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Análise de Recursos em Ambiente Virtual de Aprendizagem e Evasão Escolar

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Análise do Uso de Recursos em Ambiente Virtual
de Aprendizagem e a Evasão Escolar
Gleice Louise Garcia Costa dos Santos
Depto. de Ciência da Computação
Universidade de Brası́lia
Brası́lia, Brasil
gleicelouise@gmail.com
Letı́cia Lopes Leite
Depto. de Ciência da Computação
Universidade de Brası́lia
Brası́lia, Brasil
llleite@unb.br
Abstract—O presente artigo tem como objetivo realizar um
mapeamento de tecnologias educacionais, disponibilizadas em
Ambientes Virtuais de Aprendizagem de cursos de graduação
do programa UAB da UnB, e dos dados da evasão para obter
um panorama da permanência dos estudantes em cursos a
distância. A pesquisa é do tipo estudo de caso exploratório e foi
utilizada uma abordagem quantitativa onde a análise de dados
realizada identificou os recursos mais utilizados e relacionou com
a taxa de evasão dos respectivos cursos. Obteve-se, ao final a
análise de dados quais cursos tiveram maior taxa de evasão e
menor retenção. Dessa forma, a relação das taxas de evasão
com o agrupamento dos recursos pode contribuir na retenção
de estudantes e no engajamento dos alunos nos cursos.
Index Terms—educação a distância, ambiente virtual de apren-
dizagem, educação superior, Universidade Aberta do Brasil,
abandono, evasão escolar
I. INTRODUÇÃO
Muitos problemas educacionais são complexos e não há
soluções rápidas com respostas imediatas para resolvê-los.
A evasão escolar é um desses problemas e merece atenção
especial porque traz consequências tanto para o aluno quanto
para a sociedade, favorecendo a desigualdade social, influ-
enciado o desenvolvimento cognitivo, intelectual e cultural
dos alunos. O desperdı́cio de recursos investidos, tanto para
instituições privadas quanto para as públicas e em alguns
casos são mais elevados na educação presencial, mas ocorrem
também na educação a distância (EaD). Apesar das vantagens
da EaD na flexibilidade de horários, na disponibilidade de
acesso aos recursos a evasão, nessa modalidade, tem ı́ndices
elevados. As taxas de evasão podem estar associadas a falta
de adaptação na modalidade e baixo domı́nio da tecnologia.
Assim, o uso da tecnologia será abordado neste trabalho a
partir de um mapeamento de recursos disponibilizadas em
Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) de cursos de
graduação do programa Universidade Aberta do Brasil (UAB)
da Universidade de Brası́lia (UnB), e dos dados da evasão para
obter um panorama da permanência dos estudantes em cursos
a distância. Para isso foi realizado um levantamento para
identificar quais recursos de tecnologias são mais utilizados
em ambientes virtuais de aprendizagem no cursos da UAB na
UnB onde foram confrontados com os dados da evasão dos
respectivos cursos.
II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para Aranha [1], a educação, de forma geral, contribui
integralmente para o desenvolvimento do homem seja na
perspectiva moral, fı́sica ou intelectual. A educação é um dever
da famı́lia e do Estado e está estabelecida na Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional nº 9.394, 20 de dezembro de
1996 (LDB) [2].
O compartilhamento de conhecimento é realizado ao longo
dos tempos das mais variadas formas e modalidades. Para
Córdula [3] o conhecimento é compartilhado pelo sistema
de ensino e atualmente por conteúdos disponibilizados pelos
veı́culos de comunicação de massa (TV, rádio, revistas, jornais,
internet etc.). As modalidades para o ensino superior são
classificadas como presencial e a distância, apresenta MEC
[4].
O Decreto 9.057, de 25 de Maio de 2017 [5] aborda que a
EaD pode ser implantada na Educação Básica que compreende
a educação de jovens e adultos, educação especial, educação
profissional tecnológica e na educação superior.
A educação a distância tem caracterı́sticas básicas que são
abordadas por Perry [6] da seguinte maneira:
[...] a caracterı́stica básica da educação a
distância é o estabelecimento de uma comunicação
de via dupla, na medida em que professor e aluno
não se encontram juntos na mesma sala, requisi-
tando, assim, meios que possibilitem a comunicação
entre ambos, como correspondência postal ou
eletrônica, telefone, rádio, internet, vı́deo, televisão,
desde que apoiadas em meios abertos de dupla
comunicação.
Esse trabalho trata da educação sob o contexto de Educação
a Distância que é uma modalidade educacional onde profes-
sores e alunos estão fisicamente separados sendo necessário
utilizar recursos de TICs para que ocorra a comunicação e
a construção do conhecimento, assim define o Ministério da
Educação (MEC) [7].
III. SURGIMENTO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Compartilhar o que se sabe é imprescindı́vel para formação
do indivı́duo e é tão importante quanto absorver o que
é ensinado. Segundo Perry [6] a EaD apresentou diversas
denominações: ensino a distância, educação não tradicional,
ensino aberto, estudo experimental, entre outros, pois o a
construção do conhecimento poderia ser realizado fora da
escola.
O compartilhamento de conhecimento na educação a
distância, ao longo do tempo, ocorreu das mais variadas
formas e a EaD é uma realidade presente muito antes da
internet e das tecnologias de comunicação, menciona Oliveira
[8]. O autor aborda que essa modalidade de ensino teve como
precursores as correspondências, telegramas, televisão, rádio,
fitas de vı́deo e áudio, telefone, teleconferências, e-mails e
outros tantos.
Maia [9] apresenta que a história da EaD é dividida em
estágios, por alguns autores, ou pelo tipo de tecnologia ado-
tada. Para Gouvêa [10] há relatos que a EaD teve inı́cio no
século I, a partir das epı́stolas de São Paulo. As cartas de São
Paulo são a base para a teologia Cristã e desse ponto de vista
são ensinamentos que perpetuam ao longo dos séculos. Maia
[9] cita que o primeiro formato de educação a distância foi
no ano de 1856, através de aulas por envio e recebimento de
cartas que ensinavam idiomas.
Mais adiante em 1892 identificou-se a necessidade de for-
mar professores. Na época a única alternativa era utilizar o en-
vio e recebimento de cartas, então a Universidade de Chicago
ofereceu um curso de formação e desde então outros paı́ses
perceberam que poderiam exercer a EaD utilizando os cor-
reios como principal ferramenta de realização e disseminação
do conhecimento, relata Oliveira [11]. O autor apresenta a
informação de que, no Brasil, é a partir desse marco que foram
encontrados registros de cursos de datilografia na modalidade
de educação a distância, evidenciando essas atividades. A
diferença entre o Brasil e os demais paı́ses é que por muito
tempo a EaD esteve voltada apenas para a educação supletiva
ou de formação técnica básica. A educação, por meio da EaD,
era desacreditada e os meios mais utilizados eram as cartas, o
rádio e a televisão.
Com o surgimento da internet, por volta de 1990, e com a
potencialização das TICs ocorreu o surgimento de programas
mais robustos e esses programas se tornaram formais e oficiais
na EaD, passando a ser voltados para a formação continuada
de professores da rede pública de educação.
Atualmente, temos a UAB - Universidade Aberta do Brasil,
como exemplo de Programa voltado Educação a Distância
voltada para a formação de professores de Educação Básica
iniciativas como cujo objetivo e caracterı́sticas são discutidos
na próxima seção.
IV. PROGRAMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
No Brasil, diferentes ações governamentais são desenvolvi-
das e aplicadas para aumentar a quantidade de vagas gratuitas
ofertadas na educação superior. Para isso, e de acordo com
Santos [12], foi criado o Programa UAB por meio do Decreto
nº 5.800 [14] de 08 de junho de 2006, para oferecer cursos de
graduação e pós-graduação a distância a partir de convênios
com Universidades Federais. Ele visa levar aos professores da
educação básica, dirigentes e gestores da educação pública dos
estados, do DistritoFederal e dos municı́pios a oportunidade
de capacitação em cursos superiores.
No Distrito Federal (DF), desde o ano de 2007, a UnB faz
parte do Sistema UAB com a oferta de cursos de licenciatura
e especialização lato sensu em todas as regiões do Brasil.
A próxima sessão contextualiza a UAB na Universidade
de Brası́lia e aborda detalhes do Programa no âmbito da
universidade.
A. Universidade Aberta do Brasil na Universidade de Brası́lia
Atualmente os cursos ofertados pela UAB na UnB são:
Artes Visuais; Biologia; Educação Fı́sica; Fı́sica, Geografia;
Letras; Música; Pedagogia; Teatro; e Especialização em
Ciências, expõe a SAA [13]. A seguir apresentamos como
funciona e quem pode participar do UAB na UnB:
Como funciona: As provas são realizadas nos polos, nos
respectivos municı́pios para o qual se inscreveu. A seleção
é composta por avaliação de conhecimentos, por meio de
aplicação de provas com questões objetivas e de redação em
lı́ngua portuguesa. Ambas são eliminatórias e classificatórias.
Para quem tem experiência profissional é incluı́da bonificação
de caráter classificatório.
Quem pode participar: A oferta de cursos de graduação
em EaD visa primordialmente ampliar e interiorizar o acesso
à educação superior público, de qualidade e gratuito no
Brasil, além de incentivar a formação de professores das redes
públicas de educação que não tenham a habilitação legal
exigida para o exercı́cio da função, no caso a licenciatura.
O vestibular do Programa UAB é destinado ao provimento de
vagas para candidatos que comprovem a conclusão do ensino
médio ou equivalente.
O primeiro vestibular para os cursos da UAB na UnB foi
realizado em 2006, era um tipo de projeto piloto, e teve
cerca de 850 alunos matriculados para as regiões Centro-Oeste
e Norte, apresenta Fernandes [17] e nessa ocasião o curso
ofertado foi de Administração. No ano seguinte, foi realizado
outro vestibular com foco nos cursos de licenciatura e os
cursos ofertados foram Educação Fı́sica, Música, Teatro, Artes
Visuais, Letras e Pedagogia.
Uma informação interessante e apresentada por Fernandes é
referente aos dados sobre a evasão dos cursos ofertados no ano
de 2007, onde o autor cita que o percentual de evasão, superior
a 50%, ocorreu nos cursos de Teatro e Música e o menor
ocorreu em Pedagogia que registrou 35,3%. É perceptı́vel que
os ı́ndices de evasão apresentados, especialmente em alguns
cursos, são altos e por isso é preciso entender o que estaria
influenciando em mais da metade dos alunos a desistirem do
curso?
O perfil do aluno na EaD pode sugerir, por exemplo,
que trata-se majoritariamente de aluno que trabalha e que
tem responsabilidades familiares, o que pode potencializar
as dificuldades em conciliar essas questões com o tempo
disponı́vel para os estudos, detalha Fernandes [17].
V. EVASÃO ESCOLAR
A evasão escolar é definida de diferentes maneiras e geral-
mente é vista como tão somente a desistência do aluno antes
da conclusão do curso, entretanto, o conceito pode mudar de
acordo com o autor, impactando e interferindo nos resultados
de estudos realizados. Por isso, a seguir os conceitos de evasão
serão explorados mais detalhadamente.
A. Conceitos de Evasão
Para Oliveira [18] a evasão é um problema multidisciplinar
influenciado a partir de contextos sociais e econômicos.
No Brasil o Inep [19], Autarquia Federal vinculada ao Min-
istério da Educação, é responsável por subsidiar a formulação
de polı́ticas públicas educacionais nos diferentes nı́veis de
governo, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento
econômico e social do paı́s. O Inep [20] aborda a evasão
escolar sob dois aspectos: no primeiro ele trata a evasão escolar
como a saı́da do aluno da escola que não retorna mais, no
segundo o conceito usado é o abandono escolar que ocorre
quando o o aluno deixa a escola em um determinado ano,
retornando no ano seguinte. Ambos os conceitos são distintos
e sofrem abordagens diferentes.
Gaioso [21] define a evasão escolar como a suspensão de um
ciclo de estudo e esclarece que abandonar o curso sem atingir
o objetivo principal, que é a obtenção do tı́tulo, é considerado
por ele como evasão. O conceito de abandono pode acontecer
por desistência, reprovação, pela troca de curso ou até mesmo
por perder prazo de matrı́cula ou ainda por qualquer motivo
de desligamento. Assim, evasão e abandono na abordagem de
Gaioso são conceitos similares.
Para a Comissão Especial de Estudos sobre a Evasão nas
Universidades Públicas Brasileiras [23] a evasão escolar é:
[...] a saı́da definitiva do aluno de seu curso de
origem, sem concluı́-lo.
Nesse trabalho, adotaremos a evasão escolar considerando
o conceito da Comissão Especial de Estudos sobre a Evasão
nas Universidades Públicas Brasileiras.
B. Tipos de Evasão
Os autores analisam a evasão escolar de diferentes perspec-
tivas, Santos [24] defende que a evasão pode ser de dois tipos:
imediata ou tardia. A primeira considera a decisão do aluno
em não voltar ao curso e a segunda ocorre mais devagar, de
forma gradual, com a ausência do aluno em dias alternados,
até a evasão de fato.
Polydoro [25], compreende que a evasão pode ser analisada
de duas maneiras: de forma temporária ou definitiva. A tem-
porária ocorre quando o aluno deixa o curso provisoriamente,
retornando em seguida e a definitiva o aluno não retorna mais.
Santos [24] classifica a evasão como reversı́vel ou irre-
versı́vel, na primeira a instituição consegue reverter a evasão
mantendo o aluno na própria instituição e, na segunda a
instituição não consegue manter o aluno caracterizando a
evasão escolar.
A evasão pode ser ainda, na visão de Silva Filho como [26],
total ou anual média, e a diferença entre elas é que na evasão
anual média se calcula a porcentagem de alunos que foram
matriculados, mas que não se formaram e nem mudaram de
curso, enquanto que na evasão total considera-se o número de
alunos que entraram em um curso, mas não o finalizaram em
certo número de anos.
Para Cardoso [27] a evasão pode ser aparente, quando o
aluno sai de um curso e entra em outro na mesma instituição
ou até mesmo quando ele é transferido para outra instituição,
ou a evasão pode ser real, quando o desligamento é definitivo.
A Tabela I apresenta uma sı́ntese das diferentes perspectivas
da evasão conforme os autores pesquisados.
TABLE I
TIPOS DE EVASÃO ESCOLAR
Tipos de Evasão
Autor Tipo I Tipo II
Santos [24] Imediata Tardia
Polydoro [25] Temporária Definitiva
Santos [24] Reversı́vel Irreversı́vel
Silva Filho [26] Total Anual
Cardoso [27] Aparente Real
Essas diferentes perspectivas, a cerca da evasão, contribuem
para o entendimento e realização de um diagnóstico de
panorama educacional e podem contribuir para a compreensão
desse fenômeno, aborda Júnior [28].
C. Causas da Evasão
O Instituto Unibanco [30] define que a desistência do
processo de aprendizagem em qualquer fase do perı́odo letivo,
independentemente se é em instituições públicas ou privadas,
ocorre por vários motivos.
1) A necessidade de trabalhar fora, com jornadas de tra-
balho extensas é um fator que maximiza a possibilidade
de evasão. Isso implica em falta de tempo para assistir
as aulas e realizar as tarefas.
2) O desemprego contribui para a evasão porque apesar dos
cursos da UAB serem gratuitos, o aluno tem necessidade
de arcar com custos que são indispensáveis para a
manutenção da educação a distância, como por exemplo:
conexão com a internet e aquisição de computadores.
3) Uma base educacional deficiente, em virtude do acesso
à educação de baixa qualidade, aumenta o nı́vel de difi-
culdade em lidar com novas metodologias e tecnologias
utilizadas no EaD.
Existem poucas instituições, no paı́s, que tenham um Pro-
grama de combate à evasão institucionalizado com acom-
panhamento de resultados, ações planejadas e registros de
boas experiências, relata Oliveira[18]. Por isso, a evasão
em EaD é um problema crescente, de nı́vel internacional
e deve ser estudado com seriedade também na educação
superior, relata Filho [29]. Sob essa ótica, a evasão deve ser
considerada inclusive no modelo de educação a distância, e
ações devem ser criadas com o objetivo de reduzir ao máximo
esse fenômeno.
D. Dados sobre evasão em cursos a distância na Universidade
Aberta do Brasil na Universidade de Brası́lia
Para Fernandes [17], conforme a oferta de vagas aumenta,
por consequência o número de alunos evadidos aumenta
também. Os cursos de Música e Teatro apresentam o maior
percentual de evasão, ambos superiores a 50%. E o menor
percentual foi Pedagogia com 35,3%. Dados referentes ao
estudo de Fernandes [17], em 2012.
No ano de 2009, o curso de Biologia teve o maior percentual
de evasão com 66,3%, o que representa um número muito
expressivo. O curso de Educação Fı́sica teve 35,8%, menor
percentual do ano. Para o ano de 2011, o percentual de
evasão da maioria dos cursos analisados não ultrapassou 15%,
destacando o curso de Pedagogia com 4,6%.
No âmbito do UAB na UnB, os dados apresentados por
Fernandes [17] denotam a dificuldade dos alunos que optaram
pela EaD. É perceptı́vel que eles enfrentam dificuldades para
permanecer no curso. Essas dificuldades fizeram, em alguns
casos, mais da metade da turma desistir do curso. O que
poderia estar contribuindo para a evasão de acordo com
Fernandes [17] está relacionado com o perfil do aluno de EaD
e pode indicar alguns fatores, pois se trata majoritariamente
de aluno que trabalha e que tem famı́lia. Outras dificuldades
como uso de tecnologias educacionais também são apontadas
por Fernandes [17], o que dificulta conciliar a sua realidade
com os estudos.
O ensino das TICs em cursos de EaD é indispensável
e bastante complexo. O conjunto de competências que per-
mitem ao aluno compreender e utilizar a informação gerada
na internet, além de serem habilidades requeridas para o
século XXI, buscam complementar a formação interdisciplinar
desses alunos, que são futuros profissionais. Assim, a próxima
seção aborda o uso de tecnologias em ambientes virtuais de
aprendizagem, em especı́fico os recursos do Modular Object-
Oriented Dynamic Learning Environment (MOODLE) nos
cursos UAB na UnB.
VI. ANÁLISE DO DADOS
Existem poucos estudos que avaliam a importância dos
recursos disponibilizados em ambientes virtuais de aprendiza-
gem, aponta Oeiras [31]. O Programa UAB da UnB constitui
o único conjunto de cursos, dentro da universidade, que
ocorre na modalidade de EaD por isso o programa compõem
a base de dados utilizada nesta análise onde se pretende
obter um conjunto de recursos de tecnologias educacionais
disponibilizados no AVA em cursos superiores da UnB.
VII. SELEÇÃO DOS DADOS
A seleção de dados compreendeu um total de:
• 8 cursos: Artes Visuais, Educação Fı́sica, Fı́sica, Ge-
ografia, Letras, Música, Pedagogia e Teatro;
• 5 semestres: : 2020.1, 2020.2, 2021.1, 2021.2 e 2022.2;
• 257 salas de aulas virtuais onde cada sala de aula virtual
é uma disciplina;
• 19 recursos de tecnologias educacionais e
• 1.023 alunos.
Principais variáveis investigadas:
• Quais foram os recursos disponibilizados;
• Quais foram os recursos com maior números de
interações;
• Quais recursos cada curso utilizou;
• Quais recursos foram utilizados por todos os cursos e
• Ingressantes, trancamentos, cancelamentos e
integralizações de alunos nos cursos.
No geral observamos que os recursos disponibilizados
no programa UAB na UnB foram: BigBlueButton, Fórum,
Questionários, Recursos, Tarefas, Pesquisa, Jogos, Glossário,
Escolha, H5P, Wiki, Chat, Diálogos, Diários, Laboratório de
Avaliação, Base de Dados, Pesquisa de Avaliação, PDF An-
notations, Hot Potatoes, ao todo 19 recursos. Dos 19 recursos
identificados os que mais disponibilizadas no AVA dos cursos
na modalidade de EaD do Programa UAB da UnB foram:
Fórum, Questionários, Recursos, Tarefas, Glossário, H5P, Big-
BlueButton, Jogos, Pesquisa e Diários. Percebe-se que todos os
cursos disponibilizaram as tecnologias Fórum, Questionários,
Recursos, Tarefas, Glossário e H5P. Identificamos que o curso
de Música com 14 tecnologias disponibilizou o maior número
de recursos, seguido pelo curso de Letras com 13 recursos.
Os cursos de Educação Fı́sica, Fı́sica, Pedagogia e Teatro
utilizaram 12 recursos cada. Artes Visuais 11 tecnologias e
Geografia teve a menor quantidade de recursos disponibiliza-
dos, 9 no total.
Outra informação detalhada é o levantamento das tecnolo-
gias disponibilizadas por curso. O recurso de tecnologia que
obteve mais interações foi o Fórum, seguido por Tarefas, Ques-
tionários, Recursos, Glossário e H5P, esses recursos foram
utilizados por todos os cursos. Ainda sobre a análise das
interações observamos que os cursos de Pedagogia, Música
e Educação Fı́sica são àqueles com o maior número de
interações em comentários no recurso Fórum.
Quanto aos dados de evasão identificamos que o maior
número de evasão escolar ocorreu em 2020.2, o menor número
em 2022.1 e no que se refere aos cursos, Geografia teve o
menor número de alunos evadidos enquanto Fı́sica o maior
número. Confrontando as tecnologias disponibilizadas nos
cursos com maior e menor retenção Geografia e Fı́sica, re-
spectivamente, percebemos que o curso de Fı́sica usou mais
recursos, 13 no total, e Geografia fez uso de 9 recursos.
VIII. CONCLUSÃO
Os resultados da análise indicaram que no âmbito do Pro-
grama UAB da UnB os recursos mais disponibilizadas no AVA
foram: Fórum, Questionários, Recursos, Tarefas, Glossário,
H5P, BigBlueButton, Jogos, Pesquisa e Diários. No que tange
aos dados da evasão O curso com maior evasão foi o de Letras
com 58,33% e Geografia foi o curso com o menor ı́ndice de
evasão, 7,52%. Com base nesse cenário e confrontando as
tecnologias disponibilizadas nos cursos com maior e menor
retenção Geografia e Fı́sica, respectivamente, percebemos que
o curso de Fı́sica usou mais recursos, 13 no total, e Geografia
fez uso de 9 recursos. Dessa forma, foi estabelecida a relação
dos recursos disponibilizados no AVA com as taxas de evasão
fornecendo um apeamento que permite contribuir na retenção
de estudantes e no engajamento dos alunos nos cursos.
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