Buscar

Fundamentos da Educação Especial

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 1 
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS, 
PEDAGÓGICOS E CIENTÍFICOS 
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 
Profª Lígia Maria Bueno Pereira Bacarin 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Este módulo tem como objetivo apresentar subsídios históricos para a 
análise do conceito de deficiência. A contextualização histórica se faz necessária 
para construir os alicerces filosóficos e teóricos da Educação Especial e seus 
respectivos paradigmas sobre inclusão escolar. Para iniciarmos nosso estudo, 
questões indispensáveis se fazem presentes: Qual a importância de conhecermos 
os fundamentos do conceito de deficiência? Qual a relação entre a construção 
histórica do conceito de deficiência e as teorias filosóficas da Educação Especial? 
Por que conhecer seus princípios filosóficos, científicos e históricos? 
Necessariamente, para melhor abarcarmos a proposta da inclusão – e, sobretudo, 
a Educação Especial –, há necessidade de entender conceitos e conhecer limites 
históricos importantes da construção do sistema educacional contemporâneo, 
para assim chegarmos à realidade que procura o acolhimento da diversidade e de 
uma educação para todos. 
Ao longo da história, podemos observar diversas maneiras de entender as 
diferenças físicas, sensoriais e intelectuais entre as pessoas. Aspectos como 
costumes, crenças, cientificidade e marcos legais influenciam o entendimento do 
conceito de Educação Especial. Isso porque diferentes épocas produzem suas 
próprias interpretações do real, ou seja, a realidade do vivido se altera 
historicamente. 
Porém, temos de nos atentar para o fato de que, no âmbito das diferenças, 
as deficiências sempre existirão, independentemente da compreensão que 
determinada época ou sociedade construa acerca delas. Rodrigues e Maranhe 
(2010) analisam que a compreensão do outro em suas diferenças, ou o fato de 
que todos os seres humanos são distintos em diversos níveis significa aceitarmos 
a busca de opções para nos comunicarmos com interação e, concomitantemente, 
promovermos o desenvolvimento social coletivo. 
Nesse sentido, para iniciarmos filosoficamente nosso estudo, devemos nos 
indagar: Deficiências causam limitações? Essas limitações são absolutas ou 
relativas? O que realmente significa uma educação inclusiva? A Educação 
Especial se tornou um direito universal? O que realmente diferencia as pessoas 
com necessidades especiais das demais pessoas? O que distingue a igualdade 
de oportunidades e a valorização das diferentes características entre as pessoas? 
 
 
3 
Após essa breve conversa inicial, que objetivou estabelecer a tônica da 
nossa temática, contextualizaremos os conceitos históricos de deficiência, para 
que tenhamos arcabouço teórico na discussão sobre Educação Especial. 
CONTEXTUALIZANDO 
Consideramos importante, neste módulo, proporcionar um cenário histórico 
do conceito de deficiência, a fim de que possamos introduzi-lo numa perspectiva 
científica, combatendo, dessa forma, os mitos e o senso comum a seu respeito, 
pois mesmo o conhecimento científico (sobre qualquer temática) atrela-se a 
determinados conjuntos de saberes produzidos em épocas distintas. Assim, traçar 
a trajetória histórica nos possibilitará compreender as mudanças e permanências 
deste tema. 
Desse modo, para termos a estatura da compreensão social sobre a pessoa 
deficiente, precisamos localizar, nas diferentes épocas, o panorama que se 
estabeleceu a respeito do conceito das diferenças individuais e que se transformou, 
por conseguinte, no atual paradigma de recepção desse sujeito – no nosso caso, 
especificamente no sistema de ensino. 
Mattos (2002) infere que, na história da humanidade, a caracterização das 
pessoas deficientes ocorre através de um processo permanente de 
ressignificação, em decorrência dos fatores econômicos, sociais e culturais. Com 
base nos estudos de Silva (1987), dividiremos, em linhas gerais e historicamente, 
o recorte da trajetória do conceito de deficiência em três grandes períodos: 
1. Da Antiguidade clássica ao feudalismo; 
2. Do absolutismo ao processo da Revolução Industrial, no século XIX; 
3. O período contemporâneo. 
Salientamos que, paulatinamente, na trajetória histórica, sujeitos com 
necessidades especiais (físicas, sensoriais ou cognitivas) incorporaram-se à 
estrutura social de maneira irregular, invariável e com rotas individuais. Por conta 
dessas características, não podemos estabelecer a identificação de um 
movimento homogêneo de consistência. 
 
 
 
4 
TEMA 1 – O CONCEITO DE DEFICIÊNCIA1 
Para que possamos compreender a trajetória histórica do conceito de 
deficiência, e por meio desse embasamento apreendermos entendimentos 
filosóficos, científicos e pedagógicos sobre a Educação Especial, é necessário 
dimensionar o que significa deficiência na atualidade, para que o resgate histórico 
tenha sentido conceitual. 
Ao longo do século XX ocorreu uma expressiva produção teórica acerca do 
conceito de deficiência. Nesta aula, destacaremos a Classificação Internacional 
de Lesão, Deficiência e Handicap (ICIDH), indicada pela Organização Mundial de 
Saúde (OMS) no ano de 1980. Travou-se um debate sobre a descrição da 
deficiência como uma questão de direitos humanos, e não apenas biomédica. 
Como resultado, reviu-se a nomenclatura da ICIDH e, em 2001, foi acatada a 
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). O 
documento, conhecido como Modelo Social da Deficiência, balizou a legitimação 
de um novo paradigma, com ênfase nos empecilhos e na restrição de participação 
social de pessoas com deficiências. 
A transformação na compreensão da causalidade da deficiência superando 
a narrativa da desigualdade do corpo para as estruturas sociais possibilitou 
análises para uma ressignificação do conceito, com o espaço público ganhando 
significado, sobretudo no que se refere a que tipo de sociedade pode garantir os 
direitos específicos das pessoas com determinados tipos de deficiências, sem 
considerá-las incapazes. 
Nesse sentido, teremos como referencial o conceito estabelecido pela 
Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os direitos das 
pessoas com deficiência, de 2008, e os critérios da CIF. No art. 1º dessa 
convenção, define-se: “Pessoas com deficiência são aquelas que têm 
impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, 
os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação 
plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais 
pessoas”. 
 
 
1 Esclarecemos que, neste primeiro tema, trataremos dos aspectos gerais do conceito de 
deficiência, e que haverá uma aula própria para tratar as especificidades desse conceito. 
 
 
5 
1. Sequência de conceitos 
 Deficiência: repercussão imediata da doença sobre o corpo, impondo uma 
alteração estrutural ou funcional ao nível tecidual ou orgânico. 
 Incapacidade: é a redução ou falta de capacidade de realizar uma atividade 
num padrão considerado normal para o ser humano, em decorrência de 
uma deficiência. 
 Desvantagem: impedimento resultante de uma deficiência ou 
incapacidade, que limita ou impede o desempenho de uma atividade 
considerada normal, tendo em atenção idade, sexo e fatores socioculturais 
do indivíduo. 
É importante entender que o Brasil aceitou, como dimensão constitucional, 
o art. 1º da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, legalizado 
juridicamente no formato do art. 5º, parágrafo 3º da Constituição Federal. 
Socialmente, essa inclusão constitucional tem como cerne para distinção da 
deficiência a relação das barreiras de longo prazo de caráter físico, mental, 
intelectual ou sensorial com diversos obstáculos, suscitando o assoreamento da 
participação plena e efetiva do indivíduo na sociedade em igualdade de condições 
com as demais pessoas. 
Em decorrência desse novo conceito, é presumívelque pessoas antes 
consideradas com deficiência por um juízo crítico meramente médico, seguido até 
então, deixem de ser assim caracterizadas. A interrupção da proteção 
constitucional para essas pessoas não provoca um retrocesso na proteção dos 
sujeitos com deficiência, mas, sim, atribui-lhes maior proteção, afiançando que as 
políticas afirmativas do Estado serão de fato destinadas àqueles 
constitucionalmente percebidos como pessoas com deficiência. 
TEMA 2 – DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA AO FEUDALISMO 
Silva (1987) observa que, nesse recorte histórico, ocorreram dois 
movimentos no trato às pessoas com deficiências: 1) a rejeição e a eliminação 
sem formalidade dos sujeitos e, em oposição, 2) a proteção piedosa e 
assistencialista. Por exemplo, em Esparta, tanto nobres como plebeus tinham 
autorização para lançar os recém-nascidos do penhasco ou ao mar. Nessa 
cidade-estado, as crianças, ao nascerem, eram apresentadas a uma comissão, 
que avaliava se elas viveriam ou não. As que não eram fortes o suficiente ou 
 
 
6 
plenamente saudáveis não tinham direito à vida, e deveriam ser sacrificadas em 
nome da pátria. As crianças consideradas perfeitas seriam mantidas com a família 
durante os primeiros 7 anos; após esse período, o Estado se apropriaria delas e 
lhes educaria até os 20 anos, sob a responsabilidade de um magistrado incumbido 
de sua formação física, moral e cívica. 
Em contraposição, em Atenas, submetida à influência da educação 
aristotélica2, os deficientes eram amparados e protegidos socialmente. Sobretudo 
porque Aristóteles ensinou que “tratar os desiguais de maneira igual constitui-se 
injustiça” – existe um consenso entre os estudiosos do tema Educação Especial, 
entendendo que essa premissa definiu as bases jurídicas deste conceito até hoje. 
Podemos entender que o modelo adotado na Antiguidade Clássica atrelava 
os aspectos individuais aos aspectos coletivos e avaliava como cidadão apenas o 
sujeito que providenciava seus próprios meios de subsistência. Por exemplo, o 
mito de Hefesto demonstra que a pessoa teria seu lugar na estrutura social a partir 
da sua utilidade. Entretanto, ao observarmos o conto de Hesíodo a propósito do 
nascimento de Hefesto, em Teogonia: origem dos deuses, perceberemos que: 
“Ele [Zeus] da própria cabeça gerou a de olhos glaucos/Atena terrível estrondante 
guerreira infatigável/soberana a quem apraz fragor, combate e batalha. /Hera por 
raiva e por desafio a seu esposo/não unida em amor gerou o ínclito Hefesto/nas 
artes brilho à parte de toda a raça do Céu” (Hesíodo, 1995, v. 924-929, p. 157). 
Ressaltamos que, na passagem supracitada, há uma associação da 
articulação entre a deformação física de Hefesto e sua superação através da 
formidável capacidade artística, convertida no nosso tema pela afirmação dos 
direitos atribuídos aos deficientes físicos. Em outra passagem, porém, Hesíodo, 
apresenta a deficiência do deus como uma antítese das obras de arte que produz. 
Os vulgos a ele relacionados – pés tortos, mutilado, coxo, disforme – comprovam 
a realidade que vivenciavam as pessoas com deficiências físicas naquele período. 
À vista disso, o conto mítico exprime a ideia de exclusão praticada, consumando-
se a expulsão do deficiente da estrutura social organizada segundo padrões nos 
quais as imperfeições não tinham espaço. 
 
2 O filósofo grego Aristóteles, que foi aluno de Platão e professor de Alexandre da Macedônia, 
entendia a educação como forma de preparar as pessoas para viverem em sociedade e como 
causa da felicidade. Seu fundamento filosófico defendia a ideia de que todas as causas possuem 
um fim. Ele defendia o homem virtuoso. Não há, dentre as obras do autor, uma específica sobre o 
tema. Interpretamos os escritos das obras: Ética Nicômaqueia e Política. Nelas, ética, em síntese, 
seria o bem agir do indivíduo perante a sociedade, além da prática de atos virtuosos. 
 
 
7 
Na Roma Antiga, a deficiência era sinônimo de vergonha e maldição. No 
código das 12 Tábuas3, há uma clara alusão ao infanticídio. Todavia, devemos 
esclarecer que, mesmo com essa alusão presente na lei, não ocorreu a prática 
regular do infanticídio. As crianças consideradas anormais em decorrência de má-
formação ou de qualquer outro problema eram postas em cestos adornados com 
flores e abandonadas nas margens do Rio Tibre. Seus destinos, a partir dali, eram 
traçados pelos escravos e plebeus paupérrimos da época, que tomavam para si 
essas crianças abandonadas e as utilizavam para pedir esmolas nas ruas, praças 
e templos das cidades. Os deficientes cegos, por sua vez, eram usados como 
remadores nas travessias dos rios; já as meninas eram vendidas aos prostíbulos. 
Entretanto, os patrícios portadores de deficiências não tiveram o mesmo 
destino que escravos e plebeus. Muitas vezes, suas deficiências eram escondidas 
do povo; assim, conseguiram ocupar cargos públicos de destaque. 
Dessa forma, inferimos que a diferença entre a segregação que as pessoas 
deficientes sofriam na Grécia Antiga e na Roma Antiga encontrava-se nas 
relações de poder. Enquanto nas cidades-estados gregas as deficiências, além 
de serem ignoradas, eram exterminadas, em Roma eram consideradas conforme 
a classe social à qual pertencia o deficiente. 
Na Idade Média, por sua vez, os medievos acreditavam que os sujeitos com 
deficiência eram um castigo divino recaído sobre suas famílias em decorrência de 
algum pecado cometido, ou de algum feitiço ou bruxaria empreendidos por 
terceiros para prejudicar a família. Com isso, aproximadamente entre os séculos 
V e XV, os registros históricos apontam que a vida das pessoas com deficiência 
era controlada e mantida pelos senhores feudais, que possuíam locais específicos 
para atendimento e manutenção desses sujeitos. Cabia à Igreja estabelecer o 
grau de salvação das pessoas com deficiência. Nesse sentido, tomamos como 
exemplo a epístola aos romanos, de Paulo: a fé era construída ao ouvir a palavra 
de Cristo. Nessa lógica, as pessoas com deficiência auditiva não tinham direito à 
salvação. Para compreender essas características do período feudal, devemos 
considerar que a época foi regida sob a égide da Igreja Católica, que concebe os 
seres humanos como imagem e semelhança de Deus; os que não eram 
condizentes com essa perfeição física e mental eram talhados à beira da condição 
 
3 Na Tábua IV, ordenava: Pater filium monstrosum et contra formam generis humanae, recens sibi 
natum, cito necato (cujo significado é: “Tábua IV – Sobre o Direito do Pai e Direito do Casamento 
– Lei III - O pai imediatamente matará o filho monstruoso e contrário à forma do gênero humano, 
que lhe tenha nascido há pouco”). 
 
 
8 
humana, sendo responsabilizados por sua própria deficiência. O temor medieval 
em relação às pessoas com deficiência estava associado a fatores religiosos, 
levando o povo a considerar os deficientes perigosos por não terem alma. O saldo 
era a morte na fogueira ou por apedrejamento. 
TEMA 3 – DO ABSOLUTISMO AO PROCESSO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
NO SÉCULO XIX 
Silva (1987) observa que, durante os séculos XV e XVII, a partir da filosofia 
humanista renascentista4, ocorreu o advento dos direitos reconhecidos como 
universais. Nesse sentido, ocorreu uma gradativa e axiomática transformação 
social e cultural na Europa católica, cujas características principais foram o 
reconhecimento dos valores individuais, o progresso da ciência e a libertação do 
obscurantismo medieval. 
De certa forma, o homem deixou de ser um escravo dos “poderes 
naturais” ou da ira divina. Esse novo modo de pensar, revolucionário sob 
muitos aspectos, alteraria a vida do homem menos privilegiado também, 
ou seja, a imensa legião de pobres, dos enfermos, enfim, dos 
marginalizados. E dentre eles, sempre e sem sombra de dúvidas, os 
portadores de problemasfísicos, sensoriais ou mentais (Silva, 1987, p. 
226) 
Diante desse novo cenário, fortaleceu-se a compreensão de que os sujeitos 
com deficiência careciam de cuidados específicos, não sendo mais enquadrados 
apenas na categoria da marginalidade. No século XVI, Silva (1987) observa que 
se constituíram ações cruciais para o avanço do atendimento dos deficientes, 
sobretudo das pessoas com deficiências auditivas, pois esse foi, desde sempre, 
o grupo avaliado como “ineducável”. 
Conforme Carmo (1991), 
Bauer, por exemplo, que viveu entre 1443 e 1485, faz menção em seu 
estudo denominado “De Invencione Dialética” a um surdo-mudo que se 
comunicava por escrito. Este fato possibilitou a Jerônimo Cardan (1501-
1576), médico, matemático, astrólogo [...], questionar o princípio 
defendido por Aristóteles de que “o pensamento é impossível sem a 
palavra”. (Também) o médico francês Joubert (1529-1582) inseriu todo 
um capítulo sobre o ensino de surdos-mudos em sua obra “Erros 
Populares relativos à Medicina e ao Regime de Saúde”. Defendia o 
seguinte princípio de Aristóteles: “O homem é um animal social com 
habilidade para se comunicar com os outros homens”. (Carmo, 1991, p. 
25) 
 
4 Trataremos das especificidades filosóficas acerca das deficiências – e, por conseguinte, da 
educação especial – no próximo módulo. 
 
 
9 
O autor ressalta que, conquanto não existissem manifestações para afastar 
de fato os deficientes da marginalização, ocorreram mudanças diante do contexto 
de convivência entre os sujeitos considerados conceitualmente normais e os 
considerados deficientes. Na Inglaterra, por exemplo, foram sancionadas leis que 
sujeitavam a população a angariar uma taxa encarregada do apoio de idosos, 
deficientes e da população menos abastada. Já na França, no ano de 1554, 
inaugurou-se o Grand Bureau des Pauvres, com o objetivo de recolher, dos ricos 
e abastados, contribuições para as casas de caridades e hospitais destinados aos 
deficientes e pobres. 
Figura 1 – Luís XVI distribui esmolas aos pobres de Versalhes durante o inverno 
de 1788. Óleo sobre tela. Palácio de Versalhes (Paris). 
 
Fonte: Hersent (1817). 
A imagem acima nos remete ao ano de 1544, quando François I criou o 
Escritório Geral dos Pobres, marco inicial da atual assistência pública francesa. 
Cobrava-se dos nobres, do clero, das comunidades de comerciantes e de todos 
os proprietários uma taxa para a manutenção deste estabelecimento. 
Percebemos, dessa maneira, um novo olhar do entendimento social sobre 
a pessoa deficiente, buscando uma razão da sua existência e uma solução para 
esta, migrando do misticismo cristão medieval ao assistencialismo. Todavia, 
nesse período ainda predominava a cultura que enquadrava os deficientes, os 
pobres, os criminosos e os considerados loucos como ofensivos à normalidade 
social. Isso se comprova quando ressalvamos que, até o final do século XVIII, 
mesmo com a inexistência de sentenças vinculadas à guilhotina ou ao pelourinho 
para os deficientes, ocorria um velamento na punição, substituindo-se a 
espetacularização do corpo do deficiente pelo seu encarceramento. 
 
 
10 
No século XIX, com o advento da Revolução Industrial, outro olhar recaiu 
sobre os sujeitos com deficiências. Silva (1987) ensina: 
Embora no século XIX ainda não se pensasse na integração do homem 
deficiente à sociedade aberta ou mesmo à sua família, ele passou a ser 
visto como ser humano (infeliz, desafortunado e coitado para aquela 
época, é evidente) dono de seus sentimentos e capaz de viver ou de 
pretender levar uma vida decente, desde que fossem garantidos meios 
para isso. (Silva, 1987, p. 184) 
Com o processo de assalariamento do trabalhador fabril, deu-se atenção 
especial ao acesso das pessoas com deficiências físicas ao mercado de trabalho, 
para que pudessem arcar com seus próprios meios de vida. Na Dinamarca, por 
exemplo, em 1872, criaram-se as Society and Home for Cripples, destinadas ao 
atendimento profissional de sujeitos considerados incapacitados. 
No mesmo período, o chanceler alemão Otto von Bismarck estabeleceu a 
primeira lei trabalhista para acidentes no ofício, bem como o reaproveitamento 
destes. Entretanto, foi nos Estados Unidos da América que se organizaram vários 
centros especializados em recuperação dos denominados incapacitados, dentre 
os quais Silva (1987) destaca, em Boston, o Industrial School for the Crippled and 
Deformed. 
Foi nessa fase que a Educação Especial realmente principiou. Todavia, 
Carmo (1991) salienta que os deficientes seguiam discriminados, marginalizados 
e excluídos social e familiarmente, e a assistência continuava beneficente e 
segregacionista. Nesse sentido, a autora observa que, com o escopo de proteger 
os indivíduos normais dos considerados não normais, nasceu a precisão de 
escolas e instituições para atender os portadores de necessidades especiais. 
Inegavelmente, a Educação Especial foi favorecida pelo desenvolvimento 
técnico e científico, destacando-se os estudos de métodos de tratamento, ensino 
e avaliação, e também a criação das escolas para deficientes. É importante 
ressaltar que foi no final do século XIX que os ideais oriundos da Revolução 
Francesa realmente se efetivaram em ações em prol dos deficientes. Quase um 
século após a bandeira da Igualdade, Fraternidade e Liberdade se erguer na 
França, os conceitos humanistas se estenderam ao universo dos sujeitos 
deficientes, pois, a sociedade percebeu, nesse momento histórico, que esses 
indivíduos precisavam não apenas de hospitais e abrigos, e sim de atendimento 
especializado. 
 
 
 
11 
TEMA 4 – O PERÍODO CONTEMPORÂNEO 
No início do século XX, os instrumentos desenvolvidos no século anterior, 
como cadeira de rodas, sistema de ensino para cegos e surdos5, bengalas, dentre 
outros, foram se aperfeiçoando, mesmo em meio a sucessivas guerras. 
Na primeira década do século XX, ampliou-se, na Europa, a organização 
de instituições destinadas ao treinamento e à preparação dos sujeitos deficientes 
para o mercado de trabalho, bem como a preocupação com as condições de vida 
e moradia destes. Assim, percebemos que ocorreu uma mudança cultural 
substancial no que concerne à inserção dos sujeitos deficientes no cotidiano 
social. 
Na primeira metade do século XX, especificamente no ano de 1948, no pós- 
Segunda Guerra Mundial, por intermédio da Organização das Nações Unidas, foi 
criada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, tendo como fundamento 
norteador a dignidade da pessoa humana, documento que representa um divisor 
nas concepções tanto educacional como social no que concerne à visibilidade das 
pessoas com deficiências, principalmente porque estabeleceu direitos e intenções 
a alcançar entre os países participantes da ONU naquele período. Segundo o 
documento: 
Todo ser humano é elemento valioso qualquer que seja a idade, sexo, 
idade mental, condições emocionais e antecedentes culturais que 
possui, ou grupo étnico, nível social e credo a que pertença. Seu valor é 
inerente à natureza do homem e às potencialidades que traz em si; em 
todas as suas dimensões, é o centro e o foco de qualquer movimento 
para sua promoção. O princípio é válido tanto para as pessoas 
consideradas normais ou ligeiramente afetadas como também para as 
gravemente prejudicadas, que exigem uma ação integrada de 
responsabilidade e de realizações pluridimensionais; tem direito de 
reivindicar condições apropriadas de vida, aprendizagem e ação, de 
desfrutar de convivência condigna e de aproveitar das experiências que 
lhe são oferecidas para desempenhar-se como pessoa e membro 
atuante de uma comunidade. 
Podemos perceber que, no século XX, teve início uma aceitação social, 
jurídica e educacional da pessoa com deficiência. Entretanto, em decorrência do 
preconceito e da discriminação historicamente enfrentados pelos deficientes,5 Como exemplo, destacamos a história do Braille. Em 1819, Charles Barbier, capitão do exército 
francês, a pedido de Napoleão Bonaparte, desenvolveu um código noturno para transmissão de 
mensagens. Devido à sua complexidade, o sistema foi rejeitado pelos militares. O capitão 
posteriormente apresentou sua invenção ao Instituto Nacional dos Jovens Cegos de Paris. Durante 
a apresentação, um jovem cego de 14 anos, chamado Louis Braille, sugeriu modificações, que 
foram sumariamente rejeitadas pelo militar. Mesmo assim, o adolescente modificou o que achava 
necessário e criou um sistema de escrita padrão – o Braille. 
 
 
12 
houve a necessidade de políticas de proteção específicas para construir, de fato, 
condições de igualdade e equidade social. 
Coll et al. (2004) inferem que, até a primeira metade do século XX, o 
conceito de deficiência era percebido como uma questão de herança genética. 
Entendia-se que os portadores de déficit sensorial ou mental estavam condenados 
a viver com esses entraves sem alterações cognitivas significativas. Concebia-se 
que as pessoas eram deficientes somente por condições metabólicas. Essa 
compreensão perpetrou que muitas deficiências ficassem no rol como doenças 
que precisariam ser catalogadas, divididas em categorias, e diagnosticadas por 
profissionais vinculados à saúde. 
Em síntese, o século XX trouxe o paradigma biomédico de deficiência, que 
a concebia como uma incapacidade a ser superada, vinculando-a diretamente aos 
modelos de políticas sociais de integração, conceito que transitou para a 
concepção de deficiência relacionada à inclusão. Na primeira metade do século 
XXI, estabelece-se o paradigma dos direitos humanos para afiançar a dignidade 
da pessoa com deficiência, o combate à violência de seus direitos e sua 
autonomia e acesso a todos os direitos sociais. 
Em suma, a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos, diversas 
instituições intensificaram suas ações para a formação de políticas destinadas aos 
deficientes. Entretanto, as políticas inclusivas, ainda nesse momento histórico, 
desenvolveram-se no atendimento aos deficientes, entendo-os a partir de um 
panorama de ações médicas ou/e terapêuticas e do binômio 
assistencialismo/protecionismo. Por conta dessas questões, tornou-se imperativo 
compreender o deficiente como um construto social a partir de uma concepção 
filosófica própria e com teorias educacionais específicas. 
TEMA 5 – TRAJETÓRIA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA HISTÓRIA DO 
BRASIL 
Silva (1987) observa que, tal qual ocorreu no continente europeu, a 
trajetória das pessoas com deficiência no Brasil seguiu parâmetros de adjetivação 
pejorativa. Segundo o autor, as menções, quase que na totalidade, referem-se à 
população em condição de pobreza e miserabilidade com termos pejorativos. Na 
mesma linha, Figueira (2008, p. 17) analisa que “[...] as questões que envolvem 
as pessoas com deficiência no Brasil – por exemplo, mecanismos de exclusão, 
 
 
13 
políticas de assistencialismo, caridade, inferioridade, oportunismo, dentre outras 
– foram construídas culturalmente”. 
 Assim, na formação societária do Brasil, identificam-se as mesmas práticas 
de exclusão e rejeição das pessoas com deficiência tanto por parte dos povos 
nativos, denominados de populações indígenas, como dos povos africanos 
escravizados no período colonial, bem como dos próprios colonos europeus. 
Acrescenta-se o fato de que, na tríade societária brasileira, desde seus 
primórdios, relacionou-se deficiência com doença. 
5.1 Populações indígenas, africanos escravizados e colonos europeus 
Os antropólogos e historiadores estudiosos das populações indígenas 
consensualmente atestam que, em sua maioria, essas populações tinham 
condutas, práticas e costumes que levavam à eliminação de crianças com 
deficiência e/ou à exclusão daquelas que desenvolvessem qualquer espécie de 
limitação física ou sensorial. 
 Todavia, para não recair no anacronismo, ressaltamos que as práticas de 
exclusão dos povos indígenas do Brasil não foram iguais às da Antiguidade 
Clássica da Europa. A especificidade se encontra na explicação para a 
deficiência: para os nativos, ela era sinônimo de mal presságio para a tribo, e não 
de castigo divino. 
Os africanos trazidos em navios negreiros para o trabalho escravo no Brasil 
Colônia sofreram toda espécie de maus-tratos na travessia entre os continentes. 
Em consequência, as deficiências físicas e sensoriais acentuaram-se. Silva (1987) 
demostra que o tráfico negreiro, que ocorria em porões superlotados das 
embarcações e em condições desumanas, precipitava o desenvolvimento e a 
disseminação de doenças incapacitantes, causadoras de sequelas severas. 
 As condições de vida nos engenhos de açúcar, e posteriormente nas 
fazendas de café, não se diferenciavam das sofridas nos navios negreiros: 
castigos físicos, maus-tratos6, alimentação precária e condições de habitação 
desumanas nas senzalas. Com a anuência da Igreja e dos senhores da Casa-
grande, as punições variavam: desde açoites a mutilações. 
 
6 O Rei D. João V, em alvará datado de 3 de março de 1741, autoriza a amputação de membros 
do corpo como punição aos africanos escravizados que eram capturados durante as tentativas de 
fuga para os quilombos. 
 
 
14 
Os portugueses, quando chegaram ao Brasil no século XVI, depararam-se 
com uma terra de clima totalmente oposto ao europeu, e essas características 
tropicais refletiram em sua saúde. Figueira analisa que “algumas dessas 
enfermidades de natureza muito grave chegaram a levá-los à aquisição de 
severas limitações físicas ou sensoriais” (Figueira, 2008, p. 55). 
5.2 A deficiência no Brasil do século XIX 
A recorrência da deficiência no século XIX, conforme estudou Silva (1987), 
foi resultado, em certa medida, do aumento dos conflitos militares. Com isso, a 
partir dos anseios do general Duque de Caixas, o governo Imperial inaugurou em 
1868, “Asilo dos Inválidos da Pátria”, que teve como finalidade abrigar e tratar dos 
soldados mutilados de guerra e também educar os órfãos e filhos dos militares, 
conforme nos aponta Figueira (2008). Esse asilo funcionou até 1976, quando foi 
desativado pelo regime militar em vidência no governo brasileiro na época. 
5.3 O modelo de deficiência no Brasil do século XX 
A caracterização dos deficientes nesse período da história brasileira seguiu 
um modelo embasado nos preceitos da medicina, em decorrência da criação dos 
hospitais-escolas na década de 1940, propiciando diversos estudos e pesquisas 
no âmbito da reabilitação. Também foi nesse período que a expressão “crianças 
excepcionais” foi forjada; esse termo fazia referência, conforme Figueira (2008), 
àquelas crianças que possuíam desvios em suas características mentais, físicas 
ou sociais em comparação com outras. Por conseguinte, a interpretação 
embasada no senso comum, sem cientificidade, compreendia que tais crianças 
não poderiam ser educadas com as demais, fortalecendo instituições como a 
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e a Sociedade Pestallozzi. 
 A partir da década de 1980, com o advento da construção do Ano 
Internacional da Pessoa Deficiente (AIPD), estabelecido pela ONU, construiu-se 
uma nova trajetória histórica relacionada às discussões sobre deficientes no 
Brasil. Sobre essa questão: 
Se até aqui a pessoa com deficiência caminhou em silêncio, excluída ou 
segregada em entidades, a partir de 1981 – Ano Internacional da Pessoa 
Deficiente – tomando consciência de si, passou a se organizar 
politicamente. E, como consequência, a ser notada na sociedade, 
atingindo significativas conquistas em pouco mais de 25 anos de 
militância. (Figueira, 2008, p. 115) 
 
 
15 
 A importância fundamental da AIPD refere-se à introdução do conceito de 
“conscientização” nas discussões, sobretudo na elaboração de ações afirmativas 
queainda são referências para os trabalhos de combate à invisibilidade social do 
deficiente. 
 Inferimos que a trajetória histórica da pessoa com deficiência no Brasil 
caracterizou-se pelo mesmo processo global de eliminação, exclusão e, por fim, 
de inclusão. Todavia, cada etapa reforçou o estereótipo que considera os 
deficientes incapazes, sendo essa a principal batalha a ser travada pela Educação 
Especial na contemporaneidade. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, apreendemos que os deficientes, ao longo da história ocidental, 
foram compreendidos como inválidos, anormais, monstros ou degenerados, e 
seus corpos eram vistos misticamente como resultado da ira ou do milagre divinos. 
O destino desses sujeitos era a morte. 
Com o advento da Modernidade, a narrativa biomédica superou o discurso 
religioso, e o deficiente foi conceituado como portador de uma patologia, 
procurando-se conhecê-la e controlá-la. Em confronto com tal perspectiva, na 
primeira metade do século XX surgiu o modelo social de deficiência, que tem como 
foco, até hoje, possibilitar às pessoas com deficiência condições para conquistar 
liberdade, e autonomia e oportunidade, elevando, com isso, sua qualidade de vida 
e inserção na estrutura social. 
Nesse momento, retomamos a questão-problema que introduziu essa aula: 
Qual a importância de conhecermos os fundamentos do conceito de deficiência? 
Qual a relação entre a construção histórica do conceito de deficiência e as teorias 
filosóficas da Educação Especial? Por que conhecer seus princípios filosóficos, 
científicos e históricos? 
A inferência para as questões elencadas está na necessidade de 
construção de uma compreensão teórica, filosófica e social da deficiência como 
diversidade corporal e funcional e como diferença subjetiva, conforme Diniz 
(2009). Para este autor, a experiência da “deficiência” proporciona um sentido de 
comunidade que é aproveitado na intenção de exaltar os valores fundamentais da 
vida, os direitos humanos e a celebração da diferença. Trata-se da construção do 
conceito contemporâneo de movimentos de defesa de plena cidadania daqueles 
que dialogam em nome da diferença. Pessoas com conformações corporais e/ou 
 
 
16 
mentais anteriormente consideradas como patológicas reivindicam o status de 
singularidades atípicas não apenas patológicas. Nesse sentido, a construção de 
metodologias para a Educação Especial soma-se à nova necessidade histórica 
de aceitação cidadã das diferenças entre todos os seres humanos. 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
Texto de abordagem teórica 
SILVA, O. M. A epopeia ignorada: a pessoa deficiente na história do mundo de 
ontem e de hoje. São Paulo: Cedas, 1987. 
O estudo de Silva (1987) traz a dimensão do entendimento histórico sobre o 
indivíduo deficiente, pois nos reporta ao passado e nos auxilia a localizar, nas 
diferentes épocas, o retrato que se fixou culturalmente sobre a ideia das 
diferenças individuais, e que se converteu, assim, no atual modelo de atendimento 
pedagógico ao deficiente. 
Texto de abordagem prática 
BRASIL. Secretaria de Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Promoção dos 
Direitos da Pessoa com Deficiência. Decreto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009. 
Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 25 ago. 2009. Disponível 
em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/publicacoes/
convencaopessoascomdeficiencia.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2018. 
Em 2008, o Brasil ratificou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com 
Deficiência, adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), bem como seu 
protocolo facultativo. O documento obteve, assim, equivalência de emenda 
constitucional, valorizando a atuação conjunta entre sociedade civil e governo. 
Saiba mais 
DA SILVA, M. F. P. T. B. et al. Deficiências no Brasil: conceito, história e 
aconselhamento genético. Apae Ciência, [S.l.], v. 3, n. 3, dez. 2013. Disponível 
em: <http://apaeciencia.org.br/index.php/revista/article/view/50>. Acesso em: 11 
jun. 2018. 
Neste texto, os autores problematizam o processo histórico do conceito de 
deficiência nos principais períodos da história do Brasil. 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria do Desporto. Deficiência 
física: a realidade brasileira cria, recupera e discrimina. Brasília, DF, 1991. 
COLL, C.; MARCHESI, A.; PALACIOS, J. Desenvolvimento psicológico e 
educação: transtornos do desenvolvimento e necessidades educativas especiais. 
Porto Alegre: ArtMed, 2004. 
DINIZ, D.; BARBOSA, L.; SANTOS, W. R. Deficiência, direitos humanos e 
justiça. Sur, Rev. int. direitos human, v. 6, n. 11, p. 64-77, 2009. Disponível 
em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1806-64452009000200004>. Acesso em: 11 jun. 
2018. 
FIGUEIRA, E. Caminhando em silêncio: uma introdução à trajetória das pessoas 
com deficiência na história do Brasil. São Paulo: Giz Editorial, 2008. 
HUGO, V. O corcunda de Notre Dame. Trad. Jean Melville. São Paulo: Martin 
Claret, 2006. 
MATTOS, E. A. Deficiência mental: integração/inclusão/exclusão. Videtur, São 
Paulo; Espanha, 2002. p. 13-20. 
RODRIGUES, O. M. P. R.; MARANHE, E. A. A história da inclusão social e 
educacional da pessoa com deficiência. In: CAPELINI, V. L. M. F.; 
RODRIGUES, O. M. P. R. (Org.). Marcos históricos, conceituais, legais e éticos 
da educação inclusiva. Bauru: Unesp; MEC, 2010. v. 2. (Coleção Formação de 
Professores na Perspectiva da Educação). 
SILVA, O. M. A epopeia ignorada: a pessoa deficiente na história do mundo de 
ontem e de hoje. São Paulo: Cedas, 1987.

Continue navegando