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Relações de Gênero, Sexualidade e Violência na Separação/Divórcio

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AURORA ano IV número 6 – AGOSTO DE 2010________________________________________________ISSN: 1982-8004 www.marilia.unesp.br/aurora 
 
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AS RELAÇÕES DE GÊNERO, SEXUALIDADE E VIOLÊNCIA 
NOS PROCESSOS DE SEPARAÇÃO/DIVÓRCIO 
 
 
ANABELA MAURÍCIO DE SANTANAi 
 
 
 
 
Resumo: A proposta do trabalho é refletir sobre o valor histórico de homens e mulheres, enfatizando a 
trajetória das mulheres na história, identificando as relações humanas. Inicialmente, pretende-se discutir a 
trajetória feminina, fazendo abordagens acerca do casamento, salientando o processo de reconfiguração 
das subjetividades femininas e masculinas os espaços e contextos que estão inseridos. Em seguida, 
discutimos o fato de a sociedade contemplar modelos de famílias que correspondem a diferentes papéis 
para homens e mulheres, onde as mulheres pesquisadas confirmam o que dizem os autores acerca da 
família, da construção de gênero, das dificuldades e desafios, a inserção da mulher no mercado de trabalho, 
violência, sexualidade, como também sobre políticas públicas, que estudam esse fenômeno. 
Palavras - chave: Mulher. Casamento. Família. Gênero e Poder. 
 
RELATIONS OF GENDER, SEXUALITY AND VIOLENCE IN THE PROCESS OF 
SEPARATION/DIVORCE 
 
Abstract: The proposal of work is to reflect on the historical value of men and women, emphasizing the 
trajectory of women in history, identifying human relations. Initially we intend to discuss the history of 
women, making approaches to marriage, emphasizing the process of reconfiguration of female and male 
subjectivities spaces and contexts that are inserted. Then discussed the fact that the society include models 
of families that correspond to different roles for men and women, where women surveyed confirm who 
say the authors about the family, the construction of gender, difficulties and challenges, the insertion of 
women in the labour market, violence, sexuality, but also on public policy, studying this phenomenon. 
Keywords: Women. Marriage. Family. Gender and Power. 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 mídia impressa e televisiva, nos últimos 
anos, tem veiculado reportagens enfocando 
a atuação da mulher na sociedade 
contemporânea sob uma nova perspectiva, 
ou seja, apresenta o empoderamento da mulher, 
mencionando a crescente participação na vida 
pública, através da inserção nas universidades e no 
mercado de trabalho, o que por sua vez produz 
mudanças significativas no que se refere aos papéis 
desempenhados por ela no âmbito social e familiar. 
Mas, também vem transmitindo notícias acerca da 
violência contra a mulher; nesse sentido, faz-se 
necessário ressaltar que alguns programas 
televisivos, que dramatizam os crimes passionais, 
estupros seguidos de morte, incesto, trazem uma 
dupla mensagem, porque de um lado acusam o 
criminoso, mas ao mesmo tempo romantizam o 
fato. Logo, esses veículos tendem a reproduzir e 
perpetuar a versão de que a “vítima é responsável 
por sua morte”. 
Entretanto, é pertinente louvar as 
mudanças positivas, visto que até metade do século 
XX a mulher tinha um papel diferenciado e era 
percebida como a sombra do esposo. Outrossim, 
até o período em questão, os moldes patriarcais 
permaneciam fortemente presentes, uma vez que a 
família era chefiada pela figura do homem, cujo 
papel era prover o sustento econômico da unidade 
doméstica e tutelar a mulher, a quem cabia a tarefa 
de ser mãe, esposa e cuidar do lar, sem o direito de 
participação nas decisões da família, nem mesmo na 
educação dos filhos. Logo, percebe-se a força 
cultural e social exercida sobre a família no seu 
modo de ser e de viver. Não obstante, não se pode 
homogeneizar o sujeito mulher, visto que é melhor 
pensar nas construções dos sexos do que na 
categoria de gênero. 
Paralelo a isso, Scott registra: 
 
A alternativa à construção binária da diferença sexual 
não é a igualdade, a identidade ou a androgenia. Ao 
incluir as mulheres dentro de uma identidade 
“humana” geral, perdemos a especificidade da 
diversidade feminina e as experiências das mulheres; 
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em outras palavras, regressamos aos dias em que se 
supunha que a história do “homem” era a história de 
todas as pessoas, quando mulheres estavam 
“esquecidas pela história”, quando o feminino servia 
de contraponto negativo – o “Outro” – para a 
construção de uma identidade positiva masculina. 
(SCOTT, 1994, p. 219). 
 
Logo, segundo Valcárcel (1994) é oportuno 
esclarecer as mudanças de posição das mulheres, 
cujas mudanças produzem transformações 
imprevisíveis e também efeitos emergentes e 
indesejáveis, visto que a nova posição feminina é 
um dado gerador de incertezas, receios e “fracasso” 
para o homem, em virtude do medo da igualdade, 
onde podemos entender segundo a autora como 
“crise do sujeitoI”. Outrossim, para a estudiosa “o 
feminismo continua correndo o risco de ficar em 
um movimento monocausal se não for capaz de 
realizar todos os seus ajustes com as tradições 
políticas precedentes” e, por conseguinte, a 
emancipação das mulheres pode ser visualizada 
como fator social e biológico, pois tudo o que diz 
respeito à teoria de igualdade, liberdade e 
participação na tomada de decisões e no poder, 
atrela-se as teorias gerais da natureza humana. 
O presente artigo tem por finalidade 
conhecer e analisar o cotidiano de mulheres que 
transitam no Escritório Modelo de Assistência 
Jurídica da Universidade Tiradentes, situado à 
Avenida Sete de Setembro nº 320, Aracaju/SE, 
objetivando abertura de processo de 
separação/divórcio, considerando o impacto para 
elas/es e seus familiares. A idéia de investigar a 
temática surgiu de vivencias no cotidiano de 
trabalho no Escritório Modelo, mas também, 
devido à relevância da temática que, nos últimos 
anos, tem sido objeto de estudo. A contribuição 
deste artigo para a literatura é importante por vários 
aspectos, porque pretendemos chamar atenção para 
a reprodução e banalização da violência cotidiana; 
para as experiências vivenciadas pelas mulheres no 
espaço público e sobre a sexualidade atrelada as 
relações de gênero e poder. 
Do conjunto das questões levantadas 
acima, iremos concentrar em dois pontos que são 
interligados: o primeiro as possibilidades de poder 
tratar o termo gênero de forma gramatical para 
distinguir seu conceito, visualizando-o como 
categoria que deve ser investigada nas diversas 
dimensões para possibilitar assim a identificação das 
classes sociais. E o segundo diz respeito aos 
 
I
 “Um problema comum da crítica ao essencialismo tem sido o 
abandono da categoria de sujeito como a entidade transparente e 
racional que poderia outorgar um significado homogêneo ao campo 
total da conduta por ser a fonte da ação. [...] A história do sujeito é a 
história de suas identificações, e não há uma identidade oculta que 
deva ser resgatada além da última identificação” (Mouffe, 1994, p. 
31) 
 
processos de separação/divórcio, geração e a 
supremacia da violência. Para tratar desses pontos 
iremos percorrer um conjunto de pesquisas sobre 
mulher, projeto de vida, gênero, sexualidade, família 
e poder. 
 
2. VIOLÊNCIA: GÊNERO E PODER 
 
Acerca da terminologia violência pode-se 
dizer que é um termo de múltiplos significados que 
vem sendo utilizado para nomear desde as formas 
mais cruéis de tortura até as formas mais “sutis” da 
violência que tem espaço na família, nas empresas, 
entre outras. Logo, cabe mencionar que alguns 
estudiosos esboçam definições abrangentes da 
violência, onde as condições sociais, a distribuição 
desigual de bens e informações são geradores de 
violência tanto quanto os episódios agudos (a 
violência física). 
Consideramos, pois, que cabe a família, ao 
poder público e a sociedade criar e disponibilizar 
condições necessárias para o exercício efetivo dos 
direitos à saúde, à vida, à alimentação,à educação, à 
segurança, ao acesso a justiça, à convivência familiar 
e comunitária, entre outros. Logo, percebe-se que 
ao poder público caberá o desenvolvimento de 
políticas, com o intuito de garantir os direitos 
humanos das mulheres meio as relações domésticas 
e familiares, cujas políticas irão resguardá-las de: 
discriminação, exploração, violência, crueldade, 
negligência e opressão. 
No que se refere a políticas públicas, 
Gama traz a construção dos Estados de Bem-Estar 
Social ressaltando que ele se estabelece na divisão 
sexual do trabalho, cabendo às mulheres os papéis 
de mães, esposas, cuidadoras e trabalhadoras no lar, 
mesmo quando inseridas também no mercado de 
trabalho, administrando as duplas e/ou triplas 
jornadas atribuídas a elas e que, ironicamente, as 
tornam heroínas ou abnegadas, enquanto aos 
homens cabe o papel de provedor de suas famílias 
por meio do trabalho remunerado. (2008, p. 43) 
Essa estudiosa ainda tece comentários, 
sobre o movimento de liberação das mulheres 
salientando que: 
 
A Conferência Internacional da Mulher, em 1975, 
reconheceu claramente a relevância do Estado para a 
solução do problema da dependência feminina aos 
homens, por meio da promoção da igualdade de 
oportunidades no trabalho e na educação, e da luta 
por igualdade salarial, creches, aborto e contracepção, 
medidas relacionadas à autonomia feminina de 
diferentes formas. Ao mesmo tempo, contudo, as 
relações entre o Estado e a família foram postas em 
evidência, principalmente, a forma pela qual o Estado 
sistematicamente estruturou a provisão de bem-estar 
social através do trabalho “invisível” da mulher. 
(GAMA, 2008, p. 43). 
 
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Ante esse entendimento, percebe-se que o 
reordenamento proposto através do Estado via 
políticas afirmativas chocam-se com o princípio de 
universalidade do direito e a garantia de mínimos 
sociais, cujas políticas deveriam deixar de ser 
benesse ou favor e converter-se em direito do 
cidadão e dever do Estado. Logo, as igualdades de 
gêneroII devem está no cerne das políticas de 
governança, onde a mulher deve ter espaço para 
contribuir ativamente na elaboração e aplicabilidade 
das políticas sociais, visto que a mulher deve ter 
espaço para falar e de fato ser ouvida, entretanto, 
ouvir a mulher não é só suficiente, pois deve-se 
também despertar nas mulheres o espírito político, 
pois poucas são as mulheres que participam do foco 
das políticas que decidem planos e ações que 
venham no “mínimo” “reconhecer que as mulheres 
necessitam de proteção social pública e demandam 
por ela” conforme salienta Gama (2008) 
Sendo assim, Cisne e Gurgel (2008, p. 70) 
ressaltam que “o feminismo, como sujeito político, 
movimenta-se nos elementos estruturantes da 
ordem patriarcal-capitalista e confronta-se com o 
papel ideológico do Estado, da família e da Igreja na 
elaboração e reprodução dos valores, 
preconceituosos e comportamentos baseados na 
diferença biológica entre os sexos”. E ao 
reportarem-se a Vera Soares (1998) sintetizam “[...] 
o feminismo é a ação política das mulheres, cuja 
política engloba teoria, prática, ética, tendo como 
meta tomar as mulheres como sujeitos históricos da 
transformação de sua própria condição social, ou 
seja, despertar nas mulheres, meios para que elas se 
percebam enquanto sujeitos e agentes da história. 
Propondo que elas lacem-se no processo de 
transformar a si mesmas e ao mundo”. (Soares apud 
Cisne e Gurgel, 2008 p. 71). 
Outrossim, as estudiosas ao mencionarem 
Montaño (2002) observam nesse contexto, as 
ONGs, pois elas revestem-se de “parceiras” na 
negociação dos direitos sociais, intermediando 
muitas vezes o acesso dos indivíduos a esses 
direitos, cujos direitos são implementados de forma 
pulverizada, temporária, precária e focalizada, 
ferindo o princípio da universalidade das políticas 
públicas. Logo, as ONGs podem contribuir para a 
legitimação da desresponsabilização do Estado. 
(Montaño apud Cisne e Gurgel, 2008, p. 75). 
Sob essa visão percebe-se a importância da 
reivindicação de políticas públicas de gênero, visto 
 
II “O objetivo da promoção da igualdade de gênero por políticas 
públicas trilha caminhos diferenciados na sua interpretação e 
proposição política, com a ressalva de suas interconexões. A primeira 
vertente nasce da tradição maternalista e mantém alguns de seus 
traços na perspectiva da conciliação trabalho-família. A segunda 
coloca o problema em termos igualitaristas na direção de uma 
“neutralidade” de gênero na alocação das oportunidades e condições 
de vida”. (Gama, 2008, p. 45) 
 
que a analise das condições de vida das mulheres 
trabalhadoras, especialmente as negras, que são as 
mais pobres, portanto, torna-se perceptível que são 
elas que estão nos empregos mais precarizados e 
com salários aviltantes que qualquer outro segmento 
social. Sendo elas, mães, esposas, donas-de-casa e 
marginalizadas pela sua condição de ser mulher. 
(Cisne e Gurgel, 2008, p. 88). 
Nesse ínterim, Gama salienta: 
 
O modelo americano do “trabalho para todos” 
desenvolve políticas de gênero orientadas pelo 
mercado. O grande incentivo ao trabalho 
remunerado das mulheres faz com que elas recebam 
uma maior remuneração e haja uma diminuição da 
distância salarial entre homens e mulheres, além de 
elas ocuparem cargos mais altos e reconhecidamente 
“masculinos”. (GAMA, 2008, p. 43). 
 
Esse entendimento evidencia mais uma vez 
a necessidade de políticas afirmativas, objetivando o 
processo de equiparação entre homens e mulheres, 
visto que o que deve ser colocado em pauta é 
igualdade de gênero e não a supremacia feminina 
em detrimento da masculina, pois devemos nos 
desvencilhar da segregação no mercado de trabalho 
que por sua vez encontra-se imbricada na 
diferenciação salarial para a mesma função, sem 
esquecer a distribuição do trabalho não remunerado 
que, por conseguinte, é direcionado como feminino 
(tarefas e/ou atribuições domésticas) e não 
reconhecido como trabalho. Nesse sentido, Castro 
(2001, p. 63) alega que o “Os movimentos sociais 
mais criativos e dinâmicos relacionados ao 
feminismo no Brasil tentam conjugar diferentes 
identidades, como os coletivos de mulheres negras, 
sugerindo um novo conhecimento sobre as inter-
relações entre gênero, geração, raça e classe”. 
Sacks (1979) salienta ao reportar-se a 
Engels (1891) que a família foi a unidade social e 
econômica básica, e cabia às mulheres fazer 
trabalhos caseiro e dirigir os grupos, onde em 
algumas famílias “comunitárias primitivas” o 
trabalho feminino tinha o mesmo valor que o 
trabalho desempenhado pelo homem. Assim, 
afirma-se que “homens e mulheres foram 
simplesmente envolvidos em diferentes estágios de 
produção da mesma espécie de gênero – a produção 
para a subsistência”. 
Rosaldo (1979, p. 35), em seus estudos 
apresenta que “toda sociedade conhecida reconhece 
e elabora algumas diferenças entre os sexos, 
entretanto, as atividades masculinas, opostas às 
femininas, são sempre reconhecidas como 
predominantemente importantes e os sistemas 
culturais dão poder e valor aos papéis e atividades 
dos homens, logo percebe-se que parece universal a 
diferença nas avaliações culturais do homem e da 
mulher”. 
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Não obstante, a desigualdade de poder 
influencia os comportamentos individuais e, por 
conseguinte, se manifesta através de diversos jogos 
de poder nas relações existentes entre os seres. 
Destes jogos, o da vítima e/ou vilão é o mais 
comum e facilmente incorporado pelas pessoas. 
Elas escolhem estes papéis, mesmo que 
inconscientemente, de acordo com as suas 
tendências e condicionamentos culturais. Assim, na 
relação afetiva, a mulher é educada e condicionada 
paraapropriar-se do papel de mais passiva (observa-
se que tende a funcionar como vítima) e o homem, 
treinado mais para a ação e para ser 
forte/viril/guerreiro (incorpora, reproduz atração 
para o vilão). 
Nesse sentido, Safiotti ao dar significado 
a categoria opressão registra que: 
 
Neste regime, as mulheres são objetos da satisfação 
sexual dos homens, reprodutoras de herdeiros, de 
força de trabalho e de novas reprodutoras. 
Diferentemente dos homens como categoria social, a 
sujeição das mulheres, também como grupo, envolve 
prestação de serviços sexuais a seus dominadores. 
Essa soma/mescla de dominação e exploração é aqui 
entendida como opressão. Ou melhor, como não se 
trata de fenômeno quantitativo, mas qualitativo, ser 
explorada e dominada significa uma só realidade. 
(SAFIOTTI, 2009, p. 105). 
 
É possível, diante destes recortes teórico-
analíticos, ressaltar que a violência atinge 
principalmente as mulheres independentemente de 
idade, religião, etnia, nacionalidade, condição social 
e “opção” sexual. Sobretudo, o efeito é social, visto 
que afeta o bem-estar, as possibilidade de educação 
e desenvolvimento pessoal, a segurança e a auto-
estima das vitimas. Logo, à violência doméstica e 
sexual estão atreladas a outras formas de violação 
dos direitos das mulheres – do tratamento 
desumano que recebem nos serviços de saúde ao 
assédio sexual e preconceito no local de trabalho; da 
diferença de remuneração em relação aos homens à 
injusta distribuição de renda –. 
Na perspectiva de Pateman, a história do 
contrato sexual é de suma importância para a 
compreensão do patriarcado moderno, assim a 
estudiosa contextualiza abordando que o mercado 
capitalista vinha sendo formado de forma 
independente de atividades e as famílias abrangiam 
servos, aprendizes e escravos, bem como o senhor, 
sua mulher e seus filhos, isto é, desta forma, surgi os 
contratos – casamentos, compra de escravos, dentre 
outros –, onde cabe enfatizar que tal contrato dava 
ao homem o direito sobre a esposa, ou seja, ela é 
sua propriedade. Haja vista, como menciona a 
estudiosa “[...] O casamento é estado primitivo de 
escravidão que perdura [...] ele não perdeu a marca 
de sua origem selvagem”. (1993, p. 175) 
É necessário reconhecer que em cada 
realidade social, os intrincados mecanismos 
determinam as condições de vida das pessoas e a 
maneira como elas enfrentam as questões que 
envolvem as categorias de análise: 
amor/casamento/família/sexo/separação, visto que 
os determinantes sociais, econômicos, políticos e 
culturais interferem nas categorias citadas. Assim, 
cabe salientar que as mulheres através do contrato 
nupcial, de forma (in)consciente sabiam que no 
casamento poderia ser relegada ao fracasso e ser 
escrava, onde Pateman (1993, p. 180) registra que 
tal “comparação das mulheres e das esposas com 
escravosIII foi feita com freqüência a partir do 
século XVII”. Salientando também que “o direito 
conjugal dos maridos é o exemplo mais claro da 
maneira pela qual a origem moderna do direito 
político, enquanto direito sexual, é traduzido por 
meio do contrato de casamento no direito de todos 
os membros da fraternidade da vida cotidiana”. 
(1993, p. 185). 
Paralelo, Costa (1998, pp. 19-21) em seus 
estudos destaca que na teoria do marxismo clássico, 
a opressão feminina é fruto da propriedade privada 
e, por conseguinte, o papel da reprodução que a 
mulher desenvolve no seio familiar, logo ao 
reportar-se a Marx e Engels, ressalta que a 
dependência da mulher não é fruto de sua natureza 
feminina e sim de todo um processo histórico 
intrínseco a própria evolução da família. 
Não obstante, Engels critica afirmando 
que: 
 
Uma das idéias mais absurdas que nos transmitiu a 
filosofia do século XVIII é a de que na origem da 
sociedade a mulher foi escrava do homem. Entre 
todos os selvagens e em todas as tribos que se 
encontram nas fases inferior, média e até (em parte) 
superior da barbárie, a mulher não é só livre como, 
também, muito considerada. (ENGELS, 1977). 
 
Para Saffioti (2009) “a questão se situa na 
tolerância e até mesmo no incentivo da sociedade 
para que os homens exerçam sua força-potência-
dominação contra as mulheres, em detrimento de 
uma virilidade doce e sensível, portanto mais 
adequada ao desfrute do prazer”. 
 
3. MULHER/GÊNERO/FEMINISMO 
 
Scott (1990) em seus estudos relativos ao 
gênero como categoria de análise ressalta que essas 
preocupações teóricas só apareceram no final do 
século XX; assim, o termo gênero faz parte das 
tentativas levadas pelas feministas contemporâneas 
 
III “A melhor caracterização da situação da esposa é que ela era a 
principal escrava do senhor, ou, mais comumente, como muitas das 
primeiras feministas insistiram, uma esposa era somente a principal 
serva do chefe da família”. (Pateman, 1993, p. 187) 
 
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objetivando reivindicar certo campo de definição e, 
por conseguinte, insistir sobre o caráter inadequado 
das teorias estabelecidas para explicar as 
desigualdades persistentes entre mulheres e homens. 
Daí se observa que a sociedade patriarcal 
traçou um perfil do que é ser homem e mulher, 
visto que algumas características cessam o que é 
próprio de cada um deles, pois é o gênero que 
determina não apenas quem faz o quê, mas também 
quem toma as decisões, haja vista que ambos 
desempenham um papel produtivo e comunitário 
nas esferas familiar, cultural e social. 
Cruz (2009, p. 16) em seus estudos elenca 
que as relações de genro são relações de poder e 
que por sua vez estruturam as relações em todos os 
espaços da sociedade, onde para se construir 
relações mais igualitárias entre os sexos, as raças e as 
gerações é preciso trabalhar com um marco 
conceitual que de fato dê conta dessa complexidade, 
entretanto, a dificuldade encontra-se em distinguir 
as categorias mulher e gênero. Logo, o gênero não 
pode ser colocado como sinônimo de mulher, visto 
que o conceito de gênero constitui uma 
contribuição significativa e oportuna para a análise 
das desigualdades fundamentais do 
desenvolvimento humano e dos direitos humanos. 
Nesse sentido, faz-se mister ressaltar que 
através da atuação do movimento de mulheres, o 
fato de impedir a mulher de trabalhar na esfera 
pública, impedi - lá de participar de atividades 
sociais, de escolher seu tipo de vestimenta, de ter 
amigas/os, relações sexuais forçadas dentro e/ou 
fora do casamento, agressões domésticas, 
humilhações privadas e/ou públicas deixaram de ser 
atitudes consideradas “naturais”. 
Com efeito, partindo desse pressuposto, 
percebe-se que desde meados do século XIX até 
após da Primeira Guerra Mundial, o contexto 
econômico, social e cultural brasileiro mudou 
deliberadamente, visto que a urbanização que pode 
ser considerada como uma das conseqüências da 
industrialização alterou o cotidiano, especificamente 
o feminino, pois as mulheres passaram a ocupar 
cada vez mais o espaço público (estudar, trabalhar, 
entre outros). Todavia, tanto naquele período, como 
hoje, menciona-se que o fato de as mulheres 
trabalharem fora de casa gera a desagregação da 
família. Para tanto, Alambert (1986) em suas 
pesquisas registra devido o novo modo de produção 
exigia-se a mão-de-obra feminina em virtude dos 
baixos salários e porque a mulher adaptava-se a 
certos trabalhos industriais (sobretudo no setor 
têxtil), logo percebe-se que a grande massa feminina 
foi atirada à produção sem instrução, sem formação 
profissional, sem proteção legal, ficando sujeita ao 
livre-arbítrio do patrão 
Quanto a isso, Cornell e Seyla observa 
que: 
 
Quanto à questão da “utopia do trabalho” os teóricos 
feministas não questionaram o marxismo de maneira 
radical. O movimento em favor dos “salários para o 
trabalho doméstico”, por exemplo, válido para a 
lógica marxista, exigia que as mulheres primeirose 
tornassem assalariadas no lar antes que pudessem se 
emancipar como produtoras em público. Perdidos 
em intermináveis discussões sobre o que vinha 
primeiro – a luta de classes ou a luta de gêneros – 
muitos teóricos feministas marxistas deixaram de 
indagar se a utopia marxista do trabalho poderia 
conciliar os desejos de autodeterminação das 
mulheres e a visão feminista da liberação humana. 
(CORNEL; SEYLA, 1987, p. 21). 
 
Scavone (2004) ressalta que as diversas 
nomenclaturas destes estudos sobre 
gênero/feminismo refletem as diferentes 
abordagens teóricas ofertadas à temática e o 
percurso que empreenderam os estudos e a reflexão 
das Ciências Sociais que por sua vez acompanharam 
as lutas políticas do feminismo contemporâneo. Os 
estudos e as pesquisas de Gênero/relações de sexo 
se caracterizam pelo fato de terem sido (e 
continuarem sendo) produzidos, pelas próprias 
mulheres. Nesse sentido, percebe-se que do ponto 
de vista sociopolítico, toda esta situação identifica e 
indica para a influência de um movimento social no 
processo de produção do conhecimento científico e 
vice-versa. 
Buttler (2003) por sua vez, acata 
claramente que o gênero não pode ser percebido 
apenas enquanto um substantivo, mas tampouco 
pode ser considerado conjunto de atributos 
oscilante, pois vimos que seu efeito substantivo é 
perfomativamente produzido e imposto pelas 
práticas reguladoras da coerência do gênero. 
Como assinala Scott (1990), o gênero é 
uniformemente utilizado para designar as relações 
sociais entre os sexos, que por sua vez se torna uma 
maneira de apontar as “construções sociais” – a 
criação social das idéias acerca dos papéis próprios 
aos homens e às mulheres refere-se às origens 
exclusivamente sociais das identidades subjetivas 
dos homens e das mulheres, visto que a categoria de 
gênero oferece um meio de distinguir a prática 
sexual dos papéis atribuídos às mulheres e aos 
homens. 
Não obstante, a estudiosa ressalta que “o 
uso do “gênero” coloca a ênfase sobre todo um 
sistema de relações que pode incluir o sexo, mas 
que não é diretamente determinado pelo sexo nem 
determina diretamente a sexualidade.” Logo, pode-
se concluir que as relações de gênero são 
fundamentadas na dominação e no poder exercido 
pelos sexos, onde nesse duelo na maioria das vezes 
o homem é quem conduz, não sendo diferente na 
sexualidade, visto que numa cultura que insiste em 
valorizar o homem como poderoso, está a mulher 
que vem a dura pena lutando pela conquista de 
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espaços o por respeito, meio a essas transformações 
nas relações homem-mulher, sem rejeitar a vida 
familiar, mas questionando o que está posto tal qual 
está definido, por décadas. (Idem). 
Ao investigar a temática Cruz registra que: 
 
O feminismo pode ser definido como movimento 
social organizado que abriu novas perspectivas e que 
trouxe novas questões aos campos disciplinares, à 
produção do conhecimento e à ciência, bem como 
desencadeou mudanças na ordem social e política, na 
medida em que demandou uma nova postura de 
sobre as experiências e práticas concretas da vida. 
(CRUZ, 2009, p.143). 
 
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
A pesquisa teve como sujeitos as mulheres 
atendidas para abertura de processo de 
separação/divórcio (consensual e litigioso) no 
Escritório Modelo e adotou-se uma amostra do tipo 
não-probabilística aleatória por acessibilidade sendo 
entrevistadas 20 mulheres durante o atendimento 
para abertura do processo. O estudo teve como 
premissa conhecer e analisar o cotidiano das 
mulheres, considerando as diversas problemáticas 
que as levaram a tomar a decisão de romper e/ou 
aceitarem o fim do relacionamento com o 
marido/companheiro, o impacto dessas decisões 
para estas mulheres e seus familiares, considerando 
ainda o perfil sócio-econômico e cultural dos 
mesmos. Com o intento de fazer esta investigação 
foram utilizados dois meses (outubro e novembro) 
de 2009 com o apoio da equipe de profissionais que 
compõe o quadro de colaboradores do Escritório 
Modelo. 
O Escritório Modelo de Assistência 
Sócio Jurídica da Universidade Tiradentes é um 
Projeto de Extensão do Curso de Direito que presta 
atendimento gratuito à população independente da 
classe social, onde os seus usuários contam com 
atendimento/apoio/acompanhamento de sete 
profissionais da área do direito e uma assistente 
social, onde se faz necessário mencionar os 
encaminhamentos para o setor de psicologia da 
instituição de ensino quando detectado a 
necessidade. 
Desta forma, durante os atendimentos 
fora utilizado um roteiro semi-estruturado, 
objetivando conduzir e orientar melhor as narrativas 
– com os seguintes dados: idade, estado civil, tempo 
do casamento e/ou união estável, escolaridade, 
trabalho e profissão, renda mensal e composição 
familiar, apoio recebido por familiares, dificuldades 
encontradas e por fim as perspectivas e sonhos – 
foram realizadas as entrevistas, a fim de obterem-se 
dados suficientes para compor a análise da pesquisa. 
 
 
 
5. ANÁLISE DOS DADOS 
 
A violência esta que adentra os lares e 
transfiguram as relações sociais do cotidiano 
doméstico, deve ser visualizada e pensada como um 
mal que atinge homens e mulheres, visto que o 
convívio social resumi-se numa constante permuta 
entre os indivíduos que se relacionam e interagem, 
num processo que podemos considerar como 
contínuo e dialético 
Esse entendimento evidencia que a 
sociedade atual firma seus valores a partir do 
indivíduo; ou seja, ele é o centro nas relações 
interpessoais, onde o papel da família é o de ajudar 
o indivíduo a trabalhar pela sua independência sem, 
contudo, deixar escapar seus vínculos com o seu 
grupo familiar, que é o espaço das diferenças, no 
qual o sujeito dá os primeiros passos na conquista 
da sua liberdade e do crescimento pessoal. 
Cornell e Seyla (1987: p. 21) ao reportar-
se a Foucault ressalta que a categoria de 
diferenciação de gênero agrega seu papel 
significativo a partir de um modelo de poder 
jurídico que por sua vez não dispõe de possibilidade 
de ser ultrapassado, mas que pode ser disperso ao 
ponto de as oposições binárias perderem sua 
rigidez, porque o modo como a anatomia se reveste 
socialmente é que determina a identidade do gênero 
e não propriamente o corpo, ou seja, o termo sexo é 
utilizado para as diferenças anatômicas e fisiológicas 
que definem o corpo do homem e da mulher e, em 
contrapartida, por gênero, as diferenças 
psicológicas, sociais e culturais entre indivíduos do 
sexo masculino e do sexo feminino. Em outras 
palavras, reforça que o gênero está associado a 
noções socialmente construídas de masculinidade e 
feminilidade, pois muitas diferenças entre homem e 
mulher não são de origem biológica. 
Logo, cabe mencionar que cada indivíduo 
vive em seu mundo de perspectivas e sonhos, não 
sendo diferente no tocante às escolhas de 
parceira(o), haja vista que vivemos em uma era 
midiática, onde o belo/jovem/escultural vem sendo 
colocado como “perfeito” e é o que deve ser 
“desejado por todos”. Segundo Buttler (1987, p. 
145)) “gênero e sexo parecem ser questões 
inteiramente culturais”. Assim, a estudiosa ao 
mencionar Foucault apresenta que “o “sexo” de 
alguém, isto é, o eu sexual anatomicamente 
diferenciado, está intimamente vinculado a “sexo” 
como uma atividade e impulso” (Foucault apud 
Buttler, 1987, p. 150). Desta forma, constatemos o 
depoimento: 
 
Convivo com ele há cinco anos e a três venho 
passando por vários problemas, sou humilhada 
o tempo todo, pois para ele estou feia, chega 
inclusive a falar para os vizinhos que bonitas 
são as mulheres dos comerciais de cerveja e que 
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eu sou [...] sou nada, feia e horrível e que estava 
bêbado quando passou a convivercomigo. 
(Adriana)IV 
 
O relato revela que homens e mulheres 
vivem em um universo de “sonhos” midiáticos e 
que muitas vezes ambos procuram no(a) parceiro(a) 
o que desejam ser ou que o outro “deve” ser , de 
acordo com sua visão de mundo ou visão imposta, 
onde muitas vezes de forma inconsciente passa a 
reproduzir, satisfazendo assim suas expectativas, e 
por conseguinte, vende a imagem criada com o 
objetivo da “felicidade”. Como também nos revela 
os relatos a seguir: 
 
Fui casada durante 27 anos, minha filha tem 23 anos 
e desde o nascimento dela não tive mais nenhum 
contato com sexual com ele, pois ele não procura e a 
última vez que tentei [...] ele foi bastante agressivo, e 
me expulsou da cama, dizendo que tinha mulheres 
mais bonitas na vida dele e que eu não passava de [...] 
de resto de feira. Agora ele saiu de casa há cinco 
meses para conviver com uma menina de 17 anos, 
assim quero aproveitar e pedir a separação, estou aqui 
e quero ajuda. (Maurina) 
Tínhamos apenas seis anos de casamento quando ele 
decidiu sair de casa deixando-me com dois filhos 
pequenos, pediu as contas do emprego e saiu pelo 
mundo, tentei entender e conversar com ele, mas tive 
palavras duras, falou que era muito novo para ficar 
naquele mundo com mulher feia e [...] e filhos e que 
queria viver a vida dele com as mulheres de seus 
sonhos. Agora depois de 12 anos tomei a decisão 
quero a separação, pois temo que amanhã cansado 
das aventuras ele volte. (Dulce) 
 
Nesse sentido, percebe-se que essas 
mulheres apresentam algumas histórias de vida 
semelhantes e que muitas apostavam a felicidade, o 
bom convívio e a relação harmoniosa em seus 
casamentos, pois viam em seus esposos alguém que 
pudesse ser companheiro, amigo e amante, 
entretanto, vendo seus sonhos por água abaixo 
muitas vezes depois de anos são obrigadas a 
continuar ao lado deles em virtude do preconceito 
que sofrem e/ou sofrerão por parte principalmente 
de familiares, visto que a figura masculina é vista 
como importante numa sociedade regida por 
valores patriarcais. É o homem a mola mestra e 
propulsora do sucesso da família, todavia mesmo 
ele estando presente quando ocorre o “fracasso” de 
algum membro a mulher é culpabilizada. Conforme 
os depoimentos abaixo: 
 
Quero a separação, pois não suporto mais. No inicio 
ele dizia que não queria que eu trabalhasse, porque 
meu lugar era em casa tomando conta de tudo, fui 
obrigada a abandonar emprego e estudos e agora 
estou com 48 anos e 27 anos de casamento e ele 
coloca outra mulher para conviver na mesma casa, 
alegando que eu e nossos dois filhos somos pesos na 
 
IV Os nomes das entrevistadas são fictícios, objetivando preservação 
da integridade e sigilo profissional. 
vida dele. Abandonei o trabalho, porque todo o dia 
ao sair e ao retornar do trabalho para casa era motivo 
de briga, pois no trabalho eu tinha amante [...], nossas 
famílias sempre a favor da minha saída, pois na visão 
deles se eu estava casada não havia mais necessidades 
de trabalhar fora de casa. (Joana) 
 
Quanto a esses fatores ora mencionados 
pela entrevistada Pateman (1993, pp. 206 – 210), 
observa que “as mulheres trabalhadoras 
freqüentemente não aparecem na história da classe 
trabalhadora, cujo emprego remunerado para as 
esposas ameaça tanto o direito de domínio dos 
maridos sobre elas quanto a organização fraternal 
do local de trabalho em si. Em contrapartida a 
estudiosa ainda saliente que mesmo quando os 
salários das mulheres eram necessários 
economicamente,seus maridos encaravam as rendas 
das esposas como complementares; as mulheres 
gastavam os seus ganhos com coisas “extras” para a 
casa e os filhos, de modo que “sua condição 
fundamental de dependentes econômicos” 
permanece imutável” o que hoje percebemos diga-
se de passagem de maneira diferente, entretanto, 
faz-se mister registrar que em diversos casos o 
salário da mulher é a renda principal, mas mesmo 
assim é visualizado como mero complemento. 
 
Estou com ele há 22 anos e não suporto mais tanta 
humilhação, confesso que tenho medo da separação, 
pois nunca ouvir palavras de incentivo, muito pelo 
contrário, só ouço que apenas as mulheres bonitas 
têm sucesso, pois as portas para elas estão sempre 
abertas. Não sei se o que estou fazendo é o certo, 
mas sei que é isso que quero mesmo sabendo que a 
minha família é contra, pois para eles uma mulher 
separada é [...] você entende. E ele diz que caso eu 
viesse pedir a separação irei fuçar na sarjeta. (Juliana) 
 
Logo, faz-se necessário ressaltar que a 
violência pode ser caracterizada como 
comportamento aprendido nos processos de 
socialização e é construção cultural e esta inscrita 
em períodos históricos configurado de acordo coma 
ordem social, econômica e política. Entretanto, 
percebe-se que cotidianamente a violência faz parte 
da sociedade, mas é colocada à margem. Conforme 
menciona a cliente: 
 
Estamos casados há 17 anos, onde nossa filha mais 
velha tem 13 anos de idade, desde que casamos não 
parei de estudar e ele infelizmente deu uma parada, 
mas agora retornou, pois não suporta o fato da 
conclusão do meu mestrado. Somos educadores, 
quando fiz a especialização latu-sensu ele falou que 
era bobagem, aí meu salário aumentou devido à 
especialização e ele foi trabalhar em uma segunda 
escola, com o mestrado, ele foi para uma terceira 
escola para não ficar com o salário menor que o meu, 
ele não aceita o meu sucesso e as brigas são 
constantes. Saio para trabalhar e meus alunos e 
colegas me respeitam, quando chego a nossa casa 
meu esposo me ofende, para ele sou a prostituta, 
entre outras coisas horríveis. Não devo deixar de 
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mencionar que de fato a renda mensal dele é maior 
que a minha, mas por incrível que possa parecer eu 
sou a provedora, pois ele não coloca nada em casa. 
(Mirdes) 
 
Todo o processo educacional a priori 
fora pensado e organizado por homens, com base 
no viés masculino para os homens, visualizado-os 
como únicos detentores de inteligência e percepção 
para desempenhar com destreza o processo ensino-
aprendizagem. Em contrapartida, não existia a 
preocupação em pensar na real ideologia da 
educação e sim em uma educação voltada para o 
empoderamento do homem em detrimento da 
subserviência feminina, como também dos seus 
reais objetivos e sonhos. Paralelo ao depoimento 
Rosaldo (1979) complementa que “somos herdeiros 
de uma tradição sociológica que trata a mulher 
como essencialmente desinteressante e irrelevante, 
aceitando como necessário e natural a mulher de 
alguma forma subordinada ao homem”. Isto posto, 
a autora salienta “a mulher pode ser importante, 
poderosa e influente, mas parece que em relação ao 
homem de sua idade e de seu status social, a mulher 
em todo lugar carece de poder reconhecido e 
valorizado culturalmente”. Não obstante, Pateman 
elenca (1993, p. 179): 
 
Os homens teriam transformado as mulheres em 
meras empregadas se não fosse o fato de eles 
dependerem delas para satisfazerem seus desejos 
sexuais. Se os homens não tivessem desejo sexual, ou 
se a multiplicação da espécie não dependesse da 
intervenção dos homens de uma forma também lhes 
dá prazer sexual, não haveria necessidade da 
instituição na qual “cada homem traz uma mulher 
para seu estabelecimento e chama isso de contrato”. 
As mulheres são “distribuídas entre os homens [...] o 
fraco sempre acoplado e submetido ao forte”. 
 
Segundo Cruz (2009, p. 107) “a inserção 
da mulher na espera pública do trabalho é 
extremamente importante no processo de 
democratização da vida social e por sua vez abrange 
a ampliação da cidadania e dos direitos das(os) 
trabalhadoras(es). Nesse sentido, a estudiosa salienta 
que o crescimento da participação feminina no 
mercado de trabalho brasileiro foi uma das mais 
importantes transformações sociais ocorridas nopaís a partir de 70, ampliando-se de forma 
acentuada e diversificada entre 1985 e 1995”. 
Desta forma, podemos visualizar que o 
processo de crescimento da mulher gera no outro 
(marido/companheiro) insegurança e, por 
conseguinte, violência verbal seguida de violência 
física. O homem sentindo-se ameaçado com o 
sucesso da parceira passa a visualizá-la como 
inimiga, visto que na percepção masculina as 
pessoas estão percebendo-o como fraco, conforme 
afirma Bourdieu (1999: p. 13) em A Dominação 
Masculina, destacando que a dominação do homem 
é pensada através da própria percepção e teoria 
dominante, cuja dominação esta associada à 
sexualidade, ao corpo, ao “poder” do falo 
(virilidade). Logo, durante o atendimento algumas 
mulheres não conseguem conter a emoção, ao 
relatar suas histórias de vida. Sendo visíveis 
lágrimas rolarem em seus rostos, contornando suas 
expressões angustiadas, desesperadas e machucadas 
pela opressão e dominação, mulheres mutiladas 
emocionalmente pela agressividade daqueles que 
deveriam ser companheiros/amantes e amigos. 
Conforme depoimento a seguir: 
 
Fui casada com ele durante 20 anos e temos dois 
filhos, apoiei os estudos dele, pois acreditava em seu 
potencial. Depois que abrimos a empresa ele 
começou a maltratarmos, fui espancada e torturada e 
passei a fazer tratamento para depressão severa e 
hipertensão, meus medicamentos [...] ele não 
comprava e eu pegava tudo no Posto de Saúde e ele 
da maneira mais cruel jogava meus remédios e me 
espancava na cabeça e em outros lugares que 
ninguém via as marcas, pois quando eu falava [...] ele 
dizia para as pessoas que eu era desequilibrada. 
Cheguei a manter relações com ele forçadamente, 
com uma faca na cabeceira da cama e em um desses 
momentos fiquei grávida. Consegui fugi com minha 
filha menor, mas deixei meu menino [...] eu estou 
aqui e ele esta distante e preciso trazê-lo para Sergipe, 
mas não tenho condições, o triste também é que 
matei minha filha no 6º mês de gestação, tomei 
chumbinho [...] sou uma assassina e não mereço 
viver, tenho que morrer, eu sou miserável, não 
mereço viver. (Edna) 
 
Para Saffioti (2009) como todas as 
pessoas são a história de suas relações sociais, a 
inserção lenta e constante da imposição masculina 
como superior em detrimento da submissão 
feminina, produziu desequilíbrio nas relações entre 
homens e mulheres, criando desigualdades baseadas 
no exercício do poder do mais forte sobre o 
supostamente mais fraco. 
Diante dos fatos, é visível a ordem 
patriarcal de gênero e suas manifestações de 
violência, onde a sociedade moderna 
contemporânea é transversalizada pela cultura da 
violência. Outrossim, nos deparamos com o mito 
do amor romântico embebido de feminilidade 
tradicional (mulher dócil, mãe e esposa frágil) mito 
esse difícil de se desvencilhar, pois muitas dessas 
mulheres são dependentes não só financeiramente, 
mas principalmente dependência emocional e outras 
meio a todos os conflitos e baixa auto estima 
tornam-se emocionalmente mutiladas. Não 
obstante, Bonacchi e Groppi registram que a “teoria 
da igualdade” pede a cada um, independentemente 
de ser mulher ou homem, classe social, raça, 
geração, dentre outros, em qualquer situação, seja 
ofertado o que merece cuja distribuição deve ser 
entendida em sentido amplo, não só como 
distribuição de bens materiais, mas também de 
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benefícios, de direitos, respeito, consideração e 
honra. (1995, pp. 282-283) 
Partindo deste princípio, algumas 
características como a sensibilidade, afetividade, 
entre outras, que antes eram tidas como feminina 
pelo fato de serem consideradas fraquezas, 
passaram a unir e são determinadas como 
essenciais, haja vista que tais características também 
podem ser encontradas nos homens, entretanto, os 
mesmos camuflam para não parecerem frágeis e 
motivos de “piadas” perante a sociedade pautada 
nos moldes patriarcalistas. Em contrapartida, as 
mulheres cultivam como um dom, desenvolvendo-
as e amadurecendo-as em cada situação. Nesse 
sentido, faz-se mister ressaltar que devemos pensar 
o lugar do masculino e do feminino numa 
perspectiva mais ampla, ou seja , na perspectiva do 
homem, da mulher, da criança, do idoso, do branco, 
do negro, do índio independentemente de classe 
social. 
Numa sociedade onde o valor de 
referência é derivado do eu, a família é importante 
na medida em que vier possibilitar meios cada 
membro constituir-se como sujeito autônomo. 
Portanto, esta função da família põe em evidência 
suas contradições internas, pois, ao mesmo tempo 
em que os laços de dependência são necessários, 
eles podem ser negados. 
Diante do exposto, percebe-se que o 
modelo tido como tradicional de família, composta 
por pai, mãe e filhos, vem sofrendo inúmeras 
alterações e, estas modificações são capazes de 
modificar sua configuração, o seu funcionamento e 
os papéis desenvolvidos pelos seus membros no 
contexto familiar, ou seja, as mudanças alteram além 
da composição familiar, porque é na família, bem 
como fora dela, que os indivíduos agregam 
valores/normas para o alcance da cidadania, que 
por séculos as mulheres foram excluídas, assim 
conforme Cruz (2009) “A passagem das mulheres 
da exclusão para a inclusão, mesmo que 
parcialmente completa, deixa várias tensões não 
resolvidas no que se refere a cidadania, que de 
forma resumida pode ser identificada como tensão 
entre direitos individuais e direitos comunitários, 
assim a análise de gênero considerar as diferenças 
como potencialmente inseparáveis da capacidade da 
cidadania, historicamente construídas e 
questionadas como norma de igualdade”. 
Assim, os fatos ora mencionados nos 
remete ao empoderamento, onde Horochovski e 
Meirelles (2007) com esmero registram que a 
definição de empoderamento é próxima da noção 
de autonomia, pois se refere à capacidade de os 
indivíduos e grupos decidir sobre as questões que 
respeito. Outrossim, empoderar é o processo pelo 
qual indivíduos, organizações e comunidades 
angariam recursos que lhes permitam ter voz, 
visibilidade, influencia e capacidade de ação e 
decisão. Sendo assim, o poder é adquirido no 
processo de socialização, onde o primeiro passo 
esta na socialização primária, ou seja, na família e 
depois na secundária (a sociedade) e, por 
conseguinte, é pertinente salientar que todas as 
pessoas tem condições de buscar, conquistar e 
garantir o poder, mas o poder limitado não significa 
a destituição do poder. 
Paralelo a isso, Saad (2005) explica que a 
construção do gênero é fenômeno complexo e que 
deve ser levado em conta na compreensão 
psicanalítica. Sendo o poder masculino representado 
pelo pênis, o falo (que quanto maior melhor), visto 
que é dele que emana o poder. Assim, ao reportar-
se a Ramirez (1989) a pesquisadora salienta que o 
poder é entendido, como respeitabilidade, 
autoridade, invulnerabilidade, força, “Fazer-se 
homem é processo difícil e doloroso e que o 
converte em seu próprio opressor”. 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Sendo assim, sem a intenção de querer 
esgotar a temática em questão, percebe-se que 
gênero é um campo epistemológico que não surge 
do nada, mas sim das relações sociais, em 
contrapartida pode-se afirmar que o gênero não 
surge com o intuito de mudar os paradigmas e sim 
para contribuir e superar as relações do patriarcado. 
Outrossim, surgi para estudar a subjetividade e 
hierarquia (o poder). 
Quanto a sexualidade, cabe ressaltar que 
pode ser visualizada enquanto sinônimo de 
sensualidade, carinho, afeto, toque, amor e 
comunicação, possibilitando reflexão acerca do 
sentimento, possibilitando condições de 
observação para vivenciar o sujeito nas relações 
interpessoais. 
Entretanto, vale ressaltar que, apesar desse 
modelo já fixado tanto no homem quanto na 
mulher, esse quadro vem mudando com a 
visualização dos novos modelos de família, com 
outrasconfigurações diferentes dos padrões 
“normais” que vêm redesenhando a família a partir 
das construções das novas composições familiares 
monoparentais, que já são um grupo considerável, 
sobretudo nas classes populares. 
Historicamente, a sociedade contempla 
modelos de famílias que correspondam a diferentes 
papéis para homens e mulheres. Mas, apesar dessa 
concepção, na prática sempre foi imposta à mulher 
a responsabilidade de cuidar da prole, não só no que 
se refere às questões internas, mas também à 
subsistência da família. As mulheres pesquisadas 
confirmam o que dizem os autores acerca da 
família, da construção de gênero, das dificuldades e 
desafios, a inserção da mulher no mercado de 
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trabalho, violência, sexualidade, como também do 
sobre políticas públicas, que estudam esse 
fenômeno. Foi percebido, através da pesquisa que a 
mulher provedora, por estar subordinada ao 
homem, não é chefe de família, a menos que não 
exista a figura masculina em casa. Neste sentido, 
vale afirmar que ela é provedora, mas quem é chefe 
é o homem. 
Neste processo de construção, foram 
percebidas também algumas contradições neste 
prisma das relações conjugais. Mesmo se dando 
conta de que ela é a provedora principal e que a 
presença do esposo é fator gerador de violências, a 
mulher manifesta como uma das suas grandes 
dificuldades a de educar os filhos sem a presença do 
pai. Destacam também a insegurança e o desafio 
que sente em virtude dos preconceitos que irão 
sofrer pelo fato de ficarem na condição de mulher 
separada. 
Os momentos passados com as mulheres 
nas organizações dos processos trazem mais 
dúvidas que conclusões e remetem-nos a pensar no 
que de fato é ser homem e mulher, como também 
diversas interrogações pairam acerca do que é ser 
homem digno e companheiro? O que leva os 
homens a terem comportamentos agressivos com 
suas esposas/companheiras? O que eles pensam 
sobre suas atitudes e o quanto é prejudicial a eles e 
os seus familiares? Qual o motivo para uma mulher 
submeter-se aos maus tratos? E o que leva a dizer 
chega para a subserviência, opressão e violência? 
 
 
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Bonacchi (Orgs.). In: O Dilema da Cidadania – 
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UNESP, 1994. 
 
 
 
i
 Especialista em Didática e Metodologia do Ensino 
Superior, Assistente Social do Escritório Modelo de 
Assistência Jurídica da Universidade Tiradentes.

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