesportivo. As faltas podem ser classificadas em: pessoal, dupla, técnica, antidesportiva, desqualificante ou briga. As faltas podem ser punidas com perda da posse de bola ou com um ou mais lances livres. O Quadro 3, apresenta cada uma dessas situações. 191 Quadro 5: Faltas do basquete formal Situação Descrição Penalidade Falta pessoal Um jogador não deve segurar, bloquear, empurrar, fazer carga, calçar ou impedir o progresso de um adversário, estendendo sua mão, braço, cotovelo, ombro, quadril, perna, joelho ou pé, nem inclinar seu corpo em uma posição “anormal” (fora de seu cilindro) ou provocar qualquer jogada dura ou violenta. O princípio do cilindro é definido pelo espaço ocupado pelo jogador em um cilindro imaginário, que é delimitado à frente, pelas palmas das mãos, por trás, pelas nádegas, e aos lados, pela parte externa de braços e pernas. Se a falta for cometida em um jogador que não está no ato de arremesso, o jogo será reiniciado com uma reposição pela equipe não infratora no local mais próximo da infração. Se uma falta for cometida em um jogador que está no ato de arremesso, a esse jogador deverá ser concedido um número de lances livres como segue: Se o arremesso lançado da área de cesta de campo for convertido, a cesta deverá contar e, em acréscimo, será concedido mais 1 lance livre. Se o arremesso lançado da área de campo não for convertido, será concedida a quantidade de lances livres correspondente à pontuação possível de ser executada pelo jogador que sofre a falta (2 ou 3 lances livres). Falta dupla Uma falta dupla é uma situação em que dois adversários cometem faltas pessoais, um contra o outro, aproximadamente ao mesmo tempo. Nessas ocasiões, os lances livres não são aplicados e a bola deve ser recolocada em jogo para a equipe que tinha a posse de bola ou a bola deve ser lançada ao alto, quando nenhuma das equipes detinha sua posse. Uma falta técnica é uma falta de jogador que não envolve contato e tem natureza comportamental, incluindo, mas não limitada a: desprezar advertências dadas pelos oficiais; tocar Se uma falta técnica for cometida: Por um jogador, uma falta técnica será marcada contra ele como uma falta de jogador e deverá contar 192 Falta técnica desrespeitosamente os oficiais, o comissário, os oficiais de mesa ou os membros de equipe; comunicar-se desrespeitosamente com os oficiais, o comissário, os oficiais de mesa ou os adversários; usar linguagem ou gestos que possam ofender ou incitar os espectadores; molestar e provocar um adversário; obstruir a visão de um adversário acenando a(s) mão(s) próximo aos seus olhos; balançar excessivamente os cotovelos; retardar o jogo por tocar a bola deliberadamente, após ela passar através da cesta ou para impedir que uma reposição seja feita prontamente; cair para simular uma falta (fake); pendurar-se no aro de forma que o peso do jogador seja suportado pelo mesmo, a menos que um jogador agarre o aro, momentaneamente, após uma enterrada ou, no julgamento de um oficial, está tentando prevenir-se ou prevenir de causar a outro jogador uma lesão; interferência de cesta durante o último ou único lance livre por um jogador defensor. como uma das faltas de equipe. Por membros de equipe, uma falta técnica será marcada contra o técnico e não deverá contar como uma das faltas de equipe. Além disso, aos adversários, será concedido 1 lance livre, seguido por uma reposição na linha central estendida, do lado oposto à mesa de controle ou por uma bola ao alto no círculo central para iniciar o primeiro período, quando ocorre antes do início do jogo. Falta antidesportiva Uma falta antidesportiva ocorre quando não há uma tentativa legítima de jogar, diretamente, a bola dentro do espírito e intenção das regras; quando há contato excessivo causado por um jogador em um esforço para jogar a bola ou um adversário; quando há contato desnecessário causado por jogador defensor para parar a progressão da equipe atacante na transição — isso apenas se aplica até que o jogador atacante inicie seu ato de arremesso; quando há contato de um jogador defensor, por trás ou lateralmente, em um adversário Lance(s) livre(s) serão concedidos ao jogador que sofreu a falta, seguido por: Uma reposição na linha central estendida, do lado oposto da mesa de controle. Uma bola ao alto no círculo central para iniciar o primeiro período. O númerode lances livres será concedido como segue: Se a falta for cometida em um jogador que não está no ato de arremesso: 2 lances livres. 193 na tentativa de parar o contra- ataque e não há nenhum jogador defensor entre o atacante e a cesta do adversário. — isso apenas se aplica até que o jogador atacante inicie seu ato de arremesso; quando há contato de um jogador defensor em um adversário na quadra de jogo, durante os últimos 2 minutos no quarto período ou em cada período extra, quando a bola está fora da quadra, para uma reposição, e ainda está nas mãos do oficial ou à disposição do jogador que está fazendo a reposição. Se a falta for cometida em um jogador no ato de arremesso: a cesta, se convertida, contará e, em acréscimo, 1 lance livre. Se a falta for cometida em um jogador no ato de arremesso e a cesta não for convertida, 2 ou 3 lances livres. Um jogador deverá ser desqualificado pelo restante do jogo quando ele for sancionado com 2 faltas técnicas, ou 2 faltas antidesportivas, ou 1 falta antidesportiva e 1 falta técnica. Falta desqualificante Uma falta desqualificante é um comportamento antidesportivo flagrante de um jogador, substituto, técnico, assistente técnico ou acompanhante de equipe. Lance(s) livre(s) será(ão) concedido(s): A qualquer adversário, como designado pelo seu técnico, no caso de uma falta sem contato. Ao jogador que sofreu a falta, no caso de uma falta com contato. Seguido por: Uma reposição no prolongamento da linha central estendida, do lado oposto da mesa de controle. Uma bola ao alto no círculo central para iniciar o primeiro período. O número de lances livres será concedido, como segue: Se a falta for sem contato: 2 lances livres. Se a falta for cometida em um jogador que não está em ato de arremesso: 2 lances livres. Se a falta for cometida em um jogador que está no ato de arremesso: a cesta, se convertida, deverá contar e, em acréscimo, 1 lance livre. 194 Se a falta for cometida um jogador em ato de arremesso e a cesta não for convertida: 2 ou 3 lances livres. Briga Briga é uma interação física entre 2 ou mais adversários (jogadores e membros de equipe). Independentemente do número de membros de equipe (técnicos, assistentes técnicos, substitutos, jogadores excluídos ou acompanhantes de equipe) desqualificados por deixarem a área de banco, uma única falta técnica (“B”) será registrada contra o técnico. Se os membros (técnicos, assistentes técnicos, substitutos, jogadores excluídos ou acompanhantes de equipe) de ambas as equipes forem desqualificados sob este artigo e não existirem outras penalidades de faltas restantes para administrar, o jogo deverá continuar como segue: Se, aproximadamente, ao mesmo tempo que a partida foi paralisada por causa da briga: Uma cesta válida é convertida, a bola deverá ser concedida à equipe que não marcou os pontos para uma reposição em qualquer lugar da linha final. Uma equipe tinha o controle da bola ou tinha o direito a ela, a bola deverá ser concedida para esta equipe para uma reposição no prolongamento da linha 195 central estendida, do lado oposto da mesa de controle. Nenhuma das equipes tinha o controle da bola, nem tinha direito a ela, uma situação de bola ao alto ocorre. Fonte: Gonçalves e Romão (2019, p. 16 a 20) Adaptado de CBB (2017) Arbitragem no basquetebol Os sinais manuais ilustrados a seguir são os únicos sinais oficiais válidos, de acordo com a CBB (2020). De acordo com a regra 8, em seu artigo 45 (CBB, 2020) em uma partida oficial de basquetebol, os árbitros serão um árbitro principal, além de 01 ou 02 fiscais. Eles serão auxiliados pelos oficiais de mesa e por um comissário, se presente. Os oficiais de mesa serão um apontador, um assistente de apontador, um cronometrista e um operador de 24 segundos. O comissário deverá sentar entre o apontador e o cronometrista. Sua função principal durante o jogo é supervisionar o trabalho dos oficiais de mesa, e auxiliar o árbitro principal e o(s) fiscal(is) no bom andamento da partida. Os árbitros de uma determinada partida não devem ter qualquer tipo de ligação com nenhuma das equipes na quadra de jogo. Ainda de acordo com CBB (2020), os árbitros, os oficiais de mesa e o comissário deverão conduzir a partida de acordo com estas regras e não tem autoridade para mudá-las. O uniforme dos árbitros consistirá de camisetas de árbitros, calças compridas pretas, meias pretas e tênis preto de basquetebol. E por fim, os árbitros e os oficiais de mesa deverão estar uniformemente vestidos. A seguir você verá os sinais oficiais realizados pela equipe de arbitragem. 196 Figura 8: Sinais oficiais realizados pelos árbitros no basquetebol 197 198 199 200 201 202 Fonte: Regras Oficiais CBB (2020, p.62-69) As regras aqui apresentadas são aquelas consideradas básicas para compreender ou desenvolver uma partida desse esporte. Atualmente, as regras apresentadas pela FIBA são oito, mas, ainda que o número total de regras tenha diminuído (em sua primeira formatação eram 13), o formato atual se desmembra em 50 artigos, somados aos sinais de arbitragem, 203 normas de súmula, formas de protesto, entre outros elementos e situações que se desenvolvem durante o jogo. Gonçalves e Romão (2019) menciona que embora a regulamentação atual tenha se distanciado e acrescentado muitos novos elementos ao basquete, suas regras básicas são bastante simples, de modo que esse esporte pode ser implementado e desenvolvido nos mais diversos locais, em caráter pré-desportivo ou recreativo. Nesse sentido, ainda de acordo com o autor, conhecer todas as possibilidades e características é fundamental para que o profissional de Educação Física consiga promover o esporte e o bem-estar em qualquer espaço em que deseje atuar. 204 FIXANDO O CONTEÚDO 1. As regras em todos os esportes são estabelecidas para garantir uma disputa justa entre competidores e promover um ambiente de boa esportividade. No basquete, assim como em qualquer oura modalidade esportiva, é de vital importância que todos os jogadores que queiram participar, obtenham os recursos que precisam para aprender e aderir às regras. Considerando a Regra 01, que trata do jogo em si do basquete, analise as assertivas a seguir: I. O basquetebol é jogado por 2 equipes de cinco 5 jogadores cada. II. O jogo é conduzido pelos oficiais, oficiais de mesa e um comissário, se presente. III. O objetivo do basquete é fazer com que a bola atravesse o interior de um aro localizado em uma tabela a uma altura de 2,95 m do solo. IV.O jogo é conduzido pelos oficiais, oficiais de mesa e um cronometrista, se presente. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e II, apenas. d) III e IV, apenas. e) I, III e IV, apenas. 2. De acordo com Gonçalves (2019) as faltas são infrações às regras que estão relacionadas ao contato pessoal ilegal com algum adversário ou a um comportamento antidesportivo. As faltas podem ser classificadas em: pessoal, dupla, técnica, antidesportiva, desqualificante ou briga. As faltas podem ser punidas com perda da posse de bola ou com um ou mais lances livres. Avalie as afirmações a seguir e assinale verdadeiro (V) ou falso (F). ( ) Falta dupla é uma situação em que dois ou mais adversários cometem faltas pessoais, um contra o outro, aproximadamente ao mesmo tempo. 205 ( ) Se uma falta técnica for cometida por um jogador, um arremesso livre deve ser cobrado do local mais próximo a ocorrência desta falta, contando como falta somente do jogador, e não da equipe (cumulativa). ( ) Uma falta antidesportiva ocorre quando há contato excessivo causado por um jogador em um esforço para jogar a bola ou um adversário. ( ) Uma falta desqualificante é um comportamento antidesportivo flagrante de um jogador, substituto, técnico, assistente técnico ou acompanhante de equipe. ( ) Se a falta for cometida em um jogador que não está no ato de arremesso, o jogo será reiniciado com uma reposição pela equipe não infratora no local mais próximoda infração. A sequência correta, de cima para baixo, é: a) V- F- F-V- V. b) F- V- F- F- F. c) F- V- F- F- V. d) V- V- F- V- F. e) F- F- V- V- V. 3. Mesmo pouco difundido como esporte oficial, o basquete 3x3 tem mais de 50.000 jogadores registrados pela FIBA (Federação Internacional de Basquete), e em torno de 250 milhões de adeptos por quadras ao redor do mundo, fato que a transformou em uma das mais novas modalidades olímpicas. Neste sentido, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. No basquete 3x3, a quantidade de jogadores em quadra é menor, se comparada ao basquete convencional. Neste caso, limitando-se a 3 jogadores em cada equipe, atuando como titulares e 1 reserva para cada lado. PORQUE II. O jogo é disputado em uma área menor (15 m x 11 m) que funciona como metade da quadra padrão, com uma só cesta, mantendo as marcações originais, permitindo desta forma, a fluidez e dinâmica de jogo. 206 A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 4. (EDUCA - 2019). O basquete, ou basquetebol, é um jogo de origem norte- americana do século XIX. Pode ser jogado tanto em quadras abertas quanto fechadas e, embora seja um esporte praticado por homens em sua maioria, também é jogado por mulheres até mesmo em grandes torneios esportivos. Geralmente é disputado por duas equipes, cada uma com 5 jogadores. São consideradas regras do basquete: I. Cada partida tem duração de 40 minutos (na NBA são 48 minutos), sendo dividida em quatro tempos de 10 minutos (na NBA são 4 tempos de 12 minutos). Em caso de empates ao final do jogo, são permitidas prorrogações de 5 minutos. II. A partida é supervisionada por quatro árbitros. III. O jogo começa quando um dos árbitros lança a bola para cima. A bola será, então, disputada pelos jogadores que se encontram no círculo central a partir do momento em que ela atingir o ponto mais alto de sua trajetória. IV.O manejo da bola deve ser feito somente com as mãos. É proibido, entretanto, caminhar com ela em mãos por mais de dois passos. Deslocamentos maiores com a bola devem ser feitos quicando-a continuamente. V. A cesta é feita quando a bola atravessa o cesto adversário. Cada cesta de campo vale 2 pontos. Quando é feita antes da linha dos 3 pontos, vale, obviamente, 3 pontos. Por fim, um cesto de lance livre tem o valor de 1 ponto. VI.É permitido a um jogador cometer no máximo 7 faltas (na NBA são 5 faltas). A partir disso, ele será eliminado da partida em questão. Estão CORRETAS as alternativas: 207 a) I, II e III, apenas. b) I, II, V e VI, apenas. c) I, III, IV e V, apenas. d) III, IV, V e VI, apenas. e) I, II, III, IV, V e V. ( ) A Regra 02 trata da Quadra de Jogo e Equipamentos. O objetivo de cada equipe é marcar o maior número de pontos possível, evitando que a equipe adversária faça o mesmo. Uma quadra oficial de basquete segue padrões de comprimento e largura, assim como de altura das tabelas e cestas. Observe a imagem abaixo (quadra oficial) e analise as assertivas a seguir: I. A quadra de jogo terá uma superfície rígida, plana, livre de obstruções com dimensões de 25 m de comprimento por 12 m de largura, medidos desde a margem interna da linha limítrofe. II. A quadra de ataque de uma equipe consiste da cesta dos adversários, a parte interna da tabela e a parte da quadra de jogo limitada pela linha final atrás da sua própria cesta, as linhas laterais e a margem interna da linha central mais próxima da própria cesta. 208 III. A quadra de defesa de uma equipe consiste na cesta da própria equipe, na parte interna da tabela e a parte da quadra de jogo limitada pela linha final atrás da sua própria cesta, as linhas laterais e a linha central. IV.A quadra, geralmente, é composta por duas cestas suspensas, presas a tabelas que se encontram a 2,95 m do solo. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) II e III apenas. d) II e IV, apenas. e) I, III e IV, apenas. 6. (DES IFSUL – 2012- Adaptada). Sobre as regras do basquetebol são feitas as seguintes afirmativas: I. Uma partida é jogada em quatro períodos de 12 minutos. II. Apenas um substituto tem o direito de solicitar uma substituição. III. Cada equipe terá o direito de pedir até dois tempos no primeiro tempo da partida e até três pedidos de tempo no segundo tempo da partida. IV.Após um arremesso à cesta, quando a bola está acima do nível do aro e um jogador de defesa toca na bola, sempre acontecerá uma falta chamada interferência no arremesso. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e III. b) II e IV. c) I e IV. d) II e III. e) III e IV. 209 7. “(...) De acordo com CBB (2018) o jogo de basquete inicia com a bola sendo lançada ao ar pelo árbitro, no centro da quadra, entre dois jogadores de equipes opostas. Os atletas que disputarão o lance devem tentar tapear a bola quando ela estiver em trajetória descendente. O restante dos jogadores deve permanecer fora do círculo central da quadra. A partir do excerto acima, e considerando seus conhecimentos sobre o tema, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. Após o lance inicial, o jogador com a posse da bola pode realizar mais de dois passos (dois apoios) com a bola em mão, e efetuar o drible, passar ou arremessar a bola. PORQUE II. Cabe ao técnico definir sua equipe, e os sete jogadores que iniciarão a partida, definindo os titulares e reservas, respeitando sempre as regras oficiais, dentre as quais o manejo de bola. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 8. Atualmente, o basquetebol é uma das modalidades presentes nos jogos olímpicos e consideradas mais populares no mundo. Nas escolas, é um dos esportes mais praticados nas aulas de educação física e tem crescido muito principalmente nos países da América do Sul. Neste sentido, o basquetebol pode assumir diferentes formas e/ou maneiras de pratica, desde as formais quanto as não-formais. Analise as afirmações a seguir: 210 I. Em jogos de até 3 jogadores em cada equipe, é comum que o basquete seja desenvolvido em apenas metade da quadra, com as duas equipes utilizando uma mesma cesta. II. Na prática forma, os arremessos nos lances livres valem 2 pontos e, dentro da área limitada pela linha de 3 pontos, os arremessos convertidos valem 1 ponto. III. O tempo de jogo oficial estabelecido pela FINA é de 40 minutos, divididos em 4 tempos de 12 minutos. Em caso de empate, as equipes jogam duas prorrogações de 10 minutos até que uma das equipes vença. IV.Na prática não-formal, como as escolares, é comum que o jogo dure menos, muitas vezes em 2 períodos de 15 minutos, com intervalo de 5 minutos, possibilitando que uma maior quantidade de times e jogadores possam experimentar o esporte. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) IV, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) II, III e IV, apenas. 211 O BASQUETEBOL ADAPTADO 11.1 O BASQUETEBOL COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO SOCIAL O esporte é reconhecido como um fenômeno social muito presente na sociedade. Ele se manifesta de diferentes formas e pode ser aplicado com objetivos diversos, com fins educativos, de lazer ou de alta performance, por exemplo. Considerando a suaamplitude, costumeiramente é indicado como uma ferramenta de inclusão social com grande potencial para contribuir na inserção de pessoas com deficiência na sociedade. Tratar do basquetebol em sua vertente inclusiva significa entender as capacidades que essa modalidade esportiva possui de ir muito mais além que sua prática formal. E aqui, vemos alguns princípios básicos que devem ser praticados para que essa inclusão seja efetiva, em que o indivíduo seja respeitado, e sua deficiência não seja uma barreira que impeça sua prática esportiva. Gonçalves e Romão (2019) descrevem que para realmente existir a inclusão, a pessoa com deficiência deve ser motivada a participar ativamente do convívio social, como no trabalho e no esporte, por exemplo. Esses autores defendem que adaptar as diferentes formas de convívio social e a busca pela solução de problemas/necessidades tanto individuais quanto coletivas torna-se prioridade em muitos momentos. Cabe a nós, enquanto membros de uma sociedade, estarmos abertos à modificações que permitam o compartilhamento entre todas as pessoas, sem distinções, de maneira que sejam reconhecidas como membros e produtos dessa sociedade. A inclusão deve ser direcionada e compreendida pela essência da diversidade, tendo em vista o senso de pertencimento e aceitação, bem como o sentido de apoiar e ser apoiado, como elementos fundamentais para um ambiente inclusivo (SHERRILL, 1993 citado por GONÇALVES e ROMÃO, 2019). No âmbito legislativo, destaca-se dentre diversas Leis elaboradas, e em grande parte fracassadas, a Lei 13.146, de 2015, conhecida como Lei Brasileira de Inclusão Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 212 (LBI) das PcDs, ou Estatuto da PcD, que constitui um documento fundamental e provavelmente o mais importante para o reconhecimento e valorização dessa população. Essa Lei trouxe diversas modificações no ordenamento jurídico em relação ao tema, tendo como objetivo oferecer condições de igualdade quanto aos direitos fundamentais, almejando o processo de inclusão social. A lei reafirma que a cultura, o esporte e o lazer são direitos das PcDs e que o Estado tem a responsabilidade de oferecer ambientes propícios para tal (BRASIL, 2015). Em adição, é importante destacar que a Constituição de 1988, apresentou o prenúncio de todo o desenvolvimento direcionado às políticas públicas e incentivo à participação das pessoas com deficiência nas atividades esportivas comuns, o que inclui toda forma de manifestação esportiva na sociedade, bem como todos os níveis de disputa (BRASIL, 2015). De acordo ainda com a Constituição Brasileira de 1988, ainda, devem assegurar que as pessoas com deficiência participem de atividades esportivas e recreativas; tal participação deve acontecer em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Além disso, as pessoas com deficiência precisam ter amplo acesso aos serviços prestados por pessoas ou entidades envolvidas na organização de atividades recreativas, turísticas, esportivas e de lazer. E por fim, assegurar, também, que as pessoas com deficiência tenham acesso a locais de eventos esportivos, recreativos e turísticos. As instalações precisam ser adaptadas para que as pessoas com deficiência consigam se locomover com autonomia, além de ter uma boa visão do espetáculo (BRASIL, 2015). De maneira geral, o objetivo das autoridades públicas é oferecer condições de igualdade para que a PcD se insira nos diversos contextos sociais, o que inclui ambientes direcionados a práticas esportivas e de lazer, seja como ator principal ou como espectador do espetáculo, e no caso da participação nos esportes, independentemente do nível (educacional, lazer/participação ou rendimento), o de oferecer condições ideais para que essa prática seja real, significativa e transformadora na vida dessas pessoas. Atrelado à inclusão, é importante destacar a popularização do desporto paraolímpico, que possibilitou uma ascensão até então nunca antes vista, dos esportes adaptados, neste caso, de performance. Adams et al. (1985, p. 217) citado por Gonçalves e Romão (2019) descrevem: (...) “graças às atividades recreativas, os deficientes físicos encontram a motivação necessária para participarem da comunidade mais ampla, de produzir, de trabalhar e de assumir papéis de liderança 213 na comunidade”. Neste sentido, o basquete em cadeira de rodas tem o objetivo de atender crianças, adolescentes e adultos, dos sexos feminino e masculino, que tenham interesse em aprender a modalidade, contribuindo, assim, para a inclusão social, a partir do momento em que entende-se ser esta uma das ferramentas mais importantes (basquete em cadeira de rodas) que podem desenvolver o indivíduo a partir de uma concepção da ludicidade, por exemplo. Figura 9: Prática do basquetebol em cadeira de rodas Fonte: Disponível em: https://shutr.bz/3HVj5xW. Acesso em: 15 mar. 2021. 214 215 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (IADES - 2014). Basquetebol em cadeira de rodas é um desporto praticado principalmente por indivíduos com deficiências físicas. É fundamentado no basquetebol convencional, mas com algumas adaptações para refletir a presença da cadeira de rodas e para harmonizar os diferentes níveis de deficiência dos jogadores. Acerca desse tema, assinale a alternativa CORRETA. a) A altura da tabela é um metro abaixo do basquetebol convencional. b) As cadeiras não são adaptadas nem padronizadas. c) As dimensões da quadra são reduzidas, porém a altura da tabela é a mesma. d) As dimensões da quadra e a altura da tabela são as mesmas do basquetebol convencional. e) A participação de pessoas sem deficiência no basquetebol adaptado é proibida. 2. O basquete convencional envolve uma sucessão de esforços vigorosos, realizados em cadências variadas. Trata-se de uma movimentação diversa, entre corridas, lançamentos e saltos. O basquete adaptado, em cadeira de rodas, representa grande estímulo para os jogadores/atletas que o praticam, tendo em vista, sobretudo, as possibilidades de superação e integração social. Com a ampliação da visão democrática, o crescimento da adesão à inclusão social da pessoa com deficiência vem se tornando cada vez mais emergente. Em relação ao delineamento de corpo, bem como à pessoa com deficiência, o que é desejável considerar? a) Aceitar a essência da diversidade e promover adequações. b) Ignorar percepções e atitudes próprias da pessoa com deficiência. c) Dissociar satisfação e imagem de corpo da pessoa com deficiência. d) Discriminar e destacar as diferenças individuais corporais. e) Priorizar a imagem do corpo “ideal” padronizada socialmente. 3. Especificamente, a opção pela prática do basquete em cadeira de rodas, considerando as pessoas com necessidades especiais, sinaliza vários motivos, envolvendo várias situações (fatores internos e externos). Considerando as 216 alternativas a seguir, o que pode ser sinalizado como um fator de destaque tendo em vista os benefícios da prática do basquete em cadeira de rodas? a) Melhora das habilidades motoras. b) Melhora na ocupação do tempo livre. c) Melhora em relação à deficiência. d) Melhora das relações sociais. e) Melhora da autoestima. 4. (ADM&TEC – 2020- Adaptada). Analise as afirmativas a seguir: I. Na educação física adaptada, o professor deve ser paciente, observador e criativo com os alunos, pois a atenção e a dedicação do docente são fundamentais para abreviar as chances de sucesso das ações de inclusão das pessoas com deficiência nos jogos e esportes escolares. II. No nível cognitivo, os benefícios adquiridos pelo aluno com deficiência pela prática da atividade física compreendem o desenvolvimento do raciocínio, da atenção, a melhora da percepção espaço-temporal e o aumento do poder de concentração. III. A educação física adaptada para pessoas com deficiência compreende técnicas, métodos e formas de organização que podem ser aplicados apenas aos indivíduos com deficiências motoras decorrentes de acidentes, não sendopossível adaptar as atividades para alunos com deficiências congênitas. Marque a alternativa CORRETA: a) Apenas I está correta. b) Apenas II está correta. c) Apenas III está correta. d) Apenas I e II estão corretas. e) I, II e III estão corretas. 5. A Lei n° 13.146/2005, também conhecida como “Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência”, trata dos direitos a serem oferecidos pelo Poder Público 217 às pessoas com deficiência, com o objetivo de promover a inclusão social. Sobre essa lei, marque V para verdadeiro e F para falso. ( ) Representa um documento de ordem legal fundamental para o reconhecimento e a valorização das pessoas com deficiência. ( ) Reafirma que a cultura, o esporte e o lazer são direitos fundamentais das pessoas com deficiência, e é dever do Poder Público garantir o seu acesso. ( ) O Poder Público precisa ofertar acesso a atividades esportivas e de lazer, independentemente da forma. ( ) As pessoas com deficiência terão direito a local reservado em locais públicos, inclusive com direito à acompanhante. Qual é a ordem correta das afirmativas? a) F- F- V- V. b) V- V- V- F. c) V- V- F- V. d) V- F- V- F. e) F- V- F- V. 6. A pessoa com deficiência sempre foi estigmatizada e marginalizada ao longo da história da humanidade. Existem relatos de agressão, sacrifícios, exposição ao ridículo, segregação da convivência social, etc. Pensando em corrigir esses erros e possibilitar a inclusão das pessoas com deficiência nos diversos contextos sociais, políticas públicas vêm sendo criadas para estabelecer direitos e criar oportunidades. Conforme a Constituição de 1988, as políticas públicas de inclusão social das pessoas com deficiência devem: a) Assegurar que as pessoas com deficiência tenham acesso a locais de eventos esportivos, recreativos e turísticos. As instalações precisam ser adaptadas para que as pessoas com deficiência consigam se locomover com o auxílio de terceiros, além de ter uma boa visão do espetáculo. 218 b) Assegurar que as crianças com deficiência possam participar de jogos e atividades recreativas, esportivas e de lazer, inclusive no sistema escolar. É necessário observar as possibilidades individuais, ou seja, não há a obrigação de atingir igualdade de condições com as demais crianças. c) Assegurar que as pessoas com deficiência participem de atividades esportivas e recreativas, incentivando a instrução do treinamento pessoal e o uso de recursos adequados. Porém, tal participação não precisar atingir igualdade de oportunidades com as demais pessoas. d) Incentivar e promover a maior participação possível das pessoas com deficiência nas atividades esportivas comuns em todos os níveis de disputa e em todas as dimensões de manifestação esportiva, como os esportes de participação e de alto rendimento. e) Assegurar que as pessoas com deficiência tenham acesso limitado aos serviços prestados por pessoas ou entidades envolvidas na organização de atividades recreativas, turísticas, esportivas e de lazer, sem custos e com os devidos privilégios. 7. (CONTEMAX – 2019). Pela característica essencial das cadeiras de rodas no basquete em cadeira de rodas, elas possuem medidas adaptadas especiais. Todas as regras devem ser atendidas para o jogo, EXCETO: a) Os pneus traseiros devem ter diâmetro máximo de 66cm. b) Os jogadores classe 3.5, 4.0 e 4.5 podem usar almofada de no máximo 5cm. c) A altura máxima do acento deve ser 53 centímetros a partir do chão. d) O apoio para os pés deve ficar a no máximo 11cm do chão. e) Freios são permitidos em casos específicos. 8. O caminho que leva da exclusão à inclusão dos alunos com deficiência na escola e das pessoas com deficiência na sociedade está relacionado às características econômicas, sociais e culturais de cada época. O esporte é visto como uma das melhores ferramentas que podem combater aspectos que são considerados excludentes, e que tendem a segregar uma população que por vezes já se sente excluída da sociedade. A respeito das estratégias de inclusão nas aulas de Educação Física, um ponto fundamental é a adaptação. Sobre esse aspecto, é 219 correto afirmar: a) O aluno com deficiência deve adaptar-se às atividades na aula, pois não é possível o professor adaptar a aula para ele, prejudicando os demais colegas. b) Refere-se à capacidade de cada aluno de realizar ou não as atividades que são propostas nas aulas de Educação Física. c) São necessárias adaptações no ambiente da escola, na metodologia do professor e nos materiais utilizados, buscando garantir a inclusão dos alunos. d) Diz respeito à possibilidade de participação dos alunos com deficiência e sua interação com os colegas. e) Não são necessários materiais específicos, pois isso causa diferenciação negativa do aluno com deficiência em relação a seus colegas. 220 O BASQUETEBOL ENQUANTO PRÁTICA ESPORTIVA DE ALTO RENDIMENTO O basquete é um esporte que reúne fundamentos, os quais precisam progredir para habilidades específicas em situações de jogo e que, portanto, requerem cada vez mais planejamento e organização. Dessa forma, o desenvolvimento dos aspectos táticos, bem como de toda a estrutura depende, essencialmente, do desenvolvimento satisfatório de capacidades motoras condicionantes e coordenativas. Por ser caracterizado como uma modalidade esportiva de cooperação e oposição que envolve duas equipes, entre ataque e defesa, ocupando um espaço comum, conforme descreve Ferreira e De Rose Jr. (2010). Trata-se de um jogo que ocasiona contato direto entre os alunos/jogadores e requer habilidades específicas para a execução dos fundamentos, reunindo ações combinadas e em sequência lógica e objetiva. No basquetebol, para que o aluno/jogador execute corretamente um ou mais fundamentos do basquete, individual ou coletivamente, é preciso planejar uma evolução progressiva. Neste sentido, a evolução progressiva apresenta as seguintes fases: aprendizagem (fase 1: assimilação do gesto motor), fixação (fase 2: associação dos fundamentos com situações de jogo) e aperfeiçoamento (fase 3: envolve o máximo de aplicações práticas no jogo). E estes elementos devem ser trabalhados de forma integrada aos demais que serão apresentados nesta seção: físico, técnico, tático e psicológico. 12.1 PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E PSICOLÓGICA NO BASQUETEBOL Em relação aos aspectos físicos do basquetebol, é importante compreender que trata-se de uma modalidade que reúne aptidões físicas, perceptivas e cognitivas, em alta intensidade, com padrão de habilidades motoras finas, sobretudo de membros superiores. Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 221 (...) em geral, todos os jogadores percorrem em torno de 5.551 km durante um jogo de alto nível, com pouca variação, dependendo da posição/função de cada jogador dentro da quadra. Normalmente, os armadores percorrem em torno de 5.162 km; laterais ou alas, em média 5.273 km; e os pivôs chegam a 6.106 km, por se deslocarem de tabela a tabela, considerando os rebotes ofensivos e defensivos que estão sob sua responsabilidade. O número de saltos de armadores acontecem em torno de 25 vezes no jogo, laterais, cerca de 30 vezes, e a média dos pivôs é de 36 vezes, devido à maior demanda de deslocamentos e responsabilidades (GONÇALVES e ROMÃO, 2019, p. 15-16). Neste sentido, a maior parte da energia utilizada no basquete tem sua origem nos estoques musculares (ATP/CP – energia em curto prazo: anaeróbias), não menosprezando as atividades aeróbias. A predominância de níveis submáximos de sobrecarga, no basquete, solicita uma recuperação de, no mínimo, 24 horas, sobretudo para o aluno/jogador que participa de forma ativa no jogo. Assim, para o aluno/jogador estar apto a participar efetivamente de um jogo, deve apresentar um bom condicionamento físico, que transita entre três capacidades básicas motoras condicionantes: força, resistência e velocidade (DE ROSE JUNIOR e TRICOLI, 2010). Portanto, a essência da preparação física no basqueteé que o jogador consiga executar os fundamentos com o máximo de precisão durante uma partida, destacado o desenvolvimento de resistência, predominantemente anaeróbia. Sob a perspectiva psicológica, a prática do basquete reúne as capacidades físicas do jogador e suas percepções próprias em manifestações globais. Trata-se de o jogador ter ciência acerca dos processos fisiológicos que ocorrem na prática, como em situações que envolvem força e velocidade — por exemplo, em impulsão vertical no rebote, qual via energética é utilizada. Portanto, a cognição interfere na consciência do jogador, tendo em vista a representação das suas capacidades físicas, bem como na qualidade da sua percepção especializada Rudik (1990) citado por Gonçalves e Romão (2019, p. 12). De fato, as valências físicas [força, velocidade e resistência] são consideradas as capacidades essenciais na preparação física do basquete, e serão discutidos mais a frente, em combinação com os aspectos psicológicos, tão importantes quanto, para a execução e tomada das ações no basquete. As capacidades físicas de destaque no basquete são: força (de salto, velocidade e resistência), velocidade (de reação, ações acíclicas e específicas no jogo) e resistência (aeróbia, anaeróbia, de velocidade, de salto). Além disso, é essencial ter capacidade de coordenação, como: agilidade, ritmo, junção de coordenação visomotora, óculo-manual e diferenciação de imagem-campo (FERREIRA e DE ROSE JR., 2010). 222 Já os aspectos técnicos, há uma tendência a se considerar, de senso comum, que a simples execução prática seja uma qualificação suficiente para um bom professor/técnico, o que de fato, não condiz com a realidade, sobretudo no alto nível. Nesse contexto, De Rose Jr., e Tricoli (2010) destacam o seguinte acróstico (I-D- E-A) como sugestão ao desenvolvimento dos aspectos técnicos da modalidade: I - introdução da técnica; D - demonstração da técnica; E -explicação da técnica; A- ajuda aos alunos/jogadores a praticarem a técnica. Introdução da técnica: os alunos/jogadores iniciantes precisam compreender o que estão aprendendo e o porquê. Para isso, o professor/técnico deve seguir os seguintes passos. a) Manter os alunos/jogadores atentos. b) Iniciar destacando o nome da técnica. c) Dar explicação clara sobre a relevância da técnica. O importante é demonstrar exaltação e olhar nos olhos da assistência no momento da comunicação. É fundamental que os alunos/jogadores estejam posicionados de maneira que favoreça a visualização direta do professor/técnico, que deve perguntar se todos têm a mesma percepção, antes de começar a falar (AMERICAN SPORT EDUCATION PROGRAM, 2000 citado por GONÇALVES e ROMÃO, 2019). Em relação ao nome da técnica, é importante definir a terminologia que será considerada, tendo em vista outras possibilidades comuns, para que não cause confusão na compreensão dos alunos/jogadores. Demonstração da técnica: é considerada a parte mais representativa do ponto de vista técnico, sobretudo para os jovens, em razão da novidade. Quem nunca praticou uma atividade precisa iniciar a familiarização com imagens, e não somente com a fala. As seguintes sugestões podem tornar mais a compreensão inicial mais eficiente. a) Demonstrar a técnica corretamente; b) Fazer várias demonstrações; c) Realizar as demonstrações de forma lenta para melhor visualização de cada fase do movimento; d) Executar a técnica em vários ângulos, para permitir uma visão global dos 223 movimentos; e) Fazer as demonstrações com ambas as mãos. Explicação da técnica: direciona os alunos/jogadores a aprenderem de forma efetiva, principalmente associada à demonstração. As palavras utilizadas devem ser o mais simples possível e associadas a outras aprendidas anteriormente. O professor/técnico deve sempre perguntar sobre a compreensão geral e individual, pedindo que repitam as descrições. As técnicas mais complexas normalmente são mais bem compreendidas, quando as partes menos complexas são explicadas. Ajuda aos jogadores a praticar a técnica: envolve uma boa iniciação, desde a introdução, a demonstração, até a explicação, estando os alunos/jogadores preparados para a execução propriamente dita. Nas primeiras tentativas, alguns deles podem precisar de direcionamentos individuais, por insegurança natural inicial. O dever do professor/técnico não finaliza quando todos os alunos/jogadores demonstram a técnica, sendo esse um momento importante para observações e devidas correções. Logo, o professor/técnico deve dar um feedback que sugira as adequações e mantenha a motivação do aluno/jogador. Quanto aos aspectos táticos, o basquetebol é uma modalidade marcada por sinalizar situações que acontecem no jogo, que englobam os sistemas defensivos e ofensivos, situações em grupo, como marcações por zona 2x2 e 3x3, bem como individuais (FERREIRA e DE ROSE JR., 2003). De fato, a tática individual faz referência à aptidão que um atleta possui de executar os fundamentos do jogo, conforme a sua posição na quadra, a atitude de seu adversário ou o contexto do jogo. Já a tática em grupo reúne jogadores em situações 2x2 ou 3x3, em níveis de maior complexidade e que solicitam maior sincronismo dos movimentos (FERREIRA e DE ROSE JR., 2003). E em adição, a tática individual (execução individual do fundamento) e a coletiva (execução dos fundamentos que envolvem a equipe) juntas incluem o momento inicial, no qual o jogador mantém a sua atenção na quadra, observando o posicionamento e o perfil dos jogadores em geral (companheiros e adversários) (REIS, 2009). Ainda de acordo com esses autores, a tática representa a visão particular em relação ao todo, e a estratégia aparece como uma consideração global, que pode ser constituída por um objetivo principal e planejamento prévio a curto, médio e longo prazo. Portanto, a estratégia, basicamente, significa saber fazer. Dentre as estratégias que favorecem a marcação de pontos, por exemplo, destacam-se a 224 velocidade, os lançamentos e a diminuição na diferença de pontos. Entretanto, com vistas a bloquear os sistemas defensivos, as táticas defensivas passam a representar os fatores principais do perfil de jogo de uma equipe (REIS, 2009). E por fim, no processo de preparação para o basquetebol, temos as habilidades psicológicas, elemento que destaca-se a partir da necessidade de desenvolvimento, quando a defesa reage de forma rápida e antecipa o ataque, na interceptação de um passe ou em mudanças de atenção, tendo em vista as transições dos atacantes, e vice-versa, conforme destaca De Rose Jr., e Tricoli (2010) e Reis (2009). Um aspecto interessante destacado por esses autores está relacionado ao momento/situação de jogo, em que ao final do jogo, por exemplo, com placar adverso, há empenho dos competidores até o último segundo, muitas vezes, conseguindo vencer com um ponto de vantagem. Esse nível de rendimento depende da capacidade de trabalho, tanto físico como psicológico do atleta, que pode melhorar, e conforme descreve De Rose Jr., e Tricoli (2010) é necessário estabelecer estratégias de treinamento que desenvolvam de maneira equilibrada, as diferentes tarefas direcionadas ao trabalho global do atleta, o seu desenvolvimento por meio da preparação física, técnica e tática, considerando suas particularidades psicológicas associadas a cada uma delas. O Quadro 5 apresenta aspectos relacionados às capacidades físicas, relacionando-os aos aspectos psicológicos. Figura 10: Relação das valências físicas e aspectos psicológicos Força Velocidade Resistência A estrutura psicológica de força relaciona esforços musculares máximos, distribuídos e dosados, que se manifestam nas aplicações de forc ̧a máxima, como ocorre nos saltos. Quanto aos esforc ̧os distribuídos, trata-se de exigência parcial dessa capacidade, em treinamentos com 70% da força máxima. No terceiro grupo de esforços, estão os que solicitam diferenciação detalhada dos elementos capazes de A estrutura psicológica de velocidadeé definida pela junção de sinalizadores de tempo (duração e ritmo). No basquete, a estrutura está associada, por exemplo, ao tempo de duração da execução de um arremesso ou ao tempo necessário para a conclusão de uma infiltração, antes que defensor a alcance, envolvendo a velocidade de deslocamento, de execução de movimento, entre outras situações. Em relação à resistência, não é identificada uma expressão nítida, psicológica, entretanto há consenso de que esteja condicionada à complexidade e intensidade da duração dos esforc ̧os musculares, os quais normalmente se diferenciam na resistência de forc ̧a, velocidade e forc ̧a/velocidade. Dessa forma, cada uma 225 garantir o controle exato para a execução de um passe longo, como no contra-ataque. delas, com suas características específicas interativas, sobretudo no esporte como o basquete, se manifestam em situações complexas. Por isso, a percepção de capacidades predominantes requer alto nível de atenção. Fonte: Adaptado de Rose Júnior e Tricoli (2005) E um outro fator a ser considerado são as capacidades coordenativas ou psicomotoras, destacam-se: a percepção espaço-temporal; a seleção imagem- campo; a coordenação multimembros; a coordenação óculo-manual; a destreza manual; a estabilidade braço/mão; a precisão. 12.2 A ORGANIZAÇÃO, O CONTROLE E A AVALIAÇÃO DE EQUIPES DE BASQUETEBOL O basquete é um esporte dinâmico, que requer uma prática com desempenho tanto físico quanto motor, incluindo aspectos cognitivos. É formado por um somatório de habilidades e ações que, por si só, constituem unidades representativas e totais. Os esforços são fortes e curtos, de várias cadências, o que caracteriza uma atividade predominantemente anaeróbia, com maior demanda dos membros inferiores (FERREIRA; ROSE JR., 2010). O desempenho de uma equipe de Basquetebol depende da precisa cooperação entre os jogadores. A cooperação organizada faz com que os 226 jogadores antecipem situações comuns de jogo e respondam de forma orquestrada, mantendo maior aderência ao planejamento coletivo da equipe (LAMAS et al., 2014). Por sua vez, aderência ao planejamento da equipe é um tema central na análise do desempenho do Basquetebol (LUCEY et al., 2013; LAMAS et al., 2014) e depende de um processo de preparação adequado para que seja bem- sucedido. De acordo com Lucey et al. (2013) o processo de preparação da equipe envolve as seguintes etapas: i) especificação da estratégia; ii) aprendizado da estratégia (ex: treinamento); iii) avaliação do jogo (LAMAS, 2014). Uma estratégia bem desenhada garante um bom plano de cooperação. Um processo de treinamento qualificado consiste na forma adequada para se ensinar o que foi planejado na estratégia à equipe. Finalmente, um protocolo acurado de análise de jogo permite avaliar quanto e com qual qualidade o conteúdo estratégico foi aplicado nas condições reais. Em todo caso, vemos a análise de jogo como uma excelente ferramenta de dados, por meio do uso de softwares específicos, fornecem informações essenciais acerca de todo o processo. Desde algum tempo, verificam-se contribuições científicas no assunto, que buscam superar a abordagem empírica na estruturação do processo de rendimento das equipes (LAMAS et al., 2014). Em adição, Na proposta de Lebed (2007) são apresentados quatro níveis hierárquicos, conforme mostra a Figura 10. O primeiro nível é a equipe (1), composta por comissão técnica (2T) e jogadores (2A), sendo o elemento central da estrutura e o mais elevado. O segundo nível representa a relação entre a comissão técnica (3T) e os jogadores (3A1 a 3An) por intermédio da comunicação e feedback entre eles. O terceiro nível é formado pelos integrantes da comissão técnica e por cada um dos jogadores. O quarto nível é formado pelos sistemas internos de cada jogador (i.e., aspectos físicos, cognitivos, psicológicos) (4A). 227 Figura 11: Estrutura hierárquica do sistema dinâmico equipe. 1: equipe (jogadores e comissão técnica); 2T: comissão técnica; 2A: grupo de jogadores; 3T: membros da comissão técnica; 3A1 a 3An: jogadores da equipe; 4A: características internas de cada jogador. Fonte: Adaptado de Lebed (2007). Segundo Lamas et al. (2014), há uma sequência de etapas no processo de preparação da equipe, de acordo com algumas estratégias que você verá a seguir: (1) O treinador modela a forma com que a equipe deve atuar em quadra por meio do desenho da estratégia; (2) Esta estratégia deve ser aprendida nas sessões de treinamento para uma melhor aplicação nos jogos; (3) Após os jogos, os conteúdos planejados devem passar por uma avaliação para compreender o que deu certo, ou o que precisa melhorar, ser feitos tanto na estratégia quanto nos treinamentos. Portanto, diante do exposto, é possível modelar as etapas de preparação da equipe em: i) planejamento da estratégia; ii) aprendizado da estratégia por parte dos jogadores nos treinamentos; e iii) execução da estratégia nos jogos (LAMAS et al., 2014). Enfim, durante o jogo, as equipes mantêm uma relação de oposição indicada pela posse ou não da bola, dividindo suas funções em ataque e defesa. No ataque, a equipe deve conservar a bola, mover-se ao campo adversário e tentar uma finalização. O êxito ou falha na tentativa de marcação do ponto produz, de acordo com Lamas (2012) e Lebed (2007) uma alternância da posse de bola, reconfigurando o time para a posição de defesa. Na defesa, a equipe procura proteger sua meta, retardando ou evitando a aproximação do adversário, para finalmente, investir na retomada da bola. E vale ressaltar que essa alternância pela posse/controle da bola ocorre ao longo de toda partida. 228 Do ponto de vista do resultado, a probabilidade de sucesso sobre o oponente está relacionada a sinergia das ações individuais, grupais e coletivas dos jogadores (LAMAS, 2012; LEBED, 2007) principalmente, quando estes dispõem de um plano de ação coletivo (ex: rotinas “condição-ação” pré-definidas) revelando a capacidade de atuar de forma colaborativa em comparação à outra equipe que tenha sua atuação centrada em ações individuais, que demanda obviamente um conjunto de estratégias diferentes, a considerar. Ainda de acordo com Lamas (2012) e Lamas et al. (2014) devemos considerar ao avaliar/analisar uma equipe de basquetebol, considerar as chamadas “regras de ação” elementos estes classificados em: regras de alto e baixo nível. Ainda de acordo com os autores, uma regra de alto nível controla uma ação de uma habilidade esportiva (ex: bandeja no Basquetebol) e sua execução é feita a partir de uma sequência de regras de baixo nível (ex: correr, saltar ou lançar a bola) (LAMAS, 2012). Na prática, quando o jogador não dispõe de nenhuma regra de ação previamente definida, uma regra de ação tática é utilizada. No baixo nível, quando não for possível a execução da regra deste nível, uma outra regra do mesmo nível deve ser aplicada. As decisões tomadas pelos jogadores levarão ao próximo estado dentro deste modelo. Este novo estado pode ser uma continuidade da ação (E3) ou uma bifurcação (E2) indicando um novo caminho estratégico (E6) para o desfecho da ação, conforme exemplificado na Figura 11. Figura 12: Grafo da Estratégia destacando as variações do Sistema de Triângulos Fonte: Adaptado de Lamas (2012) 229 No âmbito dos conteúdos estratégicos e táticos, embora haja estudos que investiguem o processo de planejamento (LAMAS, 2012) há carência de sistematização de conteúdos para composição de sessões de treino. Além disso, a investigação de processos de otimização da distribuição dos conteúdos de treinamento ao longo do tempo é um tema ainda menos estudado. Em relação ao controle e monitoramento de uma equipe, cabe á comissão técnica estabelecer parâmetros a partir de variáveis que venham a surgir ao longo de uma temporada, e em todo caso, o planejamento estruturado é essencial para que as ações pré-elaboradas possam ser devidamente colocadas em prática. A avaliação de um atleta e/ou equipepassa pela necessidade de levantar- se dados quantitativos ou qualitativos, conhecidos como “indicadores” os quais são observados e analisados em um jogo, como por exemplo: o tempo de jogo, quantidade de tentativas de arremessos (3 pts, 2 pts e lances-livres), quantidade de arremessos convertidos (3 pts, 2 pts e lances-livres), rebotes de defesa e de ataque, assistências, bloqueios de arremessos (tocos), bolas recuperadas, etc. Lamas (2012) apresenta uma estrutura que visa facilitar o trabalho da comissão técnica (treinador) a partir da concepção de um modelo estrutural preliminar das cargas de treinamento de conteúdos de estratégia, táticos e técnicos (ETT), conforme descreve Jerônimo et al. (2016) citado por Santos (2018) (Figura 12). Trata-se de um método de estruturação do treinamento, em que a distribuição da carga tática é relevante ao que se pretende desenvolver em termos de jogo coletivo da equipe. Figura 13: Classes de conteúdos estratégicos, táticos e técnicos de treinamento no Basquetebol Fonte: Adaptado de Jerônimo et al. (2016) citado por Santos (2018, p. 23). 230 12.3 ANÁLISE DE DESEMPENHO NO BASQUETEBOL A utilização de sistemas indicadores de desempenho em um jogo, como a análise estatística e o scouting, demonstra aspectos essenciais para as definições de estratégias, tendo em vista a organização técnica e tática das partidas. Nessas análises, podem ser comparados, por exemplo, jogadores em várias posições, com pareceres estatisticamente diferentes, que, ainda assim, são determinantes nos pontos obtidos durante o jogo. O basquete é uma modalidade esportiva que estabelece relações importantes entre aspectos pedagógicos, biomecânicos, táticos, técnicos, psicológicos e sociais. Em geral, todos eles contribuem para uma melhor eficácia no jogo, conforme demonstrado na Figura 10. Esses aspectos devem ter como base a situação real do jogo, porque é isso que define, de acordo com Gonçalves (2019) tanto o trabalho quanto a maneira que as atividades e os exercícios vão sendo propostos, tendo em vista as fases de aprendizagem, e servem ainda como parâmetro para a estruturação de jogo, ou seja, da análise de desempenho e performance individual e da equipe. De acordo com Ferreira e De Rose Jr. (2010), para que o jogador consiga realizar execuções corretas de um ou mais fundamentos do basquete, individual ou coletivamente, é preciso planejar uma evolução progressiva, passando pelas fases de aprendizagem (1), fixação (2) e aperfeiçoamento (3). 231 Figura 14: Estrutura de Jogo Fonte: Adaptada de Ferreira e De Rose Jr. (2010) A competitividade nas competições esportivas é muito grande, e um dos diferenciais mais vistos atualmente passa a ser, o conhecimento que cada equipe tem de si própria e dos adversários. Alvarez (2001) complementa mencionando que o conhecimento das características que definem qualquer modalidade esportiva e a análise dos tipos de exigências competitivas são imprescindíveis para se progredir, aperfeiçoar e elaborar programas de preparação e treinamento apropriados nos esportes coletivos. O estudo do jogo a partir da observação do comportamento dos jogadores e das equipes, constitui-se em um forte argumento para a organização e avaliação dos processos de ensino e treino nas modalidades esportivas coletivas. As formas de manifestação da técnica, os aspectos táticos e a atividade física desenvolvida pelos jogadores são parte do conteúdo abordado (GARGANTA, 1996, p.8). De acordo com Janeira (1999) citado por De Rose Jr. e Tricoli (2010), no universo dos esportes de rendimento e, particularmente, nos jogos esportivos coletivos, a observação de jogo vem se revelando como meio imprescindível para a caracterização das exigências específicas que são impostas aos jogadores em situação competitiva. Esse tipo de estudo é encontrado na literatura com diferentes nomes, entre eles: observação de jogo (game observation), análise notacional (notational analysis) e análise de jogo (match analysis). A observação de jogo e a análise notacional referem-se a determinados aspectos observados e registrados durante a partida em tempo real, enquanto a análise do jogo refere-se à observação e coleta de dados após a realização do evento, a partir da análise de vídeos, por 232 exemplo. A observação do jogo e a aná lise notacional referem-se a determinados aspectos observados e registrados durante a partida em tempo real, enquanto a análise do jogo refere-se à observação e coleta de dados após a realização do evento, a partir da aná lise de vídeos, por exemplo (FERREIRA e DE ROSE JR. 2010, p. 125) De acordo com estes autores, para que qualquer processo de análise tenha fidelidade e validade, é necessário desenvolver sistemas e métodos de observação que possibilitem o registro de todos os fatos relevantes do jogo de basquetebol, produzindo-se desse modo informação objetiva e quantificável, consistente e confiável. E ainda, de acordo com Garganta (1996) um jogo de basquetebol pode ser analisado sob o ponto de vista – técnico e tático. Mais especificamente quando se analisa o desempenho técnico de um ou mais jogadores, procura-se determinar o nível de suas ações, a execução dos fundamentos e a eficiência dessa execução, quantificando a ação através de uma determinada mensuração. Já do ponto de vista tático, são analisadas as situações desenvolvidas por pequenos grupos ou por toda a equipe, a partir de padrões predefinidos (plano tático de jogo) tanto na defesa quanto no ataque (DE ROSE JR., e TRICOLI, 2010; GARGANTA, 1996). O conjunto dessas observações (objetiva/subjetiva; qualitativa/quantitativa) é chamado de “scouting”, termo aceito universalmente na linguagem corrente do basquetebol (DE ROSE JR. e TRICOLI, 2010). O scouting é a arte de detectar as variações do jogo e seus aspectos subjetivos, buscando sempre identificar o fator desencadeador das atitudes dos jogadores e das equipes. Especificamente no basquete, o scouting preocupa-se com o local e a distância dos arremessos, o tipo de movimentação ofensiva que os gerou, o posicionamento defensivo, entre tantos aspectos do jogo (TAVARES, 2001). Neste sentido, a preocupação do scouting fica centralizada no local e na distância dos arremessos, bem como nas causas das ações ofensivas e posições de defesa, incluindo diversas situações de jogo. Em contrapartida, a estatística representa o aluno/jogador ou a equipe de forma numérica, não priorizando as causas qualitativas, e sim os aspectos quantitativos (FERREIRA e DE ROSE JR., 2010). Para que qualquer análise seja fidedigna e válida, é preciso que haja o desenvolvimento de métodos e sistemas observacionais, que favoreçam os registros de tudo o que é representativo em situações de jogo no basquetebol, resultando em 233 dados objetivos, consistentes e confiáveis. Portanto, a análise estatística e o scouting são considerados viáveis nesse contexto. Tavares (2001) menciona que podem ser utilizadas diversas formas de análise em um jogo de basquetebol, além de diferentes metodologias; entretanto, muitas delas não têm rigor científico e são baseadas, somente, na experiência do observador. As observações, em geral, são feitas pelos próprios técnicos, não favorecendo análises fidedignas. Entretanto, isso vem mudando no que tange os métodos de coleta de dados na estatística e no scouting, facilitando o trabalho dos anotadores em geral. O que antes era feito com papel e lápis, tornou-se um sofisticado sistema envolvendo programas de computador e diferentes processos de análise, incluindo os mais modernos, que são acionados por voz, nos quais os anotadores não precisam desviar a atenção do jogo para registrar os dados (TAVARES, 2001). Essas análises podem ocorrer com ênfase no aluno/jogador ou na equipe como um todo. Nas análises baseadas no aluno/jogador, são observados aspectos referentes à energia e aos aspectos motores, morfológicos e psicológicos em geral. Com ênfase na equipe como um todo, as observações