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PRINCÍPIOS DE LIDERANÇA E GESTÃO DE EQUIPES Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autores: Jeisa Benevenuti Sartorelli Márcia Silva Luciano Carvalho CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald Profa. Jociane Stolf Revisão de Conteúdo: Prof. Helder Lima Gusso Revisão Gramatical: Profa. Teresa Pfi ff er Franco Diagramação e Capa: Carlinho Odorizzi Copyright © Editora Grupo UNIASSELVI 2009 Ficha catalográfi ca elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri – Grupo UNIASSELVI – Indaial. 303.34 S2512p Sartorelli, Jeisa Benevenuti. Princípios de Liderança e Gestão de Equipes / Jeisa Benevenuti Sarturelli [e] Márcia Silva Luciano. Carvalho. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Indaial : Grupo UNIASSELVI, 2009. x ; 90 p.: il. Inclui bibliografi a. ISBN 978-85-7830-206-1 1. Liderança 2. Gestão de Equipes I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. II Núcleo de Ensino a Distância III. Titulo Reimpressão: Setembro, 2013. Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1998), Mestrado em Neurociências e Comportamento pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002). Atualmente é professora de graduação, em instituições do Vale do Itajaí. Neuropsicóloga. Tem experiência na área de Avaliação Neuropsicológica, Psicopatologia e Neurociências. Possui graduação em Psicologia pela Universidade do Vale do Itajaí (2000). Estudou Psicologia da Justiça e Reinserção Social na Universidade do Minho –Braga- Portugal. Possui mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2004) e é doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é professora de graduação, em instituições do Vale do Itajaí. Tem experiência na área de Psicologia Organizacional, Gestão por Competências, Avaliação Psicológica, Relacionamento Interpessoal, Formação Profi ssional. Márcia Silva Luciano Carvalho Jeisa Benevenuti Sartorelli Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 Liderança ..................................................................................9 CAPÍTULO 2 Coaching como Estratégia no Desenvolvimento de Equipes ....................................................................................45 CAPÍTULO 3 Equipes de Alta Performance ..............................................71 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a): Caro(a) pós-graduando(a), bem-vindo à disciplina de Princípios de Liderança e Gestão de Equipes ! Este é o nosso Caderno de Estudos, material que foi elaborado para servir de suporte, para que você possa ampliar seus conhecimentos por meio de novas aprendizagens. Estudar os princípios que regem o comportamento de um líder e relacionar isto de forma direta com a equipe em que ele se encontra inserido é o objetivo principal deste caderno. Gostaríamos de ressaltar que você sempre deve levar em consideração que o próprio conceito de liderança é um conceito relacional. Isto significa que um líder nunca exerce liderança sozinho. Ele é líder em um determinado contexto e assume esse papel dentro de uma determinada equipe, para atingir objetivos que gerem benefícios para todos os envolvidos. Há uma característica fundamental que permeia todas as ideias contempladas neste caderno: um líder é um indivíduo que possui a habilidade de influenciar pessoas para o alcance de objetivos. Esta definição enfatiza que a liderança é um fenômeno relacional, focado em pessoas, e não em atividades de folhear papéis ou apenas resolver problemas (DAFT, 1994). Para que estes objetivos sejam alcançados, cabe a você administrar sua aprendizagem e o tempo para seus estudos. No início deste trabalho conjunto, gostaríamos de ressaltar a importância dos temas centrais que iremos estudar. No capítulo 1, trataremos do tema liderança, enfocando o conceito, as principais teorias que buscam explicar este fenômeno e suas relações com outro conceito de muita importância que permeia nossas relações em grupo, que é o poder. No capítulo 2, trataremos a diferenciação entre grupos e equipes de trabalho, abordando, principalmente, o estágio de desenvolvimento dos grupos e as características das equipes de trabalho eficazes. 8 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 8 No capítulo 3, vamos enfatizar as características, uma modalidade de trabalho de equipe efi caz, como são consideradas as equipes de alta performance. Lembre-se de que as organizações que adotam um modelo de gestão mais moderna valorizam o trabalho de equipes de alta performance, em função dos resultados e do desenvolvimento pessoal que se obtém a partir das experiências advindas dessa maneira de trabalhar. Neste sentido, os resultados são positivos e benéfi cos tanto para a organização como para seus membros. Não esqueça que sua participação é essencial para o melhor aproveitamento deste caderno! Esperamos que, a partir da iniciativa de aprofundar seus estudos por meio do ingresso em um programa de pós-graduação, você possa aperfeiçoar e atualizar seus conhecimentos que, somados às suas práticas e experiências, podem fazer a diferença em suas intervenções profi ssionais. Desejamos que o tempo que você vai dedicar a este caderno seja proveitoso e que nossas considerações o auxiliem, de maneira oportuna e assertiva, no decorrer de sua trajetória profi ssional. Um abraço! Jeisa e Marcia. CAPÍTULO 1 Liderança A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conceituar liderança. Identifi car as principais teorias e abordagens que auxiliam na compreensão do fenômeno da Liderança. Caracterizar os estilos de liderança organizacional e avaliar quais os mais efi cazes. Avaliar as concepções de poder e sua infl uência nas organizações. Identifi car as dimensões da confi ança e avaliar a relação com o fenômeno da liderança. Diferenciar poder e autoridade. 10 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 10 11 LIDERANÇA 11 Capítulo 1 ConteXtualiZaçÃo Neste caderno iremos tratar de um assunto com que você provavelmente já teve contato, a liderança. Imaginamos que você é ou já foi um líder em alguma empresa, ou você é ou já foi um liderado. Enfi m, este tema é extremamente importante ao discutir o cotidiano das empresas e, por este motivo, é sempre muito interessante podermos nos lembrar das nossas aprendizagens prévias, tenham elas sido vivenciadas por nós ou apenas observadas, para que possamos tirar o máximo de proveito do nosso caderno de estudos. Outro tema que será trabalhado também poderá ser ilustrado com as suas próprias experiências. Estamos falando da dinâmica dos grupos e equipes. Desde nosso nascimento já estamos, de alguma forma, inseridos em um contexto social e isso nos permite ir desenvolvendo, cada vez mais, repertórios comportamentais, no sentido de tornar efi ciente nosso desempenho nesses grupos e equipes. Neste primeiro capítulo, discutiremos como o conceito de liderança vem evoluindo, levando em consideração as alterações no campo da gestão de pessoas. Em seguida, passaremos a discutir as principais teorias e abordagens que nos permitirão compreender o fenômeno da liderança. Trataremos, em seguida, de alguns dos diferentes estilos de liderança organizacional, buscando avaliar quais os estilos de liderança que se têm mostrado mais efi cazes nas organizações atualmente. Na segunda metadedeste capítulo, trataremos das diferentes concepções de poder que infl uenciam as tomadas de decisões dos gestores. Ao fi nal do capítulo, trabalharemos com o objetivo de identifi car as dimensões da confi ança e suas inter-relações com o fenômeno liderança. Nesse momento, teremos como objetivo avaliar a infl uência que este fenômeno tem sobre o desempenho do líder. Você deverá refl etir conosco e avaliar como esses fenômenos infl uenciam cada vez mais as rotinas organizacionais, e a vida de todos os sujeitos na organização. Temos como premissa básica que, para aprender, é preciso que o aluno seja ativo no processo de construção; por isso, você deverá conversar com pessoas, realizar pesquisas em empresas, buscar artigos e livros em acervos bibliográfi cos ou internet, considerar as suas experiências prévias como líder ou como subordinado, para que, no fi nal deste capítulo, você tenha uma ideia bem clara e crítica a respeito de como a liderança infl uencia as relações nas organizações. 12 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 12 Conceito de Liderança Atividade de Estudos: 1) Para dar início à nossa refl exão, é importante que você defi na o que, na sua visão, signifi ca liderança. Sua concepção inicial é de suma importância para iniciarmos os estudos, pois este é um conceito chave deste caderno de estudo. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Há uma enorme diversidade de abordagens a respeito da liderança, o que nos antecipa a ideia de que o assunto é complexo e continua evoluindo, indicando que temos muito conhecimento acumulado sobre o fenômeno, bem como muito a produzir e a conhecer ainda. Observemos, a seguir, organizadas de forma cronológica, algumas conceituações de liderança: • Pode ser considerada como um processo (ato) de infl uenciar as atividades de um grupo organizado em seus esforços no estabelecimento e execução de metas (STOGDILL, 1974). • É uma função das atividades existentes em uma determinada situação e consiste em uma relação entre um indivíduo e um grupo. O conceito é então funcional, existindo quando um líder é percebido por um grupo como possuidor ou controlador dos meios para satisfazer suas necessidades (KNICKERBACKER, 1977). • É uma tentativa, no âmbito da esfera interpessoal, dirigida por um processo de comunicação, para a consecução de alguma meta ou de algumas metas (FLEISHMAN, 1973). • É o processo de dirigir o comportamento das pessoas rumo ao alcance Há uma enorme diversidade de abordagens a respeito da liderança, o que nos antecipa a ideia de que o assunto é complexo e continua evoluindo, indicando que temos muito conhecimento acumulado sobre o fenômeno, bem como muito a produzir e a conhecer ainda. 13 LIDERANÇA 13 Capítulo 1 de alguns objetivos. Dirigir, nesse caso, signifi ca levar as pessoas a agir de certa maneira ou a seguir um curso de ação em particular (CERTO, 1994). • É a habilidade de infl uenciar pessoas para o alcance de objetivos. Esta defi nição enfatiza que o líder está envolvido com outras pessoas para alcançar objetivos, sendo então a liderança recíproca. Liderança é um fenômeno focado em pessoas e não em atividades de folhear papéis ou apenas resolver problemas. Envolve poder. (DAFT, 1994). • É uma infl uência interpessoal, exercida em uma dada situação e dirigida por meio do processo de comunicação humana, para a consecução de um ou mais objetivos específi cos. Os elementos que caracterizam a liderança são, portanto, quatro: a infl uência, a situação, o processo de comunicação e os objetivos a alcançar (CHIAVENATO, 2000). • Envolve a capacidade de infl uenciar atitudes, crenças, comportamentos e sentimentos de outras pessoas. Mesmo quem não é líder pode infl uenciar outras pessoas, mas os líderes exercem uma infl uência desproporcional; ou seja, o líder tem mais infl uência do que aquele que não é líder (SPECTOR, 2002). Seria importante agora observarmos as palavras que se encontram em negrito em cada defi nição, pois elas são as palavras-chave, nas quais podemos perceber a evolução da conceituação da liderança. Podemos visualizar as palavras infl uenciar, relação com a função, tentativa, direção, dirigir, infl uenciar as atitudes, crenças, comportamentos e sentimentos. Isso nos demonstra que há uma tentativa conceitual de tornar a defi nição mais completa e, ao mesmo tempo, mais específi ca, ligando o fenômeno a comportamentos específi cos. Agora que você já elaborou um conceito inicial com os seus conhecimentos a respeito da liderança e acaba de ter contato com algumas conceituações deste fenômeno e com suas palavras mestras, seria importante comparar a sua conceituação com as apresentadas anteriormente, para poder listar ideias coincidentes e divergentes a respeito do que você pensa sobre liderança. Ideias coincidentes Ideias divergentes Envolve a capacidade de infl uenciar atitudes, crenças, comportamentos e sentimentos de outras pessoas. Mesmo quem não é líder pode infl uenciar outras pessoas, mas os líderes exercem uma infl uência desproporcional; ou seja, o líder tem mais infl uência do que aquele que não é líder (SPECTOR, 2002). 14 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 14 1. 2. 3. 1. 2. 3. Podemos observar que conceituar um fenômeno com tantas variáveis e inter-relações não é realmente algo fácil. Desde o início do século passado alguns autores têm se dedicado a defi nir este conceito e derivar dele algumas práticas e implicações. Vamos iniciar nossa discussão a respeito de uma das mais antigas formulações teóricas sobre liderança: a teoria dos traços de personalidade. Mas, antes disso, seria importante você observar os conceitos que o mascote Leo esclarece. Personalidade é o conjunto integrado de características individuais, incluindo todos os fatores físicos, biológicos, psíquicos e socioculturais de sua formação, conjugando tendências inatas e experiências adquiridas no curso da existência da vida de um indivíduo. (BASTOS, 1997). Allport considerava que os traços de personalidade eram as predisposições a responder igualmente ou de modo semelhante a tipos diferentes de estímulos. Em outras palavras, os traços são formas constantes e duradouras de reagir ao nosso ambiente. (SCHULTZ, D.; SCHULTZ,S., 2002). Acima apresentamos uma conceituação de Allport. Você conhece o Allport? Gordon Willard Allport (1897-1967) foi um psicólogo reconhecido por formular uma teoria da personalidade que enfatiza o individual, ao mesmo tempo em que utiliza a abordagem do traço para possibilitar uma ciência quantitativa da personalidade. Allport tornou o estudo da personalidade uma parte academicamente respeitável dentro da psicologia, ao publicar, em 1937, Personality: a Psychological Interpretation (A Personalidade: uma interpretação psicológica). 15 LIDERANÇA 15 Capítulo 1 Possivelmente, a mais antiga concepção teórica de liderança é aquela que procurava identifi car os traços de personalidade que diferenciariam o líder do restante dos sujeitos que conviviam com ele; esta abordagem foi chamada teoria dos traços. Segundo esta primeira tentativa de sistematização das características inerentes aos líderes, – a teoria dos traços – o que os torna diferentes são traços individuais relacionados à inteligência, à assertividade, à coragem, à inovação e à astúcia. Atividade de Estudos: 1) Vamos pesquisar? Sugerimos uma pesquisa bibliográfica, cujo objetivo é´ responder à seguinte pergunta: Quais as qualidades que esperamos encontrar em um bom líder? Você poderá pesquisar nos livros sugeridos abaixo, que lhe darão subsídios para a realização da atividade: CROSBY, Philip B. Liderança: a arte de tornar-se um executivo. São Paulo: Makron Books, 1991. GRUPO ABRIL. O Grupo Abril: uma história de liderança. São Paulo, 1992. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Possivelmente, a mais antiga concepção teórica de liderança é aquela que procurava identifi car os traços de personalidade que diferenciariam o líder do restante dos sujeitos que conviviam com ele; esta abordagem foi chamada teoria dos traços. 16 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 16 Após alguns estudos e teorizações, a teoria dos traços foi considerada limitada em alguns aspectos. Alguns deles seriam: • A tentativa de explicar o fenômeno liderança a partir de categorias genéricas e que acabaram se mostrando de pouca serventia. • Não há um traço universal com a capacidade de prever a capacidade de liderar. • Evidências pouco claras quanto à separação de causa e efeito. Os líderes seriam mais autoconfi antes ou o sucesso da liderança é que provocaria autoconfi ança? • Os traços preveem o surgimento da liderança, mas não conseguem distinguir líderes com desempenho bom ou ruim. • Difi culdade de mensuração dos traços. • Têm implícita a ideia de que o líder nasce com os traços que caracterizariam sua capacidade, já que trata de identifi car e não de desenvolver liderança. Em função de suas limitações, tanto o conceito de traços, como a teoria dos traços de personalidade encontram-se superados. Outras teorias surgiram para tentar defi nir liderança e suas implicações de forma mais consistente. Nossa próxima seção de estudo é dedicada a outras importantes teorias acerca da liderança. Não podemos esquecer que, embora a teoria dos traços esteja superada, ela foi uma importante contribuição na época em que surgiu e se estabeleceu. Atualmente, essas ideias ainda são passíveis de serem observadas com frequência no cotidiano das pessoas (senso comum). Elas também são base para algumas teorias da administração que não acompanharam o desenvolvimento histórico da psicologia. Podemos refl etir a respeito de algumas pessoas que se tornaram reconhecidamente bons líderes em sua época. Vejamos alguns exemplos: Jesus Cristo; Átila, o Huno; Napoleão; Getúlio Vargas; entre outros. Mas, afi nal, por que estas pessoas se tornaram líderes em sua época e ainda hoje são conhecidas pela maioria de nós? São reconhecidos devido às qualidades pessoais que os tornaram diferentes de qualquer outra pessoa em sua época. Na fi gura, a seguir, observe de forma resumida algumas características que são passíveis de serem reconhecidas atualmente nos bons líderes. Lembremos que o comportamento de um líder é construído por uma série de atitudes. O bom líder tem facilidade de comunicação e de relacionamento Podemos refl etir a respeito de algumas pessoas que se tornaram reconhecidamente bons líderes em sua época. Vejamos alguns exemplos: Jesus Cristo; Átila, o Huno; Napoleão; Getúlio Vargas; entre outros. Mas, afi nal, por que estas pessoas se tornaram líderes em sua época e ainda hoje são conhecidas pela maioria de nós? São reconhecidos devido às qualidades pessoais que os tornaram diferentes de qualquer outra pessoa em sua época. 17 LIDERANÇA 17 Capítulo 1 com colegas de todos os níveis, sabe identifi car e reconhecer as conquistas alheias e é capaz de aprender com os erros e sempre pauta sua conduta pela colaboração e não pela competição. Figura 1 - Condutas apresentadas pelos bons líderes Reconhecimento das conquistas e não do status Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004, p. 340-341). Teorias da Liderança No tópico anterior, trabalhamos com os diversos conceitos do termo liderança, e concluimos que sua signifi cação foi se alterando historicamente e que há várias formas de conceituar o termo. Estas conclusões nos remetem à importância do presente tópico. Nesta seção, vamos continuar refl etindo a respeito das diferentes teorias que buscam explicar o fenômeno da liderança; porém de forma mais abrangente do que era possível apenas por meio da teoria dos traços de personalidade, apresentada na seção anterior. Para darmos continuidade ao nosso estudo, passaremos agora a enfocar outras teorias que buscaram compreender o fenômeno da liderança. Obviamente, não esgotaremos aqui a diversidade de abordagens teóricas que buscam explicar este fenômeno. Nosso objetivo será examinar apenas algumas das principais teorias. 18 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 18 a) Teoria da Contingência de Fiedler Para conhecer esta teoria, contamos com o auxílio de Chiavenato (2004). A Teoria da Contingência de Fiedler leva este nome já que Fred Fiedler elaborou um modelo para contingência, no qual ele afi rma que o estilo de liderança vai ser determinado pela situação na qual o líder está trabalhando. Ele acredita que os líderes utilizarão basicamente um dos dois estilos ao liderar: estarão motivados pela tarefa ou motivados pelo relacionamento. Fiedler utilizou um interessante instrumento para medir o estilo do líder – a escala do colega menos preferido. O modo como o líder descreve o colega menos preferido é a fonte para descobrir se ele é motivado principalmente pela tarefa ou pelo relacionamento. Esta escala tem como lógica que, quando as pessoas descrevem seu colega menos preferido, usarão termos positivos se forem voltadas para o relacionamento e, se descreverem o colega com termos negativos, é que estão voltadas para a tarefa. As medidas do controle situacional são baseadas em três fatores: • Relações líder - membro > apoio e aceitação que os membros do grupo têm para com seu líder. • Estrutura da tarefa > percepção que o líder tem daquilo que ele deve fazer com detalhes e precisão. • Posição de poder > forma com que a organização provê ao líder autoridade e meios para punir e recompensar os membros do grupo. Atividades de Estudos: 1) Procure agora listar quais seriam as características pessoais que você espera encontrar num líder motivado pelo relacionamento e num líder motivado pela tarefa. Motivado pelo relacionamento Motivado pela tarefa 1. 2. 3. 4. 1. 2. 3. 4. A Teoria da Contingência de Fiedler leva este nome já que Fred Fiedler elaborou um modelo para contingência, no qual ele afi rma que o estilo de liderança vai ser determinado pela situação na qual o líder está trabalhando. Ele acredita que os líderes utilizarão basicamente um dos dois estilos ao liderar: estarão motivados pela tarefa ou motivados pelo relacionamento. 19 LIDERANÇA 19 Capítulo 1 2) Agora observe, no quadro a seguir, o resumo das características pessoais abordadas na teoria da contingência de Fiedler e compare com as descrições que você enumerou nos quadros anteriores. Motivado pelo relacionamento Motivado pela tarefa 1. Menos diretivos. 2. Mais sociais. 3. Sente-se mais satisfeito quando as relações dogrupo são harmo- niosas. 4. Incentivam o estabelecimento de um clima emocionalmente positivo no grupo. 1. Incentivam o sucesso do grupo. 2. Mais autoritários. 3. Mais diretivos. 4. Sentem-se mais satisfeitos na realização da tarefa do que na forma de relacionamento no grupo. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Vamos revisar alguns conceitos importantes que vão esclarecer mais um pouco as ideias pertinentes a esta teoria? Observe as indicações do Mascote. Intensidade do controle situacional: relaciona-se ao grau de controle que o líder tem do ambiente de trabalho no qual está inserido. Vamos exemplifi car: um diretor de uma empresa, que necessite realizar a fusão de dois departamentos em função de uma necessidade de redução de custos, deverá ter um alto controle situacional, para que as mudanças sejam implementadas da forma mais tranquila possível. Levando em consideração que as mudanças são, na maioria das vezes, geradoras de estresse nas organizações, se o líder não for detentor de um alto grau de controle, a chance de desmotivação dos subordinados poderá ser grande. 20 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 20 Agora que você já esclareceu mais algumas conceituações, observe o quadro a seguir, no qual resumimos as descobertas da teoria da contingência de Fiedler: Quadro 1 - Intensidade do controle situacional Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004, p. 351-352). No sentido de dar um fechamento às ideias discutidas até agora, procure responder as questões a seguir. Sugerimos que você subsidie suas respostas utilizando suas experiências pessoais e os seguintes sites de pesquisa: http://casesdesucesso.wordpress.com/tag/lideranca http://www.neuding.com.br/cases/index.shtml http://alideranca2009.blogspot.com/2009/09/case-siemens.html Em uma organização, em que situações um líder se orienta mais pela tarefa ou mais pelas relações? 21 LIDERANÇA 21 Capítulo 1 Atividades de Estudos: 1) Em um mundo cada vez mais competitivo e rápido, estão os líderes dando a devida atenção para as relações? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) Será que necessariamente há uma oposição entre se orientar para a tarefa e se orientar pelo relacionamento? Não será possível cuidar dessas duas dimensões? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ b)Teoria da liderança de House Agora, trabalharemos com a abordagem estruturada por Robert House. Nesta sistematização, ele procura demonstrar como o líder infl uencia a percepção das metas de trabalho dos seus subordinados, suas metas de autodesenvolvimento e os caminhos seguidos para atingir tais metas. Abordagem estruturada por Robert House. Nesta sistematização, ele procura demonstrar como o líder infl uencia a percepção das metas de trabalho dos seus subordinados, suas metas de autodesenvolvimento e os caminhos seguidos para atingir tais metas. 22 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 22 A responsabilidade do líder é aumentar a motivação dos subordinados para alcançar objetivos individuais e organizacionais. Levando em consideração sua experiência prévia como líder e/ou como subordinado, procure listar quais seriam os passos ou caminhos que o líder deveria percorrer para atingir o objetivo destacado anteriormente. Neste exercício, solicitamos apenas 3 passos: O papel do líder, segundo esta abordagem, está centrado na tarefa de mostrar ao subordinado o tipo de comportamento que tem uma probabilidade maior de levar à consecução da meta estabelecida. A fi gura a seguir demonstra de forma resumida o papel do líder: Figura 2 - Liderança segundo House e Dessler Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004, p. 356-357). 23 LIDERANÇA 23 Capítulo 1 House e Dessler (1974 apud CHIAVENATO, 2004) propõem quatro tipos específi cos de liderança: • Liderança diretiva: o líder explica o que e como os subordinados devem fazer para executar suas tarefas. Exemplifi cando: neste caso, o líder daria todos os comandos e explicações a respeito de que forma ocorreria a fusão de dois departamentos da empresa. Atividades de Estudos: 1) Relate suas experiências de trabalho com um líder diretivo (se você já as teve): __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ a) Liderança apoiadora: líder focaliza as necessidades dos subordinados e seu bem-estar e promove um clima de trabalho amigável. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ • Exemplifi cando: o líder promoveria um ambiente de bem-estar, tendo como foco suas necessidades e, dentro deste contexto, implementaria a fusão de dois departamentos da empresa. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Liderança diretiva: o líder explica o que e como os subordinados devem fazer para executar suas tarefas. Exemplifi cando: neste caso, o líder daria todos os comandos e explicações a respeito de que forma ocorreria a fusão de dois departamentos da empresa. 24 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 24 • Relate suas experiências trabalhando com um líder apoiador (se você já as teve): __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ b) Liderança orientada para resultados:o líder enfatiza a defi nição de objetivos claros e desafi adores. • Exemplifi cando: o líder busca em primeiro lugar a execução da tarefa, sendo que todas as suas ações têm como objetivo a fusão de dois departamentos. Relate suas experiências trabalhando com um líder orientado para resultados (se você já as teve): __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ c) Liderança participativa: líder focaliza a consulta aos subordinados, pede sugestões e as leva em consideração antes de tomar decisões. Exemplifi cando: o líder buscaria nos subordinados a melhor forma de fundir dois departamentos e só depois implementaria as ações de fusão, levando em consideração suas sugestões. Relate suas experiências trabalhando com um líder participativo (se você já as teve): __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 25 LIDERANÇA 25 Capítulo 1 c) Teoria Comportamental – Grade de liderança A grade de liderança foi desenvolvida por Blake e Mouton para medir a preocupação que o líder tem com as pessoas e com a produção. Os resultados foram organizados numa grade de nove posições. Trata-se de um modelo baseado em cinco estilos de liderança colocados em uma grade com eixos vertical (preocupação com as pessoas) e horizontal (preocupação com a produção). Cada eixo tem uma escala de nove pontos, onde 1 corresponde a uma baixa preocupação e 9 corresponde a uma elevada preocupação. (DUBRIN, 2003). Confi ra o modelo a seguir: Figura 3 - Grade de Liderança 1 2 3 4 5 6 7 8 9 BAIXA ------------------------------- Preocupação com a Produção --------------------------ALTA Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004, p. 349). Para você entender a fi gura 3: à esquerda, percebemos pouca preocupação com as pessoas; já no lado direito, a preocupação aumenta progressivamente. Vejamos agora com maior detalhamento cada uma das classifi cações adotadas na fi gura 3 e de que forma elas são observadas no comportamento dos líderes. Grade de Liderança: modelo baseado em cinco estilos de liderança colocados em uma grade com eixos vertical (preocupação com as pessoas) e horizontal (preocupação com a produção). Cada eixo tem uma escala de nove pontos, onde 1 corresponde a uma baixa preocupação e 9 corresponde a uma elevada preocupação. (DUBRIN, 2003). 26 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 26 Figura 4 – Clube de campo Clube de Campo O líder dá atenção às necessidades das pessoas para alcançar relações que assegurem uma atmosfera confortável e amigável. Fonte: Disponível em: <http://offi ce.microsoft.com/pt-br/clipart/results.aspx? qu=meio+do+caminho&sc=20>. Acesso em: 16 set. 2009. Figura 5 – Gestão Pobre Gestão pobre O líder apresenta exercício de um mínimo de esforço para fazer o trabalho e manter-se como membro da organização. Fonte: Disponível em: <http://offi ce.microsoft.com/pt-br/clipart/results. aspx?qu=meio+do+caminho&sc=20>. Acesso em: 16 set. 2009. Figura 6 – Autoridade submissão Autoridade submissão A efi ciência nas operações depende das condições do trabalho, de maneira que as pessoas interfi ram pouco. Fonte: Disponível em: <http://offi ce.microsoft.com/pt-br/clipart/results. aspx?qu=meio+do+caminho&sc=20 >. Acesso em: 16 set. 2009. Figura 7 – Gestão de equipes. Gestão de equipes O cumprimento do trabalho decorre de pessoas comprometidas - interdependência por meio de um senso dos propósitos organizacionais que levam a relações de confi ança e respeito. Fonte: Disponível em: <http://offi ce.microsoft.com/pt-br/clipart/results. aspx?qu=meio+do+caminho&sc=20>. Acesso em: 16 set. 2009. Até agora estudamos a respeito dos diversos conceitos de liderança, bem como as diferentes teorias que buscam explicar como os lideres se comportam. Para aprofundarmos um pouco mais nossos estudos, gostaríamos que você realizasse a tarefa a seguir. Com certeza você irá aprender muito! 27 LIDERANÇA 27 Capítulo 1 Atividade de Estudos: 1) Sua tarefa será realizar uma pesquisa, seja ela bibliográfi ca ou de campo, na qual você deverá relacionar os principais comportamentos apresentados por estes principais tipos de gestor: Gestor de Clube de Campo Gestor com gestão pobre Gestor de equipes Gestor com gestão autoridade- submissão 1. 2. 3. 1. 2. 3. 1. 2. 3. 1. 2. 3. Estilos de Liderança Afi nal, o que são estilos comportamentais de liderança? Bergamini (1982) esclarece que o “estilo” de cada líder diz respeito às marcas individuais que caracterizam a sua identidade. Sendo que essas características não estão presentes apenas em determinado momento, mas apresentam uma continuidade através dos tempos e ao longo da vida do indivíduo. O estilo caracteriza o tipo de decisão que cada um toma, suas formas particulares de enfrentar problemas do dia a dia ou enfoques dos quais se serve para manutenção de relações interpessoais. 28 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 28 Um líder de equipe sempre tende a se tornar um modelo, a pessoa que "dá o tom" ao grupo. Procure a todo tempo ser um exemplo para os demais, ensinando e estimulando condutas positivas. Cabe ao líder criar um ambiente adequado para que a equipe alcance o sucesso. Pesquisas revelam que há dez qualidades que são as mais admiradas nos líderes. Elas se relacionam menos com a correção das decisões e mais com a integridade e determinação de comportamento. São elas: Figura 8 - O líder de equipe Fonte: Elaborado pelas autoras (2009). Após observarmos quais são as qualidades mais admiradas nos líderes, passaremos agora à apresentação de alguns estilos de liderança, que compõem o conjunto de comportamentos dos líderes. Carisma é, segundo House (1971, p.189-207): • Faculdade excepcional de uma pessoa e que a diferencia das demais. O carisma decorre de certas características individuais marcantes e um certo magnetismo pessoal que infl uenciam fortemente as pessoas. • Habilidade em lidar com os outros baseada no charme, magnetismo, inspiração e emoção. Um líder de equipe sempre tende a se tornar um modelo, a pessoa que “dá o tom“ ao grupo. Procure a todo tempo ser um exemplo para os demais, ensinando e estimulando condutas positivas. Cabe ao líder criar um ambiente adequado para que a equipe alcance o sucesso. Pesquisas revelam que há dez qualidades que são as mais admiradas nos líderes. Elas se relacionam menos com a correção das decisões e mais com a integridade e determinação de comportamento. 29 LIDERANÇA 29 Capítulo 1 Atividade de Estudos: 1) Você já havia estudado a respeito dos traços de personalidade e agora detém conhecimento sobre estilos de liderança. Sua tarefa é, então, estabelecer uma relação entre a concepção dos estilos de liderança e dos traços de personalidade. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ a) Líder carismático A liderançacarismática está relacionada com a força das habilidades pessoais que permitem um profundo e extraordinário efeito sobre os seguidores. Líderes carismáticos mudaram a face do mundo, como Moisés, Jesus Cristo, Gandhi, Napoleão, Getúlio Vargas, John Kennedy, entre outros. Mas como se comportam os seguidores dos líderes carismáticos? Os seus seguidores se identifi cam com o líder e com sua missão, exibem extrema lealdade e confi ança em seu líder, imitam seus valores e seu comportamento e têm uma enorme estima por ele. Podemos citar, mais recentemente, alguns líderes do ramo dos negócios que se tornaram novos líderes carismáticos, entre eles: Bill Gates e Jack Welch. Se você quiser conhecer um pouco mais sobre as principais características da liderança de Jack Welch, presidente da GM, consulte a obra Jack Welch – Os Segredos da liderança. Veja a referência completa desta obra: SLATER, Robert. Jack Welch – Os Segredos da liderança. São Paulo: Campus, 2004. 30 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 30 Com o objetivo de tornar mais claros os conceitos apresentados a respeito da liderança carismática, sugerimos que você leia o artigo: O papel do líder carismático em um contexto político-religioso. O texto está disponível no material de apoio e no endereço a seguir: http://www.csonline.ufjf.br/artigos/arquivos/ edicao2/artigos/cso2_edson.pdf Boa leitura e aproveite o relato do caso ! b) Líder transacional e transformacional O líder transformacional é aquele que auxilia as organizações e as pessoas a fazerem mudanças positivas no modo como conduzem suas atividades. A liderança transformacional está intimamente ligada à liderança estratégica, que provê direção e inspiração aos membros da organização. A ênfase dada à liderança transformacional está no impulso, nas mudanças positivas. Um dos principais fatores que contribuem para reforçar este estilo de liderança é o carisma. O líder transformacional exerce um nível de infl uência mais alto do que um líder transacional, porque motiva as pessoas a fazerem mais do que é esperado. Esse estilo de liderança é hoje considerado a chave para revitalizar grandes organizações. Podemos elencar seis transformações comuns de se observar neste estilo de liderança. O líder transformacional age, segundo Spector (2002, p.346-347), dentro dos seguintes preceitos: O líder transformacional exerce um nível de infl uência mais alto do que um líder transacional, porque motiva as pessoas a fazerem mais do que é esperado. Esse estilo de liderança é hoje considerado a chave para revitalizar grandes organizações. Podemos elencar seis transformações comuns de se observar neste estilo de liderança. 31 LIDERANÇA 31 Capítulo 1 Com o objetivo de tornar mais claros os conceitos apresentados a respeito da liderança transformacional, sugerimos que você leia o trabalho: Liderança transformacional: uma análise do cargo de coordenador em uma instituição de ensino superior. Boa leitura e aproveite o relato!! O texto está disponível no material de apoio e no endereço a seguir: http://www.cefi nt.com.br/publicacoes/artigos/artigo2.pdf Uma preocupação a respeito da liderança transformacional é que às vezes ela não é necessária. O líder transformacional poderia tentar fazer grandes mudanças em um sistema que precisa apenas de pequenas modifi cações. A liderança transacional envolve apenas uma relação de intercâmbio entre líderes e seguidores. A seguir, você poderá observar as características principais que distinguem um líder transacional e um líder transformacional, conforme Chiavenato (2004, p.361). 32 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 32 Atividade de Estudos: 1) Com o objetivo de aprofundar nosso estudo a respeito dos estilos de liderança, vamos propor agora que você faça uma atividade, primeiro de pesquisa bibliográfi ca, a partir do que estudamos neste caderno, e, em seguida, de campo. Saia de sua casa e vá a uma empresa (você poderá fazer a pesquisa na empresa na qual você trabalha; caso não trabalhe, agende a visita em uma organização) e busque identifi car os estilos de liderança utilizados pelos gestores. Seja ousado no sentido de se aprofundar nas formas de agir do líder para, em seguida, ter clareza a respeito de que forma (com que estilo) ele lidera seus subordinados. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 33 LIDERANÇA 33 Capítulo 1 Liderança e Poder nas OrganiZaçÕes São muitas as concepções sobre o poder encontradas na literatura. O nosso desafi o será conhecer como esse fenômeno interfere nas Organizações e de que forma, enquanto profi ssionais, poderemos utilizar o poder como um fenômeno mobilizador das instituições. Sem dúvida, esse é um fenômeno com muitas possibilidades de caracterização e defi nição, que foi estudado a partir de diferentes perspectivas. Autores da sociologia, psicologia, ciência política, antropologia, fi losofi a, dentre outras áreas de conhecimento, contribuíram e mostraram a importância desse fenômeno em nossas vidas. Além disso, é importante lembrar, desde já, outro conceito já estudado nesse caderno, que é o conceito de liderança sob diferentes perspectivas. Fique atento para o fato de que liderar sempre implica uma relação de poder. Paz, Martins e Neiva (2004) enfatizam que o fenômeno poder possui diversas caracterizações e perspectivas que difi cultam sua observação, sua discussão, investigação e até mesmo seu ensino. É importante reconhecer que são várias as concepções que contemplam a dimensão negativa do poder. Há estudos, por exemplo, vindos de uma perspectiva comportamental, que descrevem a imposição da vontade de uns perante a vontade de outros indivíduos, mesmo que esses outros sejam contrariados. Ainda existem os estudos que ressaltam o desejo de poder como próprio da natureza humana. De acordo com Paz, Martins e Neiva(2004), a visão negativa do poder aplicada às relações de produção, como dominação de uma classe social sobre a outra, torna possível o desenvolvimento de apropriação de forças produtivas. Sendo assim, é possível perceber que o poder assim compreendido é visto como forma de manutenção e reprodução das relações econômicas, que constituem relações desiguais de exploração do trabalho pelo capital. Estes autores destacam que, nas organizações, os indivíduos sempre têm algum poder, alguma capacidade de infl uenciar. Destacam ainda que a quantidade de poder que qualquer pessoa possui pode infl uenciar de diferentes maneiras, à medida que o ambiente no qual é exercido esse poder muda seus membros. Avaliar o fenômeno do poder como positivo ou negativo é considerar que essas qualidades denotam os fi ns para os quais o poder pode ser utilizado dentro das organizações. Com o auxílio de Chiavenato (2004) podemos compreender os principais marcos teóricos em relação ao fenômeno do poder: Paz, Martins e Neiva (2004) enfatizam que o fenômeno poder possui diversas caracterizações e perspectivas que difi cultam sua observação, sua discussão, investigação e até mesmo seu ensino. 34 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 34 Hobbes, Locke, Hume, Marx, Dahl, Bachrach, Baratz Concebem o poder como fenômeno causal, um fenômeno em que um ganha e o outro perde. As fontes de recursos se constituem em espaços de luta pelo poder. Há a inclinação do ser humano pormais poder, que só cessa com a morte. O poder é entendido como algo empregado para obter uma aparente vantagem futura. O estado natural é o estado de guerra de todos contra todos. Foucault Analisa o fenômeno de um ponto de vista mais positivo. Esse autor destaca que o que faz o poder ser aceito e mantido é o fato de ele não pesar como uma força que diz não, mas o poder permeia relações, produz coisas, induz ao prazer, forma saber e produz discurso. O poder é considerado uma rede produtiva que afeta todo o corpo social muito mais do que uma instância negativa que tem como função reprimir. O poder constrói práticas sociais. Há sempre uma possibilidade de resistência a uma relação de poder. O poder só existe em ação e não é tão somente manutenção nem reprodução das relações econômicas. Weber, Russel Relacionam o conceito de poder à noção de intencionalidade. São conside- rados os teóricos mais genéricos do poder. No âmbito das organizações do trabalho, mostram análises em que as organizações se prestam à descrição do exercício da dominação social que ocorre nas instituições, que compõem os meios de produção, geradoras de capital, onde os trabalhadores vendem sua força de trabalho, ou são consideradas para investigar o discurso do poder, que legitima práticas sociais como as que ocorrem nos presídios e instituições psiquiátricas. As organizações são vistas como ambientes permeados por relações de poder entre indivíduos e grupos. Atividade de Estudos: 1) Agora, a partir das concepções sobre poder estudadas até aqui, você deve escolher uma delas e descrever, nas linhas a seguir, que outras descobertas você consegue realizar a partir de pesquisas em outras fontes. Dessa forma, você poderá aprofundar o estudo de aspectos do poder que infl uenciam nossa realidade social. 35 LIDERANÇA 35 Capítulo 1 Para ajudá-lo na atividade, selecionamos alguns sites que podem ser úteis: http://www.webartigos.com/articles/6107/1/ conceitos-de-poder/pagina1.html e http://oquestamosafazer.blog spot.com/2007/12/ainda-o-conceito-de-poder-em-arendt.html. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Novamente, ao realizar essa atividade, você deve ter encontrado novas concepções sobre o poder. Perceba que o poder gera transformações na vida das pessoas e, em especial, nas organizações. Mas, afi nal, o que signifi ca poder? Nós já estudamos que o fenômeno do poder é de difícil conceituação e que diversos estudiosos compreendem esse constructo a partir de diferentes perspectivas. Araújo (2009) avalia que a resposta a essa pergunta é complexa, levando em consideração tanto o número de conceitos clássicos quanto o número de atualizações desses conceitos. O autor destaca que os conceitos são extremamente vastos, difi cultando uma compreensão única e adequada a respeito do assunto. Perissinotto (2004 apud ARAÚJO, 2009) relata que algumas defi nições de poder são rigorosas do ponto de vista metodológico, o que viabiliza a mensuração desse fenômeno. No entanto, o autor destaca que essas defi nições são artifi ciais. Outras, ao contrário, sugerem uma defi nição mais abrangente, mas, são maiores as difi culdades para operacionalizá-las. Novamente, isso nos mostra a diversidade de opiniões e pontos de vista sobre o assunto que estamos estudando, o que permite, inclusive, interpretações divergentes. Drummond (2003 apud ARAÚJO, 2009) apresenta duas formas de compreender o poder: uma se refere ao poder sobre, que tem a mesma linha de raciocínio de Maquiavel (1996), ou seja, enfatizando interesses próprios e ações enérgicas. A outra forma consiste em ter poder para fazer O fenômeno do poder é de difícil conceituação [...] diversos estudiosos compreendem esse constructo a partir de diferentes perspectivas. 36 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 36 algo, ou seja, capacidade que as pessoas possuem para fazerem algo diferenciado. Araújo (2009) aponta que é importante entender que alguns estudiosos defi nem o poder segundo a capacidade de infl uenciar alguém, focando mais os aspectos de relação pessoal, enquanto que outros autores dão maior ênfase ao poder para fazer, que faz referência ao status quo, tão valorizado e alimentado pela sociedade. Morgan (1996) mostra que a sua compreensão em relação ao poder revela uma verdadeira demonstração de status. Esse autor acredita que o poder é o meio pelo qual os indivíduos resolvem seus confl itos de interesses. Não podemos ainda deixar de destacar a forte infl uência e relação existente entre liderança e poder. Para alguns estudiosos, inclusive, liderança é poder. Araújo (2009) chama a atenção para o fato de que o inverso não é verdade, ou seja, poder não é sinônimo de liderança, já que o indivíduo não escolhe ser líder, ele é escolhido. Sendo assim, esse tipo de poder surge informalmente. O autor oferece um exemplo que podemos utilizar para refl etir: sabemos que nem todo chefe é um líder, mas todo líder tem certo poder. Araújo (2009) sugere uma visão mais ampla do conceito de poder, focando os aspectos de relações pessoais ou mesmo a dimensão estrutural do status quo. O ideal, para Araújo (2009, p.324): [...] é perceber que uma pessoa tem poder segundo o seu status, baseando-se na estrutura hierárquica e nas relações entre os diferentes níveis (poder legítimo), sendo este poder inerente à autoridade e legitimado por meio de regras, ao mesmo tempo em que infl uencia pessoas, independentemente de seu lugar na estrutura da organização. Galbraith (1999 apud ARAÚJO, 2009) delimita algumas razões pelas quais as pessoas querem o poder: • Para autopromoção: a pessoa quer o poder para se autopromover; este ideal é totalmente contrário à democracia. • Para disseminar seus valores: pessoais, religiosos e sociais. Envolve o poder de persuasão ou a imposição de valores por parte de quem visa o poder. • Para obter apoio à sua visão de mundo: neste caso, o poder não necessita ser conquistado e mantido a qualquer custo; ao contrário, a pessoa busca o poder para conseguir disseminar o seu modo de enxergar o mundo. Morgan (1996) mostra que a sua compreensão em relação ao poder revela uma verdadeira demonstração de status. 37 LIDERANÇA 37 Capítulo 1 Atividade de Estudos: 1) Depois de termos conhecido algumas concepções sobre o fenômeno do poder, vamos tentar identifi car outras situações que delimitam ou mostram motivos que levam as pessoas a quererem mais poder. Você é capaz de pensar e registrar nas linhas abaixo outros motivos? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Existem várias formas de entender as fontes de infl uência e poder. French e Raven (1959 apud SPECTOR, 2002) descreveram que a infl uência ou o poder que uma pessoa tem sobre a outra está baseado em cinco fatores que envolvem características individuais e condições organizacionais e fazem referênciaao relacionamento entre líderes e liderados. Nesse sentido, o poder surge como interação. São cinco as bases de infl uência e poder interpessoais descritas por esses autores e que podem ser utilizadas da seguinte maneira: • Experiência: utilizada para fornecer informações. • Referência: fazer com que os subordinados gostem de você. • Legitimidade: obter um alto cargo ou escalão. • Recompensa: dar recompensas pela conformidade. • Coerção: punir a não conformidade. Depois de realizar essas descobertas sobre as noções de poder e de liderança, é possível refl etirmos o quanto esses conceitos estão próximos e formam, inclusive, uma unidade relacional. Em todo processo de liderar há relações de poder envolvidas. Algumas vezes, a própria condição de ser líder Em todo processo de liderar há relações de poder envolvidas. Algumas vezes, a própria condição de ser líder em alguma área, quando não é bem administrada pelo indivíduo, permite que ele faça uso inadequado do poder e acabe confundindo esse conceito com o de autoridade. 38 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 38 em alguma área, quando não é bem administrada pelo indivíduo, permite que ele faça uso inadequado do poder e acabe confundindo esse conceito com o de autoridade. Outro aspecto a considerar é a noção de que ser líder está relacionado a um papel que o indivíduo vai desempenhar dentro de um determinado contexto e situação, e em relação a um grupo determinado. Portanto, em diferentes contextos e situações esse papel pode ser modifi cado e o seu poder consequentemente diminuído. Alguns livros como: “A arte da guerra” de Sun Tzu, “48 leis do poder”, de Joost Elff ers e Robert Greene, e “O Príncipe”, de Maquiavel, são exemplos de literaturas que vão ajudá-lo a identifi car os usos e abusos do poder. Vamos, agora, iniciar o estudo da confi ança, intimamente relacionada à liderança Liderança e Confiança No decorrer deste caderno, já estudamos e pudemos aprender que os líderes são pessoas que estão em evidência em diferentes contextos: em algum setor de uma organização, supervisionando o trabalho de alguns colaboradores; em salas de aula, como professores; administrando as condições de aprendizagem; ou em outros locais onde se faz necessária a presença de um líder. Nós, agora, já sabemos também que essas pessoas compartilham algumas responsabilidades em comum. Uma delas é o fato de terem que administrar e encontrar um equilíbrio entre as exigências que precisam fazer aos liderados e, em contrapartida, o “modelo” de comportamento que precisam oferecer para ganhar credibilidade e confi ança dos seus liderados. Sendo assim, parece ser fundamental que os líderes sejam pessoas de confi ança e apresentem alguns comportamentos compatíveis com essas exigências. Sabemos que a satisfação pessoal dos colaboradores de uma organização, por exemplo, está diretamente relacionada à capacidade de infl uenciar do líder. Alguns comportamentos então parecem ser essenciais para que uma pessoa possa ser considerada um líder. Uma delas é o fato de terem que administrar e encontrar um equilíbrio entre as exigências que precisam fazer aos liderados e, em contrapartida, o “modelo” de comportamento que precisam oferecer para ganhar credibilidade e confi ança dos seus liderados. 39 LIDERANÇA 39 Capítulo 1 Atividade de Estudos: 1) A seguir, vamos discutir um pouco as características da personalidade dos líderes. Realize uma pesquisa bibliográfi ca e anote algumas descobertas feitas em relação à personalidade dos líderes. Para fazer esta atividade, sugerimos algumas referências: - Você pode visitar o site: http://www.efagundes.com/artigos/A_ Personalidade_do_Lider.htm. - O livro “O Líder 360º graus” de Maxwell, John C e Thomas Nelson Brasil, também pode auxiliá-lo a realizar novas descobertas. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Depois de realizar essa atividade, procure ter em mente o que você acaba de descobrir e estabeleça relações com as características descritas no texto a seguir. Lembre que estas características podem ser sempre melhoradas e aperfeiçoadas, assim como qualquer outro comportamento de uma pessoa. Seria oportuno que os líderes, de uma maneira geral, apresentassem alguns comportamentos indicados por Mirshawka (2006): a) Os líderes têm estima pelas pessoas: sabem valorizar as pessoas não apenas pelo que elas são, mas principalmente pelo que são capazes de fazer. 40 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 40 b) Os líderes procuram ter uma brilhante comunicação interpessoal: eles conseguem convencer com confi ança. Acreditam e sabem comunicar com clareza e precisão o que estão dizendo. c) São mestres no gerenciamento do tempo: sabem estabelecer prioridades, não usam da autoridade para impor algo aos demais. Usam bem o seu tempo, sem desperdícios de situações. Mirshawka (2006) destaca que os líderes sabem muito bem como proceder diante de algumas situações: “fazer isso é vital agora”; “estamos diante de uma condição crítica”; “precisamos terminar tudo isso hoje”; “isso é nossa prioridade máxima”; “é urgente providenciarmos tudo agora” e outras situações que exigem tomadas de decisão. Esse mesmo autor destaca que os líderes procuram executar coisas que possam alterar de forma positiva o futuro. d) Os líderes buscam executar suas ações com perfeição: buscam aperfeiçoar sua performance por meio de treinamentos, estudos constantes, que mudem seus comportamentos de maneira a obterem maior satisfação pessoal e resultados. e) Os líderes apoiam o surgimento de “novos campeões”: valorizam sua equipe de trabalho e querem indivíduos autônomos, hábeis, que fortaleçam seu trabalho. f) Os líderes sabem ditar o ritmo: para impor os limites necessários, os líderes fazem uso dos 3Ds: determinação, disciplina e desejo. O líder deve apresentar também carisma, que é uma qualidade que atrai as pessoas e facilita o relacionamento interpessoal. g) Incutem a integridade e a habilidade de aprender entre todos os membros de uma organização: são qualidades essenciais que permitem o contínuo desenvolvimento dos indivíduos de um grupo. A integridade é aquela qualidade que dá confi ança ao líder de que seus auxiliares provavelmente irão cumprir objetivos e metas determinadas. h) Determinação: um líder assume a responsabilidade pelas suas ações e não coloca dúvidas ao decidir sobre uma situação ou problema. i) Conhecimento: sabe utilizar seu capital intelectual para transformar seu conhecimento em capacidade de atuar. Promove ações efi cazes e não tem problemas em buscar ajuda quando necessário. j) Conhecer o rumo: consegue estabelecer metas e objetivos estratégicos para as pessoas e para a organização. k) Clareza: comunica-se com muita objetividade e clareza, a tal ponto que as coisas ditas permanecem lembradas por todos. 41 LIDERANÇA 41 Capítulo 1 l) Carisma: ser compreensivo e apresentar uma postura amigável diante do grupo. Mostra, por meio de ações ao grupo, que é uma pessoa agradável e digna de estima. Esperamos que, com a descrição de todas essas características, você tenha conseguido visualizar melhor quais são os comportamentos que devem ser apresentados e que facilitam a aprendizagem de se tornarum líder. É a integração de todos esses comportamentos que constitui um conjunto equilibrado de ações que podem fazer a diferença para um líder. Atividade de Estudos: 1) Agora que você já estudou os diferentes conceitos da liderança, as diversas abordagens teóricas, as relações entre liderança, poder e confi ança, gostaríamos que você fi zesse uma síntese, considerando todas as aprendizagens que você desenvolveu até aqui, por meio do estudo deste caderno, da literatura consultada, das atividades realizadas e outros. Não se esqueça de considerar que você já é um profi ssional, que possui experiências. Sendo assim, utilize-as para melhor desempenhar sua tarefa. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 42 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 42 Algumas ConsideraçÕes Caro aluno, nesta primeira etapa do nosso caderno de estudos, conceituamos liderança e poder e percebemos juntos que não há uma forma única de compreender este fenômeno que permeia as relações humanas e que está tão presente dentro das organizações. Avançamos mais um pouco e identifi camos as principais abordagens teóricas que buscam compreender estes fenômenos. Concluímos juntos, mais uma vez, que já houve e há diversas tentativas de buscar uma compreensão mais completa da liderança e suas relações com o poder. Seguimos aprofundando nossas refl exões e ações e fi nalmente nos envolvemos em caracterizar e avaliar os estilos de liderança organizacional mais utilizados atualmente, e que se têm mostrado mais efi cazes para os líderes desenvolverem melhor suas competências no ambiente de trabalho. Esperamos terem sido proveitosas as descobertas realizadas. Continuaremos investigando e descobrindo novos conhecimentos acerca de grupos e equipes de trabalho nas organizações, no próximo capítulo. ReferÊncias ARAÚJO, L.C. G. de. Gestão de pessoas: estratégias e integração organizacional. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2009. BASTOS, A. V. B. Comprometimento no trabalho: os caminhos da pesquisa e os desafi os teórico-metodológicos. In: TAMAYO, A.; BORGES-ANDRADE, J.E.; CODO, W. (Org.). Trabalho, organizações e cultura. São Paulo: Editores Associados, 1997.p. 105-127. BERGAMINI, C. W. Psicologia aplicada à administração de empresas. São Paulo: Atlas, 1982. CERTO, C. S. Modern management: diversity, quality, ethics and the global environment. Boston: Allyn & Bacon, 1994. CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. ______. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro: Campus, 2000. DAFT, R. L. Management. Forth Worth: Dryden,1994. 43 LIDERANÇA 43 Capítulo 1 DUBRIN, A. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. FLEISHMAN, E. A. Twenty years of communication and structure. In: FLEISHMAN, E. A; HUNT, J. G. Current developments in the study of leadership. Carbondale: Southern Illinois University, 1973. HOUSE, R.J.A path-gool theory of leader eff ectiveness. Administrative Science Quartely, n. 16, 1971. KNICKERBACKER, I. 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Nova York: Free, 1974. 44 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 44 CAPÍTULO 2 Coaching como Estratégia no Desenvolvimento de Equipes A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conceituar grupos de trabalho. Conceituar equipes de trabalho. Identifi car o processo de formação de grupos e equipes. Distinguir grupos de equipes de trabalho. Identifi car as características das equipes de trabalho efi cazes. Caracterizar as etapas e estágios de desenvolvimento dos grupos. 46 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 46 47 GRUPOS E EQUIPES DE TRABALHO NAS ORGANIZAÇÕES 47 Capítulo 2 ConteXtualiZaçÃo Já avançamos bastante em nossos estudos a respeito de fenômenos que buscam tornar as organizações mais efi cazes. Lembre-se de que no capítulo 1 estudamos a respeito dos conceitos e teorias da liderança. Nesse capítulo foi possível perceber que o líder está sempre inserido em um contexto grupal, exercendo poder de alguma forma. Tratamos também das relações de poder a que sujeitamos os outros e a que estamos sujeitos em todos os momentos dentro dos grupos de trabalho. A partir de agora, vamos iniciar nossa discussão a respeito da formação de grupos e equipes de trabalho: um assunto que você terá muito prazer em estudar, já que desde muito cedo estamos inseridos em diversos grupos e/ou equipes, o que provavelmente facilitará o seu entendimento e proporcionará mais subsídios para suas intervenções profi ssionais. Para que o estudo deste tema se torne mais fácil e prático, procure ter sempre em mente as suas vivências grupais e as relações interpessoais. Estas experiências com certeza favorecerão muito o entendimento dos conceitos e das situações apresentadas neste capítulo. FormaçÃo de Grupos e Equipes Atualmente, ouvimos muito falar a respeito dos líderes gerindo grupos e equipes de trabalho, tornando o trabalho mais efi caz quando é executado em um formato, em detrimento de outro. Levando isso em consideração, neste capítulo estudaremos as conceituações de grupos e equipes, seu processo de formação, para, no fi nal, discutirmos as características das equipes efi cazes. a) Conceituações sobre grupos As empresas estão alterando sua estrutura de funcionamento, de uma empresa mais tradicional, baseada em setores e subsetores que trabalham de forma praticamente isolada, para um formato mais integrado, de equipes coesas e de alto desempenho. Podemos agora nos perguntar: por que as empresas estão alterando sua forma de funcionamento que deu bons resultados por tantos anos? As empresas estão alterando sua estrutura de funcionamento, de uma empresa mais tradicional, baseada em setores e subsetores que trabalham de forma praticamente isolada, para um formato mais integrado, de equipes coesas e de alto desempenho. A resposta é bastante simples: O mundo mudou e o mundo das organizações obviamente também. 48 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 48 A resposta é bastante simples: o mundo mudou e o mundo das organizações obviamente também. Hoje percebemoso mundo dos negócios caracterizado por rápida mudança, muitas incertezas, acirrada competitividade, necessidade cada vez maior de condições de trabalho fl exíveis e adaptáveis a esse contexto em constante mutação. Atividade de Estudos: 1) Sua tarefa será realizar uma pesquisa de campo, interrogando 5 colegas que trabalham ou estudam com você. Eles deverão responder esta pergunta: afi nal, o que é um grupo? Registre os conceitos obtidos ao longo da pesquisa. Depois verifi que as similaridades e divergências dos conceitos elaborados e elabore o seu. Procure perceber que a conceituação de grupo pode ser determinada de várias perspectivas diferentes, dependendo da visão de quem a respondeu. Registre aqui o seu conceito de grupo. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Esperamos que você tenha feito a pesquisa a respeito da conceituação sobre grupo. Suas impressões acerca das similaridades e diferenças encontradas serão muito proveitosas agora, ao analisarmos algumas defi nições com as quais alguns teóricos nos contemplam sobre o que é um grupo. 49 GRUPOS E EQUIPES DE TRABALHO NAS ORGANIZAÇÕES 49 Capítulo 2 Quadro 2 – Defi nições sobre grupo Homans (1950, p.1) Grupo é um certo número de pessoas que se co- municam entre si com frequência, durante certo tempo, e que estejam em número sufi ciente- mente pequeno, de modo que cada pessoa possa comunicar-se com todas as outras, não de maneira indireta, mas diretamente face a face. Bass (1960, p.39) Grupo é um conjunto de pessoas cuja existência como conjunto seja compensadora para elas. McDavid e Harari (1968, p.237) Grupo é um sistema organizado de dois ou mais indivíduos inter-relacionados, de modo que o sistema cumpra alguma função e que haja um conjunto de relações de papéis padrão entre os membros e um conjunto de normas que regule sua função e a função de cada um dos seus membros. Shaw (1971, p.133) Um grupo é constituído por duas ou mais pesso- as que interagem entre si, de tal maneira que o comportamento e o desempenho de uma delas são infl uenciados pelo comportamento e pelo desempenho da outra. Gibson, Ivancevich e Donnelly (1976, p.163) O grupo existe quando seus membros: 1) estão motivados para nele ingressar e permanecer; 2) percebem o grupo como uma unidade inte- grada de pessoas que interagem entre si; 3) contribuem de vários modos para os processos grupais (contribuem com tempo e energia); 4) concordam e discordam mediante várias for- mas de interação. Fonte: As autoras. Ao terminar a leitura do quadro, releia a defi nição que você elaborou na atividade de estudos. Como você pode constatar, não há uma forma única e universal de defi nir grupos. As palavras negritadas no texto nos permitem perceber o enfoque que cada autor dá a sua conceituação. Constatamos também que o tópico coesão permeia todas as conceituações, algumas vezes de forma mais direta e de outras vezes mais indireta, tendo em vista que este é um assunto de muita relevância quando discutimos a respeito dos grupos e equipes. 50 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 50 Mas, afi nal, o que é coesão? Cartwright e Zander (1975) sugerem que um grupo coeso pode ser conceituado como aquele cujos membros se propõem a trabalhar por um objetivo comum, e em que todos aceitam a responsabilidade pelo trabalho coletivo. Festinger (1975) defi ne a coesão como o campo total de forças que atuam sobre um mesmo grupo para que permaneçam nele. Grupo coeso é um grupo de indivíduos que pensam, sentem e atuam como uma unidade. A equipe como organização coesa não ocorre no início da formação do grupo de modo repentino, ela é construída pela vontade comum de todos (TUTKO; RICHARDS, 1984). A coesão é uma das principais características dos grupos, por isso este conceito merece tanto destaque. Um líder que atua em um grupo coeso terá maior facilidade de programar e executar as ações que julgar necessárias. Para tanto, deverá estar sempre atento, a fi m de implementar comportamentos que busquem o estabelecimento ou o fortalecimento da coesão grupal. Vamos considerar agora algumas circunstâncias que tornam o grupo mais coeso (MINICUCCI, 2001): • É ameaçado. • Tem pequeno número de componentes. • Os membros têm interesses comuns, bem defi nidos, salários equivalentes, além de nível social equilibrado. • A comunicação entre os membros se realiza com facilidade, sem bloqueios e distorções. • Está isolado de outros grupos. • O supervisor utiliza recursos de técnicas de grupo em suas atividades. • Obtém sucesso no trabalho. A coesão é uma das principais características dos grupos, por isso este conceito merece tanto destaque. Um líder que atua em um grupo coeso terá maior facilidade de programar e executar as ações que julgar necessárias. Para tanto, deverá estar sempre atento, a fi m de implementar comportamentos que busquem o estabelecimento ou o fortalecimento da coesão grupal. 51 GRUPOS E EQUIPES DE TRABALHO NAS ORGANIZAÇÕES 51 Capítulo 2 Para aprofundar seus conhecimentos acerca da coesão, sugerimos a leitura do artigo Grupo de gestantes: espaço de conhecimentos, de trocas e de vínculos entre os participantes. O estudo relata a experiência de um grupo de gestantes que vivenciou o processo de formação e de coesão grupal. Esperamos que este relato lhe auxilie a perceber que este processo pode se confi gurar com formatos muito diversifi cados. O artigo está disponível no site: http://www.fen.ufg.br/revista/revista6_2/gestantes.html Continuando nossos estudos acerca da coesão, podemos dizer que a coesão de um grupo depende de: • Seu status • Homogeneidade • Comunicação • Isolamento • Práticas de supervisão • Ameaças de agressão • Sucesso Vamos ao dicionário Michaelis que pode auxiliá-lo a entender dois dos conceitos anteriormente enumerados: “Status é a posição de um indivíduo em um grupo (ou do grupo noutro maior de que faça parte), determinada pelas relações com todos os outros membros, através de competição consciente.” “Homogeneidade é a qualidade de homogêneo. A qualidade característica de uma população quando os indivíduos que a compõem oferecem marcadas semelhanças biológicas ou culturais.” A coesão de um grupo depende de: • Seu status • Homogeneidade • Comunicação • Isolamento • Práticas de supervisão • Ameaças de agressão • Sucesso 52 Princípios de Liderança e Gestão de Equipes 52 Vamos prosseguir explorando a coesão, mas agora na perspectiva de Kurt Lewin, para quem a coesão é uma característica essencial aos grupos. O funcionamento dos grupos é um fenômeno da interação social explorado há muitos anos por psicólogos sociais, antropólogos, fi lósofos, educadores, entre outros. Kurt Lewin é um importante e pioneiro teórico, que não poderíamos deixar de mencionar, já que este desenvolveu muitos trabalhos voltados à dinâmica dos pequenos grupos, nas organizações. Você sabe quem é Kurt Lewin ? Kurt Lewin (1890-1947) foi o psicólogo que deixou a herança mais importante para o movimento das Ciências do Comportamento. Ele orientou e/ou inspirou a maior parte dos pesquisadores, dedicados à Administração e à Psicologia Industrial