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I Robert L. Leahy Técnicas de terapia Cognitiva manual do terapeuta "Um tesouro de técnicas e estratégias em terapia cognitiva. Oferece todas as ferramentas que o terapeuta precisa para uma terapia cognitiva efetiva." _________________________Aaron T. Beck, M.D. "Em um estilo cuidadoso, de leitura agradável, Leahy descreve técnicas específicas, explica os motivos de cada intervenção, ajuda o leitor na implementação das técnicas abordadas, apresenta exemplos clínicos e soluções para possíveis dificuldades. O profissional pode escolher as intervenções que apresentam maior probabilidade de dar certo em um determinado plano de tratam ento... Eu leciono a matéria de Terapia Cognitivo-comportamental e adotarei este texto nessa ; disciplina." __________________Arthur Freeman, Ed.D., ABPP Uma companhia indispensável, este livro possui ferramentas úteis para a intervenção dos terapeutas cognitivos, sejam eles iniciantes ou experientes. É detalhada uma imensa variedade de técnicas baseadas em evidências, podendo ser utilizadas em problemas e desafios terapêuticos específicos. Os terapeutas irão redescobrir - ou aprender pela primeira vez - inúmeras maneiras efetivas de identificar e contestar pensamentos e crenças nucleares, de modificar padrões de preocupação, autocrítica e busca de aprovação, de avaliar esquemas pessoais, de intervir em processos emocionais e de estimular novas experiências para os pacientes. Cada técnica é detalhadamente descrita, no estilo acessível que caracteriza Robert L. Leahy, e ilustrada com exemplos de casos neste livro que contém mais de 80 formulários e fichas a serem utilizados com os pacientes. TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL V artmed grupo ^ Conhecimento que transforma. BIBLIOTECA ARTM ED Terapia cognitivo-comportamental ABREU, C.N. - Psicoterapias cognitiva e construtivista: novas fronteiras da prática clínica ABREU-RODRIGUES, RIBEIRO & COLS.- Análise do comportamento: pesquisa, teoria e aplicação BASCO, M. - Transtorno bipolar: terapia cognitivo-comportamental - Guia do terapeuta BASCO, M. - Transtorno bipolar: terapia cognitivo-comportamental - Manual do paciente BAUM, W. - Compreender o behaviorismo: comportamento, cultura e evolução (2.ed. rev. ampl.) BECK & ALFORD - O poder integrador da terapia cognitiva BECK, FREEMAN, DAVIS & COLS. - Terapia cognitiva dos transtornos de personalidade (2.ed.) BECK, RUSH & SHAW - Terapia cognitiva da depressão BECK, J.S. - Pense magro: a dieta definitiva de Beck BECK, J.S. - Terapia cognitiva: teoria e prática BECK, J.S. - Teoria cognitiva para desafios clínicos: o que fazer quando o básico não funciona BIELLING; MCCABE; ANTONY & COLS.-Terapia cognitivo-comportamental em grupos BIRMAHER, B. - Guia para crianças e adolescentes com transtorno bipolar CORDIOLI, A. V.-Vencendo o transtorno obsessivo-compulsivo: manual de terapia cognitivo- comportamental para pacientes e terapeutas DATTILIO & FREEMAN - Estratégias cognitivo-comportamentais de intervenção em situações de crise DATTILIO & PADESKY - Terapia cognitiva com casais DOBSON, K.S. - Manual de terapias cognitivo-comportamentais FRIEDBERG & MCCLURE - A prática clínica de terapia cognitiva com crianças e adolescentes GREENBERGER & PADESKY - A mente vencendo o humor: mude como você se sente, mudando o modo como você pensa KNAPP & COLS.-Terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica KNAPP & COLS.-Terapia cognitivo-comportamental no Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade - Manual do Paciente KNAPP & COLS.-Terapia cognitivo-comportamental no Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade - Manual do Terapeuta LEAHY, R.L. - Como lidar com as preocupações LEAHY, R.L. - Técnicas de terapia cognitiva MARLATT, G.A. - Prevenção de recaída MCMULLIN, R.E. - Manual de técnicas de terapia cognitiva MOREIRA & MEDEIROS - Princípios básicos de análise do comportamento RANGÉ, B. - Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria STALLARD, P. - Bons pensamentos-bons sentimentos: manual de terapia cognitivo- comportamental pra crianças e adolescentes STALLARD, P. - Guia do terapeuta para os bons pensamentos-bons sentimentos: utilizando a terapia cognitivo-comportamental com crianças e adolescentes SAFREN; SPRICH, PERLMAN, OTTO - Dominando oTDAH adulto: programa de tratamento cognitivo-comportamenta - guia do terapeuta SAFREN; SPRICH, PERLMAN, OTTO - Dominando o TDAH adulto: programa de tratamento cognitivo-comportamenta - manual do paciente WRIGHT, BASCO &THASE - Aprendendo com a terapia cognitivo-comportamental YOUNG, J. E. - Terapia cognitiva para transtornos da personalidade: uma abordagem focada no esquema YOUNG; KLOSKO & WEISHAAR - Terapia do esquema: Guia de técnicas cognitivo comportamentais inovadoras Técnicas de Terapia Cognitiva A Artmed é a editora oficial da ABP Robert. L. Leahy, Ph.D. Presidente da International Association for Cognitive Psycho- therapy. Fundador e Diretor do American Institute for Cognitive Therapy da cidade de Nova York (www.CognitivetherapyNYC.com). Professor Associado de Psicologia Clínica do Departamento de Psiquiatria da Cornell University Medicai School. Ex-editor do Journal o f Cognitive Psychotherapy. L434t Leahy, Robert L. Técnicas de terapia cognitiva: manual do terapeuta / Robert L. Leahy; tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese, Luzia Araújo. - Porto Alegre: Artmed, 2006. 360 p. ; 25 cm. ISBN 978-85-363-0726-8 1. Psicologia - Terapia cognitivo-comportamental. I. Título. CDU 615.851 Catalogação na publicação: Júlia Angst Coelho - CRB 10/1712 http://www.CognitivetherapyNYC.com Robert L. Leahy Técnicas de Terapia Cognitiva manual do terapeuta Tradução: Maria Adriana Veríssimo Veronese Luzia Araújo Consultoria, supervisão e revisão técnica desta edição: Irismar Reis de Oliveira Professor Titular de Psiquiatria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Terapeuta Cognitivo formado pelo Beck Institute Membro Fundador (Founding Fellow) da Academy of Cognitive Therapy (ACT) Membro da International Association of Cognitive Psychotherapy (IACP) Reimpressão 2008 2 0 0 6 Obra originalmente publicada sob o título: Cognitive Therapy Techniques: A practitioner’s Guide ISBN 1-57230-905-9 ©2003, Robert L. Leahy, Published by arrangement with the Guilford Press Capa: Gustavo M acri Preparação de originais: Solange Canto Loguercio Leitura final: Carla Rosa Araújo Supervisão editorial: M ônica Ballejo Canto Editoração eletrônica: Laser H ouse Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à ARTMED® EDITORA S.A. Av. Jerônimo de Orneias, 670 - Santana 90040-340 Porto Alegre RS Fone (51) 3027-7000 Fax (51) 3027-7070 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora. SÃO PAULO Av. Angélica, 1091 - Higienópolis 01227-100 São Paulo SP Fone (11) 3665-1100 Fax (11) 3667-1333 SAC 0800 703-3444 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED1NBRAZIL Dedicado a David Bums Agradecimentos Gostaria de agradecer a Seymour Weingarten, editor-chefe da Guilford Press, por seu apoio. Minha experiência com a Guilford tem sido invariavelmente positiva. Meu editor na Guilford, Jim Nageotte, ajudou-me na organização e na apresentação dos conceitos neste livro. Espero continuar colaborando com Jim, Seymour e a Guilford. A idéia deste livro surgiu de discussões em um excelente restaurante no Soho, na cidade de Nova York - diante de uma refeição vietnamita no “Can”. Uma vantagem de ser autor em Nova York é o prazer de uma refeição ocasional acompanhada por uma excelente discussão. Estávamos discutindo o projeto de Treatm entplans and interventionsfor depression and anxiety disorders, em co-autoria com Stephen J. Holland. Seymour e sua equipe acreditavam que seria necessário um livro separadosobre técnicas, especialmente por eu haver listado quase 100 técnicas com exemplos no Treatment plans. O presente livro é resultado dessa discussão. Gostaria de agradecer aos meus colegas do American Institute for Cognitive Therapy da cidade de Nova York, especialmente à minha colega de tanto tempo, Laura Oliff. Em discussões semanais de casos durante os últimos 10 anos, discuti quase tudo o que posteriormente publiquei. Os profissionais interessados na formação avançada em terapia cognitiva podem entrar em contato conosco pelo site www.CognitiveTherapyNYC.com. Meus assistentes editoriais e de pesquisa - Randye Semple e David Fazzari (ambos da Columbia University) - ajudaram imensamente na montagem do manuscrito. Talvez a pessoa mais influente no desenvolvimento do meu pensamento a respeito das técni cas seja o meu antigo mentor, e atualmente bom amigo, David Burns. Muitos dos leitores reconhe cerão a contribuição importantíssima de David para o desenvolvimento e treinamento em muitas das técnicas deste livro. Ter David como supervisor foi uma das experiências mais importantes da minha vida profissional. Também tive a sorte de estudar com Aaron “Tim” Beck no Center for Cognitive Therapy, na Uni versidade da Pensilvânia. Tim foi um sábio modelo da prática de cavar mais profundamente para compreender a lógica subjacente das crenças dos pacientes. Meu trabalho, hoje, ainda é influenciado por esse estilo de pensamento inquiridor e construtor de teorias. Todo o campo da terapia cognitiva começou com o trabalho inicial de Tim na década de 1960. Até hoje ele continua contribuindo para o nosso entendimento da esquizofrenia, dos transtornos da personalidade e da depressão. http://www.CognitiveTherapyNYC.com Prefácio Você se percebe utilizando as mesmas técnicas cognitivas com a maioria - se não todos - dos seus pacientes? Você se sente paralisado, usando o mesmo saco de verdadeiros “truques” gas tos, e com poucas alternativas? Acho que todos nós, às vezes, sentimos isso. Muitos se sentem aprisionados por padrões conhecidos, utilizando táticas clínicas que funcionaram na maioria das vezes ou em algumas situações. Ao agir assim, deixamos de lado a grande variedade de aborda gens que podem nos dar flexibilidade e fazer um mundo de diferença para os nossos pacientes. Perguntei a muitos terapeutas cognitivos: “Que técnicas você geralmente usa?”. As mesmas poucas técnicas surgem repetidamente: identificação do pensamento, análise de custo-benefício, exame das evidências. Essas são técnicas válidas e não estou sugerindo que você as descarte. Mas, se o repertório de intervenções às quais recorremos for limitado, a terapia pode não progredir mui to ou até mesmo permanecer superficial. E, o que pode ser pior, nosso entusiasmo pelo processo acaba sendo solapado pela rotina que estabelecemos. Escrevi este livro tanto para os novos terapeutas, que não querem ficar limitados a uma sim ples lista de poucas técnicas, quanto para os terapeutas experientes, que podem dele derivar idéias de como expandir a terapia cognitiva, ao empregar técnicas que sejam novas para eles. Um fato empolgante referente à terapia cognitiva é que novas técnicas, novas estratégias e novas conceituações vêm sendo desenvolvidas ao longo do tempo. Conforme o campo se ampliou, pesquisadores e terapeutas refinaram e testaram inúmeras intervenções terapêuticas que podem ser aplicadas no trabalho com nossos pacientes. Organizei este livro em torno de certas categorias de intervenções ou técnicas, começando com muitas das técnicas tradicionais para identificar e avaliar pensamentos e pressupostos. Recorri a trabalhos recentes sobre os modelos cognitivos de preocupações e ruminações, e também a algumas técnicas do modelo focado nos esquemas, para examinar como as novas técnicas de terapia cognitiva podem ajudar em uma gama de problemas dos pacientes. Dada a inclinação filosófica de grande parte da terapia cognitiva, não é nenhuma surpresa eu ter dedicado um capítulo separado à identificação e modificação de erros de lógica e processamento falho da informação, e à colocação dos eventos em uma perspectiva histórica e filosófica. Acredi to que o processamento emocional é tão importante para a psicopatologia quanto as “distorções x P re fá c io cognitivas”. Com isso em mente, escrevi o capítulo sobre técnicas emocionais e experienciais, com a intenção de ampliar o componente “sentimento” e a validade ecológica da terapia cognitiva. O capítulo sobre o exame e a contestação das distorções cognitivas será uma ferramenta útil para os terapeutas que estiverem procurando rápida orientação. Se o paciente for um “adivinho do futuro”, que técnicas podemos usar? Finalmente, apresento dois capítulos com diálogos ocorridos durante a sessão a fim de for necer ao leitor uma idéia de como as técnicas que descrevo são utilizadas na prática. Escolhi a necessidade de aprovação e a autocrítica como os problemas-alvo, já que esses problemas comuns esião por trás da depressão e de grande parte dos transtornos de ansiedade. Os oito primeiros capítulos possuem uma estrutura organizacional comum - identificação e definição da técnica, exemplos de perguntas a ser formuladas, ilustração da aplicação da técnica por meio de um diálogo clínico, tarefas de casa para o paciente, possíveis problemas que podem surgir e como tratá-los, referência cruzada com outras técnicas e formulários de auto-ajuda para os pacientes. Finalmente, um breve alerta. Não acredito em “terapia da técnica”. Vejo cada técnica como o início de uma investigação sobre os pensamentos e os sentimentos do paciente. As técnicas nos permitem coletar novos dados, criar e expandir nossa conceituação e ampliar e aprofundar o nosso relacionamento com o paciente. As técnicas podem ser usadas para abrir uma janela, examinar mais cuidadosamente e ver as coisas em uma perspectiva diferente. A terapia cognitiva não se reduz a técnicas: ao contrário, as técnicas nos permitem com eçar a terapia cognitiva. Com essa nova varie dade de técnicas, você será capaz de trabalhar colaborativamente com seus pacientes em diferentes “pontos de entrada” para testar e modificar pensamentos e pressupostos e para lhes oferecer habili dades de auto-ajuda mais efetivas. Se seu paciente experimentar uma técnica e esta não funcionar naquele momento, será tranquilizador saber que existem outras 10 que ele pode utilizar. Sumário Introdução.............................................................................................. 17 Capítulo 1 Evocação de Pensamentos e Pressupostos........................................... 23 Capítulo 2 Avaliação e Contestação dos Pensamentos........................................... 53 Capítulo 3 Avaliação de Pressupostos e R e g ra s .................................................... 83 Capítulo 4 Avaliação das Preocupações..................................................................118 Capítulo 5 Processamento de Informações e Erros de Lógica...............................174 Capítulo 6 Colocação das Coisas em Perspectiva..................................................206 Capítulo 7 Terapia Focada nos Esquem as............................................................. 240 Capítulo 8 Técnicas de Processamento Em ocional............................................... 283 Capítulo 9 Exame e Contestação das Distorções Cognitivas................................. 308 Capítulo 10 Modificação da Necessidade de Aprovação...........................................322 Capítulo 11 Desafio à Autocrítica..............................................................................335 Capítulo 12 Comentários F in a is ................................................................................ 349 Referências............................................................................................351 ín d ic e ..................................................................................................... 355Lista de Formulários Formulário 1.1 Formulário de Auto-ajuda: Como os Pensamentos Criam Sentim entos...................... 43 Formulário 1.2 Formulário de Auto-ajuda: A Técnica A-B-C.................................................................. 44 Formulário 1.3 Pensamentos versus Possíveis Fatos............................................................................. 45 Formulário 1.4 Formulário de Auto-ajuda: Avaliação das Emoções e C renças.................................... 46 Formulário 1.5 Registro do Grau de Crença no Pensamento................................................................ 47 Formulário 1.7 Categorização das Distorções Cognitivas...................................................................... 49 Formulário 1.8 Uso da Seta Descendente (Se Meu Pensamento Fosse Verdade,.................................. 50 Por Que Isso Me Incomodaria?) Formulário 1.9 Uso da Seta Descendente (Se Meu Pensamento Fosse Verdade, Por Que.................... 51 Isso Me Incomodaria?) - Cálculo da Sequência de Probabilidades Formulário 1.10 Avaliação do Pensamento N egativo............................................................................. 52 Formulário 2.1 Definição dos Term os..................................................................................................... 74 Formulário 2.2 Análise de Custo-Benefício........................................................................................... 75 Formulário 2.3 Exame das Evidências................................................................................................... 76 Formulário 2.4 Exame da Qualidade das Evidências.............................................................................. 77 Formulário 2.5 Desempenho do Papel de seu Próprio Advogado de Defesa......................................... 78 Formulário 2.6 Dramatização de Ambos os Lados do Pensamento....................................................... 79 Formulário 2.7 Avaliação dos Rótulos Negativos.................................................................................. 80 Formulário 2.8 Busca de Variações....................................................................................................... 81 Formulário 2.9 Modificação dos Pensamentos Negativos com a Modificação....................................... 82 do Comportamento 14 R o b e rt L. Leahy Formulário 3.1 Avaliação de Pressupostos, Regras e Padrões............................................................ 105 Formulário 3.2 Formulário de Auto-ajuda: Monitoração de Pressupostos, Regras e Padrões.............. 106 Formulário 3.3 Exame e Contestação de Afirmações do Tipo “Deveria” ...............................................107 Formulário 3.4 Identificação de Crenças Condicionais........................................................................ 108 Formulário 3.5 Clarificação de Valores................................................................................................. 109 Formulário 3.6 Sistema Universal de Valores........................................................................................110 Formulário 3.7 Fazer Progressos em vez de Tentar a Perfeição............................................................ 111 Formulário 3.8 Aprendizado a Partir dos Lapsos................................................................................. 112 Formulário 3.9 Diagrama de Conceituação do Caso............................................................................ 113 Formulário 3.10 Transformação do Trabalho em Diversão: Transformação de C rít ic a ..........................114 e Derrota/Desapontamento em Curiosidade Formulário 3.11 Transformação de Antigas Regras/Pressupostos em Novas..........................................115 Regras/Pressu postos Formulário 3.12 Avaliação e Atuação de Acordo com Regras/Pressupostos Mais Adaptados..............116 Formulário 3.13 Minha Nova Declaração de Direitos............................................................................ 117 Formulário 4.1 Automonitoramento das Preocupações........................................................................152 Formulário 4.2 Custos e Benefícios da Preocupação............................................................................ 153 Formulário 4.3 Questionário Metacognitivo..........................................................................................154 Formulário 4.4 Transformação de Preocupações em Previsões............................................................ 158 Formulário 4.5 Teste das Previsões Negativas..................................................................................... 159 Formulário 4.6 Avaliação das Previsões Negativas Passadas...............................................................160 Formulário 4.7 Revisão da Forma como Lidou com Eventos Negativos Ocorridos.............................. 161 no Passado Formulário 4.8 Ponto-Contraponto........................................................................................................162 Formulário 4.9 Aprendizado com as Previsões Não-Confirmadas........................................................163 Formulário 4.10 Preocupações Produtivas e Improdutivas......................................................................164 Formulário 4.11 Tempo de Preocupação................................................................................................. 165 Formulário 4.12 Como Tornar os Pensamentos Testáveis......................................................................166 Formulário 4.13 Identificação das Previsões Negativas.......................................................................... 167 Formulário 4.14 Inundação com Incertezas............................................................................................ 168 Formulário 4.15 Máquina do T e m p o ..................................................................................................... 169 Formulário 4.16 Por Que os Outros Não se Importarão Mais Tarde com Meu. ......................................170 Comportamento “Negativo” Formulário 4.17 Negação de “Problemas”...............................................................................................171 Formulário 4.18 Preocupação da Fantasia Temida.................................................................................172 Formulário 4.19 Prática da Aceitação..................................................................................................... 173 Formulário 5.1 Utilização de Todas as Informações............................................................................ 195 Formulário 5.2 Formulário de Auto-ajuda: Busca mais Completa de Informações.............................. 196 Formulário 5.3 Estimativas de Probabilidades dos Eventos.................................................................197 Formulário 5.4 Exame dos Erros de Lógica.......................................................................................... 198 Formulário 5.5 Observação de Padrões Que Podem Não Existir..........................................................199 T é c n ic a s d e T e r a p ia C o g n it iv a 1 5 Formulário 5.6 Desafio às Falsas Dicotomias........................................................................................ 200 Formulário 5.7 Extração dos Aspectos Absurdos dos Pensamentos......................................................201 Formulário 5.8 Indução de Humor e Pensamentos Alternativos.......................................................... 202 Formulário 5.9 Exame do Efeito de Recentidade................................................................................. 203 Formulário 5.10 Falácias nos Argumentos: Análise das Crenças Negativas.......................................... 204 Formulário 6.1 Exercício do Gráfico em Forma de T o rta ......................................................................229 Formulário 6.2 Exercício do Continuum...............................................................................................230 Formulário 6.3 Exercício do Duplo-padrão...........................................................................................231 Formulário 6.4 Observação a Partir da Sacada....................................................................................232 Formulário 6.5 Consideração das Alternativas...................................................................................... 233 Formulário 6.6 Comparações com o Ponto Zero....................................................................................234 Formulário 6.7 Despolarização das Comparações............................................................................... 235 Formulário 6.8 Como os Outros Lidaram com Isso?.............................................................................236 Formulário 6.9 Desenvolvimento de Novas Maneiras de Avaliar uma Qualidade.................................237 Formulário 6.10 Pedido de Coisas Importantes para Você......................................................................238 Formulário 6.11 Exame das Oportunidades e Novos Significados.......................................................... 239 Formulário 7.1 Questionário de Crenças Pessoais............................................................................... 264 Formulário 7.2 Guia para Compreender os Esquemas...........................................................................272 Formulário 7.3 Esquiva e Compensação de Esquemas........................................................................ 275 Formulário 7.4 Desenvolvimento de Motivação para Modificar os Esquemas..................................... 277 Formulário 7.5 Lembranças Primordiais dos Esquem as...................................................................... 278 Formulário 7.6 Redação de uma Carta Dirigida à Fonte dos Esquemas...............................................279 Formulário 7.7 Contestação dos Esquemas Pessoais...........................................................................280 Formulário 7.8 A Vida Através das Lentes de um Esquema Diferente................................................. 281 Formulário 7.9 Efeitos do Esquema Positivo........................................................................................ 282 Formulário 8.1 Diário das Emoções...................................................................................................... 297 Formulário 8.2 Redação de uma H istória.............................................................................................298 Formulário 8.3 Identificação dos Pontos de Te n sã o .............................................................................299 Formulário 8.4 Escala de Esquemas Emocionais de Le a h y................................................................. 300 Formulário 8.5 Quatorze Dimensões da Escala de Esquemas Emocionais de L e a h y..........................302 Formulário 8.6 Esquemas Emocionais: Dimensões e Intervenções......................................................304 Formulário 8.7 Reformulação da História.............................................................................................307 Introdução O modelo da terapia cognitiva baseia-se na visão de que estados estressantes como depressão, ansiedade e raiva frequentemente são mantidos ou exacerbados por maneiras de pensar exage radas ou tendenciosas. O papel do terapeuta é ajudar o paciente a reconhecer seu estilo idiossincrá tico de pensamento e a modificá-lo pela aplicação da evidência e da lógica. Portanto, a terapia cog nitiva origina-se de uma linha antiga e respeitada de modelos baseados na razão, como os diálogos socráticos fundamentados na lógica e o método aristotélico de coleta e categorização de informações sobre o mundo real. O modelo cognitivo - que enfatiza o papel central da cognição na emoção e do processamento esquemático como fator determinante no processamento da informação - reflete a revolução cognitiva ocorrida no campo da psicologia na década de 1970 (Leahy, 1996). Os terapeutas cognitivos engendram nos pacientes um pensamento científico e racional ao pedir que sejam examinados os pressupostos que levam a estados depressivos ou ansiosos. Além disso, os terapeutas ajudam os pacientes a examinar a validade de certas afirmações, coletando evidências que as contradizem. Também examinam o significado, ou a falta de signi ficado, dos conceitos evidentes que os indivíduos deprimidos ou ansiosos usam para censurar a si mesmos - e que podem incluir conceitos sem nenhum referencial empírico, como “pessoa sem valor” ou “perdedor”. A terapia cognitiva tem um débito conceituai com o trabalho filosófico de Husserl (1960) sobre fenomenologia; na verdade, a terapia cognitiva é fenomenologia, no sentido de que descreve e analisa as categorias de experiências. A diferença entre Beck, o pioneiro da terapia cognitiva, e o filósofo Husserl é que o primeiro oferece um método para testar a experiência fenomenológica: testar os próprios pensamentos em comparação com a realidade. Essa “realidade” é um sistem a aberto. Portanto, o modelo cognitivo é construtivista, na exten são em que o “conhecedor" - aqui, o terapeuta e o paciente - jamais terá todos os fatos. Não existe nenhum teste completo das informações. Conhecer, no mundo empírico, é mais uma afirmação de probabilidades do que de certezas. As previsões baseiam-se em informações incompletas - sempre. O reconhecimento de que o pensamento inferencial é sempre incompleto, indeterminado e probabilístico é um componente essencial da perspectiva do terapeuta cognitivo. Assim, quando o paciente exige certeza - “Sim, mas eu poderia ser aquele cujo avião cai!" -, o terapeuta cognitivo deve reconhecer 18 R o b e rt L. Leahy que probabilidades existenciais são reais e não podem ser eliminadas. A verdadeira pergunta, para o paciente que exige certeza, é: Por que é tão difícil aceitar a incerteza?. Isso nos leva a uma nova abordagem da “necessidade de conhecimento” do paciente - a necessidade de prever com certeza. Examinar essa necessidade geralmente revela que o paciente vê a “certeza” como parte do desejo de controle absoluto, sem o qual ocorrerá algum desastre. O terapeuta pede ao paciente que examine a preponderância das evidências a fim de chegar a tentativas de conclusões e que continue cético a respeito de todas as formas de conhecimento. Enfatizo essa atitude para deixar bem clara minha visão de que o terapeuta cognitivo não deve tornar-se um “líder de torcida” do pensamento positivo. Devemos evitar a impressão caricaturada por Stuart Smalley, do programa Saturday Night Live, da NBC, que deseja que seus convidados pensem: “Você é suficientemente bom, suficientemente esperto e as pessoas gostam de você!”. A terapia cognitiva não é um processo de estimular as defesas ou favorecer o “poder do pensamento positivo”. Ao contrário, ela demonstra o poder do pensamento realista - isto é, na extensão em que se pode conhecer a realidade. O sistema de conhecimento sobre o qual a terapia cognitiva se baseia é aberto. Novos fatos, novas experiências, ou, inclusive, novas necessidades e preferências podem surgir a qualquer mo mento. Portanto, o terapeuta cognitivo apresenta ao paciente uma visão pragm ática do conheci mento - em essência, formulando a pergunta central: “Como esse pensamento vai afetá-lo?”. Por exemplo, o terapeuta cognitivo pode perguntar: “Que consequências (isto é, que custos ou benefí cios) você vai vivenciar ao acreditar que precisa conseguir a aprovação de todos?”. Igualmente, o terapeuta pode sugerir que o paciente teste a crença de que as consequências de não obter a apro vação serão desastrosas. Essa testagem envolveria experimentos comportamentais como exercícios de assertividade, por meio dos quais o paciente aprende que sentir desaprovação (ou desaprovar alguém) geralmente não resulta em nenhuma mudança na vida real. Tais experimentos testam, de forma pragmática, o terror evocado pela crença.Um teste pragmático dos pensamentos intrusivos repetitivos que ocorrem no transtorno ob- sessivo-compulsivo inclui a inundação: o medo do pensamento - ou da fusão pensamento-ação (Rachman, 1993) - pode ser testado fazendo que o paciente repita o pensamento temido. Assim, a obsessão, por exemplo: “Se eu disser ao Diabo que vá para o Inferno, serei fulminado”, pode ser revertida abandonando-se a supressão do pensamento e fazendo-se justamente o oposto: trazen do-se o pensamento à consciência plena e repetindo-o 500 vezes. Da mesma forma, exatamente como os pensamentos intrusivos podem ser “testados” pela exposição, também o podem aqueles que induzem ao pânico (Wells, 1997a). O terapeuta cognitivo reconhece que a análise e a descrição racionais dos processos de pen samentos podem não ser suficientes para produzir mudanças. A evocação da emoção, o desenvol vimento da motivação e as técnicas experienciais que ativem novas experiências fenomenológicas e sentimentos também podem ser essenciais. O paciente talvez precise confrontar a realidade com novos pensamentos e comportamentos, a fim de experimentar, em nível emocional, a importância existencial de uma resposta “racional” ou, simplesmente, de uma nova maneira de pensar. Os tera peutas cognitivos ajudam os pacientes a colocar pensamentos em ação por meio de experimentos comportamentais que transformam o insight em prática. Alguns críticos da terapia cognitiva argumentam que esta é excessivamente racional e simplis ta, mais um exercício de palavras do que de emoção. Incluí um capítulo sobre técnicas experienciais da terapia focada nas emoções, bem como parte do meu trabalho sobre processamento emocional. É essencial equilibrar as técnicas de terapia cognitiva com empatia, validação e entrevista motiva- cional - estilos de condução da terapia que ajudarão o paciente a ver as intervenções cognitivas como emocionalmente relevantes. Muitas vezes, pergunto-me, todavia, como os críticos explicam as extraordinárias mudanças nas emoções que a terapia cognitiva provoca em indivíduos deprimidos e ansiosos. Afinal, se a terapia cognitiva ajuda as pessoas a ficar menos deprimidas e ansiosas, ela está tratando a emoção da maneira mais importante - modificando os sentimentos negativos. Té cn ic a s de Te ra p ia C o g n itiva 19 Os terapeutas que praticam a terapia cognitiva frequentemente parecem ter suas “técnicas favoritas”. Alguns utilizam muito a organização de atividades, o exame das evidências e os regis tros diários de pensamentos disfuncionais, enquanto outros preferem as técnicas de dramatização racional, duplo-padrão e testagem das previsões. O problema desse repertório circunscrito é que diferentes técnicas funcionam para diferentes clientes e problemas. Quando me torno obsessivo e ruminativo (meus passatempos favoritos), crio um registro de pensamentos disfuncionais e estabe leço estratégias para a solução de problemas. Isso funciona comigo, mas pode não funcionar com outros que têm o mesmo padrão. Este livro é uma tentativa de oferecer aos terapeutas diferentes técnicas cognitivas que poderão ser úteis em uma variedade de problemas com os quais nos con frontamos na terapia. Há alguns anos, um terapeuta em formação me perguntou: “Como você sabe que pergunta fazer?”. Eu imaginei que ele estivesse querendo saber “qual técnica” usar. Inicialmente, achei que não era uma pergunta muito boa - provavelmente porque eu não tinha a resposta pronta - , mas logo percebi que era uma excelente pergunta (e lamentei que não tivesse sido formulada por mim). Anos depois, ainda não tenho a resposta, mas tenho inúmeras técnicas. Os leitores interessados talvez encontrem numerosas técnicas que ainda não utilizaram (e sobre as quais nunca ouviram falar). Mas, o mais provável é que este compêndio de técnicas seja um valioso “lembrete”, isto é, algo que estimulará sua memória e o ajudará a reconhecer que às, digamos, cinco técnicas que você está utilizando atualmente com seu paciente podem ser somadas outras 50 que você não empregou nos últimos meses (ou anos). Os três primeiros capítulos - “Evocação de Pensamentos e Pressupostos”, ‘Avaliação e Con testação dos Pensamentos” e ‘Avaliação de Pressupostos e Regras” - fornecem uma visão geral das técnicas básicas utilizadas na terapia cognitiva. Esses capítulos devem ser lidos em sequência. 0 Capítulo 4, ‘Avaliação das Preocupações”, pode parecer focado nos problemas associados aos transtornos de ansiedade - especialmente o transtorno de ansiedade generalizada - , mas as técni cas ali apresentadas são aplicáveis a qualquer problema em que sejam ativadas previsões negati vas. Os Capítulos 5 e 6, “Processamento de Informações e Erros de Lógica” e “Colocação das Coisas em Perspectiva”, permitirão que os terapeutas auxiliem os pacientes que saltam para conclusões não justificadas pelos fatos, lógica ou contexto. O Capítulo 7, “Terapia Focada nos Esquemas”, re visa técnicas úteis na avaliação dos esquemas pessoais. O Capítulo 8, “Técnicas de Processamento Emocional”, examina as diferentes técnicas emocionais ou experienciais que podem ser usadas para ativar e modificar materiais emocionalmente salientes. Os Capítulos 9, 10 e 11 apresentam aplicações específicas a problemas específicos. No Capítulo 9, “Exame e Contestação das Distorções Cognitivas”, apresento várias questões e intervenções que têm como objetivo contestar as diferen tes distorções cognitivas. O Capítulo 10, “Modificação da Necessidade de Aprovação”, e o Capítulo 11, “Desafio à Autocrítica”, trazem exemplos de casos de como modificar esses padrões negativos. Muitas das técnicas mencionadas nos capítulos anteriores são utilizadas aqui. Estratégias especí ficas de intervenção para os transtornos do Eixo I - como pânico, fobia social e transtorno obses- sivo-compulsivo - não são tratadas aqui, mas podem ser encontradas em Leahy e Holland (2000), Treatment plans and interventions fo r depression and anxiety disorders. A descrição detalhada de um caso específico, utilizando-se diversas técnicas de terapia cognitiva, é encontrada no excelente Cognitive therapy: basics and beyond, de Judith Beck (1995). Uma introdução geral à terapia cogni tiva é encontrada em Cognitive therapy: Basic principies and applications, de Leahy (1996). Os críticos talvez estejam ansiosos para dizer que a terapia cognitiva já está excessivamente orientada para técnicas e fórmulas. Concordo que a terapia cognitiva pode tornar-se mecânica, des- qualificadora, não-conceitual, superficial ou simplesmente muito chata. É por isso que escrevi um livro sobre resistência na terapia cognitiva, enfatizando preocupações com a validação, a aversão de riscos, os papéis de vítima, os processamento esquemático, a autolimitação e a autoconsistência (Leahy, 2001b). Questões relativas à contratransferência podem ser conceituadas e tratadas dentro da estrutura da terapia cognitiva e podem ajudar o terapeuta a utilizar sua própria resposta de 20 R o b e rt L. Leahy contratransferência para compreender o mundo interpessoal e as estratégias interpessoais do pa ciente. Mas devemos ter em mente que há algo de essencial na utilização de técnicas que evocam, examinam, testam, contestam e modificam pensamentos e comportamentos. A terapia cognitiva baseia-se nessas abordagens estabelecidas - e comprovadas. Digo isso para lembrar aos leitores - e a mim mesmo, pois frequentemente sou desencami nhado por minha fértil imaginação - de que profundas discussões filosóficas com pacientes sobre as origens dos problemas e os ousados insights que tantos de nós buscamos podem ser persegui dos abandonando-se o estilo socrático ativo da terapia cognitiva. Minha primeira ponderação, quando atinjo um impasse terapêutico, é verificar se não haveria necessidade de voltar ao básico: organização de atividades, previsão de prazer, categorização de pensamentos automáticos, exame de custos-benefício, análise das evidências e tantas outras técnicasbásicas (Beck, 1976; Beck, Rush, Shaw e Emery, 1979; Beck, 1995; Burns, 1989; Leahy, 1997). Depois de tentar o básico, posso mudar para outras técnicas e intervenções - como conceituação do caso, terapia focada nos esquemas e técnicas focadas nas emoções - potencialmente ricas e profundas. Muitos terapeutas preferem praticar seu próprio estilo de terapia e sua própria integração de modelos. Independência e inovação são elogiáveis, mas devem vir depois de se utilizar, com o pa ciente, tratamentos empiricamente comprovados. Por exemplo, talvez faça sentido adiar o trabalho com esquemas para depois de se tentar vigorosamente os módulos de tratamento para a depressão e os transtornos de ansiedade - intervenções comprovadamente efetivas. Será que não devemos aos nossos pacientes o emprego, como primeira linha de tratamento, das técnicas que sabemos que realmente funcionam (com base na literatura)? Lembro como uma de nossas terapeutas em formação (que era muito inteligente, mas achava que poderia fazer terapia cognitiva “à sua ma neira”) tinha um índice significativamente elevado de términos prematuros com seus pacientes. Para seu crédito, ela modificou o estilo eclético (que não incluía tarefas de casa) e passou a utilizar um modelo de terapia cognitiva mais básico, focado em técnicas, estrutura e tarefas de casa. Sua efetividade e índice de términos prematuros melhoraram extraordinariamente. Essencialmente, recomendo que os terapeutas primeiro dominem as técnicas e abordagens de tratamento que se mostraram efetivas. Antes de desenvolver um grande esquema teórico sobre como a terapia cognitiva precisa ser modificada para determinado paciente, convém utilizar as intervenções que já se revelaram empiricamente válidas. Ao exercer terapia cognitiva, frequentemente utilizo várias técnicas com o paciente - mesmo depois que ele pareceu modificar um pensamento negativo. Acredito em hiperprática ou hipera- prendizagem especialmente no que se refere a modificar hábitos de pensamentos que persistiram durante anos. A vantagem na utilização de uma variedade de técnicas para testar ou contestar o mesmo pensamento negativo é que o paciente terá técnicas alternativas para uso futuro, caso sua contestação inicial não funcione. Essa abordagem calou profundamente em mim há muitos anos, quando eu aprendia terapia cognitiva em supervisão com o mestre da técnica, David Burns. Eu apresentava o problema de um paciente, digamos, um pensamento negativo resistente, e David dizia: “Diga-me 10 técnicas que você poderia usar”. Na prática, eu descobri que dispor de uma multiplicidade de técnicas é uma poderosa maneira de estruturar sessões capazes de ter imenso impacto sobre os pacientes. Eles passavam a ter muitas idéias de como lidar com os pensamentos negativos! Também descobri que é essencial evocar constantemente o feedback dos pacientes. Além dis so, convém que paciente e terapeuta resumam as técnicas que utilizaram, escrevam essas técnicas e examinem quais foram úteis e quais não foram, e por quê. Por exemplo, é sempre útil verificar por que o exame das evidências relativas a um pensamento automático não funcionou. Talvez exista uma crença mais fundamental, uma regra condicional ou uma exigência de certeza absoluta que precisa ser explorada. Quando as técnicas falham, o fracasso nos permite descobrir alguma coisa ainda mais fundamental, como os esquemas ou as regras absolutas. De fato, o terapeuta ambicio so e curioso deve avaliar bem o fracasso das técnicas, porque o fracasso (e a resistência) na terapia Té cn ic a s de Te ra p ia C o g n itiva 21 pode ser uma janela para problemas mais fundamentais, proporcionar excelentes oportunidades para se desenvolver conceituações de casos e levar ao emprego de outras técnicas para examinar as crenças nucleares do paciente. Considero as técnicas comportamentais essenciais e incluí uma lista delas no Apêndice A de Treatment plans and interventionsjor depression and anxiety disorders (Leahy e Holland, 2000). Já que meu foco principal é nos aspectos cognitivos da terapia, sugiro que os leitores interessados nos componentes comportamentais consultem o excelente livro sobre terapia comportamental editado por Hersen (2002), bem como o de Leahy e Holland (2000). Como terapeuta cognitivo (ou cognitivo-comportamental), vejo as técnicas comportamentais como tendo o propósito de testar pensamentos negativos. Por exemplo, planejamento de ativida- des, tarefas de dificuldade crescente e previsão de prazer são intervenções comportamentais que permitem ao paciente testar crenças negativas, como: “Não tenho prazer com nada” ou “Estou sempre deprimido”. O treino de assertividade é usado para testar pensamentos como: “Ninguém gosta de mim” e “Sou muito tímido”. A distração é usada para testar a idéia de que “Não tenho nenhum controle sobre os meus pensamentos” ou “Simplesmente me preocupo o tempo todo”. As hierarquias de exposição podem modificar a crença de que um estímulo específico é perigoso e não pode ser tolerado. A exposição imaginária desafia a idéia de que mesmo pensar sobre alguma coisa é intolerável. O treino de relaxamento pode atingir vários objetivos: testar o pensamento (por exemplo) “Estou sempre nervoso”; ajudar o paciente a induzir pensamentos ou estados de humor mais tranquilos que possam ser usados para contestar os pensamentos negativos e dimi nuir o nível geral de excitação, reduzindo assim a probabilidade de prontidão emocional para os pensamentos negativos. Finalmente, o manejo da auto-recompensa e da autocontingência pode ajudar a modificar crenças negativas sobre competência. Em cada caso, quando usamos técnicas comportamentais, convém fazer que o paciente identifique os pensamentos automáticos negativos e empregue experimentos comportamentais como forma de contestá-los. Para cada técnica, o texto inclui exemplos de diálogos entre terapeuta e paciente. Sempre con sidero útil ver como o terapeuta fala com o paciente - para mim, isso constitui em um bom modelo do que se deve fazer. Embora eu espere que este livro seja útil, ele não substitui a formação direta com supervisão. Fiquei impressionado com os terapeutas que supervisionei em pós-doutorado no American Institute for Cognitive Therapy, na cidade de Nova York, por terem sido suficientemente sábios, continuando em supervisão individual com terapeutas mais experientes. Obter o diploma para praticar jamais deveria ser considerado a conclusão da formação profissional. Espero que este livro constitua uma ferramenta de referência útil e permita ao leitor rever alternativas que possam ter sido ignoradas. ------------------------------------------------------ C a p í t u l o X Evocação de Pensamentos e Pressupostos O modelo cognitivo de psicopatologia proposto por Beck enfatiza o papel central do pensamento na evocação e manutenção da depressão, ansiedade e raiva (Beck, 1970, 1976; Beck, Emery e Greenberg, 1985; Beck et al., 1979). Vieses cognitivos aumentam a vulnerabilidade a eventos ne gativos de vida, de modo que perdas ou impedimentos terão maior probabilidade de ser interpreta dos de forma exagerada, personalizada e negativa. O modelo cognitivo de Beck sugere que existem vários níveis de avaliação cognitiva. No nível mais imediato estão os pensamentos automáticos que surgem espontaneamente, parecem válidos e estão associados a comportamentos problemáti cos ou emoções perturbadoras. Esses pensamentos automáticos podem ser classificados de acordo com vieses ou distorções específicas - por exemplo, leitura da mente, personalização, rotulação, adivinhação do futuro, catastrofização ou pensamento dicotômico (do tipo tudo-ou-nada) (ver Beck, 1976; Beck et al., 1985; Beck, 1995; Leahy e Holland, 2000). Os pensamentos automáticos podem ser verdadeiros ou falsos - isto é, o pensamento automático “Ela não gosta de mim” pode basear-se em leitura da mente (isto é, não tenho evidências suficientes para derivar essa crença), mas tambémpode revelar-se verdadeiro. A vulnerabilidade emocional a esse pensamento resultará de pressupostos ou regras subja centes (“Preciso conseguir a aprovação de todo o mundo para ter valor”) e dos esquemas pessoais subjacentes (“Não sou digno de amor” ou “Não tenho valor”) mantidos pela pessoa. Pressupostos ou regras subjacentes mal-adaptados são, tipicamente, rígidos, hiperinclusivos, impossíveis de atingir, e aumentam a vulnerabilidade a futuros episódios depressivos ou estados de ansiedade (ver Ingram, Miranda e Segai, 1997; Persons e Miranda, 1992). Portanto, os indivíduos que acredi tam que precisam conseguir a aprovação de todos são mais vulneráveis à depressão e à ansiedade, pois inevitavelmente deixarão de atingir esses padrões. A leitura mental e a personalização fazem que percebam rejeição quando ela não existe. As informações que chegam são canalizadas através desses pensamentos automáticos (“Será que ela me rejeitou?”) e depois avaliadas de acordo com os pressupostos subjacentes (“Se não conseguir aprovação, não tenho valor nenhum”). Os pressupostos subjacentes estão ligados ao esquema pessoal (“Não sou digno de amor”), reforçando ainda mais a crença pessoal negativa e confirmando mais uma vez a desconfiança e o medo dos outros. Esses esquemas pessoais nega 24 R o b e rt L. Leahy tivos (“não sou digno de amor”, “não tenho valor”, “sou defeituoso”) criam atenção e memória seletivas - isto é, esses indivíduos estarão mais propensos a detectar ou interpretar e lembrar informações consistentes com os esquemas, reforçando-os ainda mais. Esse modelo é consistente com a considerável literatura sobre os processos esquemáticos subjacentes à atenção e à memória (Hastie, 1980; Segai, Williams e Teasdale, 2002). Como os esquemas pessoais, as teorias científicas frequentemente são orientadas por paradigmas que dirigem a má interpretação de informações e que se conservam mesmo diante de dados contraditórios (Hanson, 1958; Kuhn, 1970). O modelo cognitivo de terapia baseia-se no modelo de George Kelly (1955) do “homem (ou mulher) como cientista” - isto é, que os humanos podem identificar “constructos” ou crenças pessoais e testá-los. O atual modelo cognitivo, proposto por Beck e colaboradores, enfatiza o aspecto do pensamento científico que busca a “desconfirmação” ou “falsificação” da crença - isto é, examinar como po demos provar que a crença é errada ou inadequada, em vez de simplesmente buscar evidências confirmatórias (ver Popper, 1959). O indivíduo deprimido pode focar seletivamente informações consistentes com o estado negativo de se sentir deprimido, ignorando a relevância de evidências não confirmatórias. O modelo cognitivo busca examinar ambos os tipos de evidência. Embora eu enfatize neste livro o modelo beckiano de terapia cognitiva, também reconheço a contribuição substancial de Albert Ellis e colaboradores (ver Dryden e DiGiuseppe, 1990; Ellis, 1994; Kassinove e Tafrate, 2002). O sistema de Ellis, desenvolvido na mesma época que o modelo de Beck, fornece uma abordagem mais geral à psicopatologia ao enfatizar um conjunto de vulnera- bilidades cognitivas comuns. Essas vulnerabilidades incluem baixa tolerância à frustração, senti mento de obrigação ou “dever”, e outras distorções cognitivas exigentes e irracionais. A abordagem atual não entra em conflito com o modelo comportamental racional-emotivo defendido por Ellis e pode ser utilmente integrada a ele. Ao longo deste capítulo (e em todo o livro), examinamos como os terapeutas podem ajudar os pacientes a identificar e avaliar vários tipos de pensamentos. (O Apêndice A, ver Leahy e Holland, 2000, contém conceituações da terapia cognitiva para os transtornos depressivo maior e de ansie dade). O modelo cognitivo de psicopatologia reconhece aspectos comuns nos vieses e distorções de pensamento em diferentes categorias diagnosticas (por exemplo, distorções de pensamentos automáticos), mas também reconhece que existem conceituações específicas para cada grupamen to diagnóstico. O objetivo aqui é ajudar os pacientes a adaptar a abordagem cognitiva ao seu pro blema, ao enfatizar a importância da identificação dos padrões de pensamento, em vez de focar a expressão da emoção. Entretanto, terapeutas cognitivos experientes também reconhecem que as emoções, frequentemente, contêm informações valiosas - na verdade, Leslie Greenberg e Jeremy Safran (1987) indicaram como a expressão emocional e a aliança terapêutica podem ajudar os pa cientes a utilizar as emoções como fonte de informação a respeito de necessidades não-satisfeitas. Esses esquemas emocionais referentes a necessidades não-atendidas - frequentemente evocados ativando-se a intensidade emocional e ajudando os pacientes a diferenciar as emoções - podem ser uma rica fonte de informações sobre cognições e parte importante da modificação desses pen samentos e sentimentos. Descrevo essas “técnicas experienciais” em um capítulo posterior; aqui, focamos técnicas cognitivas mais tradicionais. TÉCNICA: EXPLICAÇÃO DE COMO OS PENSAMENTOS CRIAM SENTIMENTOS Descrição O pressuposto fundamental que orienta a terapia cognitiva é que a interpretação que o in divíduo faz de um evento determina como ele se sente e se comporta. Muitas pessoas, de fato, se surpreendem ao saber que seus sentimentos são o resultado de como elas pensam sobre um evento e que, ao modificar sua interpretação, elas poderão ter sentimentos bem diferentes. Neste Capítulo, reviso uma variedade de técnicas úteis para ajudar os pacientes a aprender e a reconhecer Té cn ic a s de Te ra p ia C o g n itiva 25 as maneiras pelas quais seus pensamentos e sentimentos interagem. Afinal de contas, as pessoas buscam terapia não porque se acham irracionais, mas porque seus sentimentos, comportamentos e relacionamentos são problemáticos. Vale a pena considerar dois pontos fundamentais: 1. Pensamentos e sentimentos são fenómenos distintos. 2. Pensamentos criam sentimentos (e comportamentos). Pensamentos e sentimentos são coisas diferentes. Os sentimentos são experiências internas de emoções - por exemplo, eu posso sentir-me ansioso, deprimido, zangado, com medo, desespe rançado, feliz, exultante, indiferente, curioso, impotente, arrependido ou autocrítico. Dizer que te nho determinado sentimento ou emoção é semelhante a dizer: “Este ferro quente queima" ou “Este bolinho tem um gosto bom". Não contestamos sentimentos - não teria sentido dizer a um paciente: “Você, na verdade, não está ansioso”. Isso seria equivalente a dizer, em essência, que o ferro quente não feriu realmente o paciente quando ele exclamou/!;/. ‘Ai!” é o relato da sensação - exatamente como as palavras “Estou feliz” ou “Estou triste" são relatos de sentimentos. Não questionamos sentimentos. Contestamos e questionamos os pensamentos que dão origem a esses sentimentos. Os terapeutas podem explicar aos pacientes como seus pensamentos criam os sentimentos ou podem intensificá-los ou diminuí-los. Considere, por exemplo, os diferentes sentimentos que duas afirmações despertam: “Penso que não sou digna de amor e, portanto, sinto-me desesperançada”; ou “Penso que estou melhor sem ele e, portanto, sinto-me esperançosa e aliviada". O Quadro 1.1 apresenta exemplos explicativos adicionais. Pergunta a Formular/Intervenção Os terapeutas podem usar as seguintes palavras como modelo para explicar essas idéias aos pacientes em linguagem simples, sem jargão: ‘Antes de você poder contestar e mudar pensa mentos, precisa compreender como os pensamentos afetam os seus sentimentos. Quando estiver sentindo-se triste ou ansioso, você pode ter certos pensamentos. Por exemplo, imagine que está caminhando pela rua em uma parte desconhecida da cidade, tarde da noite, e escuta alguém ca minhando atrás de você. Olhando por cima do ombro, vê que são dois homens bem grandes. Seu pensamento poderia ser ‘Eles vão me assaltar’. Como você se sentiria? Com medo?. Mas, e se você pensasse: ‘São os meus amigos do trabalho?’.Como se sentiria? Aliviado? Quando você se sente triste ou ansioso na sua vida cotidiana, diferentes pensamentos passam por sua mente. Então, eu Quadro 1.1 Como os pensamentos criam sentimentos Pensamento: Eu penso que... Sentimento: Portanto, sinto-me... Jamais serei feliz novamente. Desesperançado A vida não vale a pena. Suicida Ela me deixou porque sou pouco atraente. Desesperançado Estou enlouquecendo. Assustado, em pânico Ele está se aproveitando de mim. Zangada, vingativa, na defensiva Ninguém se importa comigo. Solitária, rejeitada Não serei capaz de cuidar de mim mesma. Ansiosa, impotente, dependente Resolvi problemas antes e posso resolvê-los novamente. Esperançosa, cheia de energia Não preciso ser perfeita. Aliviada, menos pressionada Devo dar a mim mesma o crédito por tentar. Orgulhosa, feliz 26 R o b e rt L. Leahy lhe pergunto: Ouando estava sentado em seu apartamento, pensando, e percebeu que se sentia ansioso, no que você estava pensando?”. Exemplo Conforme indicado no Quadro 1.1, os pensamentos podem criar tanto sentimentos positivos quanto negativos. Às vezes, o paciente pode ficar tão concentrado no que está sentindo que não reconhece que é um pensamento específico que está criando o sentimento. Considere o seguinte diálogo: T erapeuta : O que está incomodando você? Paciente: Só estou me sentindo triste. Terapeuta : Você sabe me dizer por que se sente triste? Paciente: Sinto-me simplesmente horrível, uma sensação de não ter saída. Eu choro muito. T erapeuta : OK. Talvez você possa me ajudar a descobrir o que está dizendo a si mesmo que faz que se sinta triste. Conclua a frase: “Sinto-me assim porque penso que...” Paciente: Estou infeliz. Terapeuta : Infeliz é um sentimento. Mas o que você está dizendo a si mesmo que o deixa tris te? Por exemplo, está dizendo alguma coisa sobre si mesmo como pessoa, sobre o futuro ou sobre essa experiência? Paciente: Acho que estou dizendo que penso que jamais serei feliz. Nesse exemplo, o terapeuta foi capaz de evocar a previsão de desesperança: “Jamais serei feliz”. Essa previsão pode ser avaliada utilizando-se as seguintes técnicas: análise de custo-be- nefício, exame das evidências a favor e contra sua validade, exame de erros lógicos (por exemplo: “Sinto-me triste agora, portanto, sempre me sentirei triste”.) Todas essas técnicas são discutidas nas páginas seguintes. Tarefa de Casa Pede-se ao paciente que mantenha um registro de sentimentos e de como esses sentimentos estão relacionados aos pensamentos. O terapeuta pode dizer: “Gostaria que você registrasse os sentimentos negativos durante a próxima semana, utilizando este formulário (Formulário 1.1 ao final do capítulo). Quando perceber que está tendo um sentimento ou uma emoção, escreva o sen timento na coluna da esquerda. Exemplos de sentimentos são: triste, ansioso, assustado, desespe rançado, zangado e confiiso. Agora, na coluna da direita, escreva o pensamento que acompanha o sentimento. Por exemplo, este poderia ser ‘ansioso’ e o pensamento poderia ser: ‘Estou com medo de me sair mal no trabalho’. Então, o pensamento completo é: ‘Estou ansioso porque estou com medo de me sair mal no trabalho”’. Possíveis Problemas Os pacientes comumente confundem pensamentos com sentimentos. Convém antecipar esse problema oferecendo um exemplo: “Às vezes, as pessoas confundem pensamento com sentimento. Por exemplo, alguém poderia dizer: ‘Sinto-me ansioso porque estou nervoso’. Isso na verdade é o relato de dois sentimentos ou emoções - isto é, ansioso e nervoso. ‘Sinto-me ansioso’ é um senti mento, e ‘Estou nervoso’ é outro sentimento. O pensamento poderia ser: ‘Penso que não vou me sair bem’ ou Acho que vou me sentir sempre ansioso”’. Té cn ic a s de Te ra p ia C o g n itiva 27 Outro problema comum, inicialmente, é o paciente ser incapaz de identificar os pensamentos associados aos sentimentos. Nesses casos, o terapeuta poderia usar algumas das outras técnicas descritas neste capítulo ou no Capítulo 8, que contém uma seção sobre técnicas que utilizam a imaginação. Referência Cruzada com Outras Técnicas Conforme indicado, podemos utilizar outras técnicas neste capítulo - tal como “adivinhação do pensamento” - ou podemos usar as técnicas de indução da imaginação descritas no Capítulo 8. Muitos pacientes são auxiliados na identificação de pensamentos automáticos lendo livros sobre terapia cognitiva, como Feelinggood handbook, de David Burns (1989) ou Mind overm ood, de Den- nis Greenberger e Christine Padesky (1995). Além disso, é bastante útil fornecer aos pacientes uma lista de distorções cognitivas comuns (Figura 1.2) e um formulário a ser preenchido. Formulário Formulário 1.1 (Formulário de Auto-ajuda: Como os Pensamentos Criam Sentimentos, p. 43). TÉCNICA: DISTINÇÃO ENTRE PENSAMENTOS E FATOS Descrição Muitas vezes, quando estamos zangados ou deprimidos, tratamos nossos pensamentos como se fossem fatos. Posso dizer: “Ele acha que pode tirar vantagem de mim”, e posso pensar que estou absolutamente certo - mas também posso estar errado. Quando estou ansioso, posso pensar: “Sei que vou me sair muito mal nesta apresentação” - mas posso estar certo ou errado. Posso acreditar ou pensar que sou uma girafa, mas isso não significa que eu seja uma girafa. Só porque acredito que algo seja verdade, isso não significa que seja verdade. Pensamentos são hipóteses, descrições, perspectivas e até mesmo adivinhações. Eles podem revelar-se verdadeiros ou falsos. Os pacientes precisam aprender a identificar seus pensamentos e depois examinar os fatos. A fim de distinguir pensamentos, sentimentos e fatos, os terapeutas podem utilizar a técnica A-B-C, em que os pa cientes têm a oportunidade de reconhecer como o mesmo evento «tivador pode levar a diferentes crenças (èeliefs) (pensamentos) e consequências (sentimentos e comportamentos). Se eu acreditar que nunca poderei me sair bem no exame (pensamento), talvez me sinta desesperançado e me comporte de acordo com isso - por exemplo, não me dando ao trabalho de estudar. Por outro lado, se acreditar que tenho uma boa chance de me sair bem no exame, talvez me sinta esperançoso e, consequentemente, estude bastante. O que é interessante nesse exemplo é que meu pensamento inicial - “Não me sairei bem no exame” - conduz ao comportamento mal-adaptado de não me preparar para o exame, o que leva então à profecia, que acaba se realizando, de ir mal no exame. Muitas pessoas deprimidas, ansiosas ou zangadas tratam seus pensamentos como se fossem fatos - isto é: “É verdade que eu não me sairei bem no exame” ou “Sei que ela me rejeitará”. O Quadro 1.2 contém alguns exemplos do mesmo evento ativador levando a diferentes pensamentos, sentimentos e comportamentos. A importância de distinguir um pensamento negativo de possíveis fatos é ilustrada pelo Qua dro 1.3. Aqui, o paciente é solicitado a imaginar que está tendo um pensamento negativo, tal como: “Eu não estou preparado para o meu exame”. A coluna da direita incentiva o paciente a con siderar quaisquer fatos que possam ser relevantes para uma avaliação válida de sua preparação 28 R o b e rt L. Leahy Quadro 1.2 A técnica A-B-C. O mesmo evento origina diferentes pensamentos, que levam a diferentes sentimentos e comportamentos. Você pode determinar se o seu pensamento é verdade ao examinar os fatos . A= Evento Ativador B= Crença (Pensamento) lBelief) C= Consequência Sentimentos C= Consequência Comportamentos Escuto a janela sacudindo. Alguém está tentando entrar na minha casa. Ansioso Tranco a porta, chamo a polícia. Escuto a janela sacudindo. Está ventando lá fora e a janela está velha e frouxa. Levemente irritado Tento firmar a janela, volto a dormir. Um homem se aproxima de mim em uma rua escura e deserta. Vou ser assaltado. Apavorado Corro. Um homem se aproxima de mim em uma rua escura e deserta. Será que é o meu amigo Steve? Curioso, satisfeito Chamo Steve. Meu marido está sentado lendo o jornal.Ele não se importa com os meus sentimentos. Zangada, ressentida Digo a ele que é muito egocêntrico. Meu marido está sentado lendo o jornal. Ele está me evitando, pois está zangado comigo. Chateada, culpada Evito interagir com ele. Sinto o coração batendo rápido. Estou tento um ataque cardíaco. Ansiedade, pânico Procuro a emergência de um hospital. Sinto o coração batendo rápido. Tenho tomado café demais. Um pouco arrependida Tento diminuir a cafeína. Quadro 1.3 Pensamentos versus possíveis fatos Pensamento Negativo Outros Possíveis Fatos Está chovendo lá fora e não conseguirei chegar em casa na hora. Talvez tenha parado de chover, pois cheguei aqui há uma hora. Vou lá fora verificar os fatos. Não estou preparada para o meu exame. Li a matéria, fui às aulas e fiz os trabalhos. Serei sempre sozinha. Não disponho de todos os fatos, uma vez que não sei o que vai acontecer no futuro. Tenho amigos. Tenho muitas qualidades apreciadas pelas pessoas. para o exame. O pensamento inicial é uma crença; os possíveis fatos podem tom ar-se crenças uma vez que sejam considerados. Podemos perguntar ao paciente: “É possível que os seus pensamentos não sejam a única coisa a considerar? Você não gostaria de examinar outros fatos possíveis?” Pen samentos e fatos não são equivalentes. Té cn ic a s de Te ra p ia C o g n itiva 29 Pergunta a Formular/Intervenção “Pensamentos e fatos não são a mesma coisa. Só porque você pensa que algo é verdade, isso não significa necessariamente que seja verdade. Posso pensar que sou uma zebra - mas meu pen samento não me transforma em uma zebra. Temos de verificar o pensamento comparando-o com os fatos.” Exemplo Terapeuta : E m que vo cê e s tá pensand o que o d eixa tão a n sio so ? Paciente: Penso que vou ser demitido. T erapeuta .- Como sabe que vai ser demitido? Paciente: Eu simplesmente sei. Posso sentir que vai acontecer. Terapeuta: Você pode acreditar ou pensar que vai ser demitido, mas não é possível que esteja enganado a respeito disso? Paciente: Tenho um sentimento muito forte. Simplesmente sei que vai acontecer. Terapeuta: Embora possa ser verdade - poderia acontecer de você ser demitido -, também é pos sível que isso não aconteça. Existe uma diferença entre crença efa to . Acreditar que é verdade não torna aquilo verdade. Você consideraria a possibilidade de examinar as razões pelas quais você poderia ser demitido e as razões pelas quais você poderia não ser demitido? Neste exemplo, o terapeuta reconhece a firme crença do paciente e explica que crença não é igual a verdade. Depois, o terapeuta convida o paciente a examinar as evidências e o raciocínio que leva à crença de ser demitido. Reconhecer que os pensamentos não são fatos é o ponto de partida para ajudar o paciente a construir interpretações alternativas aos eventos. Tarefa de Casa O terapeuta pode pedir ao paciente que mantenha um registro dos eventos ativadores ou precedentes que levaram a crenças e sentimentos específicos usando o Formulário 1.2 (p.44). Além disso, o paciente pode usar o Formulário Pensamento versus Possíveis Fatos (1.3) parà examinar como determinado pensamento nem sempre considera todos os fatores possíveis. Por exemplo, o pensamento “Não estou preparado para o exame” não inclui os possíveis fatos de que sou inteli gente, assisti às aulas e li a matéria. Possíveis Problemas Algumas pessoas acreditam que seus pensamentos sejam a grande verdade. Realmente, às vezes os pensamentos negativos são verdadeiros. Não queremos que os pacientes fiquem com a impressão de que achamos que tudo no que eles acreditam é falso. Essa distinção pode ser feita da seguinte maneira: “Às vezes, seus pensamentos descreverão os fatos com exatidão e, outras vezes, não refletirão acuradamente todos os fatos. Não seria uma boa idéia ter uma regra geral de verifi car os pensamentos negativos confrontando-os com todos os fatos relevantes?" Alguns pacientes respondem que examinar os fatos parece algo que desqualifica e critica sua posição. Descrevi esse problema em Overcoming resistance in cognitive therapy (Leahy, 2001b). O sentimento de desqualificação pode ser explorado diretamente perguntando-se ao paciente se essas indagações sobre os fatos parecem “desvalorização” ou “rejeição”. Novamente, o ponto importante a deixar claro é que examinar os fatos não significa necessariamente que o paciente esteja errado. 30 R o b e rt L. Leahy Referência Cruzada com Outras Técnicas Outras técnicas relevantes incluem exame das evidências contra e a favor da validade do pensamento, distinção entre pensamentos e sentimentos, categorização das distorções cognitivas e exame das variações na crença em um pensamento. Por exemplo, ao paciente que varia no quanto acredita no pensamento “Sou um fracasso", podemos perguntar se sua crença depende dos fatos que ele está vivenciando. Formulários Formulários 1.2 (Formulário de Auto-ajuda: A Técnica A-B-C, p. 44); Formulário 1.3 (Pensa mentos versus Possíveis Fatos, p. 45). TÉCNICA: AVALIAÇÃO DO GRAU DE EMOÇÃO E DO GRAU DE CRENÇA NO PENSAMENTO Descrição Podemos ter muitas emoções e crenças diferentes em relação ao mesmo evento. 0 que real mente importa é quão fortemente sentim os algo e quão firmemente acreditam os nisso. As emoções, obviamente, variam em grau. Posso me sentir levemente triste, um pouco triste, muito triste, extremamente triste ou esmagadoramente triste. Uma vez que muitas pessoas que estão tristes, ansiosas ou zangadas geralmente não fazem diferença entre seu pensamento e suas observações das próprias emoções, convém ensinar-lhes a distinguir os vários graus de emoções. Além disso, dado que a mudança na terapia geralmente é gradual, é importante que os pacientes sejam capazes de detectar diferentes graus de mudança em seus sentimentos ou emoções. Por exemplo, um paciente cujos sentimentos mudam de esmagadoramente triste para um pouco triste pode concluir, realisticamente, que fez progressos. Pergunta a Formular/Intervenção Quão perturbado você está e quão firmemente acredita no que pensa? Avalie seu sentimento (emoção) de 0 a 100%: 0% corresponde a não ter nada desse sentimento e 100% corresponde à vi vência mais intensa dele. O mesmo vale para as suas crenças: 0% corresponde a não acreditar nem um pouco e 100% corresponde a acreditar totalmente no seu pensamento. Em que grau os seus sentimentos e pensamentos mudam? Cite algumas das razões pelas quais você se sente melhor em certos momentos do que em outros? Você faz coisas diferentes quando está sentindo-se para baixo? Ou para cima? Você pensa de forma diferente quando está sentindo-se para baixo? Ou para cima? Exemplo T erapeuta : Você disse que está sentindo-se triste desde que você e John romperam. Pode des crever essa tristeza para mim? PACIENTE: Oh, sinto-me muito triste. Às vezes, choro quando me lembro de como ele me dei xou. Terapeuta : Seus sentimentos são importantes, de modo que eu quero compreender realmente como você se sente quando está pensando sobre o rompimento. Se você fosse avaliar sua tristeza de 0 a 100% - 0% representa absolutamente nenhum sentimento de tristeza e 100% representa a maior tristeza imaginável - como você avaliaria sua tristeza? T é c n ic a s d e T e r a p ia C o g n it iv a 3 1 Paciente: Acho que jamais pensei em como avalio meus sentimentos. Eu diria que uma tris teza de cerca de 95%. Igualmente, a paciente pode ter uma crença absoluta - por exemplo, “Jamais serei feliz sem John” - , mas o seu grau de crença (isto é, a credibilidade ou força da crença) pode ser inferior a 100%. Esse reconhecimento de que as crenças variam em força é um início muito importante para a pessoa se distanciar de crenças perturbadoras. Se tenho uma crença na qual invisto menos do que 100% de veracidade, isso significa que já tenho alguma dúvida sobre ela. Isso também significa que minha crença pode variar - pode perder força. Consequentemente, posso imaginar mais vivi- damentemudar essa crença. Terapeuta : Você disse que se sente muito triste quando pensa em John deixando-a. Você pode completar esta frase com os primeiros pensamentos que lhe vierem à cabeça? “Eu me sin to triste quando penso em John me deixando porque penso que...” Paciente: Nunca serei feliz sem ele. Terapeuta : OK. O pensamento automático é: “Nunca serei feliz sem ele”. Por que você não escreve isso?. (O terapeuta entregara à paciente uma prancheta com papel e caneta para tomar notas durante a sessão.) Agora vamos ver o quanto você acredita neste pensamen to: “Nunca serei feliz sem ele”. Se você fosse avaliar este pensamento de 0 a 100%, 0% representando a completa ausência de credibilidade e 100% representando sua absoluta certeza de que o pensamento é verdadeiro, como você o avaliaria? Paciente: Acho que teria de dar uma nota bem alta. Realmente acredito nisso - a maior parte do tempo. Eu daria cerca de 90%. Algumas pessoas têm dificuldade em usar esse tipo de escala. A idéia de avaliar emoções e crenças é estranha para elas. O terapeuta talvez precise fornecer auxílios visuais. Terapeuta : Você disse que se sente triste, mas tem dificuldade em usar a escala. Vamos defi nir o que é essa escala. (Desenha a escala apresentada na Figura 1.1.) Digamos que 0% re presente absolutamente nenhuma tristeza e 100% a maior tristeza que alguém pode ima ginar - a pessoa fica absolutamente esmagada pela tristeza, de modo que não consegue pensar em nada mais. Cinquenta por cento representa uma tristeza moderada, enquanto 90% uma tristeza extrema - bastante perturbadora - mas a pessoa ainda é capaz de fun cionar, em grande medida. Bem, quando você pensa em John deixando-a, onde colocaria sua tristeza nesta escala? Paciente: E u diria que em cerca de 95%. E sto u extrem am en te triste, m a s a in d a sou ca p a z de funcionar, em ce rta m edida. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Nenhuma Leve Moderada Grande Tristeza tristeza extrema, esmagadora Figura 1.1 Avaliação das emoções em uma escala de 0 a 100%. Tarefa de Casa O terapeuta pode pedir aos pacientes que mantenham um registro do grau de crédito nas mudanças de pensamento durante a semana seguinte. Pede-se que utilizem o Formulário de Auto- ajuda (1.4) para avaliar as emoções e crenças (ao final do capítulo), e nele anotem os eventos 32 R o b e rt L. Lea hy que precederam os pensamentos e sentimentos, estimando o grau de crédito e o grau de emoção associado a cada evento. Depois de completar o exercício, pode-se sugerir que reflitam sobre o que poderia explicar a variação dos pensamentos negativos e dos sentimentos experimentados. Possíveis Problemas Os problemas que costumam ocorrer durante este exercício incluem a falta de motivação para escrever a mesma crença mais de uma vez durante a semana. Os pacientes podem pensar: “Eu já ãz isso”. Entretanto, o propósito do exercício é examinar cuidadosamente a variação na crença e no sentimento e o que explica essa mudança. Essa diferenciação também nos ajuda a identificar possíveis “momentos difíceis” para os pacientes - isto é, momentos em que eles correm maior risco de se sentirem deprimidos ou ansiosos. Esse conhecimento pode ajudar o terapeuta a focar o trata mento nesses momentos problemáticos. Referência Cruzada com Outras Técnicas Outras técnicas relevantes incluem exame de como os pensamentos levam a sentimentos, distinção entre pensamentos e fatos, seta descendente, categorização dos pensamentos negativos e busca de variações em determinado pensamento. Formulários Formulário 1.4 (Formulário de Auto-ajuda: Avaliação das Emoções e Crenças, p. 46). TÉCNICA: BUSCA DE VARIAÇÕES EM UMA CRENÇA ESPECÍFICA Descrição Para podermos nos distanciar de uma crença, é útil reconhecer que, mesmo nas presentes circunstâncias, nossas crenças podem mudar em força ou credibilidade. O terapeuta cognitivo está sempre interessado na flexibilidade das crenças; a pessoa extremamente deprimida ou ansiosa, ao contrário, pode pensar que suas crenças estão fixadas em um bloco de concreto e jamais mu darão. Consequentemente, o terapeuta avalia diretamente a variabilidade da crença. Esta técnica relaciona-se estreitamente com aquela descrita acima, de avaliação do grau de emoção e do grau de crédito no pensamento. A ênfase, aqui, é em uma crença específica e sua variação em diferentes momentos e situações. Pergunta a Formular/Intervenção Há momentos em que você acredita nesse pensamento com menor convicção? O que acontece quando você acredita menos nesse pensamento negativo? Se o pensamento fosse inteiramente verdadeiro, como você poderia acreditar menos nele em certos momentos? Exemplo Terapeuta: Você disse que pensa que jamais será feliz sem John e que acredita nisso 90% . Paciente: Está certo. Eu realmente acredito nisso. É por isso que estou tão infeliz. T erapeuta: Bom, no decorrer do dia, imagino que seu humor se modifica - às vezes você está mais infeliz do que em outros momentos? T é cn ic a s de Te ra p ia C o g n itiva 33 Paciente: Sim. Não estou sempre chorando ou pensando em John. T erapeuta : O que você pensa quando não está pensando em John? Paciente: Penso em modificar o apartamento - talvez comprar alguns móveis novos. Ou pen so em almoçar com minhas amigas. Terapeuta: Obviamente, quando você não está pensando em John, a força da crença é 0% - pois naquele exato momento você não está sentindo-se infeliz, mesmo que John não esteja com você. Paciente: Bem, essa é uma nova maneira de pensar sobre isso. Mas acho que você está certo. Terapeuta: Há momentos durante o dia em que você pensa em John sem estar 90% infeliz? Paciente: Sim. Às vezes, penso: “Talvez eu fique melhor sem ele”. Terapeuta : Então, se eu pudesse entrar na sua cabeça naquele momento e lhe perguntar: “Diga-me - neste exato momento - quanto você acredita em ‘Jamais poderei ser feliz sem John’, como você responderia?”. Paciente.- Oh, bem, nesses momentos, minha crença seria muito pequena, talvez uns 10%. T erapeuta : Então, essa crença que você tem neste exato momento pode mudar - inclusive no decorrer de poucas horas. O que você acha disso? Paciente: Acho que meus pensamentos sobre a separação poderiam mudar. Terapeuta : Quando as pessoas passam por uma separação, elas geralmente têm sentimentos muito intensos, negativos, crenças poderosas. Certamente você tem amigos que passaram por essa experiência. Paciente: Sim, minha amiga Alice se divorciou há cinco anos. Terapeuta : Talvez ela tivesse a mesma crença que você tem neste exato momento. As crenças dela mudaram com o passar dos anos? Paciente: Você está certo, elas mudaram! Agora ela nem sequer consegue imaginar estar na mesma sala que o ex-marido. Terapeuta : Bem, vamos manter isso em mente - que as suas crenças mudam, assim como as das outras pessoas. Tarefa de Casa Utilizando o Formulário 1.5 (ver p. 47), o paciente pode fazer em casa a tarefa que consiste em registrar o grau de crédito em um pensamento específico no decorrer de vários dias. Presumi velmente, o foco e a preocupação do paciente em relação à crença irão variar de acordo com o mo mento do dia, os acontecimentos e outros pensamentos. Essa variação reforça ainda mais a idéia de que uma crença fortemente mantida pode ser modificada. Além disso, esta crença pode variar durante a sessão. Periodicamente, durante a sessão, conforme paciente e terapeuta se dedicam a contestar crenças e a planejar comportamentos, o terapeuta pode perguntar ao paciente quão forte está a crença naqueles diferentes momentos. Não é raro o paciente começar a sessão acreditando 90% em uma crença e acabar a mesma sessão acreditando 40%. Essa mudança nas crenças, então, está ligada à mudança na emoção - por exemplo, a triste za diminuiu conforme a força da crença decresceu - o que reforça mais uma vez os pressupostos da terapia cognitiva e dá ao paciente a esperança de que crenças fortemente mantidas e emoções desagradáveis podem ser modificadas.
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